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A autora inicia seu trabalho observando que o Direito Territorial Indígena é reconhecido

pela Constituição de 1988, uma vez que esta Carta permitiu grandes progressos quanto às
garantias e direitos fundamentais, principalmente em relação a questão da diversidade cultural
e pluralidade étnica. A Constituição reconheceu aos índios, em seu artigo 231 e demais
parágrafos, o direito originário às terras que tradicionalmente ocupam. Foi até mais além,
definindo o que é terra tradicionalmente ocupada e quem são os titulares, evidenciando
claramente quem detém a titularidade da propriedade e a quem compete a titularidade da posse
permanente.

O texto nota que a CF/1988 trouxe as duas principais disposições em relação aos direitos
indígenas: o direito originário às terras que tradicionalmente ocupam e à diversidade étnica e
cultural, previsto no art. 231 e seus parágrafos, e o direito ao pleno exercício de sua capacidade
processual para defesa de seus interesses, disposto no art. 232. Estes dois importantes
dispositivos contribuíram para a alteração da relação estabelecida entre os índios e o Estado,
abolindo com o dito que considerava os índios seres incapazes para o exercício vida civil.

Por força da Constituição, que reconhece o princípio jurídico do indigenato direito


territorial indígena é considerado como direito anterior ao Estado brasileiro. Assim, para
proteção das terras, o direito indígena agrega conceitos como pessoa jurídica de direito público,
impenhorabilidade, inalienabilidade, indisponibilidade.

Mesmo com o considerável avanço em nosso ordenamento jurídico, ainda há grande


dependência política para o reconhecimento de direitos territoriais os povos indígenas. Compete
à União Federal demarcar e proteger as terras indígenas, o Poder Executivo possui a
prerrogativa exclusiva do reconhecimento dos direitos territoriais indígenas. No entanto existe
grande inercia nos atos administrativos, fazendo com que os interessados na exploração das
terras indígenas consigam travar a concretização dos direitos territoriais indígenas, por meio de
atos legislativos e frequentes ações judiciais com o intuito de suspender atos administrativos de
reconhecimento.

Quanto à propriedade privada e o direito territorial indígena, a autora expõe que existem
questões acerca do princípio da igualdade e direitos relativos à propriedade que estão no cerne
dos conflitos. Nesse tocante, não seria o processo de demarcação o responsável por tutelar a
posse tradicional, este apenas declara os seus limites. A posse indígena é bem diferente da posse
caracterizada pelo direito civil, sendo tradicional, na visão sociológica e antropológica.
O advento do “direito adquirido” é usado com o intento de impedir o reconhecimento
de direitos territoriais indígenas, contudo, já temos uma jurisprudência sendo construída, em
nosso ordenamento, no sentido de o direito adquirido não deve ser considerado frente aos
preceitos constitucionais. A corte suprema ao analisar a questão, antes mesmo da Constituição
de 1988, afirmou que a Constituição declarou a nulidade dos títulos dominiais incidentes sobre
áreas habitadas por indígenas, não havendo necessidade de invocar a proteção constitucional
aos direitos adquiridos e ao direito de propriedade contra a própria norma constitucional.

Existe uma enxurrada de projetos de leis e de emendas constitucionais no Congresso


Nacional, com o intuito de excluir os direitos constitucionais indígenas que já foram
reconhecidos. Diante disso, os povos indígenas proferem suas denúncias e exigências de
políticas públicas específicas, a fim de estabilizarem na prática os seus direitos frente ao
crescente quadro de violações de direitos de que os índios vêm sofrendo por parte do próprio
daqueles que possuem interesse econômico nas terras e até mesmo por parte do poder público.

O princípio que trata da casa como um asilo inviolável é enfatizado pela autora, que
relata que inviolabilidade do asilo aparece no sentido de ele ser respeitado. Domicílio, para
efeitos da proteção constitucional, tem um sentido amplo pois compreende, na abrangência de
sua designação tutelar, qualquer compartimento habitado, qualquer aposento ocupado de
habitação coletiva e qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém
exerce profissão ou atividade. Por esse ponto de vista, as terras indígenas são o domicílio por
direito, a habitação imprescindível à sobrevivência física e cultural dos povos indígenas.
Compatível com a finalidade do princípio da casa como asilo inviolável, uma vez que que o
legislador procurou estabelecer o território como o espaço necessário ao amparo aos povos
indígenas.

As Forças Armadas são competentes para realizar a defesa da soberania e os direitos


indígenas, uma vez que são instituições destinadas à defesa da pátria, à garantia dos poderes
constitucionais (art. 142 CF/88). Quando da atuação em terras ocupadas por indígenas, devem
adotar, nos limites de suas competências e sem prejuízo do exercício de suas atribuições
constitucionais e legais, medidas de proteção do índio e de sua comunidade, de respeito aos
costumes e tradições indígenas e de solução de eventuais situações de conflito ou tensão
envolvendo grupos indígenas.

O objetivo central da demarcação de terras para o índio é que este tenha posse de um
território exclusivo, onde possa viver conforme seus costumes e tradições. A melhor
interpretação do art. 231 da Constituição nos faz entender que o objetivo da demarcação é
constituir um lugar específico onde os índios, que ali vivem por longo período, possam ter um
lugar mais do que apropriado para terem sua sobrevivência tanto física, quanto cultural
efetivamente resguardada.

A Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre Povos


Indígenas e Tribais em Estados Independentes, proporciona enormes avanços no
reconhecimento dos direitos indígenas coletivos, com expressivos aspectos de direitos
econômicos, sociais e culturais. Esta Convenção é, atualmente, o dispositivo internacional mais
atualizado e abrangente em defesa das condições de vida e trabalho dos indígenas e, sendo um
tratado internacional ratificado pelo nosso Estado tem caráter vinculante. Assim, as terras
indígenas devem ser percebidas como a totalidade do meio ambiente das áreas ocupadas pelos
povos indígenas compreendendo, portanto, aspectos de natureza coletiva e de direitos culturais,
sociais e econômicos além dos direitos propriamente civis.

A autora conclui seu trabalho enfatizando a luta das comunidades indígenas pelo
reconhecimento do direito às suas terras. A proteção legal de que necessitam as terras indígenas
afastam-se de um discurso unicamente protecionista para encontrar lugar na necessidade de
cumprimento constitucional, tanto em relação às terras como em relação ao tratamento que
deveria ser dispensado às comunidades indígenas.

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