Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Ouro Preto
2019
João Pedro Nascimento
Ouro Preto
2019
João Pedro Nascimento
___________________________________________________________________________
Prof. ª Dr.ª Tatiana Ribeiro de Souza – UFOP (Orientadora)
___________________________________________________________________________
Alberto Jorge Sabino Medina (Coorientador)
___________________________________________________________________________
Profa. ª Dr.ª - UFOP Commented [AJSM1]: Qual é a referência precisa?
___________________________________________________________________________
Profa. ª Natália de Souza Lisbôa
Palavras-chave:
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
1 GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a pesquisa jurídica: teoria Formatted: Space After: 0 pt
e prática. 4ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2013.
2 Holismo foi um termo adotado por Jan Smuts no seu livro “Holism and Evolution” de 1926. Ele definiu esta
ideia como "A tendência da Natureza a formar, através de evolução criativa, "todos" que são maiores do que a
soma de suas partes". Desde Aristóteles, vê-se as raízes desta ideia, quando em sua metafísica ele afirma: “o inteiro
é mais do que a simples soma de suas partes” (...) Este conceito traz uma visão de mundo integrado, como um
organismo. Esta nova visão baseia-se na inter-relação e interdependência entre todos os fenômenos, sejam eles
físicos, biológicos, psicológicos, sociais ou culturais. Esta proposta prevê uma formulação gradual de uma rede de
conceitos e modelos interligados, além de se contrapor ao modelo mecanicista e reducionista - Holismo e Visão
Sistêmica - Portal Educação - Disponível em <<
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/holismo-e-visao-sistemica/23625>>, acesso em
02 de maio de 2019.
OTamanho é o desafio se dá na medida em que o ensino jurídico brasileiro se apresenta
parece excessivamente formalista e restrito ao estudo de Códigos, modelo ultrapassados, o que
muito contribui para a manutenção de um Direito como mero instrumento de poder e dominação
de povos, servindo mais a um sistema econômico, no qualem que a necessidade alienação3 e
controle social prevalece sobre a busca por emancipação do indivíduo e autodeterminação dos
povos.
Encontra-mose nas palavras de Costa e Sousa Júnior4, uma crítica ao enraizamento do
ensino jurídico nas bases científicas dos séculos passados:
Pode-se afirmar que o conhecimento jurídico leva às últimas consequências os
posicionamentos e as bases do conhecimento científico em geral. Isso se deve ao fato
de que a elaboração e a reprodução do conhecimento jurídico ainda estão no século
XIX, embora se inicie o século XXI, tendo o século XX se encerrado sem maiores
questionamentos acerca de sua fundamentação e produção. O conhecimento jurídico
é ainda hoje permeado por duas noções básicas: o positivismo normativista e o
direito natural. (Grifo do autor)
3 O termo alienação é a tradução mais divulgada das três palavras alemãs empregadas por Marx para expressar a
ideia de tornar-se estranho a si mesmo, não reconhecer-se em suas obras, desprender-se, distanciar-se, perder o
controle. QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro.
Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. amp. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.p.59.
4 O Direito Achado na Rua: uma ideia em movimento. O projeto O Direito Achado na Rua propõe um
conhecimento interdisciplinar que assume papel social e ético que supera a dicotomia teoria-prática.
Repensar a base curricular dos cursos de Direito no Brasil e a forma de abordagem das
disciplinas do currículo obrigatório certamente é um caminho para uma mudança no modelo de
ensino. Por esse motivo, é fundamental conhecer e compreender a política educacional adotada
pelo Ministério da Educação para os cursos jurídicos no país.
O teor do Parecer n.º 635/2018 apresenta uma revisão das diretrizes curriculares
nacionais do curso de graduação em Direito, tendo sido elaborado pela Comissão de Ensino
Superior do Conselho Nacional de Educação, órgão ligado ao MEC. O objetivo principal, na
sua elaboração, foi a construção das novas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de
graduação em Direito.
Diante disso, antes de adentrar ao conteúdo da Resolução n.º 5, de 2018, propriamente,
é imprescindível analisar as discussões que permearam a sua edição, razão que motiva o estudo
do respectivo parecer.
Sobre a necessidade da revisão das diretrizes, encontra-semos uma justificativa que vai
de encontro ao que se espera destse trabalho monográfico, isso é esboçado na introdução do
Parecer7, quando este fala da relevância da verificação da atualidade dos currículos, seja em
relação ao desenvolvimento da área de conhecimento, seja em relação aos requisitos sociais e
econômicos das atividades profissionais do(a)s egresso(a)s, bem como a articulação
interdisciplinar e as diversas possibilidades curriculares, e sua articulação com pesquisa e
onde se demonstra que desde a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) em 2004
até o ano de 2016, o curso de Direito sofreu uma ampla expansão, registrando um aumento de cerca
de 50% na oferta de cursos, e de 62% na oferta de vagas8. Em seguida, verifica-se um capítulo que
trata da cronologia das etapas regulatórias dos cursos de Direito e, por fim, chega-se à discussão
acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Direito, propriamente dito.
8INEP. BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio da Teixeira Inep. Ministério da
Educação (Comp.). Sinopses Estatísticas da Educação Superior – Graduação. 2004 a 2016. Disponível em:
<http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior>, acesso em: 20 mai. 2019.
No tópico em que se discute as DCNs é apresentado o Projeto Pedagógico, a Matriz
Curricular e a Organização e Estrutura para osdo cursos de Direito. Conforme descrito no
próprio parecer9, com as DCNs:
Percebe-se que a proposta é de um ensino que vai além do estudo das disciplinas. Mais
do que isso, ao se afirmar que a metodologia deve proporcionar uma relação de ensino-
aprendizagem que atenda a um processo de construção de autonomia, de forma
pluridimensional, dos pilares do conhecimento propostos por Delors10: aprender a conhecer,
aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, está se falando de uma proposta que
consideretrabalhe dimensões humanas pouco trabalhadas no modelo de educação atual. Nota-
se que essa proposta para articulação dos saberes muito se aproxima do que será chamado neste
trabalhochamaremos de método transdisciplinar neste trabalho, afinal a essência da
transdisciplinaridade está na perspectiva pluridimensional. No entanto, a previsão de um
tratamento transversal dos conteúdos tende mais à interdisciplinaridade.
Nota-se, portanto, que a principal normativa que estabelece as diretrizes para o Projeto
Pedagógico dos cursos de Direito no Brasil fala da necessidade de se abranger “formas de
realização de interdisciplinaridade”. Interessa a este trabalho compreender a razão pela qual tal
normativa fala da necessidade de realização do método interdisciplinar e, mais do que isso,
compreender se é possível, através de uma mudança normativa, implementar o conceito de
transdisciplinaridade, de forma que este se torne maisja conhecido e explorado nas práticas
educacionais, vindo a se tornar oum método preferencial para o desenvolvimento do Direito.
Quer por desconhecimento, quer por incompreensão, a transdisciplinaridade parece ter
sido considerada não ser pensada quando da elaboração das políticas educacionais, e isso não
só a nível de graduação, como também nos ensinos fundamental e médio. Mais adiante, no
parágrafo quarto do mesmo artigo 2º, tem-se o que parece ser uma das formas de realização da
interdisciplinaridade:
§ 4º O PPC deve prever ainda as formas de tratamento transversal dos conteúdos
exigidos em diretrizes nacionais específicas, tais como as políticas de educação
ambiental, de educação em direitos humanos, de educação para a terceira idade, de
educação em políticas de gênero, de educação das relações étnico-raciais e histórias e
culturas afro-brasileira, africana e indígena, entre outras. [Grifos do autor]
Quanto tal dispositivo diz que é objetivo da formação de bacharéis em Direito no Brasil
assegurar ao graduando em Direito sólida formação humanística, capacidade de argumentação,
interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais, aliado a uma postura reflexiva e
de visão crítica que fomente a capacidade para a aprendizagem, autônoma e dinâmica,
indispensável ao exercício do Direito, à prestação da justiça e ao desenvolvimento da cidadania,
ele está, em alguma medida, afirmando que o graduando deve ir muito além do conhecimento
dos fenômenos jurídicos. O desenvolvimento de uma postura crítica e reflexiva só se realiza na
medida em que é oferecido uma proposta de ensino que seja pensada para além das fronteiras
das disciplinas. Interpretar e valorizar fenômenos sociais requer a aprendizagem de áreas do
conhecimento que estão contidos no universo das ciências sociais - e até mesmo em outras
ciências - e que são essenciais para a formação humanística do profissional do Direito. Afinal,
não é possível o estudo do Biodireito, por exemplo, sem um mínimo conhecimento de Biologia,
da mesma maneira que não se estuda os Direitos Econômico, Financeiro e Tributário, sem
noções básicas de Economia, Contabilidade e Matemática.
2.3 Eixos de formação do Curso
opiniões pela investigação e seu pressuposto principal é a dúvida. O método zetético é analítico,
sendo assim, para resolver algum problema ou investigar a razão das coisas, questiona as
premissas de argumentação, ou seja, é cético. Commented [TR6]: Cadê a referência????
12Novamente usa-se o termo “interdisciplinaridade”, mais uma evidência de ser este o método a ser adotado pelos
cursos de graduação em Direito no Brasil.
Portanto, o isolamento do eixo das disciplinas de formação gerallegal pode causar pode
causar uma dificuldade de compreensão da necessidade destas disciplinas na formação jurídica.
A análise crítica sobre eEsse isolamento nos remete aos conceitos de multidisciplinaridade e
pluridisciplinaridade, que serão explorados mais adiante neste trabalho.
O segundo eixo de formação é predominantemente dogmático13, uma vez que é formado
por disciplinas estritamente marcadas pelo positivismo jurídico, com algumas exceções como
no caso da disciplina Teoria do Direito.
As disciplinas deste eixo são marcadas pelo estudo dose códigos, legislações, cujos
conteúdos, em geral, não estão abertos a análises reflexivas, mas orientados para a apreensão
dos conceitos e classificações considerados como válidose o seus respectivos conteúdos
relevam o ato de opinar e ressalvam algumas das opiniões e seu desenvolvimento. O
pensamento dogmático é uma forma de enfoque teórico no qual as premissas de sua
argumentação são inquestionáveis, como por exemplo, ocorre com a religião por ser a fé
inquestionável.
Antes de se falarmos do terceiro eixo de formação, sobre a relação entre zetética e
dogmática14, tem-se que:
Por fim, o terceiro eixo de formação é o da prática jurídica, onde se propõe o elo de
ligação entre a teoria ministrada no curso e o direito na sociedade. Expressão comumente usada
no Direito, tal eixo propõe a chamada praxe forense15, preparando o profissional no processo
13 O Dogmatismo é um sistema filosófico, o que significa discutível, mas contraria o próprio conceito de Filosofia ao forjar
os dogmas indiscutíveis (indicar a fonte). Formatted: Highlight
14 https:<<//jus.com.br/artigos/47684/zetetica-e-dogmatica>>, acesso em 16/05/19
15 Exprime, pois, a soma de regras instituídas pelos usos e costumes para a prática ou execução dos atos forenses,
autorizada pelas leis processuais, autorizadas pelas leis processuais ou não contrárias a elas. Por ela é estabelecido
o ritual processual a ser adotado, normalmente, na efetivação de qualquer procedimento judicial ou forense. Silva,
De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 20ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p.625.
de operacionalização do Direito. Mais do que isso, compreende as formas de realização da
função social das Instituições de Ensino e Pesquisa. Commented [TR7]: Extensão não?
Com a prática jurídica, assim como com a extensão, é possível transpor os muros da
academia e aproximar o mundo do dever-ser doao mundo do ser. Se é fundamental que os dois
primeiros eixos devam ser repensados sob a perspectiva transdisciplinar, não resta dúvidas que
este também o seja. Afinal, o contato prático demanda um olhar que esteja além do Direito
como um conjunto de normas que regulam a sociedade.
Qualisquer das carreiras jurídicas requer um profissional preparado para lidar com a
prática forense e com a complexidade das relações processuais, mas mais do que isso, o
profissional deve estar preparado para lidar com a complexidade das interações humanas.
Como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as
disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu
objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a
unidade do conhecimento
que os cursos de Direito possuem um caráter mais pluridisciplinar, na medida em que existe
uma superposição de disciplinas situadas ao mesmo nível hierárquico e agrupadas de modo que
demonstra a correlação entre elas.
Já em relação à diferença existente entre os conceitos de interdisciplinaridade e
pluridisciplinaridade Costa e Sousa Júnior (2009) explicam:
A interdisciplinaridade se impõe como forma de compreender e explicar o
mundo sem estar presa a “caixas” ou “gavetas”. Embora não negue a importância
do aprofundamento e da especialização, a tentativa de construção de um
conhecimento específico não pode fazer com que se saiba cada vez mais de muito
pouco, o que significa nada saber. Vale observar que a interdisciplinaridade busca
uma coesão de saberes diferentes (Direito, Economia, Política, Psicologia,
Sociologia, etc.), ao passo que não é desejada a produção de um conhecimento
pluridisciplinar, no dizer de Georges Gusdorf: “A prática da pluridisciplinaridade
consiste frequentemente em reunir pessoas que nada têm em comum, cada qual
falando sem escutar os outros, aos quais nada têm a dizer e das quais nada querem
ouvir” (GUSDORF, 1986, p. 19). (Grifo do autor) Commented [TR14]: A citação que você fez inclui outra
citação. Seria melhor evitar isso. Talvez encerrando em “...
Como afirmado acima, em relação à muldisciliplinaridade, os cursos de Direito podem um conhecimento pluridisciplinar (...)”
Outra coisa, você precisa uniformizar a forma de fazer
ser considerados pluridisciplinar. No entanto, a prática pluridisciplinar parece inviável na referências. Ou usa a nota de rodapé ou o sistema autor/data.
Aquele que você escolher deverá ser usado no texto todo.
medida em que existe correlação entre as disciplinas, mas não existe a coesão destas. Portanto,
em relação à pluridisciplinaridade o Direito pode ser considerado interdisciplinar. Commented [TR15]: Isso está confuso
18 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. "Pluridisciplinaridade" (verbete). Dicionário
Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002,
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=94, visitado em 5/11/2012.
à uma ideia de “empacotamento” ou “engavetamento” dos conteúdos, o que aparenta ser uma
contradição.
Ver a conceituação de transdisciplinaridade apresentada pela professora Tatiana em sua
tese
Outra diferença entre inter, multi e transdisciplinaridade pode ser encontrada no artigo
6 da Carta da Transdisciplinaridade, segundo o qual, : “
cCom relação à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade, a transdisciplinaridade é
multireferencial e multidimensional. Embora levando em conta os conceitos de tempo e
História, a transdisciplinaridade não exclui a existência de um horizonte transhistórico”19.
19Um horizonte transhistórico é aquele que nega a linearidade histórica. Um horizonte que afirma que a história
vai além de sua própria narrativa e ultrapassa as barreiras de tempo e espaço. (Opinião minha. Posso afirmar isso,
professora?).
20 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. "Interdisciplinaridade" (verbete). Dicionário
Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002,
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=327, acesso em: 29 de abril de 2019.
(MEC), a interdisciplinaridade não pretende acabar com as disciplinas, mas utilizar os
conhecimentos de várias delas na compreensão de um problema, na busca de soluções,
ou para entender um fenômeno sob vários pontos de vista.
Em que pese ser uma orientação para o ensino médio, é inevitável afirmar que a
tendência é a adequação de todos os currículos (médio e superior) ao método interdisciplinar.
Isso, porque, infelizmente o processo de educação, quando dividido em classes (fundamental,
médio e superior), nos leva à falsa crença de progressão linear do processo aprendizagem.
Ademais, como a LDB é simplesmente a principal lei sobre educação no país, o que nos permite
reafirmar pode-se esperar a a tendência dede reprodução do método interdisciplinar também no
ensino superior.
Nas precisas palavras de Ribeiro de Souza (2013):
A interdisciplinaridade, apesar de ser uma orientação relativamente recente, por parte
dos órgãos de fiscalização do ensino superior, parece-me interesse típico dos
pesquisadores, para quem todas as coisas que possam, de alguma forma, estar
relacionadas ao seu objeto de pesquisa causam profundo interesse.
(...) A interdisciplinaridade como princípio norteador da produção acadêmica aparece
como um a alternativa ao fetiche da especialização21. A particularização excessiva do
conhecimento, que gera um exército de ‘profundos especialistas do micro
conhecimento’, tem levado a avanços tecnológicos e científicos no campo da biologia,
da física, da química e de outras ciências naturais e exatas, contudo, sem o
correspondente avanço nas Ciências Sociais. (p.39/40)
A física clássica se baseia nos conceitos de continuidade, causalidade local, Commented [TR17]: É preciso deixar mais claro qual é a
diferença entre física clássica e física moderna e o porquê
determinismo e objetividade. dessas denominações.
Romper com concepções as anteriores talvez seja o grande desafio da ciência jurídica. Commented [TR18]: É preciso desenvolver mais o
parágrafo de encerramento do tópico
Commented [AJSM19]: Penso que você poderia
administrar melhor esta cita de Chauí , no sentido que fica
muito próximo as demais citas
22“Deve-se entender por nível de realidade um conjunto de sistemas invariantes sob a ação de um número de leis
gerais. (...) Isso quer dizer que dois níveis de realidade são diferentes se, passando de um ao outro, houver ruptura
das leis e ruptura dos conceitos fundamentais (como, por exemplo, a causalidade) (...) Contudo, não há nada de
catastrófico nisso. A descontinuidade que se manifestou no mundo quântico manifesta-se também na estrutura dos
níveis de realidade. Isto não impede os dois mundos de coexistirem. A prova: nossa própria existência. Nossos
corpos têm ao mesmo tempo uma estrutura macrofísica e uma estrutura quântica.” Nicolescu (1999, p. 31-32)
3.1.3 A separação dos eixos de formação e o método transdisciplinar
Os desafios para uma formação crítica em Direito são muitos e todos eles refletem a
necessidade de se pensar um ensino menos formalista e mais humanizado. É mister reconhecer
que o ensino jurídico passa por um momento de crise na qual há um questionamento sobre do
perfil dos egressos das faculdades de Ddireito e a capacidade destes de exercerem a atividade
jurídica de acordo com as premissas Constitucionais e as normas do Estado Democrático de
Direito.
Diante do atual cenário do ensino e da atividade jurídica no país, muito se ouve a
respeito da capacidade que os cursos têm de formar profissionais que sejam cada vez mais
preparados para lidar com o ordenamento jurídico instituído pela Constituição Federal de 1988,
onde os profissionais do Direito devem atuar como verdadeiros construtores da Democracia,
pautados principalmente pelono princípio da dignidade da pessoa humana.
O desafio para se pensar uma formação crítica em Direito passa, inevitavelmente, por
uma reflexão histórica acerca do desenvolvimento da ideia de ciência, e principalmente da ideia
de ciência jurídica propriamente dita. É de extrema importância compreender as bases sobre as
quaisem que se funda a ciência do Direito e toda a lógica em seu entorno, para então
compreender a história do ensino jurídico.
Antes de se falarfalarmos da ciência do Direito e dos desafios para uma formação crítica,
é imprescindível contextualizar aquilo que se chama de “universalismo científico”. Este
conceito aparece naSobre isso obra de, Wallerstein, em sua obra intitulada “O universalismo
europeu: a retórica do poder”, na qual o autor afirma que:
O universalismo científico e a asserção de regras objetivas governam todos os
fenômenos a todo instante. Desde a segunda metade do século XVIII, pelo menos, o
modelo humanista sofre violento ataque. (...) O discurso do orientalismo, baseado nas
certezas trazidas pelo universalismo europeu de base teleológica, que tratava de
particularidades essencialistas, foi rejeitado como meramente subjetivo e, portanto,
passível de questionamento (não mais certo), tendo sido substituído pelas certezas da
ciência, encarnadas nas premissas newtonianas de linearidade, determinismo e
reversibilidade temporal (p. 85/86).
23
Sobre o tema, ver o texto A AULA MÁGICA DE LUIS ALBERTO WARAT (CITAR NAS NORMAS DA
ABNT)
24FERRAZ JR. Tércio S. Introdução ao Estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 4.ed. São Paulo: Atlas,
2003. p.16.
promover um ensino jurídico que vá além da reprodução de conhecimentos onde alunos e
profissionais parecem distantes da realidade, um ensino onde os indivíduos não queiram apenas
ser engrenagens de um sistema.
Se a transdisciplinaridade nos parece utópica, nada mais justo do que lutar por ela,
afinal, toda utopia deve ser o horizonte pelo qual se devemos caminhar. Acreditar na segurança
trazida por uma ciência jurídica objetiva e cheia de verdades é acreditar que a sociedade não
está em constante transformação. Como ciência social aplicada, como ciência essencialmente
humana, o Direito devemos nos ater estar atento às suas subjetividades e suas imperfeições. Só
assim será possível construir uma ciência do Direito que não esteja alheia às mazelas sociais,
só assim o Direito coincidiráse confundirá com a Justiça.
O direito construído por uma sociedade é o reflexo de seu povo e de suas instituições.
As suas instituições de ensino como um todo, e não somente as faculdades de ensino jurídico,
têm um papel fundamental nesta construção, sendo impossível pensar na transformaevolução
social sem uma educação libertadora que promova, antes de tudo, o desenvolvimento humano.
Portanto, está lançado o desafio de se construir um ensino cuja formação seja crítica e o
desenvolvimento de competências esteja além da reprodução do conhecimento, onde o
conhecimento não esteja limitado aos conteúdos programáticos, que como o próprio nome diz
serve para programar, robotizar. Talvez tal objetivo só seja alcançado se um dia conseguirmos
com que método a transdisciplinaridade for seja implementada,o não somente na formação de
bacharéis em Direito, mas em toda educação, desde aà base. Isso importa na mudança de nossas
políticas educacionais e consequente na mudança dna legislação.
5 CONCLUSÃO
CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia – São Paulo – SP: Editora Ática, 2004
FERRAZ JR. Tércio S. Introdução ao Estudo do direito: técnica, decisão, dominação. 4.ed.
São Paulo: Atlas, 2003.
GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a pesquisa
jurídica: teoria e prática. 4ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2013.
________________________________________________________."Interdisciplinaridade"
(verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix
Editora, 2002. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=327.,
acesso em: 30 de abril de 2019.
QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia
Monteiro. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. amp. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2002.
SOUSA JUNIOR, José Geraldo de. Introdução crítica ao direito à saúde. Brasília: Editora
Universidade de Brasília, 2009 (Série Direito Achado na Rua, 4.).
STRECK, Lênio Luiz. O que isto: decido conforme a minha consciência. 4ª ed. Porto Alegre:
livraria do Advogado. 2013.
http://www.cetrans.com.br/assets/docs/CARTA-DA-TRANSDISCIPLINARIDADE1.pdf.
Acesso 20 em março de 2019
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18769&rev
ista_caderno=13. Acesso em 10 de junho de 2019.