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Com a evolução da sociedade, muitas concepções foram mudadas, como é o caso da gestão
escolar, que até então apresentava como base, o comando e o controle de forma individualista, onde
a função do gestor era eminentemente administrativa, desvinculada da participação dos diversos
segmentos da escola e da comunidade. Na atualidade o enfoque recai sobre a gestão democrática,
que tem “[...] o compromisso com a educação das classes populares, rompe com a separação entre a
teoria e a prática, eliminando o individualismo e incentivando a socialização do poder da escola”
(GONÇALVES, s/d.).
Portanto, a gestão democrática pressupõe um trabalho coletivo, compartilhado onde todos os
envolvidos (tanto direta como indiretamente) do processo escolar devem participar das decisões
referentes à organização e funcionamento da escola, no caso devem participar da construção e
aplicabilidade do PPP.
O termo projeto tem origem no latim projectu, que, por sua vez, é particípio passado do verbo
projicere, que significa “lançar para diante” (VEIGA, 2004, p. 12). A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – Lei 9394/96 (LDB), estabelece em seu artigo 12º, inciso I, que: “os
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a
incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica [...] (BRASIL,1996, p. 6).
Segundo Vasconcellos (2002), PPP é a sistematização,
Assim, entende-se que o PPP é um processo de mudança contínuo, que vai sendo construído ao
longo da caminhada de cada escola, com a participação de toda comunidade escolar. Em um PPP
são estabelecidos princípios, diretrizes e propostas de ação com vistas a revigorar, sistematicamente,
as atividades a serem desenvolvidas pela escola.
A Lei 9.394/96 estabelece em seu art. 14 que:
Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na
educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da
escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes (BRASIL, 1996, p. 6).
Interpreta-se, portanto, que na citada Lei, a gestão democrática deve ser vinculada à
participação dos membros da comunidade escolar. A estes, cabe a tarefa de opinar a respeito de
questões administrativas e pedagógicas, porém, a efetivação destas só ocorrerá mediante a
aprovação da maioria dos professores, funcionários, alunos, pais e outros que constituem a
comunidade escolar (MONLEVADE, 2005, p. 35).
Nesse sentido, é imprescindível que as ações sejam planejadas, de forma coletiva,
contemplando as metodologias mais adequadas para a construção de um projeto político de
qualidade, que se caracteriza por:
Nascer da própria realidade, tendo como suporte a explicitação das causas dos problemas e
das situações nas quais tais problemas aparecem; ser exeqüível prever as condições
necessárias ao desenvolvimento e à avaliação; ser uma ação articulada de todos os
envolvidos com a realidade da escola e ser construído continuamente, pois como produto, é
também processo (VEIGA, 2001, p. 11).
Para que as metas e objetivos do PPP sejam alcançados, projetos precisam ser desenvolvidos.
Porém, há que se considerar que não há uma única forma de se construir um projeto, devido às
singularidades de cada unidade escolar. É fato notório que o PPP deve ser construído com o
envolvimento de toda a comunidade escolar, que apresenta como em qualquer grupo, funções e
níveis hierárquicos diferenciados (mas igualmente importantes), bem como interesses individuais,
fazendo-se necessário uma negociação dos interesses apresentados objetivando uma meta maior.
Portanto, na construção do PPP, cada segmento escolar poderá contribuir desde a sua
concepção do projeto até a avaliação e o replanejamento.
A título de exemplificação pode-se citar um estudo de forma resumida:
[...] o diretor de escola e seu vice devem ser capazes de seduzir os demais segmentos para a
melhoria da qualidade do trabalho desenvolvido na escola. [...] Ao participar ativamente da
construção do PPP, os docentes ficam comprometidos com o mesmo. O direito à
participação dos alunos deve ser garantido, como prevê o Estatuto da Criança e do
Adolescente. ouvindo-lhes em todos os assuntos que lhe dizem respeito. A participação dos
pais e dos alunos pode dar-se na programação de atividades, na coordenação de eventos
intra e extra-curriculares e no estudo da realidade. Eles devem vincular-se, principalmente
aos diversos colegiados existentes na escola, consolidando a prática participativa (DINIZ,
2008).
Como se pode observar, o roteiro proposto por Libâneo (2004) inclui um tópico referente
formação continuada de professores e outro atinente ao trabalho com pais, comunidades e escolas
próximas. Sabe-se que o PPP resulta da construção coletiva de todos os envolvidos com a educação
escolar, por isso, ele nunca deve estar pronto, mas sempre em construção. Nesse contexto, é
importante a realização contínua de diagnósticos para a sua operacionalização.
Assim, a avaliação deve ser uma tarefa coletiva, sendo que os resultados devem ser utilizados
para a formulação de novas propostas.
Com base nas teorizações descritas entende-se que é perfeitamente viável a construção de um
PPP, porém não se pode afirmar que iniciativas de melhoria geral da qualidade do ensino redundem
em apropriação equânime por parte de todas as escolas, mesmo quando a gestão propõe um trabalho
coletivo.
O objetivo a que se propõe o PPP é muito bom, pois visa a qualidade do processo educativo, no
entanto se questiona: é apenas uma tarefa burocrática instituída pelas autoridades educacionais, que
como tantas, acaba sendo arquivada ou é possível a sua efetivação como instrumento democrático?
É relevante salientar que, para o PPP se efetivar com êxito, aspectos fundamentais como as
dificuldades em organizar uma escola, a importância de uma gestão verdadeiramente democrática, a
formação dos professores devem ser considerados.
A gestão democrática no Brasil, segundo Rezende (1995) está no período de sua adolescência,
período este em que as crises, revoltas e insatisfações são a ordem do dia, aliada a falta de
experiência.
No caso das escolas, muitos gestores são oriundos de outros regimes que não o democrático e,
sendo assim encontram dificuldades em trabalhar com o novo na dimensão temporal propriamente
dita.
A dificuldade dos gestores em se deparar com uma nova proposta, pode ocasionar que em
algumas escolas o PPP não se concretize na prática, visto que:
Devido a esta problemática entende-se que a prática da democracia participativa não vem sendo
respeitada, o que é lamentável, pois a experiência do trabalho coletivo favorece o exercício da
cidadania, a partilha de conhecimentos e talentos, levando os profissionais à consciência de grupo e
a construção de autonomia emocional, profissional e intelectual.
Assim, os resultados pedagógicos e educacionais podem ser atingidos e superados em virtude
da participação efetiva de todos e da constante formação daqueles que estão envolvidos com o
processo educacional.
4.2 Formação dos Profissionais da Escola
Outra dificuldade a ser comentada refere-se ao envolvimento das pessoas. Há que se reconhecer
que a Humanidade durante séculos e séculos em sua história, se acostumou a formas de vida
individualistas, portanto, se reconhece que o trabalho coletivo não é tarefa simples e a cooperação -
inerente ao coletivo- é fundamental para que o trabalho da Escola se realize de acordo com os
objetivos propostos.
Para o ser humano o compartilhar, o cooperar é dificultado por questões de ordem pessoal,
como: uma ideologia fortemente arraigada, a obtenção do sucesso pessoal a qualquer preço, a falta
do espírito de luta, a timidez etc. Nesse sentido, se pode entender que o grande desafio Educacional
é organizar uma escola que ao mesmo tempo seja de qualidade e democrática.
A escola faz parte de um sistema político que possui um histórico de intervencionismo ao longo
de décadas, bem como a do assistencialismo que tem mantido o cidadão como “cliente” do Estado e
o controle sobre a sociedade e a educação escolar, portanto, a escola não existe isoladamente. Nesse
contexto, se faz necessário a diminuição da ingerência do Estado sobre os rumos da educação
brasileira, dando autonomia - ainda que relativa – para uma gestão democrática na escola pública.
Segundo Gadotti (2000), os problemas que podem surgir na implementação de processos de
gestão democrática, se deve:
- à nossa pouca experiência democrática;
- à mentalidade que atribui aos técnicos (e apenas a esses) a capacidade de governar e considera
que o povo é incapaz de exercer poder;
- à própria estrutura verticalizada de nossos sistemas educacionais;
- ao autoritarismo que, historicamente, tem impregnado nosso ethos educacional ao tipo de
liderança que tradicionalmente domina a atividade política no campo educacional.
Para enfrentar essas dificuldades, Gadotti (2000) orienta que é necessário o envolvimento das
pessoas – comunidade interna e externa à escola; participação e cooperação das várias esferas do
governo; autonomia, responsabilidade e criatividade como processo e como produto do projeto etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a construção e aplicação do PPP se faz necessário uma gestão democrática que propicie a
participação da equipe educacional, pais e alunos com o intuito de se propor ações concretas para a
melhoria da qualidade de ensino.
No decorrer da pesquisa, pode-se constatar que o processo de construção do projeto não tem
sido feito e assumido na sua totalidade, devido a vários fatores, como: a dificuldade dos gestores em
achar o caminho de sua autonomia e trabalhar com a nova proposta, pois muitos gestores são
oriundos de outros regimes que não o democrático; a falta de renovação das práticas educacionais
dos profissionais da educação, que possibilitaria a realização de uma análise crítica sobre as
dificuldades encontradas em seu trabalho, bem como a busca de alternativas para superá-las, a
questões de ordem pessoal, onde o sentido de cooperação é dificultado; à própria estrutura
verticalizada de nossos sistemas educacionais etc.
Assim, acredita-se que o PPP possa ser identificado, meramente, como mais um dos muitos
atos normativos que a escola tem que fazer cumprir para efeitos de sua regulamentação e
credenciamento junto à própria administração do sistema de ensino e ao seu órgão normativo. O que
é lamentável, visto que é portador de muitas possibilidades e, deve se constituir na referência
norteadora de todos os âmbitos da ação educativa da escola.
Portanto, infelizmente, o PPP, ainda, pode ser considerado uma utopia, pois “ele precisa de um
tempo razoável de reflexão-ação, para se ter um mínimo necessário à consolidação de sua proposta”
(VEIGA, 2001, p. 33).
Mas acredita-se que a curto prazo, pode vir a se tornar uma realidade, se a comunidade escolar
se conscientizar de que a mudança não é apenas necessária, mas essencial para que ela possa
responder às necessidades do presente contexto educacional.
REFERÊNCIAS