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A
ssumiu o poder de forma totalitária após a morte d.o pre-
sidente Paul von Hindenburg, em 1934 e investiu pe-
sado na fabricação de armas. A 2ª Guerra Mundial se
iniciou quando a Alemanha invadiu a Polônia, em 1939. Nos seis
anos seguintes, cerca de 6 milhões de poloneses morreriam na
guerra, a maioria civis. Em 1940 ordenou o ataque contra a Rús-
sia. Foi o começo do fim . Tendo de combater os aliados (Estados
Unidos, Inglaterra e França), sua máquina de guerra entrou em
desgaste e selou a futura derrota do país. Com o tempo se esgo-
tando, resolveu aplicar um método mais eficiente na eliminação
dos j udeus, detidos em dezenas de campos de concentração: as
câmaras de gás. Não houve só extermínio de judeus, mas todas
as provas deste holocausto foram destruídas.
O líder nazista teria evitado determinadas calamidades e ob-
tido a vitória final tão sonhada, não fossem as ações de seus ge-
nerais . No fundo era um romântico acalentando fantasias gran-
diosas de conquista imperial. Ao não invadir a Inglaterra, tentou
a sorte na Rússia, com quem fez um pacto, onde só encontrou
desgraça e acabou destruído.

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• HITL E R

Os generais de Hitler iniciaram suas guerras com uma su-


cessão de rápidas e retumbantes vitórias, algumas vezes aca-
bavam perdendo-se em uma série de campanhas de desgaste.
Hitler tinha pressa, era visível, precisava agir por razões econô-
micas e polfticas. Foi um jogador colossal. Jogou não com peças
em uma mesa, mas com vidas.
A guerra de Hitler deixou em sua esteira duas Europas pro-
fundamente diferentes em termos políticos e sociais, em compa-
ração ao que existia antes. É interessante notar que Hitler tinha
planos de transformar o Reich alemão em algo que durasse mil
anos, outras vezes dizia que partia para o que batizou como a
"Nova Ordem" europeia, dominada pelos alemães que se pro-
longasse do mar do Norte e do Atlântico até os Urais.
Hitler sonhou com um a "super-raça". Só que ao ser dispara-
do o último tiro de guerra, em 1945, o fascismo já estava ultra-

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• APRESENTAÇÃO

passado. O nacionalismo romântico e a glorificação do poder


militar eram coisas do passado e só Hitler não viu . O que ele
fez ou mandou fazer nos campos de concentração horroriza-
ram o mundo.
Sabe-se hoje que Hitler era destituído da compreensão dos
princípios fundamentais da grande estratégia ou de operações
da logística. Relutante, talvez inseguro ou desconhecedor mes-
mo, foi capaz de enfrentar os campos de batalha como só os
bravos podem resistir quando há fadiga, baixas, inferioridade
numérica, batalhas perdidas que avisam nitidamente que elas
devem ser interrompidas. Hitler mostrou possuir uma espécie
de poder hipnótico de personalidade, que lhe permitia fazer uma
verdadeira lavagem cerebral em generais céticos e desiludidos
e neles renovar a fé na possibilidade de vitória, de intimidar até
os mais bravos e mais duros.

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• HITL E R

O ditador tinha uma personalidade ímpar, não se pode negar.


E é na sua personalidade que está a explicação para o misté-
rio central do motivo que uma geração de hábeis e preparados
militares, comandantes e oficiais do estado-maior, do corpo de
oficiais mais altamente profissionalizado do mundo tornou-se
subserviente aos seus fins. Por que os melhores oficiais não o
convenceram de que ele estava errado, que poderia se dar mal
(como se deu) e por que eles o serviram com tanta dedicação ou
continuaram a servi-lo com tão boa vontade, mesmo vendo er-
ros nas ordens, exageros, desequilíbrio? Muitos que o contraria-
ram foram demitidos pessoalmente por ele. Assim como aqueles
que acalentaram a ideia de que poderia vencê-lo em uma cons-
piração que o próprio esmagou sem dó. É justamente na persa-

10
• APRESENTAÇÃO

nalidade de Hitler que vamos encontrar pistas para esclarecer:


como, onde, quando e em que situações de desvantagem seus
generais usaram da perícia de que eram titulares.
Hitler era filho de um funcionário público casado com uma dona
de casa. Seus generais muitas vezes vinham de uma aristocra-
cia. Ele nunca nutriu ainda que vagamente ambição pela nobreza.
Mesmo porque, tudo estava definido.
O Führer soube usar como poucos líderes políticos as invenções
e com os cinematógrafos não foi diferente.
É graças aos noticiários nas telas que ele foi trazido novamente
à vida quando podemos ver na tela sua demonstração de paixão.
Podemos ver também o impacto que sua personalidade produzia
sobre as plateias, as expressões dos rostos daqueles homens e

11
• HITL E R

mulheres, encantados com o poder de sua oratória, como se esti-


vessem consumindo drogas.
Levado ao poder e com uma autoconfiança gerada por fatos
como o seu magnetismo pessoal, Hitler aplicou o mesmo truque
nos indivíduos em contatos próximos. Sua capacidade de en-
cantar, de lisonjear e mesmo de intimidar jamais foi esquecido.
O restabelecimento da disciplina, da solidariedade patrió-
tica e do dever marcial fizeram com que este pequeno gran-
de homem subisse ao poder em 1933 até o triunfo de 1940.
Tanto a Alemanha como toda a Europa, diziam, estava assim
livre do bolchevismo. O antissemitismo nazista em suas ma-
nifestações encantava os generais como também os demais
membros do corpo de oficiais do seu exército. Mas, no fundo ,
tudo ainda era estranho.

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• APRESENTAÇÃO

Os mais altos e graduados líderes das forças armadas de


Hitler eram homens decentes, profissionais honestos, que fo-
ram gradualmente seduzidos pelo falso patriotismo e a mani-
pulação astuciosa por parte de Hitler, começando pelo jura-
mento de fidelidade pessoal a ele, o que de uma certa forma
os ligava ao chefe por seu rígido código de honra militar e de
dever, que se baseava em séculos de serviço a monarcas
legítimos. Houve poucos oficiais promovidos por Hitler que
não vieram de uma casta de privilegiados, dá para se contar
nos dedos. Tanto que alguns oficiais ficaram "enojados" como
e les disseram, diante das diretrizes criminosas de Hitler na
conduta da guerra na Rússia.

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• HITL E R

Como a maioria dos generais de Hitler tinham senso de hon-


ra militar, pois vinham da elite, eles passaram a determinada
altura da vida a se defrontar com atos condenáveis que con-
trariavam a formação e a tradição em que viviam . Onde estava
o dever do soldado para com a pátria se não a pura e simples
obediência ao juramento do chefe , eles questionavam. Cada
um deles tinha suas próprias convicções. E também coube a
cada um desses oficiais reagir conforme seus valores, algo que
não pode ser ignorado. A maioria dos generais de Hitler, no en-
tanto, buscou uma solução para o dilema, cumprindo suas tare-
fas profissionais, ao mesmo tempo em que questionavam seus
próprios atos quando, por exemplo, viram e ficaram estarreci-
dos com o que Hitler fez com os judeus.

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• APRESENTAÇÃO

A criminalidade em escala cada vez mais evidente de Hitler


desafiava a honra e o brio de seus generais, um desafio moral
fundamental, a maneira como conduzia a grande estratégia e as
operações militares confrontando-os com o problema profissio-
nal não menos importante. Hitler era, afinal, um caudilho, dotado
de fé mística, cercado de bajuladores que não deixavam de res-
saltar a sua "genialidade", coisa que nenhum fato novo do mun-
do poderia abalar. Como resistir à ordem de "ir até o fim"? Como
separar a influência nazista sobre as forças armadas?
Que atitude tomar diante dos delírios deste homem que po-
deria levar seu país ou a própria Europa a uma destruição total?

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• HITL E R

Com sua gesticulação muito bem arquitetada, Hitler sabia


falar aquilo que todos queriam ouvir, como se adivinhasse os
seus desejos mais íntimos e as suas aspirações mais secretas.
Sabia expressar numa só frase ou num desfiar incessante de
inúmeras frases todo o sentimento de frustração, toda a raiva
incontida dos alemães contra o que eles consideravam uma
"traição", o envolvimento total do país na guerra.
Era um homem que desconfiava da própria sombra. Hitler teria
um plano de expansão e conquista completo com datas ou isso
foi apenas uma invenção do próprio personagem? Seus objetivos
e sonhos demonstrados com o desenrolar dos acontecimentos
eram para ser levados a sério ou não passavam de planos que

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• APRESENTAÇÃO

cabem unicamente em um papel, sem compromisso com a reali-


dade dura e cruel?
Em 1933 a 1936 ele gastou apenas o suficiente em arma-
mentos para dar estímulo à economia, também incentivada por
um programa de obras públicas. Em 1936, o país emergira da
depressão, e uma Idade do Ouro parecia ter raiado para o povo
alemão. Os novos armamentos vieram com a rápida expansão
do exército e da nova Luftwaffe, a dos aviões. As paradas mili-
tares de grande pompa sempre, serviram para levar os alemães
a pensar que eram, mais uma vez, uma grande nação. Britâni-
cos e franceses também entraram neste clima, acreditaram que
Hitler instaurara uma nova economia e que a Alemanha estava
novamente forte. Hrtler também passou cada vez mais a ter o
controle total sobre os seus generais.

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• HITL E R

Existiram pelo menos 3 tipos de cúmplices do ditador alemão:


os auxiliares na fundação e organização do partido nazista, a
partir de 1920; os membros do partido em funções do estado
após a tomada do poder, em janeiro de 1933 e os militares pro-
priamente ditos, independentemente de terem ou não sido mem-
bros do partido nazista.
Você vai ler em seguida o perfil de pelo menos oito desses
generais, figurões nazistas que ajudaram Hitler por convicção ou
apoiaram suas atrocidades sabendo o que faziam . Muitos tive-
ram fim trág ico. Preferiram se suicidar, como o próprio ditador,
para evitar a captura pelos exércitos dos Aliados.

18
• APRESENTAÇÃO

Alguns destes chefes militares tiveram autonomia em certos


momentos. Todos eles se reportavam diretamente a Hitler. Eram
por ele chamados, promovidos, laureados, houve até quem re-
cuasse oferta em dinheiro. Há quem pergunte ainda hoje por que
esses altos oficiais apoiaram Hitler, o seguiram fielmente, não
chegaram nem a duvidar de suas intenções. Hitler teve apoio
de 90º/o da população. Tanta gente o apoiou a troco de que? No
início da ditadura nazista a economia alemã cresceu , é verda-
de, e o desemprego diminuiu. Isso aconteceu em boa parte do
mundo. Só que Hitler acabava levando o crédito pela recupera-
ção da economia germânica. A maioria do povo desconhecia a
extensão de seus crimes.

19
• HITL E R

Havia absoluta falta de informações sobre o que ocorria em


função da implacável censura a todos os meios de comunica-
ção. Nas ditaduras a primeira vítima. como sempre. é a verda-
de. E, finalmente, é bom lembrar que na Alemanha reinava o
medo. Policialesco e brutaJ, o governo nazista não hesitava em
torturar, assassinar e fazer desaparecer do mapa todos aqueles
que ousavam discordar. Foi, sem dúvida, um período fascinante
embora perigoso.

Boa leitura!

20
lngre.Hott 11u exérciw 110 dia I 9 ele julho de
1910 como cadete. Obte,·e patente de oficial
e111 111arçu de 19 !l na Academia J\liliwr de
Dan=ig, onde conheceu l.ucie .~faria i\Iollin,
que se lonwrÊ<t mais tarde sua espusa. Afos-
trou-se sério no cumprimento dos de1·eres e
compelente em exercícios. Como era mais de
om·ir do que jêf!m; logo esrabeleceu diálogo
com seus suhordinados. Tinlw temperamen-
to calmo. metinrlo\·u e prútico. Na Primeira
Guerra J\ fundia! ( 1914-J 918) foi para a i11fàn-
laria. ,\lo dia em que entrou em a<,·iio. durante
o aranço alemcio para o ,\fan1e, saiu em mis-
si'w de reco11hecime111u com seu pelottlo. em
medo a dc:11.\0 11ei·oeiro. 1711 de 15 a 10 .,o/da-
dos kanceses na aldeia de Bléd. .1hriu.fogo.
limpou a aldeia pondo jogo nas cwws e celei-
ros. As características de ousadia e indepen-
dência prod1ciram resultados rapidamellle.

o enfrentar três soldados franceses. foi ferido na coxa.

A Ganhou a Cruz de Ferro. Após a hospitalização, atra-


vessou uma cerca de arame farpado e capturou quatro
homens e repeliu o contra-ataque de um batalhão e, em segui-
da, retirou-se com baixa de 12 soldados. Outra Cruz de Ferro.
Promovido a primeiro-tenente, foi ferido novamente na perna e
transferido no dia 10 de abril após recuperar-se para uma unida-
de de montanha. O batalhão realizou várias missões específicas
e Rommel tomou pulso firme na mobilidade em combate.

23
• HITL E R

Em uma licença em novembro de 1916, casou-se com Lucie


Mollin, em Danzig . Em janeiro de 1917 ele e seus homens che-
garam a Gagesti e fizeram 400 prisioneiros. Em agosto, feri-
do nos braços, comandou quatro companhias, em fila indiana,
através das florestas , sem ser pressentido, atacou e capturou
Monte Cosna.
Sua maior façanha na Primeira Guerra Mundial se deu na
Itália, para onde foi a fim de ajudar os austríacos na ofensi-
va de outono no lsonzo. Capturou a posição chave italiana no
monte Matajur, em fins de outubro, que transformou a batalha
de Caporetto em um desastre para os italianos em fuga de-
sabalada, com perda de 250.000 prisioneiros. Recebeu uma
condecoração reservada somente para generais e foi também
promovido a capitão.
Com seis soldados atravessou a nado o rio Piave durante a
noite. Seus homens abriram fogo na aldeia de Langarone. Rom-
mel entrou a pé no local, exigiu e obteve a rendição da guar-
nição. Foi sua última atividade de combate . Após uma licença,
voltou ao serviço em funções do estado-maior. Já havia deixado
sua marca como líder. Sua dureza física e mental , audácia, ca-
pacidade de criar e aproveitar surpresas, construiu uma reputa-
ção como notável oficial subalterno.
No fim da guerra, no dia 21 de dezembro de 1918, voltou ao
seu reg imento de infantaria de Weingartem. Durante 8 anos foi
um dos 4 mil oficiais regulares permitidos pelo Tratado de Ver-
salhes e selecionado para promoção em um futuro e ampliado
exército alemão. Nos anos entre as duas guerras mundiais, do-
minou em profundidade os procedimentos de tre inamentos e
administração do exército. Subiu de posto, assumiu responsa-
bilidades crescentes e deu conta do recado . Valeu a pena tanto
esforço: no dia 1° de outubro de 1929 tornou-se instrutor na Es-
cola de Infantaria em Dresden. Escreveu o livro Ataques de In-
fantaria , relato de sua experiência e observações profissionais.
Vendeu 400.000 exemplares na Alemanha. Teve destaque nos
círculos militares e atraiu a atenção favorável de Adolf Hitler.

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• CA P Í T ULO l

Promovido a major em 1933, assumiu o comando do 3°. Bata-


lhão, do 17º Regimento de Infantaria, uma unidade de treinamen-
to de tropas de montanha. Dois anos depois, já como tenente-
-coronel, tornou-se instrutor do Colégio de Guerra em Potsdam.
Dirigiu o Colég io de Guerra de Wiener Neusdat. Afastou-se tem-
porariamente para comandar o batalhão de segurança pessoal
de Hitler. Acompanhou o Führer na Tchecoslováqu ia em 1938 e
a Praga em 1939.
Passou a servir como major-general no quartel-general de Hitler
como responsável por sua segurança. Integrou o numeroso grupo
de Hitler. A sua tropa de choque. Desinteressado em política, ad-

25
• HITL E R

mirava o Führer. Embora figurasse entre os que acreditavam no


próprio Hitler, Rommel mantinha sérias reservas a respeito dos na-
zistas que o cercavam.
Hitler gostava de Rommel não só pela sua eficiência e aten-
ção ao dever, mas também porque ele nada tinha do tipo aristo-
crático. Sabedor de seus combates vitoriosos na Primeira Gran-
de Guerra, Hitler quis saber que posto ele queria. Pediu uma
divisão blindada. Hitler concordou. Aos 48 anos de idade, no dia
15 de fevereiro de 1940, Rommel assumiu o comando da 7ª Di-
visão Panzer, estacionada em Godesberg, no Reno. Comandar
uma divisão é , de modo geral, o mais alto escalão em que um
comandante pode ter contato fntimo com a luta. Em vez de diri-

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• CA P Í T ULO l

gir suas tropas de um quartel-general na retaguarda, como era


costume, Rommel preferia fazer a linha de frente.
Quase sempre Rommel era encontrado com sua guarda
avançada no ataque. Sua tropa ficou conhecida como a "Di-
visão Fantasma" e ele como o "Cavaleiro do Apocalipse". Isso
pelo sucesso esmagador de suas ações, ao aparecimento
inesperado no campo de luta e demais proezas. Transformou-
-se, assim, em um dos heróis populares na Alemanha.
Rommel participou à frente de ataque às forças francesas e
britânicas na Bélgica. Percorreu 80 quilômetros em dois dias.
Foi pego por uma pequena força de tanques britânicos. Fez mais
de 10.000 prisioneiros de guerra. Foi recebido por um radíante
Hitler que se disse preocupado com Rommel durante o episó-
dio. Voltou ao ataque em um lugar onde se movimentava com
bastante liberdade: terra, mar e ar. Capturou 20.000 franceses,
ao que um general lhe disse: "O senhor é rápido demais para
nós". Outra batalha, e Rommel aceitava a rendição de mais
30.000 soldados franceses. O governo francês capitulava. Em
uma campanha de seis semanas de duração, Rommel capturou
o espantoso total de 100.000 prisioneiros, mais de 450 tanques.
Perdeu 682 soldados mortos em ação, 1.646 feridos e 296 de-
saparecidos. A foto de Rommel apareceu em toda parte na Ale-
manha, seu nome estava em todos os lábios.
Em 1941 foi promovido a tenente-general. Iniciou assim sua
aventura na África do Norte. Enfrentou terreno inóspito, tempes-
tades de areia, grandes variações de temperatura, distâncias
enormes, alimentação inadequada para as tropas, carência de
combustível e de munições, tudo isso com forças relativamente
pequenas. O fato, porém, deu para ele a capacidade de mostrar
como enfrentar o inesperado.
Em fevereiro de 1941 Hitler pôs à disposição de Mussolini o
Afrika Korps, que consistiu de duas divisões alemãs programa-
das para chegar em dois estágios e que estariam em plenos efe-
tivos em fins de maio. No comando, Rommel, que deveria operar
sob supervisão italiana. Foi atribuída a ele uma missão essen-
cialmente defensiva: a de impedir a expulsão dos italianos do

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• HITL E R

norte da África. Mas isso era exatamente o que ele não gostava.
Ao chegar a Trípoli, no dia 12 de fevereiro de 1941, a situação
parecia perdida. Os britânicos haviam tomado Tobruk, Derna,
Bengthazi e EI Agheila. Tinham capturado 130.000 soldados ita-
lianos, 1.300 canhões e 400 tanques. Os italianos imploraram a
Rommel para que salvasse Tripoli. Ele, no entanto, tinha proje-
tos mais ambiciosos.
No d ia 19 de março Rommel viajou ao quartel-general de
Hitler, de quem recebeu as Folhas de Carvalho para a Cruz
de Cavaleiro por seus serviços na França. Hitler mostrou que
não tinha a menor intenção de desfechar um golpe decisivo
na África do Norte num futuro próximo. Foi informado das con-
dições de seu novo comando. Previa como seu maior proble-
ma a alimentação continuada de sua tropa. Rommel decidiu-
-se por uma ofensiva imediata. Atacou no dia 31 de março
de 1941. Obrigou os britânicos a se retirar. Por falta de supri-
mento de gasolina não foi mais longe. Mesmo assim, o mundo
ficou boquiaberto de espanto. Rommel estava à frente de um
grupo composto por duas divisões alemãs, quatro divisões de
infantaria e duas divisões blindadas italianas. Ganhou todas
as batalhas.

28
• CA P Í T ULO l

Churchill se encontrava com o presidente Roosevelt na Casa


Branca, quando recebeu a notícia de que Rommel havia feito
30.000 prisioneiros britânicos. Churchill chegou ao limite com
sua obsessão com Rommel e mostrou necessidade de derrotá-
-lo. Hitler, no entanto, o promovia a marechal-de-campo. Isso
aos 49 anos de idade, o mais jovem do exército alemão.
Neste momento, Rommel e sua Panzerarmee Afrika estavam
na fronteira egípcia. O objetivo era conquistar a Alexandria. Hou-
ve inúmeras batalhas, mas Rommel foi prejudicado pela falta
de combustível e de outros artigos necessários à sobrevivência
de sua tropa. Exaurido fisicamente , sofreu crises de desmaio,
problemas estomacais e intestinais, dilatação do fígado e defi-
ciências circulatórias. O desânimo tomou conta del:e, a tal ponto
que deixou o norte da África no dia 22 de setembro de 1942, em
licença para tratamento de saúde. Visitou Mussolini em Roma e
disse que a África do Norte deveria ser evacuada, a fim de res-
gatar as forças ali estacionadas e que seriam necessárias para a
defesa da Europa. Mussolini insinuou que isso era uma questão
estratégica e política, algo situado além da esfera de Rommel.
Rommel visitou também Hitler na Prússia Oriental. Apresen-
tou o mesmo argumento ditado a Mussolini. Hitler falou sobre
os novos tanques Tigre e os foguetes. Rommel pegou a esposa
e foi para Viena, a fim de tratar de seu problema no fígado e
a pressão arterial irregular. Enquanto repousava e se refazia,
manifestou à esposa as primeiras dúvidas sobre Hitler, cuja po-
lítica e estratégia absurdas estavam, em sua visão, provocando
a derrota da Alemanha.
Os inimigos de Rommel, os bríl:ânicos sir Harold Alexander e
Montgomery, planejavam uma imensa ofensiva com seus 40.000
soldados e 300 novos tanques. Montgomery ao lançar seu exér-
cito na batalha disse que o objetivo era o de "eliminar Rommel".
Ainda internado para tratamento de saúde, Rommel recebeu
ligação de um auxiliar de Hitler comunicando-lhe que seu su-
cessor no norte da África não respondia, estava desaparecido
e provavelmente capturado ou morto. O próprio Hitler ligou para
ele e pediu que Rommel tomasse as devidas providências. Foi

29
• HITL E R

o que ele fez. Seguiu para Roma, onde visitou a frente de luta
e ficou estarrecido. Os britânicos tinham o comando do ar e do
mar. E empurravam as forças para o campo de batalha. Rommel
avisou Hitler e Mussolini para que esperassem uma catástrofe.
No último dia de 1942 Mussolini autorizou Rommel a retirar-se
lentamente da Líbia para a Tunísia. Ele conduziu com sucesso
uma das mais longas retiradas da História. Sofria de dores de
cabeça, insônia, nervos tensos e problemas circulatórios, mes-
mo assim comandava um exército de 70.000 homens. Tinha
pela frente norte-americanos muito dispersos e inexperientes e
forças francesas mediocremente instaladas. Mais tarde procu-
rou Mussolini e, em conversa com Hitler implorou para que as
tropas fossem salvas. Hitler o condecorou e ordenou que tomas-
se uma longa licença para tratamento de saúde.
A dedicação de Rommel à profissão das armas ocorreu de
acordo com as melhores tradições de cavalheiro. Numa guerra
total, travada selvagem e brutalmente, inspirou admiração pelo
tratamento que deu aos prisioneiros. Com suas tropas teve uma
profunda comunicabilidade. Importava-se com elas, e embora
lhes exigisse sempre o melhor, nunca a desperdiçou. Sem pre-
tensões. modesto, desincumbiu-se de todas as suas missões
com clareza. energia e senso comum . Utilizou o fator surpresa,
nunca hesitou em improvisar frente a situações em desenvolvi-
mento e sempre esteve disposto a explorar o sucesso.
Mais uma vez Hitler desiludiu Rommel. Ficou desanimado
com o resultado final da guerra. Como ele havia previsto, os
aliados completaram a destruição total das forças do Eixo na
Tunísia, fazendo 250.000 prisioneiros, número igual às baixas
sofridas pelos alemães alguns meses antes em Stalingrado. Hi-
tler acabou de reconhecer: "Eu devia tê-lo escutado antes".
Rommel achava que o próprio Hitler não esperava mais a vi-
tória. Em vez disso, abrigava um desejo de morte para si mesmo
e para a Alemanha, planejando arrastar consigo o país para a
ruína. Maio de 1943: Hitler começava a questionar a estabili-
dade da aliança ítalo-alemã. Reconvocou Rommel para servir

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• CA P Í T ULO l

em seu quartel-general. Houve inúmeras batalhas, mas a certa


altura Rommel pediu mais liberdade de ação no campo e per-
missão para usar as reservas . Hitler recusou. Rommel pergun-
tou ao chefe como ele ganharia a guerra, uma atitude ousada e
perigosa. Hitler respondeu que todas as posições tinham de ser
mantidas. Outros militares em cargos altos foram destituídos.
Rommel desconfiou que ele seria o próximo.
Rommel fazia cálcu los de que os alemães àquela altura ha-
viam perdido pelo menos 100.000 homens na Normandia. As
fortificações costeiras davam vantagem aos alemães, mas havia
as batalhas aéreas e navais. Rommel acabou gravemente ferido
quando dois aviões metralharam e destruíram o carro em que
ele viajava. Sofreu fratura no crânio e no rosto.

31
• HITL E R

Uma bomba explodiu no quartel-general de Hitler, que es-


capou milagrosamente, com leves ferimentos . Eliminou com
brutalidade os conspiradores. Um desses conspiradores, von
Stulpnagel, mencionou o nome de Rommel em um delírio. Isso
complicou a vida do marechaJ.
Rommel continuou o tratamento em um hospital militar no
subúrbio de Paris. Teve alta e prosseguiu o tratamento em sua
casa. Foi chamado para uma reun ião em Berlim , o qual não
compareceu. Dois generais enviados por Hitler foram à sua
casa. Deram-lhe a opção de ser submetido a julgamento por
alta traição ou cometer suicídio. Se escolhesse a última opção,
nada aconteceria a sua esposa e filho.
Rommel entrou no carro com os dois generais, engoliu uma
cápsula de veneno e, meia hora depois, chegou ao hospital em
Ulm com embolia fatal. Os que viram seu corpo disseram que ele
tinha uma expressão de desprezo. Hitler eliminara assim a úni-
ca personalidade da Alemanha que gozava de suficiente estima
popular e militar para tentar pôr um fim à guerra.
O corpo de Rommel foi cremado e teve um funeral de Estado.
No dia 7 de março de 1945, o Terceiro Reich de Hitler começava
a desmoronar.

32
Sua ascensâo ao alto comando desqfiou
os escalões superiores donúnados por
membros da vida aristocrática militai;
ele que wmca pertenceu á elite. Foi
fotogr<{fádo com um monóculo sempre
crarado 110 olho direito. Dava ideia de
alguém con1 fisionomia se111pre séria,
típica dos prussianos. Era a sua marca.

O
tto Moritz Walter Model nasceu em 24 de janeiro de
1891 em Gentheim, nas proximidades de Magdeburg,
filho de mestres-escolas luteranos praticantes. O pai
ensinava em uma escola de moças e era também o regente
do coro. Sua mãe descendia de camponeses, negociantes de
cavalos e estalajadeiros.
Pouco se sabe de sua infância porque nos últimos dias da
Segunda Guerra Mundial (1939 -1945) ele deu ordens para que
fossem destruídos todos os seus documentos pessoais. Sua
família se mudava com frequência. Tinha uma constituição fí-
sica débil.
Em 1906 teve o primeiro contato com a v ida militar. Ingressou
como cadete sob influência de um tio. Resistiu ao longo treina-
mento físico . Recebeu a patente de tenente. Apaixonou-se pela
caça e equitação. A ambição o levou a ser v isto como alguém
consciencioso, franco em suas opiniões e que se abstinha de ter
relacionamento estreito com colegas oficiais mais graduados.

35
• HITL E R

Um dia foi ferido no ombro e hospitalizado por um mês. Ga-


nhou por bravura a Cruz de Ferro, o que chamou a atenção de
seu comandante de divisão, príncipe Oskar von Preussen, um
dos seis filhos do Kaiser, que o indicou para o estado-maior, em-
bora o considerasse um subordinado de trato "difícil".
Voltou ao campo de batalha durante a Primeira Guerra
Mundial (1914-1918) como ajudante de brigada e, mais tar-
de, como comandante de companhia, posto em que foi mais
uma vez gravemente ferido. Foi condecorado com a Cruz de
Cavaleiro com Espadas. Term inou a guerra como capitão em
uma divisão da reserva.
No pós-guerra muitos oficiais do exército participavam de ati-
vidades revolucionárias. Crendo com sinceridade na necessida-
de de o Estado manter a ordem pública, ele nunca hesitou em
reprimir rebeliões quando a isso chamado como comandante
das tropas de segurança. Procurava evitar o envolvimento em
política. Acreditava que não era função do exército imiscuir-se
em questões do Estado.
Pensou em deixar o exército, mas um tio o dissuadiu disso.
Em 1920 quando ajudava a reprimir uma greve geral comunista
conheceu a moça que seria sua futura esposa, Herta Huyssen,
em cuja residência ficou alojado. Da união nasceram 3 filhos.
Nos anos entre as duas guerras, ganhou fama de "inflexível"
pelo cumprimento do dever. Era rude com seus subordinados.
No trato com seus superiores não tinha papas na língua. Em
março de 1938 chegou ao generalato e em novembro tornou-
-se chefe de estado-maior do 4°. Corpo de Exército em Dres-
den. Foi participante ativo na campanha polonesa de 1939. Na
invasão da França, em 1940, ele era major-general. Foi desig-
nado para servir em Berlim.
O novo cargo o colocou em contato com os membros do Par-
tido Nazista. Goebbels o apresentou a Hitler. Montou um ataque
simulado de infantaria contra réplicas de fortificações tchecas
que deliciou o Führer e aborreceu o chefe do estado-maior Beck.

36
• CAPÍTULO 2

Aceitava de bom grado o regime de Hitler. No corpo dos


oficiais, as opiniões sobre ele variavam. A dedicação a Hitler
lhe rendeu, em 1942, o cargo de ajudante de ordens. Foi o pri-
meiro oficial de alta patente a manifestar apoio a Hitler após a
fracassada tentativa de assassinato, em 20 de julho de 1944.
Há quem diga que ele era simplesmente um "oportunista" muito
inteligente que usou Hitler e o nazismo como meios para subir
na escada da carreira do exército.

37
• HITL E R

A determinação obstinada de jamais aceitar corno irremedi-


ável uma situação e o desdém temerário pela própria seguran-
ça fez com que ele se tornasse um dos prediletos das tropas
de Hitler. Em novembro de 1940 Model recebeu o comando da
3ª Divisão Panzer. Nessa altura, foi encarado com sentimentos
conflitantes: para a tropa ele era cheio de energia, disposição
para compartilhar suas dificuldades e liderança dinâmica na
frente de batalha, mas por outro lado, detestado pelos oficiais
do estado-maior.
Junho de 1944. Assumia o comando do Grupo de Exércitos
Centro. Ameaçou com corte marcial qualquer comandante que
não conseguisse sustentar sua posição. Pensava que "aquele
que comanda tropas não tem o direito de pensar em si mesmo".
Dormia pouco. Percorria incessantemente a frente de batalha.
Usava às vezes linguagem chula com seus comandantes.
Model se tornou um dos poucos generais alemães com au-
toridade para discutir com Hitler, desafiá-lo e ganhar a parada.
Uma vez chegou a perguntar para Hitler quem comandava as
tropas, ele ou o Führer. Passou a ideia de que ele enfrentava
Hitler de uma maneira que quase ninguém ousava imitar. Sua
ascensão de coronel para marechal de campo foi rápida. No in-
verno de 1941-42 durante a contraofensiva soviética ele produ-
ziu uma profunda impressão em seus homens por puro poder de
personalidade, obtendo um sucesso que alimentou a convicção
da tropa de que ele era um general de sorte.
Julho de 1943. A grande ofensiva contra Kursk: no planeja-
mento da ação o comando alemão estava ansioso para atacar
imediatamente antes que os russos pudessem fortalecer suas
defesas. Model aconselhou cautela. No dia do ataque Model ad-
vertiu Hitler que a ofensiva seria "inútil" e que certamente teriam
pesadas baixas. O que se seguiu foi a maior batalha aérea-ter-
restre de toda a História. Para os alemães foi uma derrota tão
mutilante que alterou o curso da guerra na Frente Oriental em
favor dos russos. A tropa de Model sofreu pesada baixa, mas
emergiu da batalha com a reputação intacta.

38
• CAPÍTULO 2

Em janeiro de 1944 Model tornou-se comandante-chefe dos


grupos de Exércitos Norte. Dois meses mais tarde, o mais jo-
vem marechal de campo. Envolveu-se em algumas das batalhas
mais selvagens de toda a guerra. Houve perda de 350.000 sol-
dados distribuídos por 28 divisões. Hitler reconheceu que se não
fosse por Model e seus heroicos esforços e sábia liderança das
tropas valentes, os russos poderiam estar na Prússia Oriental ou
mesmo diante dos portões de Berlim.
Outra difícil missão recebida por Model foi assumir o coman-
do da defesa do Oeste e restaurar uma situação desesperada.
Os A liados haviam rompido da cabeça de ponte da Normandia
e esquartejavam os restos do grupo de exércitos no bolsão de
Falaise. O comando alemão era confuso àquela altura. Com o

39
• HITL E R

exército abatido, Model teve de deixar a França. Estabeleceu-se


na Holanda, enquanto tentava reconstruir o Grupo de Exércitos
B. Observou os desembarques de planadores e paraquedistas
britânicos, o que o obrigou a interromper o jantar de domingo e
fugir para um lugar seguro. Houve outras batalhas ferozmen-
te travadas nas congeladas florestas de Ardennes. Um tenente
alemão escreveu em seu diário que a tropa era dirigida por um
"homenzinho de aparência comum, armado de monóculo".
Os dias finais de sua vida foram de luta para determinar
qual seria seu destino. Em várias ocasiões expôs-se ao perigo,
numa tentativa de ser morto durante as visitas às frentes de
luta. Depois de liberar seu estado-maior, ele e seu ajudante de
ordens e dois oficiais escaparam de uma armadilha aliada e
se esconderam em uma floresta enquanto ele pensava no que
fazer. A decisão de suicidar-se estava praticamente tomada,
quando soube pelos russos que ele era acusado de crimes de
guerra referentes à morte de 557 .000 pessoas em campos de
concentração da Letônia e da deportação de mais de 175.000
como trabalhadores escravos. Foram atos cometidos pela SS
e não há prova alguma dele ter sequer tomado conhecimento.
Model pensava em dever, honra e na Alemanha. No dia 21 de
abril de 1945, após um aperto de mãos de despedida de cada
um dos oficiais, afastou-se da companhia do coronel Pilling, en-
trou na floresta e, longe de todos, se matou com um único tiro de
sua pistola. Seu corpo foi enterrado onde caiu. Depois da guerra
seu filho transladou os restos do marechal para um cemitério mi-
litar de Hurtgen, onde permanece sepultado entre seus soldados
a quem tanto amou em vida.

40
O segundo-tenente''º" Arnimjoi á guerra
com seu regimento e se1Tiu na Bélgica e no
norte da França. A.ssumiu o comando de
uma companhia de il?fàntaria. Sobrevil·eu
à gue1ra de trincheiras de Flandres. Sen·iu
como o,,fic·ial de artilharia da 4" Divisão
Jager dos Guardas. Foi promorido a
capitão em 27 de janeiro de 1917. em
plena Primeira Guerra Aízmdial.

e asou-se em Berlim com Annemarie von Dechend, de 22


anos, filha do tenente-coronel Max von Dechend. Não
houve tempo para a lua de mel. Em 1917 assumiu oco-
mando de um batalhão de infantaria. E conduziu nas duas gran-
des frentes de guerra de tal forma que foi condecorado com a
Ordem da Casa Hohenzollern, a Cruz de Ferro. Sua filha Eliza-
beth, a única herdeira, nasceria no dia 21 de janeiro de 1920.
Foi neste mesmo ano que se transferiu com sua pequena família
para o porto báltico de Stettin. Comandou o batalhão e atuou
como ajudante divisionário por mais de um ano. Depois, seguiu
para o estado-maior do exército. E para o Ministério da Defesa

43
• HITL E R

do Reich em 1924. Foi quando se firmou como um comandante


capaz e enérgico. Ganhou vários outros cargos na carreira. De
repente parou de ser promovido. O general de infantaria Erwin
von Witzleben, comandante da área de Berlim, era membro im-
portante da oposição secreta a Hitler e só queria em posições-
-chave oficiais de firmes tendências antinazistas. Foi colocado
em um depósito de material bélico, uma forma de ser isolado,
chutado e banido. Seus amigos acharam que foi uma injustiça,
mas ele não se manifestou .
Sem ligação com blindados, Arnim foi promovido a tenente-
-general. A invasão à União Soviética teve início no dia 22 de
junho de 1941. O general von Arnim foi gravemente ferido. Vol-
tou para a Polônia. De lá foi transferido para Berlim, a fim de
receber melhor tratamento. Recuperado, passou a comandar e
esteve na batalha de Kiev, na qual foram capturados 667.000
russos. Houve, em seguida, outras batalhas contra os russos
em que os alemães levaram a melhor. Travou inúmeras bata-
lhas na floresta, no gelo e enfrentou nevascas surpreendentes.
E tornou-se um inspirador para suas tropas, bravo e intimorato,
nas palavras de vários outros oficiais. Foi convocado para novas
missões pelo quartel-general de Híl:ler.
Von Arnim foi recebido por Hitler no dia 3 de dezembro de
1942. Foi mandado para a Tunísia para assumir o comando
do exército recém-formado . Na primeira grande batalha con-
centrou-se em uma elevação de 300 metros de altura. Cho-
veu tanto que a Tunísia foi transformada em um imenso lago.
Conquistou uma série de vitórias contra os inimigos. Em 18 de
janeiro de 1943 atacou os fran ceses e os ingleses, que foram
obrigados a recuar. Rommel, que era considerado o favorito de
Hitler, atacou na mesma área. Passaram a atuar juntos. Mas
Rommel teve de sair da África porque sua saúde estava debi-
litada. No dia 9 de março de 1943 Dieter von Arnim assumiu o
comando do Grupo de Exércitos da África, atingindo o auge de
sua careira militar.
Arnim ped ia insistentemente mais suprimentos. Dizia que só
tinha munição para mais dois dias. Hitler e Mussolini pediam que

44
• CAPÍTULO 3

ele resistisse até o último homem. Mais tarde Mussolini rejeita-


va o plano de retirar secretam ente e levá-los direto para a Itá-
lia. Arnim continuou resistindo na África. Mas perdeu o controle
da batalha. Foi capturado no dia 12 de maio juntamente com o
quartel-general do Afrika Korps. Church ill era informado que a
guerra terminara na Tunísia: "Somos os senhores das praias do
norte da África", dizia o telegrama.
Depois de Rudolf Hess, Dieter von Arnim foi o segundo pri-
sioneiro alemão de mais alta patente a cair nas mãos dos alia-
dos. Aos poucos. sua imagem sumiu nos círculos dos gene-
rais. Em 1947 ele foi libertado e vo ltou à Alemanha Ocidental.
Suas terras e investimentos foram confiscados pelos comun is-
tas. Ele se viu obrigado a v iver de pensão. Faleceu solitário em
um abrigo para pessoas idosas em Bad Wildungen , no dia 1 de
setembro de 1962, aos 73 anos.

45
Outros <?ficiah; disseran1 que ele
representou a co17;ortftcação de tudo
que era bom na tradi<;iio mi/irar
alenúi. em todas as ji·entes de batalha
em que serviu. Por sua humanidade
e coragem tornou-se um modelo para todos
os soldados.

N asceu no dia 14 de janeiro de 1897 em Potsdam, nas


proximidades de Berlim. Era filho do capitão Eccard von
Manteuffel. Desde pequeno seu passatempo preferido
era ver as paradas no dia do aniversário do Kaiser, quando sol-
dados se apresentavam antes da banda, marchando pelas ruas
da cidade. Na Primeira Guerra Mundial não foi escolhido para o
serviço na linha de frente. No dia 10 de outubro de 1916 foi para
o campo de batalha do Somme, recebeu um estilhaço de obus
na coxa direita e foi levado para um hospital militar na Vestfália.
Deu alta a si mesmo. Voltou à frente de luta, o que lhe valeu uma
prisão de 3 dias.

47
• HITL E R

Pensou em seguir carreira na indústria. Um tio, conselheiro


comercial privado, conseguiu mudar-lhe as ideias. Disse que ele
era um "soldado nato". Continuou no exército e fez carreira inve-
jável. Participou de várias competições e ganhou muitas meda-
lhas. Servia no 17° Regimento de Cavalaria quando presenciou
a subida dos nacional-socialistas ao poder. No dia 1° de feverei-
ro de 1933 após um exercício voltava com seu esquadrão pelas
ruas de Bamberg quando viu uma recém-hasteada bandeira da
suástica do Terceiro Reich. Passando pela bandeira ergueu o
braço em continência. Tornou-se súdito do novo regime.
Ganhou várias promoções. No dia 1° de outubro de 1934
tornou-se comandante de esquadrão do 2º Batalhão de Fuzilei-
ros de Motocicleta. Nada menos que 5.000 aspirantes a oficiais
passaram por suas mãos na Escola de Treinamento Panzer, nas
proximidades de Berlim.
Era sempre o primeiro no ataque e o último na retirada. Ao
enfre ntar a ofensiva soviética no inverno em 5 de dezembro de
1941 pediu reforços, mas não havia um só soldado para atender
seu pedido. Foi obrigado a se retirar. Só parou quando Hitler deu
ordem "nem mais um passo para trás". Foi condecorado com a
Cruz de Cavaleiro. França e norte da África foram suas missões.
Desmaiou no campo de batalha em 30 de abril de 1943. Seu
médico insistiu para que ele fosse transferido para um hospital
militar na Alemanha.
O general Hasso von Manteuffel foi um dos melhores líderes
de combate e comandante de divisão na Tunísia. Deixou a guer-
ra na África em navio-hospital. Foi para Roma, depois voltou a
Berlim para junto de sua família.
Após longo período no hospital, foi transferido para a reser-
va de Hitler. O chefe queria falar com ele, que já havia sido con-
vocado quando estava na África chefiando a equipe equestre.
O que Hitler quis saber dele é qual o cargo pretend ido. Que-
ria o comando da 7ª Divisão Panzer, que lhe foi entregue pelo
Führer. Ao se dirigir para a linha de frente um dia foi atingido
por um estilhaço de granada. Com 17 estilhas nas costas foi
levado para o hospital. Ganhou um aparelho de gesso nas cos-

48
tas. Na batalha pela posse de Kiev levou a pior. Foi obrigado a
recuar. Lutou bem. Mai s uma vez foi chamado por Hitler, que
queria ouvi-lo pessoalmente.
Em 1944 Manteuffel lançou sua nova divisão no primeiro gran-
de ataque repelido pelos russos. O Exército Vermelho iniciava
sua grande ofensiva com o objetivo de romper cam inho até os
campos petrolíferos romenos. As ações do tenente-general von
Manteuffel foram altamente elogiadas. Tanques e canhões dele
tomaram de assalto Moscou, mas perdeu 82 tanques na bata-
lha. Furioso, Hitler o chamou mais uma vez.

49
• HITL E R

O Führer chamou sua atenção por ter sofrido tais perdas. Só


que Manteuffel mostrou que as ordens de ataque eram assina-
das pelo próprio Hitler. Perplexo, o chefão ficou calado. Hitler
jamais emitira tal ordem.
Hitler o chamou de novo. Entrou no quartel-general do Führer
como comandante de divisão e saiu como comandante do exér-
cito. Enfrentou as forças norte-americanas do mitológico general
americano Patton no dia 17 de setembro de 1944. Hasso von
Manteuffel trabalhou em um novo plano , rejeitado por Hitler.
No dia 28 de janeiro de 1945 Manteuffel teve ordens de com-
parecer ao quartel-general de Hitler. Recebeu os diamantes para
a Cruz dos Cavaleiros da Cruz de Ferro com Folhas de Carvalho
e Espadas. Recusou um bônus de 20.000 marcos.
Suas impressões sobre Hitler como mandante supremo:
"Temos de reconhecer que Hitler possuía uma personalidade
magnética, simplesmente hipnótica. Não me sentia intimidado
por ele. Ele deixava as pessoas perplexas com sua memória
extraordinária, especialmente para números, além de conhe-
cimento de dados técnicos e militares. Sua espantosa perspi-
cácia permitiu-lhe tornar-se o criador de um exército equipado
com armas modernas".

50
1eio ao mllndo na cidade de Bn,;1e11au. no
inferior de Hesse. Seu" ancestrais .foram
homens do campo. O pai ha11ia se tornado
pequeno funcionário na cidade. caixa de
n~fàrmarório para jol'f:ns delinquentes.
7f11ha hoa "aúde, hom co1po e postura
nobre. Soji·eria depois com a )alta de
statu,· social. Teve bom aproreitamento
na escola. Tentou a escola de cadete da
A.farinha Imperial, mas foi rec:usado.

esapontado, procurou a escola de Direito da Universida-

D de de Marburg, mas abandonou a ideia quando o exér-


cito alemão começou a expandir-se em 1910. Foi aceito
como cadete e dois anos depois já era tenente. Foi quando co-
nheceu uma moça mais velha que ele, Elena Rosseti-Solenescu,
bela, rica, originária de uma rica e aristocrática família romena.
Ela tinha dois irmãos que serviram no mesmo regimento de Pau-
lus. Casou e a primeira filha nasceu em 1914, início da Primeira
Guerra, ano em que Paulus foi para a frente de batalha. Enfren-
tou as tropas britânicas como também os franceses.

53
• HITL E R

Por motivo de doença, Paulus se afastou da frente de luta.


Realizou trabalhos para o estado-maior sem comandar nada até
1917, quando se tornou comandante de uma companhia de fu-
zileiros e da companhia de regimento da infantaria. Fez mais
serviços do estado-maior do que com sua tropa. Em 1934 co-
mandou um dos primeiros batalhões motorizados.
Não era um nazista entusiástico. Em 1939 foi nomeado ma-
jor-general. Seu comandante de exército era o general Walter
von Reichenau, um homem de modos rudes, ambicioso e ex-
tremamente hábil no campo de batalha. A tropa varreu a Po-
lônia e penetrou na Bélgica, que se rendeu em 28 de maio.
Paulus tomou parte da invasão do sul da Inglaterra.
Hitler ordenou que fossem elaborados planos para a invasão
da Rússia. Paulus impressionou o Führer. Naquela hora a Ale-
manha mantinha pacto de não-agressão à Rússia. Isso dividiu
a conquista da Polônia. Sua esposa fizera objeção à invasão
dos dois países. Pau lus estudava como enfrentar a Polônia e
a Rússia e a mulher descobriu seus papéis. O que ele queria
era destruir rapidamente o eExército russo, estacionado entre
a Polônia e Mascou. Dois grupos de exército foram mandados
para o ataque.
Hitler confirmou sua decisão de invadir a Rússia. Terminava
assim a fase de planejamento e trabalho de Paulus. Então ele foi
para o norte da África visitar o amigo Rommel, em 14 de abril de
1941, onde permaneceu por duas semanas. Estudou o estilo de
comando de Rommel e manteve consultas sobre futuros planos.
A invasão à Rússia iniciou-se em 22 de junho de 1941 com
espetaculares avanços das colunas móveis alemãs. A aventura
terminou com a captura de mais de meio milhão de russos em
Kiev. Paulus foi enviado para inspecionar os quartéis-generais
na Rússia. Em 5 de janeiro de 1942 Pau lus recebeu de Hitler
a incumbência de ser o responsável direto por um exército de
mais de um quarto de milhão de homens. Acontece que antes de
chegar ao seu quartel-general, o comandante e protetor de Pau-
lus, general Reichenau, comandante-chefe do Grupo de Exér-
citos do Sul sofreu um ataque cardíaco e foi substituído pelo

54
marechal von Bock, que não viu com bons olhos as manobras
de Paulus, considerando-as "fracas". Trocou Paulus pelo major
Arthur Schimidt, um nazista convicto.
Paulus sob o comando de von Bock recebeu a Cruz de Ca-
valeiro e foi bastante elogiado. Ernst, oficial subalterno, filho
de Paulus, foi ferido em batalt1a e internado para tratamento
hospitalar. Outro filho, Friedrich , foi morto em combate em
1944 na Itália. Filhos enterram os pais, mas neste caso os
papéis foram invertidos.
Houve várias batalhas e aquela decisiva da Segunda Grande
Guerra Mundial estava prestes a começar. Paulus ocupava o

55
• HITL E R

centro do palco. Ficou no comando geral da frente de Stalin-


grado no primeiro ao último dia. A Luftwaffe bombardeou Stalin-
grado de uma ponta a outra. Os russos resistiam . H itler queria
que Stalingrado fosse tomada. Para isso, o Führer começava a
demitir seus comandantes. Hitler achava que os russos estavam
quase acabados, mas Paulus achava o contrário. Quem falava
a respeito disso era demitido por HrtJer. A certa altura, Paulus
achava que a captura de Stalingrado estava demorando para
acontecer e que a operação além de demorada era dispendiosa.

56
• CAPÍTULO 5

E o inverno estava chegando. Paulus continuava a sofrer de di-


senteria e sua saúde em geral estava abalada. Foi recomenda-
do que pedisse licença para tratar da saúde, mas ele se recusou
a fazer isso. Os ataques a Stalingrado continuaram. A luta era
corpo a corpo, adaga a adaga. Foram contabi lizados 20 mil bai-
xas por semana na tropa comandada por Paulus. Acontece que
Stalingrado era a prioridade máxima das reservas russas. Pau-
lus informou a Hitler que os russos estavam se concentrando em
seus flancos. Os russos cercaram todas as forças na área de
Stalingrado. Foi um movimento vital. Hitler, mesmo sabendo das
deficiências do exército alemão, mandou que Paulus resistisse
em Stalingrado. Paulus, no entanto, ficou isolado. Aconselhado
a pedir uma completa liberdade de ação, Paul us teve de Hitler a
ordem de criar um bolsão. E que as frentes no Volga e no norte
deviam ser defendidas a todo custo. Foi a sua sentença de mor-
te . Enquanto Paulus e demais oficiais discutiam, obuses russos
caíam nas vizinhanças. Era a última oportunidade de Paulus.
Em 8 de janeiro de 1943, os russos enviaram a Paulus um
ultimatum perguntando se ele queria se render honrosamente
ou que preferia ser an iquilado. Diz a lenda que Paulus consultou
Hitler via rádio com linha direta. Paulus recusou-se a se ren-
der, sem levar em conta as condições locais. No dia seguinte os
russos atacaram. A agonia final das tropas de Paulus durou 3
semanas. Ao fim de um mês a luta praticamente chegou ao fim .
Os últimos feridos foram evacuados pelo ar.
Hitler concedeu a Paulus as Folhas de Carvalho para sua
Cruz de Cavaleiro e o promoveu marechal de campo. Algumas
unidades resistiram e outras desistiram. Os russos capturaram
Paulus e o mantiveram em cativeiro por quase 11 anos. Foi
mantido em rigorosa prisão domiciliar em Mascou. Paulus nunca
mais viu a esposa, que faleceu na Alemanha Ocidental em 1949.
Em 1953 ele foi libertado, mas apenas para residir em Dresden,
na Alemanha Oriental. Provavelmente desenvolveu esclerose
lateral amiotrófica, doença degenerativa. Morreu em uma clínica
em Dresden, no dia 1° de fevereiro de 1957, aos 67 anos.

57
A guerra foi cruel com Frido ro11 Senger
wrd Etterlin, porque lhe arruinou as
perspectii"as de completar seus esrudos
e. mai.\ uma re:. acabou com os recunos
financeiros de sua fimdlia. Permaneceu
como oficial subalterno por 13 anos.
Afro demais para cnrridas de obstáculos,
dedicou-se a provas de salto em altura.
Tomou parte em incontáveis competiçÕe<;
com ca1·a/os que ele mesmo treinava.

ão notou na rotina do dia a dia a ascensão dos nazistas

N ao poder. Tomou conhecimento de perto dos assassina-


tos dos generais von Schleicher e von Bredow. A arro-
gância cruel do regime revelou-se para ele nessa ocasião. En-
trou em debate contra os defensores da ideia de que o tanque
poderia dar conta de todas as fases da guerra. Sua experiência
o levava a sustentar a convicção de que o sucesso final da bata-
lha dependia do infante.

59
• HITL E R

Em 1938 foi nomeado comandante do regimento do KR3 em


Gottingen. Não havia um único nazista entre os oficiais de seu
regimento. Tinha amor inconfessável pela arte italiana, idioma
que estudou com profundidade.
Ao iniciar a guerra ele não tinha a menor ideia de que Stálin
ocuparia metade da Polónia e os Estados Bálticos e colocaria 23
milhões de individuos sob o tacão soviético. Também não tinha
ideia do pacto de Stálin com Hitler para a divisão dos despojos
na Europa Oriental, quando Zhukov anunciou a derrota do gros-
so das tropas mecanizadas japonesas em Kalchem-Jol, na Mon-
gólia. Sem querer ele desempenhou seu papel nesses fatos, ao
passar informações aos japoneses sobre movimentos de tropas
soviéticas, que colhera em sua viagem transiberiana a Tóquio,
em uma missão diplomática.
Em Turim, onde ficou por dois anos, viu o colapso imperia-
lista fascista da Itália. Notou o fracasso dos dois ditadores em
coordenar seus objetivos de guerra, observar o fluxo e refluxo
da campanha no norte da África e, acima de tudo , presenciar
o destino sombrio da França, dilacerada pelas contradições

60
• CA P ÍTULO 6

que acabou, simultaneamente, em guerra com a Alemanha e


a Grã-Bretanha.
No dia 7 de dezembro de 1941 Hitler declarou guerra aos
Estados Unidos. E deu ordens para que a ofensiva alemã contra
Moscou fosse detida pelo inverno. O que observou é que o Rei-
ch havia dado um passo maior do que as pernas nas vastidões
russas. No outono de 1942 assumiu o comando na Frente Orien-
tal da 17 .a Divisão Panzer, constituída em sua maior parte de
homens suábios e bávaros. Para ele isso significava o começo
da guerra real.
Como comandante de linha de frente tomou parte em batalha
nos dois grandes teatros de operações em que ocorreram as
maiores e mais bem-sucedidas façanhas das tropas alemãs em
todas as fases da guerra: ofensiva, defensiva, ações de reta-
guarda e retiradas. Sua unidade contribuiu com exemplos bri-
lhantes e com impressionantes consequências estratégicas.
A primeira grande batalha defensiva na frente de Cassino,
entre janeiro e maio de 1944 como comandante do 14° Corpo
Panzer, enfrentando o 5° Exército norte-americano, constituiu a
pedra fundamental de sua fama naquela função. O Exército ale-
mão após 4 anos de guerra, estava no auge de sua habilidade
tática e lutava com um adversário ainda inexperiente.
Senger mostrava preocupação com os altos padrões de
treinamento e liderança em todos os níveis. Procurava manter
contato diário com dois ou três níveis abaixo de seus subordi-
nados imediatos. Fazia reconhecimento pessoais do inimigo a
partir de posições avançadas. Certificava-se das reais condi-
ções de suas tropas.
Em setembro de 1943 enquanto prossegu ia a retirada de sua
divisão da Córsega para o Continente, recebeu ordens de exe-
cutar todos os oficiais italianos que não haviam continuado a
colaborar com os alemães. Escreveu que havia chegado a hora
de desobedecer a uma ordem direta. Falou via rádio com o ma-
rechal Kesselring e não mais tocou no assunto.
Um dos temas repetidos das histórias modernas desse perío-
do é a acusação de que cabe aos generais a culpa pelo fracasso

61
• HITL E R

das tentativas de derrubar Hitler do poder. Senger estava com


Hitler no dia 22 de junho de 1943 quando recebeu das mãos do
chefe ordens para a defesa da Sicília. Mais tarde deixou sua im-
pressão sobre o tal magnetismo pessoal de Hitler: "Não percebi
o menor sinal. Pensei apenas com asco e horror em todas as
infelicidades que esse homem trouxera para meu país".
No fim da guerra passou por vários campos britânicos de
prisioneiros na Itália. Chegou finalmente ao campo destinado
aos generais. Viu que havia aqueles que aceitavam a derrota,
que desejavam romper deliberadamente com o passado, acei-
tavam as consequências e reconheciam sua responsabilidade
culposa. O segundo grupo era composto daqueles que durante
anos haviam acreditado no regime, diziam-se ignorantes aos
horrores impublicáveis, mas que, nesse momento, aceitavam
o julgamento crítico passado. E o terceiro era dos obstinados,
que ser recusavam a reconhecer seus crimes e consideravam
a aceitação da culpa como uma adulação indigna dos desejos
de seus carcereiros.
Como ele tinha participado das duas grandes guerras fez
uma análise: "A Segunda Guerra Mundial foi espantosamente
semelhante à Primeira em curso, evolução e resultado. Nos dois
casos, o governo alemão procurou utilizar seus vizinhos orien-
tais, mais fracos, como um tampão contra o colosso russo. Nos
dois casos, um conflito de grande potência eurasiática é que se
tornou decisivo. AAJemanha considerou-se agindo na qualidade
de potência "ocidental" e contou com pelo menos a neutralida-
de das demais potências ocidentais. Nos dois casos a liderança
alemã alimentou a esperança de que os Estados Unidos perma-
necessem fora do conflito. Nos dois casos, errou".
Senger foi libertado do cativeiro pelos britânicos em maio de
1948. Foi nomeado diretor de uma escola secundária particular.
Na década de 1950 desenvolveu atividades no jornalismo. Ele
de fato havia servido lealmente ao Estado hitlerista. Não permi-
tiu nem um desvio do código tradicional da moralidade cristã.
Morreu no dia 4 de janeiro de 1963.

62
J\./a Primeira Guerra Afundia/, Sepp Die-
lrich foi um dos primeiros soldados ale-
mâes de ta11ques. Como um dos primeiros
correligionários de Hille1; acompan'1ou-o
em seus e11co11tros. de modo que -;e tor-
nou ineFitárel que desempenhasse papel
importante. sendo diretamente re~ponsá­

i·e! perante o chefe e encarregado de sua


seguran<,·o. !litler deposilan1 confiança
irrestrita nele. Lutador i•ale11te. modelo
de lealdade e confiança, ck:ia ao chefe o
que pensava, de maneira franca, emhora
i11ofe11.\·ii·c1.

oseph "Sepp" Dietrich nasceu no dia 28 de maio de 1892 em

J Hawangen. Fez curso de hotelaria em Zurique. Foi cabo no


treinamento de tropas montadas. Em 1918, fim da Primeira
Guerra, guiou seu primeiro panzer em St. Quentin. Em julho da-
quele ano avançou contra o inimigo com mais de 400 blindados.
Disparou os primeiros tiros. Recebeu as Cruzes de Ferro, a Me-
dalha Panzer de P rata, a Cruz Bávara, a Medalha de Bravura
Austríaca e a Ordem Silesiana.

65
• HITL E R

Comandou a tropa que lançou uma arma inteiramente nova,


o tanque. O mito e o fato se misturam em sua vida.
Em março de 1919 tomou parte da derrubada violenta do re-
gime vermelho (comunista) em Munique. Fora da vida militar em
1927 trabalhou por 3 anos como gerente de um posto de gasoli-
na e depois foi gerente de despachos de uma grande editora no
sul da Alemanha.
Acompanhou Hitler em todos os encontros. Discutiu com o
chefe todos os tipos de assuntos. Mostrou ser o homem bem
ao gosto do chefe. Teve uma carreira meteórica. E ganhou
inúmeras promoções. Foi um dos mais íntimos e assíduos co-
laboradores de Hitler. Aumentou de 120 para 800 o número de
voluntários da SS, a famosa tropa de Hitler.
Pertenceu ao grupo mais íntimo de assessores de Hitler. Na
ala direita do apartamento do chefe na chancelaria, tinha que
estar de serviço dia e noite. Ocupou um quarto próprio na suíte
de Hitler. Foi promovido a general de exército no dia 1 de julho
de 1934. Agia não como comandante dos jovens apavorados
com a situação, mas como verdadeiro pai. Conhecia cada sol-
dado pelo nome. Seu relacionamento com os soldados era mais
íntimo do que qualquer outro comandante, só que esperava de
cada um o mais alto desempenho. Participou de batalhas no ar,
no gelo e no mar. Soldado nato de frente de batalha, sabia como
desengajar suas tropas, mesmo nas piores situações de luta e
redesdobrar rapidamente para desfechar letais contra-ataques.
Suas tropas chegaram à Praça Vermelha e também ocupa-
ram uma fábrica de tratores soviética. Um dia começou a se
afastar silenciosamente de Hitler porque achava que numero-
sas questões não estavam sendo tratadas corretamente. Ao
saber da tentativa de assassinato de Hitler no dia 20 de julh o
de 1944, ficou indignado e sentiu-se enojado pelo que cha-
mou de "ato covarde" dos conspiradores.
Rommel o procurou para saber se ele cumpriria ordens mes-
mo que fossem contrárias de Hitler. Respondeu que obedece-
ria às ordens do comandante em chefe, qualquer que fosse a

66
ordem. Hitler gostava dele, pois subira de soldado raso a gene-
ral, porque, através de atos de bravura provou que era capaz
de comandar e de lutar. Viu nele um exemplo de lealdade. Um
espírito irmão. Um camarada d'armas.
Em fins de janeiro de 1945 Hitler despachou Dietrich para a
Hungria, encarregado de destruir as cabeças de ponte russas.
Fracassou. Em meio à lamas e nevascas foi mandado para ou-
tra tarefa, desta vez contra os russos em Viena. Teve de recuar
diante da ofensiva inimiga. Foi sua última batalha.

67
• HITL E R

Hitler acusou o corpo de exército de falta de espírito de luta.


No dia 8 de maio de 1945 ele se entregou ao general George
S. Patton, do exército dos Estados Unidos. Era agora um pri-
sioneiro de guerra. Julgado, foi condenado à prisão perpétua.
No dia 10 de agosto de 1951 sua sentença foi comutada para
25 anos de prisão. Em outubro de 1955 foi solto de uma pri-
são norte-americana. No dia 14 de maio de 1957 um tribunal
alemão o condenou a 18 meses de prisão, sob acusação de
cumplicidade em homicíd io simples, na verdade o massacre
de líderes da SA em 1934, algo injusto, já que ele não tivera
participação no episódio.
Sofreu ataque cardíaco em 21 de abril de 1966 aos 74 anos
de idade e não resistiu. Um contingente de 7 .000 camaradas
de antigas forças alemãs cantou o hino nacional quando o le-
varam ao cemitério.

68
flitler começuu abertamente a ampliar
o exército em J 935. Kluge era um
candidato óh\•io para promoçiio. Em
1938 Hitler mostrou intenção de esmagar
a Tcllecosluníquia. Como a maioria dos
generais, Kluge tinha receio que o cru
militarismo de Hitler le1 ·asse o país ao
desastre. Ficou constrangido com os
métodos fhwdulentos e desonestos usados
pelos na::.istas para desgraçar o general
ron Fritsch. como também a açtw contra
os judeus e º" campos de co11ce11traçào.
Isso tudo ia contra a tradição prussiana de
conduta ca,·al/1eiresca.

K
ge participou do complô que visava prender Hitler no
erão de 1938. O plano deu em nada porque o governo
ritânico rejeitou as sondagens dos conspiradores jus-
tamente na hora em que eles iam agir.
Antipatizava com os nazistas. Mas sentia orgulho da eficiên-
cia das novas divisões bl indadas e motorizadas. Cheio de entu-
siasmo profissional, desfrutava com grande prazer o comando
entregue às suas mãos.

71
• HITL E R

Deflagrada a guerra, em setembro de 1939, invadiu a Polô-


nia e ficou dilacerado. Ficou satisfeito com o desempenho das
suas tropas . Mas estarrecido com a brutalidade com que os
nazistas trataram os judeus poloneses e, em particu lar, com o
massacre indiscriminado de civis inocentes.
Com blindados modernos e forças aéreas, Kluge investiu con-
tra a Polônia. Mas a Grã-Bretanha e a França entraram tardia-
mente na guerra. Kluge foi levemente ferido em um desastre aé-
reo. Hitler o considerava o general mais brilhante da Alemanha.
Em outubro de 1939 Hitler decidiu atacar a França e os Pa-
íses Baixos, mas Kluge temia que a inferioridade numérica do
exército alemão terminasse em derrota.
Artigo de um jornal descrevia Kluge como um homem "tímido,
de aparência nada militar e engordando na cintura". Observou
que ele tinha problema para entrar em um carro. Disse também
que ele pertencia a uma divisão de "homens gordos e balofos
precisando de retreinamento".
Um contra-ataque de tanques britânicos provocou um choque
em Kluge, com a perda de 89 mortos, 116 feridos e 173 desa-
parecidos. Kluge se encontrou com Hitler. Houve uma trégua
que evitou a perda de centenas de homens. Desta vez foi Hitler
quem o procurou para cumprimentar pessoalmente Kluge pela
ação vitoriosa.
Kl:uge desferia violento ataque encurralando o exército fran-
cês até o mar. E se destacaria como o general alemão mais
bem-sucedido da campanha de 1940. Tomou posição aberta a
favor do general Rommel, com quem ganhou a admiração de
Hitler e foram louvados pelo rádio e imprensa alemãs.
Em 1941 quando Hitler investiu furiosamente contra a Rús-
sia, Kluge foi promovido a marechal de campo. Kluge descobriu
que as péssimas condições das estradas o impediam de levar
reforços com a rapidez suficiente e necessária. Comu nicou a
Hitler que estavam enviando por via aérea t ropas sem armas e
vestimentas em pleno inverno. Hitler respondeu que na Primeira
Guerra Mundial ele e seus camaradas haviam suportado 15 dias

72
• CAPÍTULO 8

de bombardeio incessante e sustentado a linha. Kluge respon-


deu que seus homens estavam exaustos. Hitler deu o troco: "Se
é assim, então isso significa o fim do exército alemão". Mesmo
assim, deu permissão a Kluge para que recuasse . Acrescentou
que não permitiria a retirada em grande escala. Kluge náo sentia
timidez em expressar suas opiniões a Hitler, mas sabia quando
parar, antes que o Führer ficasse furioso demais.
A tropa de Kluge destruiu pontes e depósitos de al imentos.
Milhares foram mortos, combatentes ou não. Também obrigou
milhares de russos a trabalhar como escravos. Kluge ficou eno-

73
• HITL E R

jado com a falta de humanidade de seus compatriotas. Acredi-


tava que a campanha de Hitler na Rússia acabaria em desastre
para a Alemanha. Acontece que em dezembro de 1941 foi de-
clarada guerra aos Estados Unidos, e sua fé em Hitler come-
çou a fraquejar.
Hitler mais uma vez demonstrou confiança em Kluge pro-
movendo-o para o comando do Grupo de Exércitos Centro,
quando Bock sofreu uma crise temporária de doença. Foi a li
que Kluge tomou contato com oficiais mais jovens, que ficaram
enojados com a brutal idade com que estava sendo feita a ocu-
pação da Rússia. Articularam a derrubada de Hitler, achando
que com isso trariam a paz com os aliados. O grupo foi além:
queria eliminar Hitler.
K luge conheceu o barão Henning von Tresckow, oficial do
estado-maior, de alta patente, muito implicado no movimento de

74
• CAPÍTULO 8

resistência. Bom cérebro , boa aparência e carisma, passou a in-


fluenciar Kluge. Acontece que um dia Kluge falava uma coisa, no
outro já mudava de opinião. Ficou subserviente a Hitler. Se o che-
fe desconfiava dele ou não, nunca se soube. Em outubro de 1942
Hitler mandou um cheque no valor de um quarto de milhão de
marcos livre de impostos para melhoramentos em sua proprieda-
de de campo, presente que ele aceitou de bom grado. Em 1943
Hitler o visitou. Os conspiradores sugeriram a Kluge que formasse
um pelotão de fuzilamento. Deveria prender Hitler e executá-lo.
Kluge pensou e , finalmente, rejeitou a ideia. Tresckow colocou
uma bomba-relógio no avião de Hitler que o levaria de volta, mas
o detonador não funcionou .

75
• HITL E R

Houve um contra-ataque russo em 5 de julho de 1943, Kluge


retirou sua tropa, mas seu carro capotou na estrada e ele ficou
fora de combate por meses. Foi chamado por Hitler em 30 de
junho de 1944. Parecia bem de saúde, repousado e confiante.
Amava o Exército e suas tropas . Exigia sempre o máximo de
suas tropas. HiOer convencera Kluge de que bombas voadoras
V-1 e as armas secretas mais poderosas aniquilariam a Grã-Bre-
tanha em questão de meses. Kluge chegou a acreditar que só
ele poderia salvar seu país do pavoroso destino de uma derrota
pelos aliados que a esta altura oferecia apenas rendição incon-
dicional e um futuro miserável para todos os alemães.
No dia 12 de julho Kluge procurou Rommel. Ambos chegaram
à conclusão de que a guerra estava perdida e como Hitler não

76
• CAPÍTULO 8

poria fim mediante ação política, o chefe teria de ser liquidado.


Rommel havia aberto uma ligação de rádio com os norte-ameri-
canos. O pessoal médico e feridos muito graves haviam cruza-
do as linhas. Hitler ficou sabendo disso e ficou furioso. Rommel
discutiu novamente com Kluge e preparou uma mensagem a
Hitler declarando que as tropas lutavam heroicamente, mas que
a frente alemã entraria em colapso. Acrescentou que era seu de-
ver expor isso com toda clareza. O carro de Rommel foi atacado
e ele levado para o hospital gravemente ferido.
Conspiradores dependiam agora de Kluge, que se mostrou
fraco e vacilante. Foi a Paris e informou Stulpnagel de que o
assassinato de Hitler estava planejado e que, assim, honraria o
compromisso com Rommel.

77
• HITL E R

No dia 20 de julho estourou uma bomba durante a conferên-


cia de guerra de Hitler em Rastenburg. O Führer ficou apenas
ferido. A revolta de Berlim foi rapidamente esmagada com a exe-
cução imediata de Beck e Stauffenberg.
Em Paris o boato foi o de que Hitler havia morrido. Stulpnagel
ordenou a prisão de mais de mil elementos da Gestapo. Co-
meçava a circular notícia de que Hitler não estava morto, mas
apenas ferido. O genro de Kluge, dr. Udo Esche, foi interrogado
e contou que o sogro havia discutido com ele a rendição. Kluge
escreveu a Hitler: "Meu Führer, decida-se a terminar com a guer-
ra. O povo alemão tem sofrido muito e já é tempo para pôr um
fim a este pavor".
Kluge ficou sabendo que Hitler havia descoberto que ele era
um conspirador. Foi exonerado por Hitler. Voltou à Alemanha e
cometeu suicídio na França no dia 17 de agosto de 1944 toman-
do cianureto dado pelo seu genro. O mais hábil dos generais de
Hitler sentia-se torturado pelo conflito entre o desejo de ver uma
Alemanha vitoriosa e o ód io aos métodos nazistas e ao prolon-
gamento de uma guerra que só poderia trazer mais horrores,
coisa que poderia ser evitado ao povo aJemão . Para ele, a tarefa
poderia ser sua. Ledo e puro engano.

78
HITLER ESEUS GENERAIS NA LINHA DE FRENTE
itler foi um ditador, ou seja, ele é quem dava as cartas. Geral-

H mente ditadores são lobos solitários que acham que nunca pre-
cisam de outras pessoas. Mas na guerra é preciso dar tarefas a
pessoas que conhecem bem o ofício, para realizar aquilo que as em-
presas hoje tanto se ut ilizam, a estratégia. Nada melhor do que deixar
que oficiais de alta patente comandem os exércitos, afi nal foram prepa-
rados para isso. Muitos oficiais vinham da casta aristocrática que dom-
inam esses grupos, outros simplesmente fizeram carreira, brilhante , é
verdade, mas acabaram condecorados e eram sempre chamados pelo
mais eminente líder do mal que este planeta teve a infelicidade de ter
conhecido. O Fuhrer se valeu de seu poder
I
para comandar não à força, mas de modo a
que cada um sentisse em seus gestos algo

I que só encontram nos grandes líderes. Veja


na vida desses homens o que eles fizeram
ou deixaram de executar, o que cumpriram
e o que desprezaram diante de uma mente
poderosa e dominadora.

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