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DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE INÉRCIA VARIÁVEL

Conference Paper · December 2001

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2 authors:

António M. Baptista Jean-Pierre Muzeau


National Laboratory for Civil Engineering Université Clermont Auvergne
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DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE INÉRCIA VARIÁVEL

António M. Baptista1, Jean-Pierre Muzeau2

RESUMO

O presente trabalho destina-se a apresentar um método de dedução de expressões


analíticas para o cálculo elástico de vigas de inércia variável sujeitas a flexão simples.
Através destas expressões é possível localizar a secção crítica da viga, que condiciona a
sua resistência em regime elástico quando a viga se encontra isenta de fenómenos de instabilidade.
Uma vez localizada a secção crítica, são desenvolvidas expressões para o cálculo do momento
máximo suportado por esta secção e para a carga máxima suportada pela viga.
Através da carga máxima é possível calcular o incremento de resistência da viga de inércia
variável por unidade de volume, relativamente a uma viga de secção constante, de modo a avaliar
as vantagens associadas à escolha da sua configuração geométrica.
As expressões de cálculo são definidas em função de parâmetros adimensionais que
permitem quantificar as variações da geometria da viga ou do tipo de carga actuante.

1. INTRODUÇÃO

Os perfis de inércia variável constituem uma solução interessante para algumas vigas de
aço, permitindo uma melhor adaptação das secções transversais aos respectivos esforços actuantes.
A redução das dimensões das secções permite não só diminuir as acções associadas ao peso
próprio da estrutura mas também economizar na quantidade de aço a aplicar.
Uma das principais questões que se coloca no dimensionamento destes elementos
estruturais é a escolha da sua forma geométrica, caracterizada pela relação entre as alturas da
maior e da menor secção transversal, por exemplo. As relações geométricas adoptadas têm uma
influência importante sobre o volume final da viga e, consequentemente, sobre a optimização do
custo associado à quantidade de aço utilizado no seu fabrico.
Uma vez definidas as dimensões do perfil de inércia variável, torna-se necessário efectuar
a verificação da sua segurança, face às cargas a que se encontra sujeito. A determinação das
secções críticas, que condicionam os cálculos de verificação da segurança, é mais difícil neste
caso que no de perfis de secção constante, uma vez que quer os esforços actuantes quer os
esforços resistentes são variáveis ao longo da viga.

1
Doutor Eng. Civil, Investigador Principal do LNEC, Av. Brasil nº101, 1700-066 Lisboa
2
Doutor Eng. Civil, Professor, LERMES/CUST, Univ. Blaise PASCAL, BP206, 63174 AUBIÈRE Cedex, França
O presente trabalho apresenta um método de dedução de expressões analíticas para a
localização das secções críticas de vigas de inércia variável, sujeitas a flexão simples, em função
dos parâmetros que caracterizam a sua geometria e o tipo de cargas a que se encontra sujeita.
Supõe-se que a viga não é afectada por quaisquer fenómenos de instabilidade até atingir o
seu estado limite elástico, correspondente ao instante em que é atingida pela primeira vez a tensão
limite de elasticidade σy do material num ponto qualquer da viga. O valor absoluto de σy é
idêntico em tracção e em compressão.
As expressões analíticas são escritas em função de variáveis reduzidas (adimensionais),
obtidas a partir da divisão das variáveis de base por factores de escala adequados [1]. Deste modo
é possível isolar os factores que influenciam directamente o comportamento das vigas,
independentemente das suas dimensões ou da resistência do material e, em particular, do sistema
de unidades utilizado.
A fim de facilitar a sua compreensão, a apresentação do método é efectuada através da sua
aplicação a um caso simples de vigas em consola, de secção rectangular, sujeitas a cargas
concentradas ou a cargas distribuídas de variação trapezoidal ao longo do vão da viga. Este tipo
de distribuição inclui não só as distribuições trapezoidais propriamente ditas, como os casos
particulares das distribuições uniformes e triangulares, crescentes ou decrescentes.
Numa primeira fase é apresentada a formulação da distribuição dos momentos resistentes
da viga, em função de um índice de variação das características geométricas das secções transversais.
A seguir, é apresentada a formulação das distribuições de momentos actuantes, relativas
aos tipos de cargas atrás referidos.
Uma vez conhecidas as distribuições de momentos resistentes e actuantes é exposto o
método de determinação da secção crítica da viga, e de cálculo da sua carga máxima.
Finalmente, é abordada a evolução do aumento de resistência da viga por unidade de
volume, em função do índice de variação das características geométricas das secções. Através
desta informação é possível avaliar o interesse económico associado à adopção de uma
determinada geometria da viga, com o objectivo de optimizar o seu dimensionamento.
A aplicação do método a outros tipos de vigas de inércia variável sujeitas a flexão simples,
com secções transversais ou condições de fronteira diferentes, é feita de forma idêntica à dos
exemplos apresentados, bastando para isso adaptar a cada um dos novos casos as expressões
relativas à distribuição dos momentos actuantes e à distribuição dos momentos resistentes
No presente trabalho são fornecidas as expressões relativas à distribuição dos momentos
resistentes de vigas de secção em I, de altura linearmente variável. O alargamento do estudo à
determinação das secções críticas destas vigas excede no entanto os limites do presente trabalho.

2. DISTRIBUIÇÃO DOS MOMENTOS RESISTENTES DAS SECÇÕES


2.1 Vigas de secção rectangular de altura linearmente variável
As expressões a seguir apresentadas referem-se a vigas com secção transversal
rectangular, sendo a sua largura b constante e a altura linearmente variável entre as duas
extremidades da viga (fig. 1). Os valores mínimo e máximo das alturas das secções são
designados pelos símbolos h e H, respectivamente. O comprimento da viga é designado por L.
A altura de uma secção com a coordenada x é determinada através da expressão:
H −h
h( x ) = h + (L − x ) (1)
L
Tal como foi anteriormente referido, as expressões analíticas a desenvolver são escritas
em função de variáveis reduzidas, como as definidas pelas equações (2) e (3), por exemplo:
λ=x L (2) αv = 1 − h H (3)
b 1
b 1
H h H/h 1
x λ
L 1
z z
Fig. 1 – Variáveis dimensionais Fig. 2 – Variáveis reduzidas

Deste modo, a altura de uma secção de coordenada reduzida λ é igual a:


1 − αv λ
h(λ ) = h (4)
1 − αv
A área A de uma secção de coordenada reduzida λ é dada por:
1 − αv λ 1− αv λ
A(λ ) = bh(λ ) = bh = Amin (5)
1− αv 1 − αv
O momento de inércia I da mesma secção, relativo ao eixo de flexão, é:
bh (λ )  1 − α v λ  bh 3  1 − α v λ 
3 3 3

I (λ ) = =   =   I min (6)
12  1 − α v  12  1 − α v 
O momento resistente elástico My, correspondente ao estado de deformação em que se
atinge pela primeira vez o limite elástico na fibra mais deformada da secção, é calculado da
seguinte forma, para uma secção transversal de coordenada reduzida λ:
I (λ ) σ y  1 − α v λ  Eε y  1 − α v λ  EI minε y  1 − α v λ 
3 2 2

M y (λ ) = =  I min =  =   M y .min (7)


h(λ ) 2  1 − α v  h(λ ) 2  1 − α v  h2  1 − αv 
O momento resistente elástico pode ser escrito sob forma reduzida do seguinte modo:
M y (λ )  1 − α v λ 
2

m y (λ ) = =  (8)
M y .min  1 − α v 

2.2 Vigas de secção em I com alma de altura linearmente variável

As expressões seguintes referem-se a vigas com secção transversal em forma de I, de


largura b constante e altura linearmente variável entre as duas extremidades da viga (fig. 3).
A espessura dos banzos tf e a espessura da alma tw são constantes ao longo de toda a viga.
A altura da viga varia entre um valor mínimo h e um valor máximo H (fig.3).
b
b
H h
x
L
z
Fig. 3 – Viga em I com altura linearmente variável

No presente caso, para além de λ e αv, definidas através das expressões (2) e (3), são ainda
utilizadas as seguintes variáveis reduzidas:
t 2t
αb = 1 − w (9) αh = 1− f (10)
b h
A expressão (10) pode ser alargada a uma secção qualquer, de coordenada reduzida λ:
2t 2 t 1 − αv
α h (λ ) = 1 − f = 1 − f = 1−
(1 − α h )(1 − α v ) (11)
h(λ ) h 1− αv λ 1− αv λ
2t
No caso particular da secção de maior altura tem-se α H = 1 − f = 1 − (1 − α h )(1 − α v ) .
H
A área A das secções transversais é considerada igual à soma das áreas dos dois banzos e
da alma. Numa secção de coordenada reduzida λ, o valor da área A é igual a:
  (1 − α h ) (1 − α v )   1 − α v λ Amin
A(λ ) = (1 − α bα h (λ ) ) bh (λ ) = 1 − α b 1 −  
 (12)
  1 − α v λ   1 − α v 1 − α bα h
O momento de inércia I da mesma secção, relativo ao eixo de flexão, é:
  (1 − α h )(1 − α v )   bh (λ )3 (1 − α v λ )3 − α b (α H − α v λ )3
3

I (λ ) = 1 − α b 1 −
 I min
 = (13)

  1 − αv λ   12
 (1 − α v )3
1 − α bα h
3

O momento resistente elástico My de uma secção transversal de coordenada reduzida λ é:


I (λ ) σ y (1 − α v λ ) − α b (α H − α v λ )
3 3
1 − αv
M y (λ ) =
I min 2
= Eε y (14)
h(λ ) 2 (1 − α v )3
1 − α bα h
3
1 − αv λ h
Nas expressões (12) a (14) as variáveis Amin e Imin representam, respectivamente, a área e o
momento de inércia da secção de menor altura da viga.
O momento resistente elástico pode ser escrito sob forma reduzida do seguinte modo:
M y (λ ) (1 − α v λ )3 − α b (α H − α v λ )3
m y (λ ) = =
M y .min (1 − α bα h3 ) (1 − α v )2 (1 − α v λ ) (15)

sendo o momento resistente elástico da secção mínima igual a M y .min = E I min ε y 2 h .

3. DISTRIBUIÇÃO DOS MOMENTOS ACTUANTES


3.1 Viga em consola com força transversal concentrada na extremidade livre:
P p

x λ
L 1
z τ
Fig. 4 – Variáveis dimensionais Fig. 5 – Variáveis reduzidas
No caso de uma viga em consola sujeita a uma força transversal concentrada na extremidade
livre (fig. 4), a distribuição dos momentos actuantes é representada pela expressão (16):
M ( x ) = P (L − x ) (16)
Esta distribuição pode ser expressa num sistema de variáveis reduzidas (fig. 5):
m(λ ) = M (λ ) M y . min = p (1 − λ ) (17)
em que o parâmetro de carga p é definido através da expressão seguinte:
p =M (0 ) M y. min =P L M y . min (18)
3.2 Viga em consola com carga distribuída trapezoidal ao longo de todo o vão:
Q1 Qm Qd
Q2
L /2 x
L
z
Fig. 6 – Parâmetros da carga distribuída trapezoidal

A figura 6 representa o caso geral de uma viga em consola sujeita a uma carga distribuída
trapezoidal ao longo de todo o vão. Os parâmetros Q1 e Q2 representam os valores da carga nas
extremidades da viga. O parâmetro Qm = (Q1 + Q2 ) 2 corresponde ao valor médio da carga
transversal, e Qd = (Q1 − Q2 ) 2 representa a diferença entre os valores extremos da carga e o valor
médio Qm. Se Qd>0, a carga distribuída é decrescente ao longo do eixo longitudinal da viga (eixo
x, fig. 6); se Qd<0, a carga distribuída é crescente ao longo do referido eixo x.
A relação entre Qd e Qm pode ser estabelecida através do parâmetro αq definido por (19):
α q = Qd Qm (19)
No caso particular de αq=0 tem-se Qd= 0 e Qm= Q1= Q2, situação que corresponde ao caso
de uma carga distribuída uniforme; se αq=1 tem-se Qd= Qm= Q1/2 e Q2=0, situação que
corresponde a uma carga distribuída triangular decrescente; se αq= -1 tem-se Qd= -Qm= -Q2/2 e
Q1=0, situação que corresponde ao caso de uma carga distribuída triangular crescente.
O valor da carga numa secção qualquer da viga, de coordenada x, pode ser calculado
através da expressão (20):
Q( x ) = Qm − Qd + 2 Qd (1 − x L ) = Qm − Qd + 2 Qd − 2 Qd x L = Qm (1 + α q − 2α q λ ) (20)
A reacção vertical V e o momento M na extremidade encastrada da viga são:
V = Qm L (21) M = ( 3 − α q ) Qm L2 6 (22)
O momento actuante numa secção qualquer da viga, de coordenada x, é igual a:
x2
M (x ) = M − V x + Q(x )
x x 2x
+ 2 Qd (23)
2 L 2 3
A distribuição de momentos actuantes pode ser escrita em função da coordenada reduzida λ
através da expressão (24):
( )
M (λ ) = 3 − α q − 6λ + 3λ2 (1 + α q ) − 2α q λ3 Qm L2 6 (24)
Também esta distribuição pode ser expressa num sistema de variáveis reduzidas:
( )
m(λ ) = M (λ ) M y . min = q 3 − α q − 6λ + 3λ2 (1 + α q ) − 2α q λ3 (3 − α q ) (25)
em que o parâmetro de carga q é definido através da expressão seguinte:
M (0 ) (3 − α q ) Qm L 6
2

q= = (26)
M y . min M y . min

4. DETERMINAÇÃO DA SECÇÃO CRÍTICA DA VIGA


4.1 Método geral de busca da secção crítica

A secção crítica da viga é definida como a secção transversal onde é atingido pela primeira
vez o estado limite elástico do material. A sua determinação consiste na busca da coordenada λ da
secção transversal onde o momento actuante M(λ) atinge o valor do momento resistente My(λ).
No caso de uma viga em consola de secção constante, o momento resistente My(λ) é igual
em todas as secções transversais e a secção crítica é sempre a da extremidade encastrada (λ=0),
onde o momento actuante toma o seu valor máximo. No caso de uma viga de inércia variável, o
momento resistente My(λ) varia ao longo do vão da viga em função do parâmetro αv (3), podendo
a secção crítica corresponder a uma secção de coordenada λ≠0.
A título de exemplo, a figura 7 mostra a evolução, em função da relação H h = 1 ( 1 − α v ) ,
do momento resistente reduzido my(λ) das secções transversais de uma viga em consola, de
secção rectangular de altura variável, definido pela expressão (8).
H/h=1
6,0 H/h=1,25
H/h=1,43
5,5 H/h=1,67
5,0 H/h=2
H/h=2,5
4,5 H/h=2,5
4,0 H/h=2,86
H/h=3,33
3,5 H/h=4
3,0 H/h=5
2,5 M y ( λ)/M y.min
2,0
1,5
1,0
0,5 p (1- λ)
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
λ=x/L
Fig. 7 – Secções críticas de uma viga em consola de secção rectangular de altura variável,
sujeita a uma carga transversal concentrada na extremidade livre

Recorda-se que o parâmetro de carga p representa a relação entre o momento actuante


máximo M(0), na extremidade encastrada da viga, e o momento resistente My.min da menor secção
transversal, na extremidade livre da viga (18).
A posição das linhas m(λ ) = p (1 − λ ) , representando a distribuição dos momentos
actuantes em função do parâmetro de carga p, em relação às linhas my(λ)=My(λ)/My.min,
representando a distribuição dos momentos resistentes elásticos em função da relação H/h, pode
ocorrer das seguintes formas:
• a linha m(λ) situa-se sempre abaixo da linha my(λ), sem nunca a intersectar. Tal facto
significa que todas as secções da viga com a relação H/h considerada se encontram em
regime elástico;
• a linha m(λ) intersecta a linha my(λ) em dois pontos de coordenadas λy1 e λy2 (λy1<λy2). Tal
facto significa que as secções de coordenadas λy1 e λy2 se encontram no estado limite
elástico; a zona da viga situada entre λy1 e λy2 (λy1<λ<λy2) ultrapassou o estado limite
elástico e encontra-se já em regime plástico; as zonas situadas fora dos referidos limites
(0≤λ<λy1 ou λy2<λ≤1) encontra-se ainda em regime elástico. As coordenadas λy1 e λy2
representam, assim, as fronteiras entre as zonas elásticas e plástica da viga;
• a linha m(λ) intersecta a linha my(λ) num único ponto, de coordenadas λy, situando-se
acima de my(λ) para valores de 0≤λ<λy e abaixo de my(λ) para valores de λy<λ≤1. Esta
situação é idêntica à anterior; neste caso, a secção de coordenada λy encontra-se no estado
limite elástico, a zona da viga situada entre a extremidade encastrada e λy (0≤λ<λy)
encontra-se em regime plástico e a zona entre λy e a extremidade livre encontra-se ainda
em regime elástico;
• a linha m(λ) é tangente à linha my(λ) num determinado ponto de coordenada λy. Neste
caso a secção de coordenada λy encontra-se no estado limite elástico e todas as outras
secções da viga encontram-se em regime elástico.
A secção crítica da viga é a secção de coordenada λy na última das quatro situações
referidas; nesta situação nenhuma das secções transversais se encontra ainda plastificada, mas
uma delas (a secção crítica) atingiu já o estado limite elástico. O parâmetro de carga py referente a
esta situação indica a carga máxima que a viga pode suportar em regime elástico, fornecendo a
solução do problema a que se refere o presente trabalho.
O parâmetro de carga py indica ainda o acréscimo de resistência da viga de inércia variável
relativamente a uma viga de inércia constante com uma secção transversal igual à secção mínima
da viga de inércia variável em questão. Através deste parâmetro é possível avaliar o interesse
económico da viga de inércia variável, com base na relação entre o aumento de resistência e o
aumento de material necessário ao seu fabrico.
É possível constatar, através da figura 7, que o valor do parâmetro de carga py representa o
menor dos valores de p para os quais ocorrem intersecções entre as linhas m(λ) e my(λ). Deste
modo, a busca da secção crítica pode ser efectuada através da determinação do valor mínimo de p
para o qual se verifica a igualdade entre os valores de m(λ) e my(λ).
A solução deste problema depende não só da geometria da viga, uma vez que o valor de
my(λ) depende de αv (ou da correspondente relação H/h), mas também do tipo de carga a que a
viga se encontra sujeita, que por sua vez condiciona a distribuição dos momentos actuantes m(λ).
Em seguida será apresentada a dedução das expressões de cálculo da secção crítica de uma
viga em consola de secção rectangular de altura linearmente variável, sujeita a cargas
concentradas ou a cargas distribuídas de variação trapezoidal ao longo da viga (§3.1 e §3.2).

4.2 Secção crítica de vigas em consola de secção rectangular de altura linearmente variável,
sujeitas a força transversal concentrada na extremidade livre

No presente caso, a distribuição de momentos resistentes my(λ) é fornecida pela equação (8)
e a distribuição de momentos actuantes m(λ) pela equação (17). As intersecções entre estas duas
curvas são fornecidas pelas soluções da equação seguinte:

m(λ ) = m y (λ ) ⇒ p =
(1 − αv λ )
2
(27)
(1 − λ ) (1 − α v )2
Tal como foi anteriormente referido, a busca da secção crítica implica a determinação do
valor mínimo de p que satisfaz a equação (27). Para tal, procede-se ao cálculo das raízes da
equação ∂p ∂λ = 0 . Das duas raízes desta equação, apenas uma fornece soluções para valores de
λy compreendidos entre os seus limites (0≤λy <1), resultantes da própria definição de λ (2):
λy = 2 − 1 αv (28)
A solução λ=1 não é considerada por corresponder a um valor infinito de p.
A raiz correspondente à equação (28) fornece soluções para λy no intervalo [0, 1[ quando
o parâmetro αv ≥1/2, o que corresponde a valores da relação H/h≥2. Quando H/h<2 (αv <1/2) tem-se
λy <0, pelo que o valor máximo de p ocorre na secção λ =0, ou seja, na extremidade encastrada.
Com efeito é possível constatar que, de acordo com a expressão (4), a altura h(λy) da viga
na secção crítica λy, correspondente à solução (28), é igual a:
1−αv λy 1 − α v (2 − 1 α v )
h(λ y ) = h= h = 2h (29)
1−αv 1−αv
Conclui-se assim que, quando λy pertence ao intervalo [0, 1[, a altura da secção crítica é
sempre igual ao dobro da altura h da menor secção transversal da viga (fig. 7). Quando a altura da
maior secção transversal da viga H é inferior a este valor (H/h<2), a secção crítica da viga é a
secção da extremidade encastrada da viga (λ =0), de altura H (fig.7).
A carga máxima py suportada pela viga em regime elástico é fornecida pela equação (27)
quando λ é igual à ordenada da secção crítica. No caso de esta ser a secção encastrada (λ =0):
2
H 1 H
< 2 ⇒ py = =  (30)
h (1 − α v )  h 
2

No caso de a secção crítica da viga ser fornecida pela equação (28), a carga py é igual a:
H
≥ 2 ⇒ py =
(1 − α v (2 − 1 α v )) = 4 α v = 4  H − 1
2

  (31)
h (1 − (2 − 1 α v ))(1 − α v )2 1 − α v  h 
O momento reduzido my suportado pela secção crítica pode ser calculado através da
expressão (17). No caso de H/h<2, o momento reduzido suportado pela secção encastrada (λ =0) é
igual ao parâmetro de carga reduzido py, fornecido pela equação (30); se H/h≥2, o momento my é
constante e igual a 4, valor que corresponde ao momento resistente da secção de altura h(λy)=2h.
De acordo com (17) e (31):
4 α v   1 
m(λ y ) = p y (1 − λ ) =  1 −  2 −   = 4 (32)
1 − αv   αv  
ou, de acordo com (8) e (28):

m y (λ y ) =
(1 − α v (2 − 1 α v ))2 = 4 (33)
(1 − α v )2
Na figura 7 é possível observar a linha que liga os pontos de abcissa λy e ordenada py,
representando os estados limites elásticos da viga de inércia variável, em função da relação H/h.
Com base na equação (3) é possível calcular, através da expressão (34), a relação entre o
volume de material Volvar, necessário ao fabrico da viga de inércia variável, e o volume de
material Volmin, correspondente a uma viga de secção constante igual à secção mínima da viga de
inércia variável. Através desta relação é possível determinar o aumento de resistência por unidade
de volume p* da viga de inércia variável, relativamente à viga de inércia constante referida,
dividindo o parâmetro de carga py pela relação Volvar/ Volmin (35).
bh + bH bhL  1  2 − αv
Volvar = Amed L = L= 1 +  = Volmin (34)
2 2  1 − α v  2 (1 − α v )
2 (1 − α v )
Se λ y = 0 (H h < 2) ⇒ p* = p y
Volmin 1 2
= = (35)
Volvar (1 − α v ) (2 − α v ) (1 − α v )(2 − α v )
2

4 α v 2 (1 − α v ) 8 αv
Se λ y ≥ 0 (H h ≥ 2 ) ⇒ p* = p y
Volmin
= = (36)
Volvar 1 − α v (2 − α v ) (2 − α v )

4.3 Secção crítica de vigas em consola de secção rectangular de altura linearmente variável,
sujeitas a carga distribuída trapezoidal ao longo de todo o vão

4.3.1 Determinação das secções críticas

Tratando-se de uma secção rectangular, a distribuição de momentos resistentes my(λ) é, uma


vez mais, fornecida pela equação (8); a distribuição de momentos actuantes m(λ) é dada pela
equação (25). As intersecções entre estas duas curvas são fornecidas pelas soluções da equação:

m(λ ) = m y (λ ) ⇒ q =
(3 − α ) (1 − α λ )
q v
2

(3 − α − 6λ + 3λ (1 + α ) − 2α λ ) (1 − α )
2 3 2
(37)
q q q v
A busca da secção crítica implica a determinação do valor mínimo de q que satisfaz a
equação (37). A raiz da equação ∂q ∂λ = 0 , que fornece soluções para valores de λy dentro dos
seus limites (0≤λy <1), é dada pela expressão (38):
  
2 2 
1        
λy = 3 − αv −  3 − 1 + 2  α  −  2 1 − 1  α v   (38)
2α v    αq  v    α  

       q   
A expressão (38) fornece soluções para λy no intervalo [0, 1[ quando o parâmetro αv
satisfaz a condição (39):
α v ≥ 3 (3 − α q ) (39)

De acordo com a expressão (3), o valor de αv pertence ao intervalo [0, 1[, pelo que se pode
concluir que a solução fornecida pela expressão (38) só é aplicável nos casos em que αq<0, ou
seja, nos casos de carga trapezoidal crescente (§3.2).
Deste modo, através de uma análise idêntica à apresentada no § 4.2, cuja repetição é
dispensada no presente caso, é possível determinar as expressões relativa às cargas máximas qy
que as vigas podem suportar em regime elástico, e ao seu aumento de resistência por unidade de
volume q*. Os resultados obtidos são a seguir apresentados, nos §4.3.2 e §4.3.3.

4.3.2 Cargas trapezoidais decrescentes e carga distribuída uniforme

Nos casos de cargas trapezoidais decrescentes (αq >0), ou de carga distribuída uniforme
(αq =0), a secção crítica é sempre a secção da extremidade encastrada (λy =0). O momento
resistente desta secção é fornecido pela expressão (40) obtida a partir da equação (8):
m y (λ y ) = 1 (1 − α v ) = (H h )
2 2
(40)

Através da expressão (37) conclui-se também que a carga máxima suportada pela viga é:
q y = 1 (1 − α v ) = (H h )
2 2
(41)

O aumento de resistência da viga de inércia variável por unidade de volume q* é dado por:
Volmin 1 2 (1 − α v ) 2
q* = q y = = (42)
Volvar (1 − α v ) (2 − α v ) (1 − α v )(2 − α v )
2

4.3.3 Cargas trapezoidais crescentes

Nos casos de cargas trapezoidais crescentes (αq<0) em que a condição (39) é verificada, a
localização da secção crítica é fornecida pela expressão (38), em função dos parâmetros αq e αv.
Na figura 8 é possível observar a localização das secções críticas de uma viga em consola
de secção rectangular de altura variável, sujeita a uma carga triangular crescente (αq= -1). O
momento resistente destas secções é fornecido pela equação (43) obtida a partir de (8) e (38):
2
  2 2 
 1    2       
1 −  3 − α v −  3 − 1 +  α v  −  2 1 − 1  α v  
 α  
 2    αq     q   
m y (λ y ) =   
(43)
(1 − α v )2
40 H/h=1 A carga máxima qy suportada pela
H/h=2 viga é obtida através da substituição da
35
H/h=3 variável λ na equação (37) pela
H/h=4
H/h=5 coordenada da secção crítica λy fornecida
30 H/h=5,5 pela expressão (38). O aumento de
H/h=6 resistência da viga de inércia variável por
H/h=6,5
25 H/h=7
unidade de volume q* (§4.2) é calculado
H/h=7,5 através da multiplicação deste valor de qy
20 H/h=8 pela relação Volmin/ Volvar retirada da
H/h=8,5 expressão (34).
H/h=9
15 Nos casos de cargas trapezoidais
m y (λ ) crescentes (αq<0) em que a condição (39)
10 não é verificada, a secção crítica é sempre
a da extremidade encastrada (λy =0), como
5 m (λ ) se pode observar na figura 8.
O momento resistente desta
0 secção é fornecido pela expressão (40), a
λ=x/L carga máxima qy suportada pela viga é
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
calculada através da equação (41), e o
aumento de resistência da viga de inércia
Fig. 8 – Secções críticas de uma viga em variável por unidade de volume q* é dado
consola de secção rectangular de altura variável, por (42).
sujeita a uma carga triangular crescente

4. CONCLUSÕES
Ao longo do presente trabalho foi apresentado um método de dedução de expressões
analíticas para a localização das secções críticas de vigas de inércia variável, permitindo o cálculo
do momento máximo nestas secções e da carga máxima suportada pela viga em regime elástico.
A aplicação do método foi exemplificada através de um caso simples de vigas em consola, de
secção rectangular de altura variável, sujeitas a cargas concentradas ou a cargas distribuídas de
variação trapezoidal, incluindo distribuições uniformes e triangulares.
O estudo destes casos permitiu constatar que, no caso de a viga se encontrar sujeita a
cargas distribuídas uniformes ou a cargas trapezoidais decrescentes, da extremidade encastrada
para a extremidade livre, a secção crítica é sempre a secção encastrada, onde o momento actuante
e resistente são máximos, independentemente da variação de altura da secção.
Se a viga se encontrar sujeita a cargas concentradas ou a cargas trapezoidais crescentes, a
secção crítica da viga é ainda a secção encastrada no caso dos valores mais baixos da relação H/h,
entre as alturas máxima e mínima das secções transversais.
No entanto, a partir de um certo valor de H/h a localização da secção crítica evolui no
sentido da extremidade livre da viga, pelo que a carga máxima que esta pode suportar em regime
elástico é inferior à carga que induz um momento actuante na secção encastrada igual ao momento
resistente desta secção (valor máximo dos momentos resistentes de todas as secções da viga).

5. REFERÊNCIAS
[1] Baptista, A.M., “Modèle non linéaire géométrique et matériel fondé sur l'analyse des
déformations globales des sections”, Tese de doutoramento da Universidade Blaise Pascal,
Clermont-Ferrand (França), 1994, 480 p.

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