Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
INQUÉRITO POLICIAL:
uma análise acerca da aplicabilidade do princípio do contraditório
Banca Examinadora:
_______________________________________________________
Profa. Ana Paula Kich Gontijo - Orientador
_______________________________________________________
Prof. Esp. Hélio Callado de Oliveira - Membro
_______________________________________________________
Profa. MSc. Cláudio Gastão da Rosa Filho - Membro
DEDICATÓRIA
Agradeço aos meus pais Jorge Luiz Freitas Martins e Eliane de Souza Martins, pelo
amor, incetivo e confiança que depositam em mim desde o início da minha vida, incluindo
nesta, a minha jornada acadêmica.
À minha namorada Susann Aguiar Mondadori “Sú”, pela compreensão, pelo amor e
carinho que tem por mim, inclusive pela paciência, no momento de conclusão desta
monografia.
À minha orientadora Ana Paula Gontijo, com minha total admiração e especial
gratidão.
Aos professores Hélio Callado de Oliveira e Cláudio Gastão da Rosa Filho, por
terem prontamente aceito o convite para participação na banca deste trabalho.
Ao meu amigo Professor Mestre José Luiz Gonçalves, pelo apoio e pela grande
contribuição que prestou no desenvolvimento deste trabalho.
Ao meu grande amigo Marcelo César Bauer Pertille e seus familiares, no qual, tenho
um imenso carinho e gratidão pela amizade.
À Deus por ter colocado todas estas pessoas maravilhosas presentes na minha vida.
“O senhor saiba: eu toda vida pensei por mim, forro, sou
nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o
mundo... eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa”
Guimarães Rosa
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................... viii
LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................... ix
INTRODUÇÃO................................................................................................................. 01
Os princípios funcionam como pilares das normas jurídicas existentes, pode-se dizer
que constituem a base de todo ordenamento jurídico. São eles que estabelecem uma seqüência
ao direito, direcionando as normas num sentido lógico e necessário para suprir as
necessidades existentes na sociedade. Desta forma, expõe Flávio Medeiros, antes mesmo da
Constituição de 1988:
O princípios gerais de direito são regras contidas no ordenamento jurídico.
Informam o direito positivo, inspiram suas disposições e vivificam sua
unidade. São elementos demonstrativos do sentido para onde estão voltadas
as normas de direito. Constituem as bases e a estrutura da construção
jurídica.1
1
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. 1 ed. Rio de Janeiro: AIDE, 1987, p. 168.
1
AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 52.
2
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa, Processo Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1989, p. 37.
3
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1999, p. 1639
Princípio é a palavra que deriva do latino principium, principii, de princeps,
principis, com o significado de o primeiro. É forma sincopada de primiceps,
de primus, adjetivo superlativo de prae ou pro, por meio de pris, advérbio
com o sentido de antes, primeiramente, antigamente, e de capere,
significando captar, tomar, segurar, prender, conceber. Etimologicamente,
princípio seria compreendido como origem, começo, início de qualquer
coisa.4
As normas jurídicas de processo penal tem sua estrutura alicerçada nos princípio
gerais de processo penal, sendo estes o ponto de partida ou o início de uma evolução
dogmática que se desenvolverá cada vez mais de acordo com as necessidades sociais,
perdurando enquanto existir a sociedade.
O processo penal possui um objetivo prático, atual e jurídico, isto porque, visualiza a
apuração da verdade dos fatos, assim, surge o direito de punir em concreto aplicando-se da
devida lei penal para se obter a justiça.
4
AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. p. 53.
5
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 40/41.
Tal garantia, também chamada de princípio da legalidade, tem como base o interesse
da coletividade na atuação do direito penal.
Na relação jurídica de direito penal presume-se, como contempla Medeiros, que todo
cidadão ocupa a posição de sujeito ativo perante o Estado, sendo inocente e detentor do
direito de liberdade. No entanto, havendo indícios de que determinada pessoa tenha praticado
um fato típico, antijurídico e culpável, estabelece-se a dúvida no que concerne à posição que
ela mantém com o Estado. O aclaramento dessa dúvida é de interesse público, tendo o Estado
o dever de esclarecê-la.6
A punição pela ocorrência de uma infração penal é praticamente indispensável,
sendo o Estado obrigado a promover o jus puniendi, sem que se conceda aos órgãos
incumbidos da persecução penal faculdades discricionárias para apreciar a conveniência da
instauração do processo ou do inquérito.
Assim, havendo indícios suficientes da prática e da autoria do crime, o órgão do
Ministério Público, em se tratando de crime de ação penal pública, é obrigado a apresentar a
respectiva denúncia. Consorte, o princípio também é aplicado nas investigações preliminares,
que verificando a existência de um fato aparentemente delituoso tem a autoridade policial o
dever jurídico de instaurar o inquérito.
Interessante elucidar o entendimento de José Aquino acerca da obrigatoriedade:
6
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 176.
7
AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. p. 65.
8
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 27.
tem a faculdade de promover ou não a ação penal, uma discricionariedade da
utilidade tendo em vista o interesse público. Funda-se este na regra minima
non curat praetor, ou seja, o Estado não deve cuidar de coisas insignificantes,
podendo deixar de promover o jus puniendi quando verificar que do exercício
da ação penal podem advir maiores inconvenientes que vantagens.9
De fato, é categórico o art. 24 do CPP, que assim dispõe: “nos crimes de ação
pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei
o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem
tiver qualidade para representá-lo”.
Neste compêndio, o exercício da ação penal fica sujeito ao ato de vontade de
particulares ou do Ministro da Justiça.
A Constituição Federal de 1988, conforme o art. 98, I, além de conferir
independência funcional ao MP, permitiu a instituição do procedimento sumaríssimo com a
criação dos juizados especiais para a apuração dos crimes de menor potencial ofensivo,
consentindo a transação penal.
Tal regra foi positivada com o advento da Lei 9.099/95 e conforme José de Aquino,
reduziu o campo de atuação do princípio aqui ponderado, pois permitiu a composição civil do
dano (art. 74) como causa de exclusão do processo; estabeleceu as hipóteses de aplicação
imediata de pena não privativa de liberdade, mediante transação penal ofertada pelo
Ministério Público (art. 76); e regulamentou o instituto da suspensão condicional do processo,
também derivada de proposta do MP, na forma do art. 89 da referida lei.(José Aquino)10
Este axioma jurídico é considerado como alvo primordial do processo penal, que
visa alcançar a satisfação da pretensão.
Preleciona, com êxito, Rangel, acerca do escopo de tal princípio:
9
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 47.
10
Cf. AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. p. 66.
11
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 05.
exatos limites de sua culpa numa investigação que não encontra limites na
forma ou na iniciativa das partes.12
12
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 45.
13
Cf. RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 09.
14
MANZINI, Apud. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 41.
15
Cf. MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 181.
16
Cf. MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 182.
17
Cf. MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 182.
indicadas pelas partes; possibilidade de o juiz, tribunal, câmara ou turma proceder a novo
interrogatório do acusado ou reinquirir testemunhas; e determinar, ex officio, a juntada aos
autos de documento essencial. De tal modo, a confissão do acusado passa a ter valor relativo,
sendo vista como prova comum e devendo ser confrontada com os demais elementos
probatórios do processo.
Considerando que a satisfação da pretensão - objetivo do processo - deve ser obtida
por meio da verdade judiciária, mas dentro de um devido processo legal determinado pelo
ordenamento jurídico, faz-se necessário esclarecer, de acordo com Rangel, que “não obstante
chamarmos de verdade real, nem sempre ela condiz com a realidade fática ocorrida. O sistema
do livre convencimento impõe-nos uma conduta: vale o que está nos autos do processo”. 18
A Carta Magna, ao priorizar o respeito à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e
proibindo em nosso sistema as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI), limita a busca
da verdade real. O próprio Processo Penal, com as causas de extinção da punibilidade, limita,
também, a descoberta da mesma, ao proibir que, mesmo surgindo novas e concludentes
provas que versem sobre o agente, uma absolvição seja rescindida após o trânsito em julgado;
outro fator limitante é a permissão de transação com o perdão do ofendido nas ações penais
privadas; a perempção provocada por omissão ou inércia do querelante.
O princípio em tela, ainda, comporta outras restrições, como a impossibilidade de
juntada de documentos durante o prazo para alegações do Ministério Público e do defensor do
réu no procedimento dos crimes de competência do Tribunal do Júri (art. 406, § 2º do CPP); a
impossibilidade de exibir prova, que não tenha sido comunicada à parte contrária com
antecedência mínima de três dias, no plenário do júri (art. 475 do CPP); a recusa de depor de
parentes do acusado, ou os limites para depor de pessoa que, em razão da função, oficio ou
profissão, devam guardar segredo (arts. 206 e 207 do CPP).19
Entende-se, portanto, que o princípio da verdade real impõe ao julgador e às partes
que se empenhem para desvendar os fatos conforme se sucederam, a fim de permitir a justa
resposta estatal, embora essa busca se faça cercada pela limitação e falibilidade do homem.
18
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 05.
19
Cf. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 27.
20
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 234.
Nesse sentido, entende Mirabete, que o ideal é referir-se como o princípio da não-
culpabilidade, pois o acusado é inocente durante o curso do processo e “seu es tado só se
modifica por uma sentença final que o declare culpado”. 21
A presunção de inocência apresenta-se em três momentos do processo: a) na
instrução, como presunção legal juris tantum de não culpabilidade, invertendo-se o ônus da
prova, pois o réu não precisa provar sua inocência, e sim o Ministério Público tem que provar
que ele é culpado; b) na avaliação dos elementos probatórios, pois o juiz só pode condenar o
acusado quando convicto de que ele realmente praticou o delito e havendo dúvida, as provas
serão valoradas em favor do acusado (in dubio pro reo); c) no desenvolvimento da ação, ao
avaliar a necessidade da prisão processual.22
Analisando densamente o item “c” e o conteúdo dos art. 594, 393, I, 408, § 1º, todos
do CPP; art. 35 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos) e o § 2º do art. 2º da Lei nº 8.072/90 (Lei
dos Crimes Hediondos) – dispositivos legais, entre outros, que permitem a prisão provisória
decorrente de sentença condenatória recorrível (em face de não ter bons antecedentes e não
ser primário), de flagrante, pronúncia, e decreto de custódia preventiva – verifica-se que,
sendo o réu presumidamente inocente, sua prisão só será aceita como cautela.
A Constituição Federal estabelece que ninguém será preso senão em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente (art. 5º, LXI); nesta
linha, pondera-se que todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário devem ser
fundamentadas (art. 93, IX da CF). Assim, resta amparada a prisão cautelar e em nada fere o
princípio da presunção de inocência.23
Corroborando esta assertiva, o Supremo Tribunal de Justiça, já pacificou o assunto
com o advento da Súmula 9, que assim dispõe: “A exigência da prisão provisória, para apelar,
não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência”.
Destarte, quando ao acusado é aplicada uma condenação, presume-se sua culpa e
não sua inocência. E aquela pode ser desfeita com recurso defensivo do condenado, provido
pelo tribunal.
21
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 43.
22
Cf. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 39.
23
Cf. RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 24.
24
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 46.
Já na segunda forma - tratando-se da exceção trazida no parágrafo primeiro do
referido artigo - o juiz, tribunal, câmara ou turma determinará que o ato seja realizado a portas
fechadas, limitando o número de pessoas que possam presenciá-lo, se dele puder resultar
escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem.
É evidente que a publicidade plena dos atos processuais pode trazer alguns
inconvenientes, como o desprestígio do réu ou da vítima, comoção social ou sensacionalismo
sobre o caso. Desse modo, o decoro ou no interesse social aconselham que eles não sejam
divulgados.
Nesse sentido, a Constituição Federal permite ao legislador restringir a publicidade
dos atos processuais para a defesa da intimidade ou do interesse social, consoante o disposto
nos arts. 5º, LX e 93, IX .
Destarte, são legítimas as restrições previstas no Código de Processo Penal, dentre
tantas, em se tratando de processo da competência do Tribunal do Júri, no que tange ao sigilo
na votação dos jurados (arts. 476, 481 e 486, todos do CPP); na retirada do réu da audiência se
o juiz verificar que a sua presença poderá prejudicar o depoimento de uma testemunha (art.
217 do CPP).
No caso do inquérito policial, a Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB), em seu art. 7º,
XIV, estabelece como direito do advogado o exame em qualquer repartição policial, mesmo
sem procuração, dos autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos.
Brilhante a elucidação de Medeiros ao considerar que durante a investigação
criminal a publicidade fica a critério da autoridade policial, sendo que:
25
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 222.
26
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa, Processo Penal. p. 69.
Paulo Rangel corrobora acerca do assunto, dispondo que:
O favor rei está implícito em alguns artigos do nosso processo penal, são eles o art.
386, VI; art. 615, § 1º; art. 617; art. 607; e o art. 621.
No art. 386, VI do CPP, o juiz não poderá condenar o réu se as provas forem
insuficientes para a sua condenação; o art. 615, § 1º, dispõe que no caso de empate de votos
no julgamento de recursos, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu; no art. 617, ocorre a
proibição do reformatio in pejus, ou seja, a sentença não poderá ser reformada para prejudicar
o réu; o art. 607, que fornece exclusivamente a defesa o recurso de protesto por novo júri,
assim como no art. 621, que permite somente a defesa a utilização da revisão criminal.
27
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002, p. 32.
28
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 179.
29
Cf. MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 48.
arquivar os respectivos autos, tendo o dever de submetê-los ao controle do
Poder Judiciário.30
Da mesma forma, o Ministério Público regulado por tal princípio, não poderá deixar
de instaurar ação penal pública, conforme previsto no art. 42 do CPP, nem tampouco desistir
de recurso que tenha interposto, este no art. 576 do mesmo diploma legal.
Pela presença deste princípio, conforme disposto no art. 385 do CPP, o juiz poderá
condenar o réu mesmo se o Ministério Público tiver requerido a absolvição do mesmo.
Observa-se através deste, que o magistrado não é vinculado ao órgão oficial da acusação.31
Quando acima falado que o processo penal na sua grande maioria é indisponível,
entende-se implicitamente que existe exceção. Essa exceção se dá na ação penal privada e na
ação penal pública condicionada à representação.
A ação penal privada não está sob a égide deste princípio pelo fato da pretensão
punitiva do Estado estar disponível ao interesse da parte ofendida, pois esta poderá dispor do
processo, pelo perdão, desistência, perempção ou renúncia.32
No caso da ação penal pública condicionada à representação, a parte ofendida
poderá dispor do processo através da retratação da representação. Para melhor esclarecer o
assunto transcrevo as palavras de José Malcher:
Após o estudo praticado neste tópico, ainda, vale dizer, que a recente criação dos
juizados especiais criminais através da Lei 9.099/95, para dirimir delitos de pequeno potencial
ofensivo, afasta também o princípio da indisponibilidade, pois, restando exitosa a transação
penal realizada pelo Parket, não haverá a instrução criminal.
30
MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1999, p.
60.
31
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa, Processo Penal. p. 45.
32
Cf. MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. p. 60.
33
MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. p. 60/61.
34
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa, Processo Penal. p. 46.
O princípio do contraditório é com certeza um dos mais importantes, se não o mais,
do Processo Penal, este possui sua principal previsão no art. 5º, LV da nossa Magna Carta.
Muitos doutrinadores o consideram de grande importância por ser ele inerente a outros
indispensáveis princípios, quais sejam, o princípio da igualdade ou isonomia das partes e o
princípio do devido processo legal, o due process of law, sendo que este comporta todas as
garantias processuais.
É interessante expor que, José Aquino considera o princípio do contraditório como
sendo o mesmo da ampla defesa e inviolabilidade da defesa, estando preceituados no art. 5°,
LV da Lei Fundamental.35 Portanto, entende-se que a ampla defesa está contida no dogma
constitucional da contrariedade.
O art. 5º, LV, da Constituição Federal de 1988, dispõe que, “Aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.”
Segundo a primeira parte de tal preceito constitucional, entende-se por assegurado o
contraditório no inquérito policial, por ser este uma peça administrativa onde de fato existe o
litígio, ou seja, interesses distintos entre partes distintas, para tanto, deve-se aplicar este
princípio, pois, conforme a constituição, as partes devem estar no mesmo plano de igualdade.
Acerca do assunto J. Canuto de Almeida diz que:
A verdade atingida pela justiça pública não pode e não deve valer em juízo
sem que haja oportunidade de defesa ao indiciado. É preciso que seja o
julgamento precedido de atos inequívocos de comunicação ao réu: de que
vai ser acusado; dos termos precisos dessa acusação; e de seus fundamentos
de fato (provas) e de direito. Necessário também que essa contrariedade seja
feita a tempo de possibilitar a contrariedade: nisso está o prazo para
conhecimento exato dos fundamentos probatórios e legais da imputação e
para a oposição da contrariedade e seus fundamentos de fato (prova) e de
direito.36
(...) de acordo com tal princípio, a defesa não pode sofrer restrições, mesmo
porque o princípio supõe completa igualdade entre acusação e defesa. Uma
e outra estão situadas no mesmo plano, em igualdade de condições, e, acima
delas, o Órgão Jurisdicional, como órgão “superpartes”, para, afinal, depois
de ouvir as alegações das partes, depois de apreciar as provas, “dar a cada
um o que é seu”. 37
35
Cf. AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. p. 61.
36
ALMEIDA, Apud. MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 44.
37
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa, Processo Penal. p. 49.
O defensor técnico é indispensável a defesa para a realização de um processo
contraditório, posto que a acusação é sempre técnica, é desta forma estipulado para garantir a
igualdade entre as partes. Se fosse permitido ao acusado defender-se por si só, não tendo este
qualquer conhecimento jurídico estaria ocorrendo um desequilíbrio, restando a defesa
prejudicada. Observa-se perfeitamente a garantia constitucional em questão, nos dispostos dos
arts. 261 e 263, ambos do Código de Processo Penal.
Sobre o assunto José Marques descreve:
38
MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. v. 1. São Paulo: Bookseller, 1997, p. 90.
39
Cf. MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 198.
2 INQUÉRITO POLICIAL
2.1 CONCEITO
Portanto, com o conceito estabelecido por estes doutrinadores pode-se dizer que, o
inquérito policial é um procedimento administrativo investigatório, presidido por uma
autoridade policial que objetiva esclarecer o delito e a autoria do mesmo, e embasar a
formação da opinio delicti do órgão acusador.
2.2 FINALIDADE
40
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 70.
41
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 76.
O inquérito policial tem como finalidade apurar a existência de uma infração penal e
os indícios suficientes de sua autoria, para que o titular da mesma, quais sejam, o Ministério
Público em ação penal pública e a vítima ou seu representante legal em ação penal privada,
possam obter elementos necessários para promover a respectiva denúncia ou queixa, peças
fundamentais a inicialização da instrução criminal.
Paulo Franco, descreve sobre a finalidade da investigação criminal:
42
FRANCO, Paulo Alves. Inquérito Policial. São Paulo: Sugestões Literárias, 1992, p. 14.
43
Cf. MEDEIROS, Flávio Meirelles. Do Inquérito Policial. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1994, p. 23.
44
Cf. MEDEIROS, Flávio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 24.
É importante que o inquérito seja realizado com total atenção, no intuito de ser
analisado todas as possibilidades possíveis do acontecido, isto porque, não faz sentido remeter
um inquérito parcialmente concluído para que este em fase processual seja arquivado pela
ausência de provas.
2.3 CARACTERÍSTICAS
O inquérito policial, por carregar consigo tais finalidades expostas acima, adquire
características próprias tornando-se uma matéria singular e diferenciada no processo penal
brasileiro. Portanto, o inquérito deve ser escrito, sistemático, sigiloso, unidirecional e
inquisitorial.
2.3.1 Escrito
2.3.2 Sistemático
45
Cf. RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002, p. 85.
O nome já nos dá uma noção do que se trata
esta característica. É sistemático no sentido de obedecer
uma seqüência, um ato não pode anteceder o outro, há
uma conexão entre eles.
Rangel em sua obra:
Assim todas as peças devem ser colocadas em uma seqüência lógica, para
que possamos entender a ordem cronológica em que os fatos se deram, pois
o inquérito é um livro que conta uma história, história esta que tem início,
meio e fim.46
Entende-se ser desta forma para que, quem estiver manuseando a peça possa
facilmente entende-la, assim prevenindo à ocorrência de qualquer erro, sendo um deles o erro
de interpretação.
Não havendo a ordem sistemática o inquérito fica facilmente vulnerável a qualquer
tipo de vício, assim podendo atingir ou ferir o direito da vítima ou mesmo do acusado.
2.3.3 Sigiloso
46
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 85/86.
47
MEHMERI Adilson, Inquérito policial: dinâmica. São Paulo: Saraiva, 1992, p.18.
suas funções, o mais completo possível, e não veja a sua ação burlada pela
publicidade e tolhida pela intervenção de estranhos.48
48
MAGALHÃES, Apud. MEHMERI Adilson, Inquérito policial: dinâmica. p. 17/18.
49
FRANCO, Paulo Alves, Inquérito Policial. p. 20.
50
MEHMERI Adilson, Inquérito policial: dinâmica. p. 18.
51
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 88.
2- ou que ele seja exigido pelo interesse da sociedade.52
2.3.4 Unidirecional
52
MEHMRI, Adilson. Inquérito policial: dinâmica. p. 18.
O inquérito policial é procedimento investigatório informativo, pois serve de base a
inicialização de futura ação penal. Portanto, não pode conter qualquer conteúdo que venha a
interferir na opinião do órgão acusador e muito menos na decisão da autoridade judiciária.
Para compreender esta característica do inquérito, transcrevo os dizeres de Rangel:
A função de decidir cabe apenas ao juiz, não devendo a autoridade policial proferir
qualquer juízo de valor, o mesmo ocorre quanto a denúncia, esta que pertence apenas ao
Ministério Público. Na prática existe relatórios de delegados que são verdadeiras denúncias e
sentenças. Vale mencionar aqui, que o relatório conclusivo é a peça final do inquérito descrita
pelo delegado, esta deve constar a existência da autoria e da materialidade do delito.
Não obstante, existem policiais que entendem ser necessário sempre se invocar um
culpado para um crime em concreto, fazendo do inquérito policial um instrumento para tal
distorção.
Tal atitude é fruto da pressão social e até mesmo da hierarquia policial, conforme se
extrai do estudo de Mehmeri:
53
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 86.
54
MEHMERI, Adilson. Inquérito policial: dinâmica. p. 17.
inquérito. A partir do momento que o policial altera
depoimentos, forja
2.3.5 Inquisitorial
O inquérito policial possui caráter inquisitivo. Ele tem essa característica pelo fato
da autoridade policial, o delegado de polícia, deter nas mãos o poder discricionário de presidir
as investigações criminais do jeito que achar melhor, desde que não contrarie qualquer norma
legal.
Segundo Ismar Garcia, a autoridade policial “não está obrigada a obedecer a um
procedimento predeterminado, podendo as investigações seguirem em diferentes sentidos,
visando sempre o esclarecimento da ocorrência criminosa.” 55
Capez, pondera de forma concisa:
55
GARCIA, Ismar Estulano. Inquérito - procedimento policial. 1 ed. Goiânia: AB, 1987, p. 8.
56
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 75/76.
discricionariedade, neste dispositivo legal, está consubstanciada pelo poder que a autoridade
policial tem de deferir ou indeferir qualquer diligência, exceto o exame de corpo de delito
conforme art. 184 do CPP, requisitada pelo indiciado, e ou ofendido ou seu representante
legal.
Verifica-se também o caráter inquisitivo do inquérito no artigo 107 do Código de
Processo Penal, que dispõe: “Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos
do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.”
Tourinho Filho, esclarece acerca da suspeição de autoridade policial:
57
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 186.
58
LAZZARINI, Apud. MIRABETE, Júlio Fabbrini, Processo Penal. p. 81.
2.4 NOTITIA CRIMINIS
59
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 189.
60
Cf. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 79.
61
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 189.
2.5.1 Crime de ação penal pública incondicionada
Nos crimes de ação penal pública incondicionada o órgão acusador oferece denúncia
sem que dependa de qualquer manifestação da vítima ou do seu representante legal, da mesma
forma, em tal ação, o inquérito policial pode ser instaurado de ofício ou por requisição da
autoridade judiciária ou requisição do Ministério Público.
O inquérito em determinados casos deve ser instaurado de ofício pela autoridade
policial. Explica Tourinho Filho em sua obra:
62
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 190.
criminoso, requisitar o início do inquérito, estando tal poder conferido pelo art. 129, VIII, da
nossa Carta Maior.63
O art. 40 do Código de Processo Penal, reflete
um exemplo que dá ao magistrado a fundamentação de
que, pode ele, ao tomar ciência de algum fato delituoso,
remeter os papéis ou documentos ao Ministério Público
para oferecimento da denúncia. “Todavia, se não
estiverem presentes os elementos indispensáveis ao
oferecimento da denúncia, a autoridade judiciária
poderá requisitar a instauração do inquérito policial
para a elucidação dos acontecimentos.”64
Durante tal estudo a impressão que possa ter
ficado é de que existe hierarquia entre autoridade
judiciária, Ministério Público e autoridade policial,
porém isto não é verdade. “A autoridade policial não
pode se recusar a instaurar o inquérito, pois a
requisição tem natureza de determinação, de ordem,
muito embora inexista subordinação hierárquica.”65
A autoridade policial, após receber o ofício requisitório, mandará autuá-lo e, já no
mesmo despacho, poderá determinar todas as diligências que achar necessárias para a
elucidação do fato.
63
Cf. MEDEIROS, Flávio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 38/39.
64
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 80.
65
CAPEZ, Fernando, Curso de Processo Penal. p. 81.
66
Cf. FRANCO, Paulo Alves. Inquérito Policial. p. 3.
Neste tipo de ação o inquérito dependerá de representação para ser instaurado. “A
representação pode ser exercida oralmente ou por escrito, pessoalmente ou através de
procurador com poderes especiais, ao juiz, ao MP ou diretamente à autoridade policial.” 67 “A
representação oral ou sem assinatura autenticada deve ser reduzida a termo (art. 39, § 1º).”68
Para fortalecer este tópico, nada melhor que descrever o entendimento de Tourinho
Filho:
67
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 39/40.
68
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 88.
permitir que o Estado, por meio dos órgãos próprios de persecução,
desenvolva as necessárias atividades jurídico – judiciárias tendentes às
investigações da ação penal, à apuração da respectiva autoria e à aplicação
da lei penal objetiva.70
69
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 199/200.
70
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 200.
71
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 123.
protegido de alguma excludente de antijuridicidade ou
excludente de culpabilidade.
O Ministro da Justiça deverá encaminhar a
requisição ao chefe do Ministério Público o qual
poderá, desde logo, oferecer a denúncia ou requisitar
diligências à polícia. É interessante expor que, após
receber a requisição, o Ministério Público não tem
obrigação de propor a ação, submetida esta apenas ao
princípio da obrigatoriedade.72
Portanto, em determinados crimes é vedado
por lei a autoridade policial instaurar inquérito de
ofício, como é o caso em tela, no qual o mesmo deve ser
aberto somente mediante a representação do ofendido
ou do representante legal, ou a requisição do Ministro
da Justiça.
72
Cf. MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 123.
queixa, nos crimes de ação privada, assemelha-se à denúncia. É dirigida ao
juiz. O que é dirigida à autoridade policial não é propriamente a queixa
mas um requerimento de abertura de inquérito. Esse requerimento, ou
queixa, dirigido ao delegado, não interrompe o prazo decadencial de seis
meses para o oferecimento da queixa em juízo (prazo do art. 38 do CPP).
Assim, o requerimento de abertura de inquérito, em se tratando de crime de
ação privada, há de ser feito perante a polícia dentro do prazo de seis
meses, sob pena de ser indeferido.73
73
MEDEIROS, Flavio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 40.
74
FRANCO, Paulo Alves. Inquérito Policial. p. 5.
plena maioridade civil (art. 5º do CC), tornou-se inócuo o último
dispositivo. Não havendo mais que se falar em representante legal, em
razão da idade, do maior de 18, somente a este cabe a titularidade da
queixa e, conseqüentemente, também a iniciativa para a instauração do
inquérito [...].75
75
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 89.
76
Cf. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 83.
77
Cf. MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 89.
os autos ao juízo competente, este então, aguardará a
manifestação do ofendido.
78
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 83.
79
BARBOSA, Manoel Messias. Inquérito Policial. 2 ed. São Paulo: eud (editora universitária de direito), 1991,
p. 18.
O curador poderá ser qualquer pessoa, desde que seja idônea. O que
aconselhamos é que as autoridades nomeiem, sempre que possível um
Comissário de Menores* para assistir o menor de 21 anos, indiciado, porque
esse funcionários, que são vinculados à Justiça, normalmente freqüentam as
Delegacias atendendo os casos relacionados com menores abandonados ou
infratores. São eles quem normalmente acompanham esses menores até o
Juizado de Menores na Delegacia, qualquer outra pessoa, desde que maior
de 21 anos e idônea, poderá ser nomeada. Ver art. 15 do CPP.80
80
FRANCO, Paulo Alves. Inquérito Policial. p. 22.
81
Cf. MEDEIROS, Flavio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 79.
82
BARBOSA, Manoel Messias. Inquérito Policial. p. 18.
Não há nenhuma conseqüência para o processo em razão de não nomeação
de curador na fase do inquérito. Nulidades do inquérito não afetam a
validade da relação processual. O artigo 564, III, c, do CPP, é aplicável
apenas ao processo. A jurisprudência que reconhecia a nulidade do
processo em razão da ausência de nomeação de curador na fase do
inquérito foi abandonada no início da década de 70.83
83
MEDEIROS, Flavio Meirelles. Do Inquérito Policial. p.80.
conferido a autoridade policial o prazo de 30 dias para
o término do inquérito em caso de indiciado solto. Após
a conclusão do mesmo, este deve ser remetido a justiça
para serem tomadas as devidas providências.
O prazo começa a contar a partir do
conhecimento do fato delituoso por parte da autoridade
policial. Tal conhecimento se dá por requisição, a
requerimento ou de ofício.
Acerca do prazo no caso de indiciado solto,
esclarece o criminalista Tourinho Filho:
84
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 235/236.
O § 3.º do dispositivo em comento permite prorrogação do prazo para
remessa do inquérito policial em condições excepcionais. São três essas
condições:
1.ª) somente nos casos de indiciado solto;
2.ª) somente nos casos de difícil elucidação;
3.ª) somente dentro do prazo concedido pelo juiz.85
85
MEHMERI, Adilson. Inquérito policial: dinâmica. p. 303.
86
Cf. TORNAGHI, Hélio. Curso de Processo Penal. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 33.
87
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 236.
retorno dos autos à autoridade policial, pois estaria
incorrendo em error in procedendo e ficaria sujeito ao
recurso de correição parcial. O juiz deverá remeter os
autos ao procurador-geral de justiça, para que este
ofereça a denúncia ou repasse para outro promotor
oferecer ou determine o arquivamento da mesma. Neste
caso utiliza-se o artigo 28 do CPP por analogia. Vale
dizer que esta regra não poderá estender-se ao titular
da ação penal privada.
88
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 92.
No tocante a prisão preventiva, o prazo para o
encerramento do inquérito é de 10 dias. O prazo deverá
começar a contar a partir da data que se executou a
ordem de prisão, ou seja, quando o indiciado for
realmente preso.89
Flávio Medeiros versa a respeito da prisão
preventiva:
89
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 237.
ocorrem: nos crimes de competência da Justiça Federal
(art. 66 da Lei 5.010/66), Lei Antitóxicos (Lei 6.368/76)
e crimes contra a economia popular (Lei 1.521/51).
Conforme dispõe o art. 66 da Lei nº 5.010/66,
o prazo para conclusão do inquérito na justiça federal é
de 15 dias, podendo ser prorrogável por mais 15 dias.
Deve ser feito mediante requerimento fundamentado,
pela autoridade policial ao juiz competente.91
Com relação ao indiciado preso em crime
envolvendo tóxico, “A Lei 6.368/76, em seu art. 21,
determina que, estando o indiciado preso, os autos
deverão ser remetidos à Justiça em cinco dias.” 92
Nos casos de crime contra a economia
popular, previsto na Lei 1.521/51, o prazo é de 10 dias,
independendo se o indiciado estiver preso ou solto,
assim determina o art. 10, § 1º desta lei.93
2.8 ARQUIVAMENTO
90
MEDEIROS, Flavio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 65.
91
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 235.
92
MEDEIROS, Flavio Meirelles. Do Inquérito Policial. p. 65.
93
Cf. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 93.
A autoridade policial, incumbida apenas de colher os elementos para a
formação do convencimento do titular da ação penal, não pode arquivar os
autos de inquérito (CPP, art. 17), pois o ato envolve, necessariamente, a
valoração do que foi colhido.94
94
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 95.
95
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 244/245.
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser
iniciada sem novas provas.”
A partir do momento que a autoridade policial
tome conhecimento de novas provas, esta poderá
reabrir o inquérito policial e seguir nas investigações.
Desta forma, esclarece Capez:
96
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 102.
97
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 95.
98
FRANCO, Paulo Alves. Inquérito Policial. p. 23.
99
GARCIA, Ismar Estulano. Inquérito: procedimento policial. p. 19.
antes do término do prazo, este ato será considerado
equivalente à renúncia, sendo assim o indiciado terá
sua punibilidade extinta pelo juiz.
Mirabete, pondera a respeito do assunto:
100
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. p. 102.
Neste capítulo, será abordado a necessidade
de se implantar a garantia constitucional do
contraditório na investigação criminal, tendo em vista,
os ditames legais do art. 5º, LV, da Constituição
Federal de 1988.
101
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 43.
O sistema inquisitivo surgiu após o sistema
acusatório, a partir do século XV, iniciou-se na fase
imperial romana e alastrou-se pelo continente europeu
durante a Idade Média, período em que obteve maior
força.
Tal sistema é extremamente oposto ao sistema
acusatório, pois o Estado detém em suas mãos o poder
de acusar, defender e julgar. Não há distinção entre as
partes. Este sistema foi implantado com a finalidade de
tirar do poder do particular a função de acusar, pois o
particular somente a exercia quando desejasse,
prevalecendo a impunidade.
Vélez Mariconde, retrata a imperfeição do
sistema inquisitivo:
102
MARICONDI, Apud. AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. p. 12.
mesmo do momento adequado. Como pode-se confiar
num sistema em que o próprio órgão que investiga é o
mesmo que pune.
José Marques assevera o disposto acima:
103
MARQUES, Apud. MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. p. 55.
104
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 44/45.
julga é o próprio responsável pela sua defesa. O
processo penal brasileiro, ferindo nitidamente o art. 5º,
LV da Lei Maior, admite o sistema inquisitivo no
inquérito policial.
105
MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. p. 71.
106
Cf. MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. p. 56.
107
Cf. MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. p. 57.
f) o processo se desenvolvia segundo os princípios do contraditório,
com evidente posição de igualdade entre ambos os contendores, da
oralidade e da publicidade do debate;
g) preserva-se a liberdade pessoal do acusado até a sentença
irrevogável.108
108
LEONE, Apud. AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. p. 11/12.
proferir o seu próprio julgamento, desta forma
tornando-se parcial na decisão.109
Além das duas formas citadas no parágrafo
superior, no qual irresignavam o Estado por dar
margem a impunidade, existia ainda um terceiro fator
que não o agradava, seria este a entrada em juízo de
pessoas motivadas apenas pela vingança. Esta não é
aceitável por ferir o significado da justiça, que visa, dar
a cada um o que é seu, estabelecendo uma
proporcionalidade entre o dano e a reparação.
O sistema misto é a fusão do sistema
inquisitivo com o sistema acusatório. A figura do
Ministério Público, o órgão acusador, compõe tal
sistema. Este é dividido em duas fases, inicia com a
investigação com caráter todo inquisitorial, imperando
o sigilo e a não contrariedade, este é realizado pelo juiz,
e na fase final. Então, após todas as provas estarem
carreadas nos autos é dado ao réu todas as garantias do
sistema acusatório, quais sejam, o contraditório,
publicidade, etc.
Sobre a divisão do sistema misto, esclarece
José Malcher:
109
Cf. RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 48.
110
MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de Processo Penal. p. 57.
Assim como nos demais sistemas é importante
arrolar suas características próprias, portanto Paulo
Rangel é quem expõe da melhor forma:
111
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 49.
112
Cf. AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. p. 14.
sistema misto, apresenta o argumento de que o inquérito
policial é considerado processo, portanto, tem-se a
fusão dos dois sistemas, sendo a parte da investigação
policial inquisitiva e a parte da persecução penal
acusatória, pois neste admite-se todas as garantias
constitucionais do processo penal e naquele não vigora
o princípio constitucional do contraditório.
Flávio Medeiros é um dos que defende
piamente o sistema misto no processo penal brasileiro,
sendo assim explicita:
113
MEDEIROS, Flávio Meirelles. Manual do Processo Penal. p. 143.
autoridade administrativa tem o poder de instaurar
inquérito.
Dentro dos inquéritos extrapoliciais podemos
citar: o inquérito policial militar (IPM); o inquérito
judicial; as Comissões Parlamentares de Inquérito
(CPI); o inquérito civil público, criado pela Lei n.
7.347/85; inquérito instaurado pela polícia federal,
solicitado pelo ministro da justiça, com objetivo de
expulsar estrangeiro do país; e outros.114
Os inquéritos extrapoliciais possuem a mesma
finalidade do inquérito policial, que consiste em apurar
os indícios de autoria e a materialidade do fato
criminoso.
O inquérito policial militar é presidido pelas
autoridades militares, visa apurar os indícios de autoria
e a materialidade de crimes cometidos exclusivamente
por militares. No desenrolar das investigações existe a
possibilidade do juízo competente ser do procedimento
Comum, desta forma, o inquérito militar será remetido
ao Ministério Público, sendo que, servirá de base para
o respectivo órgão acusador oferecer a denúncia.115
Temos também o inquérito realizado para
apurar crimes falimentares, conhecido como inquérito
judicial. É regulamentado pelos arts. 103 ao 108 da Lei
de Falências (Decreto-lei nº 7.661/45).
Para tornar melhor o entendimento,
primeiramente, é conveniente expor o conceito de
falência, que assim o descreve, muito bem, Fernando
Pedroso:
114
Cf. CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. p. 73.
115
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 173.
legitime o processo de execução, ou por ocorrente qualquer das outras
hipóteses elencadas na lei própria (cf. arts. 1º. e 2º. Do Dec.-lei 7.661/45),
declarar-lhe-á o juiz a falência.116
116
PEDROSO, Fernando de Almeida. Processo penal: O direito de defesa: repercussão, amplitude, e limites.
3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 87.
117
TUCCI, Rogério Lauria. Persecução penal, prisão e liberdade. São Paulo: Saraiva, 1980. p. 51.
Fernando Pedroso, em sua obra, faz um apelo
para que o prazo de cinco dias não corra em cartório de
maneira contínua e peremptória, mas que, respeitando-
se os freqüentes julgados a favor, passe a transcorrer
somente após a intimação pessoal do falido.118
Paulo Rangel discorda deste entendimento,
pois, alega que não existe acusação na fase de inquérito
judicial. O prazo de cinco dias para contestar,
estabelecido pelo art. 106 da Lei de Falências, corre em
cartório e não sendo apresentada a contestação não
acarreta nenhum vício que contamine a ação penal,
desta forma, não configura a existência de
119
contrariedade nas investigações.
Apesar de toda discussão sobre o assunto,
entende-se que o inquérito judicial deve conter a
indispensável importância do contraditório. Além deste,
o inquérito instaurado pela polícia federal, a pedido do
ministro de justiça, visando à expulsão de estrangeiro,
também admite o contraditório.
Findo o inquérito em tela, deverá ser este
remetido ao órgão ministerial para oferecimento da
denúncia.
Existe ainda, o inquérito instaurado e
presidido pelo órgão do Ministério Público, conhecido
como inquérito civil. Este é regulamentado pela Lei nº
7.347/85 e adquiriu esta nomenclatura porque é peça
investigatória com finalidade de embasar futura ação
civil pública. Tal inquérito é responsável pela colheita
de provas referentes a danos causados ao consumidor,
118
Cf. PEDROSO, Fernando de Almeida. Processo penal: O direito de defesa: repercussão, amplitude, e
limites. p. 90.
119
Cf. RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. p. 142/143.
ao meio ambiente, a bens e direitos de valor artístico,
histórico, estético, paisagístico e turístico.120
Não se pode deixar de abordar, entre estes
enumerados, as Comissões Parlamentares de Inquérito,
representados pela sigla CPI. Tal inquérito é
desempenhado por membros do Poder Legislativo,
dentre este poder estão, o Senado Federal, a Câmara
dos Deputados, ou ainda, as Assembléias Legislativas
pertencente a cada unidade federativa.
A CPI, também conhecida como inquérito
parlamentar, possui caráter investigatório e
informativo, tendo como função apurar crimes
relacionados as funções parlamentares. Pietro Virga,
com sabedoria define inquérito parlamentar: “[...]
entende-se por inquérito parlamentar toda e qualquer
investigação levada a efeito por uma comissão
escolhida por uma ou ambas as Câmaras, para a
cognição de fatos ou inquisição de dados necessários ao
exercício das funções parlamentares.” 121
Averiguando-se a existência de crime de
competência da justiça comum, deverá os autos de
inquérito parlamentar ser remetido ao órgão do
Ministério Público, para que este com base nas
investigações realizadas durante o inquérito ofereça a
denúncia.
Os inquéritos arrolados neste tópico são
alguns exemplos de inquéritos extrapoliciais existentes
no ordenamento jurídico brasileiro. Através do amplo
esclarecimento dado a cada um verificou-se que todos
possuem basicamente a mesma finalidade, qual seja,
colher provas acerca de um fato criminoso.
120
Cf. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. p. 173.
121
TUCCI, Rogério Lauria. Persecução penal, prisão e liberdade. p. 56.
3.3 PROCESSUALIZAÇÃO DO INQUÉRITO
POLICIAL
122
Cf. JORGE, Higor Vinícius Nogueira. A processualização do inquérito policial: é possível o contraditório
no inquérito? Jus Libertatis. Disponível em: http://www.higorjorge.hpg.com.br/artigo-doip.html.
processualização do inquérito policial consiste no
afastamento do mecanismo inquisitorial do inquérito,
admitindo o contraditório. A processualização enseja a
não repetição em Juízo das provas obtidas no
procedimento investigatório.123
Entende-se que é inútil haver a repetição das
provas em juízo. Aplicando-se o contraditório na fase de
investigação, as demandas serão julgadas com mais
celeridade, pois dispensará a referida confirmação das
provas.
O art. 5º, LV, da nossa Carta Magna, assevera
a existência de tal princípio na fase investigatória,
dispondo que: “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes”.
Os cientistas do direito, a favor da
aplicabilidade do contraditório no inquérito policial,
encontraram neste dispositivo constitucional o
fundamento jurídico necessário para fortalecer suas
teses, pois a Constituição trouxe tal axioma também
para os processos administrativos.
No ponto a seguir faremos uma análise ao art.
5º, LV, da Constituição Federal de 1988, descrevendo
as correntes favoráveis a aplicabilidade do princípio do
contraditório na investigação criminal.
123
JORGE, Higor Vinícius Nogueira. A processualização do inquérito policial: é possível o contraditório no
inquérito? Jus Libertatis. Disponível em: http://www.higorjorge.hpg.com.br/artigo-doip.html.
3.4 ANÁLISE LITERAL DO ARTIGO 5º, LV, DA
CONTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.
124
TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. São Paulo: Saraiva,
1993. p. 380.
respeito do assunto, pois os estudiosos anteriores a
Constituição de 1988 se negam a admitir tal evolução
em nosso direito, doutrinando, ainda, no sentido da não
aplicabilidade do respectivo axioma.
Além deste entendimento, Tucci ainda
interpreta outros pontos duvidosos no dispositivo em
questão. Quando o texto fala de acusados em geral está
se referindo de forma ampla, alcançando todos aqueles
imputados por algum fato ilegal, mesmo que não
formalmente concretizado. Obtêm-se certeza na
afirmação ao constatar-se que, se essa não fosse a
intenção do legislador ele apenas refereria-se a
acusados, restando desnecessário a colocação da
palavra em geral.126
É nítido que o dispositivo procurou alcançar
todos aqueles, sem distinção, que por algum motivo
transgrediram a lei e, por conseqüência, sofreram
imputação penal.
Outra questão a ser dirimida é a existência de
litigantes na fase de investigação. A corrente adversa
defende que no inquérito policial não há conflito de
interesses, por tratar-se de mero meio de apuração de
provas, portanto não figura litigantes. Logo, a corrente
que navega a favor do contraditório na investigação
alega que há conflito de interesses, ocorrendo, assim, a
presença de litigantes.
Existem autores que dizem ser o inquérito
policial um procedimento administrativo onde figura um
acusado no pólo passivo. Fortes Barbosa é um destes
autores:
125
MEDAUAR, Apud. CHOUKR, Fauzi Hassan. Garantias constitucionais na investigação criminal. 2. Ed.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001. p. 127.
126
Cf. TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. p. 381.
Calcado na mesma idéia de ser o inquérito policial um procedimento
administrativo onde existe um “acusado”, conclui pela existência do
contraditório já nesta fase, colocando o tema como pauta para a revisão
constitucional de 1993, vez que parece de cristalino entendimento, referente
à necessidade do contraditório no inquérito policial, com a presença
obrigatória do defensor, do indiciado, ou como quer que se chame.127
127
CHOUKR, Fauzi Hassan. Garantias constitucionais na investigação criminal. p. 127/128.
128
Cf. JORGE, Higor Vinícius Nogueira. A processualização do inquérito policial: é possível o contraditório
no inquérito? Jus Libertatis. Disponível em: http://www.higorjorge.hpg.com.br/artigo-doip.html.
3.5 IMPORTÂNCIA DAS PROVAS COLHIDAS NO
INQUÉRITO POLICIAL
129
TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. p. 382.
130
Cf. MEHMERI, Adilson. Inquérito policial: dinâmica. p. 13.
o demostrava o Prof. Cândido Mendes – os autos de prisão em flagrante
delito, os exames de corpo de delito, as prestações de fiança etc.131
131
MORAES Apud. MEHMERI, Adilson. Inquérito policial: dinâmica. p. 13.
132
MORAES, Apud. MEHMERI, Adilson. Inquérito policial: dinâmica. p. 13.
mesmo as provas obtidas na fase preliminar terão
validade e eficácia sem a obrigatoriedade de
corroboração em juízo.
133
Cf. FURTADO, Renato de Oliveira. O advogado e o inquérito policial. Disponível em: http// www.ambito-
juridico.com.br/aj/dpp0020.html.
objeto. Esta postura claramente se filia à matriz acusatória do processo
penal e vai ao encontro das modernas tendências reformistas em curso na
Europa e América Latina.134
134
CHOUKR, Fauzi Hassan. Garantias constitucionais na investigação criminal. p. 130.
135
EDWARDS, Apud. TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro.
p. 388. Tradução: dentro do quadro da situação descrita, com um preponderante protagonismo policial na
investigação é no mínimo controle judicial, se faz imperioso que o imputado tenha assistência técnica na
prevenção, e que possa exercer plenamente em tal sede seu direito de defesa. Partimos de uma premissa
fundamental em nossa análise: o imputado deve contar com assistência técnica em sede prevencional, é contar
com um defensor técnico que o assista e assessore juridicamente em todas as diligências que se pratiquem
durante a investigação.
136
FURTADO, Renato de Oliveira. O advogado e o inquérito policial. Disponível em: http:// www.ambito-
juridico.com.br/aj/dpp0020.html.
137
FURTADO, Renato de Oliveira. O advogado e o inquérito policial. Disponível em: http:// www.ambito-
juridico.com.br/aj/dpp0020.html.
continuidade, nesta frase Furtado menciona a
infelicidade do delegado de ter sua privacidade
fiscalizada, impedindo-o de realizar atos ilícitos na
procura pela prova incriminadora.
138
FURTADO, Renato de Oliveira. O advogado e o inquérito policial. Disponível em: http:// www.ambito-
juridico.com.br/aj/dpp0020.html.
139
TOURINHO FILHO Apud. FERNANDES, Fernando Augusto Henriques. Interrogatório contraditório no
inquérito policial. Boletim IBCCRIM. São Paulo, v. 12, n. 138, p. 6-7, maio 2004.
Caso não seja observado tal dispositivo legal,
o interrogatório deverá ser considerado ilícito,
resultando na sua nulidade.
O direito processual penal constitucional
moderno, implantou no inquérito policial a garantia do
princípio do contraditório, conforme visto durante este
estudo, portanto não devemos fechar os olhos diante de
tais garantias, se assim o fizermos estaremos rasgando
a nossa Constituição da República.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
AQUINO, José Carlos G. Xavier de. Manual de processo penal. são Paulo: Saraiva, 1997.
BARBOSA, Manoel Messias. Inquérito Policial. 2 ed. São Paulo: eud (editora universitária
de direito), 1991.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 9 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
FRANCO, Paulo Alves. Inquérito Policial. São Paulo: Sugestões Literárias, 1992.
GARCIA, Ismar Estulano. Inquérito - procedimento policial. 1 ed. Goiânia: AB, 1987.
MALCHER, José Lisboa da Gama. Manual de processo penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1999.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 13 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 15 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 6 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2002.
TORNAGHI, Hélio. Curso de Processo Penal. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 1989.
TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal brasileiro. São
Paulo: Saraiva, 1993.
TUCCI, Rogério Lauria. Persecução penal, prisão e liberdade. São Paulo: Saraiva, 1980.
TUCCI, Rogério Lauria. Teoria do direito processual penal: jurisdição, ação e processo
penal (estudo sitemático). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.
ANEXO
INQUÉRITO POLICIAL
FLUXOGRAMA
A B E R T U R A D E IN Q U É R IT O P O L IC IA L
A Ç Ã O P E N A L P Ú B L IC A A Ç Ã O P E N A L P R IV A D A
P O R T A R IA R E Q U IS IÇ Ã O R E Q U E R IM E N T O N O T ÍC IA S
AUTO DE
a rt. 5 º, I, d o d e a u to rid a d e d o o f e n d id o ou d e REPRESEN C o m u n ic ad o p or REQUERI
FLAG R AN T E
CPP ju d ic iár ia o u q u e m te n h a TAÇÃO e s c r ito d e MENTO
A r ts . 3 0 1 e
C o m u n ic ad o do M P q u a lid a d e p a ra ( A rt. 5 º, § 4 º q u a lq u e r d o p o vo A r t. 5 º, § 5 º d o
s e g u in te s
ve r b a l ( ar t. 5 º , II, r ep r e s e n tá -lo do C PP ) ( ar t. 5 º , § 3 º d o CPP
CPP
( ar t. 5 º , § 3 º) CPP) ( ar t. 5 º , II, C P P ) CPP)
C o m u n ic aç ã o a o ju iz q u e
A U T O D E P R IS Ã O E M m an te rá o u r e la xa rá a p r is ã o DESPACHO
F L A G R A N TE
( C F a rt. 5 º , L X V )
- A p re s e n ta ç ã o d o p re s o à
a u t o rid a d e p o l ic ia l p e l o c o n d u to r;
- D e p o i m e n to d o c o n d u to r;
- D e p o i m e n to s d a s te s te m u n h a s ; N o ta d e c u lp a
- D e c l a ra ç õ e s d o o fe n d id o (s e
p o s s íve l)
- C ie n t ific a ç ã o d o s d ire ito s
c o n s tit u c io n a is d o c o n d u z id o P r o s s e g u e - s e c o m a c o lh eita
- In te rro g a t ó rio d o c o n d u z i d o d a s d e m a is p ro va s P R O V A S IN F O R M A T IV A S P R O V A S M A T E R IA IS
in f or m a tiva s e m a te ria is - D e c la r aç õ e s d o o fe n d id o - a p r ee n s ã o d e in s tr u m e n to s
( ar t. 6 º , IV e 2 0 1 d o C P P ) e o u tr os o b je to s r ela c io n a d o s
- d e p oim e n to d e c o m a o c o r rê n c ia (a r t. 6 º, II
te s te m u n h a s do C PP )
( ar t. 6 º , III e 2 0 3 d o C P P )
- in te r ro g ató r io d o d o P E R ÍC IA S E M G E R A L
L ib er d ad e p ro vis ó ria c o m in d ic iad o - e xa m e d e lo c a;l
L ib er d ad e P r ov is ó r ia f ia n ç a : ( ar t. 6 º , V , e 1 8 8 d o C P P ) - M é d ic o - le g a l;
s e m f ia n ç a - a r b itra m e n to - a c a r ea ç ã o - b a lís tic a;
( ar t. 3 2 1 , I e II, C P P ) (a r t. 3 2 5 , 3 2 6 , 3 3 2 C P P ) ( ar t. 6 º , V I e 2 2 9 d o C P P ) - to xic o ló g ic a;
- r e c o lh im e n to - r e c o n h e c im e n to d e - a va lia ç ã o ;
( ar t. 3 3 1 d o C P P ) p e s s o a s ou d e c o is a s ( a rt. - e xa m e s d e d o c u m e n tos ;
- te r m o d e f ia n ç a 6 º, V I e 2 2 6 ) - e xa m e d e a rm a s e
( ar t. 3 2 9 C P P ) - r e la tór io d o a g e n te p o lic ia l in s tr u m e n to s u s a d o s n a
- in tim a ç ã o d as o b rig a ç õ es (a r t. 6 º , III) in f ra ç ã o
( ar ts . 3 2 7 e 3 2 8 C P P )
P R O V A S C O M P LE M E N T A R E S
- in f o rm a ç õe s s o b r e a vid a p r e g re s s a d o
in d ic iad o
( ar t. 6 º , IX , d o C P P )
- r e p ro d u ç ã o s im u la d a ( a rt. 7 º d o C P P )
B O L E T IM IN D IV ID U A L
R E L A T Ó R IO D O
D ELEG AD O
RETORNO PARA
R E M E S S A A O J U D IC IÁ R IO
D IL IG Ê N C IA S
D E N Ú N C IA