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Aula 16
Paulo H M Sousa
Paulo H M Sousa
Aula 16
DIREITO DE FAMÍLIA
DIREITO PARENTAL E DIREITO ASSISTENCIAL
Sumário
Sumário .................................................................................................. 1
Considerações iniciais ................................................................................ 3
DIREITO DE FAMÍLIA ................................................................................ 6
III. Direito Parental ................................................................................... 6
1. Parentesco ........................................................................................ 6
2. Filiação ........................................................................................... 16
3. Ações de filiação .............................................................................. 24
4. Proteção dos filhos ........................................................................... 35
4.1. Poder familiar ............................................................................... 35
4.2. Guarda......................................................................................... 39
4.3. Adoção ......................................................................................... 46
IV. Direito Assistencial............................................................................. 48
1. Alimentos ........................................................................................ 48
1.1. Regras de alimentos ...................................................................... 48
1.2. Ações de alimentos ........................................................................ 62
2. Proteção ......................................................................................... 70
2.1. Tutela .......................................................................................... 71
2.2. Curatela ....................................................................................... 79
2.3. Tomada de decisão apoiada ............................................................ 85
Legislação e Jurisprudência ...................................................................... 86
Jornadas de Direito Civil ........................................................................ 101
Bateria de exercícios ............................................................................. 102
Questões sem comentários ................................................................. 102
Gabaritos .......................................................................................... 132
Considerações iniciais
DIREITO DE FAMÍLIA
1. Parentesco
A. Contagem do parentesco
Bisavô Bisavó
Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa
Primo
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau”
Marido Neta
Bisneta
Bisavô Bisavó
Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa
Primo
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a
Marido Neta
Bisneta
Bisavô Bisavó
Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa
Primo
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a
Marido Neta
Bisneta
Primeiro, preciso chegar ao meu pai e/ou à minha mãe, que são os ascendentes
em comum entre mim e minha irmã. Ou seja, saio da minha linha horizontal e
subo à linha imediatamente superior. Chegando em meus pais, preciso descer
uma linha, para chegar à minha irmã, que está na linha imediatamente inferior à
linha horizontal de meus pais. Como mudei duas vezes de linha, são dois graus.
Veja, pelo desenho, que não há um “traço” entre mim e minha irmã; preciso
utilizar o “traço” que nos liga a nossos pais. Ou seja, ao responder à pergunta
“quem me liga à minha irmã”? A resposta é “meus pais”. Por isso, vou até eles e
volto a minha irmã.
Como precisei subir (até a linha de meus pais) e descer (de meus pais a minha
irmã), esse parentesco não é em linha reta, mas em linha colateral. Como mudei
de linha horizontal duas vezes, são dois graus. Por isso, minha irmã é minha
parenta em linha colateral em segundo grau.
Existe parentesco em linha colateral de primeiro grau? Evidente que não, pois
para chegar à linha colateral eu preciso, sempre, subir a um ascendente comum,
pelo que o mínimo do parentesco em linha colateral será o segundo grau
(irmãos). O parentesco em primeiro grau só é possível na linha reta, ascendente
(pais) ou descendente (filhos).
Seguindo as mesmas regras, podemos saber o parentesco que minha prima tem
comigo:
Bisavô Bisavó
Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa
Prima
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a
Marido Neta
Bisneta
Bisavô Bisavó
Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa
Prima
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a
Marido Neta
Bisneta
Bisavô Bisavó
Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa
Primo
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a
Marido Neta
Bisneta
Da minha esposa à minha sogra (1), da minha sogra à minha cunhada (2). Ou
seja, minha cunhada é minha parenta em linha colateral em segundo grau. Em
linha colateral porque precisei subir até a sogra (ascendente comum) e descer.
Percebe que a cunhada tem o mesmo parentesco comigo que eu tenho com a
minha irmã? Isso porque a minha cunhada é irmã da minha esposa. Lembra que
eu falei que a contagem é igual; é como um espelho.
Mas, o que diferencia minha cunhada de minha irmã? A origem do parentesco.
Minha irmã é minha parenta em linha colateral em segundo grau por
consanguinidade, ao passo que minha cunhada é minha afim em linha colateral
em segundo grau (ou minha “parenta em linha colateral em segundo grau por
afinidade”, atecnicamente falando).
Minha mãe é minha parenta em linha reta ascendente em primeiro grau, por
consanguinidade. Minha sogra é minha afim em linha reta ascendente em
primeiro grau (ou “parenta em linha reta ascendente em primeiro grau, por
afinidade”, atecnicamente falando). Simples, não?
Por isso, não se utiliza, correntemente, nominação a esse parentesco, ainda que
se possa (pentavô, hexavô etc.).
Também possível se falar em parentesco duplo ou dúplice. Nesse caso,
há duplo parentesco, tanto por ascendência paterna quanto materna.
Suponha dois irmãos homens (eu, Paulo, e meu irmão, Pedro) que se casam com
duas irmãs mulheres (Alessandra e Juliana). Eu, quando caso com Alessandra,
sou cunhado de Juliana. Quando meu irmão Pedro se casa com Juliana, Juliana
se torna minha cunhada, por ter casado com Pedro. Eu sou duplamente cunhado
de Juliana, tanto por ter casado com Alessandra, quanto por Juliana ter casado
com meu irmão, Pedro.
Agora, imagine que nós tenhamos filhos. Meu filho, Daniel, tem um tio, Pedro,
casado com Juliana. Meu sobrinho, Enzo, filho de Pedro e Juliana, é,
consequentemente, primo de meu filho.
Meu filho, Daniel, tem um primo “por parte de pai”, um primo que é filho de meu
irmão, tio dele. Quem é ele? Enzo. Meu filho, Daniel, tem um primo “por parte de
mãe”, um primo que é filho da tia, Juliana, irmã de minha esposa. Quem é ele?
Enzo. Ora, Enzo é primo de Daniel tanto “por parte de pai” quanto “por parte de
mãe”. Parentesco duplo ou dúplice.
Parece complicado, mas é bem simples. Só que não dá pra visualizar muito
intuitivamente nem pela explicação, nem por um desenho. Em resumo, o
parentesco duplo ou dúplice é aquele no qual dos primos têm parentesco
tanto pela linha paternal quanto maternal, pelo que seus ascendentes
em segundo grau são idênticos (os avós de Daniel e Enzo são exatamente os
mesmos). Primos cujos pais são irmãos e cujas mães são irmãs. Coisa de cidade
do interior...
Regras pitorescas à parte, é imprescindível saber a contagem de graus do
parentesco e saber as regras que envolvem parentesco. Não apenas o Direito de
Família, mas também o Direito Civil e, em larga medida, todo o Direito trabalha
com as questões de envolvem parentesco.
B. Regras de parentesco
2. Impedimento matrimonial
• O parentesco impede que determinados parentes se casem
2. Filiação
Essa presunção era muito útil na “sociedade da moral e dos bons costumes” do
fim do séc. XVIII e início do séc. XIX. A gravidez demora, em média, 280 dias, o
equivalente a 40 semanas (10 meses lunares). Assim, filhos nascidos
“prematuros”, com 6kg e 55cm, se justificavam nascidos na constância do
casamento.
Vale lembrar que, em muitos casos, a mulher tinha de se casar com quem a havia
deflorado, na linguagem típica do século passado, fosse por inexperiência ou
justificável confiança (voluntariamente), fosse por violência ou ameaça
(involuntariamente). Do contrário, grávida, acabaria por ser abandonada à
Esse dispositivo mostra claramente como o Direito de Família foi maltratado pelo
legislador e a redação do CC/2002 remonta à década de 1960. A norma sequer
prevê o divórcio, mesmo este estando presente na legislação brasileira desde
1977. Ou seja, instituto surgido 25 anos não apareceu no Código.
De qualquer forma, evidentemente que a presunção vale também para o divórcio,
se for o caso. Aqui, a presunção pretendia evitar que a viúva fosse reputada
demasiada “alegre” depois do funeral, ou que a “desquitada” concebesse filho
juridicamente ilegítimo, de modo que se elastece o período médio da gravidez de
280 dias.
Além disso, se antes de passados 10 meses depois do começo da viuvez, ou da
dissolução da sociedade conjugal, a mulher contrair novas núpcias, há de se ter
cuidado com o conflito de normas. Ora, se levado em conta o disposto no art.
1.597, inc. I, o filho é do novo marido (180 depois da união); se levado em conta
o disposto do art. 1.597, inc. II, o filho é do falecido marido (300 dias depois da
morte). O que fazer?
O art. 1.598 estabelece que o filho se presume do primeiro marido, se nascido
dentro dos 300 dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o
nascimento ocorrer após esses 300 dias, já decorrido o prazo de 180 dias da nova
união.
Foi precisamente a partir desse inciso que o STJ (REsp 1.194.059) reconheceu
que as presunções de paternidade do CC/2002 se aplicam também à união
estável. Ainda que seja relativo a esse inciso especificamente, na decisão a Corte
deixou claro que as demais presunções de
paternidade se aplicariam também à união
estável, por força da equiparação trazida pelo art.
226, §3º, da CF/1988.
Relativamente a essas duas presunções clássicas de paternidade, o CC/2002
ainda fixa três regras:
Não à toa, o art. 5º, inc. II, da Lei 11.105/2005, a Lei de Biossegurança, permite,
para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados
no respectivo procedimento há mais de 3 anos, desde que haja autorização por
escrito dos pais.
Por fim, de acordo com o Enunciado 107 da I Jornada de Direito Civil, finda a
sociedade conjugal, na forma do art. 1.571, a regra do inc. IV do art. 1.597
somente poderá ser aplicada se houver autorização prévia, por escrito, dos ex-
cônjuges para a utilização dos embriões excedentários, só podendo ser revogada
até o início do procedimento de implantação desses embriões.
3. Ações de filiação
Essas questões serão resolvidas, em geral, por meio das chamadas medidas
relativas à filiação, notadamente as ações de filiação. Ao fim e ao cabo, a filiação
depende de quem a lei reconhece como tal, pater est quem leges dicunt (pai é
quem a lei diz que é).
No entanto, conforme estabelece o art. 1.614, o filho maior não pode ser
reconhecido sem o seu consentimento, já que não mais (relativa ou
absolutamente) incapaz. O consentimento deste transformaria o ato jurídico em
sentido estrito em negócio jurídico? Evidente que não, sendo o consentimento
apenas elemento de eficácia, e não de validade (o ato é ineficaz apenas e não
nulo ou anulável).
Muito comum que o pai registral seja também o pai biológico ou genético. No
entanto, infelizmente, ainda, também comum que seja apenas “pai no papel”.
Não se nasce pai, a paternidade se constrói. E outrem assume o papel, tornando-
se pai socioafetivo.
Em algumas vezes, porém, a realidade é mais rica. Um dos casos mais famosos
que ensejou a discussão doutrinária tratou de um caso de troca de bebês na
maternidade. Anos depois, cada uma das famílias descobriu que haviam cuidado
por anos do filho biológico da outra.
Curiosamente, nenhuma das duas famílias pretendia simplesmente “trocar” os
filhos. O vínculo socioafetivo datava de anos. Mas, como moravam muito
próximas umas das outras, as famílias acabaram criando um vínculo afetivo muito
grande. Com o tempo, os filhos passaram a chamar os genitores biológicos
também pais, sem deixar de fazê-lo com os pais registrais/socioafetivos. Havia,
portanto, filiação dupla, que convivia, na prática, sem percalços. De um lado, a
filiação registral e socioafetiva, e, de outro, a filiação genética, que também se
tornava socioafetiva.
Ou seja, o traço distintivo da multiparentalidade é precisamente que uma
não exclui a outra, necessariamente. Elas convivem. O STF estabeleceu, na
supracitada decisão, que não há hierarquia nos vínculos de filiação,
necessariamente. A parentalidade registral não se sobrepõe à
parentalidade socioafetiva, nem vice-versa. Igualmente, a parentalidade
genética não se sobrepõe à parentalidade registral, nem vice-versa.
Legitima-se ativamente o próprio filho, sendo este representado, caso seja ainda
absolutamente incapaz, ou assistido, se for relativamente incapaz. Passivamente,
serão legitimados os pais, o pai na investigação e paternidade, ou a mãe, na
investigação de maternidade. Falecidos os supostos pai ou mãe, seus herdeiros
são legitimados passivamente.
Além disso, a jurisprudência entende que a expressão “justo interesse” permite
que outras pessoas também possam contestar a investigação. O STF (RE
21.182), por exemplo, entende desde 1954 que a viúva pode fazê-lo, já que tem
interesse na lide (de não ver o patrimônio dividido com mais um herdeiro).
Já o art. 2º-A Lei 8.560/1992 estabelece que na ação de investigação de
paternidade, todos os meios legais serão hábeis para provar a verdade dos fatos.
Com o desenvolvimento dos testes genéticos, porém, a esmagadora maioria das
investigações resume-se a ele.
Por isso, o parágrafo único desse artigo esclarece que a
recusa do réu em se submeter ao exame de DNA
gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada
em conjunto com o contexto probatório. A Súmula 301
do STJ, a seu turno, sequer menciona “em conjunto com o contexto probatório”;
se o suposto pai nega a realização do teste e sequer apresenta elementos para
infirmar a paternidade, ela se presume, juris tantum.
No entanto, o STF (HC 71.373) entende que o suposto pai não pode ser obrigado,
sob condução coercitiva, a realizar o teste genético. Isso, de qualquer forma, não
afasta a presunção relativa.
Criou-se o entendimento de que os descendentes têm um direito à verdade
genética ou biológica. Por isso, se decidida a investigação previamente ao teste
de DNA, a coisa julgada deve ser relativizada.
Nesse sentido, o Enunciado 109 da I Jornada de Direito Civil estabelece que a
restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por
insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade
genética pelo investigando. O STF (RE 363.889) seguiu o mesmo entendimento,
afirmando que não devem ser impostos óbices de natureza processual ao
exercício do direito fundamental à busca da identidade genética, como natural
emanação do direito de personalidade de um ser, de forma a tornar-se
igualmente efetivo o direito à igualdade entre os filhos, inclusive de qualificações,
bem assim o princípio da paternidade responsável.
Por fim, em geral, o reconhecimento de paternidade não é a pretensão final de
quem pretende obter o reconhecimento, mas um dos efeitos dele, que são os
alimentos. Por isso, o art. 7º da lei especial exige que o juiz, sempre que na
sentença se reconhecer a paternidade, fixe os alimentos provisionais ou
definitivos do reconhecido que deles necessite. O STJ, na Súmula 277,
entende que os alimentos são devidos, no caso de cumulação de demandas,
desde a citação da ação de reconhecimento.
Exercer a guarda
Nomear tutor, se o outro não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer
o poder familiar
Emancipação
Maioridade
Adoção
Decisão judicial
A extinção do poder familiar, segundo o art. 1.638, ocorrerá quando (i) o genitor
castigar imoderadamente o filho; (ii) deixar o filho em abandono; (iii) praticar
atos contrários à moral e aos bons costumes; (iv) entregar de forma irregular o
filho a terceiros para fins de adoção; ou (v) reiteradamente abusar de sua
autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos
filhos. Esse dispositivo, ao mencionar “atos contrários à moral e aos bons
costumes” é que dá abertura ao rol, não mais taxativo (numerus clausus).
A Lei 13.715/2018 adicionou, no parágrafo único desse artigo, mais duas
hipóteses de extinção do poder familiar. Segundo ele, também perderá, por ato
judicial, o poder familiar aquele que (i) praticar contra outrem igualmente titular
do mesmo poder familiar (a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza
grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher ou (b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena
de reclusão; (ii) praticar contra filho, filha ou outro descendente as mesmas
condutas, (a) e (b), supramencionadas.
Por outro lado, pode o poder familiar não ser extinto,
mas suspenso. São os casos do art. 1.637 (abuso de
autoridade, falta aos deveres inerentes ao poder
familiar, ruína dos bens dos filhos) e do art. 24 do ECA, que remete aos
deveres do art. 22 (violação dos deveres de sustento, guarda e educação
dos filhos).
Também se suspende o poder familiar no caso do art. 1.637, parágrafo único
(quando o pai ou mãe forem condenados por sentença irrecorrível, em virtude de
crime cuja pena exceda a 2 anos de prisão). Esse artigo é complementado pela
Lei 13.257/2016, que incluiu no art. 23 do ECA um
§2º. Assim, de acordo com o art. 23, §2º, do ECA, a
suspenção do poder familiar só ocorrerá caso a
condenação seja por tipo doloso, sujeito a pena
de reclusão, contra o próprio filho ou filha.
Nesses casos, cabe ao juiz, a requerimento de algum parente, ou do MP, adotar
a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres,
até suspendendo o poder familiar, quando convenha. O procedimento para perda
e suspensão do poder familiar estão disciplinados nos arts. 155 e ss. do ECA.
Por outro lado, o exercício do poder familiar pode não ser feito pelos próprios
pais, como ocorre comumente. Entram, aí, as figuras da família extensa e da
família substituta, que igualmente são tratadas pelo ECA.
4.2. Guarda
A. Guarda exclusiva
• Situação na qual um dos genitores detém a guarda completa, ao
passo que o outro é excluído dela
B. Guarda alternada
• Situação na qual os genitores têm a guarda por períodos fixos e
longos (meses)
• Exceção, atualmente
Guarda unilateral • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: direito de visitação
• Regra
Guarda compartilhada • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: distribuição de horários
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com
avós.
4.3. Adoção
Além disso, o Enunciado 273 da IV Jornada de Direito Civil estabelece que tanto
na adoção bilateral (ou conjunta) quanto na unilateral, quando não se preserva
o vínculo com quaisquer dos genitores originários, deve ser averbado o
cancelamento do registro originário de nascimento do adotado, lavrando-se novo
registro. Sendo unilateral a adoção, e sempre que se preserve o vínculo originário
com um dos genitores, deverá ser averbada a substituição do nome do pai ou
mãe naturais pelo nome do pai ou mãe adotivos.
Exige-se que o adotante seja, ao menos, 16 anos mais
velho que o adotado (art. 42, §3º, do ECA, regra essa
reproduzida pelo revogado art. 1.619 do CC/2002). Se o
adotado for maior de 12 anos, necessário será sua
concordância (art. 45, §2º, do ECA, regra essa reproduzida pelo revogado art.
1.621 do CC/2002).
De modo a evitar controvérsias patrimoniais, o art. 42, §1º, do ECA veda a
adoção por ascendente ou colaterais de segundo grau. Avós e irmãos não podem
adotar netos e irmão, respectivamente, mas nada impede a adoção de sobrinhos
por tios, de sobrinhos-netos por tios-avós ou de primos por primos.
Extraordinariamente, num caso muito dramático, porém, o STJ (REsp 1.448.969)
permitiu a adoção avoenga, ante a ausência comprovada de prejuízo às partes e
terceiros, tanto patrimoniais quanto psicológicos.
Por fim, controvérsia antiga foi solucionada pelo STJ (REsp 889.852). A Corte
entendeu não haver restrições para a adoção
homoafetiva, pelo que basta o cumprimento, pelos
adotantes, dos requisitos do ECA, e a adoção pode ser
efetivada.
O STF (RE 846.102), no mesmo sentido, estabeleceu que é indevida a exigência
de idade mínima para a adoção homoafetiva. Até então, muitos membros do MP
exigiam que o adotado tivesse, ao menos, 12 anos, para que pudesse manifestar
sua concordância.
Absurdo maior não há, já que a solicitação, absolutamente descabida, obrigava
crianças a permanecer abrigadas quando havia pais que a queriam; obrigava pais
que queriam crianças a esperar por anos. A razão era claramente discriminatória
e o STF finalmente a afastou.
Portanto, não há distinção na adoção por pessoa/casal heteroafetiva(o)
ou pessoa/casal homoafetiva(o). Qualquer deles, casado, em união estável
ou solteiro, pode adotar crianças e adolescentes de qualquer idade, sem limite
etário mínimo.
1. Alimentos
Assim, no primeiro exemplo que dei, quando minha filha maneja uma ação de
alimentos apenas contra mim, posso eu convocar a mãe dela à lide, dada a
divisibilidade dos alimentos. Em que pese não seja o instrumento processual mais
adequado, o STJ (REsp 658.139) entende que é o caso de chamamento ao
processo. Há, aí, uma leitura ampliativa do art. 130, inc. III, do CPC/2015.
Veja que, nesse caso, o alimentando não tem interesse em inserir novo devedor
na lide, já que o devedor apontado tem condições suficientes para fazê-lo. Nessa
situação, em que pesem os alimentos não serem solidários, o alimentante assim
o considerou, ao imputar todo o encargo a apenas um deles. Por isso, cabível o
chamamento ao processo, ainda que de maneira enviesada.
Inversamente, no segundo exemplo que dei, quando minha filha maneja uma
ação de alimentos contra mim e contra a mãe dela, pode aquela convocar os avós
à lide, dada a divisibilidade e a subsidiariedade dos alimentos. Aqui, não há
instrumento processual típico, pois esse é um caso peculiaríssimo de
litisconsórcio passivo necessário subsidiário.
Veja que, nesse caso, ao contrário, os alimentantes não têm interesse em inserir
novo devedor na lide (os avós), já que eles mesmos (os pais) não terão condições
suficientes para prover os alimentos. Quem corre o risco de ficar sem os
alimentos necessários é o alimentando (minha filha), pelo que ele mesmo tomará
a dianteira de indicar mais alimentantes (os avós).
Esses exemplos configuram os chamados alimentos avoengos. A
jurisprudência se assentou ao fixar que a obrigação alimentar dos avós
é subsidiária, sucessiva, complementar e não solidária (REsp 579.385). O
referido julgado do STJ, inclusive, praticamente copia o entendimento havido no
Enunciado 342 da IV Jornada de Direito Civil.
O Enunciado prevê que, observadas as condições pessoais e sociais, os avós
somente serão obrigados a prestar alimentos aos netos em caráter exclusivo,
sucessivo, complementar e não-solidário quando os pais destes estiverem
impossibilitados de fazê-lo. Nesse caso, as necessidades básicas dos
alimentandos serão aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-
financeiro de seus genitores, e não dos avós. Consolidando esse entendimento,
a Súmula 596 do STJ também prevê que a obrigação alimentar dos avós tem
natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de
impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.
Resumidamente, o alimentando procura o alimentante mais próximo, em geral
um dos genitores; se não consegue, vai aos avós, passa aos tios e assim
sucessivamente, até que seus alimentos sejam conseguidos. Na linha reta a
obrigação alimentar vai ao infinito; se chamados os em linha reta e estes
não conseguem prover os alimentos necessários, vai-se à linha colateral.
Na linha colateral, alcançam-se até os irmãos do alimentante, excluindo-
se os demais, de acordo com a literalidade da norma e a doutrina corrente. Há,
porém, quem defenda, como faz Berenice Dias, que deveria ser usada a regra
presunção, de acordo com o art. 257. Será solidária a obrigação quando cada
devedor puder ser responsabilizado por toda a obrigação. A obrigação solidária
é exceção, por aplicação do oart. 265, que exige previsão legal ou convenção.
Por força do art. 265, a doutrina entende que os alimentos não são solidários.
Serão solidários quando devidos a pessoa com mais de 60 anos, dada a
expressa previsão legal do art. 12 da Lei 10.257/2001. Se solidariedade não
se presume, decorre de lei ou da vontade, e o art. 1.698 não estatui
solidariedade, a conclusão é de que os alimentos são conjuntos, salvo a
exceção citada.
Assim, há duplo equívoco doutrinário. Primeiro, porque a obrigação alimentar
sempre será divisível. Sempre, sem exceção, dada a natureza do objeto da
obrigação (dinheiro). Segundo, porque a solidariedade não se opõe à
divisibilidade. Solidária ou não a obrigação alimentar, continuará sendo
divisível.
O correto, portanto, deveria ser estabelecer que a obrigação alimentar é
divisível e, em regra, conjunta. Excepcionamente, solidária.
Não bastasse isso, há quem confunda a questão da subsidiariedade ou
sucessividade, prevista no art. 1.698. Em resumo, o pai não aguenta bancar,
chama o avô. Isso não tem absolutamente nada a ver com a divisibilidade ou
a conjuntividade.
Em realidade, a previsão tem cunho mais processual que material. O CC/2002
apenas prevê genericamente que os demais familiares serão chamados a
contribuir. Afiança que se for “intentada ação contra uma delas, poderão as
demais ser chamadas a integrar a lide”.
Como? O CPC/2015 deveria regular a matéria. Por mais inacreditável que
possa ser, não apenas o CPC/1973, mas também o CPC/2015 ignoraram
solenemente a questão. Trata-se de clara, óbvia e ululante situação de
intervenção de terceiros.
Ao ler os arts. 119 a 138, porém, você se deparará com... nada!
Absolutamente nada. A doutrina material continua se enrolando com isso, em
grande medida por descuido técnico, especialmente pela confusão entre
divisibilidade, conjuntividade e sucessividade ou subsidiariedade
(litisconsórcio). Aí, a doutrina processual simplesmente ignora o problema e
não há um instrumento processual adequado à tutela.
Por isso, pela ausência de um instrumento processual adequado, falei que seria
o caso de litisconsórcio passivo necessário subsidiário. Tecnicamente
falando, não é nem denunciação da lide nem chamamento ao processo. Como
não tem, o STJ resolveu “enfiar” aí um chamamento ao processo, apenas para
evitar que alguém viesse com um litisconsórcio passivo necessário subsidiário,
como eu fiz.
Reciprocidade
• Os alimentos são recíprocos entre quem tem de pagar e quem
pode receber
Divisibilidade
• Os alimentos devem ser proporcionalmente pagos por aqueles que
os devem, não havendo solidariedade passiva entre os
alimentantes
Subsidiariedade
• Os mais próximos são chamados a prestar os alimentos
preferencialmente em relação aos mais remotos
Complementaridade
• Os mais remotos são chamados a prestar alimentos apenas em
complemento aos mais próximos
Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor,
sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação
se processe em segredo de justiça (art. 1.705). Essa regra ainda vem a reboque
das vetustas regras do CC/1916, pretendendo por fim (na década de 1970, claro,
época na qual foi gestado o CC/2002) à controvérsia sobre o cabimento de
alimentos em face dos filhos “extraconjugais”.
Mesmo que o alimentante constitua nova família, os
alimentos devidos ao ex-cônjuge e/ou aos filhos não
se alteram (art. 1.709). No entanto, se o ex-cônjuge que
recebe alimentos contrair nova relação (estável,
núpcias ou concubinato), ou se tiver procedimento indigno em relação
ao devedor, cessam os alimentos devidos pelo outro, segundo a dicção do
art. 1.708, caput e parágrafo único.
Estatui o Enunciado 265 da III Jornada de Direito Civil que na hipótese de
concubinato, haverá necessidade de demonstração da assistência material
prestada pelo concubino a quem o credor de alimentos se uniu.
A exoneração do pagamento de alimentos por
indignidade, porém, não se aplica somente a ex-
cônjuges ou ex-companheiros. Isso porque, segundo a
doutrina, a indignidade mencionada no parágrafo único do art. 1.708 deve ser
analisada cuidadosamente. Para tanto, possível é, por analogia, aplicar-se os
incs. I e II do art. 1.814, que, obviamente, não se direcionam apenas às relações
conjugais, mas também às demais relações entre o credor e o devedor de
alimentos.
seguindo a regra geral de que cada um deve ser responsável pela própria
subsistência.
O CC/2002, porém, mantém duas regras extremamente controversas sobre
os alimentos. Primeiro, o art. 1.694, §2º, estabelece que
os alimentos serão apenas os indispensáveis à
subsistência, quando a situação de necessidade
resultar de culpa de quem os pleiteia.
Ademais, a mais polêmica das regras, contidas no art.
1.704, diz que se um dos cônjuges, no divórcio, vier a
necessitar de alimentos, o outro não será obrigado a
prestá-los caso tenha sido declarado culpado na ação.
Excepcionalmente, porém, o parágrafo único estabelece que
se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver
parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro
cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à
sobrevivência.
Esse dispositivo é bastante polêmico porque ressuscita a “culpa” pela separação.
Boa parte da literatura jurídica, a seu turno, aponta a inconstitucionalidade. O
Enunciado 134 propõe revogar o parágrafo único e alterar a redação do caput
para: “Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de
alimentos e não tiver parentes em condições de prestá-los nem aptidão para o
trabalho, o ex-cônjuge será obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada
pelo juiz, em valor indispensável à sobrevivência”.
Mas, e como se fixam os alimentos? Segundo o §1º do art. 1.694, eles devem
ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada. Atualmente, a doutrina encontra nesse dispositivo um
trinômio.
Uns apontam para o trinômio necessidade-possibilidade-
proporcionalidade e outros para o trinômio necessidade-possibilidade-
razoabilidade. Ou seja, deve-se atentar para os alimentos que o alimentando
precisa, as possibilidades que o alimentante possui e fixar os alimentos de modo
proporcional ou razoável, nessa razão necessidade-possibilidade.
A curiosa rega do art. 1.701 permite, a seu turno, que os alimentos sejam
fornecidos in natura (hospedagem e sustento), sem prejuízo do dever de prestar
o necessário à educação, quando menor. Por isso, o parágrafo único esclarece
que compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do
cumprimento da prestação.
Como, ao se falar em necessidade e possibilidade, há uma grande mutabilidade
ao longo do tempo, não é incomum que umas ou outras mudem bastante. Por
isso, se fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem
os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz,
exoneração, redução ou majoração do encargo, nos termos do art. 1.699.
Daí se dizer que a sentença de alimentos não faz coisa julgada, pois é
típico desse tipo de decisão a mutabilidade, a possibilidade quase
contínua de alteração. Esse, inclusive, é o sentido do art. 15 da Lei
5.478/1968, que afiança que a decisão judicial sobre alimentos não transita em
julgado materialmente, mas apenas processualmente, e pode a qualquer tempo
ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados.
Inclusive, mesmo que o alimentante venha a falecer, a
obrigação de prestar alimentos transmite-se a seus
herdeiros, na dicção do art. 1.700. De acordo com o
Enunciado 343 da IV Jornada de Direito Civil, a transmissibilidade da obrigação
alimentar é limitada às forças da herança.
Tome cuidado, porém, pois a transmissão da prestação alimentar não
ocorre sempre, de maneira automática. A transmissão ocorrerá se
mantido o parentesco dos herdeiros do devedor para com o alimentando.
Do contrário, cessa-se a obrigação alimentar.
Assim, se meu pai é chamado a prestar alimentos a um sobrinho, não se
transmite a obrigação a mim, caso ele faleça, pela aplicação do art. 1.697.
Igualmente, se depois de se divorciado, posteriormente veio a se unir a outrem,
não serei eu chamado a prestar alimentos à nova companheira/cônjuge, dado
que inexistente liame parental entre nós.
Ao contrário, falecendo o alimentando, cessa-se o
dever alimentar, automaticamente, já que os alimentos
são personalíssimos (intuitu personae). Aqui não há
exceção. Se o alimentando falece, seus herdeiros não continuam a receber os
alimentos. Evidentemente, nada impede que eles pleiteiem alimentos, em nome
próprio do alimentante, se for o caso (filhos menores, cujo pai faleceu, pleiteiam
alimentos do avô, que prestava alimentos ao seu próprio filho, pai dos menores).
Como se voltam à manutenção do alimentando, os
alimentos não se fixam em data anterior à citação.
Assim, sempre que necessários forem, deve o
alimentando ajuizar a demanda, sob pena de ficar sem
os alimentos enquanto durar sua inércia, por força do
art. 13, §2º, da Lei 5.478/1968.
O direito aos alimentos é irrenunciável, imprescritível,
incompensável, impenhorável, inalienável, irrepetível
e insuscetível de cessão, na forma do art. 1.707. Ele é,
por sua vez, transmissível.
Quanto à irrenunciabilidade, a questão não encontra controvérsia relativamente
aos alimentos devidos em razão do parentesco. Quanto aos alimentos devidos
em razão da conjugalidade (casamento, união estável ou concubinato, o STF, na
Súmula 379, já previa que a pretensa renúncia aos alimentos em acordo não
impediria que o ex-companheiro os pleiteasse posteriormente.
No entanto, o Enunciado 263 da III Jornada de Direito Civil estabelece que não
há impedimento para que seja reconhecida válida e eficaz a renúncia manifestada
por ocasião do divórcio ou da dissolução da união estável. A irrenunciabilidade
do direito a alimentos somente é admitida enquanto subsistir vínculo de
Direito de Família.
O STJ (REsp 832.902) seguiu o entendimento do Enunciado do CJF, reconhecendo
a possibilidade de renúncia. Em outro julgado, a Corte (REsp 1.178.233)
reafirmou o entendimento e sublinhou que essa renúncia só pode ocorrer na
dissolução da união, não podendo haver dispensa prévia dos alimentos ainda
durante a constância da união, dada a violação ao dever de assistência mútua.
Quanto à imprescritibilidade, o entendimento é de que o
direito é imprescritível, mas não a pretensão de cobrança
dos alimentos em si. Por isso, prescrevem as prestações
alimentares em 2 anos, da data que se vencerem, segundo o art. 23 da Lei
5.478/1968.
O art. 23 da Lei 5.478/1968 se remete ao art. 178 do CC/1916, revogado. Esse
dispositivo precisa ser relido, de modo que a remissão adequada é ao art. 206,
§2º, do CC/2002. Obviamente, que, em se tratando de filho, fica impedida a
prescrição. Você lembra da suspensão da prescrição relativamente aos filhos?
Aqui está um equívoco comum. Isso porque é comum que automaticamente se
faça conexão com o art. 198, inc. I (“Também não corre a prescrição contra os
incapazes de que trata o art. 3º”). O art. 3º, por sua vez, trata dos absolutamente
incapazes, menores de 16 anos. A consequência desse raciocínio?
A prescrição à pretensão alimentar começa a correr quando o filho se torna
relativamente incapaz, aos 16 anos. Ledo engano. A remissão correta a se fazer
é ao art. 197, inc. II (“Não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes,
durante o poder familiar”). O poder familiar, em regra, se extinguirá aos 18 anos,
pelo que a prescrição, impedida, só fluirá quando o menor atingir a maioridade.
Evidentemente, se não forem os pais os devedores dos alimentos, e os
responsáveis por esses alimentos não detiverem o poder familiar, aí a prescrição
começa a correr aos 16 anos (art. 198, inc. I). No entanto, essa situação é mais
teórica que prática.
Civis
Naturais
Definitivos
Provisórios
Provisionais
Disse a você que a decisão sobre os alimentos não faz coisa julgada material,
dada a possibilidade quase contínua de alteração. Por isso, o art. 15 da Lei
5.478/1968 estabelece que ela pode a qualquer tempo ser revista, em face da
modificação da situação financeira dos interessados. Nesse sentido, o art. 1.699
do CC/2002 estabelece que, se fixados os alimentos,
sobrevier mudança na situação financeira de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado
reclamar ao juiz, exoneração, redução ou majoração
do encargo.
Ou seja, a exoneração dos alimentos não é
automática, com o fim da necessidade do
alimentando, mas demanda intervenção judicial.
Nesse sentido, a Súmula 358 do STJ exige o contraditório antes do cancelamento
dos alimentos, ao atingir o alimentando a maioridade.
Até porque, praticamente falando, o que impediria o alimentante de, a qualquer
tempo, julgar que o alimentando não mais necessita dos alimentos e
simplesmente cesse de prestar os alimentos devidos? O Enunciado 344 da IV
Jornada de Direito Civil afiança que a obrigação alimentar originada do poder
familiar, especialmente para atender às necessidades educacionais, pode não
cessar com a maioridade.
O entendimento corrente no STJ vai nesse sentido. A corte fixou que são devidos
alimentos enquanto o alimentante realiza Curso Superior ou Curso
Técnico (REsp 1.587.280). Inversamente, não são devidos mais
alimentos quando o alimentante cursa Pós-graduação, já concluída a
graduação (REsp 1.505.079).
Por isso, pela dicção do art. 1.699, deve o alimentante sempre recorrer ao
Judiciário para se exonerar dos alimentos. Isso porque a desnecessidade dos
alimentos configura uma hipótese de modificação na situação financeira das
partes, ou seja, do trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade.
O STJ fixou entendimento, na Súmula 621, de que os
efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o
alimentante do pagamento retroagem à data da
citação, vedadas a compensação e a repetibilidade. Assim, apesar da
eficácia ex tunc da decisão, parcelas alimentares vencidas, cobradas e já pagas
em ação de execução de alimentos não permitem repetição (das parcelas
pretéritas) ou compensação (das parcelas futuras).
2. Proteção
2.1. Tutela
Maiores de 60 anos
Militares em serviço
Há ainda mais uma escusa, a chamada recusa da tutela por estranho. Prevê o
art. 1.737 que quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar
a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em condições
de exercê-la.
O Enunciado 136 do CJF propõe revogar o art. 1.736, inc. I. Isso porque não
haveria qualquer justificativa de ordem legal a legitimar que mulheres casadas,
apenas por essa condição, possam se escusar da tutela.
Essas pessoas devem apresentar a escusa subsequentemente à designação, sob
pena de entender-se renunciado o direito (potestativo) de alegá-la. O art. 1.738
do CC/2002, que previa prazo decadencial de 10 dias, foi tacitamente revogado
pelo art. 760 do CPC/2015, que reduziu o prazo a 5 dias. Como se conta o prazo?
Esse prazo se contará da intimação para prestar o compromisso, se o motivo é
prévio à aceitação (art. 760, inc. I, do CPC/2015). Inversamente, será contado
do surgimento do motivo, caso ele não seja contemporâneo ao início do exercício
da tutela (inc. II). Isso pode ocorrer, por exemplo, com o surgimento de moléstia
30 dias depois do início do exercício da tutela.
Na sequência, o juiz julga a escusa. Se não a admitir, exercerá o nomeado a
tutela, enquanto não transitar em julgado a decisão (art. 760, §2º, do CPC/2015).
Além disso, o nomeado responde desde logo pelas perdas e danos que o menor
venha a sofrer (art. 1.739 do CC/2002).
Iniciada a tutela, incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor, segundo o art.
1.740, o dever de educação, defesa, alimentos, correção, bem como todos
os deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor,
se este já contar 12 anos de idade. Por isso, os tutores podem conservar
em seu poder dinheiro dos tutelados, no limite do necessário para as
Transigir
para se defender em 5 dias. Essa é a única diferença desse rito especial para o
rito comum, o prazo. No mais, segue-se o rito comum.
2.2. Curatela
a nova redação: “As pessoas que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade receberão todo o apoio necessário para ter
preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu
recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio”.
Art. 22 do CC/2002
• Ausentes
Art. 1.779
• Nascituro, cujo pai é falecido e a mãe não tem poder familiar
O cônjuge ou companheiro,
não separado judicialmente • Na falta
ou de fato destes
• Na falta
O pai ou a mãe destes
O descendente que se
demonstrar mais apto, • Na falta
preferindo-se os mais destes
próximos
Segundo o §7º desse artigo, ainda, se o apoiador agir com negligência, exercer
pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá qualquer
pessoa apresentar denúncia ao MP. Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o
apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra
pessoa para prestação de apoio (§8º).
Dado o encargo que a curadoria constitui, o §10 permite ao apoiador solicitar
ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de decisão
apoiada, sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz
sobre a matéria. Por outro lado, o §9º permite à pessoa
apoiada a qualquer tempo, solicitar o término de
acordo firmado em processo de tomada de decisão
apoiada.
Por fim, o Enunciado 640 da VIII Jornada de Direito Civil estabelece que a tomada
de decisão apoiada não é cabível se a condição da pessoa exigir aplicação da
curatela. O Enunciado, polêmico, parece subverter a ordem proposta pelo art.
85, §2º, do EPD, já que a norma especial, amparada pela Convenção de Nova
York, prevê que a curatela é medida extraordinária, tão somente.
Legislação e Jurisprudência
Direito parental
A Lei da Alienação Parental me parece relevante para sua prova, dado que
eventualmente aparece aqui e acolá em algumas provas dos certames. Como a
Lei 12.318/2010 é bem descritiva, e apesar de ter tratado dela ao longo do texto,
acho legal você dar uma lida na literalidade da norma:
Art. 1ºEsta Lei dispõe sobre a alienação parental.
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da
criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos
que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que
repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com
este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim
declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de
terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade
ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa
ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em
folha de pagamento da importância da prestação alimentícia.
§1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador,
determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira
remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
§2º O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do
exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua
duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.
§3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode
ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos
do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta
por cento de seus ganhos líquidos.
Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§1º A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença
ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
§2º O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos
mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.
Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso,
dar ciência ao Ministério Público dos indícios da prática do crime de abandono material.
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao
executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o
pagamento do valor mensal da pensão.
§1º O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre
imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em
banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado,
além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha
de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do
executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo
juiz.
§3º Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme
as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.
§4º A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o
desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.
O art. 76, parágrafo único, do CC/2002 estabelece que têm domicílio necessário
o incapaz, entendido como o do seu representante ou assistente. O STJ,
interpretando o dispositivo, assentou que as ações conexas de interesse do
menor devem ser julgadas pelo Juízo do foro do detentor de sua guarda,
portanto:
Direito assistencial
Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de curatela da
pessoa com deficiência.
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com
deficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio
ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará
sujeito, no que couber, às disposições do Código de Processo Civil.
Para afastar qualquer dúvida quanto à retroação dos alimentos, entende-se que
eles são devidos desde a citação. O mesmo raciocínio vale para os alimentos
devidos em decorrência de investigação de paternidade, devidos a partir
da citação:
STJ – Súmula 277
Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.
O CC/2002 estabelece uma ordem de nomeação das pessoas que serão curadores
de outrem. Essa ordem é absoluta, ou seja, deve-se nomear A, se ele for o
primeiro da lista, independentemente de qualquer especificidade do caso? B, que
é o segundo da lista, nunca será nomeado se existir um A?
Segundo o STJ, a ordem de nomeação do curador não é absoluta, podendo
ser relativizada a depender das circunstâncias do caso. Esse entendimento está
sedimentado na Corte já há tempos:
CURATELA. INTERDIÇÃO. NOMEAÇÃO DE CURADORES. CONJUGE. HAVENDO LITÍGIO
ENTRE O INTERDITANDO E AQUELE QUE A LEI ESTABELECE COMO POSSÍVEL CURADOR,
NÃO PODE SER OBEDECIDA A ORDEM LEGAL, POR EXIGÊNCIA NATURAL DAS COISAS.
ESTANDO A MULHER LITIGANDO COM O MARIDO EM AÇÃO DE DIVÓRCIO, NÃO DEVE SER
NOMEADA CURADORA PROVISÓRIA DELE. ART. 454 DO C. CIVIL (REsp 138.599/SP, Rel.
Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 08/10/1997, DJ
10/11/1997, p. 57796).
Os alimentos cessam, de um lado, porque cessou o poder familiar, como fica claro
da leitura do art. 1.630. Atingindo a maioridade, acabou. No entanto, os
alimentos não são devidos apenas em razão do poder familiar, como ocorre em
geral.
Eles podem decorrer da união conjugal (casamento ou união estável, tanto
heteroafetiva quanto homoafetiva), como esclarece o art. 1.694, bem como das
demais relações de parentesco, como se extrai da conjugação do art. 1.695 com
o art. 1.696. Assim, mesmo que maior, há o dever de prestar alimentos ao filho
com deficiência porque ele, como esclarece o art. 1.694, não pode os suprir de
maneira adequada.
Por isso, apesar de cessar o dever de alimentar em razão do fim do poder
familiar, com a maioridade, cria-se nova obrigação alimentar ao genitor,
agora em razão da relação de parentesco (paternidade-filiação). O STJ
ainda esclareceu que mesmo que o alimentando receba benefício de
prestação continuada por parte do Estado, se essa renda é insuficiente
para cobrir suas despesas, deve o genitor prestar alimentos para
suplementá-lo.
Seria curioso, inclusive, que se mantivesse meu dever de assistência ao filho com
deficiência se eu estivesse casado, mas ele fosse extinto com o divórcio ou o fim
da união estável. Bastaria que eu “largasse” de minha companheira/cônjuge para
que meu filho com deficiência ficasse sem recursos suficientes para se manter.
Não é aceitável, logicamente, esse raciocínio:
EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORIDADE CIVIL. DOENÇA MENTAL. RECEBIMENTO DE
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. É presumida a necessidade de percepção de alimentos do
portador de doença mental incapacitante, devendo ser suprida nos mesmos moldes dos
alimentos prestados em razão do Poder Familiar, independentemente da maioridade civil do
alimentado (REsp 1.642.323-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
28/3/2017, DJe 30/3/2017).
Deve ser mantida a ordem de prisão civil dos avós, em razão de dívida de
natureza alimentar por eles contraída e que diz respeito às obrigações relativas
aos netos? Vale lembrar que a prestação de alimentos pelos avós possui natureza
complementar e subsidiária
Por isso, deve ser fixada, em regra, apenas quando os genitores estiverem
impossibilitados de prestá-los de forma suficiente. O fato de os avós assumirem
espontaneamente obrigações não significa que a execução na hipótese de
inadimplemento deverá, obrigatoriamente, seguir o mesmo rito e as mesmas
técnicas coercitivas que seriam observadas para a cobrança de dívida alimentar
devida pelos pais.
Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a
satisfação da dívida alimentar dos avós, é admissível a conversão da
execução para o rito da penhora e da expropriação. Assim, respeitam-se
os princípios da menor onerosidade e da máxima utilidade da execução:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL POR ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO
ALIMENTAR AVOENGA. CARÁTER COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIO DA PRESTAÇÃO.
EXISTÊNCIA DE MEIOS EXECUTIVOS E TÉCNICAS COERCITIVAS MAIS ADEQUADAS.
INDICAÇÃO DE BEM IMÓVEL À PENHORA. OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA MENOR
ONEROSIDADE E DA MÁXIMA UTILIDADE DA EXECUÇÃO. DESNECESSIDADE DA MEDIDA
COATIVA EXTREMA NA HIPÓTESE (HC 416.886/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe 18/12/2017).
Direito parental
Direito assistencial
O direito aos alimentos é um dos mais importantes de nosso sistema, pois serve
para garantir existência digna, englobando a alimentação, o vestuário, o lazer, a
educação etc. Como se sabe, atualmente, a única hipótese de prisão civil decorre
da dívida de natureza alimentar.
Contudo, embora admitida a coerção pessoal, muitas vezes os alimentandos
encontram dificuldades em receber o que lhes é de direito. Em algumas
oportunidades, o próprio devedor resiste de boa-fé, por não possuir os recursos
suficientes para adimplir a pensão.
Em tal contexto, uma alternativa viável seria a retirada dos valores
depositados na conta vinculada ao FGTS para a satisfação do crédito
alimentar. Muitos princípios poderiam ser invocados em prol dessa solução.
Inicialmente, ambas as partes terão a sua dignidade reconhecida, pois o credor
receberá a pensão, enquanto o devedor se livrará do risco de prisão civil. A menor
onerosidade da medida é nítida:
VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 572
Mediante ordem judicial, é admissível, para a satisfação do crédito alimentar atual, o
levantamento do saldo de conta vinculada ao FGTS.
Bateria de exercícios
Além das questões vistas ao longo da aula, agora você agora terá uma longa
lista de questões para treino. Eu as apresento assim: a. questões sem
comentários; b. gabaritos das questões; c. questões com comentários. Mesmo as
questões vistas na aula estarão nessa bateria, para que você faça o máximo de
exercícios que puder. Lembre-se de que as questões comentadas são parte
fundamental do seu aprendizado com nosso material eletrônico!
Se você quer testar seus conhecimentos, faça as questões sem os comentários,
anote os gabaritos e confira com o gabarito apresentado; nas que você não sabia
responder, chutou, ou ficou com dúvida, vá aos comentários. Se preferir, passe
diretamente às questões comentadas!
Direito parental
E) são usufrutuários dos bens dos filhos, mas não têm a administração dos
bens destes, porque devem ser entregues à administração de um curador.
Direito assistencial
Gabaritos
Direito parental
Direito assistencial
Direito parental
falecimento, se ele deixar descendentes”) com o art. 1.614 (“O filho maior não
pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à
emancipação”).
A) são usufrutuários dos bens dos filhos e têm a administração dos bens dos
filhos menores sob sua autoridade.
B) não terão o usufruto nem a administração dos bens dos filhos menores,
salvo por decisão judicial, que dispensar a nomeação de um curador
C) só serão usufrutuários dos bens imóveis dos filhos depois do registro do
usufruto no Serviço de Registro de Imóveis, e, para administrar esses bens,
deverão prestar caução idônea, exceto se o juiz a dispensar.
D) têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade,
mas não são usufrutuários desses bens, porque as respectivas rendas devem
ser depositadas para entrega aos filhos quando se tornarem capazes
E) são usufrutuários dos bens dos filhos, mas não têm a administração dos
bens destes, porque devem ser entregues à administração de um curador.
Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.689, incs. I e II: “O pai e
a mãe, enquanto no exercício do poder familiar são usufrutuários dos bens dos
filhos e têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade”.
A alternativa B está incorreta, por aplicação do supracitado dispositivo legal.
A alternativa C está incorreta, pois o registro é desnecessário quando deriva de
regra familiar, nos termos do art. 167, inc. I, item 7 da Lei de Registros Públicos:
“No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos o registro do usufruto e
do uso sobre imóveis e da habitação, quando não resultarem do direito de
família”.
A alternativa D está incorreta, segundo o supracitado art. 1.689, inc. I.
A alternativa E está incorreta, inversamente, de acordo com o art. 1.689, inc.
II.
gerar filhos por razões ligadas à produção de espermatozoides. O art. 1.599 faz
menção à impotência generandi. De qualquer sorte, a impotência couendi não
afasta em absoluto a presunção de paternidade.
A alternativa C está incorreta, porque pode haver convívio entre ambas, mas
não a mera dissolução da primeira pelo reconhecimento posterior da segunda.
A alternativa D está incorreta, pela previsão do art. 1.635, inc. II: “Extingue-se
o poder familiar pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único”.
A alternativa E está incorreta, pois os irmãos têm ascendente comum, pelo que
o parentesco é colateral.
Direito assistencial
C) I, II e IV, apenas.
D) II, III e IV, apenas.
Comentários
O item I está correto, na cumulação do Enunciado 605 do CJF (“A guarda
compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência”) com o Enunciado
607 (“A guarda compartilhada não implica ausência de pagamento de pensão
alimentícia”).
O item II está correto, de acordo com o Enunciado 521 do CJF: “Qualquer
descendente possui legitimidade, por direito próprio, para propor o
reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós ou de qualquer
ascendente de grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação de prova
da filiação em vida”.
O item III está correto, segundo a Súmula 596 do STJ: “A obrigação alimentar
dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no
caso da impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.”
O item IV está correto, conforme a Súmula 358 do STJ: “O cancelamento de
pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão
judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”.
Logo, a alternativa A é a correta.
Comentários
A alternativa A está correta, apesar de discutível a “cautelar de alimentos
provisionais” mencionada. De qualquer forma, eis a redação do art. 4º da Lei
5.478/1968: “Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos
provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente
declarar que deles não necessita”.
A alternativa B está correta, pela conjugação do art. 197, inc. II (“Não corre a
prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar”), com o
art. 1.635, inc. II (“Extingue-se o poder familiar pela emancipação, nos termos
do art. 5o, parágrafo único”).
A alternativa C está incorreta, dada a previsão do art. 1.698: “Se o parente,
que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo
várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão
as demais ser chamadas a integrar a lide”.
A alternativa D está correta, nos termos do art. 528, §7º, do CPC/2015: “O
débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende
até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo”.
A alternativa E está correta, já que apesar de o parágrafo único do art. 1.708
(“Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver
procedimento indigno em relação ao devedor”) estar contido num caput que
menciona as uniões conjugais, não há óbice à aplicação dele a outras situações,
dada que a indignidade geral, trazida pelo art. 1.814, não a limita aos
companheiros/cônjuges.
A alternativa A está incorreta, pois o art. 19-J da Lei 8.080/1990, incluído pela
Lei 11.108/2005, garante que “os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde
- SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença,
junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho
de parto, parto e pós-parto imediato”. Além disso, segundo cartilha da Defensoria
Pública do Estado de São Paulo, violência obstétrica trata da “apropriação do
corpo e processos reprodutivos das mulheres por profissionais da saúde, por meio
de tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos
processos naturais, causando perda da autonomia e capacidade de decidir
livremente sobre seus corpos impactando na sexualidade e negativamente na
qualidade de vida das mulheres”, não se relacionando, assim, com possível
constrangimento de pessoa não submetida a essa relação obstetrícia.
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide”.
B) informar João Roberto que não mais é possível a cobrança dos alimentos,
uma vez que após atingida a maioridade, ocorre a exoneração do encargo
alimentar e, além disso, embora o direito aos alimentos seja imprescritível,
a cobrança das parcelas já prescreve no prazo de dois anos a partir do
momento em que João Roberto atingiu os 16 anos e, portanto, passou a ser
relativamente incapaz.
C) ajuizar duas ações de execução de alimentos: uma cobrando as três
últimas parcelas vencidas e as que se vencerem no curso do processo, sob
pena de prisão, e a outra cobrando as demais parcelas desde o mês de julho
de 1999, requerendo que o alimentante faça o pagamento das parcelas
vencidas, sob pena de penhora.
D) ajuizar uma única ação de execução de alimentos, pedindo que o
alimentante pague todas as prestações desde o mês de julho de 1999, sob
pena de prisão civil, diante do caráter da imprescritibilidade dos alimentos.
E) ajuizar duas ações de execução de alimentos, cobrando as três últimas
parcelas vencidas e as que se vencerem no curso do processo, sob pena de
prisão, e a outra cobrando as demais parcelas, mas somente as que não
estejam prescritas, respeitado o prazo prescricional de 02 anos em relação
às parcelas vencidas.
Comentários
A alternativa A está incorreta, dado que a prescrição não correra contra João,
nos termos do art. 197, inc. II: “Não corre a prescrição entre ascendentes e
descendentes, durante o poder familiar”.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 197, inc. II, supracitado na
alternativa anterior.
A alternativa C está correta, dado que numa ação, sob pena prisional, cobram-
se as três parcelas vencidas e as vincendas, e na outra cobram-se as anteriores,
conforme o comando sentencial.
A alternativa D está incorreta, já que a prisão civil só se aplica às três prestações
vencidas anteriormente à propositura da ação.
A alternativa E está incorreta, pois a prescrição só atingiria as parcelas em
curso, não as deferidas pela sentença.
adoção unilateral; for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente
mantenha vínculos de afinidade e afetividade; oriundo o pedido de quem detém
a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e
afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das
situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei”.
A alternativa B está correta, conforme o art. 25 do ECA: “Entende-se por família
natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes”.
A alternativa C está incorreta porque o rol do parágrafo único do art. 5º do
CC/2002 é taxativo e seu inciso II menciona casamento, apenas. A rigor, em
termos práticos, ao se comprovar a união estável de alguém incapaz, a pessoa
já terá superado os 18 anos.
A alternativa D está correta, segundo o STJ: “RECURSO ESPECIAL. CIVIL.
FAMÍLIA. ANULAÇÃO DE ATOS JURÍDICOS. BENS ADQUIRIDOS APÓS A
SEPARAÇÃO DE FATO POR UM DOS CÔNJUGES. SIMULAÇÃO LESIVA À PARTILHA.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ. FUNDAMENTO INATACADO. ÓBICE DA SÚMULA
283/STF. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. O aresto recorrido está em sintonia com
a jurisprudência desta Corte, firmada no sentido de que a separação de fato põe
fim ao regime matrimonial de bens. Precedentes. 2. A Corte local entendeu não
restar configurada a simulação lesiva, além de não poder ser invocada pela
autora, que dela tinha conhecimento há nove anos. Contra o último fundamento
não se insurge a recorrente, o que atrai o óbice da súmula 283/STJ. 3. Recurso
especial não conhecido. (REsp 678.790/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 25/06/2014)”.
credor expressamente declarar que deles não necessita”), ao passo que a outra
lei não os prevê, prevendo apenas “alimentos gravídicos”, havendo indícios de
paternidade.
Era uma distinção sutil que certamente passou desapercebida de muitos, pois se
tratam de situações bem distintas, mas muito próximas, ao mesmo tempo. Vale
mencionar que a questão usa o verbo adequado, mas o art. 216 da LRP, não;
concertar no sentido de “estar de acordo, realizar um ajuste, conciliar, acordar,
harmonizar, concordar”, e não consertar, no sentido de “arrumar, reparar,
corrigir, solucionar, coser”, já que um escrivão não pode “corrigir” os atos do
outro, mas apenas “acordar” a respeito.
A alternativa C está incorreta, nos termos do art. 387: “A restituição voluntária
do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção
da dívida”.
A alternativa D está incorreta, dada a dicção do art. 1.694, §2º: “Os alimentos
serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade
resultar de culpa de quem os pleiteia”.
A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 1.749, inc. II: “Ainda com a
autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade, dispor dos bens do
menor a título gratuito”.
A alternativa D está correta, na literalidade do art. 1.748, inc. II: “Compete
também ao tutor, com autorização do juiz, aceitar por ele heranças, legados ou
doações, ainda que com encargos”.
A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1.749, inc. III: “Ainda com a
autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade, constituir-se
cessionário de crédito ou de direito, contra o menor”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.698: “Se o parente, que
deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo
várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão
as demais ser chamadas a integrar a lide”. Não é necessário provar total
impossibilidade, mas apenas a impossibilidade de prover integralmente.
A alternativa C está correta, nos termos do art. 1.698, supracitado na
alternativa B.
A alternativa D está incorreta, nos termos do art. 1.696, supracitado na
alternativa A.
Resumo
Direito parental
2. Impedimento matrimonial
• Visto anteriormente, impede que determinados parentes se casem
Exercer a guarda
Emancipação
Maioridade
Adoção
Decisão judicial
A. Guarda exclusiva
• Situação na qual um dos genitores detém a guarda completa, ao
passo que o outro é excluído dela
B. Guarda alternada
• Situação na qual os genitores têm a guarda por períodos fixos e
longos (meses)
• Exceção, atualmente
Guarda unilateral • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: direito de visitação
• Regra
Guarda compartilhada • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: distribuição de horários
Direito assistencial
Maiores de 60 anos
Militares em serviço
Quais atos pode o tutor praticar, desde que com autorização do juiz?
Transigir
Quais atos são proibidos ao tutor, ainda que com a autorização judicial?
O cônjuge ou companheiro,
não separado judicialmente • Na falta
ou de fato destes
• Na falta
O pai ou a mãe destes
O descendente que se
demonstrar mais apto, • Na falta
preferindo-se os mais destes
próximos
Considerações finais
Paulo H M Sousa