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Ataque do governo Bolsonaro à produção artística e cultural tem de ser contido em nome da
democracia
Editorial
22/12/2019 - 00:00 / Atualizado em 22/12/2019 - 12:21
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É algo que vai além da censura. Esta já havia sido esboçada com o anúncio de
que projetos de filmes “inadequados” no aspecto moral, religioso e político não
teriam apoio da própria Ancine. Em julho, Bolsonaro se referiu à necessidade
de “filtros”. Um sinônimo de censura. O governo Bolsonaro deu dois passos à
frente da própria ditadura militar, que censurou a arte e a imprensa, mas não
fechou todos os guichês de apoio à produção de cineastas, por exemplo. Criada
em 1969, um ano após a edição do AI-5, a estatal Embrafilme financiou e
distribuiu filmes de artistas opositores do regime. Isso não o fez menos
ditatorial, mas indicou que houve, em alguns momentos, rasgos de bom senso.
Bolsonaro tem o mesmo DNA da ditadura, mas seu ataque institucional à
cultura e a artistas, na democracia, ultrapassa limites até mesmo respeitados
naqueles tempos. A sanha contra a produção artística apareceu na limitação à
Lei Rouanet. Depois, houve uma atenuação para não alijar de vez os musicais
do teatro brasileiro. Mas a semana acabou ainda com incertezas sobre a
revisão das regras. O certo é que reduzir aporte incentivado de empresas a
projetos de produção artística se traduz em menos emprego e menos renda em
uma ampla linha de produção.
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Todo este movimento que parece ser coordenado a partir de um plano carrega
a doença do patrimonialismo que contamina a vida pública brasileira. Faz o
governo achar que o dinheiro público é seu, e não é. Precisa prestar contas do
que faz com ele no estratégico setor da produção cultural.
Por trás desses desvarios fica exposta a falta da percepção de que a cultura e a
arte são de todos os brasileiros, sem demagogia.