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Direito Civil p/ Delegado de Polícia 2019 (Curso Regular)

Paulo H M Sousa
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DIREITO DE FAMÍLIA
DIREITO PARENTAL E DIREITO ASSISTENCIAL

Sumário
Sumário .................................................................................................. 1
Considerações iniciais ................................................................................ 3
DIREITO DE FAMÍLIA ................................................................................ 6
III. Direito Parental ................................................................................... 6
1. Parentesco ........................................................................................ 6
2. Filiação ........................................................................................... 16
3. Ações de filiação .............................................................................. 24
4. Proteção dos filhos ........................................................................... 35
4.1. Poder familiar ............................................................................... 35
4.2. Guarda......................................................................................... 39
4.3. Adoção ......................................................................................... 46
IV. Direito Assistencial............................................................................. 48
1. Alimentos ........................................................................................ 48
1.1. Regras de alimentos ...................................................................... 48
1.2. Ações de alimentos ........................................................................ 62
2. Proteção ......................................................................................... 70
2.1. Tutela .......................................................................................... 71
2.2. Curatela ....................................................................................... 79
2.3. Tomada de decisão apoiada ............................................................ 85
Legislação e Jurisprudência ...................................................................... 86
Jornadas de Direito Civil ........................................................................ 101
Bateria de exercícios ............................................................................. 102
Questões sem comentários ................................................................. 102
Gabaritos .......................................................................................... 132

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Questões com comentários ................................................................. 139


Resumo ............................................................................................... 204
Considerações finais .............................................................................. 212

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Considerações iniciais

O “nepotismo” se origina precisamente das relações familiares. O Cardinalis


Nepos, o Cardeal-Sobrinho, foi durante muito tempo o braço direito do Papa. Tão
logo o Sumo-Pontífice assumia, tomava o Anulus Piscatoris, o Anel de Pescador
de São Pedro, e tratava de nomear um séquito de cardeais confiáveis e leais para
o Colégio Cardinalício.
A escolha recaía, muitíssimo frequentemente, nos familiares mais próximos e
acabou se criando uma tradição de nomear o sobrinho. Assim, a família do Bispo
de Roma se mantinha à frente do poder eclesiástico por mais tempo, a despeito
do curto pontificado, geralmente havido por força das condições de vida da Idade
Média.
Os Cardinale Nipote, então, eram responsáveis por conseguir votos suficientes
no Conclave para manter a família do falecido Vigário de Jesus Cristo no poder.
Muitos deles, apesar de bastante jovens e inexperientes, conseguiam afastar as
pretensões de cardeais mais macaco véio e indicar o nome almejado para quando
a fumaça branca ascendesse na Catedral mais famosa no mundo e um novo Servo
dos Servos de Deus fosse revelado.
Surge aí o nepotismo. Por mais de um século, o parente era o Superintendente
do Estado Eclesiástico, uma figura que congregava grande poder temporal.
Aproximadamente duas dezenas de Cardeais-Sobrinhos, inclusive, acabaram se
tornando o Sucessor do Príncipe dos Apóstolos. A Igreja, já no séc. XVII, tentava
a todo custo afastar a influência dos Cardeais-Sobrinhos.
O parentesco por cognação espiritual, decorrente do batismo, pelas regras
canônicas, ainda consta do Código Canônico. Assim, seriam parentes por
cognação espiritual os padrinhos e afilhados, impedidos, anteriormente, de se
casarem. Esse impedimento matrimonial está nas raízes de alguns dos
impedimentos matrimoniais contemporâneos, inclusive.
Isso porque, especialmente em comunidades católicas mais tradicionais, esse
parentesco era relevantíssimo. Nos casos em que os pais não pudessem mais
cuidar de seus filhos, em caso de morte ou “alienação mental”, recaía a obrigação
sobre os padrinhos de batismo.
Falo por mim. Em minha família o parentesco por cognação espiritual ainda é
bastante forte (ainda que eles não saibam que isso deriva do Direito Canônico,
mas mais for força de uma tradição muito arraigada). Há um caso de um casal
de tios que acabou por adotar uma criança precisamente porque eram seus
padrinhos de batismo! Não havia nenhuma obrigação jurídica (inclusive, eles nem
tutores seriam), mas havia uma obrigação moral, seguida à risca.
Em algumas religiões afro-brasileiras, existe algo muito semelhante. Os
chamados “irmãos de obrigação”, que receberam a feitura do mesmo pai-de-
santo, por exemplo, não podem se casar entre si. É precisamente o mesmo

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raciocínio do parentesco por cognação espiritual. Se um pai-de-santo morre, seus


filhos-de-santo passam a ser filhos de um outro pai-de-santo.
As regras jurídicas que envolvem parentesco, filiação e assistência remontam à
tradição. O Direito apenas muito recentemente passou a se ocupar dessas
questões, a partir do “parentesco civil”. Eu costumo brincar, mas com um
elevadíssimo tom de verdade, que as pessoas apontam como parentes aqueles
que são convenientemente “parentes”.
Gente chique, rica e famosa sempre é parente. Notícia da realeza britânica é
sempre assim: “tia do cunhado da irmã da amiga da vizinha da sobrinha da
princesa faz revelação bombástica”. Na hora do convite de casamento real, somos
todos parentes. Neto de primo vira amicíssimo.
Pobre, chato e criminoso nunca são parentes. Quando um maluco resolve
metralhar todo mundo no shopping, o irmão aparece na televisão dizendo que
“nunca teve muito contato” com ele. O primo, “apesar ter vivido na casa ao lado
por muitos anos, se disse distante”. Quando aparece uma citação para ação de
alimentos, então, todos correm freneticamente do encargo.
A família, portanto, é uma construção histórica, social e, em larga medida, de
conveniência. O ditado diz que “parente é deus que manda, amigo a gente
escolhe”. O Direito leva a sério esse ditado. É irrelevante que se goste ou não da
família na qual se nasceu.
Nascer na família certa, dos pais certos, torna alguém o futuro rei. Nascer na
família errada significará muita dor de cabeça. A família e o nome mostram, em
alguma medida, como nem tudo pode ser escolhido ou definido. As relações
familiares nos mostram como há algo externo a nós.
Mesmo quando a família é que me escolhe, como na adoção, a genética não deixa
que nos esqueçamos de que viemos de um lugar. O contemporâneo “direito ao
conhecimento das origens genéticas” evidencia isso.
Por mais que o Direito apague os vínculos de parentesco da certidão, não é
(somente) a certidão que nos torna parentes (ao menos juridicamente). A
genética deixa marcas indeléveis. Inversamente, por mais que a genética insista
em não nos abandonar, a família nunca é apenas um vínculo consanguíneo, ela
é muito mais. A expressão “pai é quem cuida” ilustra bem.
Essa aparente contradição sempre me fascinou no Direito de Família. Tentamos
apagar nossas marcas biológicas, mas elas são inquebrantáveis. Tentamos
glorificar os laços consanguíneos, mas eles são mero detalhe. Nem uma coisa,
nem outra; uma coisa e outra, ao mesmo tempo.
As relações familiares são assim, complexas. O Direito, porém, ao simplificar
essas relações e ao petrificá-las na norma, estanca a sangria desatada do caos,
mas cria outras tantas dificuldades. A jurisprudência, frequentemente, se vê
diante disso, ao julgar a multiparentalidade, o direito ao conhecimento das

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origens genéticas, casamentos intrafamiliares, parentalidade socioafetiva,


adoção à brasileira etc.
Isso porque o parentesco é responsável pela criação de um sem-número de
direitos e deveres na esfera jurídica de alguém. Receber uma herança
rechonchuda ou ser chamado a pagar pensão para alguém depende de um
pedaço de papel que nos diga parentes.
Esse parentesco cria direitos e deveres também fora do Direito Civil. O art. 203
do CPP/1941 determina que a testemunha deve declinar o parentesco e seu grau
quando for inquirida pelo juiz. O art. 144, inc. III, do CPC/2015, estabelece o
impedimento do julgador na existência de parentesco. Não podem participar da
mesma Mesa os parentes, prevê o art. 64 da Lei 9.504/1997 (Lei Eleitoral). São
inelegíveis os parentes, em certos casos, evidencia o art. 15, §7º, da CF/1988. A
Súmula Vinculante nº 13 do STF proíbe o nepotismo nos três Poderes e nas três
esferas do Poder.
Ou seja, as relações de parentesco, e seus problemas, não são questões de hoje.
A SV 13 do STF é mais ou mesmo a mesma coisa que variadas Bulas Papais que
tentavam frear o nepotismo do séc. XVII em Roma. Os parentes, para o bem e
para o mal, estão aí, e cumpre ao Direito Civil estudar essas relações.
E qual é o ponto do seu Edital que eu analisarei nesta aula? Veja:

Direito de família parental

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DIREITO DE FAMÍLIA

III. Direito Parental

1. Parentesco

A. Contagem do parentesco

Para iniciar os estudos relativos ao parentesco, começo com a “grande família”,


de modo a entender como se faz a contagem dos graus. “Eu”, no caso, é você:

Bisavô Bisavó

Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa

Tio Tia Mãe Pai Sogra Sogro

Marido Prima Cunhado Irmã Esposa Cunhada


EU

Primo
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau”

Marido Neta

Bisneta

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O parentesco se analisa por graus, na linha reta e na


linha colateral, ou, numa perspectiva mais visual, na
vertical, para cima e para baixo, e na horizontal, para os lados, nos termos
dos arts. 1.591 e 1.592, respectivamente.
Veja, no gráfico abaixo, as linhas (retângulos azuis) e os graus (seta vermelha).
Para se analisar o grau e o tipo de parentesco, necessário passar pelos traços
que unem as pessoas; não se pode “pular” pelos espaços vazios. A passagem de
uma linha horizontal a outra indica a mudança de um grau.

Bisavô Bisavó

Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa

Tio Tia Mãe Pai Sogra Sogro

Marido Prima Cunhado Irmã Esposa Cunhada


EU

Primo
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a

Marido Neta

Bisneta

Como se conta o parentesco?


O parentesco se diz em linha reta quando não é necessário alternar mais de uma
vez entre as linhas horizontais, ou seja, eu consigo chegar ao parente que quero
classificar indo diretamente de uma linha à outra. Assim, para contar o
parentesco entre minha mãe e minha filha, eu começo da linha acima da minha,
passo à minha linha e desço para a linha de minha filha. Foram duas passagens
entre as linhas horizontais, o que indica o parentesco em segundo grau.

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A linha reta pode ser ascendente (subindo) ou descendente (descendo). No


exemplo acima, minha mãe é parente em linha reta ascendente em segundo grau
em relação a minha filha; ao contrário, minha filha é parenta em linha reta
descendente em segundo grau em relação a minha mãe.
Já o parentesco em linha colateral ocorre quando, para chegar ao parente que
quero classificar, preciso “subir e descer”, ou seja, passar por linha horizontal
superior ou inferior e depois voltar à linha desejada. É intuitivo; é só pensar em
“quem liga aquele parente a mim”? Veja o parentesco entre mim e minha irmã:

Bisavô Bisavó

Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa

Tio Tia Mãe Pai Sogra Sogro

Marido Prima Cunhado Irmã Esposa Cunhada


EU

Primo
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a

Marido Neta

Bisneta

Primeiro, preciso chegar ao meu pai e/ou à minha mãe, que são os ascendentes
em comum entre mim e minha irmã. Ou seja, saio da minha linha horizontal e
subo à linha imediatamente superior. Chegando em meus pais, preciso descer
uma linha, para chegar à minha irmã, que está na linha imediatamente inferior à
linha horizontal de meus pais. Como mudei duas vezes de linha, são dois graus.

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Veja, pelo desenho, que não há um “traço” entre mim e minha irmã; preciso
utilizar o “traço” que nos liga a nossos pais. Ou seja, ao responder à pergunta
“quem me liga à minha irmã”? A resposta é “meus pais”. Por isso, vou até eles e
volto a minha irmã.
Como precisei subir (até a linha de meus pais) e descer (de meus pais a minha
irmã), esse parentesco não é em linha reta, mas em linha colateral. Como mudei
de linha horizontal duas vezes, são dois graus. Por isso, minha irmã é minha
parenta em linha colateral em segundo grau.
Existe parentesco em linha colateral de primeiro grau? Evidente que não, pois
para chegar à linha colateral eu preciso, sempre, subir a um ascendente comum,
pelo que o mínimo do parentesco em linha colateral será o segundo grau
(irmãos). O parentesco em primeiro grau só é possível na linha reta, ascendente
(pais) ou descendente (filhos).
Seguindo as mesmas regras, podemos saber o parentesco que minha prima tem
comigo:

Bisavô Bisavó

Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa

Tio Tia Mãe Pai Sogra Sogro

Marido Prima Cunhado Irmã Esposa Cunhada


EU

Prima
Sobrinha Genro Filha Sobrinha
de “2º Grau” a a

Marido Neta

Bisneta

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De novo, é só responder à pergunta: “quem me liga à minha prima”? A resposta


é: meus avós. Por isso, preciso chegar até eles. Primeiro, ao mudar da minha
linha à linha de minha mãe, conto um grau (1); da linha de minha mãe à linha
de minha avó, mais um grau (2); da linha de minha avó à linha da minha tia,
mais um grau (3); da linha de minha tia à linha de minha prima, mais um grau
(4). Assim, sou parente em quarto grau, na linha colateral, de minha prima.
A rigor, o mesmo raciocínio vale para qualquer parente. Hipoteticamente (já que
essas pessoas não são parentes para o CC/2002), qual é o parentesco entre
minha bisneta e a filha de minha prima (que comum, e equivocadamente,
chamamos de primo de “segundo grau”)?
É só responder à pergunta: “quem liga minha bisneta à minha prima de “segundo
grau”? A resposta: meus avós! Se meus avós não tivessem gerado minha mãe E
minha tia, ou eu não existiria, e consequentemente, minha bisneta também não,
ou minha prima não existiria, e consequentemente, minha prima de “segundo
grau” também não. Faça as contas:

Bisavô Bisavó

Avô da Avó da
Avô Avó Tia-avó
esposa esposa

Tio Tia Mãe Pai Sogra Sogro

Marido Prima Cunhado Irmã Esposa Cunhada


EU

Prima
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Cuidado, não confunda! Usualmente se utiliza a


contagem de graus canônica (o chamado primo-
irmão, ou primo de primeiro grau), que não é utilizada
pelo CC/2002. A contagem aqui se dá pela regra civil.
Assim, minha bisneta e a filha de minha prima (prima de “segundo grau”) são
parentes em linha colateral (já que tive de subir até o ancestral comum e depois
descer até encontrar a outra parenta). Em qual grau? Em oitavo grau! Da minha
bisneta à minha neta (1), da neta à filha (2), da filha a mim (3), de mim à minha
mãe (4), de minha mãe à minha vó (5), da minha vó à minha tia (6), da minha
tia à minha prima (7) e da minha prima à filha dela (8).
A prima de “segundo grau” é, na verdade, minha parenta na linha colateral em
quinto grau: de mim à minha mãe (1), de minha mãe à minha vó (2), de minha
vó à minha tia (3), de minha tia à minha prima (4), de minha prima à filha dela
(5).
O parentesco por afinidade segue as mesmas regras. Parentesco por afinidade é
aquele derivado do casamento. Assim, os familiares de minha esposa são meus
familiares por afinidade, com a contagem de graus sendo feita exatamente do
mesmo modo como eu contei a minha própria família.
Cuidado! Tecnicamente, o termo correto é “afim”, e
não “parente por afinidade”. Muito comum, porém, se
ler na doutrina e na jurisprudência e se ver em provas
o uso do termo “parente por afinidade”. O art. 1.593 é bastante claro a
respeito, ao prever que o parentesco pode ser natural ou civil, sendo aquele o
decorrente da consanguinidade (vínculo biológico ou genético) e este o
decorrente de “outra origem”, como a adoção. O art. 1.595 deixa isso ainda mais
claro, ao dispor que “cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro
pelo vínculo da afinidade”. Ou seja, em momento algum se usa o termo
“parente”; eu sou “aliado aos parentes” do meu cônjuge varoa, não “parente dos
parentes” do meu cônjuge varoa. De qualquer sorte, se você vir escrito
“parente por afinidade”, engula em seco e siga a vida; nem sempre se
usa o termo técnico adequado.
Quando se fala popularmente que o genro ou a nora são o filho ou a filha que o
sogro e a sogra ganham, isso tem um fundo de verdade, juridicamente falando,
já que a contagem se faz se colocando a própria pessoa no lugar do cônjuge. Ou
seja, para saber o grau de parentesco que eu tenho com a minha cunhada, a
minha sogra, o primo da minha esposa etc., basta que eu me coloque no lugar
da pessoa e fazer a contagem, normalmente.
Minha cunhada é minha parenta em que grau? Basta me colocar no lugar da
minha esposa e fazer a contagem, como se eu fosse ela. Assim:

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Da minha esposa à minha sogra (1), da minha sogra à minha cunhada (2). Ou
seja, minha cunhada é minha parenta em linha colateral em segundo grau. Em
linha colateral porque precisei subir até a sogra (ascendente comum) e descer.
Percebe que a cunhada tem o mesmo parentesco comigo que eu tenho com a
minha irmã? Isso porque a minha cunhada é irmã da minha esposa. Lembra que
eu falei que a contagem é igual; é como um espelho.
Mas, o que diferencia minha cunhada de minha irmã? A origem do parentesco.
Minha irmã é minha parenta em linha colateral em segundo grau por
consanguinidade, ao passo que minha cunhada é minha afim em linha colateral
em segundo grau (ou minha “parenta em linha colateral em segundo grau por
afinidade”, atecnicamente falando).
Minha mãe é minha parenta em linha reta ascendente em primeiro grau, por
consanguinidade. Minha sogra é minha afim em linha reta ascendente em
primeiro grau (ou “parenta em linha reta ascendente em primeiro grau, por
afinidade”, atecnicamente falando). Simples, não?

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A mesma regra vale para a adoção e para a socioafetividade, segundo a doutrina


mais contemporânea. Assim, se sou adotado, tudo funciona do mesmo jeito. A
única diferença é que a origem do parentesco não é a consanguinidade (biológica
ou genética), mas civil.
A diferença prática? Quase nenhuma, a não ser que eu continuo a guardar os
laços de consanguinidade com minha família “de sangue”, ou seja, terei mais
uma família para contar todos esses graus e linhas, tanto na família consanguínea
quanto na família adotiva. Isso, porém, só tem impacto nos impedimentos
matrimoniais, nada mais.
Veja que o parentesco em linha colateral pode
ser igual ou desigual, a depender da
localização dos parentes na árvore
genealógica. Assim, são parentes colaterais
em linha igual os irmãos e os primos (colaterais em segundo e quarto
grau, respectivamente).
São parentes colaterais em linha desigual o sobrinho e o tio (colaterais em
terceiro grau, sendo que o tio está na linha ascendente imediatamente superior,
na mesma linha dos pais; e o sobrinho está na linha descendente imediatamente
inferior, na mesma linha dos filhos). Veja, aqui, novamente, o espelhamento que
existe no parentesco. Sou eu o que de meu tio? Sobrinho. Sou eu o que de meu
sobrinho. Tio.
Igualmente, são parentes colaterais em linha desigual o sobrinho-neto e o tio-
avô (colaterais em quarto grau, sendo que o tio-avô está na linha ascendente
duplamente superior, na mesma, linha dos avós; e o sobrinho-neto está na linha
descendente duplamente inferior, na mesma linha dos netos). Veja, aqui,
novamente, o espelhamento que existe no parentesco. Sou eu o que de meu tio-
avô? Sobrinho-neto. Sou eu o que de meu sobrinho-neto. Tio-avô.
Nesse caso, inclusive, fica ainda mais fácil de ver. Não temos nomes específicos
para a o quarto grau de parentesco em linha desigual (tio-avô e sobrinho-neto),
pelo que usamos o mesmo nome do terceiro grau (tio e sobrinho), adicionando
uma partícula ao final, que designa a linha. O tio-avô é o tio na linha dos avós. O
sobrinho-neto é o sobrinho na linha dos netos.
O mesmo raciocínio se aplicará ao subirmos ou descermos nos graus. Quem é o
filho do meu sobrinho-neto? Meu sobrinho-bisneto (bis, de novo; neto de novo).
Eu sou o tio-bisavô dele. Quem é filho do meu neto? Meu neto de novo, bisneto.
Quem é o filho do meu bisneto? Meu neto de novo, e de novo. Meu bis-bisneto,
três vezes neto, trineto.
E se formos mais adiante, chegaremos ao tetravô ou tataravô e tetraneto ou
tataraneto. E depois? Ora, podemos contar nos dedos quantas pessoas chegaram
a conhecer seus tataravôs ou viram um tetraneto nascer. A natureza se encarrega
de tornar o parentesco acima da quarta geração na linha reta algo irrelevante.

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Por isso, não se utiliza, correntemente, nominação a esse parentesco, ainda que
se possa (pentavô, hexavô etc.).
Também possível se falar em parentesco duplo ou dúplice. Nesse caso,
há duplo parentesco, tanto por ascendência paterna quanto materna.
Suponha dois irmãos homens (eu, Paulo, e meu irmão, Pedro) que se casam com
duas irmãs mulheres (Alessandra e Juliana). Eu, quando caso com Alessandra,
sou cunhado de Juliana. Quando meu irmão Pedro se casa com Juliana, Juliana
se torna minha cunhada, por ter casado com Pedro. Eu sou duplamente cunhado
de Juliana, tanto por ter casado com Alessandra, quanto por Juliana ter casado
com meu irmão, Pedro.
Agora, imagine que nós tenhamos filhos. Meu filho, Daniel, tem um tio, Pedro,
casado com Juliana. Meu sobrinho, Enzo, filho de Pedro e Juliana, é,
consequentemente, primo de meu filho.
Meu filho, Daniel, tem um primo “por parte de pai”, um primo que é filho de meu
irmão, tio dele. Quem é ele? Enzo. Meu filho, Daniel, tem um primo “por parte de
mãe”, um primo que é filho da tia, Juliana, irmã de minha esposa. Quem é ele?
Enzo. Ora, Enzo é primo de Daniel tanto “por parte de pai” quanto “por parte de
mãe”. Parentesco duplo ou dúplice.
Parece complicado, mas é bem simples. Só que não dá pra visualizar muito
intuitivamente nem pela explicação, nem por um desenho. Em resumo, o
parentesco duplo ou dúplice é aquele no qual dos primos têm parentesco
tanto pela linha paternal quanto maternal, pelo que seus ascendentes
em segundo grau são idênticos (os avós de Daniel e Enzo são exatamente os
mesmos). Primos cujos pais são irmãos e cujas mães são irmãs. Coisa de cidade
do interior...
Regras pitorescas à parte, é imprescindível saber a contagem de graus do
parentesco e saber as regras que envolvem parentesco. Não apenas o Direito de
Família, mas também o Direito Civil e, em larga medida, todo o Direito trabalha
com as questões de envolvem parentesco.

B. Regras de parentesco

O parentesco é natural ou civil, conforme a origem. O parentesco natural


se origina pela consanguinidade. O parentesco civil se origina por adoção,
socioafetividade ou por técnica de reprodução assistida, como se pode extrair,
mais ou menos, do art. 1.593.
O parentesco civil era tradicionalmente pensado para a adoção, mas acabou
englobando também o parentesco por socioafetividade e o decorrente de técnicas
de reprodução assistida. Nesse sentido, o Enunciado 103 da I Jornada de Direito
Civil, prevê que há também parentesco civil no vínculo parental proveniente quer

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das técnicas de reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe)


que não contribuiu com seu material fecundante, quer da paternidade
socioafetiva, fundada na posse do estado de filho. Isso porque, esclarece o
Enunciado 104 da I Jornada de Direito Civil, no âmbito das técnicas de reprodução
assistida envolvendo o emprego de material fecundante de terceiros, o
pressuposto fático da relação sexual é substituído pela vontade juridicamente
qualificada, gerando presunção absoluta ou relativa de paternidade no que tange
ao marido da mãe da criança concebida, dependendo da manifestação expressa
(ou implícita) da vontade no curso do casamento.
Em complemento, o Enunciado 256 da III Jornada de Direito Civil elucida que a
posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de
parentesco civil. Igualmente, o Enunciado 519 da V Jornada de Direito Civil
estabelece que o reconhecimento judicial do vínculo de parentesco em virtude de
socioafetividade deve ocorrer a partir da relação entre pai(s) e filho(s), com base
na posse do estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais.
Assim, são três as formas de se visualizar o parentesco civil: adoção,
socioafetividade e reprodução assistida.
A contagem de graus, se dá, na linha reta, nos graus
de parentesco, pelo número de gerações, e, na
colateral, também pelo número delas, subindo de um
dos parentes até ao ascendente comum, e descendo
até encontrar o outro parente (art. 1.594).
O parentesco em linha reta vai ao infinito (art. 1.591), para cima e para
baixo: pai, avô, bisavô etc., e filha, neta, bisneta etc. Ou seja, posso analisar
meu parentesco por consanguinidade em linha reta com determinada pessoa em
graus bem distantes. Por exemplo, um sujeito que viveu no séc. XVIII pode ser
meu parente em linha reta ascendente de 10º grau.
Já o parentesco colateral vai somente até o quarto grau (art. 1.592), ou
seja, chega apenas até meu primo, até o neto de meu irmão e meu tio-avô. Os
demais “parentes”, parentes não são, portanto, apesar de muitas pessoas os
considerarem parentes, como os filhos de primos, os primos dos pais (filhos da
tia-avó), os irmãos dos bisavôs etc.
Na afinidade, também chamada de “parentesco por afinidade”, atecnicamente
(parentes de meu cônjuge ou companheiro, segundo regra do art. 1.595), utiliza-
se a mesma forma de contagem, por simetria. Assim, minha sogra é minha afim
em linha reta em primeiro grau (parenta em linha reta por afinidade, em primeiro
grau); meu cunhado é meu afim em linha colateral em segundo grau (parente
em linha colateral por afinidade, em segundo grau).
Porém, no caso do parentesco por afinidade, a contagem limita-se aos
ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou
companheiro. Os demais “parentes”, parentes não são, como o concunhado, o
sobrinho, filho do irmão de minha esposa (que geralmente as pessoas

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consideram, por simetria, tão parentes quanto os sobrinhos do próprio irmão), o


primo do cônjuge, seus tios etc.
A dissolução do casamento ou da união estável
extingue o parentesco por afinidade colateral, mas
mantém o parentesco na linha reta (§2º). Assim, apesar
de divorciado, minha sogra continuará sendo minha parenta e minha enteada
(filha de minha ex-esposa, não filha comum nossa) continuará sendo minha
parenta. Minha cunhada deixa de ser minha parenta, porém. Consequência é que,
por exemplo, pode-se casar com a cunhada, mas não com a sogra, após o
divórcio.
Os efeitos do parentesco são muitos, mas importa mencionar três:

1. Testemunho em processo judicial


• Não podem testemunhar o cônjuge, ascendentes e descendentes
de qualquer grau, colaterais até o terceiro grau, sejam estes
consanguíneos ou afins (art. 447, §2º, inc. I do CPC/2015)

2. Impedimento matrimonial
• O parentesco impede que determinados parentes se casem

3. Dever de prestar alimentos


• Os parentes têm direito de receber e dever de prestar alimentos

2. Filiação

Por aplicação do art. 227, §6º, da CF/1988, independe a


origem do filho, pois todos são considerados iguais,
considerando-se discriminatórias quaisquer
qualificações. Nesse sentido, o art. 1.596 do CC/2002
esclarece que os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção,
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.
Igualmente, o art. 5º da Lei 8.560/1992 estabelece que no registro de
nascimento não se fará qualquer referência à natureza da filiação, à sua
ordem em relação a outros irmãos do mesmo prenome, exceto gêmeos,
ao lugar e cartório do casamento dos pais e ao estado civil destes. No
mesmo sentido, o art. 6º dessa lei aclara que nas certidões de nascimento não
constarão indícios de a concepção haver sido decorrente de relação
extraconjugal.

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Em regra, a filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento


registrada no Registro Civil, segundo o art. 1.603. Prevê o Enunciado 108 da I
Jornada de Direito Civil que no fato jurídico do nascimento, mencionado no art.
1.603, compreende-se também a filiação consanguínea e a socioafetiva.
Na falta ou defeito do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por
qualquer modo admissível em direito (art. 1.605). O Código, para suprir esse
problema, apresenta uma série de presunções de paternidade (arts. 1.597 a
1.600 e 1.602). Na prática, em vista da possibilidade de prova cromossômica, os
testes de DNA, são um tanto datadas.
Embora superadas pela realidade prática, essas
presunções são plenamente aplicáveis juridicamente,
mas apenas em relação ao casamento. Não se aplicam
à união estável, esclarece a doutrina tradicional.
Isso porque a união estável é uma “união de fato”, que precisa de dilação
probatória para ser estabelecida com o grau de certeza automaticamente
existente no casamento (pela certidão de casamento, que é documento público).
Aí residiria uma das distinções entre o casamento e a união estável, portanto.
Parte da doutrina, porém, entende serem cabíveis as presunções também
relativamente à união estável. Parte da jurisprudência entende cabíveis as
presunções em relação à união estável apenas analogicamente, por interpretação
extensiva.
Fato é que essa discussão não é profícua, por conta do teste de DNA.
Absolutamente irrelevantes essas discussões, tenho pra mim. De qualquer sorte,
são as presunções de paternidade estabelecidas pelo CC/2002 (pater is
est quem justae nuptiae demonstrant):

Art. 1.597, inc. I

• Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos


nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a
convivência conjugal

Essa presunção era muito útil na “sociedade da moral e dos bons costumes” do
fim do séc. XVIII e início do séc. XIX. A gravidez demora, em média, 280 dias, o
equivalente a 40 semanas (10 meses lunares). Assim, filhos nascidos
“prematuros”, com 6kg e 55cm, se justificavam nascidos na constância do
casamento.
Vale lembrar que, em muitos casos, a mulher tinha de se casar com quem a havia
deflorado, na linguagem típica do século passado, fosse por inexperiência ou
justificável confiança (voluntariamente), fosse por violência ou ameaça
(involuntariamente). Do contrário, grávida, acabaria por ser abandonada à

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própria sorte. Assim, necessário era justificar o milagre do nascimento ante


tempus e, ao mesmo tempo, evitar que a criança fosse reputada ilegítima, fruto
de relações havidas sem o sacrossanto matrimônio.

Art. 1.597, inc. II

• Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos


nascidos nos 300 dias subsequentes à dissolução da sociedade
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do
casamento

Esse dispositivo mostra claramente como o Direito de Família foi maltratado pelo
legislador e a redação do CC/2002 remonta à década de 1960. A norma sequer
prevê o divórcio, mesmo este estando presente na legislação brasileira desde
1977. Ou seja, instituto surgido 25 anos não apareceu no Código.
De qualquer forma, evidentemente que a presunção vale também para o divórcio,
se for o caso. Aqui, a presunção pretendia evitar que a viúva fosse reputada
demasiada “alegre” depois do funeral, ou que a “desquitada” concebesse filho
juridicamente ilegítimo, de modo que se elastece o período médio da gravidez de
280 dias.
Além disso, se antes de passados 10 meses depois do começo da viuvez, ou da
dissolução da sociedade conjugal, a mulher contrair novas núpcias, há de se ter
cuidado com o conflito de normas. Ora, se levado em conta o disposto no art.
1.597, inc. I, o filho é do novo marido (180 depois da união); se levado em conta
o disposto do art. 1.597, inc. II, o filho é do falecido marido (300 dias depois da
morte). O que fazer?
O art. 1.598 estabelece que o filho se presume do primeiro marido, se nascido
dentro dos 300 dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o
nascimento ocorrer após esses 300 dias, já decorrido o prazo de 180 dias da nova
união.
Foi precisamente a partir desse inciso que o STJ (REsp 1.194.059) reconheceu
que as presunções de paternidade do CC/2002 se aplicam também à união
estável. Ainda que seja relativo a esse inciso especificamente, na decisão a Corte
deixou claro que as demais presunções de
paternidade se aplicariam também à união
estável, por força da equiparação trazida pelo art.
226, §3º, da CF/1988.
Relativamente a essas duas presunções clássicas de paternidade, o CC/2002
ainda fixa três regras:

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A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a


presunção da paternidade

Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a


presunção legal da paternidade

Não basta a confissão materna para excluir a paternidade

No primeiro caso, há a chamada impotência generandi, que impede a


reprodução, ou seja, caso de infertilidade ou esterilidade. Não ilide a
paternidade a impotência couendi, a impotência instrumental. Isso porque, na
contemporaneidade, graças a técnicas médicas e, principalmente, tratamentos
farmacológicos, esta é mitigada, permitindo a reprodução.
Nos dois segundos, o CC/2002 volta ao séc. XIX. Aqui, curiosamente, o objetivo
era de proteção dos filhos, mas não da mulher, como pode parecer à primeira
vista. Isso porque, confessado o adultério ou confessadas as relações sexuais
espúrias, a mulher seria condenada à prisão, pelo crime de adultério, ou ao
ostracismo social, por ter conhecido homem que não seu marido.
No entanto, para evitar que os filhos fossem tomados por ilegítimos, a
paternidade não poderia ser afastada tão facilmente. Punia-se a mulher, adúltera,
mas se protegiam os filhos, de modo que o pai teria de provar que pai não é. O
pai não impugnava a paternidade, mantendo os filhos alheios como se seus
fossem, atraindo a piedade social para si e agravando a ira social à adúltera. Uma
jogada de mestre do legislador do século passado.

Art. 1.597, inc. III

• Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos


havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o
marido

Os incisos I e II trazem duas das presunções clássicas de paternidade, do tempo


em que o DNA ainda não existia. Os incisos III a V, por sua vez, trazem as
presunções de paternidade mais contemporâneas, posteriores ao “bebê de
proveta”. Tratam-se das hipóteses de reprodução assistida.
Os termos homólogo e heterólogo se ligam à origem do material
genético. Homóloga será a fecundação quando o material genético for
originário do próprio pai, ou seja, são seus espermatozoides a fecundar
o óvulo materno. Heteróloga será a fecundação quando o material genético for
originário de um doador, ou seja, serão os espermatozoides alheios a fecundar o
óvulo materno.

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Em que pese o dispositivo tratar apenas da paternidade, evidentemente, ele se


aplica também à maternidade. Homóloga se o óvulo é da própria mãe ou
heteróloga se for de doadora.
Para variar, o legislador parou na década de 1980 no uso da terminologia a
respeito do tema. Por isso, o Enunciado 105 do CJF propõe alterar o art. 1.597,
incs. III, IV e V, substituindo as expressões “fecundação artificial”, “concepção
artificial” e “inseminação artificial” por “técnica de reprodução assistida”.
Isso porque as técnicas de reprodução assistida são basicamente de duas ordens.
De um lado, há as técnicas pelas quais a fecundação ocorre in vivo, ou
seja, no próprio organismo feminino. De outro, há aquelas pelas quais a
fecundação ocorre in vitro, ou seja, fora do organismo feminino, mais
precisamente em laboratório, após o recolhimento dos gametas masculino e
feminino.
As expressões “fecundação artificial” e “concepção artificial” utilizadas nos incs.
III e IV são impróprias, até porque a fecundação ou a concepção obtida por meio
das técnicas de reprodução assistida é natural, com o auxílio técnico, é verdade,
mas jamais artificial. Ou seja, o primeiro ponto é que a fecundação é sempre
natural, seja in vivo, seja in vitro, bem como o inciso dá a entender se tratar de
caso apenas de inseminação in vitro, indevidamente.
Além disso, houve ainda imprecisão terminológica no inc. V, quando trata da
inseminação artificial heteróloga. Isso porque a inseminação artificial é apenas
uma das técnicas de reprodução in vivo. Para os fins do inciso em comento,
melhor seria a utilização da expressão “técnica de reprodução assistida”,
incluídas aí todas as variantes das técnicas de reprodução in vivo e in
vitro.
Outro ponto a destacar é a segunda parte do art. 1.597, inc. III, que
permite a chamada paternidade post mortem. In vitro ou in vivo, seria
permitida a fecundação mesmo que o pai estivesse já falecido. Por isso, o
Enunciado 127 do CJF propõe alterar o inc. III para constar apenas “havidos por
fecundação artificial homóloga”, excluindo-se a segunda parte, “mesmo que
falecido o marido”.
Com isso, se impediria a paternidade post mortem. A justificativa se dá porque
não seria aceitável o nascimento de uma criança já sem pai, de modo a se
observar os princípios da paternidade responsável e da dignidade da pessoa
humana.
O comando, portanto, inverteria a lógica de proteção integral de crianças e
adolescentes, ao permitir que, pelo bel prazer dos genitores, nascesse uma
criança já sem pai. No registro civil constaria a paternidade, mas ela seria
meramente ficta, já que o pai estaria morto.
Ainda assim, tanto o CNJ quanto o CFM têm normas permissivas. A Resolução
2.168/2017 trata da reprodução assistida post mortem. Necessário,

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evidentemente, que haja autorização escrita e específica do falecido para a


utilização de seu material genético criopreservado (espermatozoides).
Nesse sentido, já estabelecia o Enunciado 106 da I Jornada de Direito Civil que a
presunção de paternidade depende de a mulher estar viúva e haver autorização
escrita do marido para que se utilize seu material genético após sua morte.

Art. 1.597, inc. IV

• Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos


havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga

Valem, aqui, as críticas ao uso do termo “concepção artificial”, feitas


anteriormente. Além disso, o Enunciado 128 do CJF propõe revogar o dispositivo.
Da forma posta, e não havendo qualquer dispositivo no CC/2002 que autorize o
reconhecimento da maternidade em tais casos, somente a mulher poderá se valer
dos embriões excedentários, ferindo de morte o princípio da igualdade esculpido
no caput e no inc. I do art. 5º da CF/1988.
A título de exemplo, se a mulher ficar viúva, poderá, “a qualquer tempo”, gestar
o embrião excedentário, assegurado o reconhecimento da paternidade, com as
consequências legais pertinentes. Porém, o marido não poderá se valer dos
mesmos embriões, para cuja formação contribuiu com o seu material genético, e
gestá-lo em útero sub-rogado.
Como o dispositivo é vago e diz respeito apenas ao estabelecimento da
paternidade, sendo o novo Código Civil omisso quanto à maternidade, poder-se-
ia indagar: se esse embrião vier a germinar um ser humano após a morte da
mãe, ele terá a paternidade estabelecida e não a maternidade? Caso se pretenda
afirmar que a maternidade será estabelecida pelo nascimento, como ocorre
atualmente, a mãe será aquela que dará à luz, mas a paternidade não poderá ser
estabelecida, uma vez que a reprodução não seria homóloga.
A norma, mais uma vez, se mostra feita às pressas, com claro intuito de apenas
mostrar à comunidade jurídica que o Novo Código Civil era efetivamente novo, e
não apenas um arremedo mal-acabado do CC/1916. No entanto, parece-me que
o “tiro saiu pela culatra”, já que quando o legislador pretensamente inovou,
quando tentou se colocar na contemporaneidade, novamente se mostrou arcaico
e desatento ao que efetivamente vinha ocorrendo na sociedade.
O fato é que a norma está posta e que os embriões criopreservados podem, à
livre escolha da mãe, mas não do pai, ser nela implantados. O “a qualquer tempo”
é enfraquecido pela própria genética, já que os embriões criopreservados vão se
tornando paulatinamente inviáveis, porque as taxas de sucesso de implantação
são cada vez menores, numa proporção inversa ao tempo de criopreservação.

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Não à toa, o art. 5º, inc. II, da Lei 11.105/2005, a Lei de Biossegurança, permite,
para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados
no respectivo procedimento há mais de 3 anos, desde que haja autorização por
escrito dos pais.
Por fim, de acordo com o Enunciado 107 da I Jornada de Direito Civil, finda a
sociedade conjugal, na forma do art. 1.571, a regra do inc. IV do art. 1.597
somente poderá ser aplicada se houver autorização prévia, por escrito, dos ex-
cônjuges para a utilização dos embriões excedentários, só podendo ser revogada
até o início do procedimento de implantação desses embriões.

Art. 1.597, inc. V

• Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos


havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha
prévia autorização do marido

Novamente, os mesmos problemas vistos nos incs. III, IV e V. Terminologia


equivocada e uso da regra apenas para a paternidade são as situações mais
problemáticas. De novo, nada impede que a fecundação se dê com óvulo de
doadora – e não apenas com espermatozoide de doador – a ser implantado no
útero materno.
Em nenhum dos três incisos se fala na
maternidade por sub-rogação. A maternidade
era sempre presumida de maneira absoluta
(presunção juris et de jure). Não admitia
prova em contrário, portanto, em relação à
mulher que paria a criança (mater semper certa est).
Isso porque, tradicionalmente, não era possível que uma criança nascesse do
ventre de alguém sem que esse alguém fosse sua mãe. A grande dificuldade na
filiação tradicional sempre foi o pai, não a mãe. Mas a tecnologia acabou por
derrubar uma das poucas presunções absolutas existentes no Direito Civil, a de
maternidade.
A maternidade por substituição, também chamada de maternidade por
sub-rogação, cessão temporária do útero, ou “barriga de aluguel”, ocorre
quando o embrião é gestado não pela própria mãe, mas por outrem. Uma
mulher doa o material genético (genetrix), ao passo que a outra gera
(gestatrix). É nessa situação que a presunção de maternidade também se torna
relativa. Nem sempre o ventre do qual nasce alguém é, necessariamente, da
mãe.
O direito brasileiro permite a maternidade por substituição. A cessão temporária
de útero (como se existisse a possibilidade de cessão vitalícia), é regulada pela

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Resolução 2.168/2017 do CFM. A norma prevê a impossibilidade de cobrança pela


cessão (ou seja, a barriga não é de aluguel, mas de comodato), bem como
restringe a cedente (“barriga de aluguel”) a parenta até quarto grau de qualquer
um dos futuros genitores.
Nesse sentido, o Enunciado 129 do CJF propõe a criação de um dispositivo, nos
seguintes termos:
Art. 1.597-A. A maternidade será presumida pela gestação.
Parágrafo único: Nos casos de utilização das técnicas de reprodução assistida, a
maternidade será estabelecida em favor daquela que forneceu o material genético, ou que,
tendo planejado a gestação, valeu-se da técnica de reprodução assistida heteróloga.

No momento em que o art. 1.597 autoriza que o homem infértil ou estéril se


valha das técnicas de reprodução assistida para suplantar sua deficiência
reprodutiva, não pode o CC/2002 deixar de prever idêntico tratamento às
mulheres. Esse dispositivo, portanto, dá guarida às mulheres que podem gestar,
abrangendo quase todas as situações imagináveis, como as técnicas de
reprodução assistida homólogas e heterólogas, nas quais a gestação será levada
a efeito pela mulher que será a mãe socioevolutiva da criança que vier a nascer.
Pretende-se, também, assegurar à mulher que produz seus óvulos regularmente,
mas não pode levar a termo uma gestação, o direito à maternidade, uma vez que
apenas a gestação caberá à mãe sub-rogada. Contempla-se, igualmente, a
mulher que não pode levar a termo uma gestação. Essa mulher terá declarada
sua maternidade em relação à criança nascida de gestação sub-rogada na qual o
material genético feminino não provém de seu corpo.
Veja que o Enunciado 128 do CJF propõe revogar o art. 1.597, inc. IV, porque se
trata de um dispositivo, para usar propositadamente um adjetivo polêmico,
radfem. Essa norma impede uma espécie de “direito à paternidade”. O Enunciado
129 do CJF propõe a criação do art. 1.597-A, porque o art. 1.597 trata de um
dispositivo, polemizando novamente, machista. Essa norma impede uma espécie
de “direito à maternidade”.
É impressionante como o legislador, com um só artigo, conseguir, ao tentar ser
moderno, “antenado à vibe do séc. XXI”, ser radfem e machista, ao mesmo
tempo. Se é impossível agradar a gregos e troianos, desagradá-los é. A norma
foi feita de maneira tão atropelada que é, ao lado do inconstitucional art. 1.790
(sucessão do companheiro), uma das mais criticadas do CC/2002. Com razão,
uma norma desastrosa.
Tentando salvar a dicção do art. 1.597, o Enunciado 633 da VIII Jornada de
Direito Civil traz interessante viragem. Determina que é possível ao viúvo ou ao
companheiro sobrevivente, o acesso à técnica de reprodução assistida póstuma,
por meio da maternidade de substituição, desde que haja expresso
consentimento manifestado em vida pela sua esposa ou companheira. Assim, se
resguardaria a reprodução assistida post mortem também ao homem, que
contribuira com seu material genético.

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Como dito, a letra da lei determina a aplicação dessas presunções apenas ao


casamento. No entanto, o Enunciado 570 da VI Jornada de Direito Civil prevê que
o reconhecimento de filho havido em união estável fruto de técnica de reprodução
assistida heteróloga a patre, consentida expressamente pelo companheiro,
representa a formalização do vínculo jurídico de paternidade-filiação, cuja
constituição se deu no momento do início da gravidez da companheira.
A autorização do marido ou do companheiro, portanto, é imprescindível
para o procedimento. Pode o homem revogar a autorização dada
anteriormente, especialmente nos casos em que há dissolução da união?
Evidente que sim. Pode haver revogação depois de iniciado o
procedimento, mesmo antes do nascimento da criança? Evidente que
não.
E se o marido ou companheiro se arrependerem duplamente, revogando a
autorização (arrependimento quanto à autorização) e, depois, “assumindo” a
paternidade (arrependimento quanto à revogação)? O Enunciado 259 da III
Jornada de Direito Civil afirma que a revogação do consentimento não impede,
por si só, a adoção, observado o melhor interesse do adotando.
Nos três casos de reprodução assistida (incs. III, IV e V), as expressões devem
ser interpretadas restritivamente, prevê o Enunciado 257 da III Jornada de
Direito Civil. Assim, “fecundação artificial”, “concepção artificial” e “inseminação
artificial” não abrangem a utilização de óvulos doados e a gestação de
substituição.
Discussão já superada é a possibilidade de utilização das técnicas de reprodução
assistida por casais homoafetivos. Seja no caso de maternidade por substituição
de um casal de pais, seja no caso de paternidade heteróloga de um casal de
mães, a regulação está na Resolução do CFM.
Nada muda, evidentemente, em relação a um casal heteroafetivo. Nesse sentido,
o Enunciado 608 da VII Jornada de Direito Civil fixa que é possível o registro de
nascimento dos filhos de pessoas do mesmo sexo originários de reprodução
assistida, diretamente no Registro Civil, sendo dispensável a propositura de ação
judicial, nos termos da regulamentação da Corregedoria local.

3. Ações de filiação

Em qualquer caso no qual se discuta filiação, cabe ao


homem ou à mulher, exclusivamente, o direito de
contestar a paternidade/maternidade dos filhos,
sendo tal ação imprescritível (art. 1.601). O Enunciado
258 da III Jornada de Direito Civil prevê que não cabe essa ação se a filiação
tiver origem em reprodução assistida heteróloga, autorizada pelo marido ou

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companheiro, nos termos do inc. V do art. 1.597, cuja paternidade configura


presunção absoluta (juris et de jure).
Apesar de ser personalíssima, se o suposto pai contestar a filiação, seus herdeiros
têm direito de prosseguir na ação, segundo o parágrafo único do art. 1.601. De
outro lado, o art. 1.606 estabelece que a ação declaratória de prova de filiação
compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor
ou incapaz.
Igualmente, se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo
se julgado extinto o processo, como dita o parágrafo único. Ou seja, ambas as
ações são personalíssimas, sendo que tanto
na ação de reconhecimento de quanto na
impugnação à paternidade podem os
herdeiros prosseguir na lide, caso o filho que
pretenda o reconhecimento ou o pai que o
negue morram no curso da lide, respectivamente. No caso da ação de
reconhecimento, são legitimados extraordinários ao início da lide os
próprios herdeiros do filho que seria reconhecido, caso ele morra incapaz
ou menor.
Complementando essas regras, o Enunciado 521 da V Jornada de Direito Civil
estabelece que qualquer descendente possui legitimidade, por direito próprio,
para propor o reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós ou de
qualquer ascendente de grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação
de prova da filiação em vida. Nesse caso, não se trata de ação de filiação, mas
de ação avoenga, na qual o neto pretende o reconhecimento do vínculo com o
avô.
O Enunciado 130 do CJF propõe alterar o art. 1.601, fazendo constar dois
parágrafos, sendo que o §2º é o atual parágrafo único. De acordo com proposto
§1º, não se poderia desconstituir a paternidade caso ficasse caracterizada a
posse do estado de filho. Esse entendimento, a rigor, vem sendo adotado pelas
Cortes.
De qualquer forma, ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta
do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do
registro (art. 1.604). Trata-se da ação vindicatória de filho, nos casos em que
terceiro tem interesse, nos casos de falsidade ou erro registral. Assim, posso eu
vindicar o filho meu registrado indevidamente em nome de outrem.
Como dito, a parentalidade, em geral, se prova pelo registo. Estabelece o art.
1.605 que na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a
filiação por qualquer modo admissível em direito, nesses dois casos: (i) quando
houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou
separadamente; (ii) quando existirem veementes presunções resultantes de
fatos já certos.

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Essas questões serão resolvidas, em geral, por meio das chamadas medidas
relativas à filiação, notadamente as ações de filiação. Ao fim e ao cabo, a filiação
depende de quem a lei reconhece como tal, pater est quem leges dicunt (pai é
quem a lei diz que é).

A. Reconhecimento voluntário de paternidade

Também conhecido como perfilhação, o reconhecimento de paternidade não


constitui uma ação, porque o ato é voluntário. O filho havido fora do casamento
pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente.
O art. 1.609 do CC/2002 e o art. 1º da Lei 8.560/1992
estabelecem que o reconhecimento dos filhos é
irrevogável e será feito:

No registro de nascimento. Nesse caso, exige-se a presença do pai


para o registro, não podendo a mãe o fazer, por si. Se a mãe
mencionar o nome do pai, haverá a investigação oficiosa

Por escritura pública ou escrito particular, arquivado no Registro

Por testamento, ainda que incidentalmente manifestado

Por manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda que o


reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o
contém (como num testemunho numa ação trabalhista)

Nesse sentido, o parágrafo único do art. 1.609 estatui que o reconhecimento


pode até mesmo preceder o nascimento do filho ou ser
posterior ao seu falecimento, se ele deixar
descendentes. Esse reconhecimento não pode ser
revogado, em qualquer hipótese (art. 1.610).
Porém, é vedado legitimar e reconhecer filho na ata do casamento,
segundo o art. 3º da Lei 8.560/1992. Igualmente, são ineficazes a condição e
o termo apostos ao ato de reconhecimento do filho (art. 1.613). Assim,
presente o termo ou a condição, são eles meramente ineficazes, já que não se
aplica a regra do art. 123, inc. II, por não haver, no caso, negócio jurídico, antes
um ato jurídico em sentido estrito (stricto sensu).

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No entanto, conforme estabelece o art. 1.614, o filho maior não pode ser
reconhecido sem o seu consentimento, já que não mais (relativa ou
absolutamente) incapaz. O consentimento deste transformaria o ato jurídico em
sentido estrito em negócio jurídico? Evidente que não, sendo o consentimento
apenas elemento de eficácia, e não de validade (o ato é ineficaz apenas e não
nulo ou anulável).

2016 – MPE/GO – MPE/GO – Promotor de Justiça Substituto


A respeito da filiação e do reconhecimento de filhos, é incorreto afirmar:
A) No confronto entre a paternidade biológica, atestada em exame de DNA,
e a paterǹdade soc̀oafet̀va, decorrente da chamada “adoção à bras̀lèra”,
há de prevalecer a solução que melhor tutele a dignidade da pessoa humana.
B) O reconhecimento de filho é ato personalíssimo e, em se tratando de
reconhecimento de filho nascido fora do matrimônio, é imprescindível para
a validade do ato, o consentimento do cônjuge do reconhecente.
C) Como ninguém por vindicar estado contrário ao que resulta do registro
de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do ato, havendo um
registro anterior, a lavratura de novo assento é ineficaz, até que seja
desconstituído judicialmente o registro primitivo.
D) O ato de reconhecimento voluntário produz efeitos erga omnes, pode se
dar antes mesmo do nascimento do filho e, embora seja considerado
personalíssimo e unilateral, a eficácia do reconhecimento do filho maior e
capaz estará condicionada ao seu consentimento.
Comentários
A alternativa A está correta, como se extrai do julgado do STF: “RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. DIREITO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA
622. PREVALÊNCIA DA PATERNIDADE SOCIOAFETIVA EM DETRIMENTO DA
PATERNIDADE BIOLÓGICA. A paternidade socioafetiva, declarada ou não em
registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação
concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios (RE
898060, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 22/09/2016, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-209 PUBLIC 30/09/2016)”.
A alternativa B está incorreta, na literalidade da parte final do art. 1.607: “O
filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou
separadamente”.
A alternativa C está correta, conforme o art. 1.604: “Ninguém pode vindicar
estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se
erro ou falsidade do registro”.

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A alternativa D está correta, na conjugação do art. 1.609, parágrafo único (“O


reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu
falecimento, se ele deixar descendentes”) com o art. 1.614 (“O filho maior não
pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à
emancipação”).
O filho reconhecido, menor, ficará sob a guarda do genitor que o
reconheceu, e, se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem
melhor atender aos interesses do menor (art. 1.612). O filho havido fora do
casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não pode residir no lar conjugal
sem o consentimento do outro (art. 1.611).
Este último dispositivo mostra, mais uma vez, um “cochilo” do legislador,
desatento à vedação constitucional de discriminação dos filhos. Ainda que
explicável, a norma escancara as opções legislativas e um apego significativo ao
casamento como uma instituição a ser preservada, inabalável, ainda que em
sacrifício dos filhos.
Ademais, o art. 1.617 prevê que a filiação materna ou paterna pode resultar de
casamento declarado nulo, ainda mesmo sem as condições do putativo. Assim,
mesmo que nulo o casamento sob o qual foram havidos os filhos, cabível seu
reconhecimento.
De outra banda, no que tange ao reconhecimento de paternidade,
importantíssimo traçar algumas linhas a respeito da paternidade
socioafetiva, atualmente revista à luz da maternidade e, consequentemente,
tornada parentalidade socioafetiva. Ao fim e ao cabo, porém, as demandas ainda
acabam se focando na paternidade, em sua maioria.
Existem numerosos exemplos a respeito do tema. Dois deles, porém, são mais
comuns. O primeiro, a do pai que se sabe não-pai, mas assume a paternidade
para si, por variadas razões. São os casos daquele que, mesmo não sendo pai,
faz as vezes do pai biológico ou genético. É a tradução do ditado popular, “pai é
quem cuida”.
Geralmente, nesses casos, não há muita discussão, ainda que às vezes as
contendas surjam. O Enunciado 339 da IV Jornada de Direito Civil, nesse sentido,
fixa o entendimento de que a paternidade socioafetiva, calcada na vontade
livre, não pode ser rompida em detrimento do melhor interesse do filho.
O segundo exemplo é a daquele que se crê pai genético, ainda que não o seja
“se torna pai”. Geralmente, nesses casos, a mulher, por variadas razões, imputa
a determinado homem a paternidade e este, crente da afirmação, registra o filho
como seu. O registro, portanto, espelha um defeito na vontade.
Nesses casos, geralmente, dois caminhos são trilhados. Ou o pai registral, ao
saber que não é o pai genético, pretende desconstituir sua paternidade no
registro, ou, mesmo sabendo que a paternidade é alheia, não pretende
desconstituir a paternidade.

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Num caso ou no outro, o entendimento que se fixou, na doutrina e na


jurisprudência, é que a verdade biológica não pode se sobrepor ao melhor
interesse da criança. Vale dizer, se fixada a
paternidade socioafetiva, a ausência de
paternidade biológica não pode valer como
elemento de desconstituição da paternidade,
sob pena de se gerar notório prejuízo à parte
“inocente”.
Se a mãe “enganou” o pai e este registrou a criança como filho seu, ou se o pai
registrou o filho sabendo que filho seu não era, não pode, tempos depois,
desconstituir a paternidade. A criação ou não de vínculo socioafetivo dependerá
da análise concreta do caso, evidentemente.
O que se vê, comumente, é que a negativa de paternidade tende a ter mais
sucesso quando a criança ainda está com tenra idade, de modo que não houve
tempo para a criação de vínculos socioafetivos tamanhos. Quando a criança já
tem idade mais avançada, naturalmente vinculará a figura paterna àquele que a
registrou, àquele que a cria e que cria ser seu pai. Evidentemente, são sempre
situações dramáticas, na realidade fática.
O Enunciado 520 da V Jornada de Direito Civil prevê que o conhecimento da
ausência de vínculo biológico e a posse de estado de filho obstam a contestação
da paternidade presumida. Assim, se o pai registral sabe da filiação e se há
posse de estado de filho (fusão dos elementos tractatus, nomem e
reputatio), não se pode afastar a paternidade, a despeito da ausência de
vínculo biológico.
Essa tríade de elementos denota a posse de estado, tanto de casado, quanto de
filho. No caso da filiação, o tractatus denota que o pai trata o filho como filho,
efetivamente (“esse é meu filho, fulano de tal”). O nomem demonstra que o filho
usa, socialmente, o nome da família (Daniel Sousa, filho de Paulo Sousa). A
reputatio ou fama mostra que o filho é socialmente reconhecido como filho
daquele pai (“aquele é Daniel, filho de Paulo”).

2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


“No mundo contemporâneo (pós-moderno), a família perdeu o caráter
natural, assumindo nova feição, forjada, agora, em fenômenos culturais. A
famíl̀a de hóe representa um “fenômeno humano em que se funda a
sociedade, sendo impossível compreendê-la senão à luz da
interdisciplinaridade, máxime na sociedade contemporânea, marcada por
relações complexas, plurais, abertas, multifacetadas e (por que não?)
global̀zadas”.

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A respeito do assunto objeto do texto precedente, julgue os itens que se


seguem, tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores.
A anulação de registro espontâneo de paternidade pelo pai socioafetivo é
adm̀t̀da na h̀pótese de “adoção à bras̀lèra”, ànda que esta séa fonte de
vínculo socioafetivo entre as partes, haja vista tratar-se de negócio jurídico
fundamentado na mera liberalidade e realizado à margem do ordenamento
pátrio.
Comentários
O item está incorreto, como já estabeleceu o STJ em variadas oportunidades:
“RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. SOCIOAFETIVIDADE. ART. 1.593 DO
CÓDIGO CIVIL. POSSIBILIDADE. PATERNIDADE. RECONHECIMENTO
ESPONTÂNEO. REGISTRO. ART. 1.604 DO CÓDIGO CIVIL. ERRO OU FALSIDADE.
INEXISTÊNCIA. ANULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DO MELHOR
INTERESSE DA CRIANÇA. A socioafetividade é contemplada pelo art. 1.593 do
Código Civil, no sentido de que o parentesco é natural ou civil, conforme resulte
da consanguinidade ou outra origem. Impossibilidade de retificação do registro
de nascimento do menor por ausência dos requisitos para tanto, quais sejam: a
configuração de erro ou falsidade (art. 1.604 do Código Civil). A paternidade
socioafetiva realiza a própria dignidade da pessoa humana por permitir que um
indivíduo tenha reconhecido seu histórico de vida e a condição social ostentada,
valorizando, além dos aspectos formais, como a regular adoção, a verdade real
dos fatos. A posse de estado de filho, que consiste no desfrute público e contínuo
da condição de filho legítimo, restou atestada pelas instâncias ordinárias. A
"adoção à brasileira", ainda que fundamentada na "piedade", e muito embora
seja expediente à margem do ordenamento pátrio, quando se fizer fonte de
vínculo socioafetivo entre o pai de registro e o filho registrado não consubstancia
negócio jurídico sujeito a distrato por mera liberalidade, tampouco avença
submetida a condição resolutiva, consistente no término do relacionamento com
a genitora (Precedente). Aplicação do princípio do melhor interesse da criança,
que não pode ter a manifesta filiação modificada pelo pai registral e socioafetivo,
afigurando-se irrelevante, nesse caso, a verdade biológica (REsp 1613641/MG,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
23/05/2017, DJe 29/05/2017)”.
O STF (RE 898.060) passou a reconhecer, para além da filiação socioafetiva, a
multiparentalidade. A multiparentalidade (dual
paternity) denota a possibilidade de
convivência de parentalidade de origens
diferentes, sem que uma exclua a outra.
A parentalidade pode ser registral, biológica ou genética, adotiva ou socioafetiva.
Quando todas essas parentalidades se fundem, não há grande controvérsia
jurídica. As questões surgem quando pais diferentes assumem diferentes
parentalidades.

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Muito comum que o pai registral seja também o pai biológico ou genético. No
entanto, infelizmente, ainda, também comum que seja apenas “pai no papel”.
Não se nasce pai, a paternidade se constrói. E outrem assume o papel, tornando-
se pai socioafetivo.
Em algumas vezes, porém, a realidade é mais rica. Um dos casos mais famosos
que ensejou a discussão doutrinária tratou de um caso de troca de bebês na
maternidade. Anos depois, cada uma das famílias descobriu que haviam cuidado
por anos do filho biológico da outra.
Curiosamente, nenhuma das duas famílias pretendia simplesmente “trocar” os
filhos. O vínculo socioafetivo datava de anos. Mas, como moravam muito
próximas umas das outras, as famílias acabaram criando um vínculo afetivo muito
grande. Com o tempo, os filhos passaram a chamar os genitores biológicos
também pais, sem deixar de fazê-lo com os pais registrais/socioafetivos. Havia,
portanto, filiação dupla, que convivia, na prática, sem percalços. De um lado, a
filiação registral e socioafetiva, e, de outro, a filiação genética, que também se
tornava socioafetiva.
Ou seja, o traço distintivo da multiparentalidade é precisamente que uma
não exclui a outra, necessariamente. Elas convivem. O STF estabeleceu, na
supracitada decisão, que não há hierarquia nos vínculos de filiação,
necessariamente. A parentalidade registral não se sobrepõe à
parentalidade socioafetiva, nem vice-versa. Igualmente, a parentalidade
genética não se sobrepõe à parentalidade registral, nem vice-versa.

B. Averiguação oficiosa de paternidade

O art. 2º da Lei 8.560/1992 afiança que em caso de registro de nascimento


de criança apenas com a maternidade estabelecida, o oficial deve
remeter ao juiz certidão integral do registro e o nome e prenome,
profissão, identidade e residência do suposto pai. O juiz deverá averiguar
oficiosamente (ex officio) a procedência da alegação.
Recebida a averiguação, o §1° determina que o juiz notifique o suposto pai para
que se manifeste sobre a paternidade que lhe é atribuída. Se entender
necessário, determinará que a diligência seja realizada em segredo de justiça
(§2°), especialmente nos casos de pai já casado.
Se o suposto pai confirmar expressamente a paternidade, será lavrado termo de
reconhecimento e remetida certidão ao oficial do registro, para a devida
averbação (§3°). Assim, resolvida a situação, não ficando a criança com registro
sem paternidade.

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Ao contrário, se o suposto pai, em 30 dias, não atender


a notificação judicial, ou negar a alegada paternidade,
o juiz remeterá os autos ao representante do MP. O
Parquet, então, intentará a ação de investigação de
paternidade (§4°) e, nesse momento, é que a medida se torna uma ação
propriamente dita. Em que pese a averiguação oficiosa se processe pelas mãos
do juiz, não se trata, até aqui, de ação.
Inversamente, quando o Ministério Público, dado o silêncio ou negativa do
suposto pai, toma a dianteira da medida, aí a ação se iniciará. Atente porque o
§6º desse art. 2º esclarece que a iniciativa do MP não impede a quem tenha
legítimo interesse de intentar investigação, visando a obter o pretendido
reconhecimento da paternidade.
Curiosamente, o §5º estabelece que se negada a paternidade ou omisso o
suposto pai em responder, é dispensável o ajuizamento de ação de
investigação de paternidade pelo MP se a criança for encaminhada para
adoção. Isso porque, nesse caso, se entende que o registro será desnecessário.
Prevê o Enunciado 111 da I Jornada de Direito Civil que adoção e a reprodução
assistida heteróloga atribuem a condição de filho ao adotado e à criança
resultante de técnica conceptiva heteróloga. Ao passo que na adoção haverá o
desligamento dos vínculos entre o adotado e seus parentes consanguíneos, na
reprodução assistida heteróloga sequer será estabelecido o vínculo de parentesco
entre a criança e o doador do material fecundante.

C. Ação de oposição ao reconhecimento de filiação

Art. 4º da Lei 8.560/1992 aclara que o filho maior não


pode ser reconhecido sem o seu consentimento. Por
sua vez, o art. 1.614 do CC/2002, complementando a lei
especial, estatui que o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos
que se seguirem à maioridade ou à emancipação.
Em que pese a previsão de prazo, a regra se mostra descolada da técnica. Isso
porque a oposição ao reconhecimento, tanto de paternidade (o comum), quanto
de maternidade (raríssimo), é ação de estado. Seu objetivo é a obtenção de
reconhecimento judicial de situação fática, pelo que se trata de ação declaratória.
Seguindo-se o critério científico proposto por Agnelo Amorim Filho, como
é ação declaratória, a ação é incaducável, não se sujeitando a prescrição
ou decadência. O STJ (REsp 765.579), nesse sentido, entende que a
impugnação à filiação é, de fato, imprescritível.

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D. Ação de anulação de reconhecimento

A anulação do reconhecimento é controversa tanto na doutrina quanto na


jurisprudência. Como visto, ninguém pode vindicar estado contrário ao que
resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do
registro.
Assim, apenas e tão somente se o registro contiver erro
ou falsidade, pode haver a ação de anulação de
reconhecimento. A ação de anulação, portanto, visa a
desconstituir um reconhecimento havido com um dos vícios que eiva a vontade.
Igualmente, segundo o art. 1.608, quando a maternidade constar do termo do
nascimento do filho, a mãe só poderá contestá-la, provando a falsidade do termo,
ou das declarações nele contidas. São, assim, as situações que abrangem:

Ação negatória de paternidade


• Pai a move em face do filho

Ação negatória de maternidade


• Mãe a move em face do filho

Ação negatória de filiação


• Filho a move em face da mãe, do pai ou de ambos

E. Ação de investigação de parentalidade

De início, contemporaneamente se fala em investigação de parentalidade, a


abranger tanto a ação de investigação de paternidade quanto a ação de
investigação de maternidade. No entanto, a praxe forense mostra que a
investigação de paternidade é a regra, sendo que a investigação de maternidade
é não apenas exceção, como rara, muito rara.
O art. 1.616 estabelece que a sentença que julgar procedente a ação de
investigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; mas poderá
ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que
lhe contestou essa qualidade. Por outro lado, qualquer
pessoa, que justo interesse tenha, pode contestar a
ação de investigação de paternidade, ou maternidade,
e não apenas o suposto pai ou suposta mãe (art.
1.615).

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Legitima-se ativamente o próprio filho, sendo este representado, caso seja ainda
absolutamente incapaz, ou assistido, se for relativamente incapaz. Passivamente,
serão legitimados os pais, o pai na investigação e paternidade, ou a mãe, na
investigação de maternidade. Falecidos os supostos pai ou mãe, seus herdeiros
são legitimados passivamente.
Além disso, a jurisprudência entende que a expressão “justo interesse” permite
que outras pessoas também possam contestar a investigação. O STF (RE
21.182), por exemplo, entende desde 1954 que a viúva pode fazê-lo, já que tem
interesse na lide (de não ver o patrimônio dividido com mais um herdeiro).
Já o art. 2º-A Lei 8.560/1992 estabelece que na ação de investigação de
paternidade, todos os meios legais serão hábeis para provar a verdade dos fatos.
Com o desenvolvimento dos testes genéticos, porém, a esmagadora maioria das
investigações resume-se a ele.
Por isso, o parágrafo único desse artigo esclarece que a
recusa do réu em se submeter ao exame de DNA
gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada
em conjunto com o contexto probatório. A Súmula 301
do STJ, a seu turno, sequer menciona “em conjunto com o contexto probatório”;
se o suposto pai nega a realização do teste e sequer apresenta elementos para
infirmar a paternidade, ela se presume, juris tantum.
No entanto, o STF (HC 71.373) entende que o suposto pai não pode ser obrigado,
sob condução coercitiva, a realizar o teste genético. Isso, de qualquer forma, não
afasta a presunção relativa.
Criou-se o entendimento de que os descendentes têm um direito à verdade
genética ou biológica. Por isso, se decidida a investigação previamente ao teste
de DNA, a coisa julgada deve ser relativizada.
Nesse sentido, o Enunciado 109 da I Jornada de Direito Civil estabelece que a
restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por
insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade
genética pelo investigando. O STF (RE 363.889) seguiu o mesmo entendimento,
afirmando que não devem ser impostos óbices de natureza processual ao
exercício do direito fundamental à busca da identidade genética, como natural
emanação do direito de personalidade de um ser, de forma a tornar-se
igualmente efetivo o direito à igualdade entre os filhos, inclusive de qualificações,
bem assim o princípio da paternidade responsável.
Por fim, em geral, o reconhecimento de paternidade não é a pretensão final de
quem pretende obter o reconhecimento, mas um dos efeitos dele, que são os
alimentos. Por isso, o art. 7º da lei especial exige que o juiz, sempre que na
sentença se reconhecer a paternidade, fixe os alimentos provisionais ou
definitivos do reconhecido que deles necessite. O STJ, na Súmula 277,
entende que os alimentos são devidos, no caso de cumulação de demandas,
desde a citação da ação de reconhecimento.

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De outra banda, com as possibilidades trazidas pela maternidade por


substituição, bem como os casos de trocas de bebês em maternidades, são mais
frequentes os casos de investigação de maternidade. O art. 27 do ECA afirma que
o reconhecimento do estado de filiação é direito
personalíssimo, indisponível e imprescritível,
podendo ser exercitado contra os pais ou seus
herdeiros, sem qualquer restrição.
Por isso, não há vedação à investigação de maternidade, sobretudo com o virtual
término da presunção absoluta de maternidade (mater semper certa est). A ação
de investigação de maternidade, assim, segue os mesmos moldes da de
paternidade, com os devidos acertos.
Ademais, possível hoje se pensar na ação de investigação de parentalidade
avoenga. O objetivo é reconhecer a vinculação genética, de modo a estabelecer
a filiação pelos avós.

4. Proteção dos filhos

4.1. Poder familiar

Em regra, o poder familiar é exercido pelos pais,


enquanto durar a menoridade, como dispõe o art. 1.630.
A isso independe o estado civil dos pais, ou seja,
mesmo que divorciados (art. 1.634), solteiros e/ou
casados ou em união estável novamente (art. 1.636), o poder familiar é
integralmente mantido.
Igualmente, ambos os membros do casal exercem o poder familiar em igualdade,
como estatui o art. 226, §5º da CF/1988. Assim, não se fala mais em pátrio
poder, como fazia o patriarcal CC/1916. Igualmente, inexiste qualquer restrição
ou diferença ao poder familiar quando se trata de família homoafetiva, seja ela
formada por dois pais, seja ela formada por duas mães.
Durante o casamento e a união estável, o poder familiar compete a
ambos os pais. Em faltando ou estando impedido um deles, o outro o
exerce com exclusividade. Em caso de divergência quanto ao exercício do
poder familiar, o parágrafo único do art. 1.631 esclarece que pode qualquer deles
recorrer ao juiz para solucionar o desacordo.
O art. 1.632 faz questão de deixar sem sobra de dúvida que a separação
judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as
relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que cabe aos primeiros,

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de terem em sua companhia os segundos. Atualmente, com a guarda


compartilhada, mesmo essa noção de perda de companhia é um tanto mitigada.
O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe. Se a
mãe não for conhecida ou capaz de exercer o poder familiar, será dado ao menor
um tutor, dispõe o art. 1.633.
Compõe o poder familiar, segundo o art. 1.634 do CC/2002:

Dirigir a criação e a educação

Exercer a guarda

Conceder ou negar consentimento para casarem

Conceder ou negar consentimento para viajarem ao exterior

Conceder ou negar consentimento para mudarem a residência permanente


para outro Município

Nomear tutor, se o outro não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer
o poder familiar

Representar (extra)judicialmente até os 16 anos, nos atos da vida civil, e


assisti-los, depois, nos atos em que forem partes, suprindo o consentimento

Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha

Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua


idade e condição

A Lei 13.010/2014, indevidamente chamada de Lei da Palmada, prevê que a


exigência de respeito e obediência não pode se transmudar em autoritarismo
parental, de modo que a criança ou adolescente tenham de passar por maus-
tratos. Assim, correção, disciplina e educação não exigem sofrimento físico ou
lesão (o real significado do que foi afastado por essa norma).
O art. 1.689, inc. II, estabelece ainda que os pais têm a administração dos
bens dos filhos menores sob sua autoridade, sendo usufrutuários desses
bens (inc. I), num caso típico de usufruto legal. Nesse sentido, o art. 1.690,
parágrafo único, estabelece que os pais devem decidir em comum as questões
relativas aos filhos e a seus bens; havendo divergência, poderá quaisquer deles
recorrer ao juiz para a solução necessária.

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2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


Francisco, que acabou de completar quinze anos, vai à Defensoria Pública de
Ilhéus – BA em busca de orientação jurídica. Informa que recebeu um imóvel
como herança de seu avô. Explica que o bem está registrado em seu nome;
entretanto, a sua genitora alugou o imóvel para terceiro, recebe os valores
dos alugueres e não faz qualquer repasse ou presta contas do valor recebido.
Diante desta situação, a solução tecnicamente mais adequada a ser tomada
pelo Defensor é:
A) ajuizar ação possessória, postulando a reintegração na posse do imóvel,
e ação contra a genitora, visando à reparação dos danos sofridos por seu ato
ilícito.
B) ajuizar ação visando à anulação do contrato de locação celebrado por
parte ilegítima para referido negócio jurídico, uma vez que não se trata de
proprietária do imóvel.
C) orientar Francisco que enquanto ele estiver sob o poder familiar de sua
genitora, ela poderá proceder de tal forma, pois não é obrigada a lhe
repassar o valor dos alugueres ou prestar contas do destino do dinheiro
recebido.
D) ajuizar ação de prestação de contas contra a genitora e, caso ela não
comprove que o dinheiro é revertido em favor de seu filho, cobrar o
recebimento do equivalente ao prejuízo experimentado.
E) notificar o inquilino para que os pagamentos passem a ser feitos
diretamente para o proprietário, sob pena de ajuizamento de ação de
despejo por falta de pagamento.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque não se visualiza, em momento algum,
esbulho ou turbação possessórias aptas a ensejar uma medida possessória, que,
inclusive, não tem objetivo principal indenizatório.
A alternativa B está incorreta, porque, segundo o art. 1.689, inc. II: “O pai e a
mãe, enquanto no exercício do poder familiar, têm a administração dos bens dos
filhos menores sob sua autoridade”.
A alternativa C está correta, na forma do art. 1.689, inc. II, supracitado, e o
inc. I: “O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar, são usufrutuários
dos bens dos filhos”.
A alternativa D está incorreta, consoante o inc. I do art. 1.689 supracitado na
alternativa anterior.

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A alternativa E está incorreta, já que se o locatário fizer o pagamento ao menor,


terá de provar que ele se reverteu em benefício dele, sendo que ele não tem
capacidade para lhe dar quitação, inclusive.
Na administração, não podem os pais alienar ou
gravar os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome
deles, obrigações que ultrapassem os limites da
simples administração, salvo por necessidade ou
evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz, por força
do art. 1.691. Caso o façam, na dicção do parágrafo único, podem pleitear a
declaração de nulidade desses atos os próprios filhos, seus herdeiros e o
representante legal.
Sempre que, no exercício do poder familiar, colidir o interesse dos pais com o do
filho, a requerimento deste ou do MP, o juiz dará curador especial ao menor, que
decidirá sobre a conveniência dos interesses.
Excluem-se, porém, do usufruto e da administração dos pais (art. 1.693), os bens
adquiridos pelo filho antes do reconhecimento da paternidade/maternidade, os
valores auferidos pelo maior de 16 anos no exercício da profissão, os bens
deixados ou doados ao filho sob condição de não serem usufruídos ou
administrados pelos pais e os bens que aos filhos couberem na herança, quando
os pais forem excluídos da sucessão.
De outra banda, na forma do art. 1.635, extingue-se o poder familiar por (rol
exemplificativo ou numerus apertus):

Morte dos pais ou do filho

Emancipação

Maioridade

Adoção

Decisão judicial

A extinção do poder familiar, segundo o art. 1.638, ocorrerá quando (i) o genitor
castigar imoderadamente o filho; (ii) deixar o filho em abandono; (iii) praticar
atos contrários à moral e aos bons costumes; (iv) entregar de forma irregular o
filho a terceiros para fins de adoção; ou (v) reiteradamente abusar de sua
autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos
filhos. Esse dispositivo, ao mencionar “atos contrários à moral e aos bons
costumes” é que dá abertura ao rol, não mais taxativo (numerus clausus).
A Lei 13.715/2018 adicionou, no parágrafo único desse artigo, mais duas
hipóteses de extinção do poder familiar. Segundo ele, também perderá, por ato

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judicial, o poder familiar aquele que (i) praticar contra outrem igualmente titular
do mesmo poder familiar (a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza
grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher ou (b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena
de reclusão; (ii) praticar contra filho, filha ou outro descendente as mesmas
condutas, (a) e (b), supramencionadas.
Por outro lado, pode o poder familiar não ser extinto,
mas suspenso. São os casos do art. 1.637 (abuso de
autoridade, falta aos deveres inerentes ao poder
familiar, ruína dos bens dos filhos) e do art. 24 do ECA, que remete aos
deveres do art. 22 (violação dos deveres de sustento, guarda e educação
dos filhos).
Também se suspende o poder familiar no caso do art. 1.637, parágrafo único
(quando o pai ou mãe forem condenados por sentença irrecorrível, em virtude de
crime cuja pena exceda a 2 anos de prisão). Esse artigo é complementado pela
Lei 13.257/2016, que incluiu no art. 23 do ECA um
§2º. Assim, de acordo com o art. 23, §2º, do ECA, a
suspenção do poder familiar só ocorrerá caso a
condenação seja por tipo doloso, sujeito a pena
de reclusão, contra o próprio filho ou filha.
Nesses casos, cabe ao juiz, a requerimento de algum parente, ou do MP, adotar
a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres,
até suspendendo o poder familiar, quando convenha. O procedimento para perda
e suspensão do poder familiar estão disciplinados nos arts. 155 e ss. do ECA.
Por outro lado, o exercício do poder familiar pode não ser feito pelos próprios
pais, como ocorre comumente. Entram, aí, as figuras da família extensa e da
família substituta, que igualmente são tratadas pelo ECA.

4.2. Guarda

O exercício do poder familiar se dá, em geral, por intermédio da guarda. O art.


1.583 do CC/2002 estabelece que a guarda será unilateral ou compartilhada. Os
Enunciados 101 e 102 da I Jornada de Direito Civil já previam que a guarda
sempre deveria ser pensada para atender ao melhor interesse da criança e do
adolescente.
Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um
só dos genitores ou a alguém que o substitua, desde
que a pessoa se revele compatível com a natureza da
medida, considerados, de preferência, o grau de

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parentesco e as relações de afinidade e afetividade, quando o juiz


verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe
(art. 1.584, §5º), segundo o art. 1.583, §1º.
A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência, evidencia
o Enunciado 605 da VII Jornada de Direito Civil. Igualmente, ela não implica
ausência de pagamento de pensão alimentícia (Enunciado 607), já que um dos
genitores pode ter mais possibilidades de manutenção do filho cuja guarda se
compartilha.
A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a
supervisionar os interesses dos filhos. Para possibilitar tal supervisão,
qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou
prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta
ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos
(§5º).
Por lógica, o genitor que contrair novas núpcias não perde o direito de ter
consigo os filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial,
provado que não são tratados convenientemente (art. 1.588). Segundo o
Enunciado 337 da IV Jornada de Direito Civil, frisando essa perspectiva, o fato de
o pai ou a mãe constituírem nova união não repercute no direito de terem os
filhos do leito anterior em sua companhia, salvo quando houver
comprometimento da sadia formação e do integral desenvolvimento da
personalidade destes.
No caso de novas núpcias, deve-se estabelecer o regime de visitação ao genitor
que não detenha a guarda, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for
fixado pelo juiz, mantendo o poder de fiscalizar a manutenção e a educação dos
filhos (art. 1.589). Aquele que detém a guarda e viola o acordo ou a decisão que
fixa a visitação pode ser, inclusive, condenado a pagar multa diária, astreintes,
ao outro, já decidiu o STJ (REsp 1.481.531).
De modo a evitar o rompimento dos laços familiares da criança ou adolescente
com a família do genitor que não detém a guarda, o parágrafo único do art. 1.589
estipula que o direito de visita se estende a quaisquer dos avós, a critério
do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente (parágrafo
único).
O Enunciado 333 da IV Jornada de Direito Civil, antes da inclusão do parágrafo
único ao art. 1.589, pela Lei 12.398/2011, já previa esse direito. O Enunciado vai
mais longe, ao estabelecer que o direito de visita pode ser estendido não apenas
aos avós, mas também a pessoas com as quais a criança ou o adolescente
mantenha vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor interesse.
A guarda unilateral pode ser:

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A. Guarda exclusiva
• Situação na qual um dos genitores detém a guarda completa, ao
passo que o outro é excluído dela

B. Guarda alternada
• Situação na qual os genitores têm a guarda por períodos fixos e
longos (meses)

C. Guarda nidal ou aninhamento


• Os genitores se alternam numa residência fixa na qual a criança
fica fixa

A guarda alternada é chamada também de “guarda pingue-pongue” ou ainda de


“guarda do mochileiro” porque a criança fica alternando a convivência em duas
casas diferentes. O inconveniente é óbvio, já que a criança fica “pulando de galho
em galho” diuturnamente. Raríssima sua aplicação, felizmente.
A guarda da nidação, por sua vez, é demasiada desenvolvida para os padrões
econômicos brasileiros. Nessa modalidade, a criança permanece no antigo lar do
casal, revezando-se os pais com ela. Os pais moram em suas residências
próprias, o que exige uma tripla moradia. Na prática, raríssima, essa
infelizmente, já que parece ser excepcionalmente adequada para a preservação
do melhor interesse da criança.
Ainda assim, o Enunciado 518 da V Jornada de Direito Civil prevê que não há
restrição somente à guarda unilateral e à guarda compartilhada. Ou seja, pode-
se adotar aquela mais adequada à situação do filho, em atendimento ao princípio
do melhor interesse da criança e do adolescente. A regra aplica-se a qualquer
modelo de família, inclusive. Ao que parece, o Enunciado pretende deixar em
aberto outros modelos de guarda, de modo a não se afastar a guarda alternada
ou a guarda nidal.
A guarda compartilhada, por sua vez, ocorre quando
há responsabilização conjunta e o exercício de
direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob
o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns (art.
1.583, §1º). Caso os pais habitem em cidades diferentes, a cidade considerada
base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses desses
(§3º).
Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser
dividido de forma equilibrada entre os pais, sempre tendo em vista as
condições fáticas e os interesses dos filhos (§2º). Isso não significa, porém, que
o tempo de convívio deve ser fixado de maneira matematicamente igualitária
entre os pais ou representar convivência livre, claro.

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A divisão igualitária deve significar atendimento precípuo ao melhor interesse dos


filhos. Deve igualmente criar divisão que permita a cada genitor se ocupar dos
cuidados pertinentes ao filho, em razão das peculiaridades da vida privada de
cada um. Essas são as conclusões presentes nos Enunciado 603 e 606 da VII
Jornada de Direito Civil.
A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser requerida, por consenso, pelos
pais, em ação autônoma ou em medida cautelar, ou decretada pelo juiz, em
atenção a necessidades específicas do filho (art. 1.584). Em
regra, o juiz deve estabelecer a guarda
compartilhada, mesmo que não haja acordo entre os
pais. A guarda compartilhada passou a ser obrigatória
ou compulsória, portanto.
Só não será compartilhada se um dos genitores declarar ao magistrado que não
deseja a guarda do menor, prevê o §2º do art. 1.584. Evidentemente, caso o
“clima de guerra” se mostre prejudicial à criança ou adolescente, o STJ (REsp
1.417.868) permite que haja flexibilização da regra.
Às vezes, a distância ajuda a curar as chagas de relacionamentos excessivamente
conflituosos. Isso ocorre frequentemente na prática forense, naqueles
relacionamentos em que os pais não têm maturidade psicológica suficiente para
distinguir as relações conjugais das relações parentais. Infelizmente, o Direito
ainda não consegue, por osmose, encher de amor os corações e colocar juízo nas
cabeças de pais sem o mínimo de noção.
Na audiência de conciliação, o juiz informa aos pais o significado da guarda
compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos
aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas (art. 1.584,
§1º). Na sequência, para estabelecer as atribuições dos pais e os períodos de
convivência sob guarda compartilhada, o juiz poderá basear-se em orientação de
equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o
pai e com a mãe (§3º).
Por isso, a alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de
cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a
redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor (§4º). O Poder
Judiciário, inclusive, chancela o uso de astreintes em face do genitor que cria
embaraços à visitação do outro no exercício da guarda.
O Enunciado 604 da VII Jornada de Direito Civil tenta afastar algumas confusões
entre a guarda compartilhada e a guarda alternada. A divisão, de forma
equilibrada, do tempo de convívio dos filhos com a mãe e com o pai, imposta na
guarda compartilhada pelo §2° do art. 1.583, não deve ser confundida com a
imposição do tempo previsto pelo instituto da guarda alternada. A guarda
alternada não implica apenas a divisão do tempo de
permanência dos filhos com os pais, mas também o

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exercício exclusivo da guarda pelo genitor que se encontra na companhia


do filho.
Ademais, qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar
informações a quaisquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa
de R$ 200,00 a R$ 500,00 por dia pelo não atendimento da solicitação.
Tendo em vista o melhor interesse da criança, princípio basilar do ECA, o art.
1.585 exige que em sede de medida cautelar de separação de corpos, de guarda
ou em outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão, mesmo que
provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as
partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir
a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte. Igualmente, havendo
motivos graves, pode o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular a
situação dos filhos com os pais de maneira diferente da estabelecida
anteriormente.
Deixa claro, ainda, o art. 1.587 que nos casos de invalidade do casamento,
havendo filhos comuns, devem ser observadas as mesmas regras quanto à
guarda.

• Exceção, atualmente
Guarda unilateral • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: direito de visitação

• Regra
Guarda compartilhada • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: distribuição de horários

2016 – MPE/PR – MPE/PR – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa correta:
A) A guarda dos filhos será, sempre, compartilhada;
B) Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser
dividido de forma idêntica entre a mãe e com o pai;
C) Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos;
D) A guarda compartilhada dos filhos poderá ser requerida pelos pais em
consenso, mas não poderá ser decretada pelo juiz;

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E) O direito de visita não pode se estender aos avós.


Comentários
A alternativa A está incorreta, porque a guarda é, em regra, compartilhada,
mas não sempre.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 1.583, §2º: “Na guarda
compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma
equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas
e os interesses dos filhos”.
A alternativa C está correta, na literalidade do art. 1.583, §3º: “Na guarda
compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que
melhor atender aos interesses dos filhos”.
A alternativa D está incorreta, consoante regra do art. 1.584, inc. II: “A guarda,
unilateral ou compartilhada, poderá ser decretada pelo juiz, em atenção a
necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo
necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe”.
A alternativa E está incorreta, segundo o art. 1.589, parágrafo único: “O direito
de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os
interesses da criança ou do adolescente”.
As seguidas modificações a respeito da guarda também visaram a impedir, em
larga medida, a alienação parental, conceituada no art. 2º da Lei 12.318/2010.
A alienação parental é a interferência na formação psicológica da criança
ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos
avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente
sob a sua autoridade, guarda ou vigilância. O objetivo
é criar repúdio ao outro genitor ou causar prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com
ele.
E o que seria alienação parental? Os incisos do art. 2º da supracitada lei tratam
do assunto. A norma consolida um rol exemplificativo (numerus apertus)
e não taxativo (numerus clausus), vale dizer, das hipóteses de alienação
parental:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade
ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou
adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para
obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;

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VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com
avós.

Para avaliar a ocorrência, o juiz pode determinar a realização de perícia


psicológica ou biopsicossocial, prevê o art. 5º. Estabelece o art. 6º que se forem
caracterizados atos típicos de alienação parental, o juiz pode tomar várias
medidas, em ação autônoma ou incidental.
Essas medidas, cumulativamente ou não, podem ser tomadas sem
prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla
utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus
efeitos. Segundo a gravidade do caso, pode o juiz, por exemplo, declarar a
ocorrência de alienação parental e advertir o alienador.
Mais energicamente, pode-se ampliar o regime de convivência familiar em favor
do genitor alienado, estipular multa ao alienador ou mesmo determinar
acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial. Se a alienação parental for
grave, ou as medidas anteriores forem ineficazes, pode-se determinar a alteração
da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão, a fixação cautelar do
domicílio da criança ou adolescente, ou até mesmo declarar a suspensão da
autoridade parental.
Se ficar caracterizada a mudança abusiva de endereço, inviabilização ou
obstrução à convivência familiar, o juiz também pode inverter a obrigação de
levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por
ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.
Se for inviável a guarda compartilhada, que é regra do sistema, o art. 7º
determina que a atribuição ou alteração da guarda se dê por preferência ao
genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro
genitor. E por fim, de modo a evitar chicana processual, o art. 8º evidencia que
a alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevante para a
determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito
de convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os
genitores ou de decisão judicial.
De outra banda, a guarda pode não estar contida no poder familiar, sejam os pais
em união (casamento ou união estável) ou separados (de fato, de direito ou
divorciados), ou mesmo no caso de família monoparental. Nesse sentido, ela se
trata da modalidade mais simples de colocação em família substituta, tornando o
responsável o guardião da criança ou adolescente.
A guarda, então, obriga a prestação de assistência material, moral e educacional
à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais (art. 33 do ECA). Ela serve para regularizar a posse
de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de
tutela e adoção (§1º), ou, excepcionalmente, para atender a situações peculiares
ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável (§2º).

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O guardião, nesse sentido, não detém, ao menos momentaneamente, o


poder familiar. Por isso, a fixação da guarda de criança ou adolescente a
terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim
como o dever de prestar alimentos, exceto quando da preparação para
adoção ou decisão em contrário do juiz, por interesse maior do menor (§4º).
Prevê o Enunciado 338 da IV Jornada de Direito Civil que a cláusula de não-
tratamento conveniente para a perda da guarda dirige-se a todos os que
integram, de modo direto ou reflexo, as novas relações familiares. Assim, seja
quem for que detenha a guarda da criança ou do adolescente, pode perdê-la se
não tratar convenientemente o menor.
Comum é, de maneira temporária e excepcional, para evitar o acolhimento
institucional, como dita o art. 34, §1º, o estabelecimento de guarda para família
substituta, previamente cadastrada no programa de acolhimento familiar (§2º).
Por isso, tem essa modalidade de guarda caráter precário, podendo ser revogada
a qualquer tempo (art. 35 do ECA).
Por fim, estabelece claramente o art. 1.590 que as
disposições relativas à guarda aos filhos menores
estendem-se também aos filhos maiores incapazes.

4.3. Adoção

A par do parentesco consanguíneo, biológico ou genético, é possível o parentesco


socioafetivo, ou civil. A adoção de menores de 18 anos é regida pelo ECA,
conforme regra do art. 39 da lei especial e do art. 1.618 do CC/2002.
A adoção de maiores é excepcional, regulada pelo
Código Civil e subsidiariamente pelo ECA (art. 1.619).
No entanto, com a Lei 12.010/2009, a Lei Nacional da
Adoção, os poucos dispositivos do CC/2002 foram revogados, restando apenas
dois deles.
O primeiro, o art. 1.618, determina que a adoção de crianças e adolescentes (até
doze anos e de doze a dezoito anos, respectivamente) se regula pelo ECA. O
segundo, o art. 1.619, determina a “assistência efetiva do poder público e de
sentença constitutiva”, além da aplicação do ECA, no que couber. Ao fim e ao
cabo, o ECA acaba regulando todas as hipóteses de adoção.
Assim, de acordo com o Enunciado 272 da IV Jornada de Direito Civil, não é
admitida em nosso ordenamento jurídico a adoção por ato extrajudicial,
sendo indispensável a atuação jurisdicional, inclusive para a adoção de
maiores de dezoito anos. Não existe hipótese de adoção que não a derivada
de sentença constitutiva, como havia no Direito Romano.

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Além disso, o Enunciado 273 da IV Jornada de Direito Civil estabelece que tanto
na adoção bilateral (ou conjunta) quanto na unilateral, quando não se preserva
o vínculo com quaisquer dos genitores originários, deve ser averbado o
cancelamento do registro originário de nascimento do adotado, lavrando-se novo
registro. Sendo unilateral a adoção, e sempre que se preserve o vínculo originário
com um dos genitores, deverá ser averbada a substituição do nome do pai ou
mãe naturais pelo nome do pai ou mãe adotivos.
Exige-se que o adotante seja, ao menos, 16 anos mais
velho que o adotado (art. 42, §3º, do ECA, regra essa
reproduzida pelo revogado art. 1.619 do CC/2002). Se o
adotado for maior de 12 anos, necessário será sua
concordância (art. 45, §2º, do ECA, regra essa reproduzida pelo revogado art.
1.621 do CC/2002).
De modo a evitar controvérsias patrimoniais, o art. 42, §1º, do ECA veda a
adoção por ascendente ou colaterais de segundo grau. Avós e irmãos não podem
adotar netos e irmão, respectivamente, mas nada impede a adoção de sobrinhos
por tios, de sobrinhos-netos por tios-avós ou de primos por primos.
Extraordinariamente, num caso muito dramático, porém, o STJ (REsp 1.448.969)
permitiu a adoção avoenga, ante a ausência comprovada de prejuízo às partes e
terceiros, tanto patrimoniais quanto psicológicos.
Por fim, controvérsia antiga foi solucionada pelo STJ (REsp 889.852). A Corte
entendeu não haver restrições para a adoção
homoafetiva, pelo que basta o cumprimento, pelos
adotantes, dos requisitos do ECA, e a adoção pode ser
efetivada.
O STF (RE 846.102), no mesmo sentido, estabeleceu que é indevida a exigência
de idade mínima para a adoção homoafetiva. Até então, muitos membros do MP
exigiam que o adotado tivesse, ao menos, 12 anos, para que pudesse manifestar
sua concordância.
Absurdo maior não há, já que a solicitação, absolutamente descabida, obrigava
crianças a permanecer abrigadas quando havia pais que a queriam; obrigava pais
que queriam crianças a esperar por anos. A razão era claramente discriminatória
e o STF finalmente a afastou.
Portanto, não há distinção na adoção por pessoa/casal heteroafetiva(o)
ou pessoa/casal homoafetiva(o). Qualquer deles, casado, em união estável
ou solteiro, pode adotar crianças e adolescentes de qualquer idade, sem limite
etário mínimo.

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IV. Direito Assistencial

1. Alimentos

1.1. Regras de alimentos

O termo alimentos deriva do latim alimonia. Alimentos têm significado,


portanto, mais amplo, de sustento, abrangendo todas as despesas de
manutenção de vida de alguém. Assim, o sentido de alimentos não se liga
apenas à nutrição, mas vai bem mais além.
Como cada pessoa tem necessidades diferentes, decorrentes dos hábitos de vida
também diversos, os alimentos podem abranger uma gama enorme de
necessidades, que devem ser individualizadas caso a caso. As necessidades mais
elementares de nutrição são a base, mas o que se acrescenta a isso é
absolutamente variável, especialmente porque em nossa sociedade há pessoas
com padrões de vida muitíssimo desiguais.
Via de regra, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, a própria pessoa
é obrigada a custear seus alimentos, seus hábitos de vida, sua subsistência,
com base no trabalho e na propriedade. No entanto, há pessoas que, por variadas
razões, não são capazes, temporária ou constantemente, de prover seus próprios
alimentos.
É a dicção do art. 1.695 que leciona que são devidos os
alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à
própria mantença, e aquele, de quem se reclamam,
pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
Estabelece o Enunciado 573 da VI Jornada de Direito Civil que na apuração da
possibilidade do alimentante, devem ser observados os sinais exteriores de
riqueza.
Ou seja, a possibilidade do alimentante não é avaliada apenas a partir do
quantum de seu contracheque. Comuns discussões sobre alimentos nas quais as
redes sociais são utilizadas como elemento de prova, especialmente nos casos
em que o alimentante não tem renda comprovada ou que, de maneira
fraudulenta, a omita, propositadamente.
Mas, quem tem a obrigação de prestar alimentos? E quem tem direito de recebê-
los? Segundo o art. 1.694, podem os parentes, os cônjuges ou companheiros
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às

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necessidades de sua educação. Veja-se que esse artigo menciona


expressamente que os alimentos não devem ser mínimos (em relação à
necessidade do alimentando) ou máximos (em relação à possibilidade do
alimentante), mas devem proporcionar a manutenção da condição social do
alimentando.
Esse direito-dever é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo a todos os ascendentes, recaindo a
obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta
de outros (art. 1.696 – princípio da reciprocidade). De
acordo com o Enunciado 341 da IV Jornada de Direito Civil, para os fins do art.
1.696, a relação socioafetiva pode ser elemento gerador de obrigação alimentar,
como é o caso da paternidade socioafetiva.
A partir da decisão do STF (RE 898.060) a respeito da multiparentalidade, é
possível pensar na possiblidade de o alimentando chamar tanto o pai registral
quanto o pai socioafetivo a prestar alimentos. Inversamente, o filho pode vir ser
chamado a prestar alimentos tanto ao pai registral quanto ao pai socioafetivo, na
velhice destes.
Caso os ascendentes não possam cumprir a obrigação alimentar, cabe aos
descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos,
sejam eles bilaterais – germanos – ou unilaterais (art. 1.697). Se um dos
parentes faltar com os alimentos, por impossibilidade, segundo o art.
1.698, serão chamados a concorrer os de grau imediato.
Se forem várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem
concorrer na proporção dos respectivos recursos. Se for intentada ação
contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

2015 – FCC – TJ/PE – Juiz Estadual Substituto


Sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos,
A) todas devem concorrer igualmente, e sendo intentada ação contra uma
delas, poderão ser chamadas as demais a integrar a lide.
B) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos e deverão
ser demandadas em litisconsórcio passivo necessário.
C) nenhuma delas poderá ser demandada, enquanto o juiz não deliberar
quem deverá prestá-los.
D) todas são devedoras solidárias, podendo o credor de alimentos demandar
qualquer delas para haver o de que necessita para sua sobrevivência.

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E) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,


intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a
integrar a lide.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque isso feriria o princípio da
proporcionalidade que rege os alimentos.
A alternativa B está incorreta, pois não há necessidade no litisconsórcio, nesse
caso, mas facultatividade, apenas.
A alternativa C está incorreta, evidentemente, dado que não é o juiz quem fixa,
a priori, quem tem dever de prestar, mas a lei.
A alternativa D está incorreta, inexistindo solidariedade na prestação alimentar.
A alternativa E está correta, na dicção do art. 1.698: “Se o parente, que deve
alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide”.
Extrai-se desse dispositivo a compreensão de que os alimentos são, em
regra, divisíveis. Vale dizer, não há solidariedade passiva entre os
alimentantes. Assim, se minha filha necessita de alimentos, não posso eu ser
chamado a arcar com a totalidade deles, sem que a mãe dela (cônjuge,
companheira, concubina, namorada etc.), que igualmente tem condições,
colabore.
Extrai-se desse dispositivo, também, a compreensão de que os alimentos
são, em regra, subsidiários. Vale dizer, não há solidariedade passiva entre os
alimentantes. Assim, se minha filha necessita de alimentos, e eu e mãe dela não
conseguimos suprir o encargo, nossos pais, avós de minha filha, poderão ser
chamados a colaborar.
Extrai-se desse dispositivo, ainda, a compreensão de que os alimentos
subsidiários são complementares. Vale dizer, não há solidariedade passiva
entre os alimentantes. Assim, se minha filha necessita de alimentos, e eu e mãe
dela não conseguimos suprir o encargo, nossos pais, avós de minha filha, poderão
ser chamados a colaborar, mas eles só arcarão com os alimentos que nós não
conseguimos prover, de maneira complementar à nossa obrigação.
Parte da doutrina dirá que quem deve convocar os corréus é o autor. Essa não
me parece a solução mais adequada, mas sim a que aponta que tanto o autor
quanto o réu podem fazê-lo, a depender da situação. Nesse sentido, o Enunciado
523 da V Jornada de Direito Civil evidencia que o chamamento dos codevedores
para integrar a lide pode ser requerido por quaisquer das partes, bem como pelo
Ministério Público, quando legitimado.

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Assim, no primeiro exemplo que dei, quando minha filha maneja uma ação de
alimentos apenas contra mim, posso eu convocar a mãe dela à lide, dada a
divisibilidade dos alimentos. Em que pese não seja o instrumento processual mais
adequado, o STJ (REsp 658.139) entende que é o caso de chamamento ao
processo. Há, aí, uma leitura ampliativa do art. 130, inc. III, do CPC/2015.
Veja que, nesse caso, o alimentando não tem interesse em inserir novo devedor
na lide, já que o devedor apontado tem condições suficientes para fazê-lo. Nessa
situação, em que pesem os alimentos não serem solidários, o alimentante assim
o considerou, ao imputar todo o encargo a apenas um deles. Por isso, cabível o
chamamento ao processo, ainda que de maneira enviesada.
Inversamente, no segundo exemplo que dei, quando minha filha maneja uma
ação de alimentos contra mim e contra a mãe dela, pode aquela convocar os avós
à lide, dada a divisibilidade e a subsidiariedade dos alimentos. Aqui, não há
instrumento processual típico, pois esse é um caso peculiaríssimo de
litisconsórcio passivo necessário subsidiário.
Veja que, nesse caso, ao contrário, os alimentantes não têm interesse em inserir
novo devedor na lide (os avós), já que eles mesmos (os pais) não terão condições
suficientes para prover os alimentos. Quem corre o risco de ficar sem os
alimentos necessários é o alimentando (minha filha), pelo que ele mesmo tomará
a dianteira de indicar mais alimentantes (os avós).
Esses exemplos configuram os chamados alimentos avoengos. A
jurisprudência se assentou ao fixar que a obrigação alimentar dos avós
é subsidiária, sucessiva, complementar e não solidária (REsp 579.385). O
referido julgado do STJ, inclusive, praticamente copia o entendimento havido no
Enunciado 342 da IV Jornada de Direito Civil.
O Enunciado prevê que, observadas as condições pessoais e sociais, os avós
somente serão obrigados a prestar alimentos aos netos em caráter exclusivo,
sucessivo, complementar e não-solidário quando os pais destes estiverem
impossibilitados de fazê-lo. Nesse caso, as necessidades básicas dos
alimentandos serão aferidas, prioritariamente, segundo o nível econômico-
financeiro de seus genitores, e não dos avós. Consolidando esse entendimento,
a Súmula 596 do STJ também prevê que a obrigação alimentar dos avós tem
natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de
impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.
Resumidamente, o alimentando procura o alimentante mais próximo, em geral
um dos genitores; se não consegue, vai aos avós, passa aos tios e assim
sucessivamente, até que seus alimentos sejam conseguidos. Na linha reta a
obrigação alimentar vai ao infinito; se chamados os em linha reta e estes
não conseguem prover os alimentos necessários, vai-se à linha colateral.
Na linha colateral, alcançam-se até os irmãos do alimentante, excluindo-
se os demais, de acordo com a literalidade da norma e a doutrina corrente. Há,
porém, quem defenda, como faz Berenice Dias, que deveria ser usada a regra

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sucessória, estendendo-se o dever até o quatro grau, na linha colateral (tios,


primos, sobrinhos, tios-avôs e sobrinhos-netos). Essa percepção se mostra
adequada, já que se a relação familiar inclui certos bônus, deve também incluir
os ônus.
Quanto à afinidade, não há dever de prestar alimentos. Assim, sogros não podem
chamar genros e noras a prestar alimentos, ou cunhados. Quanto aos enteados
(afins na linha reta descendente em primeiro grau), também não há
dever alimentar, desde que não se configure aí o parentesco
socioafetivo. O dever alimentar, nesses casos, surge da socioafetividade, não
da afinidade, tecnicamente falando.
A Lei 10.741/2002, o Estatuto do Idoso – EI, quebrou a regra da divisibilidade,
passando a prever, no art. 12, que os alimentos são solidários quando
devidos a pessoa maior de 60 anos. Há, aqui, evidente problema sistemático,
já que, tradicionalmente, quem mais pleiteia alimentos são os descendentes, e
não os ascendentes.
A estes, porém, é dado o privilégio da solidariedade, mas não àqueles. Ao que
me parece, deveriam os alimentos ser todos considerados solidários, até por
aplicação do princípio da solidariedade que rege as relações familiares.

Aqui me parece haver uma confusão técnica


de institutos de Direito das Obrigações. A
doutrina distingue os alimentos em divisíveis ou
solidários, como se houvesse uma oposição.
Nesse sentido, vide o tópico da obra de Tartuce: “Obrigação divisível (regra)
ou solidária (exceção)”. Todos o fazem, sem exceção.
Vou ignorar a discussão a respeito de o CC/2002 prever que a obrigação
alimentar não é solidária, quando deveria ter previsto. Essa é outra questão,
não técnico-dogmática, mas axiológico-legislativa.
Divisibilidade diz respeito ao objeto da obrigação. Um saco de laranjas se
divide em quantas laranjas estiverem no saco. Um celular não se divide, a
respeito de suas peças serem divisíveis, na fábrica. Aquele é divisível, este,
indivisível.
Os alimentos são divisíveis, sempre. Um pai que exige alimentos dos três filhos
receberá os alimentos fracionados, “um pouco de cada um”, conforme a
proporção estabelecida em juízo. Os alimentos devidos aos idosos também são
divisíveis, sendo que o pai idoso pode cobrar dos três filhos e cada um pode
ser chamado a pagar valores desiguais, inclusive.
Conjuntividade diz respeito ao sujeito da obrigação (vou me ater ao polo
passivo). Singular é a obrigação com apenas um devedor. Conjuntiva é a
obrigação com mais de um devedor. Será conjunta a obrigação quando cada
devedor for responsável por parte da obrigação. A obrigação conjunta é a

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presunção, de acordo com o art. 257. Será solidária a obrigação quando cada
devedor puder ser responsabilizado por toda a obrigação. A obrigação solidária
é exceção, por aplicação do oart. 265, que exige previsão legal ou convenção.
Por força do art. 265, a doutrina entende que os alimentos não são solidários.
Serão solidários quando devidos a pessoa com mais de 60 anos, dada a
expressa previsão legal do art. 12 da Lei 10.257/2001. Se solidariedade não
se presume, decorre de lei ou da vontade, e o art. 1.698 não estatui
solidariedade, a conclusão é de que os alimentos são conjuntos, salvo a
exceção citada.
Assim, há duplo equívoco doutrinário. Primeiro, porque a obrigação alimentar
sempre será divisível. Sempre, sem exceção, dada a natureza do objeto da
obrigação (dinheiro). Segundo, porque a solidariedade não se opõe à
divisibilidade. Solidária ou não a obrigação alimentar, continuará sendo
divisível.
O correto, portanto, deveria ser estabelecer que a obrigação alimentar é
divisível e, em regra, conjunta. Excepcionamente, solidária.
Não bastasse isso, há quem confunda a questão da subsidiariedade ou
sucessividade, prevista no art. 1.698. Em resumo, o pai não aguenta bancar,
chama o avô. Isso não tem absolutamente nada a ver com a divisibilidade ou
a conjuntividade.
Em realidade, a previsão tem cunho mais processual que material. O CC/2002
apenas prevê genericamente que os demais familiares serão chamados a
contribuir. Afiança que se for “intentada ação contra uma delas, poderão as
demais ser chamadas a integrar a lide”.
Como? O CPC/2015 deveria regular a matéria. Por mais inacreditável que
possa ser, não apenas o CPC/1973, mas também o CPC/2015 ignoraram
solenemente a questão. Trata-se de clara, óbvia e ululante situação de
intervenção de terceiros.
Ao ler os arts. 119 a 138, porém, você se deparará com... nada!
Absolutamente nada. A doutrina material continua se enrolando com isso, em
grande medida por descuido técnico, especialmente pela confusão entre
divisibilidade, conjuntividade e sucessividade ou subsidiariedade
(litisconsórcio). Aí, a doutrina processual simplesmente ignora o problema e
não há um instrumento processual adequado à tutela.
Por isso, pela ausência de um instrumento processual adequado, falei que seria
o caso de litisconsórcio passivo necessário subsidiário. Tecnicamente
falando, não é nem denunciação da lide nem chamamento ao processo. Como
não tem, o STJ resolveu “enfiar” aí um chamamento ao processo, apenas para
evitar que alguém viesse com um litisconsórcio passivo necessário subsidiário,
como eu fiz.

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Mais recentemente, a Corte (REsp 1.715.438) ainda passou a distinguir a


situação em que o alimentando é plenamente capaz daquela em que ele é
relativa ou absolutamente incapaz, o que lhe exige representação ou
assistência, respectivamente.
Caso seja o alimentando plenamente capaz – e como os alimentos são
divisíveis e subsidiários –, pode ele inserir no polo passivo os alimentantes que
julgue aptos a suportar integralmente os alimentos necessitados. Já no caso
de alimentando (relativa ou absolutamente) incapaz, o devedor chamado à
baila também pode inserir os demais coobrigados na lide por meio do
chamanto ao processo, como eu disse, no que a Corte e parte da doutrina
processual vêm chamando de litisconsórcio facultativo ulterior simples.
Em todo caso, processualmente falando, o momento adequado para a
integração do polo passivo pelos coobrigados é: (i) ao autor, até a réplica à
contestação; (ii) ao réu, em sua contestação; (iii) ao Ministério Público, após
a prática dos referidos atos processuais pelas partes. Em todas as hipóteses,
deve-se respeitar a impossibilidade de ampliação objetiva ou subjetiva da lide
após o saneamento e organização do processo, em homenagem ao
contraditório, à ampla defesa e à razoável duração do processo, entende o
STJ.
Ao fim e ao cabo, a obrigação alimentar é divisível e, em regra, conjunta.
Excepcionalmente, solidária. Se necessário,
subsidiária. Divisível, sempre. Conjunta, em
regra. Solidária, no caso de idoso. Subsidiária,
se o devedor primeiro não suportar o encargo.

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Reciprocidade
• Os alimentos são recíprocos entre quem tem de pagar e quem
pode receber

Divisibilidade
• Os alimentos devem ser proporcionalmente pagos por aqueles que
os devem, não havendo solidariedade passiva entre os
alimentantes

Subsidiariedade
• Os mais próximos são chamados a prestar os alimentos
preferencialmente em relação aos mais remotos

Complementaridade
• Os mais remotos são chamados a prestar alimentos apenas em
complemento aos mais próximos

Para obter alimentos, o filho havido fora do casamento pode acionar o genitor,
sendo facultado ao juiz determinar, a pedido de qualquer das partes, que a ação
se processe em segredo de justiça (art. 1.705). Essa regra ainda vem a reboque
das vetustas regras do CC/1916, pretendendo por fim (na década de 1970, claro,
época na qual foi gestado o CC/2002) à controvérsia sobre o cabimento de
alimentos em face dos filhos “extraconjugais”.
Mesmo que o alimentante constitua nova família, os
alimentos devidos ao ex-cônjuge e/ou aos filhos não
se alteram (art. 1.709). No entanto, se o ex-cônjuge que
recebe alimentos contrair nova relação (estável,
núpcias ou concubinato), ou se tiver procedimento indigno em relação
ao devedor, cessam os alimentos devidos pelo outro, segundo a dicção do
art. 1.708, caput e parágrafo único.
Estatui o Enunciado 265 da III Jornada de Direito Civil que na hipótese de
concubinato, haverá necessidade de demonstração da assistência material
prestada pelo concubino a quem o credor de alimentos se uniu.
A exoneração do pagamento de alimentos por
indignidade, porém, não se aplica somente a ex-
cônjuges ou ex-companheiros. Isso porque, segundo a
doutrina, a indignidade mencionada no parágrafo único do art. 1.708 deve ser
analisada cuidadosamente. Para tanto, possível é, por analogia, aplicar-se os
incs. I e II do art. 1.814, que, obviamente, não se direcionam apenas às relações
conjugais, mas também às demais relações entre o credor e o devedor de
alimentos.

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Por outro lado, aquele que é declarado indigno em


procedimento sucessório (independentemente de ter
relação conjugal ou não) deve ter afastada também
sua pretensão alimentar. Em se tratando de exoneração de alimentos baseada
no concubinato do credor, evidentemente que a indignidade, nesse caso, é
voltada apenas a quem manteve relacionamento conjugal com o devedor, quais
sejam os ex-cônjuges e ex-companheiros.
Estabelece o Enunciado 264 da III Jornada de Direito Civil que na interpretação
do que seja procedimento indigno do credor, apto a fazer cessar o direito a
alimentos, aplicam-se, por analogia, as hipóteses dos incs. I e II do art. 1.814.
Assim, indignos aqueles que houverem sido autores, coautores ou partícipes de
homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar,
seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; bem como aqueles que
houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem
em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro.
Não necessariamente a pretensão alimentar será afastada in totum. Prevê o
Enunciado 345 da IV Jornada de Direito Civil que o procedimento indigno do
credor em relação ao devedor, previsto no parágrafo único do art. 1.708, pode
ensejar a exoneração ou apenas a redução do valor da pensão alimentícia para
quantia indispensável à sobrevivência do credor (alimentos naturais ou
indispensáveis).

2017 – MPE/RS – MPE/RS – Promotor de Justiça


Assinale a alternativa INCORRETA quanto à obrigação alimentar.
A) Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são
devidos a partir da citação, isso se os alimentos não forem fixados
provisoriamente, por meio de tutela antecipada ou em cautelar de alimentos
provisionais.
B) Se o alimentando for absolutamente incapaz, contra ele não corre a
prescrição. Os alimentos fixados na sentença e vencidos só terão a
prescrição iniciada quando o alimentando se tornar relativamente capaz.
Todavia, sendo o pai ou a mãe os devedores dos alimentos, a prescrição, de
dois anos, só se inicia quando o menor se tornar capaz, salvo se emancipado.
C) Paulo, com 52 anos de idade e necessitando de alimentos para viver,
ingressou em juízo buscando alimentos de seus irmãos Maria e Sérgio. Não
demandou contra seu outro irmão Marcos. Todavia, a cota de Marcos deve
ser distribuída entre os outros dois irmãos. A cota de Sérgio pode ser
superior à de Maria, se este dispuser de melhores condições econômicas
para suportá-la.

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D) Considerando as modalidades de alimentos, cabe ser dito que nem todas


ensejam a prisão civil, todavia, somente as três últimas prestações
inadimplidas antes da execução e as que por ventura venham a vencer
ensejam a decretação de prisão do devedor de alimentos.
E) A cessação da obrigação alimentar no procedimento indigno do credor
não se limita unicamente às relações entre cônjuges e companheiros.
Comentários
A alternativa A está correta, apesar de discutível a “cautelar de alimentos
provisionais” mencionada. De qualquer forma, eis a redação do art. 4º da Lei
5.478/1968: “Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos
provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente
declarar que deles não necessita”.
A alternativa B está correta, pela conjugação do art. 197, inc. II (“Não corre a
prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar”), com o
art. 1.635, inc. II (“Extingue-se o poder familiar pela emancipação, nos termos
do art. 5o, parágrafo único”).
A alternativa C está incorreta, dada a previsão do art. 1.698: “Se o parente,
que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo
várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão
as demais ser chamadas a integrar a lide”.
A alternativa D está correta, nos termos do art. 528, §7º, do CPC/2015: “O
débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende
até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo”.
A alternativa E está correta, já que apesar de o parágrafo único do art. 1.708
(“Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver
procedimento indigno em relação ao devedor”) estar contido num caput que
menciona as uniões conjugais, não há óbice à aplicação dele a outras situações,
dada que a indignidade geral, trazida pelo art. 1.814, não a limita aos
companheiros/cônjuges.
O STJ (REsp 933.355) firmou jurisprudência no sentido de que os alimentos
devidos aos ex-cônjuges não funcionam do mesmo modo que os devidos aos
filhos. Isso porque os ex-cônjuges têm condições de prover seu próprio sustento,
se não no curso prazo, ao menos no médio prazo.
Por isso, os alimentos devidos a ex-cônjuges ou ex-
companheiros são excepcionais e transitórios.
Servem eles apenas para que o “ex” tenha tempo
suficiente para conseguir sobreviver de acordo com sua própria renda,

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seguindo a regra geral de que cada um deve ser responsável pela própria
subsistência.
O CC/2002, porém, mantém duas regras extremamente controversas sobre
os alimentos. Primeiro, o art. 1.694, §2º, estabelece que
os alimentos serão apenas os indispensáveis à
subsistência, quando a situação de necessidade
resultar de culpa de quem os pleiteia.
Ademais, a mais polêmica das regras, contidas no art.
1.704, diz que se um dos cônjuges, no divórcio, vier a
necessitar de alimentos, o outro não será obrigado a
prestá-los caso tenha sido declarado culpado na ação.
Excepcionalmente, porém, o parágrafo único estabelece que
se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver
parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro
cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à
sobrevivência.
Esse dispositivo é bastante polêmico porque ressuscita a “culpa” pela separação.
Boa parte da literatura jurídica, a seu turno, aponta a inconstitucionalidade. O
Enunciado 134 propõe revogar o parágrafo único e alterar a redação do caput
para: “Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de
alimentos e não tiver parentes em condições de prestá-los nem aptidão para o
trabalho, o ex-cônjuge será obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada
pelo juiz, em valor indispensável à sobrevivência”.
Mas, e como se fixam os alimentos? Segundo o §1º do art. 1.694, eles devem
ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada. Atualmente, a doutrina encontra nesse dispositivo um
trinômio.
Uns apontam para o trinômio necessidade-possibilidade-
proporcionalidade e outros para o trinômio necessidade-possibilidade-
razoabilidade. Ou seja, deve-se atentar para os alimentos que o alimentando
precisa, as possibilidades que o alimentante possui e fixar os alimentos de modo
proporcional ou razoável, nessa razão necessidade-possibilidade.
A curiosa rega do art. 1.701 permite, a seu turno, que os alimentos sejam
fornecidos in natura (hospedagem e sustento), sem prejuízo do dever de prestar
o necessário à educação, quando menor. Por isso, o parágrafo único esclarece
que compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do
cumprimento da prestação.
Como, ao se falar em necessidade e possibilidade, há uma grande mutabilidade
ao longo do tempo, não é incomum que umas ou outras mudem bastante. Por
isso, se fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem
os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz,
exoneração, redução ou majoração do encargo, nos termos do art. 1.699.

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Daí se dizer que a sentença de alimentos não faz coisa julgada, pois é
típico desse tipo de decisão a mutabilidade, a possibilidade quase
contínua de alteração. Esse, inclusive, é o sentido do art. 15 da Lei
5.478/1968, que afiança que a decisão judicial sobre alimentos não transita em
julgado materialmente, mas apenas processualmente, e pode a qualquer tempo
ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados.
Inclusive, mesmo que o alimentante venha a falecer, a
obrigação de prestar alimentos transmite-se a seus
herdeiros, na dicção do art. 1.700. De acordo com o
Enunciado 343 da IV Jornada de Direito Civil, a transmissibilidade da obrigação
alimentar é limitada às forças da herança.
Tome cuidado, porém, pois a transmissão da prestação alimentar não
ocorre sempre, de maneira automática. A transmissão ocorrerá se
mantido o parentesco dos herdeiros do devedor para com o alimentando.
Do contrário, cessa-se a obrigação alimentar.
Assim, se meu pai é chamado a prestar alimentos a um sobrinho, não se
transmite a obrigação a mim, caso ele faleça, pela aplicação do art. 1.697.
Igualmente, se depois de se divorciado, posteriormente veio a se unir a outrem,
não serei eu chamado a prestar alimentos à nova companheira/cônjuge, dado
que inexistente liame parental entre nós.
Ao contrário, falecendo o alimentando, cessa-se o
dever alimentar, automaticamente, já que os alimentos
são personalíssimos (intuitu personae). Aqui não há
exceção. Se o alimentando falece, seus herdeiros não continuam a receber os
alimentos. Evidentemente, nada impede que eles pleiteiem alimentos, em nome
próprio do alimentante, se for o caso (filhos menores, cujo pai faleceu, pleiteiam
alimentos do avô, que prestava alimentos ao seu próprio filho, pai dos menores).
Como se voltam à manutenção do alimentando, os
alimentos não se fixam em data anterior à citação.
Assim, sempre que necessários forem, deve o
alimentando ajuizar a demanda, sob pena de ficar sem
os alimentos enquanto durar sua inércia, por força do
art. 13, §2º, da Lei 5.478/1968.
O direito aos alimentos é irrenunciável, imprescritível,
incompensável, impenhorável, inalienável, irrepetível
e insuscetível de cessão, na forma do art. 1.707. Ele é,
por sua vez, transmissível.
Quanto à irrenunciabilidade, a questão não encontra controvérsia relativamente
aos alimentos devidos em razão do parentesco. Quanto aos alimentos devidos
em razão da conjugalidade (casamento, união estável ou concubinato, o STF, na
Súmula 379, já previa que a pretensa renúncia aos alimentos em acordo não
impediria que o ex-companheiro os pleiteasse posteriormente.

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No entanto, o Enunciado 263 da III Jornada de Direito Civil estabelece que não
há impedimento para que seja reconhecida válida e eficaz a renúncia manifestada
por ocasião do divórcio ou da dissolução da união estável. A irrenunciabilidade
do direito a alimentos somente é admitida enquanto subsistir vínculo de
Direito de Família.
O STJ (REsp 832.902) seguiu o entendimento do Enunciado do CJF, reconhecendo
a possibilidade de renúncia. Em outro julgado, a Corte (REsp 1.178.233)
reafirmou o entendimento e sublinhou que essa renúncia só pode ocorrer na
dissolução da união, não podendo haver dispensa prévia dos alimentos ainda
durante a constância da união, dada a violação ao dever de assistência mútua.
Quanto à imprescritibilidade, o entendimento é de que o
direito é imprescritível, mas não a pretensão de cobrança
dos alimentos em si. Por isso, prescrevem as prestações
alimentares em 2 anos, da data que se vencerem, segundo o art. 23 da Lei
5.478/1968.
O art. 23 da Lei 5.478/1968 se remete ao art. 178 do CC/1916, revogado. Esse
dispositivo precisa ser relido, de modo que a remissão adequada é ao art. 206,
§2º, do CC/2002. Obviamente, que, em se tratando de filho, fica impedida a
prescrição. Você lembra da suspensão da prescrição relativamente aos filhos?
Aqui está um equívoco comum. Isso porque é comum que automaticamente se
faça conexão com o art. 198, inc. I (“Também não corre a prescrição contra os
incapazes de que trata o art. 3º”). O art. 3º, por sua vez, trata dos absolutamente
incapazes, menores de 16 anos. A consequência desse raciocínio?
A prescrição à pretensão alimentar começa a correr quando o filho se torna
relativamente incapaz, aos 16 anos. Ledo engano. A remissão correta a se fazer
é ao art. 197, inc. II (“Não corre a prescrição entre ascendentes e descendentes,
durante o poder familiar”). O poder familiar, em regra, se extinguirá aos 18 anos,
pelo que a prescrição, impedida, só fluirá quando o menor atingir a maioridade.
Evidentemente, se não forem os pais os devedores dos alimentos, e os
responsáveis por esses alimentos não detiverem o poder familiar, aí a prescrição
começa a correr aos 16 anos (art. 198, inc. I). No entanto, essa situação é mais
teórica que prática.

2016 – VUNESP – TJ/RJ – Juiz Estadual Substituto


Mark e Christina divorciaram-se consensualmente, estabelecendo a guarda
unilateral para a mãe do único filho, Piero, em razão de sua tenra idade (3
anos). Estabeleceram, ainda, que o pai pagaria R$ 2.000,00 por mês a título
de alimentos. Mark, aproveitando-se da boa situação financeira da ex-
cônjuge, jamais pagou os alimentos ajustados, mas cumpria os demais

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deveres decorrentes da paternidade. Quando Piero completou 18 anos,


ajuizou execução de alimentos em face de Mark.
Nesse cenário, é correto afirmar que
A) Piero poderá executar apenas os últimos 2 anos das prestações
alimentares.
B) Piero poderá executar apenas os últimos 5 anos das prestações
alimentares.
C) estão prescritas as prestações alimentares, ressalvada a possibilidade de
Piero pleitear perdas e danos de sua mãe, que detinha sua guarda e
manteve-se inerte no período.
D) a inércia durante o longo período acarretou na exoneração de Mark,
ressalvada a possibilidade de Piero ajuizar ação para constituir nova
obrigação alimentar.
E) Piero poderá executar as prestações alimentares devidas desde quando
tinha 3 anos de idade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que, a despeito de o art. 206, §2º ( “Prescreve,
em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data
em que se vencerem”), há causa de suspensão, no caso.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 206, §2º, supracitado.
A alternativa C está incorreta, mais uma vez, nos termos do supracitado art.
206, §2º.
A alternativa D está incorreta, porque a ausência de cobrança dos alimentos
são extingue, por si só, os alimentos.
A alternativa E está correta, pela literalidade do art. 197, inc. II: “Não corre a
prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar”.
Quanto à incompensabilidade, a previsão geral está fixada no art. 373, inc. II,
dada a natureza da obrigação. No entanto, entende o STJ (REsp 1.332.808) que
pode haver compensação se a prestação gerar enriquecimento sem causa do
alimentante.
Quanto à irrepetibilidade, incabível a actio in rem verso para repetir o indébito de
modo a reaver o valor pago. É o caso do suposto pai, que paga alimentos ao filho,
que, posteriormente, se descobre por teste genético, não é seu filho.
Se a genitora estava de boa-fé, não sabendo quem era exatamente o pai, ainda
que supusesse ser o imputado, nada há a fazer. No entanto, se agiu de má-fé,
nasce o dever de indenizar. O STJ (REsp 922.462) entendeu que, a despeito da
irrepetibilidade dos alimentos pagos ao filho, o genitor “enganado” pode pleitear
indenização por danos morais do outro genitor, “enganador”.

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Em que pesem as amplas possibilidades, o mais comum é que os alimentos sejam


requeridos ou pelo filho – na dissolução do matrimônio ou da união estável, ou
caso seus genitores não estejam unidos estavelmente – ou pelo outro cônjuge ou
companheiro. O art. 1.703 estabelece que para a manutenção dos filhos, os
cônjuges separados contribuirão na proporção de seus recursos.
Igualmente, se um dos cônjuges vier a necessitar de alimentos, será o outro
obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, consoante regra do
art. 1.704, por prolongamento da regra do art. 1.566, inc. III. Veja-se que tal
dispositivo vale tanto para o casamento quanto para a união estável por força do
dispositivo constitucional que equipara a união estável ao casamento, inclusive
em relação a casais homoafetivos.
No entanto, mesmo o nascituro pode, indiretamente, receber alimentos,
recebidos diretamente pela gestante, como permite o art. 1º da Lei
11.804/2008, a Lei dos Alimentos Gravídicos. Igualmente, mesmo o filho maior,
se ainda dependente, especialmente em relação à educação, ainda faz jus aos
alimentos, conforme orientação jurisprudencial consolidada, até o término do
Curso Superior do alimentando, em linhas gerais.
Como se exerce o direito aos alimentos? Mediante ação própria, disciplinada
especificamente pela Lei 5.478/1968. Os alimentos provisionais podem ser
fixados pelo juiz, nos termos da lei processual, desde já (art. 1.706), claro. Além
disso, deve ser a prestação alimentar atualizada segundo índice oficial
regularmente estabelecido (art. 1.710).

1.2. Ações de alimentos

Inicialmente, antes de falar das ações propriamente ditas, quero classificar os


alimentos, já que essa classificação é muito importante na compreensão das
ações a eles relativos. Os aqui tratados são os alimentos decorrentes das relações
familiares.
Não se trata, aqui, de alimentos indenizatórios, aqueles decorrentes da
responsabilidade civil, conforme previsão do art. 948, inc. II. Nesses casos,
inclusive, descabe prisão pelo inadimplemento, já decidiu o STJ (REsp 93.948).
Também não se trata de alimentos convencionais, fixados em vida, por contrato,
ou mortis causa, por testamento. Nesses casos, igualmente, descabe falar em
prisão do devedor (a não ser que eles sejam, antes de convencionais, também
legais).
Tratam-se dos alimentos legais, oriundos do Direito de Família. São duas
as espécies, os alimentos familiares, previstos no art. 1.694 do CC/2002,
e os alimentos gravídicos, previstos no art. 1º da Lei 11.804/2008. De
acordo com o Enunciado 522 da V Jornada de Direito Civil, cabe prisão civil do

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devedor nos casos de não prestação de alimentos gravídicos, inclusive deferidos


em qualquer caso de tutela de urgência.
Primeiro, vale lembrar que, quanto ao tempo, os alimentos podem ser
pretéritos (vencidos), presentes ou futuros (pendentes ou vincendos).
No que tange aos alimentos pretéritos, há de se distinguir os alimentos recentes,
que englobam as três últimas prestações devidas (“últimos 90 dias”), dos
alimentos antigos, que englobam a quarta prestação pretérita e as mais antigas
que ela (“anteriores ao 91º dia”). Essa distinção é importante quanto às
consequências do inadimplemento.
Quanto à forma de prestação, os alimentos podem ser adimplidos de dois
modos. Pode-se prestar os alimentos mediante pagamento, a popular
“pensão”, que configura os alimentos impróprios, ou in natura, os alimentos
próprios. Nessa modalidade, o alimentante fornece diretamente ao alimentando
o sustento (alimentação, moradia, vestuário, educação etc.). Pode uma
modalidade converter-se em outra, se ficar evidenciada sua adequação.
Quanto à extensão, classificam-se os alimentos em:

Civis

• Também chamados de côngruos, são a regra, objetivam a


manutenção do status quo ante do alimentando

Naturais

• Também chamados de indispensáveis ou necessários, objetivam


apenas o indispensável à sobrevivência do alimentando
• Persistem no polêmico art. 1.694, §2º, e se voltam ao “cônjuge
culpado” pelo fim do relacionamento. A literatura mais abalizada
reputa inconstitucional esse dispositivo
• No caso de procedimento indigno do alimentante em face do
alimentando (art. 1.708), caberia também a redução

Quanto à duração, classificam-se os alimentos em:

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Definitivos

• São os alimentos fixados por decisão judicial transitada em


julgado ou em acordo, judicial ou extrajudicial. Tendo em vista a
alteração da situação fática das partes, mesmo que definitivos os
alimentos não transitam materialmente em julgado, pelo que
podem ser revistos a qualquer tempo, desde que o fiel da balança
esteja desequilibrado
• Os alimentos definitivos podem ser regulares ou transitórios, a
depender do caso:
• Alimentos regulares: voltados, em geral, aos filhos, ou,
excepcionalmente, a ex-cônjuges ou ex-companheiros que
mostrem a absoluta impossibilidade de prover os alimentos para
si, autonomamente
• Alimentos transitórios: voltados, em geral, aos ex-companheiros
ou ex-cônjuges, até que, pela idade, condição e formação
profissionais e possibilidade de inserção no mercado de trabalho,
cessem. São alimentos condicionais, a termo certo, pelo que
cessam automaticamente (REsp 1.025.769)

Provisórios

• Configuram antecipação da tutela, com natureza de tutela de


urgência satisfativa
• Cabíveis nas ações que seguem o rito especial da Lei 5.478/1968,
com as modificações do CPC/2015. Exigem prova pré-constituída
de parentesco, por certidão de nascimento (filhos) ou de
casamento (cônjuge). No silêncio da lei, há de se interpretar
extensivamente a norma, a abranger também a união estável,
incluindo-se na norma o contrato de convivência, desde que
público

Provisionais

• Configuram antecipação da tutela, com natureza de tutela de


urgência satisfativa ou cautelar
• Cabíveis nas ações que não seguem o rito especial da Lei
5.478/1968, pela inexistência de prova pré-constituída, como as
ações de investigação de paternidade ou de dissolução de união
estável

Superadas essas classificações, é hora de analisar as ações propriamente ditas.


A ação de alimentos é de rito especial, de acordo com o art. 1º da Lei
5.478/1968, semelhantemente ao rito do Juizado Especial Cível. Como dito, a
aplicação desse rito depende da prévia certeza quanto ao parentesco, pois.
Do contrário, serão aplicadas as normas gerais fixadas pelo CPC/2015. No caso
dos filhos, por exemplo, será necessário recorrer ao rito comum do

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reconhecimento de paternidade/maternidade. No caso de companheiros, ao


reconhecimento da união estável.
É importante destacar que o alimentante tem presunção de pobreza, em
se tratando de ação de alimentos. Por isso, o art. 1º, §2º, da Lei 5.478/1968
estabelece que se a parte que não estiver em condições de pagar as custas do
processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, gozará do benefício
da gratuidade, por simples afirmativa dessas condições perante o juiz, sob pena
de pagamento até o décuplo das custas judiciais.
Essa presunção se mantém até que o alimentante a impugne (§3º), mas mesmo
a impugnação será feita em autos apartados, de modo a não suspender o curso
do processo de alimentos (§4º). O rito especial aplicável aos filhos menores se
estende também aos maiores (relativamente) incapazes, na forma do art. 1.590
do CC/2002.
Saliente-se, ainda, que o MP tem legitimidade ativa para ajuizar ação de
alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do
exercício do poder familiar dos pais. Igualmente, há legitimidade a despeito do
fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do ECA,
ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência da
Defensoria Pública na comarca, prevê a Súmula 594 do STJ.

A. Ação de fixação de alimentos

Nas ações que seguem o rito da Lei de Alimentos, no bojo


do pedido há prova pré-constituída, pelo que a discussão
gira mais em torno do quantum e/ou da duração. Já os
alimentos provisionais, igualmente, transitórios, não
são calcados em prova pré-constituída. Já que no bojo do pedido não há
prova pré-constituída, a discussão girará, para além do quantum e/ou da
duração, sobre o “se” são devidos os alimentos pleiteados.
Na petição inicial da ação de fixação de alimentos, o
alimentando exporá suas necessidades, provando,
apenas, o parentesco ou a obrigação de alimentar do
devedor, quanto ganha aproximadamente ou os
recursos de que dispõe (art. 2º da Lei 5.478/1968). No caso de fixação que
foge ao rito especial da Lei de Alimentos, não há necessidade de prova pré-
constituída, claro.
Se o alimentante não indicar advogado, o juiz designará desde logo defensor
público ou terceiro apto (art. 2º, §3º da Lei de Alimentos), como um advogado
dativo. Igualmente, a petição deve conter o pedido de alimentos provisórios, a
ser analisado pelo juiz (art. 3º da Lei 5.478/1968); em se tratando do rito do
CPC/2015, o pedido é de alimentos provisionais.

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Ao receber a inicial, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios ou


provisionais (Lei 5.478/1968 ou CPC/2015, respectivamente) a ser
pagos pelo alimentante, salvo se o credor expressamente declarar que
deles não necessita (art. 4º). Os alimentos fixados na inicial poderão ser
revistos a qualquer tempo, se houver modificação na situação financeira das
partes (art. 13, §1º). Ademais, eles são devidos até a decisão final, ou seja, até
o último recurso disponível processualmente (art. 13, §3º).
Na sequência, marca-se a audiência e cita-se o alimentante (art. 5º) para que
apresente contestação (§1º), por carta com aviso de recebimento (§2º). Haverá
citação por oficial de justiça, se o réu criar embaraços ao recebimento da citação,
ou não for encontrado (§3º).
O juiz, então, oficia o empregador ou responsável pela repartição do réu,
solicitando o envio, no máximo até a data marcada para a audiência, de
informações sobre o salário ou os vencimentos do devedor (§7º). Na audiência
de conciliação e julgamento (art. 6º), se o autor não estiver presente, arquivam-
se os autos; se o réu não estiver presente, será considerado revel, confesso
quanto à matéria de fato (art. 7º).
Na audiência, podem as partes contar com até 3 testemunhas (art. 8º), ouvindo-
se as partes e o MP, para que se formule acordo (art. 9º). Se houver acordo,
lavra-se o termo, que é assinado pelo juiz, escrivão, partes e representantes do
MP (§1º). Do contrário, o juiz toma o depoimento pessoal das partes e das
testemunhas, ouvidos os peritos se houver, podendo julgar o feito sem a
produção de novas provas, se as partes concordarem (§2º).
Terminada a instrução, podem as partes e o MP aduzir alegações finais, em prazo
não excedente de 10 minutos para cada um (art. 11). Em seguida, o juiz renova
a proposta de conciliação e, não sendo aceita, dita sua sentença, que deve conter
sucinto relatório do ocorrido na audiência (parágrafo único).
Se a sentença for dada em audiência, serão as partes intimadas nela mesma (art.
12). Se o juiz sentenciar posteriormente, como é mais comum, intimam-se as
partes, de igual modo, posteriormente.
Da sentença caberá apelação no efeito devolutivo,
apenas (art. 14). Caso seja necessário o efeito suspensivo,
de modo a evitar que os alimentos provisionais se tornem fixos, ou que os
alimentos da sentença tenham efeitos desde logo, o alimentante deve manejar
recurso específico.

B. Ação de revisão de alimentos

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A ação revisional de alimentos segue o mesmo rito da


ação para fixação de alimentos, conforme estabelece
o art. 13 dessa Lei (“aplica-se igualmente, no que couber,
às ações ordinárias de desquite, nulidade e anulação de
casamento, à revisão de sentenças proferidas em pedidos
de alimentos e respectivas execuções”).
De peculiar, teremos apenas uma parte probatória geralmente mais delongada,
tentando o alimentando geralmente provar maiores necessidades e maiores
possibilidades do alimentante e este, ao contrário, tentando provar menores
possibilidades suas e menores necessidades daquele. No mais, nada de
substancialmente diferente para o seu certame.

C. Ação de alimentos gravídicos

Os alimentos gravídicos compreendem os valores


suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da
concepção ao parto. Incluem-se aí as despesas
referentes a alimentação especial, assistência médica
e psicológica, exames complementares, internações, parto,
medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas
indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes, nos termos do art. 2º da Lei 11.804/2008.
Os alimentos gravídicos, como o nome diz, voltam-se à grávida, na dicção do art.
1º da Lei. Esses alimentos referem-se à parte das despesas que deverá ser
custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser
dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.
Mas, e pode a gestante, aleatoriamente, indicar alguém como pai e, então, ele é
condenado a prestar alimentos? O art. 6º esclarece que a fixação dos
alimentos depende do convencimento do juiz da existência de indícios da
paternidade.
Curiosamente, os alimentos gravídicos, devidos à mãe,
perduram apenas até o nascimento da criança. Após o
nascimento da criança, os alimentos gravídicos ficam
convertidos em pensão alimentícia em favor do menor
até que uma das partes solicite a sua revisão.
Ou seja, apesar de os alimentos se voltarem para a mãe, com o nascimento da
criança há a extensão dos efeitos da decisão, de maneira muito peculiar do ponto
de vista processual, a terceiro, que não fez parte da lide. Por outro lado, também
de maneira peculiar, nasce obrigação judicial para o genitor sem que o
alimentando sequer tenha manejado ação.

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São essas duas peculiaridades que desafiam a lógica processual. De um lado, a


conversão de um direito próprio em direito alheio, mesmo sem que o terceiro
solicite tal extensão de efeitos. De outro lado, faz-se coisa julgada processual
para uma pessoa que sequer participou da lide (e que a rigor sequer pessoa era,
já que nascituro, ainda). De qualquer forma, atenção, pois a legitimidade
ativa da ação de alimentos gravídicos é da mãe, não da criança.
Por fim, outra peculiaridade é que, na ação de alimentos
gravídicos, o prazo de resposta do suposto pai não
segue o prazo geral processual do CPC, mas, conforme
o art. 7º, é de apenas 5 dias (agora úteis, no CPC/2015).
No mais, estabelece o art. 11 que essa lide segue o rito da Lei 5.478/1968.

D. Ação de execução de alimentos

Fixada a verba alimentar, seja inicial, seja em revisional, inicia-se a fase


executória da decisão. Igualmente, segundo o art. 13 da Lei 5.478/1968, o rito
da execução é igual ao da fixação. Ao contrário da revisão, porém, a execução
tem algumas peculiaridades mais a atentar.
Primeiro, o art. 529 do CPC/2015 fixa,
prioritariamente, a execução dos alimentos mediante
desconto em folha, quando o executado for
funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou
empregado sujeito à legislação do trabalho. O §3º ainda prevê que sem
prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução
pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma
parcelada, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse 50% de seus
ganhos líquidos. Ainda, podem ser cobradas as prestações devidas de aluguéis
de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do devedor, que serão recebidos
diretamente pelo alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz.
Se forem alimentos provisionais, provisórios, execução de alimentos ou mesmo
cumprimento de sentença referentes aos últimos 3 meses, o juiz mandará
intimar/citar o devedor para, em 3 dias, efetuar o pagamento, provar que o fez
ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo, por força do art. 528 do CPC. Caso
continue inadimplente, sem apresentar escusa razoável, o juiz pode
decretar sua prisão pelo prazo de 1 a 3 meses (§3º do
art. 528 do CPC/2015).
O CPC/2015 perdeu a oportunidade de acabar com uma antiga controvérsia. O
art. 19 da Lei 5.478/1968 prevê prazo de até 60 dias para a prisão do
inadimplente. Assim, no caso de inadimplemento de alimentos provisórios, a
prisão se restringiria a 60 dias.

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Já o art. 528, §3º, do CPC/2015 limita a prisão a, no mínimo, um mês, e a


máximo, três meses, em regime fechado. Assim, no caso de inadimplemento de
alimentos provisionais, a prisão se restringiria a 3 meses.
No entanto, há evidente incongruência no sistema. Primeiro, porque o CPC/2015
estabelece piso, ao passo que a Lei de Alimentos não. Segundo, porque o
CPC/2015 prevê prazo maior de aprisionamento do que a Lei de Alimentos.
Terceiro, o CPC/2015 prevê o regime da prisão (fechado) e a Lei de Alimentos,
não.
Uma corrente afirma que o CPC/2015 revogou tacitamente a lei especial, pelo
que aplicável o art. 528, §3º. Ela não explica, porém, a razão pela qual o novo
estatuto processual teria revogado esse específico dispositivo de maneira tácita
e outros de maneira expressa (nomeadamente os arts. 16, 17 e 18).
A outra corrente, mais “penalista”, afirma que deveria ser, na dúvida, aplicada a
pena menor, da lei especial, ou haveria interpretação in malam partem. Na
prática, os juízes acabam fixando a prisão por 30 dias, pelo que grande parte da
discussão é mais teórica do que efetivamente prática.
O Enunciado 599 da VII Jornada de Direito Civil esclarece que o magistrado deve,
em sede de execução de alimentos avoengos, analisar as condições do devedor,
podendo aplicar medida coercitiva diversa da prisão civil ou determinar seu
cumprimento em modalidade diversa do regime fechado (prisão em regime
aberto ou prisão domiciliar). Isso ocorrerá se o executado comprovar situações
que contraindiquem o rigor na aplicação desse meio executivo e o torne
atentatório à sua dignidade, como corolário do princípio de proteção aos idosos
e garantia à vida. O STJ (HC 327.445).
Superadas as controvérsias, se mesmo depois de preso o réu não cumpre, o art.
19, §1º, da Lei 5.478/1968 e o art. 528, §5º, do CPC/2015 estabelecem que o
cumprimento integral da pena de prisão não exime o devedor do
pagamento das prestações alimentícias, vincendas ou vencidas e não
pagas, sendo que o executado, ao cumprir a pena em
regime fechado, deve ficar separado dos demais
detentos (art. 528, §4º, do CPC/2015).
Se o réu paga a prestação alimentícia, o juiz suspende o cumprimento da
ordem de prisão, nos termos do §6º do art. 528 do CPC/2015. Da decisão que
decretar a prisão do devedor, caberá agravo de instrumento (art. 19, §2º, da Lei
5.478/1968). No entanto, a mera interposição do agravo não suspende a
execução da ordem de prisão, se continua o devedor inadimplente (art. 19, §3º,
da Lei de Alimentos).

E. Ação de exoneração de alimentos

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Disse a você que a decisão sobre os alimentos não faz coisa julgada material,
dada a possibilidade quase contínua de alteração. Por isso, o art. 15 da Lei
5.478/1968 estabelece que ela pode a qualquer tempo ser revista, em face da
modificação da situação financeira dos interessados. Nesse sentido, o art. 1.699
do CC/2002 estabelece que, se fixados os alimentos,
sobrevier mudança na situação financeira de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado
reclamar ao juiz, exoneração, redução ou majoração
do encargo.
Ou seja, a exoneração dos alimentos não é
automática, com o fim da necessidade do
alimentando, mas demanda intervenção judicial.
Nesse sentido, a Súmula 358 do STJ exige o contraditório antes do cancelamento
dos alimentos, ao atingir o alimentando a maioridade.
Até porque, praticamente falando, o que impediria o alimentante de, a qualquer
tempo, julgar que o alimentando não mais necessita dos alimentos e
simplesmente cesse de prestar os alimentos devidos? O Enunciado 344 da IV
Jornada de Direito Civil afiança que a obrigação alimentar originada do poder
familiar, especialmente para atender às necessidades educacionais, pode não
cessar com a maioridade.
O entendimento corrente no STJ vai nesse sentido. A corte fixou que são devidos
alimentos enquanto o alimentante realiza Curso Superior ou Curso
Técnico (REsp 1.587.280). Inversamente, não são devidos mais
alimentos quando o alimentante cursa Pós-graduação, já concluída a
graduação (REsp 1.505.079).
Por isso, pela dicção do art. 1.699, deve o alimentante sempre recorrer ao
Judiciário para se exonerar dos alimentos. Isso porque a desnecessidade dos
alimentos configura uma hipótese de modificação na situação financeira das
partes, ou seja, do trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade.
O STJ fixou entendimento, na Súmula 621, de que os
efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o
alimentante do pagamento retroagem à data da
citação, vedadas a compensação e a repetibilidade. Assim, apesar da
eficácia ex tunc da decisão, parcelas alimentares vencidas, cobradas e já pagas
em ação de execução de alimentos não permitem repetição (das parcelas
pretéritas) ou compensação (das parcelas futuras).

2. Proteção

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No âmbito do direito assistencial, tema relevante é a proteção dos incapazes.


Tradicionalmente, os institutos da tutela e da curatela assim foram pensados. A
Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência – EPD, porém, mudou
radicalmente esse panorama.
De uma banda, criou-se a curatela de pessoas capazes. De outro, instituiu-se a
tomada de decisão apoiada. Não bastasse essa revolução em matéria protetiva
(mudança de paradigma de proteção da dignidade-vulnerabilidade para a
proteção da dignidade-igualdade), outra revolução veio: o CPC/2015, que
igualmente alterou com profundidade a legislação material.
No entanto, o legislador processual não atentou para as alterações realizadas
pelo EPD, e a matéria restou retalhada, e, em alguns momentos, desconexa.
Muitos dispositivos do CC/2002, alterados pelo EPD, duraram pouquíssimo
tempo, apenas para serem revogados pelo CPC/2015. A tarefa, agora, é reajustar
os desarranjos promovidos pelo legislador.
De qualquer sorte, as mudanças promovidas pelo EPD são extremamente
salutares. O EPD é a minudenciação da Convenção de Nova York, a primeira a
adentrar no ordenamento jurídico brasileiro com status de emenda constitucional.
O problema é que o EPD “fez a revolução pela metade” e muitos dos institutos
jurídicos não foram adequados às mudanças. Em suma, e esta é minha opinião,
a nova ordem jurídica trazida pelo EPD não pode retroceder, mas precisa avançar.
E rápido.
Em geral, os genitores têm o poder familiar sobre os filhos. Porém, em
determinadas situações, os menores, não emancipados, são postos em tutela, na
dicção do art. 36 do ECA. Isso ocorrerá com o
falecimento ou ausência dos pais ou quando os pais
perderem o poder familiar, seja temporariamente
(suspensão), seja definitivamente (perda), segundo o
art. 1.728 do CC/2002 c/c art. 37, parágrafo único, do ECA.
Os maiores, mas incapazes, são colocados sob curatela. A partir das
novas regras trazidas pelo EPD, a curatela se aplicará às causas de
incapacitação relativa previstas nos incs. II a IV do art. 4º do CC/2002 (i. os
ébrios habituais e os viciados em tóxico; ii. aqueles que, por causa transitória ou
permanente, não puderem exprimir sua vontade; iii. os pródigos).
Além disso, a curatela também passou a se aplicar a pessoas capazes,
contrariamente ao sistema anterior. Agora, pela dicção do art. 84, §1º, do EPD,
as pessoas com deficiência, reputadas plenamente capazes, serão
submetidas à curatela, quando necessário.

2.1. Tutela

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O objetivo da tutela é, segundo o art. 1.728 do CC/2002, a administração dos


bens de crianças e adolescentes (menores), sejam eles absoluta ou relativamente
incapazes. O art. 28 do ECA, a seu turno, indica a tutela como forma de inserção
de crianças e adolescentes (menores) em família substituta.
A escolha do tutor cabe, em princípio, a ambos os pais, em conjunto (art. 1.729),
desde que detenha o poder familiar (art. 1.730), caso conste tal decisão em
algum documento autêntico (art. 1.729, parágrafo único), como um testamento
ou escrito particular, até. Veja-se que apenas os pais podem nomear tutor, e
ninguém mais (tutela testamentária); nula é a nomeação feita por aquele que
não detém o poder familiar.
Porém, a escolha dos genitores se condiciona à observância de que o tutor
indicado é a indicação mais vantajosa ao tutelado, inexistindo outro em
condições melhores (art. 37, parágrafo único do ECA). Por isso, o art. 1.733
estabelece que se houver mais de um irmão, todos devem ter um único
tutor (princípio da unicidade da tutela). No caso de ser nomeado mais de
um tutor por disposição testamentária sem indicação de precedência, entende-
se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe sucederão pela
ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro
impedimento (§1º).
Curiosamente, quem institui herança ou legado a um menor pode lhe nomear
curador especial para os bens deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob
o poder familiar, ou tutela. Ou seja, mesmo tendo pais, por exemplo, o de cujus
pode nomear outrem para administrar os bens herdados pelo ou legados ao
menor, se assim o quiser, um curador especial.
Se os pais não tiverem escolhido o tutor, incumbe a
tutela aos parentes consanguíneos do menor, prevê o
art. 1.731 (tutela legítima). O munus é direcionado,
primeiro aos ascendentes, preferindo o de grau mais
próximo ao mais remoto e, na ausência destes, aos
colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais
remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais novos.
Em qualquer dos casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela
em benefício do menor. Consoante regra do art. 1.732, o juiz nomeará tutor
idôneo e residente no domicílio do menor (tutela dativa):
I - na falta de tutor testamentário ou legítimo;
II - quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
III - quando removidos por não idôneos o tutor legítimo e o testamentário.

Porém, quem não for parente do menor não poderá ser


obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente
idôneo em condições de exercê-la, de acordo com o art.
1.737.

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As crianças e os adolescentes cujos pais forem desconhecidos, falecidos ou que


tiverem sido suspensos ou destituídos do poder familiar terão tutores nomeados
pelo Juiz ou serão incluídos em programa de colocação familiar, na forma prevista
pelo ECA, na forma do art. 1.734, como veremos na parte da adoção.
O Código, ademais, limita o exercício da tutela a determinadas pessoas e, por
outro lado, dispensa alguns do encargo. Segundo o art. 1.735, não podem ser
tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam (falta de
legitimação):

Aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens

Aqueles que se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou


tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou
cônjuges tiverem demanda contra o menor

Os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes


expressamente excluídos da tutela

Os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a


família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena

As pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de


abuso em tutorias anteriores

Aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa


administração da tutela

Na segunda situação (tutor com obrigações ou direitos contra o menor), antes de


assumir a tutela, o tutor deve declarar tudo o que o menor lhe deva, sob pena
de não lhe poder cobrar, enquanto exerça a tutoria, salvo provando que não
conhecia o débito quando a assumiu (art. 1.751). Trata-se de caso de supressio,
situação na qual a falta de exercício de um direito gera sua perda.
Segundo o Enunciado 636 da VIII Jornada de Direito Civil, o impedimento para o
exercício da tutela em caso de crime (de furto, roubo, estelionato, falsidade,
contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena) pode ser
mitigado para atender ao princípio do melhor interesse da criança.
Por outro lado, podem escusar-se da tutela (art. 1.736):

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Mulheres casadas ou em união estável

Maiores de 60 anos

Aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de 3 filhos

Os impossibilitados por enfermidade

Aqueles que habitarem longe do lugar do exercício da tutela

Aqueles que já exercerem tutela ou curatela

Militares em serviço

Há ainda mais uma escusa, a chamada recusa da tutela por estranho. Prevê o
art. 1.737 que quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar
a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em condições
de exercê-la.
O Enunciado 136 do CJF propõe revogar o art. 1.736, inc. I. Isso porque não
haveria qualquer justificativa de ordem legal a legitimar que mulheres casadas,
apenas por essa condição, possam se escusar da tutela.
Essas pessoas devem apresentar a escusa subsequentemente à designação, sob
pena de entender-se renunciado o direito (potestativo) de alegá-la. O art. 1.738
do CC/2002, que previa prazo decadencial de 10 dias, foi tacitamente revogado
pelo art. 760 do CPC/2015, que reduziu o prazo a 5 dias. Como se conta o prazo?
Esse prazo se contará da intimação para prestar o compromisso, se o motivo é
prévio à aceitação (art. 760, inc. I, do CPC/2015). Inversamente, será contado
do surgimento do motivo, caso ele não seja contemporâneo ao início do exercício
da tutela (inc. II). Isso pode ocorrer, por exemplo, com o surgimento de moléstia
30 dias depois do início do exercício da tutela.
Na sequência, o juiz julga a escusa. Se não a admitir, exercerá o nomeado a
tutela, enquanto não transitar em julgado a decisão (art. 760, §2º, do CPC/2015).
Além disso, o nomeado responde desde logo pelas perdas e danos que o menor
venha a sofrer (art. 1.739 do CC/2002).
Iniciada a tutela, incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor, segundo o art.
1.740, o dever de educação, defesa, alimentos, correção, bem como todos
os deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor,
se este já contar 12 anos de idade. Por isso, os tutores podem conservar
em seu poder dinheiro dos tutelados, no limite do necessário para as

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despesas ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a


administração de seus bens (art. 1.753).
Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras preciosas e móveis
serão avaliados por pessoa idônea e, após autorização judicial, alienados. Seu
produto deve ser convertido em títulos, obrigações e letras de responsabilidade
direta ou indireta da União ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à
rentabilidade, e recolhidos ao estabelecimento bancário oficial ou aplicado na
aquisição de imóveis, conforme for determinado pelo juiz (§1º).
Deve ter o mesmo destino o dinheiro proveniente de qualquer outra procedência
(§2º). Em qualquer caso, os tutores respondem pela demora na aplicação dos
valores acima referidos, pagando os juros legais desde o dia em que deveriam
dar esse destino, o que não os exime da obrigação, que o juiz fará efetiva, da
referida aplicação (§3º).
Porém, a movimentação bancária depende de
autorização judicial (art. 1.754, incisos). Somente podem
ser retirados para as despesas com o sustento e educação
do tutelado, ou a administração de seus bens, para se comprarem bens imóveis
e títulos, obrigações ou letras, nas condições acima previstas, ou para se
empregarem em conformidade com o disposto por quem os houver doado, ou
deixado. A última autorização para movimentação bancária que se permite é para
se entregarem aos órfãos, quando emancipados, ou maiores, ou, mortos eles,
aos seus herdeiros.
Por outro lado, sob a inspeção do juiz, incumbe ao tutor administrar os bens do
tutelado (art. 1.741). Para tanto, pode o juiz nomear um protutor, para a
fiscalização dos atos do tutor (art. 1.742), bem como delegar a outras pessoas
físicas ou jurídicas o exercício parcial da tutela, caso os bens e interesses
administrativos exigirem conhecimentos técnicos complexos ou realizados em
lugares distantes do domicílio do tutor (art. 1.743).
O poder do tutor, apesar de uno e indivisível, permite cessão. Trata-se da
cotutoria ou tutela parcial. Não se confunde o protutor com o cotutor. O protutor
é fiscal, não tem poder; o cotutor exerce o poder de maneira concomitante.
Segundo o art. 1.746, se o menor possuir bens, será sustentado e educado a
expensas deles, arbitrando o juiz para tal fim as quantias que lhe pareçam
necessárias, considerado o rendimento da fortuna do pupilo quando o pai ou a
mãe não as houver fixado.
Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo
especificado deles e seus valores, ainda que os pais o
tenham dispensado (art. 1.745), num testamento, por
exemplo. Trata-se de um inventário dos bens. Se o
patrimônio do menor for de valor considerável, poderá o juiz condicionar
o exercício da tutela à prestação de caução bastante, podendo dispensá-
la se o tutor for de reconhecida idoneidade (parágrafo único).

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Na administração da pessoa e dos bens do tutelado, a responsabilidade do juiz


será direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou não o houver feito
oportunamente e subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor,
nem o removido, tanto que se tornou suspeito (art. 1.744, incisos).
No exercício da tutela, compete ao tutor, sem autorização do juiz (art.
1.747):

Representar o menor, até os 16 anos, nos atos da vida civil, e assisti-


lo, após essa idade, nos atos em que for parte

Receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas

Fazer-lhe as despesas de subsistência, de educação, de


administração, conservação e melhoramentos de seus bens

Alienar os bens do menor destinados a venda

Promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens


imóveis

Outros atos são de competência do tutor, mas ele


necessitará de autorização do juiz para exercê-los –
outorga judicial (art. 1.748). Nesses casos, prevê o
parágrafo único, na falta de autorização, a eficácia de
ato do tutor depende da aprovação posterior do juiz (ineficácia). Quais
atos são esses?

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Pagar as dívidas do menor

Aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com


encargos

Transigir

Vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os


imóveis nos casos em que for permitido.

Propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas


as diligências, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos

Os imóveis pertencentes aos tutelados somente podem ser vendidos quando


houver manifesta vantagem, mediante prévia avaliação a aprovação
judicial (art. 1.750). Em havendo falta de autorização, há nulidade do ato. A
situação é de nulidade virtual do ato, por aplicação do art. 166, inc. VII.
Outros atos são proibidos ao tutor, ainda que com a
autorização judicial. São atos que gerarão a nulidade
(invalidade) do ocorrido, segundo o art. 1.749:

Adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato


particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor

Dispor dos bens do menor a título gratuito

Constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o


menor

O tutor responde pelos prejuízos que culposamente


causar ao tutelado, ou seja, trata-se de caso de
responsabilidade civil subjetiva, com afastamento da
responsabilidade em situações de caso fortuito ou força
maior, por exemplo. No entanto, ele tem direito a ser pago pelo que
realmente despender no exercício da tutela, percebendo remuneração

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proporcional à importância dos bens administrados, salvo no caso de tutela


exercida durante a colocação em família substitutiva (art. 1.752).
Igualmente, ao protutor será arbitrada uma gratificação
módica pela fiscalização efetuada (§1º). Em qualquer caso,
são solidariamente responsáveis pelos prejuízos as
pessoas às quais competia fiscalizar a atividade do tutor, e as que
concorreram para o dano (§2º).
Por isso, os tutores são obrigados a prestar contas da sua administração, sempre
(art. 1.755). Eles devem apresentar balanço anual da administração (art. 1.756)
e prestar contas, em regra, bienalmente, quando deixarem
a tutela ou quando o juiz achar conveniente (art. 1.757).
Atenção! A prestação de contas é bienal. Anual é o
balanço, apenas!
Essas contas serão prestadas em juízo, e julgadas depois da audiência dos
interessados, recolhendo o tutor imediatamente a estabelecimento bancário
oficial os saldos, ou adquirindo bens imóveis, ou títulos, obrigações ou letras. Há
necessidade de intervenção do MP, tendo em vista o interesse de incapazes.
Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, a quitação do menor não
produzirá efeito antes de aprovadas as contas pelo juiz, subsistindo inteira,
até então, a responsabilidade do tutor (art. 1.758). Caso o tutor não possa
prestar contas (morte, ausência ou interdição), seus herdeiros ou representantes
o farão (art. 1.759).
Na prestação de contas, são levadas a crédito do tutor todas as despesas
justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor, esclarece o art. 1.760.
Por isso, todas as despesas com a prestação das contas serão pagas pelo tutelado
(art. 1.761). Tanto o alcance do tutor (saldo a favor do tutelado) quanto o saldo
contra tutelado constituem dívida de valor, correndo juros desde o julgamento
definitivo das contas.
Cessa a condição de tutelado, então, consoante regra do art. 1.763, com a
maioridade ou a emancipação do menor ou ao cair o menor sob o poder familiar,
no caso de reconhecimento ou adoção. Porém, só cessam
as funções do tutor (art. 1.764), com o fim do prazo
em que era obrigado a servir, ao sobrevir escusa
legítima ou ao ser removido.
O tutor é obrigado a servir por espaço de 2 anos (art.
1.765), podendo requerer, depois desse prazo, a
exoneração do encargo. Se continuar após o prazo,
querendo ele e se o juiz o julgar conveniente
(parágrafo único). Porém, será ele destituído se for negligente ou prejudicar o
tutelado, de qualquer forma (art. 1.766 do CC/2002).
A remoção pode ser movida por qualquer interessado ou pelo MP, como prevê o
art. 761 do CPC/2015. Nesse caso, estatui o parágrafo único, o tutor é citado

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para se defender em 5 dias. Essa é a única diferença desse rito especial para o
rito comum, o prazo. No mais, segue-se o rito comum.

2.2. Curatela

Aqui tivemos um conflito de normas no tempo bastante


curioso. A Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com
Deficiência – EPD, foi aprovada em 06/07/2015, mas só entrou em vigor em
07/01/2016. Por outro lado, a Lei 13.105/2015, o NCPC, foi aprovado
16/03/2015 (ou seja, antes do EPD), mas só entrou em vigor em 17/03/2016
(ou seja, depois do EPD). Alguns artigos do CC/2002 foram modificados tanto
pelo EPD quanto pelo NCPC.
Como o EPD entrou em vigor antes, as modificações que ele fez no CC/2002
começaram a operar em 07/01/2016, mas com a entrada em vigor no NCPC
em 17/03/2016, diversas dessas mudanças caíram por terra. Ou seja, alguns
artigos que foram modificados vigoraram apenas entre 07/01/2016 e
17/03/2016, pouco mais de 2 meses.
Algumas das modificações que o EPD fez no CC/2002 foram revogadas pelo
NCPC. E esse é precisamente o problema, pois algumas dessas normas eram
importantes para a nova sistemática implantada pelo EPD. Em resumo, o NCPC
ceifou parte dessas mudanças, que sequer chegaram a ser efetivamente
aplicadas, dado o tempo relativamente curto que elas ficaram valendo.
Como resolver isso? A doutrina ainda se divide. Alguns dizem que mesmo
revogados, devem ser aplicados, analogicamente, os dispositivos do EPD.
Outros dizem que os juristas terão de conseguir adequar as regras do NCPC e
do EDP, harmonicamente, a partir dos princípios constitucionais. Outros ainda
dizem que será necessária intervenção legislativa, para que os artigos
revogados sejam “desrevogados”.
O que você precisa entender aqui é que ainda não temos solução adequada
para parte desses problemas, ainda que a corrente que entenda que será
necessário esforço hermenêutico à luz das normas constitucionais pareça ser
a vencedora. E o que você precisa saber? Por ora, vamos nos ater àquilo que
está em vigor, ou seja, o CC/2002, com as modificações feitas pelo EPD e as
modificações posteriores feitas pelo NCPC. Haverá um ou outro ponto que
ficará um tanto problemático, mas não temos muito o que fazer por enquanto.
Por isso, respire fundo!
De qualquer forma, as mudanças vieram para ficar e muitas delas foram
extremamente positivas. O EPD deu nova redação para o art. 1.777 do
CC/2002, um dos artigos mais controversos e discriminatórios que havia. Veja

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a nova redação: “As pessoas que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade receberão todo o apoio necessário para ter
preservado o direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o seu
recolhimento em estabelecimento que os afaste desse convívio”.

A curatela segue, em linhas gerais, o mesmo funcionamento da tutela (art. 1.774


e 1.781). Porém, diferenciam-se em alguns aspectos, pois a tutela se destina à
menoridade, pode ser feita por testamento pelos pais, abrange sempre a pessoa
e os bens do tutelado e os poderes do tutor são amplos, à semelhança do poder
dos pais (poder familiar).
Já a curatela se destina às limitações da vontade, daí ser, em geral, deferida a
maiores, conforme a nova redação do art. 1.767. Esse dispositivo traz um rol
taxativo (numerus clausus) de pessoas a se submeterem à curatela:
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
V - os pródigos.

Notou a semelhança para com outro dispositivo? Pois é, as hipóteses do art.


1.767 são exatamente iguais às hipóteses de incapacidade relativa previstas no
art. 4º, à exceção da por idade:
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

Pode-se resumir a tutela às pessoas absolutamente


incapazes e para as relativamente incapazes em razão da
idade. A seu turno, a curatela se resume às situações de
incapacitação relativa, exceto se a incapacidade relativa
resultar da idade, exclusivamente. Além disso, pela regra do 84, §1º, do EPD, as
pessoas com deficiência, mesmo que plenamente capazes, podem se sujeitar à
curatela, se for necessário. Por fim, o nascituro e o ausente também se sujeitam
à curatela, de acordo com o arts. 1.779 e 22 do CC/2002, respectivamente.
Tecnicamente falando, como anota Paulo Lôbo, não há mais que se falar em
interdição pura e plena dos atos da vida civil da pessoa, mas apenas em
curatela específica, para determinados atos, de natureza patrimonial. A
interdição é instituto ainda calcado na perspectiva da dignidade-vulnerabilidade,
afastado pelo EPD e substituído pela noção de dignidade-igualdade.
Talqualmente a tutela, na qual o tutor pode receber remuneração pelo encargo
(art. 1.752), na curatela o curador também o pode, dado o dispositivo do art.
1.781, que determina que as regras a respeito do exercício da tutela se aplicam
ao da curatela. O STJ, no entanto, entende que a fixação da remuneração
do curador deve ser arbitrada pelo juízo, vedando-se a autogratificação.

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O CPC/2015, corrigindo distorção histórica, revogou em boa hora o art. 1.770,


que cometia ao MP a defesa do interditando nos casos em que não era o
Parquet a manejar a interdição. Agora, tal função passa à Defensoria Pública,
como se extrai do art. 72, parágrafo único, ou a curador especial outro, quando
não instalada a Defensoria, mesmo não tendo sido o MP a promover a interdição.
Porém, o nascituro também se sujeita à curatela,
conforme previsão do art. 1.779, caso o pai faleça estando
grávida a mulher, e não tendo ela o poder familiar. Se a
mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro, de
modo que o CC/2002 equipara o nascituro a um
absolutamente incapaz. Além do nascituro, o art. 22 estabelece que o ausente
também se sujeita à curatela.
Foram excluídos pela Lei 13.146/2016, o EPD, aqueles que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida
civil (inc. I); os deficientes mentais (inc. III); os excepcionais sem completo
desenvolvimento mental (inc. IV); enfermo ou portador de deficiência física, a
seu requerimento (art. 1.780). Essas situações, portanto, não ensejam mais
a curatela.

A quem se destina a curatela?

Art. 1.767, incs. I, III e V, e art. 4º, incs. II a IV,


do CC/2002
• Relativamente incapazes, exceto por idade (pessoas que por
causa transitória ou permanente não podem exprimir a vontade;
ébrios habitauis; viciados em tóxicos; pródigos)

Art. 22 do CC/2002
• Ausentes

Art. 1.779
• Nascituro, cujo pai é falecido e a mãe não tem poder familiar

Art. 84, §1º, do EPD


• Pessoas com deficiência, quando necessário

Quem será o curador da pessoa? Em ordem, segundo o art. 1.775:

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O cônjuge ou companheiro,
não separado judicialmente • Na falta
ou de fato destes

• Na falta
O pai ou a mãe destes

O descendente que se
demonstrar mais apto, • Na falta
preferindo-se os mais destes
próximos

Compete ao juiz a escolha


do curador

O cônjuge ou companheiro, como se vê, é o curador legal legítimo do curatelado,


sendo que somente se determinará curador dativo em não havendo pais ou
descendentes. O entendimento, porém, é de que a ordem é indicativa ao juiz,
não obrigatória, em homenagem ao melhor interesse da pessoa. Essa ordem deve
ser observada quando atender ao melhor interesse do curatelado, considerando
suas vontades e preferências, nos termos do art. 755, inc. II, e §1º, do CPC/2015,
estatui o Enunciado 638 da VIII Jornada de Direito Civil.
Exige-se que, para a escolha do curador, o juiz leve em conta a vontade e as
preferências do interditando, a ausência de conflito de interesses e de influência
indevida, a proporcionalidade e a adequação às circunstâncias da pessoa. Em
sendo a curatela voltada a pessoa com deficiência, o juiz pode
estabelecer curatela compartilhada a mais de uma pessoa (art. 1.775-A).
Segundo o art. 1.771, antes de se pronunciar acerca dos termos da
curatela, o juiz entrevistará pessoalmente o interditando. Ele deve ser
assistido por equipe multidisciplinar, nessa entrevista. O STJ (REsp
1.686.161) entende que a falta da entrevista – ou interrogatório, como a chamou
o julgado – gera nulidade do procedimento.
A curatela agora somente pode abranger os atos de
natureza patrimonial do curatelado. O art. 1.782
privava os pródigos interditados de, sem curador,
emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar,
demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos
que não fossem de mera administração. O art. art. 85 do EPD ampliou a aplicação
da limitação da curatela aos atos de natureza patrimonial às pessoas com
deficiência, deixando claro que as restrições da interdição, quanto às pessoas
com deficiência, abrangem apenas os atos de natureza negocial.

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Mas o art. 1.772 foi além, ao estabelecer que o juiz deve


determinar, segundo as potencialidades da pessoa, os
limites da curatela, circunscritos às restrições de
cunho patrimonial, ao nomear o curador. Esse
entendimento já estava contido no Enunciado 574 da VI Jornada de Direito Civil,
ainda que voltado à curatela das pessoas com deficiência, situação essa não mais
existente, depois do EPD.
Ou seja, pela leitura do art. 1.772, qualquer que seja o caso da curatela,
ela é limitada aos atos de natureza patrimonial (emprestar, transigir, dar
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser
demandado, e praticar, em geral, os atos que não
sejam de mera administração, sem curador). Não se
pode restringir os atos de natureza existencial (casar,
ter filhos, adotar etc.)
Em que pese não se poder restringir os atos de natureza existencial, por força do
EPD, seria admissível a outorga ao curador de poderes de representação para
alguns atos da vida civil, inclusive de natureza existencial. O Enunciado 637 da
VIII Jornada de Direito Civil, porém, exige que tais poderes sejam na sentença,
desde que comprovadamente necessários para proteção do curatelado em sua
dignidade.
A curatela tem limitação dos poderes do curador, já que não se trata de
“equiparação” do poder familiar. De qualquer forma, prevê o art. 1.778, a
autoridade do curador estende-se à pessoa e aos bens dos filhos do curatelado.
O EPD havia criado, no art. 1.768, inc. IV, a figura da autocuratela (ou
autointerdição). Esse dispositivo, infelizmente, foi revogado pelo CPC/2015. O
art. 747, incs. I a IV, do CPC/2015, a seu turno, não repetiram a norma. Assim,
estaria revogada a possibilidade de autocuratela.
No entanto, de acordo com o Enunciado 7 da I Jornada de Direito Processual Civil,
teria a pessoa legitimidade ativa para promover a medida. Em alguma medida, a
proposta “ressuscita” o revogado art. 1.768, inc. IV, do CC/2002 (seria isso uma
espécie de efeito repristinatório dos Enunciados do CJF, doutrinário, portanto?).

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•Menores (incapacidade decorrente da idade, ou seja,


menos de 16 anos)
•Pode ser feita por testamento ou por decisão judicial
Tutela •Abrange o tutelado e seus bens, sempre
•Dá amplos poderes ao tutor, à semelhança do poder
familiar dos pais sobre os filhos

•Incapazes (maiores e incapazes, nascituros e ausentes)


•Somente por decretação judicial
•Abrange o curatelado e os bens ou apenas os bens
Curatela •Delimita especificamente os poderes do curador,
deixando o curatelado com alguns poderes, a depender
do caso

Para que nomeie curador, é necessário o procedimento de interdição. Em linhas


gerais, o procedimento de interdição passou a ser regulamentado
especificamente pelo CPC/2015, não mais pelo CC/2002. No entanto,
algumas regras permanecem em vigor.
Quanto ao levantamento da curatela, ou seja, sua extinção, estabelece o art. 756
do CPC/2015 que ela ocorrerá quando cessar a causa que a determinou. O §4º
desse dispositivo permite levantamento parcial, ou seja, a redução dos atos que
não podem ser praticados pelo curatelado autonomamente.
Há ainda dois grandes problemas. O primeiro é estabelecer “quão limitado”
alguém é para que se limite mais ou menos os poderes do curador. Nesse sentido,
o EPD altera radicalmente a matéria, no sentido de promover inclusão e igualdade
às pessoas com deficiência, de modo a enxergá-las não meramente como objetos
num processo de interdição, mas como sujeitos que necessitam de atenção
especial, no que tange ao Direito.
O segundo advém dos fatores tempo e educação, dado que pessoas idosas ou
ignorantes, no sentido próprio da palavra, são tão capazes quanto as demais. Há
uma linha bastante tênue, e difícil, de se verificar entre a senilidade e a mera
idade avançada; entre a “loucura” e a ignorância pura e simples, especialmente
em termos de disseminação irrefreada de fake news das mais absurdas. A
questão probatória, aqui, é bastante complicada, porque se incapacitará,
juridicamente, alguém que, em tese, é capaz, por força de aplicação do art. 1º
do CC/2002.
De qualquer forma, o EPD, de maneira inovadora, criou nova figura, a par da
tutela e da curatela, para se adequar à nova sistemática que estabelece plena
capacidade às pessoas com deficiência, a tomada de decisão apoiada.

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2.3. Tomada de decisão apoiada

O EPD ainda adicionou mais um interessante dispositivo do CC/2002, a chamada


tomada de decisão apoiada. Segundo o art. 1.783-A, a tomada de decisão
apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo
menos duas pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que
gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil. Essas
pessoas fornecem os elementos e informações
necessários para que possa exercer sua capacidade.
Para formular esse pedido, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem
apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os
compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência do acordo e o
respeito a vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem apoiar
(§1º). Esse pedido será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação
expressa das pessoas aptas a prestarem tal apoio (§2º).
De acordo com o Enunciado 639 da VIII Jornada de Direito Civil, a opção pela
tomada de decisão apoiada é de legitimidade exclusiva da pessoa com deficiência.
A pessoa que requer o apoio pode manifestar, antecipadamente, sua vontade de
que um ou ambos os apoiadores se tornem, em caso de curatela, seus curadores.
Antes de se pronunciar sobre o pedido, o juiz, assistido por equipe
multidisciplinar, após oitiva do MP, ouvirá pessoalmente o requerente e as
pessoas que lhe prestarão apoio (§3º). Ou seja, a decisão
apoiada, solicitada pela pessoa com deficiência, é
determinada por decisão judicial. A decisão tomada
por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros desde que
esteja inserida nos limites do apoio acordado (§4º).
No entanto, os terceiros com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial
pode solicitar que os apoiadores assinem o contrato ou acordo, especificando,
por escrito, sua função em relação ao apoiado (§5º). Em caso de negócio jurídico
que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões
entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deve o juiz decidir sobre a questão,
ouvido o MP (§6º).
Há, portanto, evidente equiparação da tomada de
decisão apoiada com a assistência aos relativamente
incapazes por idade (maiores de 16 anos, mas ainda
menores de 18 anos). Há, evidentemente,
peculiaridades, mas a estruturação do instituto e sua forma de
funcionamento são muitíssimo semelhantes. De acordo com o §11, aplicam-
se a tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes a
prestação de contas na curatela.

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Segundo o §7º desse artigo, ainda, se o apoiador agir com negligência, exercer
pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá qualquer
pessoa apresentar denúncia ao MP. Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o
apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse, outra
pessoa para prestação de apoio (§8º).
Dado o encargo que a curadoria constitui, o §10 permite ao apoiador solicitar
ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de decisão
apoiada, sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz
sobre a matéria. Por outro lado, o §9º permite à pessoa
apoiada a qualquer tempo, solicitar o término de
acordo firmado em processo de tomada de decisão
apoiada.
Por fim, o Enunciado 640 da VIII Jornada de Direito Civil estabelece que a tomada
de decisão apoiada não é cabível se a condição da pessoa exigir aplicação da
curatela. O Enunciado, polêmico, parece subverter a ordem proposta pelo art.
85, §2º, do EPD, já que a norma especial, amparada pela Convenção de Nova
York, prevê que a curatela é medida extraordinária, tão somente.

Legislação e Jurisprudência

Direito parental

A Lei da Alienação Parental me parece relevante para sua prova, dado que
eventualmente aparece aqui e acolá em algumas provas dos certames. Como a
Lei 12.318/2010 é bem descritiva, e apesar de ter tratado dela ao longo do texto,
acho legal você dar uma lida na literalidade da norma:
Art. 1ºEsta Lei dispõe sobre a alienação parental.
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da
criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos
que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que
repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com
este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim
declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de
terceiros:
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade
ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;

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V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou


adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para
obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com
avós.
Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do
adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações
com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente
e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou
guarda.
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de ofício, em
qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o processo terá
tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência, ouvido o Ministério Público, as
medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou
do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva
reaproximação entre ambos, se for o caso.
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor garantia mínima de
visitação assistida, ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade
física ou psicológica da criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente
designado pelo juiz para acompanhamento das visitas.
Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou
incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.
§1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme
o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos
dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes,
avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente
se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor.
§2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido,
em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para
diagnosticar atos de alienação parental.
§3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação
parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável
exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada.
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte
a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o
juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou
criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus
efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;

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VII - declarar a suspensão da autoridade parental.


Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução
à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar
a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos
de convivência familiar.
Art. 7º A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência ao genitor que viabiliza
a efetiva convivência da criança ou adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que
seja inviável a guarda compartilhada.
Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adolescente é irrelevante para a determinação
da competência relacionada às ações fundadas em direito de convivência familiar, salvo se
decorrente de consenso entre os genitores ou de decisão judicial.

Veja as normas do CPC/2015 que estabelecem o rito do cumprimento de


sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de prestar
alimentos. Esses dispositivos consolidam as mudanças sentidas pelo CPC/1973
ao longo de mais de quatro décadas, bem como aquilo que foi se consolidando
na jurisprudência e nas leis especiais:
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia
ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente,
mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar
que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
§1º Caso o executado, no prazo referido no caput, não efetue o pagamento, não prove que
o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará
protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.
§2º Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará
o inadimplemento.
§3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além
de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do §1º, decretar-lhe-á a prisão
pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§4º A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos
comuns.
§5º O cumprimento da pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas
e vincendas.
§6º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.
§7º O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até
as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no
curso do processo.
§8º O exequente pode optar por promover o cumprimento da sentença ou decisão desde
logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será
admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito
suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância
da prestação.
§9º Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o exequente pode promover o
cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia
no juízo de seu domicílio.

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Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa
ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em
folha de pagamento da importância da prestação alimentícia.
§1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador,
determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira
remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
§2º O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do
exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua
duração e a conta na qual deve ser feito o depósito.
§3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode
ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos
do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta
por cento de seus ganhos líquidos.
Art. 530. Não cumprida a obrigação, observar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§1º A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença
ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
§2º O cumprimento definitivo da obrigação de prestar alimentos será processado nos
mesmos autos em que tenha sido proferida a sentença.
Art. 532. Verificada a conduta procrastinatória do executado, o juiz deverá, se for o caso,
dar ciência ao Ministério Público dos indícios da prática do crime de abandono material.
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao
executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o
pagamento do valor mensal da pensão.
§1º O capital a que se refere o caput, representado por imóveis ou por direitos reais sobre
imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em
banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado,
além de constituir-se em patrimônio de afetação.
§2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha
de pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do
executado, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo
juiz.
§3º Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme
as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.
§4º A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§5º Finda a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o
desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.

As ações de estado, como é sabido, são imprescritíveis (para mais, vide


prescrição e decadência, novamente). Isso porque elas tratam da obtenção de
uma declaração judicial sobre um fato da realidade, pelo que não há prazo para
caducar a obtenção dessa declaração da “verdade”.
Consequentemente, a ação de investigação de paternidade, que tem por
objetivo (ao menos direto) obter a declaração, judicial, de que X é meu genitor

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é uma ação igualmente imprescritível. Os efeitos dessa ação, aí sim,


prescrevem, como os alimentos e a obtenção de direitos hereditários. Por isso o
STJ sumulou o entendimento de que a petição de herança se sujeita a prazo
prescricional:
STF - SÚMULA 149
É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança.

E qual é o prazo para exercer essa ação? E de quando esse prazo se


conta? Segundo a jurisprudência do STJ, assentada apenas em 2016, o prazo
prescricional para a petição de herança, que é o prazo geral decenal, conta-se da
data na qual o herdeiro poderia exigir seus direitos sucessórios. Isso ocorre não
da propositura ou do trânsito em julgado do inventário, mas do trânsito em
julgado da decisão que o reconhece como herdeiro, ou seja, do trânsito
da investigação de paternidade:
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DO CPC/1973.
DIREITO SUCESSÓRIO. AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA. ANTERIOR AJUIZAMENTO DE
AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. FALTA DE
PREQUESTIONAMENTO. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. 1. A petição de herança objeto
dos arts. 1.824 a 1.828 do Código Civil é ação a ser proposta por herdeiro para o
reconhecimento de direito sucessório ou a restituição da universalidade de bens ou de quota
ideal da herança da qual não participou. 2. A teor do art. 189 do Código Civil, o termo inicial
para o ajuizamento da ação de petição de herança é a data do trânsito em julgado da ação
de investigação de paternidade, quando, em síntese, confirma-se a condição de herdeiro
(REsp 1475759/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 17/05/2016, DJe 20/05/2016).

Essa Súmula do STJ vem ao encontro do disposto no art. 231 do CC/2002


(“Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá
aproveitar-se de sua recusa”). Assim, se o suposto pai se recusa a fazer o
exame de DNA, presume-se que ele tem a paternidade. No entanto, pode
ele afastar essa presunção, já que ela é juris tantum, o que é bastante difícil na
prática, já que se consolidou o entendimento de que o teste é o exame mais apto
a demonstrar a paternidade:
STJ – Súmula 301
Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade.

O art. 76, parágrafo único, do CC/2002 estabelece que têm domicílio necessário
o incapaz, entendido como o do seu representante ou assistente. O STJ,
interpretando o dispositivo, assentou que as ações conexas de interesse do
menor devem ser julgadas pelo Juízo do foro do detentor de sua guarda,
portanto:

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STJ – Súmula 383


A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em
princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.

O STF definiu, em sede de repercussão geral, que não há prevalência da


paternidade biológica sobre a socioafetiva. Ou seja, pode conviver uma
pluralidade de parentalidade, uma decorrente do registro, advinda da
parentalidade genética, e outra decorrente da socioafetividade. Assim, o ditado
popular “pai é quem cria” poderia ser melhor entendido como “pai é também
quem cria”, para fins jurídicos:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA
622. PREVALÊNCIA DA PATERNIDADE SOCIOAFETIVA EM DETRIMENTO DA PATERNIDADE
BIOLÓGICA. A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede
o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os
efeitos jurídicos próprios (RE 898060, Relator: Min. LUIZ FUX, julgado em 22/09/2016,
publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-209 PUBLIC 30/09/2016).

Direito assistencial

Veja as normas trazidas pela Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com


Deficiência – EPD, relativamente quanto à curatela da pessoa com
deficiência:
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade
legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
§1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a
lei.
§2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão
apoiada.
§3º A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva
extraordinária, proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o
menor tempo possível.
§4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao
juiz, apresentando o balanço do respectivo ano.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza
patrimonial e negocial.
§1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao
matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
§2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e
motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado.
§3º No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve
dar preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com
o curatelado.

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Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de curatela da
pessoa com deficiência.
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com
deficiência em situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio
ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará
sujeito, no que couber, às disposições do Código de Processo Civil.

A primeira súmula do STJ, enunciada em 1990, foi sobre os alimentos. Segundo


o entendimento que se consolidou, o foro da ação de paternidade será o foro
de domicílio do alimentando, quando cumulada ela com a ação de alimentos:
STJ – Súmula 1
O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente para a ação de
investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.

Para afastar qualquer dúvida quanto à retroação dos alimentos, entende-se que
eles são devidos desde a citação. O mesmo raciocínio vale para os alimentos
devidos em decorrência de investigação de paternidade, devidos a partir
da citação:
STJ – Súmula 277
Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a partir da
citação.

Os antigos arts. 732 e ss. do CPC/1973 não mencionavam expressamente a que


alimentos a prisão civil se referia. De um lado, uns defendiam que qualquer débito
alimentar o faria, outros, que apenas as três últimas prestações imediatamente
anteriores ao ajuizamento da execução.
Nesse sentido, muitos dos inadimplentes pagavam as três últimas parcelas
vencidas, impedindo a prisão. Por isso, o STJ editou Súmula estabelecendo que
a prisão civil do alimentante compreende os três últimos débitos
anteriores ao ajuizamento, além das que vencerem ao longo da lide:
STJ – Súmula 309
O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três
prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do
processo.

O CPC/2015, nesse sentido, estabeleceu no art. 528, §7º, redação bastante


semelhante à Súmula: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do
alimentante é o que compreende até as três prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”.

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A jurisprudência entende que o cônjuge que renuncia aos alimentos no


divórcio pode receber a pensão previdenciária do outro ex-cônjuge, desde
que demonstre cabalmente a necessidade surgida após a renúncia:
STJ – Súmula 336
A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão
previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.

Você precisar reler a Súmula, adaptando-as às mudanças desde então. Primeiro,


a renúncia se aplicaria ao divórcio e não à separação, por força da Emenda
Constitucional 66/2010. Segundo, pelo princípio constitucional da isonomia, ela
deve se referir ao cônjuge em relação ao outro cônjuge, seja porque o marido
também pode obter o mesmo benefício em relação à ex-mulher, seja porque o
benefício também se estende, por evidente, aos casais homoafetivos.

A cessação dos alimentos não é automática, quando devida pelo genitor ao


filho, dependendo de decisão judicial que permita ao alimentando o pleno
contraditório, sob pena de violação do dever alimentar. Ou seja, não há cessação
de pleno direito porque, inversamente, poderia haver abuso do alimentante que
simplesmente concluiria, quando lhe fosse conveniente, pela desnecessidade dos
alimentos:
STJ – Súmula 358
O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à
decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.

Se a primeira Súmula do STJ foi a respeito do Direito de Família, uma das


primeiras decisões das Corte em relação ao habeas corpus também foi na área
familiar. O STJ assentou o entendimento, já em 1989, de que a medida
liberatória criminal do HC não tem o condão de evitar o recolhimento ou
suspender o cumprimento da ordem prisional do devedor de alimentos,
em vista da estreiteza probatória da medida.
Se você procurar na jurisprudência do STJ verá que as decisões mais recentes
continuam a manter o mesmo entendimento, quebastante consolidado na Corte,
a qual nunca mudou seus fundamentos desde então:
RECURSO DE HABEAS CORPUS - PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS NÃO CUMPRIDA - PRISÃO
CIVIL - ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE - NÃO OCORRENCIA. - O DEFERIMENTO DE LIMINAR,
E PROVIDENCIA MERAMENTE CAUTELAR, OUTORGADA PRO TEMPORE A PARTE, COM
FINALIDADE DE EVITAR DANOS FUTUROS OU FACULTAR EXAME MAIS PONDERADO DA
PRETENSÃO DEDUZIDA. SEU DEFERIMENTO NÃO IMPLICA NO ACOLHIMENTO DO MERITO,
NEM SUA REVOGAÇÃO PODE INQUINAR DE NULA A DECISÃO FINAL. - AO JUIZ SÃO DADOS
ELEMENTOS PARA VALORAR A DECRETAÇÃO DO RECOLHIMENTO PRISIONAL CAUTELAR, E
SE TAL DECRETAÇÃO ESTA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA, NÃO HA QUE SE FALAR EM
ILEGALIDADE DA MEDIDA, AINDA MAIS QUE TEVE ASSENTO CONSTITUCIONAL. - A

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ALEGADA INCAPACIDADE ECONOMICA, COMO ESQUIVA A PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS, E


MATERIA QUE DEPENDE DE PROVA, INAPRECIAVEL, PORTANTO, EM SEDE DE HABEAS
CORPUS (RHC 109/RJ, Rel. Ministro CID FLAQUER SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado
em 04/10/1989, DJ 23/10/1989, p. 16199).

O CC/2002 estabelece uma ordem de nomeação das pessoas que serão curadores
de outrem. Essa ordem é absoluta, ou seja, deve-se nomear A, se ele for o
primeiro da lista, independentemente de qualquer especificidade do caso? B, que
é o segundo da lista, nunca será nomeado se existir um A?
Segundo o STJ, a ordem de nomeação do curador não é absoluta, podendo
ser relativizada a depender das circunstâncias do caso. Esse entendimento está
sedimentado na Corte já há tempos:
CURATELA. INTERDIÇÃO. NOMEAÇÃO DE CURADORES. CONJUGE. HAVENDO LITÍGIO
ENTRE O INTERDITANDO E AQUELE QUE A LEI ESTABELECE COMO POSSÍVEL CURADOR,
NÃO PODE SER OBEDECIDA A ORDEM LEGAL, POR EXIGÊNCIA NATURAL DAS COISAS.
ESTANDO A MULHER LITIGANDO COM O MARIDO EM AÇÃO DE DIVÓRCIO, NÃO DEVE SER
NOMEADA CURADORA PROVISÓRIA DELE. ART. 454 DO C. CIVIL (REsp 138.599/SP, Rel.
Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em 08/10/1997, DJ
10/11/1997, p. 57796).

Segundo o STJ, a constituição de nova família, incluindo o nascimento de


filho, não gera automática redução do quantum alimentar em sede de
revisional de alimentos, mas tão somente permite ao magistrado sopesar a
nova situação fática:
Direito civil e processual civil. Família. Alimentos. Recurso especial. Revisão de alimentos.
Pedido de redução. Elementos condicionantes. Mudança na situação financeira do
alimentante ou do alimentando. Princípio da proporcionalidade. Constituição de nova família
com nascimento de filho. Desinfluência. Embargos de declaração. Omissões. Novo
julgamento. Se não há prova do decréscimo das necessidades dos credores, ou do
depauperamento das condições econômicas do devedor, a constituição de nova família,
resultando ou não em nascimento de filho, não importa na redução da pensão alimentícia
prestada a filhos havidos da união anterior (REsp 1027930/RJ, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 16/03/2009).

As verbas alimentares devidas incluem parcela sobre o décimo terceiro


salário e o terço constitucional de férias:
DIREITO DE FAMÍLIA. ALIMENTOS. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. TERÇO CONSTITUCIONAL
DE FÉRIAS. INCIDÊNCIA. JULGAMENTO SOB A TÉCNICA DO ART. 543-C DO CPC.
Consolidação da jurisprudência desta Corte no sentido da incidência da pensão alimentícia
sobre o décimo terceiro salário e o terço constitucional de férias, também conhecidos,
respectivamente, por gratificação natalina e gratificação de férias (REsp 1106654/RJ, Rel.
Ministro PAULO FURTADO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/BA), SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 25/11/2009, DJe 16/12/2009).

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Se o acordo ou a decisão que arbitra alimentos é omisso(a) quanto às verbas


indenizatórias, entende-se que elas estão excluídas da base de cálculo
da verba alimentar:
Os alimentos incidem sobre verbas pagas em caráter habitual, aquelas incluídas
permanentemente no salário do empregado. A verba alimentar incide, portanto, sobre
vencimentos, salários ou proventos, valores auferidos pelo devedor no desempenho de sua
função ou de suas atividades empregatícias, decorrentes dos rendimentos ordinários do
devedor. As parcelas denominadas auxílio-acidente, cesta-alimentação e vale-alimentação,
que tem natureza indenizatória, estão excluídas do desconto para fins de pensão alimentícia
porquanto verbas transitórias (STJ - REsp: 1.159.408-PB, Relator: Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 07/11/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 25/11/2013).

No julgado abaixo, há duas teses fixadas pelo STJ. Primeiro, os alimentos


devidos a ex-cônjuge não estão limitados somente à prova da alteração
do binômio necessidade-possibilidade, devendo ser consideradas outras
circunstâncias, como a capacidade potencial do alimentado para o
trabalho e o tempo decorrido entre o início da prestação alimentícia e a
data do pedido de desoneração. Igualmente, a Corte reiterou o entendimento
firmado de que, em regra, a pensão deve ser fixada com termo certo,
assegurando ao beneficiário tempo hábil para que reingresse ou se
recoloque no mercado de trabalho, possibilitando-lhe a manutenção pelos
próprios meios. O pensionamento perene é excepcional, como de
incapacidade laboral permanente, saúde fragilizada ou impossibilidade prática de
inserção no mercado de trabalho:
CIVIL. FAMÍLIA. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. PENSÃO ALIMENTÍCIA. AÇÃO REVISIONAL
E EXONERATÓRIA DE ALIMENTOS. AFIRMADA OFENSA AO ART. 535 DO CPC.
INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO DE QUE A PENSÃO DEVIDA AOS FILHOS É EXCESSIVA E QUE
HOUVE MUDANÇA NA CAPACIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE. REVISÃO DO BINÔMIO
NECESSIDADE-POSSIBILIDADE. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7 DO STJ.
EXONERATÓRIA. PROCEDÊNCIA. EX-CÔNJUGE. CAPACIDADE LABORATIVA E APTIDÃO
PARA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO. RECURSO ESPECIAL. A jurisprudência desta
egrégia Corte Superior firmou a orientação de que a pensão entre ex-cônjuges não está
limitada somente à prova da alteração do binômio necessidade-possibilidade, devendo ser
consideradas outras circunstâncias, como a capacidade potencial do alimentado para o
trabalho e o tempo decorrido entre o início da prestação alimentícia e a data do pedido de
desoneração. Esta egrégia Corte Superior também tem entendimento de que, em regra, a
pensão deve ser fixada com termo certo, assegurando ao beneficiário tempo hábil para que
reingresse ou se recoloque no mercado de trabalho, possibilitando-lhe a manutenção pelos
próprios meios. O pensionamento só deve ser perene em situações excepcionais, como de
incapacidade laboral permanente, saúde fragilizada ou impossibilidade prática de inserção
no mercado de trabalho (REsp 1496948/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 12/03/2015).

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A demonstração de impossibilidade de pagamento dos alimentos


vencidos desautoriza a prisão civil do alimentante, mas não extingue a
execução de alimentos:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS E IMPOSSIBILIDADE DE EFETUAR
O PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES. Em execução de alimentos pelo rito do art. 733 do CPC,
o acolhimento da justificativa da impossibilidade de efetuar o pagamento das prestações
alimentícias executadas desautoriza a decretação da prisão do devedor, mas não acarreta
a extinção da execução. De fato, por força do art. 733 do CPC, institui-se meio executório
com a possibilidade de restrição da liberdade individual do devedor de alimentos, de caráter
excepcional. Não haverá, contudo, de se reconhecer, nesse âmbito, a exoneração ou a
revisão dos alimentos devidos, que deverão ser objeto de ação própria, pois, como visto, a
execução não se extingue, persistindo o crédito, podendo o credor, por outros meios, buscar
a satisfação da quantia devida. Precedente citado do STJ: HC 285.502-SC, Quarta Turma,
DJe 25/3/2014. Precedente citado do STF: HC 106.709-RS, Segunda Turma, DJe 15/9/2011
(REsp 1.185.040-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/10/2015, DJe
9/11/2015).

A responsabilidade alimentar é, em primeiro lugar, sempre do parente mais


próximo. Como, em geral, é o descendente quem requer alimentos, também
geralmente são os ascendentes diretos os que devem provê-los. Assim, filhos
requerem alimentos aos pais, tradicionalmente.
No entanto, por variadas razões, nem sempre os pais podem fazê-lo, pelo que
são chamados os outros ascendentes, os avós. Nascem aí os alimentos avoengos,
os devidos pelos avós.
A responsabilidade avoenga é, segundo a jurisprudência já antiga,
subsidiária e complementar. Ou seja, os pais continuam obrigados, no limite
de suas possibilidades, sendo que os avós contribuirão apenas caso aqueles não
possam e em complemento ao que os pais já prestam. A prestação de
alimentos pelos avôs, portanto, não afasta o dever de alimentar dos pais:
DIREITO CIVIL. INEXISTÊNCIA DE TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA DO DEVER DE
ALIMENTAR. O falecimento do pai do alimentando não implica a automática transmissão do
dever alimentar aos avós. É orientação do STJ que a responsabilidade dos avós de prestar
alimentos é subsidiária, e não sucessiva. Essa obrigação tem natureza complementar e
somente exsurge se ficar demonstrada a impossibilidade de os genitores proverem os
alimentos de seus filhos (REsp 1.415.753-MS, Terceira Turma, DJe 27/11/2015; e REsp
831.497-MG, Quarta Turma, DJe 11/2/2010). Assim, para intentar ação contra ascendente
de segundo grau, deve o alimentando demonstrar não somente a impossibilidade ou
insuficiência de cumprimento da obrigação pela mãe, como também pelo espólio do pai
falecido. REsp 1.249.133-SC, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. para acórdão Min. Raul
Araújo, julgado em 16/6/2016, DJe 2/8/2016.

A nova redação do art. 1.584 gerou grande controvérsia ao estabelecer que a


guarda compartilhada DEVE ser estabelecida. O que o STJ fez foi aclarar que,
fora das exceções previstas, não se pode olvidar de aplicar o dispositivo, ainda

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que um dos genitores seja terminantemente contra o compartilhamento da


guarda e mesmo que entre eles haja conflito.
O conflito dos adultos deve entre eles ser resolvido, e, inclusive, não pode o
genitor alienar parentalmente a criança. Se não se enquadrar o caso nas exceções
legais, a guarda compartilhada é regra:
GUARDA COMPARTILHADA. NÃO DECRETAÇÃO. POSSIBILIDADES. A guarda compartilhada
somente deixará de ser aplicada quando houver inaptidão de um dos ascendentes para o
exercício do poder familiar, fato que deverá ser declarado, prévia ou incidentalmente à ação
de guarda, por meio de decisão judicial (REsp 1.629.994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por
unanimidade, julgado em 6/12/2016, DJe 15/12/2016).

Os alimentos cessam, de um lado, porque cessou o poder familiar, como fica claro
da leitura do art. 1.630. Atingindo a maioridade, acabou. No entanto, os
alimentos não são devidos apenas em razão do poder familiar, como ocorre em
geral.
Eles podem decorrer da união conjugal (casamento ou união estável, tanto
heteroafetiva quanto homoafetiva), como esclarece o art. 1.694, bem como das
demais relações de parentesco, como se extrai da conjugação do art. 1.695 com
o art. 1.696. Assim, mesmo que maior, há o dever de prestar alimentos ao filho
com deficiência porque ele, como esclarece o art. 1.694, não pode os suprir de
maneira adequada.
Por isso, apesar de cessar o dever de alimentar em razão do fim do poder
familiar, com a maioridade, cria-se nova obrigação alimentar ao genitor,
agora em razão da relação de parentesco (paternidade-filiação). O STJ
ainda esclareceu que mesmo que o alimentando receba benefício de
prestação continuada por parte do Estado, se essa renda é insuficiente
para cobrir suas despesas, deve o genitor prestar alimentos para
suplementá-lo.
Seria curioso, inclusive, que se mantivesse meu dever de assistência ao filho com
deficiência se eu estivesse casado, mas ele fosse extinto com o divórcio ou o fim
da união estável. Bastaria que eu “largasse” de minha companheira/cônjuge para
que meu filho com deficiência ficasse sem recursos suficientes para se manter.
Não é aceitável, logicamente, esse raciocínio:
EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORIDADE CIVIL. DOENÇA MENTAL. RECEBIMENTO DE
BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. É presumida a necessidade de percepção de alimentos do
portador de doença mental incapacitante, devendo ser suprida nos mesmos moldes dos
alimentos prestados em razão do Poder Familiar, independentemente da maioridade civil do
alimentado (REsp 1.642.323-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
28/3/2017, DJe 30/3/2017).

No REsp 1.332.808/SC (Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,


julgado em 18/12/2014, DJe 24/02/2015), o STJ entendeu que a rubrica

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relativa à participação nos lucros e resultados integra a base de cálculo


dos alimentos, mas a relativa ao aviso prévio, por ter natureza
indenizatória, não a integra. Na ocasião, parte da Corte entendeu que os
descontos relativos à participação nos lucros e resultados depende de
comprovação de necessidade.
Em 2017, a discussão voltou à Terceira Turma e o entendimento da anterior
minoria prevaleceu. O STJ vem firmando nos últimos tempos jurisprudência a
respeito de quais verbas integram e quais não integram os alimentos devidos. Cá
estamos a falar das parcelas determinadas judicialmente, ou das que não
integraram eventual acordo. O que está acordado, acordado está. Ponto.
Como a Corte vem e posicionando? Ela estabeleceu um profícuo diálogo com o
Direito do Trabalho. A norma trabalhista e os precedentes do TST desdobram as
verbas recebidas pelo trabalhador em duas: verbas remuneratórias e verbas
indenizatórias.
O STJ, dialogando com essa distinção, estabelece, em linhas gerais, a
regra de as verbas remuneratórias integram os alimentos. Por isso, 13º
salário e terço de férias integram a base de cálculo dos alimentos; são
verbas remuneratórias. Mas as verbas indenizatórias não integram os
alimentos. Por isso, auxílio-combustível e verbas rescisórias lato sensu
não entram na conta.
Como a participação nos lucros e resultados é reputada indenizatória,
não integra, portanto, o cálculo dos alimentos ordinários. Podem, porém,
vir a compor? Sim, desde que as necessidades do alimentado não sejam
inicialmente satisfeitas ou sofrerem alterações supervenientes que justificam
a readequação do valor. Ou seja, apenas excepcionalmente integrarão,
exatamente do modo como propunham os “vencidos”, em 2015, no REsp
1.332.808.
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. INCLUSÃO DOS VALORES PERCEBIDOS
PELO DEVEDOR A TÍTULO DE PARTICIPAÇÃO EM LUCROS E RESULTADOS NOS ALIMENTOS
DEVIDOS À ALIMENTADA. IMPOSSIBILIDADE E DESNECESSIDADE. 2- O propósito recursal
é definir se deve ser incorporado à prestação alimentar devida à alimentada o valor
percebido pelo alimentante a título de participação nos lucros e resultados. 3- O
ordenamento jurídico reiteradamente desvincula a participação nos lucros e resultados da
empresa do salário ou da remuneração habitualmente recebida, tipificando-a como uma
bonificação de natureza indenizatória, eventual e dependente do desenvolvimento e do
sucesso profissional no cumprimento das metas estabelecidas. Inteligência do art. 7º, XI,
da Constituição Federal e do art. 3º da Lei nº 10.101/2000. Precedentes do Tribunal
Superior do Trabalho. 4- A percepção, pelo alimentante, de valores adicionais e eventuais
não impacta, em regra, na redefinição do valor dos alimentos a serem prestados,
ressalvadas as situações em que as necessidades do alimentado não foram inicialmente
satisfeitas ou sofreram alterações supervenientes que justificam a readequação do valor. 5-
Supridas as necessidades do alimentado pelo valor regularmente fixado, não há motivo para
que o aumento dos rendimentos do alimentante reflita-se imediata e diretamente no valor
destinado aos alimentos, sobretudo quando os acréscimos são eventuais e originados
exclusivamente do desenvolvimento e do cumprimento de metas profissionais (REsp

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1465679/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/11/2017,


DJe 17/11/2017)

Deve ser mantida a ordem de prisão civil dos avós, em razão de dívida de
natureza alimentar por eles contraída e que diz respeito às obrigações relativas
aos netos? Vale lembrar que a prestação de alimentos pelos avós possui natureza
complementar e subsidiária
Por isso, deve ser fixada, em regra, apenas quando os genitores estiverem
impossibilitados de prestá-los de forma suficiente. O fato de os avós assumirem
espontaneamente obrigações não significa que a execução na hipótese de
inadimplemento deverá, obrigatoriamente, seguir o mesmo rito e as mesmas
técnicas coercitivas que seriam observadas para a cobrança de dívida alimentar
devida pelos pais.
Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes para a
satisfação da dívida alimentar dos avós, é admissível a conversão da
execução para o rito da penhora e da expropriação. Assim, respeitam-se
os princípios da menor onerosidade e da máxima utilidade da execução:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL POR ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO
ALIMENTAR AVOENGA. CARÁTER COMPLEMENTAR E SUBSIDIÁRIO DA PRESTAÇÃO.
EXISTÊNCIA DE MEIOS EXECUTIVOS E TÉCNICAS COERCITIVAS MAIS ADEQUADAS.
INDICAÇÃO DE BEM IMÓVEL À PENHORA. OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA MENOR
ONEROSIDADE E DA MÁXIMA UTILIDADE DA EXECUÇÃO. DESNECESSIDADE DA MEDIDA
COATIVA EXTREMA NA HIPÓTESE (HC 416.886/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe 18/12/2017).

Pode a escola, no curso de execução extrajudicial baseada em contrato de


prestação de serviços firmados entre ela e uma criança, representada por sua
mãe, pedir o redirecionamento da pretensão em face do pai, diante da ausência
de bens penhoráveis? Segundo o STJ, sim.
Nos arts. 1.643 e 1644, o legislador reconheceu que, pelas obrigações contraídas
para a manutenção da economia doméstica, e, assim, notadamente, em proveito
da entidade familiar, o casal responde solidariamente, podendo-se postular a
excussão dos bens do legitimado ordinário e do coobrigado, extraordinariamente
legitimado. Os pais, detentores do poder familiar, têm o dever de garantir o
sustento e a educação dos filhos, compreendendo, aí, a manutenção do infante
em ensino regular, pelo que devem, solidariamente, responder pelas
mensalidades da escola em que matriculado o filho.
Assim, o genitor pode ser incluído na relação jurídica processual,
procedendo-se à prévia citação dele para pagamento do débito,
desenvolvendo-se, então, regularmente a ação executiva contra o
coobrigado:

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RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.


MENSALIDADES ESCOLARES. DÍVIDAS CONTRAÍDAS EM NOME DOS FILHOS DA
EXECUTADA. AUSÊNCIA DE BENS EM NOME DA MÃE PARA A SATISFAÇÃO DO DÉBITO.
PRETENSÃO DE INCLUSÃO DO PAI NA RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL. POSSIBILIDADE.
LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA DO RESPONSÁVEL SOLIDÁRIO PELO SUSTENTO E PELA
MANUTENÇÃO DO MENOR MATRICULADO EM ENSINO REGULAR. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. ATRAÇÃO DO ENUNCIADO 284/STF (REsp 1472316/SP, Rel. Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/12/2017, DJe
18/12/2017).

A participação de lucros, embora não habitual, integra a remuneração e reflete


na possibilidade de sustento familiar, não havendo falar em natureza
indenizatória, até porque não visa a ressarcir o empregado de algum dano, mas
se destina a incentivar a sua produtividade. Por isso, os valores recebidos a
título de participação em lucros e resultados integram a base de cálculo
dos alimentos estabelecidos em porcentagem fixa do salário líquido do
alimentante:
RECURSO ESPECIAL (art. 105, inc. III, "a", da CRFB/88) - AUTOS DE AGRAVO DE
INSTRUMENTO NA ORIGEM - AÇÃO DE OFERTA DE ALIMENTOS - PARTICIPAÇÃO NOS
LUCROS E RESULTADOS - INTEGRAÇÃO NA BASE DE CÁLCULO DA VERBA ALIMENTAR -
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL DECORRENTE DO CONTRATO DE TRABALHO, APTO AO
INCREMENTO DA POSSIBILIDADE DO ALIMENTANTE. INSURGÊNCIA DO AUTOR/DEVEDOR
(REsp 1561097/RJ, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TRF 5ª REGIÃO), Rel. p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
06/02/2018, DJe 02/03/2018).

É ou não admissível a fixação de alimentos em valores ou em percentuais


diferentes entre os filhos? Do princípio da igualdade entre os filhos, previsto no
art. 227, §6º, da Constituição Federal, deduz-se que não deverá haver, em regra,
diferença no valor ou no percentual dos alimentos destinados a prole.
No entanto, a igualdade entre os filhos não tem natureza absoluta e inflexível,
devendo, de acordo com a concepção aristotélica de isonomia e justiça, tratar-se
igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas
desigualdades. Por isso, é admissível a fixação de alimentos em valor ou
percentual distinto entre os filhos se demonstrada a existência de
necessidades diferenciadas entre eles ou, ainda, de capacidades
contributivas diferenciadas dos genitores:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE ALIMENTOS. DIFERENÇA DE VALOR OU DE
PERCENTUAL NA FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS ENTRE FILHOS. IMPOSSIBILIDADE, EM REGRA.
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA IGUALDADE ENTRE FILHOS, TODAVIA, QUE NÃO POSSUI
CARÁTER ABSOLUTO. POSSIBILIDADE DE EXCEPCIONAR A REGRA QUANDO HOUVER
NECESSIDADES DIFERENCIADAS ENTRE OS FILHOS OU CAPACIDADES DE
CONTRIBUIÇÕES DIFERENCIADAS DOS GENITORES. DEVER DE CONTRIBUIR PARA A
MANUTENÇÃO DOS FILHOS QUE ATINGE AMBOS OS CÔNJUGES. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. COGNIÇÃO DIFERENCIADA ENTRE PARADIGMA E HIPÓTESE.

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PREMISSAS FÁTICAS DISTINTAS (REsp 1624050/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,


TERCEIRA TURMA, julgado em 19/06/2018, DJe 22/06/2018).

Podem os pais serem chamados a prestar contas a respeito da administração dos


bens dos filhos? Em regra, não. Isso porque os pais, enquanto no exercício do
poder familiar, são usufrutuários dos bens dos filhos (usufruto legal), bem como
têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.
Por essa razão, em regra, não existe o dever de prestar contas acerca dos valores
recebidos pelos pais em nome do menor, durante o exercício do poder familiar,
porquanto há presunção de que as verbas recebidas tenham sido utilizadas para
a manutenção da comunidade familiar, abrangendo o custeio de moradia,
alimentação, saúde, vestuário, educação, entre outros. No entanto, o fato de os
pais serem usufrutuários e administradores dos bens dos filhos menores, em
razão do poder familiar, não lhes confere liberdade total para utilizar, como
quiserem, o patrimônio de seus filhos, o qual, a rigor, não lhes pertence.
Dessa forma, deve-se permitir, em caráter excepcional, o ajuizamento de
ação de prestação de contas pelo filho, sempre que a causa de pedir
estiver fundada na suspeita de abuso de direito no exercício desse poder.
Do contrário, se acabaria por cercear o direito do filho de questionar judicialmente
eventual abuso de direito de seus pais, no exercício dos encargos previstos no
art. 1.689 do CC/2002, contrariando a própria finalidade da norma em comento
(preservação dos interesses do menor):
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. DEMANDA AJUIZADA PELO FILHO
EM DESFAVOR DA MÃE, REFERENTE À ADMINISTRAÇÃO DE SEUS BENS, POR OCASIÃO DE
SUA MENORIDADE (CC, ART. 1.689, I E II). CAUSA DE PEDIR FUNDADA EM ABUSO DE
DIREITO. PEDIDO JURIDICAMENTE POSSÍVEL. CARÁTER EXCEPCIONAL. INVIABILIDADE DE
RESTRIÇÃO DO ACESSO AO JUDICIÁRIO. RECURSO DESPROVIDO (REsp 1623098/MG, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/03/2018, DJe
23/03/2018).

Jornadas de Direito Civil

Direito parental

Como acabei tratando de todos os Enunciados a respeito do Direito parental ao


longo da aula, não me parece adequado repeti-los aqui.

Direito assistencial

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O direito aos alimentos é um dos mais importantes de nosso sistema, pois serve
para garantir existência digna, englobando a alimentação, o vestuário, o lazer, a
educação etc. Como se sabe, atualmente, a única hipótese de prisão civil decorre
da dívida de natureza alimentar.
Contudo, embora admitida a coerção pessoal, muitas vezes os alimentandos
encontram dificuldades em receber o que lhes é de direito. Em algumas
oportunidades, o próprio devedor resiste de boa-fé, por não possuir os recursos
suficientes para adimplir a pensão.
Em tal contexto, uma alternativa viável seria a retirada dos valores
depositados na conta vinculada ao FGTS para a satisfação do crédito
alimentar. Muitos princípios poderiam ser invocados em prol dessa solução.
Inicialmente, ambas as partes terão a sua dignidade reconhecida, pois o credor
receberá a pensão, enquanto o devedor se livrará do risco de prisão civil. A menor
onerosidade da medida é nítida:
VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 572
Mediante ordem judicial, é admissível, para a satisfação do crédito alimentar atual, o
levantamento do saldo de conta vinculada ao FGTS.

Bateria de exercícios

Além das questões vistas ao longo da aula, agora você agora terá uma longa
lista de questões para treino. Eu as apresento assim: a. questões sem
comentários; b. gabaritos das questões; c. questões com comentários. Mesmo as
questões vistas na aula estarão nessa bateria, para que você faça o máximo de
exercícios que puder. Lembre-se de que as questões comentadas são parte
fundamental do seu aprendizado com nosso material eletrônico!
Se você quer testar seus conhecimentos, faça as questões sem os comentários,
anote os gabaritos e confira com o gabarito apresentado; nas que você não sabia
responder, chutou, ou ficou com dúvida, vá aos comentários. Se preferir, passe
diretamente às questões comentadas!

Questões sem comentários

Direito parental

1. 2018 – VUNESP – TJ/MT – Juiz Estadual Substituto

Direito Civil p/ Delegado de Polícia 2019 (Curso Regular)


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Maria é casada com José e mantinha um relacionamento extraconjugal com


João quando engravidou. Nasceu Caio, que foi registrado em nome de José
e era tido por este como filho. Entretanto, em razão de sua semelhança física
com João, este ajuizou um pedido de reconhecimento de paternidade, tendo
o teste de DNA comprovado o vínculo biológico. José ama seu filho e quer
manter-se como pai de Caio. Assinale a solução que deve ser adotada,
considerando o entendimento de Jurisprudência.
(A) Deverá prevalecer a paternidade socioafetiva, devendo continuar a
constar como pai de Caio, no registro de nascimento, somente José.
(B) O sistema jurídico somente admite a pluripaternidade como uma
situação provisória, devendo Caio, após a maioridade, escolher quem
continuará a constar do seu registro de nascimento como pai.
(C) Deverá prevalecer a paternidade biológica, devendo ser retirado o nome
de José do registro de nascimento, e ser inserido o nome de João.
(D) Poderá ser incluído o nome de João como pai no registro de nascimento,
mas sem os efeitos jurídicos decorrentes da paternidade, salvo o de permitir
o conhecimento, por parte de Caio, da sua origem genética, por ter
prevalência a paternidade socioafetiva de José.
(E) Deverá ser incluído o nome de João como pai no registro de nascimento,
para os efeitos jurídicos próprios, devendo, entretanto, ser mantido o nome
de José, em razão da paternidade socioafetiva deste.

2. 2018 – MP/PR – MP/PR – Promotor de Justiça Substituto


Perderá por ato judicial o poder familiar aquele que:
I - castigar imoderadamente o filho.
II - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
III - praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar
estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
IV - praticar contra filho, filha ou outro descendente, homicídio, feminicídio
ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar
de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar.
(A) Estão corretas apenas I e II.
(B) Estão corretas apenas III e IV.
(C) Estão corretas apenas I, II e IV.
(D) Estão corretas apenas II, III e IV.
(E) Todas estão corretas.

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3. 2018 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


O reconhecimento voluntário da paternidade ou da maternidade socioafetiva
(A) pode ser feita judicial ou extrajudicialmente e, neste caso, somente pode
ser feito unilateralmente e não poderá implicar no reconhecimento de mais
de dois pais ou de duas mães.
(B) pode ser feito judicial ou extrajudicialmente, unilateral ou bilateralmente,
sem qualquer restrição quanto ao número de pais ou de mães reconhecidos
no registro.
(C) se trata de processo de jurisdição necessária e, portanto, deve ser feito
por meio de ação de judicial de investigação de paternidade ou de ação de
adoção.
(D) pode ser feita judicial ou extrajudicialmente e, neste caso, pode ser feito
unilateral ou bilateralmente, desde que não implique no reconhecimento de
mais de dois pais ou de duas mães.
(E) uma vez realizado judicialmente por meio de devido processo legal, obsta
a discussão judicial a respeito da realidade biológica.

4. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


“No mundo contemporâneo (pós-moderno), a família perdeu o caráter
natural, assumindo nova feição, forjada, agora, em fenômenos culturais. A
famíl̀a de hóe representa um “fenômeno humano em que se funda a
sociedade, sendo impossível compreendê-la senão à luz da
interdisciplinaridade, máxime na sociedade contemporânea, marcada por
relações complexas, plurais, abertas, multifacetadas e (por que não?)
global̀zadas”.
A respeito do assunto objeto do texto precedente, julgue os itens que se
seguem, tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores.
A anulação de registro espontâneo de paternidade pelo pai socioafetivo é
admitida na hipótese de “adoção à bras̀lèra”, ànda que esta séa fonte de
vínculo socioafetivo entre as partes, haja vista tratar-se de negócio jurídico
fundamentado na mera liberalidade e realizado à margem do ordenamento
pátrio.

5. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


“No mundo contemporâneo (pós-moderno), a família perdeu o caráter
natural, assumindo nova feição, forjada, agora, em fenômenos culturais. A
famíl̀a de hóe representa um “fenômeno humano em que se funda a
sociedade, sendo impossível compreendê-la senão à luz da
interdisciplinaridade, máxime na sociedade contemporânea, marcada por

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relações complexas, plurais, abertas, multifacetadas e (por que não?)


global̀zadas”.
A respeito do assunto objeto do texto precedente, julgue os itens que se
seguem, tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores.
A existência de vínculo com o pai ou a não registral não impede que o filho
exerça o direito de busca da ancestralidade e da origem genética, dado que
o reconhecimento do estado de filiação configura direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível.

6. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Uma senhora procurou a DP para ajuizar ação de alimentos contra o pai de
seu filho menor de idade. Ela informou que o genitor não possuía bens em
seu nome, mas exercia atividade empresarial em sociedade com um amigo:
a venda de quentinhas. Apresentou cópia do contrato social, que, contudo,
não era inscrito no órgão de registro próprio.
Considerando essa situação hipotética e a necessidade de se obter o
pagamento da pensão, julgue os itens a seguir.
O contrato social apresentado, mesmo sem o registro no órgão competente,
servirá de prova da existência da sociedade, seja para a finalidade
pretendida na ação de alimentos; seja para eventual discussão entre os
sócios acerca da titularidade dos bens sociais.

7. 2016 – FAURGS – TJ/RS – Juiz Estadual Substituto


Assinale a alternativa correta de acordo com a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça pertinente ao direito de família.
A) O Código Civil de 2002 manteve, no ordenamento jurídico brasileiro, o
sistema em relação ao princípio da imutabilidade absoluta de regime de
bens.
B) A arguição do direito real de habitação, para fins exclusivamente
possessórios, depende de seu reconhecimento anterior em ação própria
declaratória de união estável.
C) A supressão do patronímico materno não é possível por ocasião do
casamento, mesmo quando preservados os interesses de terceiro e
demonstrado justo motivo.
D) A filiação socioativa, da qual a denominada adoção à brasileira
consubstancia espécie, detém integral respaldo do ordenamento jurídico
nacional.
E) A aplicação da guarda compartilhada, em razão de o divórcio usualmente
coincidir com o ápice do distanciamento do antigo casal e com a maior

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evidenciação das diferenças existentes, constitui medida excepcional,


inviável quando ausente o consenso.

8. 2016 – MPE/PR – MPE/PR – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa correta:
A) A guarda dos filhos será, sempre, compartilhada;
B) Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser
dividido de forma idêntica entre a mãe e com o pai;
C) Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos;
D) A guarda compartilhada dos filhos poderá ser requerida pelos pais em
consenso, mas não poderá ser decretada pelo juiz;
E) O direito de visita não pode se estender aos avós.

9. 2016 – MPE/GO – MPE/GO – Promotor de Justiça Substituto


A respeito da filiação e do reconhecimento de filhos, é incorreto afirmar:
A) No confronto entre a paternidade biológica, atestada em exame de DNA,
e a paterǹdade soc̀oafet̀va, decorrente da chamada “adoção à bras̀lèra”,
há de prevalecer a solução que melhor tutele a dignidade da pessoa humana.
B) O reconhecimento de filho é ato personalíssimo e, em se tratando de
reconhecimento de filho nascido fora do matrimônio, é imprescindível para
a validade do ato, o consentimento do cônjuge do reconhecente.
C) Como ninguém por vindicar estado contrário ao que resulta do registro
de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do ato, havendo um
registro anterior, a lavratura de novo assento é ineficaz, até que seja
desconstituído judicialmente o registro primitivo.
D) O ato de reconhecimento voluntário produz efeitos erga omnes, pode se
dar antes mesmo do nascimento do filho e, embora seja considerado
personalíssimo e unilateral, a eficácia do reconhecimento do filho maior e
capaz estará condicionada ao seu consentimento.

10. 2016 – MPE/SC – MPE/SC – Promotor de Justiça Substituto


A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar
os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos
genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou
prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que

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direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de


seus filhos.

11. 2016 – MPE/SC – MPE/SC – Promotor de Justiça Substituto


A sentença que julgar procedente a ação de investigação de paternidade
produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento, podendo o Juiz ordenar
que o filho se crie e eduque fora da companhia do progenitor que contestou
essa qualidade.

12. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


A respeito dos conceitos jurídicos de pai, padrasto e ascendente genético, é
correto afirmar que:
A) os conceitos de paternidade socioafetiva e padrasto são coincidentes e
impõem os mesmos direitos da filiação biológica, diante do princípio da
igualdade entre filhos.
B) o direito ao conhecimento da origem genética se traduz pela
imprescritibilidade do direito de buscar a investigação da paternidade e
postular o reconhecido jurídico da relação paterno-filial a qualquer tempo.
C) o padrasto tem mera relação de parentesco por afinidade com o afilhado,
cujo único efeito para o direito de família é a imposição de impedimento
matrimonial.
D) a paternidade socioafetiva deve, por lei, prevalecer sobre a paternidade
biológica, sobrepondo-se à realidade genética.
E) a lei reconhece expressamente o direito ao conhecimento da origem
genética para pessoas adotadas ou concebidas por meio de inseminação
artificial heteróloga.

13. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


Francisco, que acabou de completar quinze anos, vai à Defensoria Pública de
Ilhéus – BA em busca de orientação jurídica. Informa que recebeu um imóvel
como herança de seu avô. Explica que o bem está registrado em seu nome;
entretanto, a sua genitora alugou o imóvel para terceiro, recebe os valores
dos alugueres e não faz qualquer repasse ou presta contas do valor recebido.
Diante desta situação, a solução tecnicamente mais adequada a ser tomada
pelo Defensor é:
A) ajuizar ação possessória, postulando a reintegração na posse do imóvel,
e ação contra a genitora, visando à reparação dos danos sofridos por seu ato
ilícito.

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B) ajuizar ação visando à anulação do contrato de locação celebrado por


parte ilegítima para referido negócio jurídico, uma vez que não se trata de
proprietária do imóvel.
C) orientar Francisco que enquanto ele estiver sob o poder familiar de sua
genitora, ela poderá proceder de tal forma, pois não é obrigada a lhe
repassar o valor dos alugueres ou prestar contas do destino do dinheiro
recebido.
D) ajuizar ação de prestação de contas contra a genitora e, caso ela não
comprove que o dinheiro é revertido em favor de seu filho, cobrar o
recebimento do equivalente ao prejuízo experimentado.
E) notificar o inquilino para que os pagamentos passem a ser feitos
diretamente para o proprietário, sob pena de ajuizamento de ação de
despejo por falta de pagamento.

14. 2015 – FCC – TJ/AL – Juiz Estadual Substituto


Em ação de investigação de paternidade, recusando-se o suposto pai a
submeter-se a exame de DNA,
A) poderá ele aproveitar-se de sua recusa, porque haverá apenas presunção
relativa de paternidade.
B) não poderá aproveitar-se da recusa, mas não corre contra ele presunção
absoluta de paternidade.
C) não poderá ser suprida a prova que se pretendia obter com o exame.
D) corre contra ele presunção absoluta de paternidade.
E) não poderá ele produzir qualquer outra prova que infirme a paternidade.

15. 2015 – FCC – TJ/PE – Juiz Estadual Substituto


O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar,
A) são usufrutuários dos bens dos filhos e têm a administração dos bens dos
filhos menores sob sua autoridade.
B) não terão o usufruto nem a administração dos bens dos filhos menores,
salvo por decisão judicial, que dispensar a nomeação de um curador
C) só serão usufrutuários dos bens imóveis dos filhos depois do registro do
usufruto no Serviço de Registro de Imóveis, e, para administrar esses bens,
deverão prestar caução idônea, exceto se o juiz a dispensar.
D) têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade,
mas não são usufrutuários desses bens, porque as respectivas rendas devem
ser depositadas para entrega aos filhos quando se tornarem capazes

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E) são usufrutuários dos bens dos filhos, mas não têm a administração dos
bens destes, porque devem ser entregues à administração de um curador.

16. 2015 – CEFET – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA acerca das relações de parentesco e
adoção, segundo o Código Civil Brasileiro:
A) Os filhos, havidos ou não da relação de casamento ou por adoção, terão
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.
B) A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento no Registro Civil.
C) O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e
será feito no registro do nascimento, por escritura pública ou escrito
particular, a ser arquivado em cartório, por testamento, ainda que
incidentalmente manifestado, dentre outros.
D) Só a pessoa maior de 18 (dezoito) anos pode adotar.
E) A adoção dispensa processo judicial.

17. 2015 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Conforme entendimento do STJ, a paternidade socioafetiva deve prevalecer
em detrimento da biológica.

18. 2015 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


A presunção de paternidade:
A) da forma como prevista no Código Civil não tem mais nenhuma utilidade,
uma vez que diante de qualquer dúvida quanto à paternidade, o exame de
DNA permitirá o conhecimento da origem genética e, portanto, estabelecer
a paternidade, diante da prevalência de verdade biológica.
B) decorrente do uso de técnicas de reprodução assistida não foi prevista
pelo Código Civil de 2002.
C) decorrente do casamento é relativa (juris tantum), de modo que o marido
pode ilidir tal presunção caso a mulher confesse o adultério.
D) decorrente do casamento se estende até 300 dias após a dissolução da
sociedade conjugal, mas a lei não previu expressamente a mesma presunção
quanto à união estável, de modo que a aplicação ao companheiro somente
se alcança mediante analogia ou interpretação extensiva.
E) decorrente da fertilização heteróloga consentida, permite que o marido
ou o companheiro revogue a autorização, desde que antes do nascimento

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com vida e, após este, deverá impugnar a paternidade mediante ação


negatória fundamentada em exame de DNA negativo.

19. 2015 – FCC – MANAUSPREV/AM – Analista Previdenciário


A respeito das relações de parentesco, na forma disciplinada pela legislação
civil,
A) vínculo de afinidade aplica-se, apenas, à filiação por adoção.
B) reconhecimento de paternidade é irrevogável, salvo quando feito em
testamento.
C) filho maior pode ser reconhecido independentemente de seu
consentimento.
D) parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e descendentes.
E) parentesco é natural ou civil, sendo o primeiro resultante da
consanguinidade.

20. 2014 – FUNDEP – TJ/MG – Juiz Estadual Substituto


Quanto as relações de parentesco, assinale a alternativa CORRETA.
A) O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes
e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
B) São parentes em linha colateral as pessoas que estão umas para com as
outras na relação de ascendentes e descendentes.
C) Na linha reta, a afinidade se extingue com a dissolução do casamento ou
da união estável.
D) São parentes em linha transversal, até o sexto grau, as pessoas
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.

21. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


É CORRETO afirmar que:
A) A validade do negócio jurídico é sempre anulável por iniciativa das partes.
B) A representação legal resultante do poder familiar valida os atos de
disposição em nome do representado.
C) A renúncia da prescrição pode ser suprida pelo juiz, de ofício, quando
favorecer incapaz.
D) A impotência coeundi ou instrumental não é causa elisiva absoluta da
presunção de paternidade.

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22. 2014 – PGE – PGE/MS – Procurador do Estado


Analise as afirmações a seguir, acerca das relações de parentesco:
I – Em que pese o legislador civil não a ter disciplinado expressamente,
admite-se a parentalidade socioafetiva como modalidade de parentesco.
II – A parentalidade socioafetiva é situação excepcional, eis que a filiação,
nos termos da legislação civil, é consequência exclusiva de relação biológica
entre pais e filhos ou de adoção regular.
III – A parentalidade socioafetiva deve ser preservada, sendo insuficiente a
ausência de parentesco biológico para a declaração de nulidade de assento
de nascimento.
É correto afirmar que:
A) I, II e III são falsas.
B) Apenas II é falsa.
C) Apenas I é verdadeira.
D) I, II e III são verdadeiras.
E) Apenas I e II são falsas

23. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Dentre as situações abaixo, assinale aquela que NÃO extingue o poder
familiar.
A) Morte dos pais.
B) Emancipação.
C) Adoção.
D) Morte do filho.
E) Deserção.

24. 2012 – FCC – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Sobre o Direito de Família, é correto afirmar:
A) Provado o adultério, fato confessado pela esposa, resta ilidida a presunção
de paternidade com relação à criança nascida cem dias após a dissolução da
sociedade conjugal.
B) Filho advindo de relação extraconjugal somente pode ser reconhecido pelo
pai em conjunto com a mãe.

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C) É ineficaz a condição aposta ao ato de reconhecimento do filho, sendo


admitida a previsão de termo, uma vez que este trata de evento de
ocorrência certa.
D) A dívida contraída pela esposa para aquisição de bens necessários à
economia doméstica obriga solidariamente o marido, ainda que este não
tenha autorizado a contratação.
E) Nos termos da lei civil, o adotado está impedido de casar com a filha
biológica do adotante, não havendo impedimento para o reconhecimento da
união estável entre os mesmos.

25. 2012 – FCC – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Sobre o Direito de Família é correto afirmar:
A) Adolescente de 17 anos, que mantém relação estável com pessoa
absolutamente capaz, procura a Defensoria Pública para que haja a
supressão judicial da autorização negada pelos seus genitores para a
realização do casamento, hipótese na qual será imposto aos nubentes o
regime da separação de bens.
B) O marido não possui direito potestativo ao divórcio, eis que este instituto
depende do implemento de requisito temporal.
C) A paternidade socioafetiva deve ceder à paternidade genética, quando
esta restar provada.
D) A emancipação legal não extingue o poder familiar exercido pelos pais,
uma vez que não se trata de hipótese concedida voluntariamente,
permanecendo os genitores responsáveis pelos atos ilícitos praticados pelo
emancipado até a maioridade.
E) Irmãos são considerados parentes em linha reta.

26. 2011 – FCC – PGE/MT – Procurador do Estado


A respeito da paternidade, é correto afirmar que
A) o adultério da mulher, se confessado, ilide a presunção de paternidade
decorrente do casamento.
B) o reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável,
exceto se feito em escrito particular.
C) são consideradas inválidas e, portanto, inexistentes a condição e o termo
opostos ao ato de reconhecimento do filho.
D) a fliliação materna ou paterna pode resultar de casamento, exceto se este
for declarado nulo em virtude de má-fé de ambos os cônjuges.

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E) a prova da impotência do cônjuge para gerar, à época do nascimento,


não ilide a presunção de paternidade.

27. 2011 – Instituto Cidades – DPE/AM – Defensor Público


Estadual
A regulamentação da guarda dos filhos de pais separados no direito brasileiro
vem sofrendo alterações desde Lei do Divórcio (Lei 6.515/77), procurando
atender à orientação constitucional de prevalência do interesse e de ampla
proteção à criança e ao adolescente. Assim, o ordenamento jurídico
brasileiro prevê:
A) a guarda unilateral, atribuída a um só dos genitores, não se admitindo a
sua substituição por outra pessoa, na qual a responsabilização é conjunta
dos pais que não vivem sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
dos filhos comuns.
B) a guarda compartilhada, em que há responsabilização individual e
intercalada e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam
sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
C) a guarda unilateral, atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o
substitua; e a guarda compartilhada, aquela em que há responsabilização
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam
sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
D) a guarda unilateral, atribuída a ambos os genitores, a cada um
individualmente e ao seu tempo; e a guarda compartilhada, aquela cuja
responsabilização é conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da
mãe, desde que vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
dos filhos comuns.
E) a guarda unilateral, atribuída aos dois genitores, um em substituição ao
outro, desde que a prole more com ambos simultaneamente; e a guarda
compartilhada, aquela em que há responsabilização simultânea e o exercício
de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto,
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.

28. 2009 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


A respeito da paternidade, é correto afirmar:
A) A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época do nascimento,
ilide a presunção da paternidade.
B) O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento pode ser feito por
escrito particular, a ser arquivado em cartório.

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C) Se a esposa confessar o adultério, isso basta para ilidir a presunção de


paternidade.
D) O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior
ao seu falecimento, exceto se ele deixar descendentes.
E) O filho maior pode ser reconhecido mesmo sem o seu consentimento,
cabendo-lhe tão-somente o direito de contestar se o reconhecimento for em
juízo ou de ingressar com ação denegatória, a passo que o menor pode
impugnar o reconhecimento, nos dois anos que se seguirem à maioridade,
ou à emancipação.

Direito assistencial

29. 2018 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Uma pessoa de idade avançada e viúva, que não possui bens, nem mais
podendo prover, pelo seu trabalho, a própria mantença, tem como únicos
parentes um primo e um sobrinho neto, ambos em excelentes condições
financeiras. Nesse caso, necessitando alimentos,
(A) tem direito de exigi-los de ambos, que os devem solidariamente.
(B) só poderá exigi-los do primo, que e parente sucessível mais próximo.
(C) tem direito de exigi-los de ambos, que deverão concorrer de acordo com
as suas possibilidades e segundo as necessidades do alimentando.
(D) não tem direito de exigi-los de qualquer deles.

30. 2018 – CONSULPLAN – TJ/MG – Juiz Estadual Substituto


Quanto ao direito de família, analise as afirmativas a seguir.
I. A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência e
não implica ausência do pagamento de pensão alimentícia.
II. Qualquer descendente possui legitimidade, por direito próprio, para
propor o reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós ou de
qualquer ascendente de grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a
ação de prova da filiação em vida.
III. A obrigação alimentar dos avós tem natureza subsidiária, somente se
configurando no caso de impossibilidade total de seu cumprimento pelos
pais.
IV. O cancelamento do pagamento de pensão alimentícia a filho que atingiu
a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda
que nos próprios autos.

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Estão corretas as afirmativas


A) I, II, III e IV.
B) I, II e III, apenas.
C) I, II e IV, apenas.
D) II, III e IV, apenas.

31. 2018 – MP/PR – MP/PR – Promotor de Justiça Substituto


Sobre tomada de decisão apoiada, assinale a alternativa incorreta:
(A) Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o
juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público,
ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.
(B) A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre
terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio
acordado.
(C) Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode
solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo,
especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado.
(D) Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante,
se houver divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos
apoiadores, prevalecerá a opinião do apoiador.
(E) O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do
processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento
condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria

32. 2018 – CESPE – DPE/PE – Defensor Público Estadual


À luz da legislação vigente e do entendimento dos tribunais superiores acerca
de alimentos, assinale a opção correta.
(A) O Ministério Público não tem legitimidade ativa para ajuizar ação de
alimentos em proveito de crianças ou adolescentes: o ajuizamento dessa
ação compete à Defensoria Pública ou ao advogado particular.
(B) A obrigação de prestar alimentos não se transmite aos herdeiros,
cessando o dever com a morte do alimentante.
(C) O novo casamento do cônjuge devedor extingue a obrigação de prestar
alimentos constante da sentença de divórcio.
(D) Se o cônjuge credor contrair nova união estável, cessa o dever de prestar
alimentos ao cônjuge devedor.

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(E) Julgada procedente a ação de investigação de paternidade, os alimentos


são devidos desde a data da propositura da ação.

33. 2018 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


Os alimentos gravídicos
(A) dependem de prova da paternidade para a aferição da legitimidade
passiva do devedor dos alimentos.
(B) devem ser automaticamente convertidos em pensão alimentícia em favor
do recém-nascido, independentemente de pedido expresso ou de
pronunciamento judicial.
(C) por se tratar de alimentos deferidos com base em juízo de probabilidade,
não autorizam a prisão civil do devedor.
(D) deve ser fixado diante de mero indício de gravidez.
(E) geram efeitos imediatamente a partir da data em que foram fixados.

34. 2017 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A favor do idoso, a prestação alimentar, na forma de lei civil, e
(A) devida pelos descendentes, ascendentes, cônjuge e colaterais ate o
quarto grau, nesta ordem.
(B) devida pelos filhos, não podendo o idoso demandar um deles excluindo
os demais, que tiverem condições financeiras.
(C) devida apenas pelos filhos ou pelo cônjuge, excluindo-se os colaterais de
qualquer grau.
(D) devida pelos filhos, exceto se provado abandono afetivo deles na
infância.
(E) solidária, podendo ele optar entre os prestadores.

35. 2017 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A curatela
(A) do pródigo priva-o, apenas, de, sem curador, transigir, dar quitação ou
alienar bens móveis ou imóveis.
(B) de pessoa com deficiência e medida protetiva extraordinária e definitiva.
(C) da pessoa com deficiência não poderá ser compartilhada a mais de uma
pessoa, porque não se confunde com a tomada de decisão apoiada.

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(D) de pessoa com deficiência afetara tão-somente os atos relacionados aos


direitos de natureza patrimonial e negocial, não alcançando o direito ao
trabalho, nem ao voto.
(E) do pródigo priva-o do matrimônio ou de novo matrimônio sob o regime
de ccomunhão universal ou parcial de bens, e de, sem curador, alienar bens
imóveis, hipoteca-los e demandar ou ser demandado sobre esses bens.

36. 2017 – VUNESP – MP/SP – Promotor de Justiça Substituto


Com relação à capacidade para o exercício da tutela, a legislação civil
brasileira estabelece que não poderão ser tutoras, ou serão da tutela
exoneradas, algumas pessoas que estejam ou que venham a estar em
determinadas situações consideradas impeditivas para o exercício de tal
atribuição. Para qual grupo de pessoas a seguir haveria a possibilidade de
exercício de tutela?
(A) Pessoas que não sejam probas.
(B) Pessoas exercendo função pública incompatível com a administração da
tutela.
(C) Pessoas que não tenham a livre administração de seus bens.
(D) Pessoas sob investigação em inquérito policial.
(E) Pessoas que estejam constituídas em obrigação para com o menor

37. 2017 – FUNDEP – MPE/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa CORRETA:
A) Em caso de necessidade, a pessoa capaz, com deficiência, pode sujeitar-
se à curatela relativamente aos atos patrimoniais e negociais.
B) A prestação de contas das fundações ao Ministério Público poderá ser
suprida pelo juiz, a requerimento do interessado.
C) A confissão feita pelo representante obriga necessariamente o
representado.
D) A contestação da paternidade fundada em erro é privativa do pai registral.

38. 2017 – FUNDEP – MPE/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA:
A) O jus in re (direito real) é o poder direto do titular sobre a coisa.
B) A socioafetividade é atributo do parentesco de outra origem.

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C) Na indenização por ofensa à liberdade pessoal, não havendo


involuntariamente prova material do prejuízo, o juiz fixará equitativamente
o valor da reparação segundo as circunstâncias do caso.
D) Em qualquer caso, a quantificação dos alimentos advindos do parentesco
por adoção se vincula apenas àqueles indispensáveis à subsistência do
beneficiário.

39. 2017 – MPE/RS – MPE/RS – Promotor de Justiça


Assinale a alternativa INCORRETA quanto à obrigação alimentar.
A) Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são
devidos a partir da citação, isso se os alimentos não forem fixados
provisoriamente, por meio de tutela antecipada ou em cautelar de alimentos
provisionais.
B) Se o alimentando for absolutamente incapaz, contra ele não corre a
prescrição. Os alimentos fixados na sentença e vencidos só terão a
prescrição iniciada quando o alimentando se tornar relativamente capaz.
Todavia, sendo o pai ou a mãe os devedores dos alimentos, a prescrição, de
dois anos, só se inicia quando o menor se tornar capaz, salvo se emancipado.
C) Paulo, com 52 anos de idade e necessitando de alimentos para viver,
ingressou em juízo buscando alimentos de seus irmãos Maria e Sérgio. Não
demandou contra seu outro irmão Marcos. Todavia, a cota de Marcos deve
ser distribuída entre os outros dois irmãos. A cota de Sérgio pode ser
superior à de Maria, se este dispuser de melhores condições econômicas
para suportá-la.
D) Considerando as modalidades de alimentos, cabe ser dito que nem todas
ensejam a prisão civil, todavia, somente as três últimas prestações
inadimplidas antes da execução e as que por ventura venham a vencer
ensejam a decretação de prisão do devedor de alimentos.
E) A cessação da obrigação alimentar no procedimento indigno do credor
não se limita unicamente às relações entre cônjuges e companheiros.

40. 2016 – VUNESP – TJ/RJ – Juiz Estadual Substituto


Mark e Christina divorciaram-se consensualmente, estabelecendo a guarda
unilateral para a mãe do único filho, Piero, em razão de sua tenra idade (3
anos). Estabeleceram, ainda, que o pai pagaria R$ 2.000,00 por mês a título
de alimentos. Mark, aproveitando-se da boa situação financeira da ex-
cônjuge, jamais pagou os alimentos ajustados, mas cumpria os demais
deveres decorrentes da paternidade. Quando Piero completou 18 anos,
ajuizou execução de alimentos em face de Mark.

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Nesse cenário, é correto afirmar que


A) Piero poderá executar apenas os últimos 2 anos das prestações
alimentares.
B) Piero poderá executar apenas os últimos 5 anos das prestações
alimentares.
C) estão prescritas as prestações alimentares, ressalvada a possibilidade de
Piero pleitear perdas e danos de sua mãe, que detinha sua guarda e
manteve-se inerte no período.
D) a inércia durante o longo período acarretou na exoneração de Mark,
ressalvada a possibilidade de Piero ajuizar ação para constituir nova
obrigação alimentar.
E) Piero poderá executar as prestações alimentares devidas desde quando
tinha 3 anos de idade.

41. 2016 – CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito Substituto


Com fundamento na jurisprudência do STJ, assinale a opção correta acerca
do direito de família.
A) O contrato de união estável pode ter efeitos retroativos, se os conviventes
que o assinam tiverem o objetivo de eleger o regime de bens aplicável ao
período de convivência anterior a sua assinatura.
B) Em regra, a pensão alimentícia devida a ex-cônjuge deve ser fixada por
tempo indeterminado.
C) Nas ações de interdição não ajuizadas pelo MP, a função de defensor do
interditando deve ser exercida pelo próprio parquet, o que dispensa a
nomeação de curador à lide.
D) Desde que não haja disposição transacional nem decisão judicial em
sentido contrário, o aviso prévio deve integrar a base de cálculo da pensão
alimentícia.
E) As verbas indenizatórias, auxílio-acidente, vale-cesta e vale-alimentação,
integram a base de cálculo para fins de desconto de pensão alimentícia.

42. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


A respeito dos alimentos, é correto afirmar que:
A) por expressa disposição de lei, somente incidem sobre a gratificação
natalina e o terço de férias se constar expressamente no título que estipulou
o direito aos alimentos.

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B) diante do inadimplemento do pai, a obrigação é transmitida


imediatamente aos avós.
C) cessam automaticamente com a maioridade do alimentando, salvo
determinação judicial expressa em sentido contrário.
D) cessam com o casamento ou a união estável do credor, assim como no
caso de o credor portar-se de maneira indigna contra o alimentante.
E) a prova do desemprego do devedor de alimentos é suficiente para afastar
possibilidade de prisão civil.

43. 2016 – FCC – DPE/ES – Defensor Público Estadual


Os alimentos gravídicos serão fixados pelo juiz,
A) só excepcionalmente, se convencido da existência de indícios da
paternidade, após justificação judicial prévia e compreenderão os valores
suficientes para cobrir as despesas alimentícias da gestante, excluída a
assistência médica, que deverá ser oferecida pelo poder público, perdurando
até o nascimento da criança, que, nascendo com vida, deverá propor ação
de alimentos, os quais serão estabelecidos na proporção de suas
necessidades e das possibilidades do alimentante.
(B) desde que a mulher grávida firme declaração de que o réu é o pai, e
compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período da gravidez, perdurando até o nascimento da criança, e após o
nascimento com vida ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do
menor, até que uma das partes solicite sua revisão.
(C) apenas se houver presunção de paternidade e compreenderão os valores
suficientes para cobrir as despesas adicionais do período da gravidez,
perdurando até o nascimento da criança, e após o nascimento com vida
ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor, até que uma
das partes solicite sua revisão.
(D) se convencido da existência de indícios da paternidade, compreendendo
os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período da
gravidez, perdurando até o nascimento da criança, e após o nascimento com
vida ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor, até que
uma das partes solicite sua revisão.
(E) somente se provado o casamento do réu com a gestante e
compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período da gravidez, inclusive a alimentação especial, assistência médica e
psicológica à gestante, perdurando até o nascimento da criança, e após o
nascimento com vida ficam convertidos em pensão alimentícia, observando-
se as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante.

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44. 2016 – FCC – DPE/ES – Defensor Público Estadual


Constitui violência obstétrica, por si só,
(A) autorização para que acompanhante da parturiente permaneça em
enfermarias coletivas causando constrangimento aos demais pacientes.
(B) informar a parturiente sobre os riscos da gravidez, mesmo ciente de que
a notícia possa lhe causar sofrimento.
(C) disponibilizar métodos não farmacológicos de interrupção da dor,
detendo conhecimento sobre medicação que faça cessar imediatamente o
sofrimento da parturiente.
(D) prática de cesariana.
(E) retenção da paciente no hospital até que salde dívida decorrente do
parto.

45. 2015 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Acerca dos alimentos, é correto afirmar que
A) considerando que se extingue o poder familiar pela maioridade (art. 1.635
do Código Civil), cessa desde logo o dever de prestar alimentos, dispensada
decisão judicial a esse respeito.
B) a obrigação alimentar dos ascendentes é subsidiária à obrigação alimentar
entre irmãos, germanos ou unilaterais.
C) o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as prestações que se vencerem no curso do processo.
D) se o cônjuge declarado culpado pela separação judicial vier a necessitar
de alimentos e não tiver aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegurá-los, desde que inexistam parentes na condição de
prestá-los, limitados ao quantum indispensável à sobrevivência.

46. 2015 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Acerca dos alimentos, e correto afirmar que
A) considerando que se extingue o poder familiar pela maioridade (art. 1.635
do Codigo Civil), cessa desde logo o dever de prestar alimentos, dispensada
decisao judicial a esse respeito.
B) a obrigacao alimentar dos ascendentes e subsidiaria a obrigacao alimentar
entre irmaos, germanos ou unilaterais.
C) o debito alimentar que autoriza a prisao civil do alimentante e o que
compreende as prestacoes que se vencerem no curso do processo.

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D) se o conjuge declarado culpado pela separacao judicial vier a necessitar


de alimentos e nao tiver aptidao para o trabalho, o outro conjuge sera
obrigado a assegura-los, desde que inexistam parentes na condicao de
presta-los, limitados ao quantum indispensavel a sobrevivencia.

47. 2015 – FCC – TJ/PE – Juiz Estadual Substituto


Sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos,
A) todas devem concorrer igualmente, e sendo intentada ação contra uma
delas, poderão ser chamadas as demais a integrar a lide.
B) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos e deverão
ser demandadas em litisconsórcio passivo necessário.
C) nenhuma delas poderá ser demandada, enquanto o juiz não deliberar
quem deverá prestá-los.
D) todas são devedoras solidárias, podendo o credor de alimentos demandar
qualquer delas para haver o de que necessita para sua sobrevivência.
E) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,
intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a
integrar a lide.

48. 2015 – FCC – TJ/RR – Juiz Estadual Substituto


O direito a alimentos que têm os filhos é
A) renunciável, se tiverem, comprovadamente, recursos financeiros
decorrentes de sucessão hereditária.
B) irrenunciável, embora possam não exercê-lo, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
C) irrenunciável, mas pode ser objeto de cessão, para atender a obrigações
assumidas com sua educação ou tratamento de saúde.
D) renunciável, quando se tornarem relativamente incapazes, porque a
partir dos dezesseis anos lhes é permitido o exercício de trabalho ou
profissão.
E) irrenunciável e o respectivo crédito insuscetível de cessão, embora possa
ser compensado com suas dívidas ao alimentante.

49. 2015 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Sobre as pessoas obrigadas a prestar alimentos, é correto afirmar que:

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A) o alimentando poderá escolher livremente o parente que deverá prover o


seu sustento.
B) somente pessoas que procedem do mesmo tronco ancestral devem
alimentos, incluindo- se os afins.
C) na falta dos ascendentes, a obrigação alimentícia cabe aos descendentes,
guardada a ordem de sucessão e, na falta destes, aos irmãos, assim
germanos como unilaterais.
D) os tios poderão ser convocados a suprir alimentos em ação proposta pela
sobrinha que deles necessitar.
E) os pais consanguíneos do adotado são obrigados a prestar-lhe alimentos,
se o adotante não tiver recursos suficientes para tanto.

50. 2015 – CEFET – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA sobre alimentos e poder familiar, segundo
o Código Civil Brasileiro:
A) Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a
qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
B) O Ministério Público pode intervir adotando medida que lhe pareça
reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o
poder familiar, quando convenha, se o pai ou a mãe abusar de sua
autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos
filhos.
C) O poder familiar pode ser perdido judicialmente se o pai ou a mãe castigar
imoderadamente o filho ou deixá-lo em abandono, dentre outras hipóteses.
D) Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante, independentemente dos recursos da pessoa obrigada.
E) Na falta dos ascendentes cabe obrigação aos descendentes, guardada a
ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como
unilaterais.

51. 2015 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


João Roberto, que completou 18 anos no dia 1º de julho de 2015, comparece
à Defensoria Pública na data de hoje (23/08/2015), com uma sentença que
condenou o seu pai a pagar alimentos no valor de um salário mínimo ao
mês, desde a citação, ocorrida em 1º de julho de 1999. Os documentos
apresentados pelo jovem revelam que o alimentante nunca pagou qualquer
valor a título de alimentos, desde que foram fixados até a presente data,
razão pela qual João Roberto deseja que seu pai pague todas as prestações,
sob pena de prisão. João nunca foi emancipado e também não houve causa

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extintiva do poder familiar antes do atingimento da maioridade. Diante deste


pedido do autor e considerando as informações constantes da narrativa
acima, o defensor deverá:
A) ajuizar uma ação de execução de alimentos cobrando os últimos dois
últimos anos, únicas parcelas que não foram atingidas pela prescrição bienal,
além de ajuizar ação revisional de alimentos, para comprovar que, apesar
de atingida a maioridade, João ainda tem necessita dos alimentos.
B) informar João Roberto que não mais é possível a cobrança dos alimentos,
uma vez que após atingida a maioridade, ocorre a exoneração do encargo
alimentar e, além disso, embora o direito aos alimentos seja imprescritível,
a cobrança das parcelas já prescreve no prazo de dois anos a partir do
momento em que João Roberto atingiu os 16 anos e, portanto, passou a ser
relativamente incapaz.
C) ajuizar duas ações de execução de alimentos: uma cobrando as três
últimas parcelas vencidas e as que se vencerem no curso do processo, sob
pena de prisão, e a outra cobrando as demais parcelas desde o mês de julho
de 1999, requerendo que o alimentante faça o pagamento das parcelas
vencidas, sob pena de penhora.
D) ajuizar uma única ação de execução de alimentos, pedindo que o
alimentante pague todas as prestações desde o mês de julho de 1999, sob
pena de prisão civil, diante do caráter da imprescritibilidade dos alimentos.
E) ajuizar duas ações de execução de alimentos, cobrando as três últimas
parcelas vencidas e as que se vencerem no curso do processo, sob pena de
prisão, e a outra cobrando as demais parcelas, mas somente as que não
estejam prescritas, respeitado o prazo prescricional de 02 anos em relação
às parcelas vencidas.

52. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa CORRETA:
A) A fundação pode, excepcionalmente, ter fins econômicos desde que
instituída por escritura pública ou testamento.
B) O domicílio da pessoa natural que não tenha residência habitual é o lugar
onde for encontrada.
C) O sobrinho, com fundamento no parentesco consanguíneo, pode exigir
alimentos do tio, que serão fixados para o atendimento apenas das
necessidades essenciais.
D) É absoluta a presunção que supre a prova objetivada com a perícia
médica recusada.

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53. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA:
A) A fiel observância da sistemática imposta pelo art. 50 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, somente se deferindo a adoção a pessoas
previamente cadastradas e habilitadas, pode ser relativizada
excepcionalmente.
B) A família natural é a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes.
C) Nos termos do Código Civil de 2002, a união estável se equipara ao
casamento para o efeito de cessação da incapacidade para os menores.
D) A separação de fato cessa o regime de bens entre os cônjuges.

54. 2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Assinale a alternativa correta acerca do Direito de Família.
A) O Código Civil de 2002 afastou a imutabilidade absoluta do regime de
bens, permitindo-se a sua alteração mediante autorização judicial, em
pedido motivado, por iniciativa de um ou de ambos os cônjuges.
B) Após a inovação introduzida pela Emenda Constitucional nº 66/2010, não
mais subsiste qualquer causa, justificativa ou prazo para o divórcio, que pode
ser, a qualquer tempo, pedido judicialmente ou celebrado consensual e
extrajudicialmente mediante escritura pública, nos termos legais, sendo
imprescindível a assistência de advogado ou Defensor Público.
C) A lei civil, além de definir o que é guarda compartilhada e guarda
unilateral, dá preferência a esta última, que será aplicada pelo juiz, em favor
da mãe, quando não houver acordo entre os pais quanto à guarda do filho.
D) O dever de prestar alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo
a todos os ascendentes, com preferência aos mais próximos em grau. Na
falta destes, a obrigação cabe aos descendentes, guardada a ordem de
sucessão, não havendo previsão legal para a imposição desta obrigação aos
colaterais, em qualquer grau.
E) A prática de atos de alienação parental ou de qualquer conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor pode dar
ensejo à aplicação de sanções pelo juiz, previstas na Lei nº 12.318/2010,
das quais são exemplos a advertência e multa ao alienador, a alteração da
guarda para guarda compartilhada ou a sua inversão, a suspensão da
autoridade parental e a perda do poder familiar.

55. 2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual

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A respeito do Direito de Família, é correto afirmar:


A) Coexistem na legislação civil, atualmente, duas espécies de bem de
família: o voluntário, decorrente da vontade dos cônjuges, companheiros ou
terceiro, regulamentado pelo Código Civil; e o involuntário ou obrigatório,
regulamentado na Lei nº 8.009/90. Em ambos os casos, a impenhorabilidade
incide sobre o imóvel que serve de moradia ao casal ou à entidade familiar
e todas as suas construções, benfeitorias, equipamentos e móveis, e é
oponível em qualquer processo de execução, independentemente da
natureza da dívida, sem exceções.
B) A lei civil veda a constituição da união estável se presente alguma causa
de impedimento matrimonial. Por esse motivo, a pessoa casada, mesmo
separada de fato, não pode constituir união estável com outra.
C) Julgada procedente a ação de interdição de ébrio habitual ou de pessoa
viciada em tóxicos, o juiz nomear-lhe-á curador, que passará a representá-
lo durante a prática de todos os atos da vida civil, inexistindo previsão legal
para a fixação de limites da curatela de acordo com o estado de
desenvolvimento mental do incapaz.
D) O tutor pode proceder à venda de bem imóvel do tutelado, desde que
haja manifesta vantagem ao menor, mediante prévia avaliação judicial e
aprovação do juiz, não sendo necessária, entretanto, a autorização judicial,
prévia ou ulterior, quando se tratar de permuta de imóveis de mesmo valor.
E) Não havendo, entre os companheiros, contrato escrito estabelecendo
regra diversa, aplica-se às relações patrimoniais da união estável o regime
da comunhão parcial de bens, razão pela qual continuam sendo considerados
bens particulares de cada qual os adquiridos anteriormente ao início da união
e os sub-rogados em seu lugar, bem como os adquiridos durante a
convivência a título gratuito, por doação ou herança.

56. 2014 – FCC – DPE/PB – Defensor Público Estadual


Silvana tem 04 filhos, Rafael, Joaquim, Manoel e Serafim. Em grave situação
financeira, sem saúde para trabalhar e já não possuindo mais ascendentes,
pediu que seus filhos a auxiliassem a se manter. No entanto, seus filhos se
negaram, afirmando tratar-se de pessoa maior de idade e casada em
segundas núpcias com Gabriel, que vive em situação semelhante à dela. Não
se conformando, Silvana ajuizou ação contra o filho mais velho, Rafael, que:
A) é obrigado a pagar alimentos a Silvana, solidariamente com Joaquim,
Manoel e Serafim, os quais não poderão ser chamados a integrar a lide, mas
responderão em ação de regresso caso Rafael arque com a totalidade da
obrigação.
B) somente será obrigado a pagar alimentos a Silvana se Joaquim, Manoel
e Serafim também o fizerem.

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C) é obrigado a pagar alimentos a Silvana, na proporção de seus respectivos


recursos, podendo chamar Joaquim, Manoel e Serafim a integrar a lide.
D) não é obrigado a pagar alimentos a Silvana, pois o casamento extingue
o dever de alimentar.
E) é obrigado a pagar alimentos a Silvana, mesmo que seja privado do
necessário a seu sustento, podendo postular perdas e danos contra Joaquim,
Manoel e Serafim.

57. 2014 – FCC – DPE/RS – Defensor Público Estadual


Considerando a disciplina jurídica contida no ordenamento jurídico brasileiro
acerca dos alimentos e da obrigação alimentar, é correto afirmar:
A) A pretensão para haver prestações alimentares não pagas prescreve em
03 (três) anos a partir da data em que se vencerem.
B) O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo aos ascendentes, apenas até o segundo grau.
C) O direito a alimentos é insuscetível de compensação e penhora, podendo,
entretanto, ser objeto de cessão.
D) A obrigação dos avós de prestar alimentos é subsidiária e complementar
à dos pais, e não solidária.
E) A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor,
estando estes obrigados a pagá-los, inclusive, com recursos próprios.

58. 2013 – PGR – PGR – Procurador da República


Em matéria de direito de família:
A) A pessoa impedida de casar, como regra geral, está incapacitada
isoladamente para a realização do casamento.
B) A concubina, que manteve relacionamento com homem casado, faz jus à
indenização por serviços domésticos prestados na constância da união.
C) A autoria da ação negatória de paternidade compete exclusivamente ao
pai registral, por ser ação de estado, que protege direito personalíssimo e
indisponível do genitor.
D) A doação realizada a um dos cônjuges, na relação matrimonial regida
pelo regime de comunhão parcial de bens, será comunicável, mesmo quando
o doador não se manifestar neste sentido.

59. 2013 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Acerca de alimentos, assinale a alternativa correta.

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A) A lei permite que a mulher grávida postule alimentos, que compreendem


os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de
gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto.
B) O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde
definitivamente o direito de pleitear alimentos do outro cônjuge, ainda que
não lhe reste qualquer outro meio de subsistência.
C) Os alimentos provisórios são aqueles postulados liminarmente, ao passo
que os provisionais são aqueles concedidos definitivamente.
D) A obrigação de prestar alimentos é personalíssima, não se transmitindo
aos herdeiros do devedor.

60. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Dentre as incumbências estabelecidas pelo Código Civil ao tutor, assinale
aquela que depende de autorização do juiz para ser exercida.
A) Pagar as dívidas do menor.
B) Fazer as despesas de subsistência e educação do menor, bem como as
de administração, conservação e melhoramentos de seus bens.
C) Alienar os bens do menor destinados à venda.
D) Receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas.
E) Promover, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz
pertencentes ao menor.

61. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Em matéria de alimentos, é CORRETO afirmar:
A) a fixação de alimentos em favor de mulher gestante depende de prova
pré-constituída da paternidade.
B) após o nascimento da criança com vida, os alimentos gravídicos se
extinguem, independentemente de sentença, devendo ser proposta ação de
alimentos pelo recém-nascido contra o pai.
C) os alimentos gravídicos compreenderão os valores suficientes para cobrir
as despesas com o parto, vedada pelo legislador a cobertura de outras
despesas.
D) na ação de alimentos gravídicos, o prazo para o réu apresentar resposta
é de 15 (quinze) dias.
E) na ação de alimentos gravídicos, é admitida a fixação de alimentos
provisórios pelo juiz.

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62. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Estadual


Conforme a jurisprudência do STJ, a procedência de ação proposta com fins
de exclusão do pagamento de pensão alimentícia reconhecida judicialmente
não obsta a execução das parcelas já vencidas e cobradas sob o rito previsto
no art. 733 do CPC.

63. 2012 – PGR – PGR – Procurador da República


Assinale a alternativa correta:
A) ( ) O ato ilícito produz efeitos jurídicos, que não são desejados pelo
agente, mas impostos por lei.
B) ( ) A certidão de escritura pública tem a mesma força probante do
documento original, desde que concertada por outro escrivão.
C) ( ) A remissão do penhor, pela entrega do bem empenhado, presume que
houve a extinção da dívida.
D) ( ) Se a situação de necessidade resultar de culpa de quem pleiteia
alimentos, estes não serão devidos.

64. 2012 – FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça Substituto


O Ministério Público do Estado de Alagoas propõe a interdição de Luan,
deficiente mental e viúvo, sendo nomeada como curadora pelo magistrado
a sua irmã Regina. Durante a curatela Regina poderá, com autorização
judicial,
A) adquirir por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis
pertencentes ao curatelado.
B) adquirir por si, mediante contrato particular, bens imóveis pertencentes
ao curatelado.
C) dispor dos bens do curatelado a título gratuito.
D) aceitar as doações, ainda que com encargos.
E) constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o curatelado.

65. 2012 – FEPESE – DPE/SC – Defensor Público Estadual


Sobre tutela e curatela, é correto afirmar:
A) O tutor pode, independentemente de autorização judicial, propor em juízo
as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem
deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.

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B) A responsabilidade do juiz será: direta e pessoal, quando não tiver


nomeado o tutor, ou não o houver feito oportunamente; subsidiária, quando
não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto que se
tornou suspeito.
C) Os tutores prestarão contas anualmente, e também quando, por qualquer
motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar
conveniente.
D) O tutor é obrigado a servir por espaço de dois anos, prazo prorrogável
pelo mesmo período, uma única vez, mediante despacho judicial e parecer
favorável do Ministério Público.
E) Quando o curador for o cônjuge, qualquer que seja o regime de bens, ele
não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial.

66. 2012 – CESPE – DPE/AC – Defensor Público Estadual


Carla, casada com José, com o qual teve dois filhos — um com oito anos de
idade e o outro com seis anos de idade —, procurou a defensoria pública de
seu estado. Relatou que seu marido conseguiu emprego em outro estado da
Federação há um ano e que, durante os oito primeiros meses, enviou,
mensalmente, a importância correspondente a um salário mínimo e meio
para o sustento da família. Passado esse tempo, deixou de enviar o dinheiro
e não mais entrou em contato com a família. Relatou, ainda, que, hoje, não
sabe onde José se encontra e não tem condições para continuar mantendo
as crianças, pois o que recebe como lavadeira é insuficiente até para comprar
comida para os filhos. Disse que o pai de José, Pedro, é aposentado do
estado, que tem situação relativamente boa e que ela acha que ele poderia
ajudar no sustento dos netos, pelo menos na compra de alimentos.
Considerando a legislação pertinente, assinale a opção correta acerca da
situação hipotética apresentada:
A) Do ponto de vista legal, enquanto José for vivo, não há como promover a
cobrança de Pedro dos alimentos referidos acima.
B) Para que Pedro seja obrigado a participar na compra de alimentos para
os filhos de Carla, será necessário, inicialmente, provar a total
impossibilidade de José prover o próprio sustento e o dos filhos, caso ele
ainda esteja vivo.
C) Como há parente na linha reta ascendente, este poderá responder
excepcionalmente pelo sustento dos filhos de Carla, caso José esteja
impossibilitado de suportar o referido encargo.
D) Sendo o paradeiro de José desconhecido, o simples fato de estar a mãe
viva desobriga Pedro de assumir a responsabilidade pelo sustento dos filhos
de Carla.

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67. 2011 – FUMARC – PC/MG – Delegado de Polícia Substituto


São características da obrigação alimentar:
A) direito personalíssimo, invariabilidade e reciprocidade.
B) alternatividade das prestações, irrenunciabilidade e repetibilidade.
C) alternatividade das prestações, variabilidade e transmissibilidade
sucessória sui generis da prestação.
D) divisibilidade, imprescritibilidade e intransmissibilidade sucessória sui
generis da prestação.

68. 2009 – VUNESP – TJ/MT – Juiz Estadual Substituto


Em separação judicial consensual, Otávio obrigou-se a pagar 12 salários
mínimos de pensão alimentícia a cada um dos dois filhos, acrescida de 13.º
salário. Um ano após a separação, constituiu uma nova união, nascendo
desta mais um filho, ocasião em que também pediu demissão da empresa
em que trabalhava como diretor comercial, para abrir seu próprio negócio.
Considerando apenas que o nascimento de mais um filho e a nova união
aumentaram suas despesas, Otávio ingressou com ação para rever o valor
das pensões, pretendendo pagar 4 salários mínimos para cada um. Diante
desse fato, aponte a alternativa correta.
(A) O simples fato de constituir nova família, resultando ou não em
nascimento de filho, não importa no decréscimo da pensão alimentícia
prestada a filhos havidos da união anterior, notadamente se a situação
econômica do devedor permanece inalterada.
(B) A constituição de nova família e o nascimento de um outro filho importam
no decréscimo da pensão alimentícia prestada a filhos havidos da união
anterior, visto que é motivo suficiente para demonstrar uma inversão da
situação econômica do devedor.
(C) Para eventual revisão do valor da pensão no caso em tela, não importa
verificar a necessidade dos alimentandos, tampouco a situação econômica
da genitora, visto que esses fatos foram considerados por ocasião da
separação judicial.
(D) Os alimentos não podem ser fixados em salário mínimo, razão pela qual
caberá sua revisão para adequá-lo a uma porcentagem da renda do
alimentante, ainda que mensalmente variável, verificada pelos meios
contábeis ordinários.
(E) Os alimentos devem ser fixados de acordo com a possibilidade
momentânea do devedor, sendo possível revê-los a qualquer momento, não

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se considerando, na sua fixação, a condição social dos alimentados, mas


apenas as necessidades básicas.

69. 2005 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


A condição de alimentante e personalíssima e não se transmite aos
herdeiros; todavia, isso não afasta a responsabilidade dos herdeiros pelo
pagamento dos débitos alimentares verificados ate a data do óbito do
alimentante.

70. 2003 – CESPE – DPE/AM – Defensor Público Estadual


Em relação ao parentesco, julgue os itens subsequentes:
O parentesco colateral é limitado até o sexto grau, e ilimitado na linha reta.

Gabaritos

Direito parental

1. 2018 – VUNESP – TJ/MT – Juiz Estadual Substituto


E

2. 2018 – MP/PR – MP/PR – Promotor de Justiça Substituto


E

3. 2018 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


A

4. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


E

5. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


C

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6. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


C

7. 2016 – FAURGS – TJ/RS – Juiz Estadual Substituto


NENHUMA

8. 2016 – MPE/PR – MPE/PR – Promotor de Justiça Substituto


C

9. 2016 – MPE/GO – MPE/GO – Promotor de Justiça Substituto


B

10. 2016 – MPE/SC – MPE/SC – Promotor de Justiça Substituto


C

11. 2016 – MPE/SC – MPE/SC – Promotor de Justiça Substituto


C

12. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


NENHUMA

13. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


C

14. 2015 – FCC – TJ/AL – Juiz Estadual Substituto


B

15. 2015 – FCC – TJ/PE – Juiz Estadual Substituto


A

16. 2015 – CEFET – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto


E

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17. 2015 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


E

18. 2015 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


D

19. 2015 – FCC – MANAUSPREV/AM – Analista Previdenciário


E

20. 2014 – FUNDEP – TJ/MG – Juiz Estadual Substituto


A

21. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


D

22. 2014 – PGE – PGE/MS – Procurador do Estado


B

23. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


E

24. 2012 – FCC – DPE/PR – Defensor Público Estadual


D

25. 2012 – FCC – DPE/PR – Defensor Público Estadual


A

26. 2011 – FCC – PGE/MT – Procurador do Estado


E

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27. 2011 – Instituto Cidades – DPE/AM – Defensor Público


Estadual
C

28. 2009 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


B

Direito assistencial

29. 2018 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


D

30. 2018 – CONSULPLAN – TJ/MG – Juiz Estadual Substituto


A

31. 2018 – MP/PR – MP/PR – Promotor de Justiça Substituto


D

32. 2018 – CESPE – DPE/PE – Defensor Público Estadual


D

33. 2018 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


B

34. 2017 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


E

35. 2017 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


D

36. 2017 – VUNESP – MP/SP – Promotor de Justiça Substituto


D

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37. 2017 – FUNDEP – MPE/MG – Promotor de Justiça Substituto


A

38. 2017 – FUNDEP – MPE/MG – Promotor de Justiça Substituto


D

39. 2017 – MPE/RS – MPE/RS – Promotor de Justiça


C

40. 2016 – VUNESP – TJ/RJ – Juiz Estadual Substituto


E

41. 2016 – CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito Substituto


NENHUMA

42. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


D

43. 2016 – FCC – DPE/ES – Defensor Público Estadual


D

44. 2016 – FCC – DPE/ES – Defensor Público Estadual


E

45. 2015 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


D

46. 2015 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


D

47. 2015 – FCC – TJ/PE – Juiz Estadual Substituto

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48. 2015 – FCC – TJ/RR – Juiz Estadual Substituto


B

49. 2015 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


C

50. 2015 – CEFET – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto


E

51. 2015 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


C

52. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


B

53. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


C

54. 2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


B

55. 2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


E

56. 2014 – FCC – DPE/PB – Defensor Público Estadual


C

57. 2014 – FCC – DPE/RS – Defensor Público Estadual


D

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58. 2013 – PGR – PGR – Procurador da República


C

59. 2013 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


A

60. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


A

61. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


E

62. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Estadual


C

63. 2012 – PGR – PGR – Procurador da República


A

64. 2012 – FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça Substituto


D

65. 2012 – FEPESE – DPE/SC – Defensor Público Estadual


B

66. 2012 – CESPE – DPE/AC – Defensor Público Estadual


C

67. 2011 – FUMARC – PC/MG – Delegado de Polícia Substituto


C

68. 2009 – VUNESP – TJ/MT – Juiz Estadual Substituto


A

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69. 2005 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


C

70. 2003 – CESPE – DPE/AM – Defensor Público Estadual


E

Questões com comentários

Direito parental

1. 2018 – VUNESP – TJ/MT – Juiz Estadual Substituto


Maria é casada com José e mantinha um relacionamento extraconjugal com
João quando engravidou. Nasceu Caio, que foi registrado em nome de José
e era tido por este como filho. Entretanto, em razão de sua semelhança física
com João, este ajuizou um pedido de reconhecimento de paternidade, tendo
o teste de DNA comprovado o vínculo biológico. José ama seu filho e quer
manter-se como pai de Caio. Assinale a solução que deve ser adotada,
considerando o entendimento de Jurisprudência.
(A) Deverá prevalecer a paternidade socioafetiva, devendo continuar a
constar como pai de Caio, no registro de nascimento, somente José.
(B) O sistema jurídico somente admite a pluripaternidade como uma
situação provisória, devendo Caio, após a maioridade, escolher quem
continuará a constar do seu registro de nascimento como pai.
(C) Deverá prevalecer a paternidade biológica, devendo ser retirado o nome
de José do registro de nascimento, e ser inserido o nome de João.
(D) Poderá ser incluído o nome de João como pai no registro de nascimento,
mas sem os efeitos jurídicos decorrentes da paternidade, salvo o de permitir
o conhecimento, por parte de Caio, da sua origem genética, por ter
prevalência a paternidade socioafetiva de José.
(E) Deverá ser incluído o nome de João como pai no registro de nascimento,
para os efeitos jurídicos próprios, devendo, entretanto, ser mantido o nome
de José, em razão da paternidade socioafetiva deste.
Comentários
A questão cobrou a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal com relação ao
tema ao tema “paternidade”. Segundo o entendimento do STF na RE 898.060:

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“A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o


reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica,
com os efeitos jurídicos próprios”. Ademais, fixou o STJ que a existência da
paternidade registral socioafetiva não impede que o pai biológico busque a
“verdade biológica” e, consequentemente, alteração do registro para incluir seu
nome no assento: “AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE CUMULADA COM ANULATÓRIA DE REGISTRO
CIVIL. VÍNCULO BIOLÓGICO. COEXISTÊNCIA. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA.
RECONHECIMENTO DE FILIAÇÃO. DIREITO INDISPONÍVEL E IMPRESCRITÍVEL.
CONSEQUÊNCIAS PATRIMONIAIS E EXTRAPATRIMONIAIS. AGRAVO INTERNO
NÃO PROVIDO. O Tribunal de origem manifestou-se em consonância ao
entendimento desta Corte Superior de Justiça no sentido de ser possível o
ajuizamento de ação de investigação de paternidade, mesmo na hipótese de
existência de vínculo socioafetivo, uma vez que o reconhecimento do estado de
filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, assentado no
princípio da dignidade da pessoa humana, podendo ser exercitado sem nenhuma
restrição em face dos pais, não havendo falar que a existência de paternidade
socioafetiva tenha o condão de obstar a busca pela verdade biológica da pessoa.
O registro efetuado pelo pai afetivo não impede a busca pelo reconhecimento
registral também do pai biológico, cujo reconhecimento do vínculo de filiação,
com todas as consequências patrimoniais e extrapatrimoniais, é seu consectário
lógico. A jurisprudência desta eg. Corte é no sentido de que a inexistência de
vínculo afetivo entre a investigante e o investigado não afasta o direito
indisponível e imprescritível de reconhecimento da paternidade biológica (AgInt
no REsp 1738888/PE, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
23/10/2018, DJe 30/10/2018)
Assim, correta a alternativa E.

2. 2018 – MP/PR – MP/PR – Promotor de Justiça Substituto


Perderá por ato judicial o poder familiar aquele que:
I - castigar imoderadamente o filho.
II - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
III - praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar
estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
IV - praticar contra filho, filha ou outro descendente, homicídio, feminicídio
ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar
de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar.
(A) Estão corretas apenas I e II.
(B) Estão corretas apenas III e IV.
(C) Estão corretas apenas I, II e IV.

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(D) Estão corretas apenas II, III e IV.


(E) Todas estão corretas.
Comentários
O item I está correto, na literalidade do art. 1.638, inc. I: “Perderá por ato
judicial o poder familiar o pai ou a mãe que castigar imoderadamente o filho”.
O item II está correto, na previsão do art. 1.638, inc. V: “Perderá por ato judicial
o poder familiar o pai ou a mãe que entregar de forma irregular o filho a terceiros
para fins de adoção”.
O item III está correto, com respaldo no art. 1.638, parágrafo único, inc. I,
alínea b: “Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que praticar
contra alguém também titular do mesmo poder familiar, estupro ou outro crime
contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão”.
O item IV está correto, pela previsão do art. 1.638, parágrafo único, inc. II,
alínea a: “Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que praticar
contra filho, filha ou outro descendente homicídio, feminicídio ou lesão corporal
de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher”.
Logo, todas as afirmativas são verdadeiras. Conclui-se, portanto, que a
alternativa E está correta.

3. 2018 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


O reconhecimento voluntário da paternidade ou da maternidade socioafetiva
(A) pode ser feita judicial ou extrajudicialmente e, neste caso, somente pode
ser feito unilateralmente e não poderá implicar no reconhecimento de mais
de dois pais ou de duas mães.
(B) pode ser feito judicial ou extrajudicialmente, unilateral ou bilateralmente,
sem qualquer restrição quanto ao número de pais ou de mães reconhecidos
no registro.
(C) se trata de processo de jurisdição necessária e, portanto, deve ser feito
por meio de ação de judicial de investigação de paternidade ou de ação de
adoção.
(D) pode ser feita judicial ou extrajudicialmente e, neste caso, pode ser feito
unilateral ou bilateralmente, desde que não implique no reconhecimento de
mais de dois pais ou de duas mães.
(E) uma vez realizado judicialmente por meio de devido processo legal, obsta
a discussão judicial a respeito da realidade biológica.
Comentários

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A alternativa A está correta, pois está de acordo com o regramento apresentado


pelo Provimento 63/2017 do CNJ nos arts. 14 e 15, indicados abaixo.
A alternativa B está incorreta, por aplicação do art. 14 do Provimento: “O
reconhecimento da paternidade ou maternidade socioafetiva somente poderá ser
realizado de forma unilateral e não implicará o registro de mais de dois pais e de
duas mães no campo FILIAÇÃO no assento de nascimento”.
A alternativa C está incorreta, evidentemente, já que o reconhecimento
voluntário é permitido já há décadas.
A alternativa D está incorreta, pois o registro pode ser apenas unilateral, já que
trata de direito personalíssimo e, consequentemente, impassível, de exercício
conjunto.
A alternativa E está incorreta, em razão do art. 15: “O reconhecimento
espontâneo da paternidade ou maternidade socioafetiva não obstaculizará a
discussão judicial sobre a verdade biológica”.

4. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


“No mundo contemporâneo (pós-moderno), a família perdeu o caráter
natural, assumindo nova feição, forjada, agora, em fenômenos culturais. A
famíl̀a de hóe representa um “fenômeno humano em que se funda a
sociedade, sendo impossível compreendê-la senão à luz da
interdisciplinaridade, máxime na sociedade contemporânea, marcada por
relações complexas, plurais, abertas, multifacetadas e (por que não?)
global̀zadas”.
A respeito do assunto objeto do texto precedente, julgue os itens que se
seguem, tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores.
A anulação de registro espontâneo de paternidade pelo pai socioafetivo é
adm̀t̀da na h̀pótese de “adoção à bras̀lèra”, ànda que esta séa fonte de
vínculo socioafetivo entre as partes, haja vista tratar-se de negócio jurídico
fundamentado na mera liberalidade e realizado à margem do ordenamento
pátrio.
Comentários
O item está incorreto, como já estabeleceu o STJ em variadas oportunidades:
“RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. SOCIOAFETIVIDADE. ART. 1.593 DO
CÓDIGO CIVIL. POSSIBILIDADE. PATERNIDADE. RECONHECIMENTO
ESPONTÂNEO. REGISTRO. ART. 1.604 DO CÓDIGO CIVIL. ERRO OU FALSIDADE.
INEXISTÊNCIA. ANULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DO MELHOR
INTERESSE DA CRIANÇA. A socioafetividade é contemplada pelo art. 1.593 do
Código Civil, no sentido de que o parentesco é natural ou civil, conforme resulte
da consanguinidade ou outra origem. Impossibilidade de retificação do registro
de nascimento do menor por ausência dos requisitos para tanto, quais sejam: a

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configuração de erro ou falsidade (art. 1.604 do Código Civil). A paternidade


socioafetiva realiza a própria dignidade da pessoa humana por permitir que um
indivíduo tenha reconhecido seu histórico de vida e a condição social ostentada,
valorizando, além dos aspectos formais, como a regular adoção, a verdade real
dos fatos. A posse de estado de filho, que consiste no desfrute público e contínuo
da condição de filho legítimo, restou atestada pelas instâncias ordinárias. A
"adoção à brasileira", ainda que fundamentada na "piedade", e muito embora
seja expediente à margem do ordenamento pátrio, quando se fizer fonte de
vínculo socioafetivo entre o pai de registro e o filho registrado não consubstancia
negócio jurídico sujeito a distrato por mera liberalidade, tampouco avença
submetida a condição resolutiva, consistente no término do relacionamento com
a genitora (Precedente). Aplicação do princípio do melhor interesse da criança,
que não pode ter a manifesta filiação modificada pelo pai registral e socioafetivo,
afigurando-se irrelevante, nesse caso, a verdade biológica (REsp 1613641/MG,
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
23/05/2017, DJe 29/05/2017)”.

5. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


“No mundo contemporâneo (pós-moderno), a família perdeu o caráter
natural, assumindo nova feição, forjada, agora, em fenômenos culturais. A
famíl̀a de hóe representa um “fenômeno humano em que se funda a
sociedade, sendo impossível compreendê-la senão à luz da
interdisciplinaridade, máxime na sociedade contemporânea, marcada por
relações complexas, plurais, abertas, multifacetadas e (por que não?)
global̀zadas”.
A respeito do assunto objeto do texto precedente, julgue os itens que se
seguem, tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores.
A existência de vínculo com o pai ou a não registral não impede que o filho
exerça o direito de busca da ancestralidade e da origem genética, dado que
o reconhecimento do estado de filiação configura direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível.
Comentários
O item está correto, como corretamente já fixou o STJ: “RECURSO ESPECIAL.
DIREITO DE FAMÍLIA. FILIAÇÃO. IGUALDADE ENTRE FILHOS. ART. 227, § 6º, DA
CF/1988. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. PATERNIDADE
SOCIOAFETIVA. VÍNCULO BIOLÓGICO. COEXISTÊNCIA. DESCOBERTA
POSTERIOR. EXAME DE DNA. ANCESTRALIDADE. DIREITOS SUCESSÓRIOS.
GARANTIA. REPERCUSSÃO GERAL. STF. No que se refere ao Direito de Família,
a Carta Constitucional de 1988 inovou ao permitir a igualdade de filiação,
afastando a odiosa distinção até então existente entre filhos legítimos,
legitimados e ilegítimos (art. 227, § 6º, da Constituição Federal). O Supremo
Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 898.060, com repercussão

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geral reconhecida, admitiu a coexistência entre as paternidades biológica e a


socioafetiva, afastando qualquer interpretação apta a ensejar a hierarquização
dos vínculos. A existência de vínculo com o pai registral não é obstáculo ao
exercício do direito de busca da origem genética ou de reconhecimento de
paternidade biológica. Os direitos à ancestralidade, à origem genética e ao afeto
são, portanto, compatíveis. O reconhecimento do estado de filiação configura
direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, que pode ser exercitado,
portanto, sem nenhuma restrição, contra os pais ou seus herdeiros (REsp
1618230/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 28/03/2017, DJe 10/05/2017)”.

6. 2017 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Uma senhora procurou a DP para ajuizar ação de alimentos contra o pai de
seu filho menor de idade. Ela informou que o genitor não possuía bens em
seu nome, mas exercia atividade empresarial em sociedade com um amigo:
a venda de quentinhas. Apresentou cópia do contrato social, que, contudo,
não era inscrito no órgão de registro próprio.
Considerando essa situação hipotética e a necessidade de se obter o
pagamento da pensão, julgue os itens a seguir.
O contrato social apresentado, mesmo sem o registro no órgão competente,
servirá de prova da existência da sociedade, seja para a finalidade
pretendida na ação de alimentos; seja para eventual discussão entre os
sócios acerca da titularidade dos bens sociais.
Comentários
Essa questão, a rigor, escapa um pouco do direito civil stricto sensu e descamba
para o direito empresarial, mas ainda assim permite análise.
O item está correto, porque, tomando em consideração que a “finalidade
pretendida na ação de alimentos” seja a de se obter alimentos, o contrato social
permite provar que a sociedade existe enquanto sociedade não personificada, de
modo a demonstrar a existência de renda do genitor. Por outro lado, o art. 987
(“Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem
provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer
modo”) deixa claro que essa sociedade, irregular e não de fato apenas, permite
prova de existência, já que estabelecido por escrito, faltando-lhe apenas a
inscrição para constituição.

7. 2016 – FAURGS – TJ/RS – Juiz Estadual Substituto


Assinale a alternativa correta de acordo com a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça pertinente ao direito de família.

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A) O Código Civil de 2002 manteve, no ordenamento jurídico brasileiro, o


sistema em relação ao princípio da imutabilidade absoluta de regime de
bens.
B) A arguição do direito real de habitação, para fins exclusivamente
possessórios, depende de seu reconhecimento anterior em ação própria
declaratória de união estável.
C) A supressão do patronímico materno não é possível por ocasião do
casamento, mesmo quando preservados os interesses de terceiro e
demonstrado justo motivo.
D) A filiação socioativa, da qual a denominada adoção à brasileira
consubstancia espécie, detém integral respaldo do ordenamento jurídico
nacional.
E) A aplicação da guarda compartilhada, em razão de o divórcio usualmente
coincidir com o ápice do distanciamento do antigo casal e com a maior
evidenciação das diferenças existentes, constitui medida excepcional,
inviável quando ausente o consenso.
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo o art. 1.639, §2º: “É admissível
alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado
de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros”.
A alternativa B está incorreta, conforme julgado do STJ: “Ainda que o
companheiro supérstite não tenha buscado em ação própria o reconhecimento da
união estável antes do falecimento, é admissível que invoque o direito real de
habitação em ação possessória, a fim de ser mantido na posse do imóvel em que
residia com o falecido. (STJ. 4ª Turma. REsp 1.203.144-RS, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 27/5/2014 - Info 543)”.
A alternativa C está incorreta, igualmente de acordo com o STJ: “RECURSO
ESPECIAL. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. CASAMENTO. NOME CIVIL. SUPRESSÃO DO
PATRONÍMICO MATERNO. POSSIBILIDADE. JUSTO MOTIVO. DIREITO DA
PERSONALIDADE. INTEGRIDADE PSICOLÓGICA. LAÇOS FAMILIARES ROMPIDOS.
AUTONOMIA DE VONTADE. 1. Excepcionalmente, desde que preservados os
interesses de terceiro e demonstrado justo motivo, é possível a supressão do
patronímico materno por ocasião do casamento. 2. A supressão devidamente
justificada de um patronímico em virtude do casamento realiza importante direito
da personalidade, desde que não prejudique a plena ancestralidade nem a
sociedade. 3. Preservação da autonomia de vontade e da integridade psicológica
perante a unidade familiar no caso concreto. 4. Recurso especial não provido.
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.433.187-SC, Rel. Min Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 26/05/2015)”.

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A alternativa D está incorreta, e era a alternativa correta, antes da anulação,


por se tratar de cópia literal do seguinte julgado: “A filiação socioafetiva, da qual
a denominada adoção à brasileira consubstancia espécie, detém integral respaldo
do ordenamento jurídico nacional, a considerar a incumbência constitucional
atribuída ao Estado de proteger toda e qualquer forma de entidade familiar,
independentemente de sua origem (art. 227, CF) (STJ. 3ª Turma. REsp 1330404-
RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 05/02/2015)”.
No entanto, prevaleceu o entendimento de que a “adoção à brasileira”
corresponde a conduta penalmente tipificada, não sendo congruente com a
filiação socioafetiva consequentemente.
A alternativa E está incorreta, na dicção do art. 1,584, §2º: “Quando não houver
acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os
genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada,
salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do
menor”.

8. 2016 – MPE/PR – MPE/PR – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa correta:
A) A guarda dos filhos será, sempre, compartilhada;
B) Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser
dividido de forma idêntica entre a mãe e com o pai;
C) Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos
filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos;
D) A guarda compartilhada dos filhos poderá ser requerida pelos pais em
consenso, mas não poderá ser decretada pelo juiz;
E) O direito de visita não pode se estender aos avós.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque a guarda é, em regra, compartilhada,
mas não sempre.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 1.583, §2º: “Na guarda
compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma
equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas
e os interesses dos filhos”.
A alternativa C está correta, na literalidade do art. 1.583, §3º: “Na guarda
compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que
melhor atender aos interesses dos filhos”.
A alternativa D está incorreta, consoante regra do art. 1.584, inc. II: “A guarda,
unilateral ou compartilhada, poderá ser decretada pelo juiz, em atenção a

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necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo


necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe”.
A alternativa E está incorreta, segundo o art. 1.589, parágrafo único: “O direito
de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os
interesses da criança ou do adolescente”.

9. 2016 – MPE/GO – MPE/GO – Promotor de Justiça Substituto


A respeito da filiação e do reconhecimento de filhos, é incorreto afirmar:
A) No confronto entre a paternidade biológica, atestada em exame de DNA,
e a paterǹdade soc̀oafet̀va, decorrente da chamada “adoção à bras̀lèra”,
há de prevalecer a solução que melhor tutele a dignidade da pessoa humana.
B) O reconhecimento de filho é ato personalíssimo e, em se tratando de
reconhecimento de filho nascido fora do matrimônio, é imprescindível para
a validade do ato, o consentimento do cônjuge do reconhecente.
C) Como ninguém por vindicar estado contrário ao que resulta do registro
de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do ato, havendo um
registro anterior, a lavratura de novo assento é ineficaz, até que seja
desconstituído judicialmente o registro primitivo.
D) O ato de reconhecimento voluntário produz efeitos erga omnes, pode se
dar antes mesmo do nascimento do filho e, embora seja considerado
personalíssimo e unilateral, a eficácia do reconhecimento do filho maior e
capaz estará condicionada ao seu consentimento.
Comentários
A alternativa A está correta, como se extrai do julgado do STF: “RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. DIREITO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA
622. PREVALÊNCIA DA PATERNIDADE SOCIOAFETIVA EM DETRIMENTO DA
PATERNIDADE BIOLÓGICA. A paternidade socioafetiva, declarada ou não em
registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação
concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios (RE
898060, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 22/09/2016, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-209 PUBLIC 30/09/2016)”.
A alternativa B está incorreta, na literalidade da parte final do art. 1.607: “O
filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou
separadamente”.
A alternativa C está correta, conforme o art. 1.604: “Ninguém pode vindicar
estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se
erro ou falsidade do registro”.
A alternativa D está correta, na conjugação do art. 1.609, parágrafo único (“O
reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu

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falecimento, se ele deixar descendentes”) com o art. 1.614 (“O filho maior não
pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à
emancipação”).

10. 2016 – MPE/SC – MPE/SC – Promotor de Justiça Substituto


A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar
os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos
genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou
prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que
direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de
seus filhos.
Comentários
O item está correto, na literalidade do art. 1.583, §5º: “A guarda unilateral
obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos,
e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte
legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou
subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde
física e psicológica e a educação de seus filhos”.

11. 2016 – MPE/SC – MPE/SC – Promotor de Justiça Substituto


A sentença que julgar procedente a ação de investigação de paternidade
produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento, podendo o Juiz ordenar
que o filho se crie e eduque fora da companhia do progenitor que contestou
essa qualidade.
Comentários
O item está correto, na literalidade do art. 1.616: “A sentença que julgar
procedente a ação de investigação produzirá os mesmos efeitos do
reconhecimento; mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da
companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade”.

12. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


A respeito dos conceitos jurídicos de pai, padrasto e ascendente genético, é
correto afirmar que:
A) os conceitos de paternidade socioafetiva e padrasto são coincidentes e
impõem os mesmos direitos da filiação biológica, diante do princípio da
igualdade entre filhos.

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B) o direito ao conhecimento da origem genética se traduz pela


imprescritibilidade do direito de buscar a investigação da paternidade e
postular o reconhecido jurídico da relação paterno-filial a qualquer tempo.
C) o padrasto tem mera relação de parentesco por afinidade com o afilhado,
cujo único efeito para o direito de família é a imposição de impedimento
matrimonial.
D) a paternidade socioafetiva deve, por lei, prevalecer sobre a paternidade
biológica, sobrepondo-se à realidade genética.
E) a lei reconhece expressamente o direito ao conhecimento da origem
genética para pessoas adotadas ou concebidas por meio de inseminação
artificial heteróloga.
Comentários
Outra questão que acabou sendo, conforme previ, anulada pela banca, ante erro
que tornava impossível a resposta correta.
A alternativa A está incorreta, dado que o vínculo entre o padrasto e enteado
não é, de per si, socioafetivo, ainda que possa sê-lo e ainda que possa criar
obrigações, inclusive familiares, para o padrasto.
A alternativa B está incorreta, já que o conhecimento da origem genética é um
direito de personalidade, que não se confunde com o reconhecimento da
parentalidade. Até porque o conhecimento da origem genética não induzirá
parentalidade, como nos casos previstos na Resolução do CFM para se quebrar o
anonimato do doador de gametas.
A alternativa C está incorreta, porque afilhado e enteado são figuras distintas;
o afilhado constitui o antigo parentesco por cognação espiritual, decorrente do
batismo, pelas regras canônicas.
No entanto, ainda que se considerasse isso mero equívoco, uma troca do termo
enteado por afilhado, a alternativa ainda apresenta problemas. Isso porque ela
postula que o único efeito na relação padrasto-enteado é a imposição de
impedimento matrimonial. De fato, mas não só. Segundo o art. 57, §8º, da Lei
de Registros Públicos, “O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e
na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que,
no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou
de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de
seus apelidos de família”. Ou seja, outro efeito da relação padrasto-enteado é a
possibilidade de este incluir o nome de família daquele aos seus apelidos de
família.
Não bastassem esses erros, há entendimento jurisprudencial e doutrinário no
sentido de que o padrasto também pode ter a guarda do menor, caso isso
signifique o atendimento ao princípio do melhor interesse da criança.

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A alternativa D está incorreta, porque o direito brasileiro não dá prevalência à


paternidade socioafetiva ou à paternidade biológica.
A alternativa E está incorreta, pois o art. 48 do ECA (“O adotado tem direito de
conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18
(dezoito) anos”) reconhece expressamente tal direito apenas à adoção.

13. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


Francisco, que acabou de completar quinze anos, vai à Defensoria Pública de
Ilhéus – BA em busca de orientação jurídica. Informa que recebeu um imóvel
como herança de seu avô. Explica que o bem está registrado em seu nome;
entretanto, a sua genitora alugou o imóvel para terceiro, recebe os valores
dos alugueres e não faz qualquer repasse ou presta contas do valor recebido.
Diante desta situação, a solução tecnicamente mais adequada a ser tomada
pelo Defensor é:
A) ajuizar ação possessória, postulando a reintegração na posse do imóvel,
e ação contra a genitora, visando à reparação dos danos sofridos por seu ato
ilícito.
B) ajuizar ação visando à anulação do contrato de locação celebrado por
parte ilegítima para referido negócio jurídico, uma vez que não se trata de
proprietária do imóvel.
C) orientar Francisco que enquanto ele estiver sob o poder familiar de sua
genitora, ela poderá proceder de tal forma, pois não é obrigada a lhe
repassar o valor dos alugueres ou prestar contas do destino do dinheiro
recebido.
D) ajuizar ação de prestação de contas contra a genitora e, caso ela não
comprove que o dinheiro é revertido em favor de seu filho, cobrar o
recebimento do equivalente ao prejuízo experimentado.
E) notificar o inquilino para que os pagamentos passem a ser feitos
diretamente para o proprietário, sob pena de ajuizamento de ação de
despejo por falta de pagamento.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque não se visualiza, em momento algum,
esbulho ou turbação possessórias aptas a ensejar uma medida possessória, que,
inclusive, não tem objetivo principal indenizatório.
A alternativa B está incorreta, porque, segundo o art. 1.689, inc. II: “O pai e a
mãe, enquanto no exercício do poder familiar, têm a administração dos bens dos
filhos menores sob sua autoridade”.

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A alternativa C está correta, na forma do art. 1.689, inc. II, supracitado, e o


inc. I: “O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar, são usufrutuários
dos bens dos filhos”.
A alternativa D está incorreta, consoante o inc. I do art. 1.689 supracitado na
alternativa anterior.
A alternativa E está incorreta, já que se o locatário fizer o pagamento ao menor,
terá de provar que ele se reverteu em benefício dele, sendo que ele não tem
capacidade para lhe dar quitação, inclusive.

14. 2015 – FCC – TJ/AL – Juiz Estadual Substituto


Em ação de investigação de paternidade, recusando-se o suposto pai a
submeter-se a exame de DNA,
A) poderá ele aproveitar-se de sua recusa, porque haverá apenas presunção
relativa de paternidade.
B) não poderá aproveitar-se da recusa, mas não corre contra ele presunção
absoluta de paternidade.
C) não poderá ser suprida a prova que se pretendia obter com o exame.
D) corre contra ele presunção absoluta de paternidade.
E) não poderá ele produzir qualquer outra prova que infirme a paternidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, de acordo com o art. 231: “Aquele que se nega
a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua
recusa”.
A alternativa B está correta, segundo a Súmula 301 do STJ: “Em ação
investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade”.
A alternativa C está incorreta, dada a literalidade do art. 232: “A recusa à perícia
médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o
exame”.
A alternativa D está incorreta, dada a redação da Súmula 301, que estabelece
presunção meramente relativa de paternidade.
A alternativa E está incorreta, já que, de maneira absurda, a mera recusa
geraria o ônus da impossibilidade de produzir quaisquer outras provas, que
porventura sejam aptas a ilidir a presunção.

15. 2015 – FCC – TJ/PE – Juiz Estadual Substituto


O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar,

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A) são usufrutuários dos bens dos filhos e têm a administração dos bens dos
filhos menores sob sua autoridade.
B) não terão o usufruto nem a administração dos bens dos filhos menores,
salvo por decisão judicial, que dispensar a nomeação de um curador
C) só serão usufrutuários dos bens imóveis dos filhos depois do registro do
usufruto no Serviço de Registro de Imóveis, e, para administrar esses bens,
deverão prestar caução idônea, exceto se o juiz a dispensar.
D) têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade,
mas não são usufrutuários desses bens, porque as respectivas rendas devem
ser depositadas para entrega aos filhos quando se tornarem capazes
E) são usufrutuários dos bens dos filhos, mas não têm a administração dos
bens destes, porque devem ser entregues à administração de um curador.
Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.689, incs. I e II: “O pai e
a mãe, enquanto no exercício do poder familiar são usufrutuários dos bens dos
filhos e têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade”.
A alternativa B está incorreta, por aplicação do supracitado dispositivo legal.
A alternativa C está incorreta, pois o registro é desnecessário quando deriva de
regra familiar, nos termos do art. 167, inc. I, item 7 da Lei de Registros Públicos:
“No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos o registro do usufruto e
do uso sobre imóveis e da habitação, quando não resultarem do direito de
família”.
A alternativa D está incorreta, segundo o supracitado art. 1.689, inc. I.
A alternativa E está incorreta, inversamente, de acordo com o art. 1.689, inc.
II.

16. 2015 – CEFET – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA acerca das relações de parentesco e
adoção, segundo o Código Civil Brasileiro:
A) Os filhos, havidos ou não da relação de casamento ou por adoção, terão
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.
B) A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento no Registro Civil.
C) O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e
será feito no registro do nascimento, por escritura pública ou escrito
particular, a ser arquivado em cartório, por testamento, ainda que
incidentalmente manifestado, dentre outros.
D) Só a pessoa maior de 18 (dezoito) anos pode adotar.

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E) A adoção dispensa processo judicial.


Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.596: “Os filhos, havidos
ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação”.
A alternativa B está correta, conforme o art. 1.603: “A filiação prova-se pela
certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil”.
A alternativa C está correta, pela conjugação dos incisos do art. 1.609: “O
reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:
no registro do nascimento; por escritura pública ou escrito particular, a ser
arquivado em cartório; por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;
por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento
não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém”.
A alternativa D está correta, de acordo com o art. 42 do ECA: “Podem adotar
os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil”.
A alternativa E está incorreta, consoante o art. 47 do ECA: “O vínculo da adoção
constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante
mandado do qual não se fornecerá certidão”.

17. 2015 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


Conforme entendimento do STJ, a paternidade socioafetiva deve prevalecer
em detrimento da biológica.
Comentários
O item está incorreto, pois a paternidade socioafetiva não afasta a paternidade
biológica, nem vice-versa; são duas situações que convivem em variadas
situações concretas. Inclusive, o STF sufragou esse entendimento: “RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. DIREITO CIVIL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA
622. PREVALÊNCIA DA PATERNIDADE SOCIOAFETIVA EM DETRIMENTO DA
PATERNIDADE BIOLÓGICA. A paternidade socioafetiva, declarada ou não em
registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação
concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios (RE
898060, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 22/09/2016, publicado em
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-209 PUBLIC 30/09/2016)”.

18. 2015 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


A presunção de paternidade:
A) da forma como prevista no Código Civil não tem mais nenhuma utilidade,
uma vez que diante de qualquer dúvida quanto à paternidade, o exame de

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DNA permitirá o conhecimento da origem genética e, portanto, estabelecer


a paternidade, diante da prevalência de verdade biológica.
B) decorrente do uso de técnicas de reprodução assistida não foi prevista
pelo Código Civil de 2002.
C) decorrente do casamento é relativa (juris tantum), de modo que o marido
pode ilidir tal presunção caso a mulher confesse o adultério.
D) decorrente do casamento se estende até 300 dias após a dissolução da
sociedade conjugal, mas a lei não previu expressamente a mesma presunção
quanto à união estável, de modo que a aplicação ao companheiro somente
se alcança mediante analogia ou interpretação extensiva.
E) decorrente da fertilização heteróloga consentida, permite que o marido
ou o companheiro revogue a autorização, desde que antes do nascimento
com vida e, após este, deverá impugnar a paternidade mediante ação
negatória fundamentada em exame de DNA negativo.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que apesar de praticamente terem sido as
presunções descartadas na prática forense, sua validade continua vigente e
podem elas ser arguidas em sede judicial, inclusive.
A alternativa B está incorreta, como se extrai do art. 1.597, incs. III, IV e V:
“Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários,
decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia
autorização do marido”.
A alternativa C está incorreta, nos termos do art. 1.602: “Não basta a confissão
materna para excluir a paternidade”.
A alternativa D está correta, segundo o art. 1.597, inc. II: “Presumem-se
concebidos na constância do casamento os filhos nascidos nos trezentos dias
subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial,
nulidade e anulação do casamento” e o que eu disse mais acima.

19. 2015 – FCC – MANAUSPREV/AM – Analista Previdenciário


A respeito das relações de parentesco, na forma disciplinada pela legislação
civil,
A) vínculo de afinidade aplica-se, apenas, à filiação por adoção.
B) reconhecimento de paternidade é irrevogável, salvo quando feito em
testamento.

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C) filho maior pode ser reconhecido independentemente de seu


consentimento.
D) parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes e descendentes.
E) parentesco é natural ou civil, sendo o primeiro resultante da
consanguinidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois os parentes da esposa do marido são
parentes por afinidade, ou, mais tecnicamente, afins (e não parentes).
A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1.609, inc. III: “O
reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito
por testamento, ainda que incidentalmente manifestado”.
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.595, §1º: “O parentesco por
afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge
ou companheiro”.
A alternativa C está incorreta, como aduz o art. 1.614: “O filho maior não pode
ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à
emancipação”.
A alternativa E está correta, na regra do art. 1.593: “O parentesco é natural ou
civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem”.

20. 2014 – FUNDEP – TJ/MG – Juiz Estadual Substituto


Quanto as relações de parentesco, assinale a alternativa CORRETA.
A) O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes
e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
B) São parentes em linha colateral as pessoas que estão umas para com as
outras na relação de ascendentes e descendentes.
C) Na linha reta, a afinidade se extingue com a dissolução do casamento ou
da união estável.
D) São parentes em linha transversal, até o sexto grau, as pessoas
provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.595, §1º: “O parentesco
por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do
cônjuge ou companheiro”.

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A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.592: “São parentes em


linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um
só tronco, sem descenderem uma da outra”.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 1.595, §2º: “Na linha reta, a
afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável”.
A alternativa D está incorreta, como já dito anteriormente, na dicção do art.
1.592.

21. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


É CORRETO afirmar que:
A) A validade do negócio jurídico é sempre anulável por iniciativa das partes.
B) A representação legal resultante do poder familiar valida os atos de
disposição em nome do representado.
C) A renúncia da prescrição pode ser suprida pelo juiz, de ofício, quando
favorecer incapaz.
D) A impotência coeundi ou instrumental não é causa elisiva absoluta da
presunção de paternidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que , em que pese a possibilidade de
anulabilidade pelos interessados (não há menção a partes no art. 177), ele não
será sempre anulável.
A alternativa B está incorreta, conforme o art. 1.637: “Se o pai, ou a mãe,
abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando
os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério
Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha”.
A alternativa C está incorreta. Tal previsão estava disposta no art. 194 do
CC/2002, revogado em 2006. Mesmo que você não soubesse esse detalhe, basta
lembrar que as decisões que podem implicar prejuízo requerem manifestação
prévia, ou seja, agir de ofício é exceção na sistemática adotada pelo CPC/2015.
Em relação a ele, cabe menção ao caput do art. 9º (“Não se proferirá decisão
contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida”) e ao parágrafo
único do art. 487 (“Ressalvada a hipótese do §1º do art. 332, a prescrição e a
decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes
oportunidade de manifestar-se”).
A alternativa D está correta, de acordo com o art. 1.599: “A prova da impotência
do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade”.
Impotência couendi ou instrumental é o que se conhece por disfunção erétil. Além
dela, existe a impotência generandi, ou seja, a incapacidade do homem para

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gerar filhos por razões ligadas à produção de espermatozoides. O art. 1.599 faz
menção à impotência generandi. De qualquer sorte, a impotência couendi não
afasta em absoluto a presunção de paternidade.

22. 2014 – PGE – PGE/MS – Procurador do Estado


Analise as afirmações a seguir, acerca das relações de parentesco:
I – Em que pese o legislador civil não a ter disciplinado expressamente,
admite-se a parentalidade socioafetiva como modalidade de parentesco.
II – A parentalidade socioafetiva é situação excepcional, eis que a filiação,
nos termos da legislação civil, é consequência exclusiva de relação biológica
entre pais e filhos ou de adoção regular.
III – A parentalidade socioafetiva deve ser preservada, sendo insuficiente a
ausência de parentesco biológico para a declaração de nulidade de assento
de nascimento.
É correto afirmar que:
A) I, II e III são falsas.
B) Apenas II é falsa.
C) Apenas I é verdadeira.
D) I, II e III são verdadeiras.
E) Apenas I e II são falsas
Comentários
O item I está correto, já que a parentalidade socioafetiva, traço da
contemporaneidade familiar, apesar de não prevista na lei, é reputada relevante
e capaz de criar efeitos jurídicos.
O item II está incorreto, porque a parentalidade socioafetiva não é tida pela
jurisprudência como excepcional, apenas dependente de comprovação fática,
especificamente quanto a seus três requisitos (tratamento, nomeação e
reputação, que geram a posse de estado de filho).
O item III está correto, como dito no item anterior, dado que não basta a
insuficiência registral para o reconhecimento da parentalidade socioafetiva, mas
também os requisitos socialmente visualizáveis (tratamento, nomeação e
reputação).
A alternativa B está correta, portanto.

23. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Dentre as situações abaixo, assinale aquela que NÃO extingue o poder
familiar.

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A) Morte dos pais.


B) Emancipação.
C) Adoção.
D) Morte do filho.
E) Deserção.
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo o art. 1.635, inc. I: “Extingue-se o poder
familiar pela morte dos pais ou do filho”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.635, inc. II: “Extingue-se
o poder familiar pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único
A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 1.635, inc. IV: “Extingue-se o
poder familiar pela adoção
A alternativa D está incorreta, novamente, conforme o art. 1.635, inc. I:
“Extingue-se o poder familiar pela morte dos pais ou do filho”.
A alternativa E está correta, já que a deserdação priva o descendente dos
efeitos sucessórios, mas não extingue o poder familiar.

24. 2012 – FCC – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Sobre o Direito de Família, é correto afirmar:
A) Provado o adultério, fato confessado pela esposa, resta ilidida a presunção
de paternidade com relação à criança nascida cem dias após a dissolução da
sociedade conjugal.
B) Filho advindo de relação extraconjugal somente pode ser reconhecido pelo
pai em conjunto com a mãe.
C) É ineficaz a condição aposta ao ato de reconhecimento do filho, sendo
admitida a previsão de termo, uma vez que este trata de evento de
ocorrência certa.
D) A dívida contraída pela esposa para aquisição de bens necessários à
economia doméstica obriga solidariamente o marido, ainda que este não
tenha autorizado a contratação.
E) Nos termos da lei civil, o adotado está impedido de casar com a filha
biológica do adotante, não havendo impedimento para o reconhecimento da
união estável entre os mesmos.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pela previsão do art. 1.602: “Não basta a
confissão materna para excluir a paternidade”. Igualmente aplicável o disposto
no art. 1.597, inc. II: “Presumem-se concebidos na constância do casamento os

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filhos nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade


conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento”.
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 1.607: “O filho havido fora do
casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente”.
A alternativa C está incorreta, pela literalidade do art. 1.613: “São ineficazes a
condição e o termo apostos ao ato de reconhecimento do filho”.
A alternativa D está correta, na conjugação dos arts. 1.643, inc. I (“Podem os
cônjuges, independentemente de autorização um do outro comprar, ainda a
crédito, as coisas necessárias à economia doméstica”), e 1.644 (“As dívidas
contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os
cônjuges”).
A alternativa E está incorreta, dada a natureza do impedimento absoluto contida
no art. 1.521, inc. V (“Não podem casar o adotado com o filho do adotante”), que
impede, ainda que não textualmente, a união estável.

25. 2012 – FCC – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Sobre o Direito de Família é correto afirmar:
A) Adolescente de 17 anos, que mantém relação estável com pessoa
absolutamente capaz, procura a Defensoria Pública para que haja a
supressão judicial da autorização negada pelos seus genitores para a
realização do casamento, hipótese na qual será imposto aos nubentes o
regime da separação de bens.
B) O marido não possui direito potestativo ao divórcio, eis que este instituto
depende do implemento de requisito temporal.
C) A paternidade socioafetiva deve ceder à paternidade genética, quando
esta restar provada.
D) A emancipação legal não extingue o poder familiar exercido pelos pais,
uma vez que não se trata de hipótese concedida voluntariamente,
permanecendo os genitores responsáveis pelos atos ilícitos praticados pelo
emancipado até a maioridade.
E) Irmãos são considerados parentes em linha reta.
Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.641, inc. III: “É obrigatório
o regime da separação de bens no casamento de todos os que dependerem, para
casar, de suprimento judicial”.
A alternativa B está incorreta, já que o divórcio é um dos exemplos típicos de
direito potestativo, que gera mera sujeição à contraparte. Igualmente, inexiste,
desde a EC 66/2010, a condicionante temporal.

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A alternativa C está incorreta, porque pode haver convívio entre ambas, mas
não a mera dissolução da primeira pelo reconhecimento posterior da segunda.
A alternativa D está incorreta, pela previsão do art. 1.635, inc. II: “Extingue-se
o poder familiar pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único”.
A alternativa E está incorreta, pois os irmãos têm ascendente comum, pelo que
o parentesco é colateral.

26. 2011 – FCC – PGE/MT – Procurador do Estado


A respeito da paternidade, é correto afirmar que
A) o adultério da mulher, se confessado, ilide a presunção de paternidade
decorrente do casamento.
B) o reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável,
exceto se feito em escrito particular.
C) são consideradas inválidas e, portanto, inexistentes a condição e o termo
opostos ao ato de reconhecimento do filho.
D) a fliliação materna ou paterna pode resultar de casamento, exceto se este
for declarado nulo em virtude de má-fé de ambos os cônjuges.
E) a prova da impotência do cônjuge para gerar, à época do nascimento,
não ilide a presunção de paternidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 1.600: “Não basta o adultério
da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade”.
A alternativa B está incorreta, consoante regra do art. 1.609, inc. II: “O
reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito
por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório”.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 1.613: “São ineficazes a
condição e o termo apostos ao ato de reconhecimento do filho”.
A alternativa D está incorreta, na regra do art. 1.617: “A filiação materna ou
paterna pode resultar de casamento declarado nulo, ainda mesmo sem as
condições do putativo”
A alternativa E está correta, de acordo com o art. 1.599: “A prova da impotência
do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade”.

27. 2011 – Instituto Cidades – DPE/AM – Defensor Público


Estadual
A regulamentação da guarda dos filhos de pais separados no direito brasileiro
vem sofrendo alterações desde Lei do Divórcio (Lei 6.515/77), procurando

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atender à orientação constitucional de prevalência do interesse e de ampla


proteção à criança e ao adolescente. Assim, o ordenamento jurídico
brasileiro prevê:
A) a guarda unilateral, atribuída a um só dos genitores, não se admitindo a
sua substituição por outra pessoa, na qual a responsabilização é conjunta
dos pais que não vivem sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
dos filhos comuns.
B) a guarda compartilhada, em que há responsabilização individual e
intercalada e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam
sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
C) a guarda unilateral, atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o
substitua; e a guarda compartilhada, aquela em que há responsabilização
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam
sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
D) a guarda unilateral, atribuída a ambos os genitores, a cada um
individualmente e ao seu tempo; e a guarda compartilhada, aquela cuja
responsabilização é conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da
mãe, desde que vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar
dos filhos comuns.
E) a guarda unilateral, atribuída aos dois genitores, um em substituição ao
outro, desde que a prole more com ambos simultaneamente; e a guarda
compartilhada, aquela em que há responsabilização simultânea e o exercício
de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto,
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.583, §1º: “Compreende-se
por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o
substitua (art. 1.584, §5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização
conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob
o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o disposto no art. 1.583, §1º,
supracitado.
A alternativa C está correta, igualmente, conforme a já supracitada regra do
art. 1.583.
A alternativa D está incorreta, mais uma vez ainda, consoante a mesma regra
anteriormente citada.
A alternativa E está incorreta, ulteriormente, pelo mesmo dispositivo,
dispensando maiores comentários.

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28. 2009 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


A respeito da paternidade, é correto afirmar:
A) A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época do nascimento,
ilide a presunção da paternidade.
B) O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento pode ser feito por
escrito particular, a ser arquivado em cartório.
C) Se a esposa confessar o adultério, isso basta para ilidir a presunção de
paternidade.
D) O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior
ao seu falecimento, exceto se ele deixar descendentes.
E) O filho maior pode ser reconhecido mesmo sem o seu consentimento,
cabendo-lhe tão-somente o direito de contestar se o reconhecimento for em
juízo ou de ingressar com ação denegatória, a passo que o menor pode
impugnar o reconhecimento, nos dois anos que se seguirem à maioridade,
ou à emancipação.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.599: “A prova da impotência
do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade”.
A alternativa B está correta, de acordo com o art. 1.609, inc. II: “O
reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito
por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório”.
A alternativa C está incorreta, consoante o art. 1.602: “Não basta a confissão
materna para excluir a paternidade”.
A alternativa D está incorreta, na regra do art. 1.609, parágrafo único: “O
reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu
falecimento, se ele deixar descendentes”.
A alternativa E está incorreta, conforme reza o art. 1.614: “O filho maior não
pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à
emancipação”.

Direito assistencial

29. 2018 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Uma pessoa de idade avançada e viúva, que não possui bens, nem mais
podendo prover, pelo seu trabalho, a própria mantença, tem como únicos
parentes um primo e um sobrinho neto, ambos em excelentes condições
financeiras. Nesse caso, necessitando alimentos,

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(A) tem direito de exigi-los de ambos, que os devem solidariamente.


(B) só poderá exigi-los do primo, que e parente sucessível mais próximo.
(C) tem direito de exigi-los de ambos, que deverão concorrer de acordo com
as suas possibilidades e segundo as necessidades do alimentando.
(D) não tem direito de exigi-los de qualquer deles.
Comentários
A alternativa A está incorreta, como se extrai do art. 1.697: “Na falta dos
ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão
e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”. Assim, devidos
os alimentos apenas pelos colaterais em segundo grau, não se podendo falar em
dever a parentes de grau superior.
A alternativa B está incorreta, porque o primo e o sobrinho são, ambos,
parentes colaterais em quarto grau.
A alternativa C está incorreta, pelas mesmas razões expostas na alternativa A.
A alternativa D está correta, novamente, dada a previsão do art. 1.697. Friso
que há divergência doutrinária, já que vários autores defendem que o dever de
prestar alimentos deveria ser estendido a todos os parentes sucessíveis, o que
incluiria os colaterais de quarto grau. A posição minoritária, porém, não desafia
recurso, a meu ver (e a banca manteve a questão, ao final, como previ).

30. 2018 – CONSULPLAN – TJ/MG – Juiz Estadual Substituto


Quanto ao direito de família, analise as afirmativas a seguir.
I. A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência e
não implica ausência do pagamento de pensão alimentícia.
II. Qualquer descendente possui legitimidade, por direito próprio, para
propor o reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós ou de
qualquer ascendente de grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a
ação de prova da filiação em vida.
III. A obrigação alimentar dos avós tem natureza subsidiária, somente se
configurando no caso de impossibilidade total de seu cumprimento pelos
pais.
IV. O cancelamento do pagamento de pensão alimentícia a filho que atingiu
a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda
que nos próprios autos.
Estão corretas as afirmativas
A) I, II, III e IV.
B) I, II e III, apenas.

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C) I, II e IV, apenas.
D) II, III e IV, apenas.
Comentários
O item I está correto, na cumulação do Enunciado 605 do CJF (“A guarda
compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência”) com o Enunciado
607 (“A guarda compartilhada não implica ausência de pagamento de pensão
alimentícia”).
O item II está correto, de acordo com o Enunciado 521 do CJF: “Qualquer
descendente possui legitimidade, por direito próprio, para propor o
reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós ou de qualquer
ascendente de grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação de prova
da filiação em vida”.
O item III está correto, segundo a Súmula 596 do STJ: “A obrigação alimentar
dos avós tem natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no
caso da impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais.”
O item IV está correto, conforme a Súmula 358 do STJ: “O cancelamento de
pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão
judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”.
Logo, a alternativa A é a correta.

31. 2018 – MP/PR – MP/PR – Promotor de Justiça Substituto


Sobre tomada de decisão apoiada, assinale a alternativa incorreta:
(A) Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o
juiz, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público,
ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.
(B) A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre
terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio
acordado.
(C) Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode
solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo,
especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado.
(D) Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante,
se houver divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos
apoiadores, prevalecerá a opinião do apoiador.
(E) O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do
processo de tomada de decisão apoiada, sendo seu desligamento
condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria
Comentários

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A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.783-A, §3°: “Antes de se


pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por
equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o
requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio”.
A alternativa B está correta, pois descreve o art. 1.783-A, §4°: “A decisão
tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem
restrições, desde que esteja inserida nos limites do apoio acordado”.
A alternativa C está correta, conforme dispõe o art. 1.783-A, §5°: “Terceiro com
quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os
apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua
função em relação ao apoiado”.
A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 1.783-A, §6º: “Em caso de
negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo
divergência de opinioes entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o
juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão”.
A alternativa E está correta, de acordo com o art. 1.783-A, §10: “O apoiador
pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de
decisão apoiada, sendo seu desligamento condicionado a manifestação do juiz
sobre a matéria”.

32. 2018 – CESPE – DPE/PE – Defensor Público Estadual


À luz da legislação vigente e do entendimento dos tribunais superiores acerca
de alimentos, assinale a opção correta.
(A) O Ministério Público não tem legitimidade ativa para ajuizar ação de
alimentos em proveito de crianças ou adolescentes: o ajuizamento dessa
ação compete à Defensoria Pública ou ao advogado particular.
(B) A obrigação de prestar alimentos não se transmite aos herdeiros,
cessando o dever com a morte do alimentante.
(C) O novo casamento do cônjuge devedor extingue a obrigação de prestar
alimentos constante da sentença de divórcio.
(D) Se o cônjuge credor contrair nova união estável, cessa o dever de prestar
alimentos ao cônjuge devedor.
(E) Julgada procedente a ação de investigação de paternidade, os alimentos
são devidos desde a data da propositura da ação.
Comentários
A alternativa A está incorreta, contrariando a Súmula 594 do STJ: “O Ministério
Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de
criança ou adolescente independentemente do exercício do poder familiar dos
pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art.

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98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros


questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na
comarca”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.700: “A obrigação de
prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art.
1.694”.
A alternativa C está incorreta, pois “o novo casamento do cônjuge devedor não
extingue a obrigação constante da sentença de divórcio” (art. 1.709).
A alternativa D está correta, porque “com o casamento, a união estável ou o
concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos” (art. 1.708, CC).
A alternativa E está incorreta, uma vez que, segundo a Súmula 277 do STJ,
“julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são devidos a
partir da citação”.

33. 2018 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


Os alimentos gravídicos
(A) dependem de prova da paternidade para a aferição da legitimidade
passiva do devedor dos alimentos.
(B) devem ser automaticamente convertidos em pensão alimentícia em favor
do recém-nascido, independentemente de pedido expresso ou de
pronunciamento judicial.
(C) por se tratar de alimentos deferidos com base em juízo de probabilidade,
não autorizam a prisão civil do devedor.
(D) deve ser fixado diante de mero indício de gravidez.
(E) geram efeitos imediatamente a partir da data em que foram fixados.
Comentários
A alternativa A está incorreta, em consonância com o que dispõe o art. 6º da
Lei 11.804/2008: “Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz
fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança,
sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré”.
A alternativa B está correta, segundo o art. 6º, parágrafo único: “Após o
nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão
alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão”.
A alternativa C está incorreta, na leitura do art. 11: “Aplicam-se supletivamente
nos processos regulados por esta Lei as disposições das Leis nos 5.478, de 25 de
julho de 1968, e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil”.
Destaco que, apesar da lei fazer referência ao CPC/1973, deve ser interpretado

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o dispositivo com referência ao CPC/2015. Assim, é perfeitamente possível a


prisão civil do devedor de alimentos, mesmo que gravídicos.
A alternativa D está incorreta, pois, conforme já visto, para que o juiz fixe os
alimentos gravídicos, é necessária a existência de indícios da paternidade
suficientes para seu convencimento.
A alternativa E está incorreta, porque para a doutrina majoritária, os efeitos são
retroativos, uma vez que os alimentos são garantidos desde a concepção.

34. 2017 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A favor do idoso, a prestação alimentar, na forma de lei civil, e
(A) devida pelos descendentes, ascendentes, cônjuge e colaterais ate o
quarto grau, nesta ordem.
(B) devida pelos filhos, não podendo o idoso demandar um deles excluindo
os demais, que tiverem condições financeiras.
(C) devida apenas pelos filhos ou pelo cônjuge, excluindo-se os colaterais de
qualquer grau.
(D) devida pelos filhos, exceto se provado abandono afetivo deles na
infância.
(E) solidária, podendo ele optar entre os prestadores.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.696: “O direito à prestação de
alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros” e do
art. 1.697: “Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes,
guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos
como unilaterais”. Ou seja, os alimentos são devidos até o segundo grau na linha
colateral.
A alternativa B está incorreta, conforme o art. 1.698: “Se o parente, que deve
alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide”. Vale lembrar que a obrigação alimentar é divisível.
A alternativa C está incorreta, já que o art. 1.697 é claro ao colacionar também
os colaterais até o segundo grau como devedores de alimentos.
A alternativa D está incorreta, apesar da polêmica e de decisões em contrário,
já que, na lei, não há tal exceção.

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A alternativa E está correta, dada a previsão do art. 12 do Estatuto do Idoso:


“A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores”.
A regra é exceção à prevista no CC/2002, que não adotada a solidariedade, de
maneira expressa.

35. 2017 – FCC – TJ/SC – Juiz Estadual Substituto


A curatela
(A) do pródigo priva-o, apenas, de, sem curador, transigir, dar quitação ou
alienar bens móveis ou imóveis.
(B) de pessoa com deficiência e medida protetiva extraordinária e definitiva.
(C) da pessoa com deficiência não poderá ser compartilhada a mais de uma
pessoa, porque não se confunde com a tomada de decisão apoiada.
(D) de pessoa com deficiência afetara tão-somente os atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial, não alcançando o direito ao
trabalho, nem ao voto.
(E) do pródigo priva-o do matrimônio ou de novo matrimônio sob o regime
de ccomunhão universal ou parcial de bens, e de, sem curador, alienar bens
imóveis, hipoteca-los e demandar ou ser demandado sobre esses bens.
Comentários
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 1.782, que é mais amplo: “A
interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral,
os atos que não sejam de mera administração”.
A alternativa B está incorreta, porque a curatela da pessoa com deficiência não
pode ser definitiva, nos termos do art. 84, §3º, do EPD: “A definição de curatela
de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional
às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo
possível”.
A alternativa C está incorreta, como se extrai do art. 84, §4º: “Os curadores
são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz,
apresentando o balanço do respectivo ano”.
A alternativa D está correta, pela cumulação do caput do art. 85 (“A curatela
afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e
negocial”) com seu §1º: “A definição da curatela não alcança o direito ao próprio
corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao
trabalho e ao voto”.
A alternativa E está incorreta, já que o pródigo pode contrair matrimônio, não
havendo restrição no CC/2002.

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36. 2017 – VUNESP – MP/SP – Promotor de Justiça Substituto


Com relação à capacidade para o exercício da tutela, a legislação civil
brasileira estabelece que não poderão ser tutoras, ou serão da tutela
exoneradas, algumas pessoas que estejam ou que venham a estar em
determinadas situações consideradas impeditivas para o exercício de tal
atribuição. Para qual grupo de pessoas a seguir haveria a possibilidade de
exercício de tutela?
(A) Pessoas que não sejam probas.
(B) Pessoas exercendo função pública incompatível com a administração da
tutela.
(C) Pessoas que não tenham a livre administração de seus bens.
(D) Pessoas sob investigação em inquérito policial.
(E) Pessoas que estejam constituídas em obrigação para com o menor
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo o art. 1.735, inc. V: “Não podem ser
tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam as pessoas de mau
procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias
anteriores”.
A alternativa B está incorreta, conforme o art. 1.735, inc. VI: “Não podem ser
tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam aqueles que exercerem
função pública incompatível com a boa administração da tutela”.
A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 1.735, inc. I: “Não podem ser
tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam aqueles que não tiverem a
livre administração de seus bens
A alternativa D está correta, porque é a única que não está listada no rol
taxativo de impedimentos.
A alternativa E está incorreta, de acordo com o art. 1.735, inc. II: “Não podem
ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam aqueles que, no
momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação
para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles
cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor”.

37. 2017 – FUNDEP – MPE/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa CORRETA:
A) Em caso de necessidade, a pessoa capaz, com deficiência, pode sujeitar-
se à curatela relativamente aos atos patrimoniais e negociais.
B) A prestação de contas das fundações ao Ministério Público poderá ser
suprida pelo juiz, a requerimento do interessado.

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C) A confissão feita pelo representante obriga necessariamente o


representado.
D) A contestação da paternidade fundada em erro é privativa do pai registral.
Comentários
A alternativa A está correta, na conjugação do art. 84, §1º (“Quando
necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei”)
com o art. 85 (“A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos
de natureza patrimonial e negocial”) do EPD.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 67, inc. III: “Para que se
possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma seja aprovada pelo
órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo
o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado”.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 213: “Não tem eficácia a confissão
se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos
confessados. Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante,
somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado”.
A alternativa D está incorreta, de acordo com o art. 1.615: “Qualquer pessoa,
que justo interesse tenha, pode contestar a ação de investigação de paternidade,
ou maternidade”.

38. 2017 – FUNDEP – MPE/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA:
A) O jus in re (direito real) é o poder direto do titular sobre a coisa.
B) A socioafetividade é atributo do parentesco de outra origem.
C) Na indenização por ofensa à liberdade pessoal, não havendo
involuntariamente prova material do prejuízo, o juiz fixará equitativamente
o valor da reparação segundo as circunstâncias do caso.
D) Em qualquer caso, a quantificação dos alimentos advindos do parentesco
por adoção se vincula apenas àqueles indispensáveis à subsistência do
beneficiário.
Comentários
A alternativa A está correta, sendo essa exatamente a característica marcante
dos direitos reais em geral, notadamente a propriedade, que agrupa todos os
poderes proprietários, ou figuras parcelares, em si, dando ao titular o poder direto
sobre a coisa. Há quem, inclusive, tenha justificado a distinção entre o direito
real e o direito pessoal/obrigacional pelo fato de que na seara das Coisas inexistir
relação subjetiva, mas objetiva, do titular com a coisa (perspectiva essa

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equivocada, frise-se, a partir da compreensão adequada da teoria da relação


jurídica).
A alternativa B está correta, sendo a socioafetividade reconhecida como
parentesco civil, diverso do consanguíneo/biológico/genético, como se extrai do
art. 1.593: “O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade
ou outra origem”.
A alternativa C está correta, já que o art. 954 remete ao art. 953, parágrafo
único: “Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar,
equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do
caso”.
A alternativa D está incorreta, na conjugação do caput art. 1.694 (“Podem os
parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive
para atender às necessidades de sua educação”) com seu §2º (“Os alimentos
serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade
resultar de culpa de quem os pleiteia”).

39. 2017 – MPE/RS – MPE/RS – Promotor de Justiça


Assinale a alternativa INCORRETA quanto à obrigação alimentar.
A) Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são
devidos a partir da citação, isso se os alimentos não forem fixados
provisoriamente, por meio de tutela antecipada ou em cautelar de alimentos
provisionais.
B) Se o alimentando for absolutamente incapaz, contra ele não corre a
prescrição. Os alimentos fixados na sentença e vencidos só terão a
prescrição iniciada quando o alimentando se tornar relativamente capaz.
Todavia, sendo o pai ou a mãe os devedores dos alimentos, a prescrição, de
dois anos, só se inicia quando o menor se tornar capaz, salvo se emancipado.
C) Paulo, com 52 anos de idade e necessitando de alimentos para viver,
ingressou em juízo buscando alimentos de seus irmãos Maria e Sérgio. Não
demandou contra seu outro irmão Marcos. Todavia, a cota de Marcos deve
ser distribuída entre os outros dois irmãos. A cota de Sérgio pode ser
superior à de Maria, se este dispuser de melhores condições econômicas
para suportá-la.
D) Considerando as modalidades de alimentos, cabe ser dito que nem todas
ensejam a prisão civil, todavia, somente as três últimas prestações
inadimplidas antes da execução e as que por ventura venham a vencer
ensejam a decretação de prisão do devedor de alimentos.
E) A cessação da obrigação alimentar no procedimento indigno do credor
não se limita unicamente às relações entre cônjuges e companheiros.

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Comentários
A alternativa A está correta, apesar de discutível a “cautelar de alimentos
provisionais” mencionada. De qualquer forma, eis a redação do art. 4º da Lei
5.478/1968: “Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos
provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente
declarar que deles não necessita”.
A alternativa B está correta, pela conjugação do art. 197, inc. II (“Não corre a
prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar”), com o
art. 1.635, inc. II (“Extingue-se o poder familiar pela emancipação, nos termos
do art. 5o, parágrafo único”).
A alternativa C está incorreta, dada a previsão do art. 1.698: “Se o parente,
que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo
várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão
as demais ser chamadas a integrar a lide”.
A alternativa D está correta, nos termos do art. 528, §7º, do CPC/2015: “O
débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende
até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se
vencerem no curso do processo”.
A alternativa E está correta, já que apesar de o parágrafo único do art. 1.708
(“Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver
procedimento indigno em relação ao devedor”) estar contido num caput que
menciona as uniões conjugais, não há óbice à aplicação dele a outras situações,
dada que a indignidade geral, trazida pelo art. 1.814, não a limita aos
companheiros/cônjuges.

40. 2016 – VUNESP – TJ/RJ – Juiz Estadual Substituto


Mark e Christina divorciaram-se consensualmente, estabelecendo a guarda
unilateral para a mãe do único filho, Piero, em razão de sua tenra idade (3
anos). Estabeleceram, ainda, que o pai pagaria R$ 2.000,00 por mês a título
de alimentos. Mark, aproveitando-se da boa situação financeira da ex-
cônjuge, jamais pagou os alimentos ajustados, mas cumpria os demais
deveres decorrentes da paternidade. Quando Piero completou 18 anos,
ajuizou execução de alimentos em face de Mark.
Nesse cenário, é correto afirmar que
A) Piero poderá executar apenas os últimos 2 anos das prestações
alimentares.
B) Piero poderá executar apenas os últimos 5 anos das prestações
alimentares.

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C) estão prescritas as prestações alimentares, ressalvada a possibilidade de


Piero pleitear perdas e danos de sua mãe, que detinha sua guarda e
manteve-se inerte no período.
D) a inércia durante o longo período acarretou na exoneração de Mark,
ressalvada a possibilidade de Piero ajuizar ação para constituir nova
obrigação alimentar.
E) Piero poderá executar as prestações alimentares devidas desde quando
tinha 3 anos de idade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que, a despeito de o art. 206, §2º ( “Prescreve,
em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data
em que se vencerem”), há causa de suspensão, no caso.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 206, §2º, supracitado.
A alternativa C está incorreta, mais uma vez, nos termos do supracitado art.
206, §2º.
A alternativa D está incorreta, porque a ausência de cobrança dos alimentos
são extingue, por si só, os alimentos.
A alternativa E está correta, pela literalidade do art. 197, inc. II: “Não corre a
prescrição entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar”.

41. 2016 – CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito Substituto


Com fundamento na jurisprudência do STJ, assinale a opção correta acerca
do direito de família.
A) O contrato de união estável pode ter efeitos retroativos, se os conviventes
que o assinam tiverem o objetivo de eleger o regime de bens aplicável ao
período de convivência anterior a sua assinatura.
B) Em regra, a pensão alimentícia devida a ex-cônjuge deve ser fixada por
tempo indeterminado.
C) Nas ações de interdição não ajuizadas pelo MP, a função de defensor do
interditando deve ser exercida pelo próprio parquet, o que dispensa a
nomeação de curador à lide.
D) Desde que não haja disposição transacional nem decisão judicial em
sentido contrário, o aviso prévio deve integrar a base de cálculo da pensão
alimentícia.
E) As verbas indenizatórias, auxílio-acidente, vale-cesta e vale-alimentação,
integram a base de cálculo para fins de desconto de pensão alimentícia.
Comentários

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A alternativa A está incorreta, na dicção do julgado do STJ: “CIVIL. RECURSO


ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. CONTRATO DE CONVIVÊNCIA.
1) ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO CONTRATO. INOCORRÊNCIA. PRESENÇA DOS
REQUISITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO. ART. 104 E INCISOS DO CC/02.
SENILIDADE E DOENÇA INCURÁVEL, POR SI, NÃO É MOTIVO DE INCAPACIDADE
PARA O EXERCÍCIO DE DIREITO. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS INDICATIVOS DE
QUE NÃO TINHA O NECESSÁRIO DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DO NEGÓCIO
JURÍDICO. AFIRMADA AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DE VONTADE. INCIDÊNCIA
DA SÚMULA Nº 7 DO STJ. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA Nº 284 DO STF. REGIME OBRIGATÓRIO DE SEPARAÇÃO DE BENS NO
CASAMENTO. INCISO II DO ART. 1.641 DO CC/02. APLICAÇÃO NA UNIÃO
ESTÁVEL. AFERIÇÃO DA IDADE. ÉPOCA DO INÍCIO DO RELACIONAMENTO.
PRECEDENTES. APONTADA VIOLAÇÃO DE SÚMULA. DESCABIMENTO. NÃO SE
ENQUADRA NO CONCEITO DE LEGISLAÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. RECURSO ESPECIAL DO EX-
COMPANHEIRO NÃO PROVIDO. 2) PRETENSÃO DE SE ATRIBUIR EFEITOS
RETROATIVOS A CONTRATO DE CONVIVÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
ESPECIAL DA EX-COMPANHEIRA NÃO PROVIDO. No curso do período de
convivência, não é lícito aos conviventes atribuírem por contrato efeitos
retroativos à união estável elegendo o regime de bens para a sociedade de fato,
pois, assim, se estar-se-ia conferindo mais benefícios à união estável que ao
casamento (REsp 1383624/MG, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 12/06/2015)”.
A alternativa B está incorreta, dado o entendimento inverso do STJ: “CIVIL.
FAMÍLIA. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. PENSÃO ALIMENTÍCIA. AÇÃO
REVISIONAL E EXONERATÓRIA DE ALIMENTOS. AFIRMADA OFENSA AO ART. 535
DO CPC. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO DE QUE A PENSÃO DEVIDA AOS FILHOS É
EXCESSIVA E QUE HOUVE MUDANÇA NA CAPACIDADE FINANCEIRA DO
ALIMENTANTE. REVISÃO DO BINÔMIO NECESSIDADE-POSSIBILIDADE.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7 DO STJ. EXONERATÓRIA. PROCEDÊNCIA. EX-
CÔNJUGE. CAPACIDADE LABORATIVA E APTIDÃO PARA INSERÇÃO NO MERCADO
DE TRABALHO. RECURSO ESPECIAL. A jurisprudência desta egrégia Corte
Superior firmou a orientação de que a pensão entre ex-cônjuges não está limitada
somente à prova da alteração do binômio necessidade-possibilidade, devendo ser
consideradas outras circunstâncias, como a capacidade potencial do alimentado
para o trabalho e o tempo decorrido entre o início da prestação alimentícia e a
data do pedido de desoneração. Esta egrégia Corte Superior também tem
entendimento de que, em regra, a pensão deve ser fixada com termo certo,
assegurando ao beneficiário tempo hábil para que reingresse ou se recoloque no
mercado de trabalho, possibilitando-lhe a manutenção pelos próprios meios. O
pensionamento só deve ser perene em situações excepcionais, como de
incapacidade laboral permanente, saúde fragilizada ou impossibilidade prática de
inserção no mercado de trabalho (REsp 1496948/SP, Rel. Ministro MOURA
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 12/03/2015)”.

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A alternativa C estava correta, quando da prova, realizada antes da entrada em


vigor do CPC/2015. No entanto, incorreta está, agora, a teor do art. 72, parágrafo
único, do CPC: “A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos
termos da lei”. Deixou o MP de ser responsável pela defesa do interditando,
previsão essa que remonta à época em que se confundiam frequentemente as
funções do promotor com as do defensor e do advogado público, ainda antes da
CF/1988, mas cujo equívoco foi mantido no CC/2002 e, com a revogação do
1.770, deixou de existir, finalmente.
A alternativa D está incorreta, conforme o STJ: “PROCESSO CIVIL. DIREITO DE
FAMÍLIA. RECURSO ESPECIAL. NÃO CONFIGURAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ART. 535
DO CPC. EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. BASE DE CÁLCULO. DÉCIMO
TERCEIRO SALÁRIO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. AVISO
PRÉVIO. COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO OCORRÊNCIA DE
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. A desvinculação da participação nos lucros operada
pela Constituição da República de 1988, em seu art. 7º, inc. XI, não teve o condão
de alterar a essência dessa rubrica a ponto de descaracterizá-la. Dessarte, a
despeito dessas verbas serem desvinculadas do conceito de remuneração,
configuram-se como rendimento, porquanto geram acréscimo patrimonial,
devendo integrar a base de cálculo dos alimentos. O aviso prévio consiste, em
última instância, no pagamento efetuado pelo empregador ao empregado pela
prestação de serviços durante o restante do contrato de trabalho ou à indenização
substitutiva pelo seu não cumprimento por qualquer das partes. Em ambas as
hipóteses - natureza salarial ou indenizatória -, trata-se de verba rescisória, razão
pela qual não incide o desconto da pensão alimentícia, ressalvada disposição
transacional ou judicial em sentido contrário (ubi eadem ratio, ibi eadem
dispositio). Ressalva dos Ministros Maria Isabel Gallotti e Raul Araújo quanto à
incidência da pensão alimentícia sobre a rubrica denominada participação nos
lucros apenas quando comprovada a necessidade do alimentando, o que, no caso
dos autos, foi devidamente demonstrada (REsp 1332808/SC, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 24/02/2015)”.
A alternativa E está incorreta, segundo o STJ: “Os alimentos incidem sobre
verbas pagas em caráter habitual, aquelas incluídas permanentemente no salário
do empregado. A verba alimentar incide, portanto, sobre vencimentos, salários
ou proventos, valores auferidos pelo devedor no desempenho de sua função ou
de suas atividades empregatícias, decorrentes dos rendimentos ordinários do
devedor. As parcelas denominadas auxílio-acidente, cesta-alimentação e vale-
alimentação, que tem natureza indenizatória, estão excluídas do desconto para
fins de pensão alimentícia porquanto verbas transitórias (STJ - REsp: 1.159.408-
PB, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento:
07/11/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/11/2013)”.

42. 2016 – FCC – DPE/BA – Defensor Público Estadual


A respeito dos alimentos, é correto afirmar que:

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A) por expressa disposição de lei, somente incidem sobre a gratificação


natalina e o terço de férias se constar expressamente no título que estipulou
o direito aos alimentos.
B) diante do inadimplemento do pai, a obrigação é transmitida
imediatamente aos avós.
C) cessam automaticamente com a maioridade do alimentando, salvo
determinação judicial expressa em sentido contrário.
D) cessam com o casamento ou a união estável do credor, assim como no
caso de o credor portar-se de maneira indigna contra o alimentante.
E) a prova do desemprego do devedor de alimentos é suficiente para afastar
possibilidade de prisão civil.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois não há, nem no CC/2002, nem na Lei de
Alimentos, dispositivo específico sobre o tema.
A alternativa B está incorreta, dado que a responsabilidade avoenga é
subsidiária, sendo que a lide deve permitir ampla produção probatória quando se
pretende transmitir a obrigação alimentar a terceiros.
A alternativa C está incorreta, porque pela interpretação do art. 1.699 (“Se,
fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os
supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme
as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”), deve haver
pedido judicial para que cessem os alimentos.
A alternativa D está correta, na forma do art. 1.708, caput (“Com o casamento,
a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos”),
e seu parágrafo único (“Com relação ao credor cessa, também, o direito a
alimentos, se tiver procedimento indigno em relação ao devedor”).
A alternativa E está incorreta, segundo a jurisprudência sufragada pelo STJ:
“RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL. PENSÃO
ALIMENTÍCIA. DESEMPREGO. PAGAMENTO PARCIAL. I - A prisão civil de devedor
de pensão alimentar é cabível quando a cobrança se refere às três últimas
parcelas em atraso, anteriores à citação e as que lhe são subsequentes. Esse
pagamento tem de ser total e não parcial. II - Não desobriga o devedor de pensão
alimentícia a simples alegação de desemprego e o pagamento parcial muito
aquém do valor devido (RHC 16.268/RS, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA
RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, DJ 25.10.2004)”.

43. 2016 – FCC – DPE/ES – Defensor Público Estadual


Os alimentos gravídicos serão fixados pelo juiz,

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A) só excepcionalmente, se convencido da existência de indícios da


paternidade, após justificação judicial prévia e compreenderão os valores
suficientes para cobrir as despesas alimentícias da gestante, excluída a
assistência médica, que deverá ser oferecida pelo poder público, perdurando
até o nascimento da criança, que, nascendo com vida, deverá propor ação
de alimentos, os quais serão estabelecidos na proporção de suas
necessidades e das possibilidades do alimentante.
(B) desde que a mulher grávida firme declaração de que o réu é o pai, e
compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período da gravidez, perdurando até o nascimento da criança, e após o
nascimento com vida ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do
menor, até que uma das partes solicite sua revisão.
(C) apenas se houver presunção de paternidade e compreenderão os valores
suficientes para cobrir as despesas adicionais do período da gravidez,
perdurando até o nascimento da criança, e após o nascimento com vida
ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor, até que uma
das partes solicite sua revisão.
(D) se convencido da existência de indícios da paternidade, compreendendo
os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período da
gravidez, perdurando até o nascimento da criança, e após o nascimento com
vida ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor, até que
uma das partes solicite sua revisão.
(E) somente se provado o casamento do réu com a gestante e
compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do
período da gravidez, inclusive a alimentação especial, assistência médica e
psicológica à gestante, perdurando até o nascimento da criança, e após o
nascimento com vida ficam convertidos em pensão alimentícia, observando-
se as necessidades do alimentando e as possibilidades do alimentante.
Comentários
A alternativa A está incorreta, vez que a Lei 11.804/2008, que disciplina sobre
o direito a alimentos gravídicos, nada diz acerca da excepcionalidade da fixação
destes alimentos, nem exige a justificação judicial prévia para o estabelecimento
destes, tampouco consignando a necessidade de ajuizamento de ação própria
após o nascimento da criança para dar continuidade à percepção dos alimentos,
consoante dicção de seus arts. 2º e 6º. Ainda, o art. 2º da referida lei explicita
que tais alimentos devem servir para cobrir as despesas adicionais do período de
gravidez e que sejam dela decorrentes.
A alternativa B está incorreta, já que a Lei 11.804/2008 não exige que a
gestante firme declaração de que o réu é pai. A legislação não exige forma das
provas que servirão para o convencimento da existência dos indícios de
paternidade, nos termos do art. 6º.

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A alternativa C está incorreta, evidentemente, e a lei especial nada menciona


acerca da imprescindibilidade da presunção de paternidade (seja aquela
decorrente do art. 1.597 do CC/2002 – filhos concebidos na constância do
casamento –, seja aquela consignada no art. 2º-A da Lei 8.560/1992, que regula
a investigação de paternidade, com redação dada pela Lei nº 12.004/2009, no
qual se dita que “a recusa do réu em se submeter ao exame de código genético
- DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o
contexto probatório”).
A alternativa D está correta, pela literalidade dos arts. 2º (“Os alimentos de que
trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas
adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao
parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e
psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico,
além de outras que o juiz considere pertinentes”) e 6º (“Convencido da existência
de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até
o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as
possibilidades da parte ré. Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os
alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor
até que uma das partes solicite a sua revisão”) da Lei referida.
A alternativa E está incorreta, e beira ao absurdo, evidentemente, porque não
há necessidade de comprovação de casamento. Parentalidade e matrimônio são
inconfundíveis, mesmo quando a legislação, ainda muito conservadora e
maniqueísta, conectava os institutos ao impedir o reconhecimento dos “filhos
adulterinos”.

44. 2016 – FCC – DPE/ES – Defensor Público Estadual


Constitui violência obstétrica, por si só,
(A) autorização para que acompanhante da parturiente permaneça em
enfermarias coletivas causando constrangimento aos demais pacientes.
(B) informar a parturiente sobre os riscos da gravidez, mesmo ciente de que
a notícia possa lhe causar sofrimento.
(C) disponibilizar métodos não farmacológicos de interrupção da dor,
detendo conhecimento sobre medicação que faça cessar imediatamente o
sofrimento da parturiente.
(D) prática de cesariana.
(E) retenção da paciente no hospital até que salde dívida decorrente do
parto.
Comentários

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A alternativa A está incorreta, pois o art. 19-J da Lei 8.080/1990, incluído pela
Lei 11.108/2005, garante que “os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde
- SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença,
junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho
de parto, parto e pós-parto imediato”. Além disso, segundo cartilha da Defensoria
Pública do Estado de São Paulo, violência obstétrica trata da “apropriação do
corpo e processos reprodutivos das mulheres por profissionais da saúde, por meio
de tratamento desumanizado, abuso de medicalização e patologização dos
processos naturais, causando perda da autonomia e capacidade de decidir
livremente sobre seus corpos impactando na sexualidade e negativamente na
qualidade de vida das mulheres”, não se relacionando, assim, com possível
constrangimento de pessoa não submetida a essa relação obstetrícia.

A alternativa B está incorreta, já que a informação sobre os riscos da gravidez


é inerente ao dever de informação na relação médico-paciente, não configurando
violência. Além disso, há uma série de disposições trazidas pela Lei 13.257/2016
(Lei de princípios e diretrizes para a formulação e a implementação de políticas
públicas para a primeira infância) acerca do assunto, que alteraram, inclusive, o
ECA, como se vê no art. 8º deste Estatuto: “É assegurado a todas as mulheres o
acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento
reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez,
ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral
no âmbito do Sistema Único de Saúde”.
A alternativa C está incorreta, porque não configura tratamento abusivo de
medicalização proporcionar métodos não farmacológicos para interrupção da dor
da gestante durante o parto.
A alternativa D está incorreta, dado que, além das consignações acima, o artigo
8º, §8º do ECA (com redação dada pela Lei nº 13.257/2016) prevê que “a
gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a
parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras
intervenções cirúrgicas por motivos médicos”. Ou seja, a mera prática de
cesariana não configura violência obstétrica.
A alternativa E, portanto, está correta, evidentemente.

45. 2015 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Acerca dos alimentos, é correto afirmar que
A) considerando que se extingue o poder familiar pela maioridade (art. 1.635
do Código Civil), cessa desde logo o dever de prestar alimentos, dispensada
decisão judicial a esse respeito.
B) a obrigação alimentar dos ascendentes é subsidiária à obrigação alimentar
entre irmãos, germanos ou unilaterais.

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C) o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que


compreende as prestações que se vencerem no curso do processo.
D) se o cônjuge declarado culpado pela separação judicial vier a necessitar
de alimentos e não tiver aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegurá-los, desde que inexistam parentes na condição de
prestá-los, limitados ao quantum indispensável à sobrevivência.
Comentários
A alternativa A está incorreta, conforme a Súmula 358 do STJ: “O cancelamento
de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão
judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”.
A alternativa B está incorreta, inversamente ao que prevê o art. 1.697: “Na
falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de
sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
A alternativa C está incorreta, de acordo com a Súmula 309 do STJ: “O débito
alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três
prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso
do processo”.
A alternativa D está correta, na literalidade do art. 1.704, parágrafo único: “Se
o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes
em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência”.

46. 2015 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Acerca dos alimentos, e correto afirmar que
A) considerando que se extingue o poder familiar pela maioridade (art. 1.635
do Codigo Civil), cessa desde logo o dever de prestar alimentos, dispensada
decisao judicial a esse respeito.
B) a obrigacao alimentar dos ascendentes e subsidiaria a obrigacao alimentar
entre irmaos, germanos ou unilaterais.
C) o debito alimentar que autoriza a prisao civil do alimentante e o que
compreende as prestacoes que se vencerem no curso do processo.
D) se o conjuge declarado culpado pela separacao judicial vier a necessitar
de alimentos e nao tiver aptidao para o trabalho, o outro conjuge sera
obrigado a assegura-los, desde que inexistam parentes na condicao de
presta-los, limitados ao quantum indispensavel a sobrevivencia.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pacificado há tempos que a exoneração depende
de decisão judicial, não sendo automática a cessação do dever alimentar.

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A alternativa B está incorreta, na dicção do art. 1.697: “Na falta dos


ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão
e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 528, §3º, do CPC/2015: “Se o
executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além
de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á
a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses”.
A alternativa D está correta, conforme o art. 1.704, parágrafo único: “Se o
cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes
em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência”.

47. 2015 – FCC – TJ/PE – Juiz Estadual Substituto


Sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos,
A) todas devem concorrer igualmente, e sendo intentada ação contra uma
delas, poderão ser chamadas as demais a integrar a lide.
B) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos e deverão
ser demandadas em litisconsórcio passivo necessário.
C) nenhuma delas poderá ser demandada, enquanto o juiz não deliberar
quem deverá prestá-los.
D) todas são devedoras solidárias, podendo o credor de alimentos demandar
qualquer delas para haver o de que necessita para sua sobrevivência.
E) todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,
intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a
integrar a lide.
Comentários
A alternativa A está incorreta, porque isso feriria o princípio da
proporcionalidade que rege os alimentos.
A alternativa B está incorreta, pois não há necessidade no litisconsórcio, nesse
caso, mas facultatividade, apenas.
A alternativa C está incorreta, evidentemente, dado que não é o juiz quem fixa,
a priori, quem tem dever de prestar, mas a lei.
A alternativa D está incorreta, inexistindo solidariedade na prestação alimentar.
A alternativa E está correta, na dicção do art. 1.698: “Se o parente, que deve
alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos

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respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide”.

48. 2015 – FCC – TJ/RR – Juiz Estadual Substituto


O direito a alimentos que têm os filhos é
A) renunciável, se tiverem, comprovadamente, recursos financeiros
decorrentes de sucessão hereditária.
B) irrenunciável, embora possam não exercê-lo, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora.
C) irrenunciável, mas pode ser objeto de cessão, para atender a obrigações
assumidas com sua educação ou tratamento de saúde.
D) renunciável, quando se tornarem relativamente incapazes, porque a
partir dos dezesseis anos lhes é permitido o exercício de trabalho ou
profissão.
E) irrenunciável e o respectivo crédito insuscetível de cessão, embora possa
ser compensado com suas dívidas ao alimentante.
Comentários
A alternativa A está correta, na forma do art. 1.707: “Pode o credor não exercer,
porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito
insuscetível de cessão, compensação ou penhora”.
A alternativa B está correta, como enunciado pelo art. 1.707, supramencionado
na alternativa anterior.
A alternativa C está incorreta, mais uma vez, como já dito acima, nos termos
do art. 1.707.
A alternativa D está incorreta, novamente, já que renúncia e falta de exercício
não se confundem.
A alternativa E está incorreta, por fim, como estabelecido com clareza solar pelo
art. 1.707.

49. 2015 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Sobre as pessoas obrigadas a prestar alimentos, é correto afirmar que:
A) o alimentando poderá escolher livremente o parente que deverá prover o
seu sustento.
B) somente pessoas que procedem do mesmo tronco ancestral devem
alimentos, incluindo- se os afins.

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C) na falta dos ascendentes, a obrigação alimentícia cabe aos descendentes,


guardada a ordem de sucessão e, na falta destes, aos irmãos, assim
germanos como unilaterais.
D) os tios poderão ser convocados a suprir alimentos em ação proposta pela
sobrinha que deles necessitar.
E) os pais consanguíneos do adotado são obrigados a prestar-lhe alimentos,
se o adotante não tiver recursos suficientes para tanto.
Comentários
A alternativa A está incorreta, como se prevê pela previsão do art. 1.696: “O
direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a
todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em
falta de outros”.
A alternativa B está incorreta, a uma porque a afinidade não estabelece
parentesco que procede do mesmo tronco ancestral; e, a duas, porque os afins
não estão incluídos no rol dos alimentantes possíveis.
A alternativa C está correta, conforme o art. 1.697: “Na falta dos ascendentes
cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando
estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
A alternativa D está incorreta, de acordo com o supracitado art. 1.697.
A alternativa E está incorreta, já que os genitores genéticos não têm mais
qualquer ligação com o adotado, à exceção dos impedimentos matrimoniais.

50. 2015 – CEFET – MPE/BA – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA sobre alimentos e poder familiar, segundo
o Código Civil Brasileiro:
A) Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a
qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
B) O Ministério Público pode intervir adotando medida que lhe pareça
reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o
poder familiar, quando convenha, se o pai ou a mãe abusar de sua
autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos
filhos.
C) O poder familiar pode ser perdido judicialmente se o pai ou a mãe castigar
imoderadamente o filho ou deixá-lo em abandono, dentre outras hipóteses.
D) Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante, independentemente dos recursos da pessoa obrigada.

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E) Na falta dos ascendentes cabe obrigação aos descendentes, guardada a


ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como
unilaterais.
Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.631, parágrafo único:
“Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a
qualquer deles recorrer ao juiz para solução do desacordo”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.637: “Se o pai, ou a mãe,
abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando
os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério
Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha”.
A alternativa C está correta, na conjugação dos quatro incisos do art. 1.638:
“Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: castigar
imoderadamente o filho; deixar o filho em abandono; praticar atos contrários à
moral e aos bons costumes; incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
antecedente”.
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 1.694, §1º: “Os alimentos devem
ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada”.
A alternativa E está correta, como dispõe o art. 1.697: “Na falta dos
ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão
e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.

51. 2015 – FCC – DPE/MA – Defensor Público Estadual


João Roberto, que completou 18 anos no dia 1º de julho de 2015, comparece
à Defensoria Pública na data de hoje (23/08/2015), com uma sentença que
condenou o seu pai a pagar alimentos no valor de um salário mínimo ao
mês, desde a citação, ocorrida em 1º de julho de 1999. Os documentos
apresentados pelo jovem revelam que o alimentante nunca pagou qualquer
valor a título de alimentos, desde que foram fixados até a presente data,
razão pela qual João Roberto deseja que seu pai pague todas as prestações,
sob pena de prisão. João nunca foi emancipado e também não houve causa
extintiva do poder familiar antes do atingimento da maioridade. Diante deste
pedido do autor e considerando as informações constantes da narrativa
acima, o defensor deverá:
A) ajuizar uma ação de execução de alimentos cobrando os últimos dois
últimos anos, únicas parcelas que não foram atingidas pela prescrição bienal,
além de ajuizar ação revisional de alimentos, para comprovar que, apesar
de atingida a maioridade, João ainda tem necessita dos alimentos.

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B) informar João Roberto que não mais é possível a cobrança dos alimentos,
uma vez que após atingida a maioridade, ocorre a exoneração do encargo
alimentar e, além disso, embora o direito aos alimentos seja imprescritível,
a cobrança das parcelas já prescreve no prazo de dois anos a partir do
momento em que João Roberto atingiu os 16 anos e, portanto, passou a ser
relativamente incapaz.
C) ajuizar duas ações de execução de alimentos: uma cobrando as três
últimas parcelas vencidas e as que se vencerem no curso do processo, sob
pena de prisão, e a outra cobrando as demais parcelas desde o mês de julho
de 1999, requerendo que o alimentante faça o pagamento das parcelas
vencidas, sob pena de penhora.
D) ajuizar uma única ação de execução de alimentos, pedindo que o
alimentante pague todas as prestações desde o mês de julho de 1999, sob
pena de prisão civil, diante do caráter da imprescritibilidade dos alimentos.
E) ajuizar duas ações de execução de alimentos, cobrando as três últimas
parcelas vencidas e as que se vencerem no curso do processo, sob pena de
prisão, e a outra cobrando as demais parcelas, mas somente as que não
estejam prescritas, respeitado o prazo prescricional de 02 anos em relação
às parcelas vencidas.
Comentários
A alternativa A está incorreta, dado que a prescrição não correra contra João,
nos termos do art. 197, inc. II: “Não corre a prescrição entre ascendentes e
descendentes, durante o poder familiar”.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 197, inc. II, supracitado na
alternativa anterior.
A alternativa C está correta, dado que numa ação, sob pena prisional, cobram-
se as três parcelas vencidas e as vincendas, e na outra cobram-se as anteriores,
conforme o comando sentencial.
A alternativa D está incorreta, já que a prisão civil só se aplica às três prestações
vencidas anteriormente à propositura da ação.
A alternativa E está incorreta, pois a prescrição só atingiria as parcelas em
curso, não as deferidas pela sentença.

52. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa CORRETA:
A) A fundação pode, excepcionalmente, ter fins econômicos desde que
instituída por escritura pública ou testamento.
B) O domicílio da pessoa natural que não tenha residência habitual é o lugar
onde for encontrada.

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C) O sobrinho, com fundamento no parentesco consanguíneo, pode exigir


alimentos do tio, que serão fixados para o atendimento apenas das
necessidades essenciais.
D) É absoluta a presunção que supre a prova objetivada com a perícia
médica recusada.
Comentários
A alternativa A está incorreta, consoante o parágrafo único do art. 62: “A
fundação somente poderá constituir-se para fins de assistência social; cultura,
defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; educação; saúde;
segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; pesquisa científica,
desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de
gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos; promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos
humanos; atividades religiosas”.
A alternativa B está correta, conforme o art. 73: “Ter-se-á por domicílio da
pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada”.
A alternativa C está incorreta, já que inexiste tal possibilidade no art. 1.697:
“Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem
de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
A alternativa D está incorreta, sendo tal presunção relativa, de acordo com a
Súmula 301 do STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-
se a exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”.

53. 2014 – MP/MG – MP/MG – Promotor de Justiça Substituto


Assinale a alternativa INCORRETA:
A) A fiel observância da sistemática imposta pelo art. 50 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, somente se deferindo a adoção a pessoas
previamente cadastradas e habilitadas, pode ser relativizada
excepcionalmente.
B) A família natural é a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes.
C) Nos termos do Código Civil de 2002, a união estável se equipara ao
casamento para o efeito de cessação da incapacidade para os menores.
D) A separação de fato cessa o regime de bens entre os cônjuges.
Comentários
A alternativa A está correta, de acordo com o §13 do art. 50 do ECA: “Somente
poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não
cadastrado previamente nos termos desta Lei quando se tratar de pedido de

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adoção unilateral; for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente
mantenha vínculos de afinidade e afetividade; oriundo o pedido de quem detém
a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde
que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e
afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das
situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei”.
A alternativa B está correta, conforme o art. 25 do ECA: “Entende-se por família
natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes”.
A alternativa C está incorreta porque o rol do parágrafo único do art. 5º do
CC/2002 é taxativo e seu inciso II menciona casamento, apenas. A rigor, em
termos práticos, ao se comprovar a união estável de alguém incapaz, a pessoa
já terá superado os 18 anos.
A alternativa D está correta, segundo o STJ: “RECURSO ESPECIAL. CIVIL.
FAMÍLIA. ANULAÇÃO DE ATOS JURÍDICOS. BENS ADQUIRIDOS APÓS A
SEPARAÇÃO DE FATO POR UM DOS CÔNJUGES. SIMULAÇÃO LESIVA À PARTILHA.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ. FUNDAMENTO INATACADO. ÓBICE DA SÚMULA
283/STF. RECURSO NÃO CONHECIDO. 1. O aresto recorrido está em sintonia com
a jurisprudência desta Corte, firmada no sentido de que a separação de fato põe
fim ao regime matrimonial de bens. Precedentes. 2. A Corte local entendeu não
restar configurada a simulação lesiva, além de não poder ser invocada pela
autora, que dela tinha conhecimento há nove anos. Contra o último fundamento
não se insurge a recorrente, o que atrai o óbice da súmula 283/STJ. 3. Recurso
especial não conhecido. (REsp 678.790/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA
TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 25/06/2014)”.

54. 2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


Assinale a alternativa correta acerca do Direito de Família.
A) O Código Civil de 2002 afastou a imutabilidade absoluta do regime de
bens, permitindo-se a sua alteração mediante autorização judicial, em
pedido motivado, por iniciativa de um ou de ambos os cônjuges.
B) Após a inovação introduzida pela Emenda Constitucional nº 66/2010, não
mais subsiste qualquer causa, justificativa ou prazo para o divórcio, que pode
ser, a qualquer tempo, pedido judicialmente ou celebrado consensual e
extrajudicialmente mediante escritura pública, nos termos legais, sendo
imprescindível a assistência de advogado ou Defensor Público.
C) A lei civil, além de definir o que é guarda compartilhada e guarda
unilateral, dá preferência a esta última, que será aplicada pelo juiz, em favor
da mãe, quando não houver acordo entre os pais quanto à guarda do filho.
D) O dever de prestar alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo
a todos os ascendentes, com preferência aos mais próximos em grau. Na

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falta destes, a obrigação cabe aos descendentes, guardada a ordem de


sucessão, não havendo previsão legal para a imposição desta obrigação aos
colaterais, em qualquer grau.
E) A prática de atos de alienação parental ou de qualquer conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor pode dar
ensejo à aplicação de sanções pelo juiz, previstas na Lei nº 12.318/2010,
das quais são exemplos a advertência e multa ao alienador, a alteração da
guarda para guarda compartilhada ou a sua inversão, a suspensão da
autoridade parental e a perda do poder familiar.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na dicção do art. 1.639, §2º: “É admissível
alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado
de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros”.
A alternativa B está correta, conforme a direta, concisa e sem adjetivações ou
requisitos previsão do art. 226, §6º, da CF/1988 (“O casamento civil pode ser
dissolvido pelo divórcio”), de redação dada pela referida emenda.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 1.584, §2º: “Quando não houver
acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os
genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada,
salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do
menor”.
A alternativa D está incorreta, na parte final do art. 1.697: “Na falta dos
ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão
e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
A alternativa E está incorreta, porque a perda do poder familiar não está no rol
das medidas do art. 6º da Lei 12.318/2010:
“Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma
ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos
processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental”.

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55. 2014 – UFPR – DPE/PR – Defensor Público Estadual


A respeito do Direito de Família, é correto afirmar:
A) Coexistem na legislação civil, atualmente, duas espécies de bem de
família: o voluntário, decorrente da vontade dos cônjuges, companheiros ou
terceiro, regulamentado pelo Código Civil; e o involuntário ou obrigatório,
regulamentado na Lei nº 8.009/90. Em ambos os casos, a impenhorabilidade
incide sobre o imóvel que serve de moradia ao casal ou à entidade familiar
e todas as suas construções, benfeitorias, equipamentos e móveis, e é
oponível em qualquer processo de execução, independentemente da
natureza da dívida, sem exceções.
B) A lei civil veda a constituição da união estável se presente alguma causa
de impedimento matrimonial. Por esse motivo, a pessoa casada, mesmo
separada de fato, não pode constituir união estável com outra.
C) Julgada procedente a ação de interdição de ébrio habitual ou de pessoa
viciada em tóxicos, o juiz nomear-lhe-á curador, que passará a representá-
lo durante a prática de todos os atos da vida civil, inexistindo previsão legal
para a fixação de limites da curatela de acordo com o estado de
desenvolvimento mental do incapaz.
D) O tutor pode proceder à venda de bem imóvel do tutelado, desde que
haja manifesta vantagem ao menor, mediante prévia avaliação judicial e
aprovação do juiz, não sendo necessária, entretanto, a autorização judicial,
prévia ou ulterior, quando se tratar de permuta de imóveis de mesmo valor.
E) Não havendo, entre os companheiros, contrato escrito estabelecendo
regra diversa, aplica-se às relações patrimoniais da união estável o regime
da comunhão parcial de bens, razão pela qual continuam sendo considerados
bens particulares de cada qual os adquiridos anteriormente ao início da união
e os sub-rogados em seu lugar, bem como os adquiridos durante a
convivência a título gratuito, por doação ou herança.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que há extensas exceções à oponibilidade do
bem de família nas execuções, notadamente o exemplo da dívida do
financiamento do próprio bem, da Lei 8.009/1990.
A alternativa B está incorreta, sendo a situação apresentada, inclusive, muito
comum, especialmente no caso de separações fáticas já mais dilatadas no tempo.
A alternativa C está incorreta, e agora, com a entrada em vigor do EPD e
consequente alteração dos arts. 3º e 4º do CC/2002, mais incorreta ainda, já que
a pessoa com desenvolvimento mental incompleto não mais se considerada
incapaz.

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A alternativa D está incorreta, segundo o art. 1.750 (“Os imóveis pertencentes


aos menores sob tutela somente podem ser vendidos quando houver manifesta
vantagem, mediante prévia avaliação judicial e aprovação do juiz”), incluindo-se
na previsão a permuta.
A alternativa E está correta, pela conjugação dos arts. 1.725 (“Na união estável,
salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”) e 1.668, inc. I (“São
excluídos da comunhão os bens doados ou herdados com a cláusula de
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar”).

56. 2014 – FCC – DPE/PB – Defensor Público Estadual


Silvana tem 04 filhos, Rafael, Joaquim, Manoel e Serafim. Em grave situação
financeira, sem saúde para trabalhar e já não possuindo mais ascendentes,
pediu que seus filhos a auxiliassem a se manter. No entanto, seus filhos se
negaram, afirmando tratar-se de pessoa maior de idade e casada em
segundas núpcias com Gabriel, que vive em situação semelhante à dela. Não
se conformando, Silvana ajuizou ação contra o filho mais velho, Rafael, que:
A) é obrigado a pagar alimentos a Silvana, solidariamente com Joaquim,
Manoel e Serafim, os quais não poderão ser chamados a integrar a lide, mas
responderão em ação de regresso caso Rafael arque com a totalidade da
obrigação.
B) somente será obrigado a pagar alimentos a Silvana se Joaquim, Manoel
e Serafim também o fizerem.
C) é obrigado a pagar alimentos a Silvana, na proporção de seus respectivos
recursos, podendo chamar Joaquim, Manoel e Serafim a integrar a lide.
D) não é obrigado a pagar alimentos a Silvana, pois o casamento extingue
o dever de alimentar.
E) é obrigado a pagar alimentos a Silvana, mesmo que seja privado do
necessário a seu sustento, podendo postular perdas e danos contra Joaquim,
Manoel e Serafim.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.698: “Se o parente, que deve
alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o
encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as
pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos
respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide”.
A alternativa B está incorreta, pois a obrigação de cada um deles é
independente da responsabilidade dos demais, ainda que possam ser chamados
a fazê-lo, segundo o citado artigo.

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A alternativa C está correta, nos termos do art. 1.698, supracitado na


alternativa A.
A alternativa D está incorreta, já que o dever de alimentar dos descendentes
em relação aos ascendentes independe da situação matrimonial.
A alternativa E está incorreta, porque seria absurdo se Rafael tivesse de prestar
alimentos à mãe à míngua de seu próprio sustento.

57. 2014 – FCC – DPE/RS – Defensor Público Estadual


Considerando a disciplina jurídica contida no ordenamento jurídico brasileiro
acerca dos alimentos e da obrigação alimentar, é correto afirmar:
A) A pretensão para haver prestações alimentares não pagas prescreve em
03 (três) anos a partir da data em que se vencerem.
B) O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e
extensivo aos ascendentes, apenas até o segundo grau.
C) O direito a alimentos é insuscetível de compensação e penhora, podendo,
entretanto, ser objeto de cessão.
D) A obrigação dos avós de prestar alimentos é subsidiária e complementar
à dos pais, e não solidária.
E) A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor,
estando estes obrigados a pagá-los, inclusive, com recursos próprios.
Comentários
A alternativa A está incorreta, como aduz o art. 206, §2º: “Prescreve, em dois
anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem”.
A alternativa B está incorreta, na forma do art. 1.696: “O direito à prestação de
alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros”.
A alternativa C está incorreta, pela regra expressa do art. 1.707: “Pode o credor
não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o
respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora”.
A alternativa D está correta, conforme o art. 1.696: “O direito à prestação de
alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros”.
A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1.700: “A obrigação de prestar
alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”. O art.
1.694, por sua vez, estabelece que “Podem os parentes, os cônjuges ou
companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de
modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às

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necessidades de sua educação”. Assim, os herdeiros do devedor de alimentos


arcarão com os alimentos devidos àqueles com os quais tiverem relação de
parentesco, limitado aos graus previstos. Dessa forma, como não serão devidos
alimentos à nova companheira do falecido, ou ao sobrinho dele, por exemplo, a
alternativa está errada.

58. 2013 – PGR – PGR – Procurador da República


Em matéria de direito de família:
A) A pessoa impedida de casar, como regra geral, está incapacitada
isoladamente para a realização do casamento.
B) A concubina, que manteve relacionamento com homem casado, faz jus à
indenização por serviços domésticos prestados na constância da união.
C) A autoria da ação negatória de paternidade compete exclusivamente ao
pai registral, por ser ação de estado, que protege direito personalíssimo e
indisponível do genitor.
D) A doação realizada a um dos cônjuges, na relação matrimonial regida
pelo regime de comunhão parcial de bens, será comunicável, mesmo quando
o doador não se manifestar neste sentido.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que capacidade matrimonial e impedimentos
matrimoniai não se confundem, sendo estes apenas circunstanciais. A pessoa,
capaz, pode estar impedida de casar se aplicáveis as hipóteses do art. 1.521
(impedimentos).
A alternativa B está incorreta, conforme a jurisprudência do STJ: “AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535. OMISSÃO.
INEXISTÊNCIA. RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO CONCUBINÁRIA ENTRE A
AUTORA E O FALECIDO. PARTILHA DE BENS. NÃO COMPROVAÇÃO DE ESFORÇO
COMUM PARA A AQUISIÇÃO DO PATRIMÔNIO. INDENIZAÇÃO. SERVIÇOS
PRESTADOS. DESCABIMENTO. Inviável a concessão de indenização à concubina,
que mantivera relacionamento com homem casado, uma vez que tal providência
eleva o concubinato a nível de proteção mais sofisticado que o existente no
casamento e na união estável, tendo em vista que nessas uniões não se há falar
em indenização por serviços domésticos prestados, porque, verdadeiramente, de
serviços domésticos não se cogita, senão de uma contribuição mútua para o bom
funcionamento do lar, cujos benefícios ambos experimentam ainda na constância
da união (AgRg no AREsp 249.761/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 03/06/2013)”. Atenção porque o
mesmo STJ reconhece a possibilidade de tal indenização previamente à Lei
própria: “DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. INDENIZAÇÃO POR SERVIÇOS
DOMÉSTICOS. RELACIONAMENTO APERFEIÇOADO ANTES DA LEI 8.971/94.
AUSÊNCIA DE PATRIMÔNIO COMUM A PARTILHAR. INDENIZAÇÃO DEVIDA. A

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jurisprudência do STJ sufraga entendimento segundo o qual, quando a união


estável tiver sido constituída e desfeita antes da lei que a regulamentou pela vez
primeira (Lei n. 8.971/94), se inexistente patrimônio adquirido com esforço
comum, faz jus a companheira a indenização por serviços domésticos prestados
ao companheiro (REsp 855.963/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 19/05/2011, DJe 26/05/2011)”.
A alternativa C está correta, ainda que não imune a crítica, especialmente
depois de julgados posteriores a 2013 no STJ. A Corte entende que, de fato,
somente pode demandar a respeito da negatória o suposto pai, não se
transmitindo esse direito aos descendentes nem aos ascendentes, o que não
impede, todavia, que estes ou aqueles continuem a demandar caso o autor faleça
no curso da lide. Até aqui, sem problemas a assertiva. Nada obstante, a Corte
entende que o curador do pai registral também pode ajuizar a demanda quando
interditado este, o que tornaria, atualmente, a alternativa incorreta: “RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. 1. PREFACIAL. PAI REGISTRAL
INTERDITADO. DEMANDA AJUIZADA POR CURADOR. REPRESENTAÇÃO
PROCESSUAL. POSSIBILIDADE. 2. MÉRITO. DECLARANTE, SOB A PRESUNÇÃO
PATER IS EST, INDUZIDO A ERRO. VERIFICAÇÃO. RELAÇÃO DE AFETO
ESTABELECIDA ENTRE PAI E FILHO REGISTRAIS CALCADA NO VÍCIO DE
CONSENTIMENTO ORIGINÁRIO. ROMPIMENTO DEFINITIVO. FILIAÇÃO
SOCIOAFETIVA. NÃO CONFIGURAÇÃO. 3. GENITORA QUE SE RECUSA A
REALIZAR O EXAME DE DNA NA FILHA. PONDERAÇÃO DE INTERESSES E DAS
DEMAIS PROVAS DOS AUTOS. 4. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. O curador
atua como representante processual do titular do direito material, não podendo
ser confundido com o substituto processual. O fundamento de que o curador não
possui legitimidade para ajuizar a ação de impugnação de registro não prospera,
pois não é parte da demanda, mas atua em juízo para suprir a incapacidade
processual do pai registral interditado. É possível a desconstituição do registro
quando a paternidade registral, em desacordo com a verdade biológica, efetuada
e declarada por indivíduo que, na fluência da união estável estabelecida com a
genitora da criança, acredita, verdadeiramente, ser o pai biológico desta
(incidindo, portanto, em erro), sem estabelecer vínculo de afetividade com a
infante. Não se pode obrigar o pai registral, induzido a erro substancial, a manter
uma relação de afeto, igualmente calcada no vício de consentimento originário,
impondo-lhe os deveres daí advindos, sem que, voluntária e conscientemente, o
queira. A filiação socioafetiva pressupõe a vontade e a voluntariedade do
apontado pai de ser assim reconhecido juridicamente, circunstância,
inequivocamente, ausente na hipótese dos autos. A socioafetividade se
consolidaria caso o demandante, mesmo após ter obtido ciência da verdade dos
fatos, ou seja, de que não é pai biológico da requerida, mantivesse com esta,
voluntariamente, o vínculo de afetividade, sem o vício que o inquinava. Nas
situações em que a genitora é quem se recusa a realizar o exame de DNA na
filha, não é aplicável o enunciado n. 301 da Súmula de Jurisprudência do STJ.
Controvérsia que deve ser solucionada a partir da ponderação dos melhores

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interesses da descendente, levando-se em consideração a eficácia probatória da


negativa da mãe, de acordo com as demais provas dos autos, já que inadmissível
a produção compulsória do exame. Diante das peculiaridades do caso,
notadamente em face da comprovação da inexistência da afetividade paterno-
filial e da ausência de interesse em construí-la, impositiva a desconstituição do
registro (REsp 1508671/MG, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 25/10/2016, DJe 09/11/2016)”.
A alternativa D está incorreta, mais uma vez, segundo estabelece o STJ: “CIVIL.
PROCESSUAL CIVIL. SEPARAÇÃO CONVERTIDA EM DIVÓRCIO. PARTILHA.
POSSIBILIDADE. BEM DOADO. REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS.
Debate sobre a comunicabilidade de doação de numerário para a quitação de
imóvel adquirido pela recorrente, em casamento regido pela comunhão parcial
de bens. O regime de comunhão parcial de bens tem, por testa, a ideia de que
há compartilhamento dos esforços do casal na construção do patrimônio comum,
mesmo quando a aquisição do patrimônio decorre, diretamente, do labor de
apenas um dos consortes. Na doação, no entanto, há claro descolamento entre a
aquisição de patrimônio e uma perceptível congruência de esforços do casal, pois
não se verifica a contribuição do não-donatário na incorporação do patrimônio.
Nessa hipótese, o aumento patrimonial de um dos consortes prescinde da
participação direta ou indireta do outro, sendo fruto da liberalidade de terceiros,
razão pela qual, a doação realizada a um dos cônjuges, em relações matrimonias
regidas pelo regime de comunhão parcial de bens, somente serão comunicáveis
quando o doador expressamente se manifestar neste sentido e, no silêncio,
presumir-se-á feitas apenas ao donatário (REsp 1318599/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/04/2013, DJe
02/05/2013)”.

59. 2013 – VUNESP – TJ/SP – Juiz Estadual Substituto


Acerca de alimentos, assinale a alternativa correta.
A) A lei permite que a mulher grávida postule alimentos, que compreendem
os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de
gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto.
B) O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde
definitivamente o direito de pleitear alimentos do outro cônjuge, ainda que
não lhe reste qualquer outro meio de subsistência.
C) Os alimentos provisórios são aqueles postulados liminarmente, ao passo
que os provisionais são aqueles concedidos definitivamente.
D) A obrigação de prestar alimentos é personalíssima, não se transmitindo
aos herdeiros do devedor.
Comentários

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A alternativa A está correta, na literalidade da primeira parte do art. 2º da Lei


11.804/2008: “Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores
suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam
dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação
especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações,
parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas
indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes”.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 1.704, parágrafo único: “Se
o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes
em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência”.
A alternativa C está incorreta, sendo ambos alimentos temporários,
estabelecidos antes da sentença que analisa o mérito.
A alternativa D está incorreta, segundo o art. 1.700: “A obrigação de prestar
alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”.

60. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Dentre as incumbências estabelecidas pelo Código Civil ao tutor, assinale
aquela que depende de autorização do juiz para ser exercida.
A) Pagar as dívidas do menor.
B) Fazer as despesas de subsistência e educação do menor, bem como as
de administração, conservação e melhoramentos de seus bens.
C) Alienar os bens do menor destinados à venda.
D) Receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas.
E) Promover, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz
pertencentes ao menor.
Comentários
A alternativa A está correta, na literalidade do art. 1.748, inc. I: “Compete
também ao tutor, com autorização do juiz, pagar as dívidas do menor”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.747, inc. III: “Compete
mais ao tutor fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de
administração, conservação e melhoramentos de seus bens”.
A alternativa C está incorreta, conforme o art. 1.747, inc. IV: “Compete mais
ao tutor alienar os bens do menor destinados a venda”.
A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 1.747, inc. II: “Compete mais
ao tutor receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas”.

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A alternativa E está incorreta, pela previsão do art. 1.747, inc. V: “Compete


mais ao tutor promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de
bens de raiz”.

61. 2013 – MPE/SP – MPE/SP – Promotor de Justiça Substituto


Em matéria de alimentos, é CORRETO afirmar:
A) a fixação de alimentos em favor de mulher gestante depende de prova
pré-constituída da paternidade.
B) após o nascimento da criança com vida, os alimentos gravídicos se
extinguem, independentemente de sentença, devendo ser proposta ação de
alimentos pelo recém-nascido contra o pai.
C) os alimentos gravídicos compreenderão os valores suficientes para cobrir
as despesas com o parto, vedada pelo legislador a cobertura de outras
despesas.
D) na ação de alimentos gravídicos, o prazo para o réu apresentar resposta
é de 15 (quinze) dias.
E) na ação de alimentos gravídicos, é admitida a fixação de alimentos
provisórios pelo juiz.
Comentários
A alternativa A está incorreta, conforme prevê o art. 6º da Lei 11.804/2008 (Lei
dos Alimentos Gravídicos): “Convencido da existência de indícios da paternidade,
o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança,
sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré”.
A alternativa B está incorreta, de acordo com o parágrafo único do supracitado
dispositivo legal: “Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam
convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes
solicite a sua revisão”.
A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 2º da referida lei: “Os alimentos
de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as
despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da
concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência
médica e psicológica, exames complementares, internações, parto,
medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a
juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes”.
A alternativa D está incorreta, nos termos do art. 7º dessa lei: “O réu será
citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias”.
A alternativa E está correta, porque os alimentos provisórios são previstos no
art. 4º da Lei 5.478/68, Lei da ação de alimentos (“Ao despachar o pedido, o juiz
fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o

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credor expressamente declarar que deles não necessita”), ao passo que a outra
lei não os prevê, prevendo apenas “alimentos gravídicos”, havendo indícios de
paternidade.

62. 2013 – CESPE – DP/DF – Defensor Público Estadual


Conforme a jurisprudência do STJ, a procedência de ação proposta com fins
de exclusão do pagamento de pensão alimentícia reconhecida judicialmente
não obsta a execução das parcelas já vencidas e cobradas sob o rito previsto
no art. 733 do CPC.
Comentários
O item está correto, dado que a exoneração dos alimentos tem efeitos ex nunc,
ou seja, não retroage.

63. 2012 – PGR – PGR – Procurador da República


Assinale a alternativa correta:
A) ( ) O ato ilícito produz efeitos jurídicos, que não são desejados pelo
agente, mas impostos por lei.
B) ( ) A certidão de escritura pública tem a mesma força probante do
documento original, desde que concertada por outro escrivão.
C) ( ) A remissão do penhor, pela entrega do bem empenhado, presume que
houve a extinção da dívida.
D) ( ) Se a situação de necessidade resultar de culpa de quem pleiteia
alimentos, estes não serão devidos.
Comentários
A alternativa A está correta, já que a prática do ilícito civil, prevista no art. 186
tem como efeito o dever de indenizar mencionado pelo art. 927.
A alternativa B está incorreta, já que o art. 217 da Lei 6.015/1973 estabelece
que a certidão será a mesma forma probante se concertada por outro tabelião ou
oficial de registro (do foro extrajudicial), e não meramente por escrivão: “Terão
a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos por tabelião ou
oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas”. A
questão pretendia confundir o candidato com o art. 216 da referida lei, que trata
das certidões extraídas pelo escrivão (do foro judicial) de atos e livros judiciais:
“Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer peça
judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do
escrivão, sendo extraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele subscritas,
assim como os traslados de autos, quando por outro escrivão consertados”.

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Era uma distinção sutil que certamente passou desapercebida de muitos, pois se
tratam de situações bem distintas, mas muito próximas, ao mesmo tempo. Vale
mencionar que a questão usa o verbo adequado, mas o art. 216 da LRP, não;
concertar no sentido de “estar de acordo, realizar um ajuste, conciliar, acordar,
harmonizar, concordar”, e não consertar, no sentido de “arrumar, reparar,
corrigir, solucionar, coser”, já que um escrivão não pode “corrigir” os atos do
outro, mas apenas “acordar” a respeito.
A alternativa C está incorreta, nos termos do art. 387: “A restituição voluntária
do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção
da dívida”.
A alternativa D está incorreta, dada a dicção do art. 1.694, §2º: “Os alimentos
serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade
resultar de culpa de quem os pleiteia”.

64. 2012 – FCC – MPE/AL – Promotor de Justiça Substituto


O Ministério Público do Estado de Alagoas propõe a interdição de Luan,
deficiente mental e viúvo, sendo nomeada como curadora pelo magistrado
a sua irmã Regina. Durante a curatela Regina poderá, com autorização
judicial,
A) adquirir por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis
pertencentes ao curatelado.
B) adquirir por si, mediante contrato particular, bens imóveis pertencentes
ao curatelado.
C) dispor dos bens do curatelado a título gratuito.
D) aceitar as doações, ainda que com encargos.
E) constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o curatelado.
Comentários
Inicialmente, cumpre salientar que essa questão está bem datada, em vista do
EPD, já que a pessoa com deficiência não se coloca mais, automaticamente, sob
curatela, além de haver a situação da tomada de decisão apoiada.
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 1.749, inc. I: “Ainda com a
autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade, adquirir por si, ou
por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis
pertencentes ao menor”.
A alternativa B está incorreta, conforme regra do art. 1.749, inc. I: “Ainda com
a autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade, adquirir por si, ou
por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis
pertencentes ao menor”.

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A alternativa C está incorreta, na dicção do art. 1.749, inc. II: “Ainda com a
autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade, dispor dos bens do
menor a título gratuito”.
A alternativa D está correta, na literalidade do art. 1.748, inc. II: “Compete
também ao tutor, com autorização do juiz, aceitar por ele heranças, legados ou
doações, ainda que com encargos”.
A alternativa E está incorreta, na forma do art. 1.749, inc. III: “Ainda com a
autorização judicial, não pode o tutor, sob pena de nulidade, constituir-se
cessionário de crédito ou de direito, contra o menor”.

65. 2012 – FEPESE – DPE/SC – Defensor Público Estadual


Sobre tutela e curatela, é correto afirmar:
A) O tutor pode, independentemente de autorização judicial, propor em juízo
as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem
deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.
B) A responsabilidade do juiz será: direta e pessoal, quando não tiver
nomeado o tutor, ou não o houver feito oportunamente; subsidiária, quando
não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto que se
tornou suspeito.
C) Os tutores prestarão contas anualmente, e também quando, por qualquer
motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar
conveniente.
D) O tutor é obrigado a servir por espaço de dois anos, prazo prorrogável
pelo mesmo período, uma única vez, mediante despacho judicial e parecer
favorável do Ministério Público.
E) Quando o curador for o cônjuge, qualquer que seja o regime de bens, ele
não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial.
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo o art. 1.748, inc. V: “Compete também
ao tutor, com autorização do juiz propor em juízo as ações, ou nelas assistir o
menor, e promover todas as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos
pleitos contra ele movidos”.
A alternativa B está correta, pela literalidade do art. 1.744 (“A responsabilidade
do juiz será”), em seus incs. I (“direta e pessoal, quando não tiver nomeado o
tutor, ou não o houver feito oportunamente”) e II (“subsidiária, quando não tiver
exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito”).
A alternativa C está incorreta, conforme o art. 1.757: “Os tutores prestarão
contas de dois em dois anos, e também quando, por qualquer motivo, deixarem
o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente”.

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A alternativa D está incorreta, pela ausência de previsão de necessidade de


parecer do MP no art. 1.765, parágrafo único: “Pode o tutor continuar no exercício
da tutela, além do prazo previsto neste artigo, se o quiser e o juiz julgar
conveniente ao menor”.
A alternativa E está incorreta, na literalidade do art. 1.783: “Quando o curador
for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não
será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial”.

66. 2012 – CESPE – DPE/AC – Defensor Público Estadual


Carla, casada com José, com o qual teve dois filhos — um com oito anos de
idade e o outro com seis anos de idade —, procurou a defensoria pública de
seu estado. Relatou que seu marido conseguiu emprego em outro estado da
Federação há um ano e que, durante os oito primeiros meses, enviou,
mensalmente, a importância correspondente a um salário mínimo e meio
para o sustento da família. Passado esse tempo, deixou de enviar o dinheiro
e não mais entrou em contato com a família. Relatou, ainda, que, hoje, não
sabe onde José se encontra e não tem condições para continuar mantendo
as crianças, pois o que recebe como lavadeira é insuficiente até para comprar
comida para os filhos. Disse que o pai de José, Pedro, é aposentado do
estado, que tem situação relativamente boa e que ela acha que ele poderia
ajudar no sustento dos netos, pelo menos na compra de alimentos.
Considerando a legislação pertinente, assinale a opção correta acerca da
situação hipotética apresentada:
A) Do ponto de vista legal, enquanto José for vivo, não há como promover a
cobrança de Pedro dos alimentos referidos acima.
B) Para que Pedro seja obrigado a participar na compra de alimentos para
os filhos de Carla, será necessário, inicialmente, provar a total
impossibilidade de José prover o próprio sustento e o dos filhos, caso ele
ainda esteja vivo.
C) Como há parente na linha reta ascendente, este poderá responder
excepcionalmente pelo sustento dos filhos de Carla, caso José esteja
impossibilitado de suportar o referido encargo.
D) Sendo o paradeiro de José desconhecido, o simples fato de estar a mãe
viva desobriga Pedro de assumir a responsabilidade pelo sustento dos filhos
de Carla.
Comentários
A alternativa A está incorreta, na forma do art. 1.696: “O direito à prestação
de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros”.

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A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 1.698: “Se o parente, que
deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo
várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na
proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão
as demais ser chamadas a integrar a lide”. Não é necessário provar total
impossibilidade, mas apenas a impossibilidade de prover integralmente.
A alternativa C está correta, nos termos do art. 1.698, supracitado na
alternativa B.
A alternativa D está incorreta, nos termos do art. 1.696, supracitado na
alternativa A.

67. 2011 – FUMARC – PC/MG – Delegado de Polícia Substituto


São características da obrigação alimentar:
A) direito personalíssimo, invariabilidade e reciprocidade.
B) alternatividade das prestações, irrenunciabilidade e repetibilidade.
C) alternatividade das prestações, variabilidade e transmissibilidade
sucessória sui generis da prestação.
D) divisibilidade, imprescritibilidade e intransmissibilidade sucessória sui
generis da prestação.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que a obrigação alimentar é, por suas
características, variável, como evidencia o art. 1.699: “Se, fixados os alimentos,
sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os
recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias,
exoneração, redução ou majoração do encargo”.
A alternativa B está incorreta, não se permitindo a repetição de obrigação
alimentar regularmente quitada.
A alternativa C está correta, segundo o entendimento aplicável ao caso. A
alternatividade se extrai do art. 1.701 (“A pessoa obrigada a suprir alimentos
poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem
prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor”) e a
transmissibilidade do art. 1.700 (“A obrigação de prestar alimentos transmite-se
aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694”).
A alternativa D está incorreta, como dito na assertiva anterior, já que se
transmite a obrigação alimentar, na forma do art. 1.694.

68. 2009 – VUNESP – TJ/MT – Juiz Estadual Substituto

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Em separação judicial consensual, Otávio obrigou-se a pagar 12 salários


mínimos de pensão alimentícia a cada um dos dois filhos, acrescida de 13.º
salário. Um ano após a separação, constituiu uma nova união, nascendo
desta mais um filho, ocasião em que também pediu demissão da empresa
em que trabalhava como diretor comercial, para abrir seu próprio negócio.
Considerando apenas que o nascimento de mais um filho e a nova união
aumentaram suas despesas, Otávio ingressou com ação para rever o valor
das pensões, pretendendo pagar 4 salários mínimos para cada um. Diante
desse fato, aponte a alternativa correta.
(A) O simples fato de constituir nova família, resultando ou não em
nascimento de filho, não importa no decréscimo da pensão alimentícia
prestada a filhos havidos da união anterior, notadamente se a situação
econômica do devedor permanece inalterada.
(B) A constituição de nova família e o nascimento de um outro filho importam
no decréscimo da pensão alimentícia prestada a filhos havidos da união
anterior, visto que é motivo suficiente para demonstrar uma inversão da
situação econômica do devedor.
(C) Para eventual revisão do valor da pensão no caso em tela, não importa
verificar a necessidade dos alimentandos, tampouco a situação econômica
da genitora, visto que esses fatos foram considerados por ocasião da
separação judicial.
(D) Os alimentos não podem ser fixados em salário mínimo, razão pela qual
caberá sua revisão para adequá-lo a uma porcentagem da renda do
alimentante, ainda que mensalmente variável, verificada pelos meios
contábeis ordinários.
(E) Os alimentos devem ser fixados de acordo com a possibilidade
momentânea do devedor, sendo possível revê-los a qualquer momento, não
se considerando, na sua fixação, a condição social dos alimentados, mas
apenas as necessidades básicas.
Comentários
A alternativa A é a correta, pois integralmente de acordo com o entendimento
consignado pelo STJ, já em 2005: “O simples fato de constituir nova família não
importa no decréscimo do valor da pensão alimentícia prestada a filhos havidos
do casamento anterior, notadamente diante da situação econômica do
alimentante que segue inalterável. Recurso especial não conhecido (STJ, REsp
594.714/SC, rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 29/03/2005)”.
A alternativa B está incorreta, pois não se presume automaticamente a redução
das possibilidades do alimentante em razão da nova constituição de família.
A alternativa C está incorreta, pois contraria o que preceitua o artigo 1.699:
“Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os

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supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme


as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”.
A alternativa D está incorreta, pois a possibilidade vinculação do salário mínimo
à pensão alimentícia está há muito pacificada pelo STF (exemplos: RE 170.203-
6/GO; 140.356-6/GO; 166.586-6/GO e, mais recentemente, ARE 842.157).
A alternativa E está incorreta, pois os alimentos compreendem duas espécies
(civis e naturais), na forma do caput do art. 1.694: “Podem os parentes, os
cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender
às necessidades de sua educação”.

69. 2005 – CESPE – DPU – Defensor Público Federal


A condição de alimentante e personalíssima e não se transmite aos
herdeiros; todavia, isso não afasta a responsabilidade dos herdeiros pelo
pagamento dos débitos alimentares verificados ate a data do óbito do
alimentante.
Comentários
O item está correto, segundo o STJ: “CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA.
RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. CELEBRAÇÃO DE
ACORDO COM FIXAÇÃO DE ALIMENTOS EM FAVOR DA EX-COMPANHEIRA.
HOMOLOGAÇÃO. POSTERIOR FALECIMENTO DO ALIMENTANTE. EXTINÇÃO DA
OBRIGAÇÃO PERSONALÍSSIMA DE PRESTAR ALIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE DE
TRANSMISSÃO AO ESPÓLIO. Observado que os alimentos pagos pelo de cujus à
recorrida, ex-companheira, decorrem de acordo celebrado no momento do
encerramento da união estável, a referida obrigação, de natureza personalíssima,
extingue-se com o óbito do alimentante, cabendo ao espólio recolher, tão
somente, eventuais débitos não quitados pelo devedor quando em vida. Fica
ressalvada a irrepetibilidade das importâncias percebidas pela alimentada. Por
maioria (REsp 1354693/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Rel. p/
Acórdão Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
26/11/2014, DJe 20/02/2015)”.

70. 2003 – CESPE – DPE/AM – Defensor Público Estadual


Em relação ao parentesco, julgue os itens subsequentes:
O parentesco colateral é limitado até o sexto grau, e ilimitado na linha reta.
Comentários
O item está incorreto, pois, apesar de o parentesco em linha reta ir ao infinito,
o parentesco na linha colateral atinge apenas o quarto grau.

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Resumo

Direito parental

Quais são os efeitos do parentesco?

1. Testemunho em processo judicial


• Não podem testemunhar o cônjuge, ascendentes e descendentes
de qualquer grau, colaterais até o terceiro grau, sejam estes
consanguíneos ou afins (art. 447, §2º, inc. I do CPC)

2. Impedimento matrimonial
• Visto anteriormente, impede que determinados parentes se casem

3. Dever de prestar alimentos


• Visto à frente

Quais são as presunções de paternidade?

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Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos nascidos 180


dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal

Se antes de passados 10 meses depois do começo da viuvez, ou da


dissolução da sociedade conjugal, a mulher contrair novas núpcias e lhe
nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro
dos 300 dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o
nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo anterior

Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos nascidos nos


300 dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte,
separação judicial, nulidade e anulação do casamento

A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a


presunção da paternidade

Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a


presunção legal da paternidade

Não basta a confissão materna para excluir a paternidade

Quais são as presunções relativas à inseminação homóloga post mortem


ou heteróloga?

Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos havidos por


fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido

Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos havidos por


inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do
marido

Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos havidos, a


qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes
de concepção artificial homóloga

Quando pode ser feito o reconhecimento dos filhos?

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No registro de nascimento. Nesse caso, exige-se a presença do pai


para o registro, não podendo a mãe o fazer, por si. Se a mãe
mencionar o nome do pai, haverá a investigação oficiosa

Por escritura pública ou escrito particular, arquivado em cartório

Por testamento, ainda que incidentalmente manifestado

Por manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda que o


reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o
contém

Quando é possível anular o reconhecimento de paternidade/maternidade?

Ação negatória de paternidade


• Pai a move em face do filho

Ação negatória de maternidade


• Mãe a move em face do filho

Ação negatória de filiação


• Filho a move em face da mãe, do pai ou de ambos

O que compõe o poder familiar?

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Dirigir a criação e a educação

Exercer a guarda

Conceder ou negar consentimento para casarem

Conceder ou negar consentimento para viajarem ao exterior

Conceder ou negar consentimento para mudarem a residência permanente


para outro Município
Nomear tutor, se o outro não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer
o poder familiar
Representar (extra)judicialmente até os 16 anos, nos atos da vida civil, e
assisti-los, depois, nos atos em que forem partes, suprindo o consentimento

Reclamá-los de quem ilegalmente os detenha

Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua


idade e condição

Como se extingue o poder familiar?

Morte dos pais ou do filho

Emancipação

Maioridade

Adoção

Decisão judicial

Quais são as possibilidades de guarda unilateral?

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A. Guarda exclusiva
• Situação na qual um dos genitores detém a guarda completa, ao
passo que o outro é excluído dela

B. Guarda alternada
• Situação na qual os genitores têm a guarda por períodos fixos e
longos (meses)

C. Guarda nidal ou aninhamento


• Os genitores se alternam numa residência fixa na qual a criança
fica fixa

Quais são as peculiaridades de cada forma de guarda?

• Exceção, atualmente
Guarda unilateral • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: direito de visitação

• Regra
Guarda compartilhada • Mantém o poder familiar do outro cônjuge
• Efeito: distribuição de horários

Direito assistencial

Quem não pode ser tutor?

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Aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens

Aqueles que se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou


tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou
cônjuges tiverem demanda contra o menor

Os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes


expressamente excluídos da tutela

Os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a


família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena

As pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de


abuso em tutorias anteriores

Aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa


administração da tutela

Quem pode se escusar da tutela?

Mulheres casadas ou em união estável

Maiores de 60 anos

Aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de 3 filhos

Os impossibilitados por enfermidade

Aqueles que habitarem longe do lugar do exercício da tutela

Aqueles que já exercerem tutela ou curatela

Militares em serviço

Quais atos o tutor pode praticar, mesmo sem autorização judicial?

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Representar o menor, até os 16 anos, nos atos da vida civil, e assisti-


lo, após essa idade, nos atos em que for parte

Receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas

Fazer-lhe as despesas de subsistência, de educação, de


administração, conservação e melhoramentos de seus bens

Alienar os bens do menor destinados a venda

Promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens


imóveis

Quais atos pode o tutor praticar, desde que com autorização do juiz?

Pagar as dívidas do menor

Aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com


encargos

Transigir

Vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os


imóveis nos casos em que for permitido.

Propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas


as diligências, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos

Quais atos são proibidos ao tutor, ainda que com a autorização judicial?

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Adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato


particular, bens móveis ou imóveis pertencentes ao menor

Dispor dos bens do menor a título gratuito

Constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o


menor

Qual é a ordem de nomeação do curador?

O cônjuge ou companheiro,
não separado judicialmente • Na falta
ou de fato destes

• Na falta
O pai ou a mãe destes

O descendente que se
demonstrar mais apto, • Na falta
preferindo-se os mais destes
próximos

Compete ao juiz a escolha


do curador

Resumidamente, o que distingue a tutela da curatela?

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Menores (incapacidade decorrente da idade, ou seja, menos de 16


anos)

Tutela Pode ser feita por testamento ou por decisão judicial


Abrange o tutelado e seus bens, sempre
Dá amplos poderes ao tutor, à semelhança do poder familiar dos pais
sobre os filhos

Incapazes (maiores e incapazes, nascituros e ausentes)


Somente por decretação judicial

Curatela Abrange o curatelado e os bens ou apenas os bens


Delimita especificamente os poderes do curador, deixando o curatelado
com alguns poderes, a depender do caso

Considerações finais

Chegamos ao final desta aula!


Ao finalizar o curso, gostaria de parabenizar você, antecipadamente.
Isso porque, ao fazer uma preparação de longo prazo, mais cuidadosa, e
já voltada à carreira que pretende apostar alto, você mostra a que veio!
=)
Quaisquer dúvidas, sugestões, críticas ou mesmo elogios, não hesite em entrar
em contato comigo. Estou disponível preferencialmente no Fórum de Dúvidas do
Curso, mas também nas redes sociais, claro.

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