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O Processo Penal
O advogado pode consultar os autos, requerer a confiança do processo1 bem como obter
extratos, cópias e certidões (art. 89.º).
A Portaria 209/2017 regulamenta o regime do requerimento, da emissão, da disponibilização
e da consulta da certidão eletrónica no âmbito dos tribunais judiciais.
É permitida a entrada dos mandatários judiciais nas secretarias (cfr. art. 46.º, nº2 do ROFTJ e
art. 79.º, nº2 do EOA);
Os pareceres de advogados, de jurisconsultos ou de técnicos devem ser juntos no decurso do
inquérito ou da instrução e, não sendo possível, devem sê-lo até ao encerramento da audiência
(art. 165.º, nº3);
Havendo lugar à tomada de declarações para memória futura, ao advogado é comunicado o dia,
a hora e o local da prestação do depoimento, para que possa estar presente se o desejar.
Comparecendo, pode solicitar ao juiz a formulação de perguntas, podendo o juiz autorizar que
seja ele mesmo a fazê-las (arts. 271.º, nº3 e 294.º);
O advogado pode estar presente na inquirição de recluso (art. 82.º-B da LOSJ);
As notificações do arguido, do assistente e das partes civis podem ser feitas ao respetivo
defensor ou advogado. Ressalvam-se as notificações respeitantes à acusação, à decisão
instrutória, à designação de dia para julgamento e à sentença, bem como as relativas à aplicação
de medidas de coação e de garantia patrimonial e à dedução do pedido de indemnização civil,
as quais, porém, devem igualmente ser notificadas ao advogado defensor nomeado. Neste caso,
o prazo para a prática de ato processual subsequente conta-se a partir da data da notificação
efetuada em último lugar (art. 113.º, nº10).
As notificações ao advogado (ou ao defensor nomeado), quando outra forma não resultar da lei,
são feitas por via eletrónica. Todavia, quando tal não for possível, as notificações são feitas
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Cfr. arts. 165.º e 166.º e 171.º do CPC.
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mediante contacto pessoal com o notificando e no lugar em que este for encontrado; via postal
registada2, por meio de carta ou aviso registados; via postal simples, por meio de carta ou aviso,
nos casos expressamente previstos ou por telecópia (articuladamente os nºs 11 e nº1, als a) a c)
do art. 113.º, na redação decorrente da Lei 1/2018).
A falta injustificada de comparecimento de advogado constituído ou nomeado no processo
quando regularmente notificado é dado conhecimento ao organismo disciplinar da O.A (art.
116.º, nº3 CPP e art. 121.º, nº1 do EOA). De realçar que o disposto no art. 117.º, no que se
refere aos elementos exigíveis de prova com vista à justificação de falta de comparecimento,
não se aplica aos advogados (art. 117.º, nº8).
No julgamento:
Nenhum juiz pode exercer a sua função num processo penal quando tiver intervindo no
processo, designadamente, como advogado do assistente ou da parte civil (art. 39.º, nº1, al. c));
O Tribunal deve marcar a data da audiência de modo a evitar a sobreposição com outros atos
judiciais a que os advogados tenham obrigação de comparecer, aplicando-se, para esse efeito, o
art. 151.º do CPC (art. 312.º, nº4).
O despacho que designa dia para a audiência de julgamento é notificado ao advogado, pelo
menos 30 dias antes da data fixada para a audiência (art. 313.º, nº2);
Em caso de falta do advogado, a audiência de julgamento prossegue (tratando-se de crime
público e semipúblico), sendo o faltoso admitido a intervir logo que comparecer (art. 330.º, nº2,
1ª parte).
A falta do assistente ou das partes civis à audiência de julgamento não dá lugar ao seu
adiamento, sendo, neste caso, representados para todos os efeitos legais, pelo respetivo
advogado (art. 331.º, nº1);
No âmbito das exposições introdutórias, o advogado pode indicar sumariamente e no prazo de
10 minutos, os factos que se propõe provar (art. 339.º, nº2);
Ao advogado não são permitidas interferências nas declarações do arguido, nomeadamente
sugestões quanto ao modo de declarar (art. 343.º, nº5);
O advogado pode solicitar que sejam tomadas declarações ao assistente, ao responsável civil e
ao lesado, na audiência de julgamento (arts. 346.º, nº1 e 347.º, nº1);
A testemunha deve ser inquirida por quem a indicou, sendo depois sujeita a
contrainterrogatório (art. 348.º, nº4);
2 Quando efetuadas por via postal registada, as notificações presumem-se feitas no terceiro dia posterior ao do
seu envio, quando seja útil, ou no primeiro dia útil seguinte a esse, quando o não seja, devendo a cominação
aplicável constar do ato de notificação (art. 113.º, nº2, alterado pela Lei 1/2018).
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O advogado pode sugerir quaisquer pedidos de esclarecimento ou perguntas úteis para a boa
decisão da causa, relativamente a declarações de peritos e consultores técnicos (art. 350.º)
Finda a produção de prova, o presidente concede a palavra ao advogado para alegações orais
nas quais exponha as conclusões de facto e de direito, que haja extraído da prova produzida
(art. 360.º, nº1 – ver os nºs 2,3 e 4).
No processo sumário, finda a produção de prova, a palavra é concedida, por uma só vez, entre
outros, ao representante do assistente e das partes civis, pelo prazo máximo de 30 minutos (art.
389.º, nº6);
No processo abreviado, finda a produção da prova, é concedida a palavra, por uma só vez, entre
outros, ao representante do assistente (e das partes civis), o qual pode usar dela por um máximo
de 30 minutos, prorrogáveis se necessário e assim for requerido. É admitida réplica por um
máximo de 10 minutos (art. 391.º-E, nº2).
Nos recursos:
Os preceitos suprarreferidos são comuns às intervenções dos advogados do assistente e das partes civis.
Acrescente-se, no entanto, as seguintes disposições respeitantes apenas ao advogado do assistente:
A queixa, nos crimes semipúblicos e particulares, pode ser apresentada por mandatário judicial
(arts. 49.º, nº3 e 50.º, nº3);
Se o mandado de comparência (em ato de inquérito) se referir ao assistente ou ao denunciante
com a faculdade de se constituir assistente representado por advogado, este deve ser informado
da realização da diligência para, querendo, estar presente (arts. 273.º, nº3 e 70.º, nº3 do CPP; o
art. 20.º, nº2 da CRP; e o art. 26.º, nº2 da LOSJ).
Na instrução:
O assistente e o seu advogado podem assistir aos atos de instrução requeridos e suscitar
pedidos de esclarecimento ou requerer que sejam formuladas as perguntas que entenderem
relevantes para a descoberta da verdade (art. 289.º, nº2);
O juiz, depois de abrir o debate instrutório, concede a palavra, entre outros, ao advogado do
assistente para que este, querendo, requeira a produção de provas indiciárias suplementares
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que se propõe apresentar, durante o debate, sobre questões concretas controversas (art, 302.º,
nº2);
Antes de encerrar o debate instrutório, o juiz concede de novo a palavra ao advogado para que,
querendo, formule em síntese as suas conclusões sobre a suficiência ou insuficiência dos indícios
recolhidos e sobre questões de direito de que dependa o sentido da decisão instrutória (art.
302.º, nº5).
No julgamento:
Requerimentos
Escritos
Cabeçalho
Intróito
Corpo
Conclusão
Em diligência:
Corpo
Conclusão
Mandato/Procuração Forense
Mandato: art. 1157.º do CC (noção). O mandato pode ser com ou sem representação (arts. 1178.º e ss.
do CC). Por sua vez, a procuração: noção art. 262.º, nº2 do CC.
A legislação especial constante do DL 267/92, no seu art. único, dispensa a intervenção notarial nas
procurações passadas a advogados, quer concedam simples poderes forenses gerais, quer poderes
especiais para que o advogado possa desistir do pedido ou da instância, confessar o pedido ou transigir.
Por seu turno, o DL 32/91 aprova a abolição do reconhecimento notarial da assinatura do advogado
no ato de substabelecimento.
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Os requerimentos dos participantes processuais (que não o arguido) que se encontrarem representados
por advogados são assinados por estes, salvo se se verificar impossibilidade de eles o fazerem e o
requerimento visar a prática de ato sujeito a prazo de caducidade (art. 98.º, nº2). No entanto, o TRP
decidiu que, “o requerimento para a constituição de assistente pode ser subscrito pelo ofendido”.
Apoio Judiciário
A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para a defesa dos seus direitos e interesses
legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos (art.
6.º, nº3, al. c) da CEDH; art. 20.º, nº1 CRP; e art. 26.º, nº1 LOSJ).
É garantida à vítima de violência de crime de violência doméstica, consulta jurídica a efetuar por
advogado, bem como a célere e subsequente concessão de apoio judiciário, com natureza urgente (art.
25.º, nº1 da Lei 112/2009).
O requerimento de proteção jurídica é apresentado nos serviços de Segurança Social (art. 22.º da lei
34/2004). O prazo para conclusão do procedimento e decisão é de 30 dias, decorrido o qual, sem que
tenha proferido uma decisão, considera-se tacitamente deferido o pedido de proteção jurídica (art. 25.º,
nºs 1 e 2 da Lei 34/2004).
Nos termos do art. 24.º, nº4 da Lei, quando o pedido de apoio judiciário é apresentado na pendência de
ação judicial e o requerente pretende a nomeação de patrono, o prazo que estiver em curso interrompe-
se com a junção aos autos do documento comprovativo da apresentação do requerimento com que é
promovido o procedimento administrativo.
O prazo interrompido inicia-se, conforme os casos, a partir da notificação ao patrono nomeado da sua
designação ou da notificação ao requerente da decisão de indeferimento do pedido de nomeação de
patrono (art. 24.º, nº5, als. a) e b) da Lei).
A decisão final sobre o pedido de apoio judiciário é notificada ao requerente, à O.A (quando o pedido
envolver a designação de patrono) e ao tribunal (é o tribunal que notifica a parte contrária, podendo
esta impugnar a decisão cfr art, 26.º, nº4, in fine e nº5 da Lei 34/2004) onde os pedidos de constituição
como assistente ou para abertura de instrução foram formulados (arts. 26.º, nºs 1 e 4, e 29.º, nº2 da Lei;
e ainda os arts. 30.º, nº1 e 45.º, nº2 da Lei).
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O advogado (no exercício da profissão) tem o direito de solicitar em qualquer tribunal ou repartição
pública o exame de processos, livros ou documentos que não tenham caráter reservado ou secreto, bem
como requerer, oralmente ou por escrito, que lhe sejam fornecidas fotocópias ou passadas certidões,
sem necessidade de exibir procuração (art. 79.º, nº1 do EOA).
Uma das novidades introduzidas no CPP pela lei 48/2007, prendeu-se com as alterações ao regime
jurídico do segredo de justiça. Com efeito, nos termos do art. 86.º, nº1, o processo pena é, sob pena de
nulidade, público, ressalvadas as exceções previstas na lei. Tais exceções dizem respeito, sobretudo, à
fase do inquérito, pelo que na fase da instrução domina em pleno o princípio da publicidade.
Nos termos do art. 89.º, nº4, o arguido e o assistente podem requerer à autoridade judiciária competente
o exame gratuito dos autos fora da secretaria, devendo o despacho que autorizar fixar o prazo para o
efeito. Já por imposição do art. 89.º, nº5, são correspondentemente aplicáveis as disposições da lei
processual civil respeitantes à falta de restituição do processo dentro do prazo. Nesta conformidade, v.
arts. 165.º e 166.º.
Sublinhamos que, no exercício da sua profissão, o advogado tem o direito de solicitar em qualquer
tribunal ou repartição pública o exame de processos, livros ou documentos que não tenham caráter
reservado ou secreto, bem como de requerer, oralmente ou por escrito, que lhe sejam fornecidas
fotocópias ou passadas certidões, sem necessidade de exibir procuração (art. 79.º, nº1 EOA).
Quando o processo não se encontrar sujeito a segredo de justiça (art. 86.º, nº1) ou quando o mesmo for
levantado (art. 86.º, nºs 4 e 5), o arguido, o assistente, o ofendido, o lesado e o responsável civil podem
requerer à autoridade judiciária competente o exame gratuito dos autos fora da secretaria (art. 89.º, nºs
4 e 5). Cfr. arts. 165.º (confiança do processo) e 166.º.
Importa ter presente que a vítima tem direito a consultar o processo e a obter cópia das peças
processuais nas mesmas condições em que tal é permitido ao ofendido nos termos previstos no CPP
(art. 67.º-A CPP e 11.º, nº5 EV).
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Inquérito
Sendo o inquérito a fase processual onde normalmente são aplicadas as medidas de coação, o acesso ao
conteúdo dos autos nesta fase assume particular relevo sobretudo no que toca à possibilidade de o
arguido reagir contra o despacho que decretou ou manteve essas medidas (art. 196.º e ss).
Com a revisão do CPP, a fase do inquérito passou a ser desenvolvida de forma pública, ressalvadas as
exceções previstas na lei, isto é, atualmente, no decurso do inquérito, o segredo de justiça assume
caráter excecional, dependendo da observação de certos requisitos.
O arguido, o assistente ou o ofendido podem requerer ao juiz de instrução (o qual ouve o MP e decide
por despacho irrecorrível) a sujeição do processo a segredo de justiça, quando entenderem que a
publicidade prejudica os seus direitos (art. 86.º, nºs 1 e 2).
Ademais, sempre que o MP entender que os interesses da investigação ou dos direitos dos sujeitos
processuais o justifiquem, pode determinar a aplicação ao processo, durante a fase do inquérito, do
segredo de justiça, ficando essa decisão sujeita a validação pelo juiz de instrução no prazo máximo de
72h (art. 86.º, nº3).
O regime da consulta de auto e obtenção de certidões e informação por sujeitos processuais consta do
art. 89.º. Assim, durante o inquérito, o arguido, o assistente, o ofendido, o lesado e o responsável civil
podem consultar, mediante requerimento, o processo ou elementos dele constantes, bem como obter os
correspondentes extratos, cópias ou certidões (art. 89.º, nº1, 1ª parte). Porém, esta faculdade não poderá
ser exercida se, tratando-se de processo que se encontre sujeito a segredo de justiça (art. 86.º), o MP a
isso se opuser fundamentadamente. Neste caso, o requerimento é presente ao juiz que decide por
despacho irrecorrível (art. 89.º, nº 1, 2ª parte e nº 2).
Durante o inquérito, os requerimentos para exame dos autos fora da secretaria devem ser dirigidos ao
MP que tem competência para decidir, por despacho fundamentado, considerando o dever geral de
fundamentação do art. 97.º, nºs 3 e 5.
Importa ainda destacar que, apesar de o processo se encontrar em segredo de justiça, mantém-se a
possibilidade de passagem de certidões, nos termos do art. 86.º, nºs 9, 11 e 12.
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Findos os prazos de duração máxima do inquérito (art, 276.º), o arguido, o assistente e o ofendido
podem consultar todos os elementos do processo que se encontrem em segredo de justiça, nos termos
e limitações constantes do art. 89.º, nº 6.
Por outro lado, o assistente (ou o ofendido) pode ter acesso total aos autos após o despacho de
arquivamento de forma a decidir se requer ou não abertura de instrução e, em especial, para lhe permitir
determinar quais as eventuais diligências omitidas ou deficientemente realizadas durante o inquérito
que deverão, em sua opinião, ter lugar na fase de instrução.
De resto, qualquer pessoa que nisso revelar interesse legítimo, pode pedir que seja admitida a consultar
auto de um processo que não se encontre em segredo de justiça e que lhe seja fornecido, à sua custa,
extrato ou certidão de auto ou de parte dele (art. 90.º, nº1, 1ª parte).
Mediação Penal
A mediação penal consubstancia num processo informal e flexível, conduzido por uma terceira pessoa
imparcial. Com efeito, o mediador deve não só promover a aproximação entre o arguido e o ofendido,
como apoiá-los na tentativa de encontrar um acordo que permita a reparação dos danos causados pelo
facto ilícito e contribua para a restauração da paz social (definição: art. 4.º)
A mediação em processo penal pode ter lugar em processo por crime cujo procedimento dependa de
queixa (neste caso, quando se trate de crime contra as pessoas ou de crime contra o património) ou de
acusação particular (art. 2.º, nºa 1 e 2 da Lei 21/2007).
Independentemente da natureza do crime, a mediação penal não pode ter lugar nos seguintes casos
(art. 2.º, nº3, als. a) a e)):
Admissibilidade e legitimidade
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O MP, em qualquer momento da fase do inquérito, pode remeter o processo para a mediação penal3,
em conformidade com o regime previsto na Lei nº 21/2007, contanto sejam observados os seguintes
pressupostos (art. 3.º, nº1 da Lei):
Terem sido recolhidos indícios de se ter verificado crime e ter sido o arguido o seu agente; e
Entender-se que desse modo se pode responder adequadamente às exigências de prevenção
que, no caso, se façam sentir.
Para além do MP (que pode oficiosamente remeter o processo para mediação) também o arguido e o
ofendido podem requerer a sujeição do processo a este meio alternativo de resolução de litígios (neste
caso, independentemente da verificação dos requisitos enunciados).
Prazos
A remessa do processo para mediação determina a suspensão do prazo para a dedução de acusação por
parte do MP (previsto no art. 283.º, nº1), bem como dos prazos de duração máxima do inquérito
(enunciados no art. 276.º).
Para além disso, os prazos de prescrição do procedimento criminal suspendem-se desde a remessa do
processo para mediação até à sua devolução pelo mediador ao MP. Em caso de acordo, esses prazos
suspendem-se até à data fixada para o seu cumprimento (art. 7.º, nºs 1 e 2 da Lei 21/2007).
Acordo
Se do processo de mediação resultar acordo, o mesmo deve ser transmitido ao MP (art. 5.º, nº 3).
Caso o acordo não seja cumprido no prazo fixado, o ofendido pode renovar a queixa no prazo de um
mês, sendo reaberto o inquérito (art. 5.º, nº4, 2ª parte).
Depois de reaberto, o processo retoma o seu iter judicial, cominando numa das seguintes possibilidades:
3
Tal como o arquivamento em caso de dispensa da pena (art. 280.º) e a suspensão provisória do processo
(arts. 281.º e 282.º), o envio do processo para mediação penal constitui igualmente uma manifestação do
princípio da oportunidade.
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A Portaria nº 280/2013, regula vários aspetos da tramitação eletrónica dos processos judiciais. Os
processos penais passaram a ficar abrangidos pela tramitação, todavia apenas a partir da fase de
julgamento (art. 1.º, nº2, da Portaria).
Para efeitos do exposto, a Portaria regulamenta vários aspetos, os quais destacamos aqui a apresentação
do requerimento de interposição de recurso, das motivações, da reclamação contra a não admissão ou
retenção do recurso, nos termos dos arts. 405.º, 411.º e 423.º do CPP.
A apresentação de peças processuais por via eletrónica por mandatário constituído ou defensor
nomeado em processo penal é agora efetuada através do sistema informático CITIUS (sublinha-se que
só é possível a partir da fase de julgamento), abandonando-se a possibilidade de apresentação de peças
mediante entrega na secretaria, envio por correio postal, faz ou correio eletrónico.
Ainda de mencionar a Lei 1/2018, a qual permite a notificação eletrónica de advogados e defensores
oficiosos no âmbito do processo penal (art. 113.º, nºs 11 e 12).
a) Juiz
b) MP
c) Arguido
d) Assistente
e) Defensor (advogado do arguido)
Participantes processuais: participam no processo, mas não influenciam concretamente a sua
tramitação, isto é, elas não exercem direitos autónomos no processo. Ex.:
a) Testemunhas
b) Peritos
c) Órgãos de polícia criminal
d) Suspeitos
e) Ofendido
Ofendido
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O ofendido é o titular dos interesses que a lei especialmente quis proteger com a incriminação (art. 68.º,
nº1, al. a) CPP e 32.º, nº7 CRP).
O ofendido tem o direito de intervir no processo, nos termos da lei (art. 32.º, nº7 CRP).
O ofendido tem legitimidade para apresentar queixa e para se constituir assistente no processo (cfr. art.
68.º), sendo certo que se o crime em causa tiver natureza particular tal constituição é mesmo obrigatória
(cfr. arts. 50.º, nº1; 68.º, nº2 e 246.º, nº4).
Depois de determinado o titular do direito de queixa (ou de acusação particular), ele pode constituir-se
assistente no processo, nos termos do art. 68.º, nº1, al. c).
Depois de determinado o titular do direito de queixa (ou de acusação particular), ele pode constituir-se
assistente no processo, nos termos do art. 68.º, nº1, al. d).
Lesado
O lesado é todo aquele que tenha sofrido, em consequência do crime, prejuízos no seu património
material ou moral e que, de acordo com a lei civil, mereça a proteção do direito (arts. 74.º, nº1 do CPP
e art. 483.º do CC).
O lesado, sendo aquele que sofreu danos ocasionados pelo crime (art. 74.º) pode coincidir (e
normalmente coincide) com a figura do ofendido e, por isso, pode também constituir-se assistente (não
por ser lesado, mas por ser ofendido). Em razão da sua qualidade de lesado, pode apenas intervir no
processo como parte civil formulando PIC.
Queixoso
queixoso, podemos dizer que, no âmbito de crimes semipúblicos e particulares, esta figura é
determinante para o desencadeamento do procedimento criminal (e também para efeitos de desistência
de queixa: arts. 116.º, nºs 2 e 3 do CP e 51.º do CPP). Com efeito, nos crimes desta natureza, o processo
criminal só se inicia com a apresentação da queixa pelos respetivos titulares desse direito (caso
contrário, o MP carece de legitimidade para abrir o inquérito (arts. 48.º e ss. e 262.º, nº2). Por força do
art. 68.º, nº1, al. b), as pessoas de cuja queixa ou acusação particular depender o procedimento podem
constituir-se assistentes no processo (se o não fizerem não são sujeitos processuais).
Assistente
A figura do assistente está prevista, em termos genéricos, nos arts. 68.º a 70.º.
O assistente é um sujeito processual que intervém no processo penal como colaborador do MP (art.
69.º).
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A constituição de assistente é obrigatória nos crimes particulares (arts, 50.º, nº1; 68.º, nº2 e 246.º, nº4)
e facultativa nos crimes públicos e semipúblicos (art. 68.º, nº3).
É possível a constituição de assistente nos processos especiais. Com efeito, no processo sumário, as
pessoas com legitimidade para tal podem constituir-se assistentes se assim o solicitarem, mesmo que
só verbalmente, no início da audiência (art. 388.º). Relativamente aos processos abreviado e
sumaríssimo, regem os arts. 391.º-B, nº3 e 392.º, nº2.
Vítima
O conceito de vítima consta do art. 67.º-A, nº1, al. a), subals. I) e ii) do CPP introduzido pela Lei
130/2015, que também aprovou o Estatuto da Vítima.
Embora os conteúdos das noções de vítima e de lesado apresentem similitudes, podemos desde logo
distingui-los ao nível do elemento subjetivo, já que a vítima é sempre uma pessoa singular, ao passo
que o lesado também pode ser uma pessoa coletiva.
No entanto, as verdadeiras diferenças entre estes sujeitos processuais verificam-se ao nível do leque
dos direitos que constituem o núcleo jurídico de cada um deles. De facto, o lesado, enquanto tal,
intervém apenas no que diz respeito ao PIC. Por seu turno, a vítima goza, entre outros, dos direitos de
informação, de assistência, de proteção e de participação ativa no processo penal, previstos no CPP e
no EV. Para além disso, a vítima tem direito a colaborar com as autoridades policiais ou judiciárias
competentes, prestando informações e facultando provas que se revelem necessárias à descoberta da
verdade e à boa decisão da causa (art. 67.º-A, nºs 4 e 5). Nesta conformidade, podemos concluir que a
posição jurídico-processual da vítima é mais abrangente e reforçada do que a do lesado.
Arguido
Dispõe o art. 57.º, nº1 CPP que “assume a qulidade de arguido todo aquele contra quem for deduzida acusação
ou requerida instrução num processo penal”.
a) Correndo inquérito contra pessoa determinada, em relação à qual haja suspeita fundada da
prática de crime, esta prestar declarações perante autoridade judiciária ou OPC;
b) Tenha de ser aplicada qualquer pessoa uma medida de coação ou garantia patrimonial;
c) Um suspeito foi detido (nos termos e para os efeitos previstos nos arts. 254.º a 261.º CPP);
d) Tenha sido levantado um auto de notícia que dê uma pessoa como agente de um crime e aquele
lhe for comunicado, salvo se a notícia for manifestamente infundada.
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Trata-se, pois, de uma qualificação processual atribuída a todo aquele contra quem foi aberto inquérito,
deduzida acusação ou requerida instrução num processo penal e que, por isso, seja considerado suspeito
da prática de um crime.
A constituição de arguido realiza-se através da “comunicação, oral ou por escrito, feita ao visado por
uma autoridade judiciária ou um OPC, de que a partir desse momento aquele deve considerar-se
arguido num processo penal, e da indicação e, se necessário, explicação dos direitos e deveres
processuais” que passe a deter.
A constituição de arguido feita por OPC é comunicada à autoridade judiciária no prazo de 10 dias e por
esta apreciada em ordem à sua validade no prazo de 10 dias.
A constituição de arguido implica a entrega, sempre que possível no próprio ato, de documento do qual
constem a identificação do processo e do defensor, se tiver sido nomeado e dos direitos e deveres
processuais (art. 60.º).
O arguido tem, processualmente, direitos (entre outros, direito de não dizer a verdade sobre os factos
que lhe são imputados; direito ao silêncio; direito ao recurso; direito a constituir advogado ou solicitar
a nomeação de um defensor; direito a ser informado dos factos que lhe são imputados antes de prestar
declarações perante qualquer entidade) e deveres processuais (entre outros, o dever de responder com
verdade sobre a sua identificação; dever de comparência pessoal nos atos para que é convocado) – art.
61.º CPP, sem prejuízo de lhe poderem ser aplicadas medidas de coação e de garantia patrimonial e da
efetivação de diligências probatórias.
Nos termos do art. 60.º, nº5, “a omissão ou violação das formalidades” referidas “implica que as
declarações prestadas pela pessoa visada não possam ser utilizadas como prova”.
Assim, o arguido num processo de natureza acusatória é sujeito e não objeto do processo.
De acordo com o art. 59.º, nº2, a pessoa sobre quem recair a suspeita da prática de um crime pode ser
constituída, a seu pedido, como arguida, sempre que estiverem a ser realizadas diligências destinadas a
apurar a sua responsabilidade.
Detenção
Em flagrante delito;
Fora de flagrante delito;
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É efetuada ou:
É também utilizada:
(iv) Para assegurar a presença imediata ou no mais curto prazo, mas sem nunca exceder 24
horas, do detido perante a autoridade judiciária competente para a prática de
determinado ato processual.
Sempre que qualquer entidade policial proceder a uma detenção, comunica-a de imediato ao juiz do
qual dimanar o mandato de detenção; nos restantes casos, ao MP.
Interrogatórios
Ocorre quando o arguido detido, que não for interrogado pelo juiz de instrução em ato seguido à
detenção, é apresentado ao MP competente, podendo este ouvi-lo sumariamente.
Após o interrogatório, o MP, se não libertar o arguido, providencia para que ele seja presente ao juiz
de instrução.
Nos casos de terrorismo, criminalidade violenta ou altamente organizada, o MP pode determinar que
o detido não comunique com pessoa alguma, salvo o defensor, antes do primeiro interrogatório judicial.
Ocorre quando o arguido detido, que não deva ser de imediato julgado, é interrogado pelo juiz de
instrução no prazo máximo de 48h após a detenção, logo que lhe for presente, com a indicação
circunstanciada dos motivos da detenção e das provas que a fundamentam; é efetuado com a assistência
do MP e do defensor.
Quanto à sua identificação, o arguido deve responder e com verdade, implicando a falsidade das suas
responstas responsabilidade criminal.
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1. Dos seus direitos e deveres processuais e, se for necessário, dos factos que lhe são
concretamente imputados (art. 141.º, nº4, al. d));
2. E de que, não exercendo o direito ao silêncio, as declarações que prestar poderão ser utilizadas
no processo, mesmo que seja julgado na ausência ou não preste declarações em audiência de
julgamento, estando sujeitas à livre apreciação da prova.
Sempre que o arguido prestar declarações, ainda que se encontre detido ou preso, deve encontrar-se
livre na sua pessoa, salvo se forem necessárias cautelas para prevenir o perigo de fuga ou ato de
violência (art. 140.º, nº1 CPP).
Quando haja defensor, este é notificado para a diligência com, pelo menos, 24h de antecedência, salvo
nos casos de interrogatório judicial de arguido detido ou nos casos de extrema urgência (art. 272.º,
nº2).
O interrogatório do arguido não pode ser efetuado entre as 0 e as 7 horas e tem a duração máxima de
4 horas, podendo ser retomado, em cada dia, por uma só vez e idêntico prazo máximo, após um intervalo
mínimo de 60 minutos. Sublinhe-se que as declarações prestadas além deste limite são nulas, não
podendo ser utilizadas como prova (art. 103.º, nºs 3 a 5).
Para além disso, o interrogatório do arguido tem a duração máxima de 4horas, podendo ser retomado,
em cada dia, por uma só vez e idêntico prazo máximo, após um intervalo mínimo de 60 minutos (art.
103.º, nº4).
A violação dessas regras importa a nulidade das declarações prestadas, a qual, não estando
expressamente prevista no art. 119.º CPP, deve ser arguida enquanto o ato não estiver terminado.
Tipos de Processos
1- O processo comum e
2- Os processos especiais (art. 381º e ss). Dentro dos processos especiais, podemos distinguir o
processo sumário (art. 381º e ss), o processo abreviado (art. 391º-A) e o processo sumaríssimo
(art. 392º).
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MP JIC JJ
(OPC) (OPC) (OPC)
1) Princípio da oficialidade
De acordo com este princípio, o exercício da ação penal compete ao MP, nas suas vestes de entidade
pública (cfr. artigo 48.º (legitimidade) do CPP e o art. 219.º, nº1 CRP).
O princípio da oficialidade “está ligado à iniciativa ou impulso processual, isto é, à forma como se inicia o
apuramento dos factos denunciados, participados ou oficiosamente conhecidos, com vista à decisão de os submeter
ou não a julgamento”.
Nos crimes públicos, o MP tem o poder-dever de (i) instaurar o procedimento criminal logo
que adquira a notícia do crime (o MP adquire notícia do crime por conhecimento próprio, por
intermédio dos OPC ou mediante denúncia – art. 241.º), (ii) proceder à investigação dos factos
e (iii), se for caso disso, sujeitar o arguido a julgamento, através da competente acusação.
Vale, aqui, o princípio da oficialidade em pleno em que a atuação do MP não depende de
qualquer impulso ou vontade das partes.
Por sua vez, tratando-se de crimes semipúblicos, particulares e dependentes de participação, o princípio
da oficialidade ou da promoção processual oficiosa sofre limitações (arts. 48.º e 262.º):
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2) Princípio da legalidade
Todo o processo penal está subordinado ao princípio da legalidade. Com efeito, ao abrigo do art. 2.º do
CPP – para a aplicação de penas e medidas de segurança -, e art. 125.º - para as provas; segundo o qual
ao MP compete representar o Estado e defender os interesses legais (art. 219.º,1 CRP + art. 3.º, nº1, al
c) do EMP).
Logo que se verifiquem os respetivos pressupostos de atuação, o MP não pode deixar de promover o
processo penal sob pena de ilegalidade e de omissão de um dever, que pode mesmo constituir crime de
denegação de justiça, nos termos do art. 369.º do CP.
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Por outro lado, a falta de promoção do processo penal pelo MP constitui nulidade insanável que deve
ser oficiosamente declarada em qualquer fase do procedimento (arts. 48.º e 119.º., al b), 1ª parte).
O princípio da legalidade sofre limitações na medida em que o MP não é obrigado a submeter o arguido
a julgamento, deduzindo acusação, sempre que reúna indícios da prática do crime.
Na realidade, estando em causa pequena ou média criminalidade, o MP pode decidir-se (desde que
observados os respetivos requisitos) pelo arquivamento em caso de dispensa de pena (cfr. art. 280.º),
pela (i) suspensão provisória do processo (cfr. arts. 281.º e 282.º) ou ainda (ii) pela remessa do processo
para mediação penal (cfr. Lei nº 21/2007 – que criou o regime da mediação penal) – neste âmbito,
vigora o princípio da oportunidade.
3) Princípio da acusação
Outros dos princípios em que assenta o processo penal é o princípio do acusatório ou da acusação
consagrado no art. 32.º, nº5, 1ª parte CRP.
1. Não competir ao tribunal julgador, por sua iniciativa, dar início a uma investigação criminal
(esta tem lugar numa fase cuja iniciativa e direção cabe ao MP: o inquérito – arts. 241.º, 262.º
e 263.º).
Portanto, a entidade que acusa e a que julga terão que ser diferentes.
2. Por outro lado, o juiz só poderá julgar e decidir sobre uma infração se previamente tiver sido
proferida acusação pelo MP (nos crimes públicos e semipúblicos, art. 283.º) ou pelo assistente
(nos crimes particulares, art. 285.º).
Em qualquer dos casos, a acusação fixa, perante o tribunal, o objeto do processo. Neste sentido,
Fig. Dias “o objeto do processo penal é o objeto da acusação, sendo este que, por sua vez, delimita e fixa
os poderes de cognição do tribunal e a extensão do caso julgado. É a este efeito que se chama a vinculação
temática do tribunal…”.
4) Princípio do Inquisitório
Temos (i) as restrições constantes dos arts. 268.º (atos a praticar pelo juiz de instrução) e (ii) 269.º (atos
a ordenar ou autorizar pelo juiz de instrução).
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Quanto à fase de instrução, o juiz de instrução tem poderes de investigação autónomos (art. 288.º, nº4).
Isto significa que, apesar do dever de considerar as indicações constantes do requerimento para
abertura de instrução, o juiz pode ordenar as diligências de prova que entender, no sentido de
comprovar a decisão de deduzir acusação ou de arquivar o inquérito em ordem a submeter ou não a
causa a julgamento.
A fase do julgamento é dominada pelo princípio da acusação, sem prejuízo da faculdade conferida ao
tribunal de poder ordenar a produção de todos os meios de prova que considere necessários à descoberta
da verdade e à boa decisão da causa (art. 340.º, nº1).
São de salientar as limitações ao Pr. do inquisitório decorrentes da utilização dos meios de prova e na
proibição de certos métodos de obtenção da prova (cfr. art. 126.º).
5) Princípio do Contraditório
De acordo com o art. 32.º, nº5, 2ª parte da CRP, a audiência de julgamento e os atos instrutórios estão
subordinados ao princípio do contraditório, mesmo que tenham sido oficiosamente produzidos pelo
tribunal. Por outro lado, o juiz deve ouvir todos os participantes processuais sempre que tomar
qualquer decisão que pessoalmente os afetem (art. 327.º, nº1) e o art. 327.º, nº2 do CPP).
A fase do inquérito tem manifestações, ainda que subtis, do princípio do contraditório, das quais se
destaca:
A faculdade que o arguido e o assistente têm de intervir nessa fase processual oferecendo
provas e requerendo diligências que se afigurem necessárias, bem como conhecer os despachos
que sobre tais iniciativas recaírem (arts. 61.º, nº1, al. g) e 69.º, nº2, al. a)).
Para além disso, o arguido goza, entre outros, dos direitos a estar presente nos atos processuais
que diretamente lhe disserem respeito e de ser ouvido pelo juiz de instrução sempre que ele
deva tomar qualquer decisão que pessoalmente o afete (art. 61.º, nº1, als. a) e b)).
O legislador também atribuiu à vítima, entre outros, o direito de participação ativa no processo penal,
bem como o de colaborar com as autoridades policiais ou judiciárias competentes, prestando
informações e facultando provas que se revelem necessárias à descoberta da verdade e à boa decisão da
causa.
Na fase de instrução:
Como manifestação deste princípio, nesta fase processual, podemos destacar o debate
instrutório (cfr. arts 289.º, nº1; 298.º e 301.º, nº2) e as declarações para memória futura (art.
294.º).
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6) Princípio da Suficiência
Art. 7.º
Existem limitações a este Princípio consagradas no nº2: “quando, para se conhecer da existência de um
crime, for necessário julgar qualquer questão não penal que não possa ser convenientemente resolvida no processo
penal, pode o tribunal suspender o processo para que se decida esta questão no tribunal competente”. Segundo
Fig. Dias, esta matéria remete-nos para as questões prejudiciais em processo penal.
O tribunal penal quando suspende o processo e devolve-o ao tribunal competente, determina, desde
logo, o respetivo prazo da suspensão, o qual pode ser prorrogado no máximo até um ano se a demora
na decisão não for imputável a assistente ou ao arguido.
A prescrição do procedimento criminal suspende-se e volta a correr a partir do dia em que cessa a causa
da suspensão (art. 120.º, nº1, al. a) e nº6 do CP).
A decisão de suspensão do processo, é recorrível, subindo em separado (art. 406.º, nº2), de imediato
(art. 407.º, nº1) e com efeito meramente devolutivo (art. 408.º a contrario).
Porém, se o prazo se esgotar sem que a questão prejudicial tenha sido resolvida, ou se a ação não tiver
sido proposta no prazo máximo de um mês, devolve-se a questão ao tribunal penal, devendo ser por ele
decidida (art. 7.º, nº4).
Dada a natureza dos recursos ordinários no CPP (que configuram uma mera reapreciação da decisão
recorrida), o processo não pode ser suspenso na fase de recurso.
Alguns dos prazos de prisão preventiva previstos no art. 215.º (mais concretamente, os previstos no
art. 215.º, nº1, als. c) e d), 2 e 3), são acrescentados de 6 meses, nomeadamente, se o processo penal tiver
sido suspenso para julgamento em outro tribunal de questão prejudicial.
O objeto do processo deve manter-se estável desde a acusação até ao trânsito em julgado da sentença,
tratando-se de uma condição essencial da defesa do arguido.
A vinculação temática “funciona num duplo sentido: impede o tribunal de conhecer para além do facto e obriga-
o a pronunciar-se até ao limite do facto, sendo este o narrado pelo MP na acusação, pela defesa na contestação
bem como o que resultar da discussão da causa com relevância para a decisão”.
Tem estreita relação com o conceito de alteração substancial dos factos (- aquela que tiver por efeito a
imputação ao arguido de um crime diverso ou a agravação dos limites máximos das sanções aplicáveis).
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Nenhuma causa pode ser subtraída ao tribunal cuja competência esteja fixada em lei anterior (cfr. art.
32.º, nº9 CRP).
Para além do dever de atender aos meios de prova oferecidos em tempo oportuno pela acusação e pela
defesa, na fase do julgamento, ao tribunal incumbe proceder oficiosamente (ou a requerimento) à
produção de todos os meios de prova cujo conhecimento se lhe afigure necessário à descoberta da
verdade e à boa decisão da causa, respeitando o princípio da vinculação temática (cfr. arts. 340.º, nº1 e
323.º, als a) e b)).
Por força das alterações introduzidas pela Lei 20/2013, os requerimentos de prova devem ser
indeferidos, entre outros motivos, se for notório que as provas requeridas já podiam ter sido juntas ou
arroladas com a acusação ou a contestação, exceto se o tribunal entender que são indispensáveis à
descoberta da verdade e boa decisão da causa (cfr. art. 340.º, nº4, al. a)).
O princípio em análise vale também na fase de instrução (cf. art. 288.º, nº4; 289.º, nº1 e 290.º, nº1).
O princípio da concentração reivindica uma tramitação unitária, continuada e concentrada (do ponto
de vista temporal e espacial) do processo penal, de forma a poder realizar-se uma justiça penal atempada
e eficaz.
Este princípio tem acolhimento no art. 32.º, nº2, parte final da CRP, segundo o qual o arguido deve ser
julgado no mais curto prazo compatível com as garantias de defesa. Neste âmbito, encontra-se ligado
ao princípio da continuidade da audiência (art. 328.º, nº1), o que não impede a existência de eventuais
interrupções ou adiamentos (arts 67.º; 328.º, nºs 2 e 3; 330.º, nºs 1 e 2, 1ª parte; 331.º, nº2; 344.º, nº3;
351.º, nº4; 359.º, nº4).
Salvo quando a lei dispuser em sentido contrário (p. ex: 129.º - depoimento indireto; 163.º, 1 - valor da
prova pericial; 169.º - valor probatório dos documentos autênticos e autenticados), a prova é apreciada
segundo as regras da experiência e a livre convicção da entidade competente (art. 127.º), não
significando que o tribunal possa utilizar essa liberdade de modo discricionário, decidindo sem
fundamentação (arts. 97.º, nº5; 374.º, nº2 e 410.º, nº2).
Nos termos do art. 32.º, nº2, 1ª parte da CRP, todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em
julgado da sentença de condenação.
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Atualmente, o processo é público em todas as fases processuais, quer relativamente aos sujeitos
processuais (publicidade interna), quer para o público em geral (publicidade externa).
Antes da revisão do CPP (de 2007), toda a fase de inquérito estava submetida a segredo de justiça. Com
a entrada em vigor da lei 48/2007, o processo penal passou a ser público, sob pena de nulidade (cfr.
arts. 120.º, nº2, al. d) e 3, al c), 121.º e 122.º), ressalvadas as exceções previstas na lei (tais exceções
circunscrevem-se à fase do inquérito).
Findo o inquérito, quando o processo se tornar público, o arguido, o assistente, o ofendido, o lesado e
o responsável civil podem requerer à autoridade judiciária competente o exame gratuito dos autos (art.
89.º, nº4).
Assistência, pelo público em geral, à realização do debate instrutório e dos atos processuais na
fase de julgamento;
Narração dos atos processuais pelos meios de comunicação social;
Consulta do auto e obtenção de cópias, extratos e certidões de quaisquer partes dele (cfr. arts.
86.º, nº6, al. c), 89.º e 90.º) – quanto à obtenção de cópias, extratos e certidões, cfr. art. 9.º do
RCP e arts. 9.º, nº1; 17.º, nº4; 36.º, nº1, al. b); e 43.º, nº2 da Portaria 419-A/2009; 170.º e 171.º
do CPC e 79.º do EOA.
A atividade processual deve ser exercida, oralmente, na presença dos agentes processuais (p. ex.: arts.
96.º; 140.º, nº2; 145.º, nº3; 298.º; 302.º; 243.º, 345.º, 348.º; 350.º; 355.º e 360.º.
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formação da convicção do tribunal, quaisquer provas que não tiverem sido produzidas ou examinadas
em audiência (cfr. o art. 355.º, nº1)
Uma das novidades inseridas no CPP pela Lei 20/2013 reporta-se à possibilidade de reprodução ou
leitura, na audiência de julgamento, de declarações anteriormente feitas pelo arguido no processo (art.
357.º, nº1, al. b)).
Contudo, o legislador determinou que tal só é possível quando verificados os seguintes requisitos:
1. As declarações terem sido feitas perante autoridade judiciária (cfr. art. 1.º, al. b)), com
assistência de defensor (arts. 61.º, nº1, al. f); 64.º, nºs al. a) e b) e art. 119.º, al. c)), e
2. O arguido tenha sido informado de que não exercendo o direito ao silêncio (art. 61.º, nº1, al.
d)) as declarações que prestar podem futuramente ser utilizadas no processo, mesmo que seja
julgado na ausência ou não preste declarações em audiência de julgamento, estando sujeitas à
livre apreciação da prova (cfr. arts. 141.º, nº4, al. b) e 127.º).
Interposto recurso (ordinário ou extraordinário) de decisão final somente pelo arguido, pelo MP no
exclusivo interesse do arguido, o tribunal superior não pode modificar, na sua espécie ou medida, as
sanções constantes da decisão recorrida, em prejuízo de qualquer dos arguidos, ainda que não
recorrentes.
De notar que esta proibição não se aplica à agravação da quantia fixada por cada dia de multa, se a
situação económica e financeira do arguido tiver entretanto melhorado de forma sensível (art. 409.º,
nºs 1 e 2).
Este princípio não é aplicável aos processos de contraordenação instaurados e decididos nos termos da
Lei 83/2017 (medidas de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo).
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No domínio do processo penal, vigora o princípio da recorribilidade das decisões judiciais, na medida
em que é permitido recorrer dos Acs., sentenças e dos despachos cuja irrecorribilidade não estiver
prevista na lei (art. 399.º).
1) Inquérito
As regras relativas à competência do MP para a realização do inquérito contam dos arts. 264.º e 266.º.
A competência para a realização do inquérito recai sobre o MP que exercer funções no local em que o
crime tiver sido praticado (art. 264.º. nº1 e 19.º e ss., quanto à competência territorial dos tribunais).
Enquanto não for conhecido o local em que o crime foi cometido, a competência, nesse caso, pertence
ao MP que exercer funções no local em que primeiro tiver havido notícia do crime (arts. 264.º, nº2; 21.º,
nº2 e 241.º).
Convém destacar que das 23 comarcas existentes, nem todas têm Departamentos de Investigação e
Ação Penal (DIAP)4.
Com efeito, nos termos do ROFTJ, as comarcas que têm DIAP são as seguintes: Açores (art. 67.º),
Aveiro (art. 69.º), Braga (art. 72.º), Coimbra (art. 76.º), Évora (art. 78.º), Faro (art. 80.º), Leiria (art.
83.º), Lisboa (art. 85.º), Lisboa Norte (art. 87.º), Lisboa Oeste (art. 89.º), Madeira (art. 91.º), Porto (art.
94.º). Setúbal (art. 98.º) e Viseu (art. 102.º).
2) Instrução
Relativamente ao tribunal de instrução criminal, arts. 81.º, nº3, al. f) (desdobramento); 83.º, nº 3, al. e)
(tribunais de competência territorial alargada) e 116.º (competência do tribunal central de instrução
criminal) da LOSJ; e art. 65.º, al. h) ROFTJ.
De acordo com o ROFTJ, os Tribunais Judiciais que integram juízos de instrução criminal são: v. p.
381.
4
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) é um “órgão de coordenação e de direção da
investigação e prevenção da criminalidade violenta, altamente organizada ou de especial complexidade” (arts. 46.º e 47.º
Estatuto do MP).
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Os juízos locais criminais e de competência genérica possuem competência para proceder à instrução
criminal, decidir quanto à pronúncia e exercer funções jurisdicionais relativas ao inquérito, onde não
houver juízo de instrução criminal (art. 130.º, nº2, als. a) e b) LOSJ).
Nos tribunais de competência territorial alargada, nos juízos centrais e locais e nos tribunais
administrativos de círculo e tribunais tributários, o MP é representado por procuradores-gerais-
adjuntos, por procuradores da República e por procuradores-adjuntos (art. 10.º, nº1, al. c) da LOSJ).
3) Julgamento
Os tribunais judiciais de primeira instância funcionam, consoante os casos, como tribunal singular,
coletivo ou de júri (arts. 85.º, nº1 e 132.º ao 137.º da LOSJ).
Para além disso, estes tribunais incluem os de competência territorial alargada e os de comarca (o
território nacional divide-se e, 23 comarcas, de acordo com o anexo II LOSJ). Os tribunais judiciais de
primeira instância são, em regra, os tribunais de comarca (art. 79.º LOSJ).
Ao abrigo do art. 118.º, nº1 da LOSJ compete aos juízos centrais criminais proferir despacho nos termos
dos arts. 311.º a 313.º do CPP e proceder ao julgamento e aos termos subsequentes nos processos de
natureza criminal da competência do tribunal coletivo ou do júri.
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Nota Prévia
Para o apuramento da natureza de um crime dever-se-á consultar a lei substantiva: quando a lei utiliza
o termo “queixa”, o crime é semipúblico; quando utiliza a expressão “acusação particular”, o crime é
particular; quando a lei penal não utiliza nenhuma dessas expressões, o crime é público.
De salientar que o procedimento criminal pode também depender de participação (cfr. art. 49.º, nº4).
Assim, p. ex. art. 383.º, nº3 do CP.
Tipos de Crime
A- Crimes Públicos
Nos crimes públicos, o MP, depois de tomar conhecimento da notícia do crime, promove, obrigatória e
oficiosamente (mesmo contra a vontade do titular dos interesses ofendidos), o processo penal, dando
início à fase do inquérito (arts. 48.º, 1ª parte e 262.º, nº2).
O MP adquire a notícia do crime6 por (i) conhecimento próprio, (ii) por intermédio dos OPC’s ou (iii)
mediante denúncia7 (art. 241.º).
A falta de promoção do processo pelo MP, nos termos do art. 48.º, constitui nulidade insanável, que
deve ser oficiosamente declarada em qualquer fase do procedimento (art. 119.º, al. b)).
Deduzindo o MP acusação por crime público, o assistente poderá também deduzir acusação pelos factos
acusados pelo MP, por parte deles ou por outros que não importem uma alteração substancial daqueles
(art. 284.º, nº1; para a definição de alteração substancial dos factos v. art. 1.º, al. f)). A acusação do
assistente por crime público é facultativa e, quando deduzida, é sempre subordinada à do MP (art. 69.º,
nº1).
Feita a denúncia por crime de natureza pública, não é admissível a sua desistência. Porém, tratando-se
de certos crimes públicos, como seja o de violência doméstica (art. 152.º e Lei 112/2009), o MP,
verificadas algumas condições legais, pode promover a suspensão do processo e o consequente
5 Embora o Programa da O.A apenas faça referência aos crimes particulares em sentido amplo (semipúblicos e
particulares), considerei completar estes apontamentos com os crimes públicos e outras matérias.
6 A notícia do crime é condição indispensável para a abertura do inquérito e, consequentemente, para o início da
atividade de investigação criminal pelo MP, exceto se o crime em causa for de natureza semipública ou particular
(art. 262.º, nº2).
7 Qualquer pessoa pode livremente denunciar um crime público, todavia não é obrigada a fazê-lo. Já sobre as
entidades policiais e funcionários (na aceção do art. 386 do CP), impende a obrigação de denunciar os crimes de
que tomarem conhecimento no exercício das suas funções e por causa delas.
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arquivamento do inquérito (não havendo, assim, julgamento), caso o arguido cumpra as injunções e
regras de conduta que lhe foram impostas (art. 281.º - suspensão provisória do processo; 282.º).
B- Crimes semipúblicos8
Trata-se primeira restrição ao princípio da oficialidade (art. 48.º, nº2), uma vez que, nos crimes
semipúblicos, a promoção do processo penal por parte do MP está dependente da apresentação de
queixa:
Também no âmbito dos crimes desta natureza o ofendido pode constituir-se assistente, não sendo,
porém, obrigatório fazê-lo (art. 68.º).
Se o MP deduzir acusação por um crime semipúblico, o assistente poderá também deduzir acusação
pelos factos acusados pelo MP, por parte deles ou por outros que não importem uma alteração
substancial daqueles (art. 284.º, nº1). Assim, tal como nos crimes públicos, a acusação do assistente é
facultativa e, quando deduzida, é sempre subordinada à do MP.
Estando em causa um crime semipúblico, é admissível desistência de queixa (art. 116.º, nº2 do CP e
arts. 49.º e 51.º do CPP).
C- Crimes particulares
i) Apresentação de queixa pelo ofendido ou por outras pessoas a quem a lei confere esse
direito (art. 50.º, nº1 do CPP e arts. 113.º e 117.º, ambos do CP);
ii) Manifestação da intenção de constituição de assistente (art. 246.º, nº4, 2ª parte);
iii) Constituição de assistente – os assistentes são sempre representados por advogado, art.
70.º (cf. arts. 50.º, nº1; 68.º, nº2; e 246.º, nº4) e
8
O crime de branqueamento é punível, mesmo que o facto ilícito típico de onde provêm as vantagens depender
de queixa e esta não tiver sido apresentada (art. 368.º-A, nº5 do CP).
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A exigência de queixa e de acusação nos crimes particulares justifica-se pela diminuta gravidade da
infração e pela especial natureza dos valores em causa.
Nos crimes particulares é o ofendido, constituído assistente no processo, que deve realizar a ação penal,
sustentando a acusação no julgamento (art. 69.º, nº2, al. b)).
Após a apresentação da queixa, inicia-se a fase do inquérito (cfr. arts. 262.º e ss.), finda a qual,
diversamente do que acontece nos crimes públicos e semipúblicos, o MP notifica o assistente (como tal
já constituído) – o MP deve indicar se foram recolhidos indícios suficientes e quem foram os agentes
(art. 285.º, nº2) – para que deduza acusação particular (art. 285.º, nº1).
Depois de o assistente apresentar acusação particular, o MP poderá acusar pelos mesmos factos, por
parte deles ou por outros que não importem uma alteração substancial daqueles (art. 285.º, nº4). Aqui,
é a acusação do MP que se encontra subordinada à do assistente.
Se o assistente se abstiver de acusar, o MP arquiva o processo por falta de legitimidade para prosseguir
com o mesmo.
Tal como nos crimes semipúblicos, nos crimes particulares é admissível desistência de queixa (arts.
116.º, nº2 e 117.º do CP; 50.º e 51.º do CPP).
Nos termos do art. 50.º, nº2, estando em causa um crime particular, o MP:
Queixa
Nota: queixa e denúncia não são sinónimos, não se confundem. Todas as queixas são denúncias, mas
nem todas as denúncias são queixas. Isto porque só pode queixar-se quem for titular do direito de
queixa e só há direito de queixa nos crimes particulares em sentido amplo (crimes semipúblicos e crimes
particulares).
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Trata-se de uma manifestação do princípio constitucional de acesso ao Direito e aos Tribunais (art. 20.º
CRP).
Nos crimes semipúblicos e particulares, a apresentação de queixa é condição essencial para que o MP
possa iniciar o procedimento criminal (arts. 48.º, 49.º e 50.º).
Assim, em caso de flagrante delito por crime semipúblico, a detenção só se mantém quando, em ato a
ela seguido, o titular do direito respetivo exercer o direito de queixa (art. 255.º, nº3, 1ª parte).
Não obstante desconhecerem os autores, desde que os titulares do direito de queixa tenham
conhecimento dos factos, podem exercer o seu direito apresentando queixa contra desconhecidos ou
incertos.
i. Infundada: imputa factos criminosos concretos a uma ou mais pessoas determinadas, mas
que se verifica não serem os responsáveis pelos factos; implica o arquivamento dos autos,
salvo se o queixoso ainda estiver em tempo de deduzir nova queixa contra os responsáveis;
o prazo conta-se desde a data em que o queixoso conheceu a identidade dos responsáveis;
ii. Manifestamente infundada: não imputa factos com relevância criminal; implica o
arquivamento definitivo do inquérito;
iii. Insuficiente: imputa factos criminosos a uma ou mais pessoas desconhecidas, que deve ser
completada com a identidade dos responsáveis. O prazo máximo para o queixoso proceder
à sanação da insuficiência de queixa é de 6 meses contados do dia em que conheceu a
identidade dos presumíveis responsáveis;
iv. Errada: imputa factos criminosos concretos a uma ou mais pessoas determinadas, mas os
factos são qualificados juridicamente de modo errado.
Legitimidade
Conforme resulta da conjugação dos arts. 113.º e 117.º, ambos do CP, têm legitimidade para apresentar
queixa, nos crimes semipúblicos e particulares:
9
Não confundir o conceito de ofendido com o de lesado, previsto no art. 130.º do CP – este último apenas abarca
as pessoas civilmente afetadas pela infração penal.
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iii) Se o ofendido for menor de 16 anos ou for inimputável por anomalia psíquica (arts. 19.º e
20.º do CP), este pertence ao representante legal e, na sua falta, às pessoas indicadas
sucessivamente nas als do art. 113.º, nº2 do CP.
iv) O MP pode dar início ao procedimento no prazo de 6 meses a contar da data em que tiver
tido conhecimento do facto e dos seus autores, sempre que o interesse do ofendido o
aconselhar e se verificar uma de duas condições (art. 113.º, nº5 do CP):
a) O ofendido for menor ou não possuir discernimento para entender o alcance e o
significado do direito de queixa; ou
b) O direito de queixa não puder ser exercido porque a sua titularidade caberia apenas ao
agente do crime (v,g atentado ao pudor pelo pai na pessoa da filha menor).
Se o direito de queixa não for exercido nos termos do nº4, nem for dado início ao procedimento criminal
nos termos do art. 113.º, nº5, al. a) do CP, o ofendido pode exercer aquele direito a partir da data em
que perfizer 16 anos. No entanto, o legislador impôs um limite temporal ao exercício do direito de
queixa aqui previsto: extingue-se no prazo de 6 meses a contar da data em que o ofendido perfizer 18
anos (arts. 113.º, nº6 e 115.º, nº2 do CP)10.
10
Outros casos de legitimidade: 1- Salvaguarda dos direitos do recluso e meios de tutela: art. 116.º, nºs 1 a 5 do
CEPMPL 2- Atos de corrupção previstos na Convenção da OCDE de 1997: ponto 3 da Circular da PGR
2/2011.3- Queixa-crime cheque sem provisão a favor dos CTT para pagamento de impostos: Circular da PGR
1/2007. 4- Crimes contra o ambiente: as ONGA têm legitimidade para apresentar queixa ou denúncia, bem como
da se constituírem assistentes em processo penal, por crimes contra o ambiente. O mesmo se diga em relação às
associações de consumidores (LDC, Lei 24/96). 5- Direito de Petição e Direito de ação popular: art. 52.º da CRP.
6- Militar da GNR: art. 24.º do DL 30/2017. 7- Têm legitimidade para participar à O.A factos suscetíveis de
constituir infração disciplinar qualquer pessoa direta ou indiretamente afetada por estes. O direito de queixa
extingue-se no prazo de 6 meses a contar da data em que o titular tiver conhecimento dos factos. Sendo vários os
titulares do direito de queixa, o prazo conta-se autonomamente para cada um deles (art. 122.º, nºs 1, 3 e 4 do
EOA)10. 8- Já no que respeita ao crime de procuradoria ilícita, são titulares do direito de queixa, para além do
lesado, a O.A e a Câmara dos Solicitadores, sendo que estas últimas entidades têm legitimidade para se
constituírem assistentes no procedimento criminal (art. 7.º, nºs 3 e 4, da Lei 49/2004, de 24 de agosto – define o
sentido e alcance dos atos próprios dos advogados e dos solicitadores e tipifica o crime de procuradoria ilícita).9-
Património cultural: aos titulares de direitos e interesses legalmente protegidos sobre bens culturais, é
reconhecido o direito de apresentação de denúncia, queixa ou participação ao MP e de queixa ao Provedor de
Justiça (lei 107/2001). 10- Queixas ao Provedor de Justiça: os cidadãos podem apresentar queixa ao Provedor de
Justiça. A sua atividade é independente dos meios graciosos e contenciosos previstos na CRP e nas leis. Lei 9/91
(Estatuto do Provedor de Justiça). Podem, ainda, apresentar petições ao Provedor de Justiça da U.E. O Provedor
de Justiça deve dar conhecimento, conforme os casos, ao MP ou à entidade hierarquicamente competente para a
instauração de processo disciplinar ou contraordenacional, quando no decurso do processo resultarem indícios
suficientes da prática de infrações criminais ou disciplinares ou contraordenações (art. 35.º, nº1, da Lei 9/91). 11-
Associações das mulheres: podem apresentar queixa junto do Provedor de Justiça, cfr. art. 7.º, al. a) da Lei
107/2015. 12- Queixas pelo funcionamento dos Tribunais: art. 110.º, nº2, al. e) LOSJ. 13- Segredo de Estado: art.
4.º, , nºs 1 e 2, al. e) da Lei Orgânica 3/2014.
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Estando perante uma situação de concurso de infrações em que o MP tem legitimidade para promover
o processo quanto a alguma ou algumas delas (quer por serem de natureza pública, quer porque,
relativamente a elas, foi apresentada queixa, e não quanto a outras, devemos considerar o seguinte:
O MP deve promover imediatamente o processo por aqueles crimes para que tiver
legitimidade, se o procedimento criminal pelo crime mais grave não depender de queixa ou de
acusação particular, ou se os crimes forem de igual gravidade (art. 52.º, nº1) – arts. 30.º, 77.º,
78.º e 79.º.
Se o crime pelo qual o MP pode promover o processo for de menor gravidade, as pessoas a
quem a lei confere o direito de queixa ou acusação particular são notificadas para declararem,
em 5 dias, se querem ou não usar desse direito. Se declararem que não pretendem apresentar
queixa, ou nada declararem, o MP promove o processo pelos crimes que puder promover. Por
sua vez, se declararem que pretendem apresentar queixa, considera-se esta apresentada (art.
52.º, nº2, als. a) e b)).
Extensão da queixa
Uma vez que a queixa está subordinada ao princípio da indivisibilidade, a sua apresentação a um dos
comparticipantes no crime, torna o procedimento criminal extensivo aos restantes (art. 114.º CP).
Por força do art. 49.º, nº3, (aplicável à apresentação de queixa nos crimes semipúblicos, particulares e
dependentes de participação) a queixa pode ser apresentada:
Se a queixa for apresentada por mandatário judicial, este apenas terá de juntar procuração forense com
poderes gerais.
Já em caso de desistência de queixa, é exigida procuração com poderes especiais para esse efeito (art.
45.º, nº2 do CPC).
Se o queixoso (na qualidade de ofendido, assistente e/ou demandante civil) quiser ser assistido por
advogado no processo criminal e se encontrar numa situação de insuficiência económica, pode solicitar
a concessão de apoio judiciário, na modalidade de nomeação de patrono (defensor oficioso), em qualquer
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serviço de atendimento ao público da Segurança Social (arts. 44.º, nº2; 8.º e ss. e 22.º e ss. da Lei
34/2004). O apoio judiciário, na modalidade de nomeação e pagamento (ou pagamento faseado) da
compensação de patrono, consta do art. 16.º, nº1, als. b) e e).
Ao invés, tratando-se de mandatários não judiciais, o legislador exige procuração com poderes especiais
(é o que acontece, p. ex., no caso das empresas, em que os órgãos sociais conferem poderes ao
administrador para, em seu nome, apresentar queixa por crime cometido contra a sua empresa).
Importa realçar que a queixa pode ser apresentada a título de gestão de negócios, com possibilidade de
ratificação posterior pelo respetivo titular (cfr. art. 49.º do CPC e 268.º do CC).
A queixa deve ser apresentada nos serviços do MP junto do tribunal competente, visto que é ao MP
que compete receber as queixas e apreciar o seguimento a dar-lhes (art. 53.º, nº2, al. a)).
Não obstante, considera-se feita ao MP a queixa dirigida a qualquer outra entidade que tenha a
obrigação legal de a transmitir àquele (art. 49.º, nº2), designadamente, todas as entidades policiais a
quem aquela for apresentada.
Extinção do direito
Nota Prévia
O regime da extinção do direito de queixa é também aplicável aos crimes particulares, por força do art.
117.º do CP.
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Prazo de extinção
O titular do direito de queixa não pode exercer esse direito a todo o tempo. Com efeito, nos termos do
art. 115.º, nºs 1 e 2 do CP, o direito de queixa extingue-se no prazo de 6 meses a contar da data em que:
O titular tiver tido conhecimento do facto e dos seus autores, ou a partir da morte do ofendido,
ou da data em que ele se tiver tornado incapaz;
O TRL (ac. de 17.12.2015) determinou que o facto referido neste art. 115.º, nº1 do CP, “tem de aparecer
aos olhos do próprio ofendido como um facto que constitui a prática de um crime, pelo que só a partir do momento
em que o ofendido tem a noção de que poderá estar a ser vítima de um crime é que poderá contabilizar-se o prazo
para o exercício do direito de queixa”.
Tratando-se de pessoa coletiva ofendida, o prazo inicia-se quando o órgão competente para apresentar
queixa toma conhecimento do facto e dos seus autores.
Em caso de crime continuado, o prazo de prescrição do procedimento criminal só corre nos crimes
continuados e nos crimes habituais, desde o dia da prática do último ato (art. 119.º, nº2, al. b) do CP).
Morrendo o ofendido, o prazo para a apresentação da queixa conta-se a partir da sua morte ou de data
posterior, se só posteriormente as pessoas referidas no art. 113.º, nº2 do CP, tiverem conhecimento do
facto criminoso e dos seus autores. De salientar que, se “o prazo já tiver decorrido à data da morte do
ofendido, não há obviamente transmissão do direito” ou se tiver havido renúncia em vida.
Trata-se, assim, de uma renúncia tácita ao direito de queixa, no âmbito dos crimes semipúblicos e
particulares.
Renúncia
Ao abrigo do art. 116.º, nº1 do CP, o direito de queixa não pode ser exercido se:
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ii) Tiver praticado factos donde a renúncia necessariamente se deduza (renúncia tácita). Será
o caso, p. ex., da dedução do pedido de indemnização civil, em ação civil separada, antes de
instaurado o procedimento criminal (art. 72.º, nº2).
A renúncia pressupõe, por um lado, (i) que o crime já tenha sido praticado (caso contrário, estaremos
perante um consentimento), e, por outro, que (ii) o direito de queixa não tenha sido exercido, não
chegando, assim, a existir processo.
O regime de renúncia ao direito de queixa é também aplicável aos crimes particulares, nos termos do
art. 117.º (acusação particular), do CP.
Desistência
Uma vez que a desistência de queixa tem como pressuposto a disponibilidade do seu objeto, nos crimes
de natureza pública não é admitida.
O queixoso pode desistir da queixa, desde que não haja oposição do arguido, até à publicação da
sentença em 1ª instância (publicada de acordo com os arts. 372.º e 373.º).
A desistência impede que a queixa seja renovada (art. 116.º, nº2 do CP).
Regime substancialmente diverso é o que resulta dos nºs 3 e 4 do art. 5.º da Lei 21/2007 (mediação
penal). Por força desses normativos se, da mediação, resultar acordo, o seu teor é reduzido a escrito,
em documento assinado pelo arguido e pelo ofendido, e transmitido pelo mediador ao MP. Com efeito,
neste caso, a assinatura do acordo equivale a desistência da queixa por parte do ofendido e não à
oposição por parte do arguido. Caso o acordo não seja cumprido no prazo fixado, o ofendido pode
renovar a queixa no prazo de um mês, sendo reaberto o inquérito.
O legislador consagrou no art. 116.º, nº4 do CP que, depois de perfazer 16 anos, o ofendido pode
requerer pode requerer que seja posto fim ao processo, através de desistência, quando:
Tiver sido exercido o direito de queixa nos termos do art. 113.º, nº4 do CP, por representante
legal ou, na sua falta, pelas pessoas elencadas nas als. do nº2 desse mesmo preceito; ou
Tiver sido dado início ao procedimento criminal pelo MP (nesta hipótese, sempre que o
interesse do ofendido o aconselhar), nos termos do art. 113.º, nº5, al. a).
Oportunidade
A desistência de queixa pode ter lugar durante o inquérito, a instrução ou o julgamento, cabendo a sua
homologação ao MP, ao juiz de instrução e ao presidente do tribunal, respetivamente (art. 51.º, nº2). A
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violação das regras de competência para a homologação constitui uma nulidade insanável, que deve ser
oficiosamente declarada em qualquer fase do procedimento (art. 119.º, al. e)).
O despacho de homologação, porque põe termo ao processo, deve ser fundamentado (art. 97.º, nº1, al.
b) e 5 do CPP; art. 205.º, nº1 CRP e art. 24.º, nº1 da LOSJ).
Procedimento
Logo que tomar conhecimento da desistência, a autoridade judiciária competente para a homologação,
notifica o arguido para, em 5 dias, declarar, sem necessidade de fundamentação, se a ela se opõe. A falta
de declaração do arguido equivale a não oposição.
A notificação do arguido para proceder à oposição deve fazer-se na pessoa do seu defensor (art. 113.º,
nº 10). Contudo, se o arguido não tiver defensor nomeado e for desconhecido o seu o paradeiro, esta
notificação efetua-se editalmente (art. 51.º, nºs 3 e 4).
A declaração de desistência pode ser apresentada pessoalmente ou através de mandatário judicial (desde
que munido de poderes especiais para o efeito – art. 43.º, nº2 do CPC), à autoridade judiciária
competente, consoante a fase em que se encontrar o processo.
A desistência de queixa pressupõe uma declaração expressa do ofendido nesse sentido. Todavia, no
âmbito dos crimes particulares, a falta não justificada do representante do assistente à audiência de
julgamento ou a segunda falta, valem como desistência da acusação, salvo se houver oposição do
arguido (art. 330.º, nº2, 2ª parte).
Havendo vários titulares com direito de queixa, a desistência por um deles não obsta ao exercício do
direito de queixa por outro ou outros titulares. Quando o direito de queixa tiver sido exercido por
vários titulares, a desistência de queixa apresentada por um deles produz efeitos quanto ao desistente,
mas não afeta o direito dos outros queixosos.
Custas Processuais
É devida taxa de justiça pelo assistente, entre outros, se fizer terminar o processo por desistência (art.
515.º, nº1, al. d), 1ª parte). Se o desistente não for assistente, não se encontra sujeito a esse pagamento.
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Esta taxa de justiça deve ser paga no final do processo, sendo fixada pelo juiz tendo em vista a
complexidade da causa, dentro dos limites fixados na Tabela III do RCP. Se o juiz não fixar a taxa de
justiça, considera-se a mesma fixada no dobro do seu limite mínimo (art. 8.º, nºs 8 e 10 RCP).
Queixa eletrónica
Em consonância com a simplificação do sistema jurídico, quem for vítima de um crime público ou
semipúblico praticado em Portugal, pode hoje mais facilmente proceder à apresentação de denúncia ou
queixa , através do balcão único virtual, Sistema de Queixa Eletrónica (Portaria 1593/2007).
A intervenção deste Tribunal só pode ser solicitada depois de esgotadas todas as vias de recurso (art.
35.º, nº1 da CEDH).
O Inquérito
Finalidade e âmbito
A notícia de um crime dá sempre lugar à abertura de inquérito (arts. 262.º, nº2, 48.º e 241.º e ss.)
ressalvadas, designadamente, as seguintes exceções:
11
Para além desta finalidade, tem, ainda, finalidades acessórias: apuramento do valor dos danos causados pelo
crime e dos responsáveis pela indemnização (quando competir ao MP formular o PIC), fundamentação da
aplicação de medidas de coação e de garantia patrimonial (arts. 196.º e ss.), decisão sobre a competência em razão
da matéria ou do território e sobre a legitimidade e tempestividade da denúncia, verificar se ocorreu algum facto
impeditivo do procedimento criminal (p. ex., amnistia) e recorrer (p. ex., da decisão que aplicar, substituir ou
mantiver uma medida de coação).
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Lei 96/2017 – o legislador considerou como sendo crimes de investigação prioritária os crimes
elencados no art. 3.º, als. a) a l).
Prova
Direção e competência
A direção do inquérito cabe ao MP assistido pelos OPC’s que atuam sob a sua direta orientação e na
sua dependência funcional.
Os OPC’s são todas as entidades e agentes policiais a quem caiba levar a cabo quaisquer atos ordenados
por uma autoridade judiciária (juiz, juiz de instrução e MP) ou determinado pelo CPP.
Os OPC’s, mesmo antes de receberem ordem da autoridade judiciária competente para procederem a
investigações, devem praticar os atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de
prova (art. 249.º, nº1).
Se o crime for de natureza particular, o MP procede oficiosamente a quaisquer diligências que julgar
indispensáveis à descoberta da verdade e couberem na sua competência, participa em todos os atos
processuais em que intervier a acusação particular, acusa conjuntamente com esta e recorre
autonomamente das decisões judiciais (art. 50.º, nº2).
Atos de Inquérito
1. Atos do MP
Praticados diretamente
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provas, em ordem à decisão final (acusação ou arquivamento), nos termos e com as restrições constantes
nos arts. 268.º a 271.º (conjugadamente arts. 267.º e 262.º, nº1).
Para além de dirigir o inquérito (263.º, 1), o MP possui ainda as funções previstas nos arts. 50.º, nº2 e
53.º.
De resto, qualquer magistrado ou agente do MP, em caso de urgência ou perigo na demora, deve
proceder a determinados atos de inquérito, como sejam, p. ex., os relativos à detenção, ao interrogatório
e, em geral, à aquisição e conservação dos meios de prova (art. 264.º, nº4).
Para além dos atos que são da competência exclusiva do juiz de instrução durante a fase de inquérito
(arts. 268.º e 269.º), existem outros atos que o MP não pode delegar nos OPC’s, designadamente (art.
270.º, nº2):
A ausência do MP a atos relativamente aos quais a lei exigir a respetiva comparência constitui nulidade
insanável, nos termos do art. 119.º, al. b), 2ª parte.
No decurso do inquérito, o MP, com vista à prova dos factos, pode requerer e juntar aos atos as
certidões e certificados de registo que se afigurem previsivelmente necessários ao inquérito ou à
instrução ou ao julgamento que venham a ter lugar. Os documentos devem ser juntos no decurso do
inquérito ou da instrução e, não sendo isso possível, devem sê-lo até ao encerramento da audiência (art.
164.º, 165.º e 340.º, nº4, al. a)).
Desde logo, é primordial a junção aos autos do certificado de registo criminal do arguido (art. 10.º, nº1
da Lei 37/2015). Igualmente, podem ser juntos aos autos, p. ex., a certidão de nascimento, a certidão
de óbito, a certidão de sentenças ou acórdãos condenatórios, certidões prediais e comerciais…
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Em regra, o prazo para a prática de qualquer ato processual é de 10 dias (prazo este meramente
ordenador).
Já quanto aos despachos ou promoções de mero expediente (destinam-se a prover ao andamento regular
do processo, sem interferir no conflito de interesses entre as partes, art. 152.º, nº4, 1ª parte), bem como
os considerados urgentes, devem ser proferidos no prazo máximo de 2 dias (art. 105.º).
Estes prazos não se aplicam havendo disposição legal que estipule o contrário, como é o caso, p.ex, do
despacho do MP de encerramento do inquérito, o qual deve respeitar os prazos do art. 276.º (prazos de
duração máxima do inquérito).
De realçar que só os atos judiciais são suscetíveis de recurso. Dos atos do MP cabe reclamação, recurso
hierárquico ou impugnação contenciosa, mas não recurso (o MP não faz parte da hierarquia judicial).
Sem prejuízo do disposto no art. 270.º, nº2 (relativo a atos de inquérito que não podem ser delegados
pelo MP a OPC’s), 58.º, nº 3 (constituição de arguido), art. 243.º (auto de notícia) e 248.º, nº1, a
delegação mencionada pode ser efetuada por despacho de natureza genérica que indique os tipos de de
crime ou os limites das penas aplicáveis aos crimes em investigação (art. 270.º, nºs 1 e 4). No que se
refere à fase da instrução, vale o disposto no art. 290.º (atos do juiz de instrução e atos delegáveis).
Compete ao juiz de instrução, entre outros, exercer todas as funções jurisdicionais até à remessa do
processo para julgamento, nos termos dispostos no CPP (art. 17.º). Com efeito, apesar de o MP ser o
órgão competente para realizar e dirigir o inquérito, é o juiz de instrução que intervém nessa fase
processual sempre que haja possível afetação dos direitos fundamentais do arguido.
Os atos praticados, ordenados ou autorizados pelo juiz de instrução durante o inquérito têm que ser,
obrigatoriamente, reduzidos a auto (arts. 275.º, nº2 e 99.º e ss.). A redação do auto é efetuada pelo
funcionário de justiça sob a direção da entidade que presidir ao ato (art. 100.º, nº1).
Por força do art. 268.º, nº1, durante o inquérito compete exclusivamente ao juiz de instrução
(exemplificativamente):
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a) Proceder ao primeiro interrogatório judicial detido (a realizar nos termos 141.º). Neste caso é
obrigatória a assistência do defensor, sob pena de nulidade insanável (cf. arts. 64.º, nº1. als. a)
e b) e 119.º, al. c)).
Os subsequentes interrogatórios ao arguido, na fase do inquérito, competem ao MP quando
este não o delegue nos OPC’s (art. 144.º, nº2);
b) Proceder à aplicação de uma medida de coação ou de garantia patrimonial, à exceção do termo
de identidade e residência, a qual pode ser aplicada pelo MP ou por um OPC (arts. 194.º, nº1 e
196.º, nº1).
Durante o inquérito, o juiz de instrução aplica estas medidas a requerimento do MP. Tratando-se de
arguido não detido, e salvo impossibilidade devidamente fundamentada, o juiz decide a aplicação de
medida de coação ou de garantia patrimonial, no prazo de 5 dias a contar do recebimento da promoção
do MP (art. 194.º, nº5).
Desde 2013, o juiz pode aplicar, nesta fase, medida de coação diversa, ainda que mais grave, quanto à
sua natureza, medida ou modalidade de execução, da requerida pelo MP, com fundamento em fuga ou
perigo de fuga por parte do arguido, bem como perigo de continuação da atividade criminosa (arts.
194.º, nº2 e 204.º, als a) e c)). Já se o fundamento for o perigo de perturbação do decurso do inquérito,
o juiz não pode aplicar medida de coação mais grave (quanto à sua natureza, medida ou modalidade de
execução), do que a requerida pelo MP, sob pena de nulidade (arts. 194.º, nº3, 1ª parte e 204.º, al. b)).
Tratando-se de medidas de garantia patrimonial, o juiz não pode aplicar medida de coação mais grave
do que a requerida pelo MP, sob pena de nulidade (art. 194.º, nº3, 2ª parte);
Ao abrigo do art. 269.º, nº1, durante o inquérito, compete exclusivamente ao juiz de instrução ordenar
ou autorizar, nomeadamente:
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Mandado de comparência
Sempre que for necessário assegurar a presença de qualquer pessoa em ato de inquérito, o MP ou a
autoridade policial em que tenha sido delegada a diligência, emitem mandado de comparência, do qual
conste a identificação da pessoa, a indicação do dia, local e hora a que deve apresentar-se e a menção
das sanções em que incorre no caso de falta injustificada (art. 273.º, nº1).
Notificação
O mandado de comparência é notificado ao interessa com pelo menos 3 dias de antecedência, salvo em
caso de urgência devidamente fundamentada (art. 273.º, nº2 e 106.º).
A falta de comparência a ato processual durante o inquérito pode ser justificada nos termos e condições
do art. 117.º, cabendo ao MP julgar justificada a falta a diligência por si ordenada ou efetuada pelos
OPCs em quem tenha sido delegada a competência.
Em caso de falta de comparência de pessoa regulamente notificada, só o juiz de instrução pode condenar
o faltoso ao pagamento de uma soma entre 2UC e 10UC. O juiz pode ordenar ainda a detenção de quem
tiver faltado injustificadamente pelo tempo indispensável à realização da diligência e, bem assim,
condenar o faltoso ao pagamento das despesas ocasionadas pela sua não comparência. Tratando-se do
arguido, pode também ser-lhe aplicada medida de prisão preventiva, se esta for legalmente admissível
(art. 116.º, nº2, ex vi do art. 273.º, nº4).
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Importa notar que a detenção a que se referem os arts. 255.º e ss., é efetuada, nomeadamente, para
assegurar a presença imediata ou, não sendo possível, no mais curto prazo (mas sem nunca exceder 24
horas) do detido perante a autoridade judiciária em ato processual.
O juiz de instrução não intervém na fase de inquérito espontaneamente. Com efeito, nos termos do art.
268.º, nºs 2 e 3, o juiz pratica os atos atrás mencionados a requerimento:
Do MP;
Nas fases processuais posteriores ao inquérito, o juiz já pode aplicar estas medidas oficiosamente, neste
caso ouvido o MP, sob pena de nulidade (art. 194.º, nº1).
O arguido goza do direito de intervir no inquérito, oferecendo provas e requerendo as diligências que
se afigurarem necessárias (art. 61.º, nº1, al. g)).
O juiz deve decidir no prazo máximo de 24 horas com base na informação que, conjuntamente com o
requerimento, lhe for prestada, dispensando a apresentação dos autos sempre que a não considerar
imprescindível (art. 268.º, nº4).
Encerramento do Inquérito
Prazos
As nulidades relativas à insuficiência do inquérito nos termos do art. 120.º, nº2, al. d), podem ser
arguidas até ao encerramento do debate instrutório ou, não havendo lugar a instrução, até 5 dias após
a notificação do despacho que tiver encerrado o inquérito (arts. 120.º, nº2, al. d) e 3, al. c), 121.º e 122.º).
Nota prévia
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Qualquer despacho de encerramento do inquérito, como ato decisório que é, deve ser fundamentado
com uma exposição das razões (de facto e de direito) que levaram o MP a decidir-se por ele, de acordo
com a prova recolhida durante toda a fase do inquérito (art. 97.º, nºs 3 a 5 CPP; art. 205.º, nº1 CRP;
24.º, nº1 LOSJ).
1. Arquivamento do inquérito
Nos termos do art. 277.º, nºs 1 e 2, o MP procede, por despacho, ao arquivamento do inquérito, quando:
Tiver recolhido prova bastante que demonstre não se ter verificado crime, de o arguido não o
ter praticado a qualquer título ou ser legalmente inadmissível o procedimento.
No final do inquérito não lhe tiver sido possível obter indícios suficientes (a noção de indícios
suficientes consta do art. 283.º, nº2) da verificação de crime ou de quem foram os agentes.
Se, para conhecer de um crime, não foram competentes os tribunais portugueses (art. 33.º, nº4).
Se o crime for particular, o MP deve proceder de acordo com o disposto no art. 285.º, nº1: notifica o
assistente para que este deduza em 10 dias, querendo, acusação particular; e tem de esclarecer o
assistente (na respetiva notificação) se durante a fase do inquérito foram recolhidos indícios suficientes
da verificação do crime e de quem foram os seus agentes (art. 285.º, nº2).
Com efeito, neste âmbito, o MP só pode arquivar o processo se o assistente não deduzir acusação
particular.
Extinção imediata das medidas de coação (art. 214.º, nº1, al. a));
O lesado poderá deduzir o PIC em separado, perante o tribunal civil (arts. 72.º, nº1, al. b) e
277.º, nº3);
Comunicação
12
A omissão de notificação do despacho de arquivamento ao assistente e ao denunciante com a faculdade de se
constituir assistente constitui nulidade dependente de arguição (art. 120.º, nº2, al. d)).
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i) Quanto ao assistente e arguido: por notificação mediante contacto pessoal ou via postal
registada (art. 113.º, nº 2), exceto se tiverem indicado um local determinado para efeitos de
notificação por via postal simples.
Se o arguido se encontrar preso, rege o art. 114.º.
Se o arguido não tiver defensor nomeado ou advogado constituído e não for possível a sua
notificação mediante contacto pessoal, via postal registada ou simples, a comunicação do
despacho de arquivamento efetua-se por editais (art. 277.º, nº4, al. b));
ii) Quanto ao denunciante com a faculdade de se constituir assistente e a quem tenha
manifestado o propósito de deduzir PIC: por notificação mediante via postal simples (arts.
277.º, nº4, al. c); 145.º, nºs 5 e 6; e 113.º, al. c), 3 e 4);
iii) As notificações ao advogado ou ao defensor nomeado, quando outra forma não resultar da
lei, são feitas por via eletrónica.
Quando tal não for possível, as notificações são feitas mediante contacto pessoal, via postal
registada, por meio de carta ou aviso registados; via postal simples, por meio de carta ou
aviso; ou por telecópia.
Tenhamos em atenção que o assistente só pode requerer a abertura da instrução quando estejam em
causa crimes públicos e semipúblicos, apenas relativamente a factos pelos quais o MP não tiver
deduzido acusação.
Só poderá funcionar nos casos em que o arquivamento se verificou nos termos do art. 277.º, nºs 1 e 2,
e não quando o arquivamento decorreu de dispensa da pena (art. 280.º) ou da suspensão do inquérito
(arts. 281.º e 282.º)
De acordo com o regime previsto no art. 278.º, nº1, no prazo de 20 dias a contar da data em que a
abertura da instrução já não puder ser requerida, o imediato superior hierárquico do magistrado do
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MP (que proferiu o despacho de arquivamento) pode determinar que seja formulada acusação ou que
as investigações prossigam.
Esgotado o prazo previsto no art. 278.º, o inquérito só pode ser reaberto se surgirem novos elementos
de prova que invalidem os fundamentos invocados pelo MP no despacho de arquivamento.
2. Acusação pelo MP
Se durante o inquérito tiverem sido recolhidos indícios suficientes de se ter verificado crime e
de quem foi o seu agente, o MP, no prazo de 10 dias, a partir da conclusão do inquérito, deduz
acusação contra aquele (art. 283.º, nº1).
O MP deverá também deduzir acusação quando o arguido não tiver cumprido as injunções e
regras de conduta que lhe tenham sido aplicadas ou se, durante o prazo de suspensão do
processo, cometer crime da mesma natureza pelo qual venha a ser condenado (art. 282.º, nº 4,
als. a) e b)).
Em caso de conexão de processos é deduzida uma só acusação (arts. 283.º, nº4 e 24.º e ss.) Ainda, art.
16.º, nºs 3 e 4.
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Se o crime for particular, o MP deverá notificar o assistente do encerramento do inquérito, nos termos
e para os efeitos do art. 285.º, nº1. No prazo de 5 dias após a apresentação da acusação particular, o MP
pode também acusar, dentro do condicionalismo previsto no art. 285.º, nº4.
Quando for proferido despacho de acusação, o juiz deve proceder ao reexame dos pressupostos da prisão
preventiva ou da obrigação de permanência na habitação, decidindo se essas medidas se devem manter
ou se devem ser substituídas ou revogadas (art. 213.º, nº1, al. b)).
Após a acusação, o MP, o assistente ou o arguido podem requerer a suspensão do processo nos termos
e para os efeitos indicados no art. 7.º.
Indícios suficientes
Consideram-se suficientes os indícios sempre que deles resultar uma possibilidade razoável de ao
arguido vir a ser aplicada, por força deles, em julgamento, uma pena ou uma medida de segurança (art.
283.º, nº2).
As provas obtidas durante as fases do inquérito e da instrução têm o mesmo valor (arts. 291.º, nº3;
298.º; e 302.º, nºs 2 e 4). Já na fase do julgamento, para a formação da convicção do tribunal, só valem
as provas que tiverem sido produzidas ou examinadas em audiência (art. 355.º, nº1).
Elementos
De acordo com o art. 283.º, nº3, a acusação do MP13 contém, sob pena de nulidade (art. 120.º - nulidades
dependentes de arguição):
a) As indicações tendentes à identificação do arguido. Cfr. arts. 311.º, nº2, al. a) e nº 3, al. a) e
342.º;
b) A narração, ainda que sintética, dos factos que fundamentam a aplicação ao arguido de uma
pena ou de uma medida de segurança, ou seja, dos elementos de facto constitutivos do crime,
incluindo, se possível, o lugar, o tempo e a motivação da sua prática, o grau de participação que
o agente neles teve e quaisquer circunstâncias relevantes para a determinação da sanção que
lhe deve ser aplicada (art. 311.º, nº2, al. a) e 3, al. b)):
c) A indicação das disposições legais aplicáveis (art. 311.º, nº2, al. a) e 3, al. c), 1ª parte);
13
Correspondentemente aplicável ao despacho instrutório de pronúncia ou não pronúncia (art. 308.º). O mesmo
relativamente à acusação do MP, em processo abreviado, não obstante as especificidades indicadas no art. 391.º,
nº1, 2ª parte.
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Este limite do nº de testemunhas apenas pode ser ultrapassado desde que tal se afigure necessário para
a descoberta da verdade material ou se o processo se revelar de excecional complexidade, devido ao
número de arguidos ou ofendidos ou ao caráter altamente organizado do crime.
Por determinação da Lei 27/2015, no respetivo requerimento devem agora enunciar-se os factos sobre
os quais as testemunhas irão depor e o motivo pelo qual têm conhecimento direto dos mesmos (arts.
283.º, nº 3, al. d) e 7 e 128.º, nº2).
e) A indicação dos peritos e consultores técnicos a serem ouvidos em julgamento, com a respetiva
identificação (arts. 151.º e ss e 311.º, nº 2, al. a) e 3, al. c), 2ª parte);
f) A indicação de outras provas a produzir ou a requerer (art. 311.º, nº2, al. a) e 3, al. c), 2ª parte).
Só podem valer como prova as conversações ou comunicações que o MP mandar transcrever ao OPC
que tiver efetuado a interceção e a gravação e indicar como meio de prova na acusação (arts. 1.º e 188.º,
nº 9, al. a)).
g) A data e a assinatura.
Comunicação
A notificação relativa à acusação, por atingir direitos fundamentais, deve ser feita ao arguido, ao
assistente e às partes civis e aos respetivos advogados ou defensor nomeado. Neste caso, o prazo para
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a prática de ato processual subsequente conta-se a partir da notificação efetuada em último lugar (art.
113.º, nº 10).
Estas comunicações efetuam-se mediante contacto pessoal ou via postal registada, exceto se o arguido
e o assistente tiverem indicado a sua residência ou domicílio profissional à autoridade policial ou
judiciária que elaborar o auto de notícia ou que os ouvir no inquérito ou na instrução, caso em que são
notificados mediante via postal simples, por meio de carta ou aviso, nos casos expressamente previstos
(arts. 283,º, nº6 e 113.º, nº1, al. c)).
A omissão de notificação da acusação constitui nulidade dependente de arguição (art. 120.º, nº2, al. a)).
i. Arguido
O arguido pode requerer a abertura da instrução no prazo de 20 dias a contar da notificação da acusação
(art. 287.º, nº1, a. a)), qualquer que seja a natureza do crime em causa (público, semi-público ou
particular).
ii. Assistente
O assistente (ou o denunciante com a faculdade de se constituir assistente, se entretanto requerer a sua
constituição como tal, art. 68.º, nº3), até 10 dias após a notificação da acusação do MP, pode também
deduzir acusação nos termos previstos no art. 284.º e/ou, no prazo de 20 dias, requerer a abertura de
instrução (art. 287.º, nº 1, al. b)), se o crime em causa for público ou semipúblico, quanto aos factos
relativamente aos quais o MP não tiver deduzido acusação.
Mesmo que o arguido ou o assistente não requeiram a abertura de instrução, o despacho de acusação
proferido pelo MP é sempre objeto de controlo jurisdicional por parte do juiz de julgamento, de acordo
com o art. 311.º, nº2, al. a) e nº3.
iii. Quem tiver manifestado o propósito de deduzir PIC nos termos do art. 75.º
Se quem foi informado de que podia deduzir PIC em processo penal (nos termos do art. 75.º, nº1) ou,
não o tendo sido, se considere lesado e manifestou no processo, até ao encerramento do inquérito, o
propósito de o fazer, após a notificação do despacho de acusação pelo MP (art. 377.º, nº3 ex vi do art.
283.º, nº5) pode deduzi-lo, em requerimento articulado, no prazo de 20 dias (art. 75.º, nº2 e 77.º, nº2).
Se não tiver manifestado tal propósito, aplica-se o art. 77.º, nº3.
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Prazo e admissibilidade
Até 10 dias após a notificação da acusação pelo MP, o assistente pode também deduzir acusação pelos
factos acusados pelo MP, por parte deles ou por outros que não importem uma alteração substancial
daqueles (art. 284.º, nº1).
Ou seja, a acusação do assistente poderá restringir ou ampliar os factos em que assentou a acusação do
MP, desde que tais alterações não alterem substancialmente o objeto do processo.
Se o assistente pretender introduzir factos novos que alterem substancialmente o objeto do processo
(delimitado na acusação do MP) deverá requerer a abertura da instrução (art. 287.º, nº1. Al. b)).
A acusação do assistente prevista no art. 284.º é facultativa, todavia, quando deduzida, é sempre
subordinada e complementar à do MP (art. 69.º, als. a) e b), 1ª parte).
Elementos
Da leitura do art. 284.º, nº2, resulta que a acusação do assistente (por crimes públicos e semipúblicos)
deve abranger os elementos constantes da acusação pública, previstos no art. 283.º, nºs 3, 7 e 8, sob
pena de nulidade, com as seguintes modificações:
Se até aí não o fez, pode requerer a sua constituição como tal (art. 68.º, nº3, al. b)). Nesse caso,
a acusação só será aceite se o juiz previamente admitir a sua constituição como assistente;
Se sofreu danos ocasionados pelo crime, pode deduzir o PIC (art. 77.º, nº1); todavia, se não
houver ainda danos ao tempo da acusação, estes não forem conhecidos ou não forem conhecidos
em toda a sua extensão, tal pedido pode ser deduzido em separado, perante o tribunal civil (art.
72.º, nº1, al. d));
Pode requerer a intervenção do tribunal do júri (art. 13.º, nº3);
Se for também lesado, pode requerer uma medida de garantia patrimonial (arts. 227.º e 228.º).
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Prazo e admissibilidade
Findo o inquérito, o MP notifica o assistente para que este deduza em 10 dias, querendo, acusação
particular (art. 285.º, nº1).
Nos crimes particulares é o assistente quem tem de promover o andamento dos autos, deduzindo
acusação particular (art. 50.º, nº1). Se o não fizer, o MP terá que arquivar o processo por falta de
legitimidade para prosseguir com o mesmo. Art. 69.º, nº 2. als. a) e b), 2ª parte.
Por imposição da lei 48/2007, o MP passou a ter que indicar na notificação (que faz ao assistente no
final do inquérito, art. 285.º, nº1) , se foram recolhidos indícios suficientes da verificação do crime e de
quem foram os seus agentes (art. 285.º, nº2).
O MP deve participar em todos os atos processuais em que intervier a acusação particular, acusar
conjuntamente com esta e recorrer autonomamente das decisões judiciais (arts. 50.º, nº2 e 53.º, nº2, al.
c)).
Merece destaque a possibilidade de o MP, findo o inquérito e considerando que foram recolhidos
indícios suficientes e que se verificam os pressupostos de aplicação do processo sumaríssimo, diligenciar
pela obtenção da concordância do assistente quanto aos factos imputados ao arguido, às sanções
propostas e, se for o caso, à quantia que lhe deve ser atribuída a título de reparação (art. 392.º e ss.). Só
quando não for possível obter a concordância do assistente, o MP dará cumprimento ao disposto no
art. 285.º, nº1. Ademais, o arguido e o assistente podem requerer ao MP a aplicação da pena em processo
sumaríssimo antes de ter sido deduzida acusação particular.
Elementos
A acusação particular deve incluir os elementos constantes da acusação pública previstos no art. 283.º,
nºs 3, 7 e 8, sob pena de nulidade.
Se o assistente sofreu danos ocasionados pelo crime (art. 74.º, nº1), poderá deduzir PIC conjuntamente
com a acusação particular (art. 77.º, nº1). Todavia, se não houver ainda danos ao tempo da acusação,
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estes não forem conhecidos ou não forem conhecidos em toda a sua extensão, o PIC pode ser deduzido
em separado, perante o tribunal civil (art. 72.º, nº1, al. d)).
O assistente (se também for lesado) pode ainda requerer uma medida de garantia patrimonial nos
termos e condições dos arts. 227.º e 228.º.
O MP pode, nos 5 dias posteriores à apresentação da acusação particular, acusar pelos mesmos factos,
por parte deles ou por outros que não importem uma alteração substancial daqueles (art. 285.º, nº 4).
Uma vez que o MP é o responsável pela fase de inquérito, cabe-lhe naturalmente tomar a decisão de
acompanhar ou não a acusação particular.
Nos crimes particulares, a determinação do objeto do processo cabe ao assistente (já nos crimes públicos
e semipúblicos é ao MP). Assim, a acusação do MP, por crime particular, encontra-se condicionada aos
factos constantes da acusação do assistente.
O assistente pode desistir da queixa e da acusação por si formulada (tratando-se de crime semipúblico
e particular). Arts. 116.º e 117.º CP e 51.º do CPP.
O Assistente
Não obstante a mesma pessoa poder incorporar as figuras do assistente, do ofendido, do queixoso e da
vítima, estamos perante sujeitos processuais distintos, com regimes jurídicos próprios.
Constituição de Assistente
Legitimidade
i) As pessoas e entidades a quem leis especiais conferirem esse direito (art. 68.º, nº1).
ii) Os ofendidos desde que maiores de 16 anos (art. 68.º, nº1, al. a)).
Note- se que este preceito consagra a legitimidade para a constituição de assistente nos
crimes públicos (por contraposição à al. b) do art. 68.º, nº1, que expressamente se refere
aos crimes semipúblicos e particulares).
No entanto, existem crimes públicos que não admitem constituição de assistente, uma vez
que o interesse protegido pela incriminação é exclusivamente público (v.g traição à pátria).
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O ofendido tem o direito de intervir no processo, nos termos da lei (art. 32.º, nº7 da CRP).
iii) As pessoas de cuja queixa ou acusação particular depender o procedimento (art. 68, nº1, al.
b)).
Ou seja, tratando-se de crime semipúblico ou particular, as pessoas com legitimidade para
apresentar queixa (arts. 113.º e 117.º do CP) podem também constituir-se como assistentes
no processo (arts. 49.º e 50.º).
De salientar que a constituição de assistente só é obrigatória nos crimes particulares (arts.
50.º, nº1, 68.º, nº2 e 246.º, nº4).
iv) No caso de o ofendido morrer sem ter renunciado à queixa (a renúncia só pode dar-se nos
crimes semipúblicos e particulares – arts. 116.º, nº1 e 117.º do CP): art. 68.º, nº1, al. c);
Tenhamos em atenção que as pessoas incluídas no segundo grupo só podem constituir-se
assistentes no caso de alguma das pessoas incluídas no primeiro o não fizer;
v) No caso de o ofendido ser menor de 16 anos ou por outro motivo incapaz: art. 68.º, nº1, al.
d));
As pessoas a quem se confere aqui o direito de se constituírem assistentes agem em
representação do ofendido, pelo que, cessando a incapacidade deste, cessa a legitimidade
do substituto – art. 68.º, nº1, al. d)).
vi) Qualquer pessoa nos crimes contra a paz e a humanidade, bem como nos crimes de tráfico
de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, denegação da justiça e
prevaricação, corrupção, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e
fraude na obtenção de subsídio ou subvenção (art. 68.º, nº1, al. e)).
A constituição de assistente nos crimes supramencionados, das associações sem fins
lucrativos cujo objeto principal seja o combate à corrupção não está sujeita ao pagamento
de qualquer taxa de justiça (cfr. art. 5.º, nº1 da Lei 19/2008 – aprova medidas de combate
à corrupção)14.
Ao abrigo do art. 70.º, nº1, os assistentes são sempre representados por advogado. Havendo vários
assistentes, são todos representados por um só advogado, salvo no caso de haver entre os vários
14
Podem, ainda, constituir-se assistentes no processo penal (pessoas singulares ou coletivas), nomeadamente, as
pessoas e entidades a quem leis especiais conferirem esse direito (art. 68.º, nº1). A este propósito, vejam-se, entre
outros: 1- ONG’s ambiente: art. 10.º, al. D) da Lei 35/98; 2-Associações de mulheres: art. 7.º, al. b) da Lei
107/2015; 3- Associações de consumidores: art. 18.º da Lei 24/96; 4- Garantia dos administrados: art. 2.º da Lei
107/2001; 5- Representação da O.A: art. 5.º e 40.º da Lei 145/2015; 6- Direitos das associações: art. 12.º, nº1 da
Lei 61/91; 7- Violência doméstica: art. 16.º da Lei 112/2009; 8- ONG’s: art. 12.º, nº2 da Lei 93/2017; e 9-
Associações sindicais: art. 23.º, nº1 da Lei 107/2009.
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assistentes interesses incompatíveis, bem como no caso de serem diferentes os crimes imputados ao
arguido. Se divergirem quanto à escolha, decide o juiz (de instrução ou de julgamento, consoante os
casos).
Assim, com o requerimento que formula o pedido de admissão como assistente, deve juntar-se
procuração forense, sob pena de o requerimento ser indeferido, por falta do pressuposto da
representação judiciária do requerente.
Em virtude da lei 48/2007, os assistentes podem ser acompanhados por advogado nas diligências em
que intervierem (art. 70.º do CPP; art. 20.º, nº2 CRP; art. 26.º, nº2 LOSJ).
Apoio Judiciário
Prazo
Crimes particulares
Crimes públicos e semipúblicos
Custas Processuais
A constituição de assistente dá lugar ao pagamento de taxa de justiça, nos termos fixados no RCP.
Com efeito, a taxa devida pela constituição como assistente é autoliquidada no montante de 1 UC,
podendo ser corrigida, a final (art. 519.º, nº1 CPP e art. 8.º, nº1 do RCP).
Sendo vários os assistentes, cada um deve pagar a correspondente taxa de justiça (art. 515.º, nº2).
Decisão
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Na decisão (de admissão ou rejeição do pedido de constituição de assistente), o juiz deve verificar a
legitimidade do requerente, o requerimento ter sido apresentado no devido prazo, estar representado
por advogado e ter pago a correspondente taxa de justiça.
Este despacho deve ser fundamentado, devendo ser especificados os motivos de facto e de direito da
decisão (art. 97.º, nº5 CPP; 24.º, nº1 LOSJ e 205.º, nº1 CRP).
Os recursos de despacho que não admita a constituição de assistente sobem imediatamente (art. 407.º,
nº2, al. g)), em separado (art. 406.º, nº2) e com efeito meramente devolutivo (art. 408.º, a contrario).
Se o despacho do juiz for favorável à sua admissão, o assistente deve, desde logo, requerer a inquirição
de testemunhas e/ou outros meios de prova - não obstante o MP, durante o inquérito, dever proceder
oficiosamente a quaisquer diligências que julgar indispensáveis à descoberta da verdade e couberem na
sua competência (art. 50.º, nº2, 1ª parte).
Ou seja, existem situações em que o assistente pode intervir no processo penal com autonomia, porém,
sublinhe-se, em caso algum terá os poderes ou funções do MP, nomeadamente os de investigação na
fase do inquérito para fundamentar a acusação.
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Os assistentes podem (desde 2010) conhecer os despachos que sobre tais iniciativas recaírem (art. 69.º,
nº2, al. a)). Ademais, se o assistente revestir também a figura de vítima, pode beneficiar das informações
consignadas no art. 11.º, nº6 do EV, conferindo-lhe ainda o nº7 a faculdade de declarar que deseja ser
oportunamente notificado de todas as decisões proferidas no processo penal.
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Se o crime em causa for público ou semipúblico, requerer a sua abertura, relativamente a factos
pelos quais o MP não tiver deduzido acusação (art. 287.º, nº1, al. b)); por sua vez, a abertura da
instrução, requerida pelo arguido, deve ser notificada ao assistente (art. 287.º, nº5);
Requerer a prorrogação do prazo para requerer a abertura da instrução (art. 107.º, nº6);
Após a acusação ou o requerimento para abertura da instrução, requerer a suspensão do
processo, quando for necessário julgar qualquer questão não penal que não possa ser
convenientemente resolvida no processo penal (art. 7.º);
Deduzir incompetência territorial do tribunal até ao início do debate instrutório (art. 32.º, nº2,
al. a));
Suscitar o conflito de competência, bem como ser notificado da respetiva decisão (arts. 35.º, nº2
e 36.º, nº3);
Requerer a declaração de impedimento do juiz (art. 41.º, nº2) ou recusa de intervenção do juiz
no processo (art. 43.º, nº3);
Consultar os autos e obter certidões nos termos e condições do art. 89.º, nº6;
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Requerer ao juiz a tomada de declarações para memória futura, nos termos e com as finalidades
referidas no art. 271.º (art. 294.º);
Participar no debate instrutório, devendo ser notificado para esse efeito (arts. 289.º e 297.º,
nº3);
Requerer o incidente da aceleração processual, quando tiverem sido excedidos os prazos de
duração da instrução (arts. 306.º, 108.º e 110.º);
2. Dedução de acusação
3. Interposição de recurso
Compete também em especial aos assistentes interpor recurso das decisões que os afetem (ou seja, das
decisões contrárias às pretensões sustentadas no processo), mesmo que o MP o não tenha feito. Para
esse efeito, os assistentes dispõem de acesso aos elementos processuais imprescindíveis, sem prejuízo
do regime aplicável ao segredo de justiça (art. 69.º, nº2, al. c)). Neste caso, é irrelevante a natureza do
crime em causa.
Sublinhamos que, por força da Lei 130/2015, foi acrescentada o art. 68.º, nº3, al. c), o assistente pode
requerer ao juiz a sua constituição como tal no prazo para interposição de recurso da sentença. Cfr. art.
411.º.
O assistente, tendo interesse em agir, tem legitimidade para recorrer de decisões contra ele
proferidas (art. 401.º, nº1, al. b) e nº2);
Sobem imediatamente os recursos interpostos do despacho que não admitir a constituição de
assistente (art. 407.º, nº2, al. g));
O requerimento de interposição ou a motivação são notificados aos restantes sujeitos
processuais afetados pelo recurso (art. 411.º, nº 6), os quais podem responder no prazo de 30
dias (art. 413.º);
O assistente pode desistir do recurso interposto, até ao momento do processo ser concluso ao
relator para exame preliminar (art. 415.º, nº1);
Se o recurso for rejeitado, o tribunal condena o recorrente, se não for o MP, ao pagamento de
uma taxa entre 3 UC e 10 UC (art. 420.º, nº3);
O representante do assistente é sempre convocado para a audiência (art. 421.º, nº2);
Em audiência, o representante do assistente pode alegar por um período não superior a 30
minutos, prorrogável em caso de especial complexidade (art. 423.º, nº3);
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Declarações
Ao assistente (e às partes civis) podem ser tomadas declarações a requerimento seu ou do arguido ou
sempre que a autoridade judiciária o entender conveniente (art. 145.º, nº1).
A ausência, por falta de notificação, do assistente (e das partes civis), nos casos em que a lei exigir a
respetiva comparência (além do art. 145.º, nº1, também nos casos do art. 146.º; na fase de julgamento,
arts. 330.º, nº2 e 331.º), constitui nulidade dependente de arguição, a qual deve ser arguida até 5 dias
após a notificação do despacho que designar dia para a audiência (art. 120.º, nº2, al. b) e nº 3, al. b)).
As partes civis e as pessoas que se tiverem constituído assistentes, a partir do momento da constituição,
estão impedidas de depor como testemunhas (art. 133.º, nº1, als. b) e c)).
Por determinação da lei 130/2015, a vítima, mesmo que não se tenha constituído assistente, deve ser
ouvida, sempre que necessário, sobre os seguintes assuntos: revogação e substituição das medidas de
coação impostas ao arguido (art. 212.º, nº4) e incumprimento das condições de suspensão da pena (art.
495.º). No âmbito da instrução, a sua audição deve ainda ser ordenada quando for requerida por si ou
pelo arguido ou quando o juiz o entender (art. 292.º, nº2).
Podem ser tomadas para memória futura (arts. 271.º, nº7; 294.º e 320.º);
Podem ser tomadas perante o juiz de outro tribunal ou juízo se residirem fora do município
onde se situa o tribunal ou juízo da causa, não houver razões para crer que a sua presença na
audiência é essencial à descoberta da verdade e forem previsíveis graves dificuldades ou
inconvenientes, funcionais ou pessoais, na sua deslocação (art. 318.º, nº1, als. a), b) e c));
Ficam sujeitas ao regime de prestação da prova testemunhal (arts. 128.º e ss.), salvo no que for
manifestamente inaplicável e no que a lei dispuser diferentemente (art. 145.º, nº3);
Não são precedidas de juramento (art. 145.º, nº4), ao contrário das declarações prestadas pelas
testemunhas (art. 132.º, nº1, al. b) e 91.º). Todavia, o assistente (e as partes civis) está sujeito
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ao dever de verdade e pode ser responsabilizado penalmente pela sua violação (art. 145.º, nº2
do CPP e 359.º, nº2 do CP);
A leitura de declarações do assistente (e das partes civis), em audiência, é permitida nos termos
e condições dos nºs 2, 3 e 4 do art. 356.º.
Para o efeito de serem notificados por via postal simples (art. 113.º, nº1, al. c)), o denunciante com a
faculdade de se constituir assistente, o assistente e as partes civis indicam a sua residência, o local de
trabalho ou outro domicílio à sua escolha.
As notificações do assistente (e das partes civis) podem ser feitas ao respetivo advogado, com exceção
das notificações respeitantes:
As quais, porém, devem igualmente ser notificadas ao advogado. Neste caso, o prazo para a prática de
ato processual subsequente conta-se a partir da data da notificação efetuada em lugar (art. 113.º, nº 10).
Julgamento
O assistente (e as partes civis) podem intervir na fase do julgamento. Neste seguimento, consideremos
as disposições seguintes:
Se num processo for ofendido pessoa com a faculdade de se constituir assistente ou parte civil
um magistrado, a competência do tribunal consta do art. 23.º;
O despacho que designa dia para a audiência deve ser notificado ao assistente, às partes civis e
aos seus representantes, pelo menos 30 dias antes da data fixada para a audiência (art. 313.º,
nº2.
O lesado, os demandados e os intervenientes são obrigados a comparecer no julgamento apenas
quando tiverem de prestar declarações a que não puderem recusar-se (art. 80.º e art. 74.º, nºs 2
e 3).
O assistente e as partes civis podem adicionar ou alterar o rol de testemunhas (art. 316.º).
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É admissível a prova por acareação entre coarguidos, entre o arguido e o assistente, entre
testemunhas ou entre estas, o arguido e o assistente, sempre que houver contradição entre as
suas declarações e a diligência se afigurar útil à descoberta da verdade. Este regime é
igualmente aplicável às partes civis.
Podem ser tomadas declarações nos termos dos arts. 318.º, 319.º e 320.º.
O assistente pode requerer a restrição da livre assistência do público à audiência de julgamento
(arts. 321.º, nº2 e 87.º);
Em caso de falta do representante do assistente ou das partes civis a audiência prossegue, sendo
o faltoso admitido a intervir logo que comparecer (art. 330.º, nº2, 1ª parte);
Tratando-se da falta do representante do assistente em procedimento dependente de acusação
particular, a audiência é adiada por uma só vez; a falta não justificada ou a segunda falta valem
como desistência da acusação, salvo se houver oposição do arguido (art. 330.º, nº2, 2ª parte);
A falta do assistente e das partes civis não dá lugar ao adiamento da audiência, sendo
representados para todos os efeitos legais pelo advogado constituído (art. 331.º);
Aquando das exposições introdutórias, o advogado do assistente pode indicar, se assim o
desejar, sumariamente e no prazo de 10 minutos, os factos que se propõe provar (art. 339.º, nº
2);
A produção da prova deve respeitar a ordem prevista no art. 341.º;
O MP, o defensor ou os advogados das partes civis ou do assistente podem solicitar que sejam
tomadas declarações, na audiência de julgamento, ao assistente, ao responsável civil e ao lesado
(arts. 346.º e 347.º);
É permitida a leitura, em audiência, de declarações do assistente e das partes civis, nos termos
e condições do art. 356.º, nº2;
Se no decurso da audiência surgirem factos novos que impliquem uma alteração substancial
dos factos descritos na acusação ou na pronúncia é necessário acordo entre o MP, o arguido e
o assistente para continuação do julgamento pelos factos novos, se estes não determinarem a
incompetência do tribunal (art. 359.º, nº3);
Finda a produção da prova, os advogados do assistente e das partes civis têm a palavra para
alegações orais nas quais expõem as conclusões, de facto e de direito, que hajam extraído da
prova produzida (art. 360.º);
As declarações prestadas oralmente na audiência são sempre documentadas na ata, sob pena de
nulidade (arts. 363.º e 364.º);
No julgamento do processo sumário, se faltarem testemunhas de que o assistente não
prescinda, a audiência não é adiada, sendo inquiridas as testemunhas de acordo com o
estipulado no art. 387.º, nº3;
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O cerne do regime jurídico das partes civis encontra-se regulado nos arts. 71.º a 84.º. Todavia, o regime
substantivo da indemnização por perdas e danos emergentes de crime é regulada pela lei civil (art. 129.º
CP). Portanto, o PIC subordina-se, na dimensão quantitativa e respetivos pressupostos, à lei civil,
embora processualmente seja regulado pela lei processual penal.
A prática de um ilícito criminal pode, assim, consistir num facto constitutivo de responsabilidade civil,
caso viole interesses suscetíveis de reparação patrimonial, nos termos da lei civil (arts. 483.º e ss e 562.º
e ss do CC). O PIC compreende o ressarcimento dos danos patrimoniais e não patrimoniais resultantes
da prática de um crime de que é responsável o arguido.
O PIC deduzido no processo penal é uma verdadeira ação civil transferida para o processo penal.
Princípio da Adesão
Nos termos do art. 71.º, o PIC fundado na prática de um crime é deduzido no processo penal respetivo,
só o podendo ser em separado, perante o tribunal civil, nos casos previstos na lei (casos esses
taxativamente consagrados nas als. do art. 72.º, nº1). Desta forma, o juiz penal é também competente
para decidir a ação cível e assim, no mesmo processo, julgam-se dois pedidos: o criminal e o civil.
O princípio da adesão obrigatória vale apenas para os crimes públicos e mesmo quanto a estes com as
exceções previstas nas als. a), b) e d) a i) do art. 72.º. Por outro lado, a adesão obrigatória não exclui a
autonomia (cfr. arts. 76.º, 78.º, 79.º, 84.º, 377.º, 400.º, nºs 2 e 3 e 403.º, nº2, al. b)).
Tratando-se de crimes semipúblicos e particulares, o lesado pode deduzir o respetivo PIC em separado
(art. 72.º, nº1, al. c)).
Não se formulando o PIC no processo penal quando a lei a isso obriga, fica-se impossibilitado de, no
futuro, se usarem os meios civis para obtenção do ressarcimento dos prejuízos sofridos com o crime
(preclusão do direito de indemnizar).
Pedido em Separado
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Em certos casos, o PIC pode ser deduzido em separado, perante o tribunal civil (o que se traduz numa
exceção à adesão obrigatória, prevista no art. 71.º). Estamos na presença do princípio da opção, segundo
o qual, o lesado, ao formular o PIC fundado na prática de um crime, pode optar entre as jurisdições
civil e penal.
Se for instaurado PIC em separado sem observância das condições estabelecidas pelo art. 72.º, nº1, a
ação civil não pode prosseguir, sendo o tribunal materialmente incompetente e, por conseguinte, o réu
absolvido da instância (art. 288.º, nº1, al. a) CPC).
Quanto à prescrição, cfr. arts 303.º, 306.º, 323.º e 498.º (principalmente o nº3) todos do CC. O STJ
proferiu decisão defendendo que “instaurado processo crime, o prazo de prescrição do direito à indemnização
não começa a correr enquanto estiver pendente o processo crime (art. 71.º CPP e 306.º, nº1 do CC)”.
Ao abrigo do art. 72.º, nº1, há situações taxativas em que o PIC pode ser deduzido em separado.
a) Se, depois de levar a cabo a atividade investigatória, o MP não proferir acusação dentro de 8
meses a contar da notícia do crime. O lesado tem ainda esse direito se o processo estiver sem
andamento por mais de 8 meses depois de deduzida acusação.
Se o processo respeitar a acidente causado por veículo de circulação terrestre e se o lesado
deduzir o PIC em separado, nos termos mencionados, poderá requerer fundamentadamente, à
autoridade judiciária a passagem de certidão em que seja dado conhecimento de ato ou
documento em segredo de justiça (art. 86.º, nº 12, al. a));
b) Se o processo penal tiver sido arquivado ou suspenso provisoriamente (arts. 277.º, 280.º, 281.º
e 282.º) ou se o procedimento se tiver extinguido antes do julgamento15.
Verificadas estas circunstâncias, para obter o ressarcimento pelos prejuízos sofridos, o lesado,
a partir da notificação do arquivamento do processo (art. 277.º, nº3), terá que formular o PIC
em separado (no tribunal cível) contra os responsáveis meramente civis.
c) Se o procedimento depender de queixa ou de acusação particular.
Nada impede que tenha sido praticado um crime e, em virtude disso, tenha havido danos e o
ofendido não apresente queixa.
15
O procedimento criminal pode extinguir-se:
Por prescrição: arts. 118.º e ss;
Morte do arguido (arts. 127.º, nº1 e 128.º);
Amnistia (arts. 127.º e 128.º);
Renúncia e desistência da queixa ou da acusação particular (arts. 116.º e 117.º todos do CP).
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Legitimidade
1. Legitimidade Ativa
i. Lesado e MP
O PIC é deduzido pelo lesado, entendendo-se como tal a pessoa que sofreu danos ocasionados pelo
crime, ainda que se não tenha constituído ou não possa constituir-se assistente (art. 74.º, nº1).
O momento para o lesado formular o PIC varia consoante tenha, ou não, manifestado o propósito de o
fazer, até ao encerramento do inquérito (arts. 75.º, nº2 e 77.º, nºs 2 e 3).
Para além do lesado, o PIC pode ser deduzido pelo MP em representação do Estado (art. 76.º, nº3).
Assim, p. ex., o lesado enquanto tal, não pode requerer a instrução nem intervir no debate instrutório
(arts. 287.º e 289.º). No fundo, os poderes processuais do lesado estão limitados à fase do julgamento
(sendo certo que mesmo nessa fase a sua presença não é obrigatória, salvo se tiver de prestar
declarações a que não possa recusar-se, como dispõe o art. 80.º) e do recurso.
Apesar de o lesado dever alegar e provar os danos sofridos e o nexo de causalidade existente entre o
facto e o dano, não se lhe deve exigir a prova dos elementos constitutivos do crime. Contudo, se o
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lesado for simultaneamente ofendido, poderá constituir-se assistente (nesse caso, a sua intervenção
processual é mais ampla, uma vez que poderá atuar também no campo criminal).
2. Legitimidade passiva
Para além do arguido, o PIC pode ser deduzido contra pessoas com responsabilidade meramente civil
e estas podem intervir voluntariamente no processo penal, nos termos estabelecidos pelo processo civil
(art. 73.º, nº 1).
O responsável civil é aquele que está obrigado ao ressarcimento do dano, mas que não teve qualquer
intervenção no cometimento do crime, não sendo penalmente corresponsável pelos factos imputados
ao arguido no estrito âmbito do processo penal.
P. ex., responsabilidade das pessoas obrigadas à vigilância de outrem (art. 491.º CC), à responsabilidade
do comitente no caso de ato do comissário no exercício da função que constitua crime (arts. 500.º a
503.º do CC) e à responsabilidade da seguradora.
Os demandados são aqueles contra quem é deduzido o PIC e os intervenientes são as pessoas com
responsabilidade meramente civil que intervêm no processo sem que tenha sido formulado um pedido
contra elas (art. 311.º e ss. CPC). Ambos têm posições processuais idênticas à do arguido (arts. 60.º e
61.º) quanto à sustentação e à prova das questões civis julgadas no processo, sendo as suas defesas
independentes (art. 74.º, nº3) visando, sobretudo, demonstrar a ausência de responsabilidade civil.
3. Representação judiciária
O lesado pode fazer-se representar por advogado, sendo obrigatória a representação sempre que, em
razão do valor do pedido, se deduzido em separado, fosse obrigatória a constituição de advogado, nos
termos da lei do processo civil (art. 76.º, nº1) – arts. 40.º, nº1, al. a) e ss. e 629.º CPC. Para o valor das
alçadas: art. 44.º, nº1 LOSJ.
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Se o responsável for conhecido e não beneficiar de seguro válido e eficaz, a ação deve ser proposta contra o
Fundo de Garantia Automóvel e o responsável civil, sob pena de ilegitimidade. Quando o responsável civil por
acidentes de viação for desconhecido, o lesado demanda diretamente o referido Fundo de Garantia Automóvel
(art. 62.º, nºs 1 e 2 do DL 291/2007).
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De notar que se o lesado for simultaneamente assistente, deverá ser sempre representado por advogado
(art. 70.º, nº1) – atualmente, os assistentes podem ser acompanhados por advogado nas diligências em
que intervierem (art. 70.º, nº3 do CPP; art. 20.º, nº2 CRP; art. 26.º, nº2 LOSJ).
Se a parte não constituir advogado, sendo obrigatória a sua constituição, o tribunal, oficiosamente ou
a requerimento da parte contrária, fá-la-á notificar para o constituir dentro de prazo certo, sob pena de
o réu ser absolvido da instância, de não ter seguimento o recurso ou de ficar sem efeito a defesa (art.
41.º CPC e art. 4.º CPP).
Nos recursos é obrigatória a constituição de advogado (art. 40.º, nº1, al. c) CPC).
Os demandados e os intervenientes devem fazer-se representar por advogado (art. 76.º, nº2).
Quando, em razão do valor do PIC, se deduzido em separado, não fosse obrigatória a constituição de
advogado (arts. 40.º, nº1, al. a) e ss. e 44.º, nº1 LOSJ), o lesado, nos prazos estabelecidos nos nºs 1, 2 e
3 do art. 77.º, pode requerer a tribunal que lhe seja arbitrada indemnização civil.
Tramitação
Dever de informação
Logo que, no decurso do inquérito, tomarem conhecimento da existência de eventuais lesados, devem
estes ser informados, pelas autoridades judiciárias ou pelos OPC’s (definição: art. 1.º, als. b) e c)), da
possibilidade de deduzirem PIC em processo penal e das formalidades a observar (art. 75.º, nº1).
A omissão deste dever de informação integra uma irregularidade processual, submetida ao regime do
art. 123.º. Para além disso, constitui fundamento para o lesado deduzir o PIC em separado (art. 72.º,
nº1, al. i)).
Quem tiver sido informado de que pode deduzir PIC (noa termos do art. 75.º, nº1), ou, não o tendo sido,
se considere lesado, pode manifestar no processo, até ao encerramento do inquérito (art. 276.º e ss.), o
propósito de o fazer (art. 75.º, nº2).
A falta de contestação não implica confissão dos factos (art. 78.º, nº3). Ora, este regime, sendo
excecional em relação ao do processo civil sobre os efeitos da falta de contestação (nos termos do qual
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consideram-se admitidos por acordo os factos que não forem impugnados – art. 574.º, nº2 e 567.º e
568.º do CPC), beneficia tanto o arguido como a pessoa contra quem foi deduzido o PIC (se assim não
fosse, estar-se-iam a dar como provados os factos que consubstanciam o crime de que o arguido vem
acusado, o que violaria vários princípios do processo penal).
Formalidades
A contestação do PIC deve ser deduzida por artigos (art. 78.º, nº2).
Quanto ao processo especial sumário, o PIC e a sua contestação, quando verbalmente apresentados, são
documentados na ata, nos termos dos arts. 363.º e 364.º (cfr. art. 389.º, nº4).
Provas
Se tiver lugar pedido civil, constituem objeto da prova os factos relevantes para a determinação da
responsabilidade civil (art. 124.º, nº2) – arts- 124.º e ss (regime jurídico da prova).
Os meios de prova devem ser requeridos pelo lesado no seu requerimento de dedução do pedido cível,
pelo demandado na sua contestação e pelo interveniente no respetivo requerimento de intervenção.
No que respeita a esta matéria, importa reter que os requerimentos de prova na fase do julgamento são
indeferidos, entre outras razões, se for notório que as provas requeridas já podiam ter sido juntas ou
arroladas com a acusação ou com a contestação, exceto se o tribunal entender que são indispensáveis à
descoberta da verdade e da boa decisão da causa (art. 340.º, nº4, al. a)).
É admissível a prova por acareação igualmente quanto às partes civis (art. 146.º, nºs 1 e 2).
Cada requerente, demandado ou interveniente pode arrolar testemunhas em número não superior a 10
ou 5, consoante o valor do PIC exceda ou não a alçada da relação em matéria cível (art. 79.º, nº 2 CC e
44º, nº1 LOSJ).
De realçar que este limite existe independentemente e para além das testemunhas arroladas em
processo penal.
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Julgamento
O lesado tem, em relação ao pedido cível, os mesmos direitos processuais que a lei confere aos
assistentes (ver).
Por força do art. 81.º, o lesado pode, em qualquer altura do processo (ou seja, enquanto não transitar
em julgado a decisão):
Para que se verifique a renúncia, o lesado prescinde do direito de obter ressarcimento civil pelos danos
ocasionados pelo crime. Portanto, a renúncia pressupõe que o pedido ainda não tenha sido formulado
(caso contrário, estamos perante uma desistência).
Uma vez que a desistência é feita nos casos em que existe um pedido já formulado, está sujeita a
homologação do juiz e extingue o direito que se pretendia fazer valer – nessa medida, o desistente fica
impossibilitado de posteriormente recorrer ao tribunal cível para intentar nova ação contra os mesmos
demandados. Cfr. ainda os arts. 283.º e 291.º do CPC, os quais se reportam à liberdade, bem como à
nulidade e anulabilidade da confissão, desistência e transação.
Se a desistência não for feita pelo lesado pessoalmente, mas antes pelo seu advogado, a procuração
forense terá que lhe conferir poderes especiais para o efeito (art. 45.º, nº 2 CPC).
Quando a causa termine por desistência, as custas são pagas pela parte que desistir. Se a desistência for
parcial a responsabilidade pelas custas é proporcional à parte de que se desistiu (art. 537.º, nº1 CPC e
523.º CPP).
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A caução económica subsiste até à decisão final absolutória ou até à extinção das obrigações.
Para garantia das quantias acima referidas, a requerimento do MP ou do lesado, pode o juiz decretar o
arresto, nos termos da lei do processo civil (arts. 391.º e ss. CPC).
Tendo por base razões de economia processual, o art. 377.º, nº1 preceitua que a sentença, ainda que
absolutória (quanto à responsabilidade criminal) condena o arguido em indemnização civil sempre que
o PIC vier a revelar-se fundado, sem prejuízo da possibilidade de o juiz entender remeter as partes para
os meios comuns, quando se colocarem as questões enunciadas no art. 82.º, nº 3.
Alertamos que o art. 377.º, nº1, não poderá funcionar quando se configure um caso de responsabilidade
contratual, mas apenas quando estejam causa uma situação de responsabilidade civil extracontratual
(prática de um facto ilícito e não em incumprimento contratual).
Se o tribunal não se pronunciar sobre o PIC a sentença é nula, porquanto deixou de pronunciar-se
sobre questões que devesse apreciar (art. 379.º, nº1, al. c)). O mesmo se diga quando condene em
quantidade superior ou em objeto diverso do pedido (arts. 609.º, nº1 e 615.º, nº1, al. e)) do CPC).
Se a sentença criminal for condenatória, devemos ter em atenção o disposto no art. 51.º, nº1, al. a) do
CP, o qual regula a possibilidade de a suspensão da execução da pena de prisão poder ser subordinada
ao cumprimento de deveres impostos ao condenado e destinados a reparar o mal do crime. De entre
esses deveres, consagra o pagamento, dentro de certo prazo, no todo ou na parte que o tribunal
considerar possível, a indemnização devida ao lesado, ou garantir o seu pagamento por meio de caução
idónea.
Importa frisar que os montantes indemnizatórios devem ser escritos por extenso (art. 94.º, nº5).
Que tenha havido julgamento e sentença. Se não houve julgamento, por extinção da
responsabilidade criminal em momento anterior, não pode condenar-se na indemnização aqui
em causa (nesse caso, ao lesado assiste o direito de deduzir PIC em separado, perante o tribunal
civil, nos termos do art. 72.º, nº1, al. b), 2ª parte);
17
Não confundir com a caução prevista no art. 197.º.
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Que se esteja perante um ilícito civil que produza o dever de indemnizar, nos termos dos arts.
483.º e ss. CC;
Caso julgado
De acordo com a lei processual civil, a decisão “considera-se transitada em julgado logo que não seja
suscetível de recurso ordinário ou de reclamação” (art. 628.º CPC cfr. art. 400.º, nºs 2 e 3).
A decisão penal, condenatória ou absolutória, que conhecer do pedido civil, constitui caso julgado nos
termos em que a lei atribui eficácia de caso julgado às sentenças civis (art. 84.º), uma vez que a
indemnização de perdas e danos emergentes de crime é regulada pela lei civil (art. 129.º CP).
Assim, se se pretender propor uma causa para obter o ressarcimento de prejuízos advindos de um crime,
tendo havido já uma decisão em processo crime sobre essa matéria que se tornou insuscetível de recurso
ordinário, haverá caso julgado. Consequentemente, o PIC não pode se novamente discutido, em
diferente processo (art. 590.º, nº1 CPC).
Apesar de ter elementos suficientes para conhecer do PIC, se não dispuser de elementos bastantes para
fixar o seu montante, o tribunal condena no que se liquidar em execução de sentença. Neste caso, a
execução corre perante o tribunal civil, servindo de título executivo a sentença penal (art. 82.º, nº1).
Em sentido semelhante, art. 609.º, nº2 do CPC.
Assim, estando já decidido que existe direito à indemnização, o tribunal, oficiosamente, pode remeter
para os tribunais civis a liquidação do seu montante (art. 716.º CPC).
Com efeito, as execuções que digam respeito a condenação em quantia certa, não devem decorrer
perante o tribunal civil, mas sim perante o tribunal criminal (apenas decorrem perante o tribunal civil
aquelas em que haja necessidade de liquidação prévia).
A competência dos juízos de execução consta do art. 129.º da LOSJ. De acordo com os nºs 1 e 2, 2ª
parte, compete aos juízos de execução exercer, no âmbito dos processos de execução de natureza cível,
as competências previstas no CPC, com exclusão, entre outros, das execuções de sentenças proferidas
em processos de natureza criminal que, nos termos da lei processual penal, não devam correr perante
um juízo cível.
Neste contexto, o TRL decidiu que “o juízo criminal que proferiu condenação no pagamento de indemnização
cível, que não careça de liquidação, é competente para executar a sua própria decisão, ainda que haja na área de
comarca juízos de execução”.
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O tribunal pode, oficiosamente ou a requerimento, remeter as partes para os tribunais civis quando as
questões suscitadas pelo PIC inviabilizarem uma decisão rigorosa ou forem suscetíveis de gerar
incidentes que retardem intoleravelmente o processo penal (arts. 82.º, nº3 e 72.º, nº1, al. e)).
Neste caso, é a apreciação global do PIC que é remetida para os tribunais civis.
Não tendo sido deduzido PIC no processo pena ou em separado (arts. 72.º e 77.º), o tribunal, em caso
de condenação do arguido (no processo crime), pode arbitrar oficiosamente uma quantia a título de
reparação pelos prejuízos sofridos quando particulares exigências de proteção da vítima o imponham,
sendo, nesse caso, assegurado o respeito pelo contraditório (art. 82.º-A, nºs 1e 2).
Custas Processuais
À responsabilidade por custas relativas ao PIC, são aplicáveis as normas do processo civil (art. 523.º).
Quanto ao valor da ação cível enxertada no processo penal, cf. art. 297.º, nº1 CPC. Em relação às custas,
cf. arts. 527.º e ss. CPC.
A taxa de justiça devida pelo PIC deduzido no processo penal é determinada nos termos da Tabela I-
A.
O PIC enxertado no processo penal não está sujeito a autoliquidação ou a pagamento prévio de taxa de
justiça. Por isso, estão isentos de custas o demandante e o arguido demandado, no PIC apresentado em
processo penal, quando o respetivo valor seja inferior a 20 UC.
Já se o demandado não for simultaneamente arguido, não há lugar à dispensa do pagamento prévio da
taxa de justiça. Nesse caso, no que concerne a custas, são aplicáveis as normas do processo civil.
Cumpre anotar que, independentemente dos benefícios concedidos pela isenção de custas ou pelo apoio
judiciário ou do vencimento da causa, as multas são sempre pagas pela parte que as motivou (ar. 28.º,
nº4 RCP).
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Estão isentas de custas as pessoas a quem tenha sido atribuído o estatuto de vítimas de crime de
violência doméstica, quando intervenham no processo penal em qualquer das modalidades referidas
nos arts. 67.º-A a 84.º do CPP.
Quem pretender formular ou contestar PIC no processo penal, pode beneficiar de apoio judiciário (arts.
16.º, 19.º e 44.º da Lei 34/2004).
Recursos
O demandante cível não tem legitimidade para interpor recurso da parte criminal, nem, quando recorre
em sede de matéria cível, para pôr em causa, ainda que, indiretamente, a parte penal da sentença (MP).
O lesado tem, em relação ao pedido cível, os mesmos direitos processuais que a lei confere aos
assistentes, onde se inclui o direito de recorrer das decisões que o afetem (art. 74.º, nº2 e 69.º,
nº2, al. c));
Por sua vez, os demandados e os intervenientes têm, em relação ao PIC, a mesma posição
processual que têm os arguidos, onde se inclui também o direito a recorrer das decisões que
lhes forem desfavoráveis (arts. 74.º, nº3 e 61.º, nº1, al. i));
Nos recursos é obrigatória a constituição de advogado (art. 40.º, nº1, al. c) CPC);
Sem prejuízo no disposto nos arts. 427.º e 432.º, o recurso da parte da sentença relativa a
indemnização civil só é admissível desde que o valor do pedido seja superior à alçada do tribunal
recorrido e a decisão impugnada seja desfavorável para o recorrente em valor superior a metade
dessa alçada (art. 400.º, nº2).
Desde que tenham interesse em agir, as partes civis têm legitimidade para recorrer da parte
das decisões contra cada uma proferidas, relativamente ao PIC (art. 401.º, nº1, al. c) e 2);
Salvo se for fundado em motivos estritamente pessoais, o recurso interposto pelo arguido,
aproveita ao responsável civil e vice-versa (art. 402.º, nº 2, als. b) e c))
É admissível a limitação do recurso a uma parte da decisão quando a parte recorrida puder ser
separada da parte não recorrida para esse efeito, é autónoma, nomeadamente, a parte da decisão
que se referir a matéria civil (art. 403.º, nºs 1 e 2, al. b));
O demandado, quando não for arguido, não se encontra isento de custas nem dispensado do
pagamento prévio da taxa de justiça (art. 4.º, nº1, al. n) e 15.º, nº1, al. d) RCP). Nessa
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conformidade, pela interposição de recurso, tem que procede ao pagamento da taxa de justiça,
de acordo com a Tabela I-B, anexa ao RCP.
Mesmo que não seja admissível recurso quanto à matéria penal, pode ser interposto recurso da
parte da sentença relativa à indemnização civil (art. 400.º, nº3);
Em caso e recurso interposto por uma das partes civis, a parte contrária pode interpor recurso
subordinado, no prazo de 20 dias contado nos termos previstos no art. 404.º, nº2;
A proibição da reformatio in pejus (art. 409.º) é aplicável em caso de recurso interposto pelo
arguido demandado;
O requerimento de interposição ou a motivação são notificados aos respetivos sujeitos
processuais afetados pelo recurso, nos termos e condições do art. 411.º, nº6;
Os sujeitos processuais afetados pela interposição do recurso podem responder no prazo de 30
dias (art. 413.º, nº1);
As partes civis podem desistir do recurso interposto até ao momento do processo ser concluso
ao relator para exame preliminar. Se tal acontecer, o recurso subordinado fica sem efeito (arts.
415.º, nº1 e 404.º, nº3).
O representante das partes civis é sempre convocado para a audiência, na qual pode alegar por
um período não superior a 30 minuto, prorrogável em caso de especial complexidade (art. 421.º,
nº2 e 423.º, nº3);
O Ac. é notificado aos recorrentes, aos recorridos e ao MP (art. 425.º, nº6);
A Instrução
Finalidade e âmbito
A instrução, sendo uma fase processual que ocorre entre o inquérito e o julgamento, tem o seu regime
jurídico regulado nos arts. 286.º a 310.º.
Só os despachos de acusação (arts, 283.º, 284.º e 285.º) e de arquivamento (art. 277.º) são passíveis de
fiscalização pelo juiz, em sede de instrução.
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Nos despachos previstos nos arts. 280.º e 281.º, a lei exige a concordância do juiz de instrução para a
aplicação de tais medidas e são os próprios preceitos legais que consagram a insusceptibilidade de
impugnação (art. 280.º, nºs 1 e 3 e 281.º, nºs 1 e 5).
No caso previsto no art. 281.º, se o arguido não cumprir as injunções e regras de conduta ou se, durante
o prazo de suspensão do processo, cometer um crime da mesma natureza pelo qual venha a ser
condenado, o MP profere despacho de acusação sendo, nesse caso, possível requerer a abertura da
instrução (art. 282.º, nº4).
Tratando-se de crime particular, o assistente poderá, findo o inquérito, deduzir acusação particular,
acusação esta determinante para efeitos de prosseguimento do processo (art. 285.º).
A instrução tem caráter facultativo (art. 286.º, nº2), ficando no critério discricionário do arguido ou do
assistente a sua realização. Ou o arguido e o assistente se conformam com a decisão de arquivamento
ou de acusação e, nesse caso, o processo passa à fase de julgamento ou não se conformam e requerem a
abertura de instrução.
A fase da instrução termina com um despacho de pronúncia ou de não pronúncia. Para além disso, o
juiz pode ainda decidir no sentido de arquivamento em caso de dispensa de pena (art. 280.º, nº2 CPP e
74.º CP) ou de suspensão provisória do processo (arts. 307.º, nº2 e 281.º).
Processos especiais
Encontrando-se subjacente a celeridade processual, nos processos especiais previstos no CPP não há
lugar a instrução (art. 286.º, nº3).
No processo sumário não há instrução, uma vez que o arguido detido é imediatamente, ou num curto
espaço de tempo, submetido a julgamento.
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No que concerne ao processo abreviado, sendo pressuposto para a sua aplicabilidade, entre outros, a
existência de provas simples e evidentes de que resultem indícios suficientes de se ter verificado o crime
e de quem foi o seu agente, a instrução tornaria o processo muito moroso.
Conteúdo
A instrução é formada pelo conjunto dos atos de instrução que o juiz entenda dever levar a cabo e,
obrigatoriamente, por um debate instrutório, oral e contraditório, no qual podem participar o MP, o
arguido, o defensor, o assistente e o seu advogado (art. 289.º, nº1).
As partes civis estão excluídas de participar no debate instrutório (art. 289.º, nº1, in fine), dado que a
instrução destina-se à comprovação judicial de acusar ou arquivar, nada tendo que ver com a sua
responsabilidade quanto ao PIC.
De salientar que a instrução pode circunscrever-se apenas ao debate instrutório (que é sempre
obrigatório) e à decisão final. Assim acontecerá quando o juiz decidir não realizar quaisquer diligências
de instrução (indeferindo as requeridas e/ou entendendo não ter que oficiosamente ordenar a realização
de outras).
Direção e competência
A direção da instrução cabe ao juiz de instrução (arts. 17.º; 288.º, nº1, 1ª parte CPP e 32.º, nº4 CRP), ao
qual compete a prática de todos os atos necessários com vista à comprovação (judicial) da decisão de
deduzir acusação ou de arquivar o inquérito, em ordem a submeter, ou não, a causa a julgamento
(conjugadamente, os arts. 290.º, nº1 e 286.º, nº1).
No entanto, nesta fase processual, o juiz de instrução pode ser assistido pelos OPC’s, a quem pode
conferir o encargo de procederem a quaisquer diligências, salvo tratando-se do interrogatório do
arguido, da inquirição de testemunhas, de atos que por lei sejam cometidos à competência do juiz,
nomeadamente, os referidos nos arts. 268.º, nº 1 e 270.º, nº2 (arts. 288.º, nº1, 2ª parte; 290.º, nºs 2 e 9,
nº 2).
Abertura da Instrução
Legitimidade
Arguido
A abertura da instrução pode ser requerida pelo arguido (art. 277.º, nº3 ex vi do art. 283.º, nº5)
relativamente a factos pelos quais o MP ou o assistente, em caso de procedimento dependente de
acusação particular, tiverem deduzido acusação (art. 287.º, nº1, al. a)).
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O regime jurídico relativo ao defensor do arguido consta dos arts. 62.º e ss. Para além disso, a nomeação
de defensor decorre dos arts. 39.º e ss. da Lei 34/2004.
O requerimento para a concessão de apoio judiciário não afeta a marcha do processo, podendo ser
requerido até ao termo do prazo de recurso da decisão em 1ª instância (art. 39.º, nº 10 e 44.º, nº1 da Lei
34/2004).
Com a abertura da instrução o arguido tem como propósito demonstrar a sua discordância
relativamente à acusação, por razões de facto (impugnando os factos constantes da acusação e/ou
alegando factos novos) ou de direito (v.g nulidade da acusação, por falta de algum dos elementos
previstos no art. 283.º, nº3), visando a sua rejeição.
Nestes termos, o arguido pretende que o juiz de instrução profira despacho de não pronúncia, de modo
a evitar a sua submissão a julgamento.
Para além disso, a abertura da instrução pode ser requerida com vista à suspensão provisória do
processo, obtida a concordância do MP (at. 307.º, nº2 e 281.º).
Os factos que o arguido quer tratar na instrução serão os constantes da acusação do MP, quando o
crime for público ou semipúblico (art. 283.º). Tratando-se de crime particular, a abertura da instrução
assenta em factos constantes da acusação do assistente (art. 285.º).
Após o requerimento para abertura da instrução, o arguido poderá requerer a suspensão do processo,
nos teros e para os efeitos do art. 7.º.
Se o processo prosseguir para julgamento sem que o arguido tenha sido notificado da acusação, por
ineficácia dos procedimentos de notificação (art. 283.º, nº 5, parte final), logo que se apresente ou seja
detido, deve ser notificado da acusação, podendo requerer a abertura de instrução no prazo de 20 dias,
seguindo-se os demais termos previstos para o processo comum (articuladamente, arts. 336.º, nº3 e
287.º, nº1, al. a)).
Assistente
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A abertura da instrução pode ser requerida pelo assistente (se o procedimento não depender de acusação
particular), relativamente a factos pelos quais o MP não tiver deduzido acusação (art. 287.º, nº1, al. b)).
Se o assistente optar por não requerer a abertura da instrução no prazo, poderá ainda suscitar a
intervenção hierárquica ou a reabertura do inquérito (arts. 278.º e 279.º).
O ofendido (e qualquer dos interessados elencados no art. 68.º) só pode requerer a abertura da instrução
se se constituir assistente no processo, sob pena de o requerimento ser rejeitado nos termos do art.
287.º, nº3, in fine (por inadmissibilidade legal).
Tendo em conta que o despacho de arquivamento e de acusação (arts. 277.º, nº3 e 283.º, nº5) são
comunicados, entre outros, ao denunciante com a faculdade de se constituir assistente, nada impede
que, no termo do inquérito, o ofendido venha a requerer simultaneamente a sua constituição como
assistente e a abertura da instrução (art. 68.º, nº3. al. b)). No entanto, o juiz de instrução só apreciará o
requerimento instrutório depois de admitir a intervenção do ofendido como assistente.
Não obstante, na fase da instrução o ofendido pode ainda constituir-se assistente no processo (tratando-
se de crimes públicos e semipúblicos) até 5 dias antes do debate instrutório (art. 68.º, nº3, al. a)).
Com o requerimento instrutório, o assistente promove o controlo judicial do despacho do MP, visando
a pronúncia do arguido.
O assistente só pode requerer a abertura da instrução se o processo decorrer por um crime público ou
semipúblico, relativamente a factos pelos quais o MP não tiver deduzido acusação. O mesmo não
acontece se o crime for particular, visto que, nesse caso, a sua acusação é a predominante (art. 285.º,
nº1).
Devemos ter em atenção que o art. 287.º, nº1, al. b) deve ser articulado com o art. 284.º, nº1. Na verdade,
uma vez que o assistente não pode deduzir acusação por factos que alterem substancialmente os
descritos na acusação do MP, os mesmos só poderão ser carreados para o processo através do
requerimento para abertura da instrução. Aliás, se o requerimento do assistente para abertura da
instrução se basear nos mesmos factos descritos na acusação do MP, deve ser rejeitado, por
inadmissibilidade legal da instrução (art. 287.º, nº3, in fine).
O assistente, ao requerer a abertura da instrução com base no arquivamento do processo pelo MP, deve
carrear factos novos que não tenham sido considerados na fase de inquérito.
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A decisão instrutória é nula na parte em que pronunciar o arguido por factos que constituam alteração
substancial dos descritos na acusação do MP ou do assistente ou no requerimento para abertura da
instrução (a nulidade é arguida no prazo de 8 dias contados da data da notificação da decisão).
Após o requerimento para abertura da instrução, também o assistente poderá requerer a suspensão do
processo, nos termos e para os efeitos do art. 7.º.
Elementos
Ao abrigo do art. 287.º, nº2, o RAI está sujeito a formalidades especiais, mas deve conter:
Os atos de instrução efetuam-se pela ordem que o juiz reputar mais conveniente para a descoberta da
verdade.
Além de que o juiz indefere (irrecorrivelmente) os atos requeridos que entenda que não interessam à
instrução ou servirem apenas para protelar o andamento do processo e pratica ou ordena oficiosamente
aqueles que considerar úteis (art. 291.º, nº1).
A prática dos atos de instrução tanto pode dar-se a requerimento do MP, do arguido ou do assistente
(arts. 61.º, nº1, al. g) e 69.º, nº2, al. a)), como por iniciativa do próprio juiz.
Porém, os atos e diligências de prova praticados no inquérito (v.g depoimento de uma testemunha) só
são repetidos no caso de não terem sido observadas as formalidades legais ou quando a repetição se
revelar indispensável à realização das finalidades da instrução (art. 291.º, nº 3) – art. 120.º, nº2, al. d) e
nº 3, al. c).
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Não obstante o paralelismo entre a acusação e o RAI (por parte do assistente), existe uma diferença
significativa entre estas duas peças processuais. Na verdade, enquanto a acusação contém factos que se
revelam já indiciados, no RAI podem ser vertidos factos conjeturais que irão ser averiguados em sede
instrutória.
Nos termos do art. 283.º, nº3, als. b) e c) (por remissão do art. 287.º, nº2, 2ª parte), o RAI por iniciativa
do assistente (o qual integra substancialmente uma verdadeira acusação), para além dos elementos
supra mencionados, deve ainda conter, sob pena de nulidade:
vi) A narração, ainda que sintética, dos factos que fundamentam a aplicação ao arguido de uma
pena ou medida de segurança, incluindo, se possível, o lugar, o tempo e a motivação da sua
prática, o grau de participação que o agente neles teve e quaisquer circunstâncias relevantes
para a determinação da sanção que lhe deve ser aplicada e
vii) A indicação das disposições legais aplicáveis.
Provas
Dentro dos limites de cognição conferidos pelo art. 303.º, o juiz investiga autonomamente o caso
submetido a instrução, apesar de ter em conta a indicação constante no RAI, a que se refere o art. 287.º,
nº2.
Do despacho de indeferimento dos atos de instrução requeridos não cabe recurso, sem prejuízo da
possibilidade de reclamação. De resto, o despacho que decidir a reclamação também não é sindicável
pela via do recurso (art. 400.º, nº 1, al. b) e 291.º, nº2).
Ainda neste contexto, convém salientar que os atos de instrução não se encontram subordinados ao
princípio do contraditório, salvo o debate instrutório (art. 289.º, nº1).
Em virtude do princípio da verdade material, na instrução, são admissíveis todas as provas que não
forem proibidas por lei (art. 292.º, nº1; 125.º; 126.º; e 340.º).
O juiz de instrução interroga o arguido e ouve a vítima, mesmo que não se tenha constituído assistente,
quando o julgar necessário.
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O art. 294.º consagra que o juiz, oficiosamente ou a requerimento, pode proceder à tomada de
declarações para memória futura (art. 271.º). A assistência do defensor, neste ato, é obrigatória, sob
pena de nulidade insanável (art. 64.º, nº1, al. f) e 119.º, al. c)).
As diligências de prova realizadas em ato de instrução são documentadas mediante gravação ou redução
a auto (arts. 296.º e 99.º e ss.).
No decurso da instrução, o juiz pode requerer e juntar aos autos as certidões e certificados de registo
que ainda não constarem dos autos (art. 295.º).
Podem ainda ser juntos aos autos outros documentos (arts. 127.º e 128.º CP; art. 75.º CP).
Os documentos devem ser juntos ao processo no decurso do inquérito ou da instrução e, não sendo isso
possível, até ao encerramento da audiência (art. 165.º, nº1).
É proibida a leitura de depoimento prestado em instrução por testemunha que, em audiência, se tenha
validamente recusado a depor (art. 356.º, nº6).
No caso do arguido, as conversações ou comunicações só podem valer como prova se aquele, através
das respetivas cópias, as transcrever para juntar ao requerimento de abertura de instrução ou à
contestação (art. 188.º, nºs 8 e 9, al. b)).
Quanto ao assistente, as conversações ou comunicações só têm valor probatório se aquele, a partir das
cópias, transcrever as partes relevantes e as juntar ao processo no prazo previsto para requerer a
abertura da instrução.
O despacho instrutório deve conter os elementos da acusação proferida pelo MP, dos quais se destaca
a indicação da prova enunciada nas als. d), e) e f) do art. 283.º, nº3 (ex vi do art. 308.º, nº2): o rol de
testemunhas, a lista de peritos e consultores técnicos a serem ouvidos em julgamento, bem como outras
provas a produzir ou a requerer.
Mandado de comparência
Sempre que for necessário assegurar a presença de qualquer pessoa em ato de instrução, o juiz emite
mandado de comparência (arts. 293.º, nº1; 116.º e 117.º).
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O mandado de comparência é notificado com pelo menos 3 dias de antecedência, salvo em caso de
urgência devidamente fundamentada (art. 293.º, nº2).
O mandado de comparência a ato de instrução é efetuado pelo juiz de instrução. Por sua vez, no
inquérito, pode ser emitido pelo MP ou pelo OPC em que tenha sido delegada a diligência (art. 273.º).
Rejeição
Do despacho que indeferir o RAI cabe recurso para o TR, o qual deve subir imediatamente (art. 400.º,
nº1, a contrario e 407.º, nº2, al. h)). O regime jurídico relativo aos recursos consta dos arts. 399.º e ss.
Por extemporâneo (art. 107.º, nº6 e 287.º, nº1). O prazo para requerer a instrução tem natureza
perentória, sendo que o seu decurso extingue o direito de praticar o ato (art. 139.º, nº3 CPC).
Por incompetência do juiz (arts. 10.º e ss.);
Por inadmissibilidade legal da instrução (p.ex., apresentação de requerimento instrutório pelo
MP; não se verifique alteração substancial da acusação pública;
Desistência
Na ausência de norma legal expressa, coloca-se a questão de saber se a parte que requer a abertura da
instrução pode desistir dessa pretensão.
Deve aplicar-se analogicamente o art. 415.º, nº1, ou seja, deve ser admitida a desistência do RAI até ao
momento em que for proferido despacho de abertura de instrução.
Notificações
As partes civis não são notificadas, uma vez que não têm participação na instrução (art. 289.º, nº1, in
fine). Porém, o lesado que tiver manifestado o propósito de deduzir PIC deve ser notificado da decisão
instrutória (art. 307.º, nº5).
Custas
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A- Debate Instrutório
Finalidade
Visa permitir uma discussão perante o juiz, por forma oral e contraditória, sobre se, do decurso do
inquérito e da instrução, resultam indícios de facto e elementos de direito suficientes para justificar a
submissão do arguido a julgamento (arts. 289.º e 298.º).
Conforme decorre do art. 86.º, nº6, al. a), a publicidade do processo implica, entre outros direitos, o de
assistência, pelo público em geral, à realização do debate instrutório.
Direção e organização
A disciplina do debate, a sua direção e organização competem ao juiz de instrução (art. 301.º, nº1 e
288.º, nº1, 1ª parte).
Nenhum juiz pode intervir em julgamento, recurso ou pedido de revisão relativos a processos em que
tiver, nomeadamente, presidido a debate instrutório (art. 40.º, al. b)).
Designação da data
É fixado para a data mais próxima possível, de modo que o prazo máximo de duração da instrução (art.
306.º) possa ser respeitado (art. 297.º, nº1).
A data de audiência de julgamento tem de ser marcada mediante acordo com os advogados (art. 151.º
CPC ex vi do art. 312.º, nº4 CPP). Já para a designação da data para o debate instrutório este normativo
não é aplicável, por força da natureza e finalidades distintas destas duas fases processuais.
A incompetência territorial pode ser deduzida até ao seu início, tratando-se de juiz de instrução
(art. 32.º, nº 2, al. a));
O requerimento de recusa de intervenção de um juiz e o pedido de escusa são admissíveis até
ao seu início (art. 44.º);
Até 5 dias antes do seu início, o assistente pode intervir no processo requerendo a sua
constituição como tal, se até aí ainda não o fez (art. 68.º, nº3, al. a)).
Notificação
Art. 297.º.
Adiamento
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Dado que na instrução o formalismo é célere, o debate só pode ser adiado por absoluta impossibilidade
de ter lugar, designadamente por grave e legítimo impedimento de o arguido estar presente (art. 300.º,
nº1 e art. 117.º).
O debate só pode ser adiado uma vez (art. 300.º, nº 2 e 4). Se o arguido faltar na segunda data marcada,
é representado pelo defensor constituído ou nomeado (art. 300.º, nº 4; 64.º, nº1, al. c) e 119.º, al. c)).
No entanto, se o arguido renunciar ao direito de estar presente, o debate não é adiado com fundamento
na sua falta, sendo representado pelo defensor constituído ou nomeado (art. 300.º, nº3).
Se o defensor, relativamente a um ato em que a assistência for necessária, não comparecer, se ausentar
antes de terminado ou recusar ou abandonar a defesa, deve ser nomeado imediatamente outro defensor.
No entanto, quando a nomeação imediata se revelar impossível ou inconveniente pode ser decidido
interromper a realização do ato.
Importa atender ao DL 131/2009, o qual consagra o direito dos advogados ao adiamento de atos
processuais em que devam intervir em caso de maternidade, paternidade e luto e regula o respetivo
exercício.
De salientar que estes direitos dos advogados ao adiamento restringe-se a atos judiciais, como p. ex.
julgamentos e debates instrutórios (atos que requerem a presença física do advogado), não se
estendendo à apresentação de articulados ou requerimentos.
Realização
Arts. 328.º, nºs 1 e 2 ex vi do art. 304.º, nº1; art. 67.º, nº2; art. 304.º, nº2 e 299.º, nº1.
Decurso
O juiz abre o debate com uma exposição sumária sobre os atos de instrução a que tiver procedido e
sobre as questões de prova relevantes para a decisão instrutória e que, em sua opinião, apresentem
caráter controverso (art. 302.º, nº1).
Em seguida, concede a palavra ao MP, ao advogado do assistente e ao defensor para que estes,
querendo, requeiram a produção de provas indiciárias suplementares que se proponham apresentar,
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durante o debate, sobre questões concretas controversas (art. 302.º, nº2). Note-se que se trata aqui de
provas indiciárias suplementares, porquanto as diligências de prova a realizar durante a instrução terão
já sido efetuadas antes do debate (art. 291.º).
Antes de encerrar o debate, o juiz concede de novo a palavra ao MP, ao advogado do assistente e ao
defensor para que estes, querendo, formulem em síntese as suas conclusões sobre a suficiência ou
insuficiência dos indícios recolhidos e sobre questões de direito de que dependa o sentido da decisão
instrutória (art. 302.º, nº4).
Devemos ainda acrescentar que é admissível réplica sucinta, a exercer uma só vez, sendo, porém,
sempre o defensor, se pedir a palavra, o último a falar (art. 302.º, nº5).
Ao contrário do que sucede com a audiência, o debate instrutório não tem como conteúdo essencial a
produção de prova, mas sim a discussão de prova, já produzida na fase de inquérito e na instrução, e/ou
alegações de direito sobre a admissibilidade da acusação em ordem à submissão da causa a julgamento.
Ata
Encerrado o debate instrutório, o juiz profere despacho de pronúncia (ou de não pronúncia), o qual
deve ser logo ditado para a ata (art. 307.º, nº1, 1ª parte).
Convém destacar que o auto respeitante ao debate instrutório denomina-se ata (art. 99.º, nº2), sendo
que o mesmo deve conter, além dos requisitos gerais para os atos escritos previstos nos arts. 94.º e 95.º,
menção aos elementos específicos do art. 99.º.
A ata do debate instrutório é redigida por súmula em tudo o que se referir a declarações orais (art.
305.º).
As diligências de prova realizadas em ato de instrução são documentadas mediante gravação ou redução
a auto (art. 296.º, 1ª parte).
O juiz de instrução encontra-se sujeito ao princípio da vinculação temática – isto é, está condicionado
ao tema que a acusação ou o RAI lhe oferecerem, não podendo, por isso, ampliar o objeto do processo.
Não obstante, pode livremente investigar o caso submetido a instrução (art. 288.º, nº4) e, desta feita,
descobrir factos novos relacionados com o objeto do processo.
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Quanto aos julgamentos, arts. 358.º
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Neste seguimento, o art. 303.º, nº1 estipula que se dos atos de instrução ou do debate instrutório
resultar alteração não substancial dos factos descritos na acusação do MP (por crimes públicos e
semipúblicos) ou do assistente (por crimes particulares), ou no RAI (formulado pelo assistente quando
o MP se abstém de acusar), o juiz, oficiosamente ou a requerimento:
Este regime não se aplica se a alteração verificada determinar a incompetência do juiz de instrução,
caso em que o processo deve ser remetido para o tribunal competente (arts. 119.º, al. e); 32.º, nº2, al. a)
e 288.º, nº2).
2) Alteração substancial
Com a revisão do CPP com a Lei 48/2007, uma alteração substancial dos factos descritos na acusação
ou no RAI passou a não poder ser tomada em conta pelo tribunal para o efeito de pronúncia no processo
em curso, nem a implicar a extinção da instância (art. 303.º, nº3).
O juiz não poderá incluir esses factos novos na decisão instrutória de pronúncia, sob pena de nulidade
(art. 309.º, nº1).
A alteração substancial dos factos é comunicada ao MP, valendo como denúncia para que ele proceda
pelos factos novos (para que abra inquérito quanto a eles, com vista à sua investigação). A lei exige,
contudo, que estes factos novos sejam autonomizáveis em relação ao objeto do processo (art. 303.º, nº4).
O mesmo se diga quando se configura alteração substancial dos factos no decurso da audiência de
julgamento (art. 359.º, nº2).
Encerramento da Instrução
A decisão instrutória põe simultaneamente termo ao debate instrutório e à fase da instrução e reveste
a forma de despacho (e não de sentença). Encerrado o debate instrutório, o juiz profere despacho de
pronúncia ou de não pronúncia, que é logo ditado para a ata.
Como ato decisório que é carece de fundamentação, devendo ser especificados os motivos de facto e de
direito da decisão (art. 97.º, nº1. al. b) e 5 do CPP; art. 205.º, nº1 CRP e art. 24.º, nº1 LOSJ). O juiz pode
fundamentar a sua decisão por remissão para as razões de facto e de direito enunciados na acusação ou
no requerimento de abertura da instrução (arts. 307.º, nº1 e 96.º, nº4). O dever de fundamentação é o
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dever genérico que consta do art. 97.º, nº5, não estando sujeito ao dever de fundamentação das
sentenças (art. 374.º).
A circunstância de ter sido requerida apenas por um dos arguidos não prejudica o dever de o juiz retirar
da instrução as consequências legalmente impostas a todos os coarguidos (art. 307.º, nº4).
Ademais, a lei impõe a notificação da decisão instrutória a outros sujeitos e intervenientes processuais:
Ao lesado que tiver manifestado o propósito de deduzir PIC, quando não for assistente (art.
77.º, nº2);
Ao denunciante com a faculdade de se constituir assistente (art. 307.º, nº5 que remete para o
art. 283.º, nº 5; art. 277.º, nº3);
Aos coarguidos que não tenham requerido a instrução (art. 307.º, nºs 4 e 5).
De igual modo, o defensor e o advogado devem ser notificados da decisão instrutória, sendo que o prazo
para a prática de ato processual subsequente conta-se aqui a partir da data da notificação efetuada em
último lugar (art. 113.º, nº 10).
Além disso, com a notificação da decisão instrutória que pronunciar o arguido, a prescrição do
procedimento criminal interrompe-se, sendo que depois de cada interrupção começa a correr novo
prazo de prescrição (art. 121.º, nºs 1, al. b) e 2 do CP). O limite máximo para o alargamento do prazo
da prescrição consta do art. 121.º, nº3 do CP.
A incompetência do tribunal pode ser deduzida pelo MP, pelo arguido e pelo assistente (bem como
oficiosamente pelo tribunal) até ao trânsito em julgado da decisão instrutória (art. 32.º, nº1).
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Tratando-se de nulidade respeitante à instrução a mesma deve ser arguida até ao encerramento do
debate instrutório (art. 120.º, nº2, al. d) e 3, al. c)).
Se, até ao encerramento da instrução, tiverem sido recolhidos indícios suficientes de se terem verificado
os pressupostos de que depende a aplicação ao arguido de uma pena ou de uma medida de segurança, o
juiz, por despacho, pronuncia o arguido pelos factos respetivos; caso contrário, profere despacho de não
pronúncia. Em qualquer dos casos, o juiz começa por decidir das nulidades e outras questões prévias
ou incidentais de que possa conhecer (art. 308.º, nºs 1 e 3).
As medidas de coação extinguem-se de imediato, entre outros, com a prolação do despacho de não
pronúncia (art. 214.º, nº1, al. b)).
A decisão instrutória de pronúncia, para além de decidir pela prossecução do processo para a fase de
julgamento, fixa e delimita também o objeto quanto à decisão de mérito (permitindo, dessa forma, ao
arguido organizar adequadamente a sua defesa).
Quando for proferido despacho de pronúncia, o juiz deve proceder ao reexame dos pressupostos da
prisão preventiva ou da obrigação de permanência na habitação, decidindo se essas medidas se devem
manter ou ser substituídas ou revogadas (art. 213.º, nº1, al. b)).
Para além de pronúncia ou não pronúncia, a decisão instrutória pode ainda ser de suspensão provisória
do processo, se for obtida a concordância do MP (arts. 307.º, nº 2 e 281.º).
Ademais, se a acusação já tiver sido deduzida, o juiz de instrução pode, enquanto esta decorrer, arquivar
o processo com a concordância do MP e do arguido, se se verificarem os pressupostos de dispensa de
pena (art. 280.º, nº2).
Note-se que o RAI pode ter como finalidade exclusiva a suspensão provisória do processo.
Sem prejuízo de poder fundamentar por remissão para as razões de facto e de direito enunciadas na
acusação ou no RAI, ao despacho (de pronúncia ou não pronúncia) é correspondentemente aplicável os
elementos da acusação pública, de acordo com o disposto no art. 283.º, nº3 (arts. 308.º, nº2 e 307.º, nº1.
2ª parte).
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Recursos
Tendo como finalidade assegurar a celeridade do processo, o art. 310.º, nº1 estabelece que a decisão
instrutória que pronunciar o arguido pelos factos constantes da acusação do MP (formulada nos termos
do arts. 283.º e 285.º, nº 4, ou seja, relativa a crimes ou semipúblicos e particulares):
Não pronunciar o arguido: o recurso é interposto para o TR (art. 427.º), com subida imediata
(art. 407.º, nº2, al. i)), nos próprios autos (art. 406.º, nº1) e com efeito suspensivo (art. 408.º,
nº3, in fine).
Pronunciar o arguido pelos factos constantes exclusivamente da acusação do assistente (nos
crimes particulares), ou pelos factos que o MP se absteve de acusar e que o assistente incluiu
no seu RAI (tratando-se de crimes públicos e semipúblicos).
É ainda suscetível de recurso o despacho que indeferir a nulidade arguida da decisão instrutória relativa
à pronúncia do arguido por factos que constituam alteração substancial dos descritos na acusação do
MP ou do assistente ou no RAI (arts. 310.º, nº 3 e 309.º).
O assistente tem legitimidade para requerer o recurso de revisão relativamente a despachos de não
pronúncia (art. 450.º, nº1, al. b).
Segundo o art. 407.º, nº 2, als. h) e i), sobem imediatamente os recursos interpostos de despacho que
indeferir o RAI e da decisão instrutória.
Para exercer o direito de recurso, o assistente e o arguido têm que estar obrigatoriamente
representados por advogado ou defensor (arts. 61.º, nº1, als f) e i) e 64.º, nº1, al. e), quanto ao arguido
e os arts. 69.º, nº2, al. c) e 70.º, nº1, relativos ao assistente).
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Os casos que admitem dispensa de pena são casos de culpa muito diminuta, em que não se justifica a
aplicação de qualquer sanção criminal, podendo o MP decidir arquivar o processo (desde que
observados todos os pressupostos).
O regime do art. 280.º é aplicável aos processos especiais sumário e abreviado (arts. 384.º, nº1 e 391.º-
B, nº 4).
A decisão de dispensa da pena pode ser tomada no decurso do inquérito ou da instrução, sendo que, em
ambas as fases processuais, conduz ao arquivamento do processo.
O arquivamento em caso de dispensa de pena não é suscetível de impugnação (art. 280.º, nº3), não
implica o pagamento de taxa de justiça (art. 516.º), nem está sujeita a registo criminal.
Por sua vez, se a decisão de dispensa de pena for tomada pelo tribunal de julgamento, trata-se de uma
verdadeira sentença condenatória, na medida em que declara o arguido culpado (apesar de não existir
qualquer pena a cumprir após o trânsito em julgado da sentença). Neste caso, o arguido tem a obrigação
de pagar custas (arts. 375.º, nº3 e 513.º, nº4). Para além disso, a decisão de dispensa de pena está sujeita
a inscrição no registo criminal.
Durante o inquérito
Segundo o art. 280.º, nº1, o MP, com a concordância do juiz de instrução (neste caso, a decisão de
arquivamento não é impugnável, art. 280.º, nº3), pode decidir-se pelo arquivamento do processo:
Se o processo for por crime relativamente ao qual se encontre expressamente prevista na lei
penal a possibilidade de dispensa de pena; e
Se se verificarem os respetivos pressupostos.
A dispensa de pena é admissível quando o crime em causa for punível com pena de prisão não superior
a 6 meses, ou só com multa não superior a 120 dias. Neste caso, o tribunal pode declarar o arguido
culpado, mas não aplicar qualquer pena se se observarem os requisitos seguintes: a ilicitude do facto e
a culpa do agente forem diminutas, o dano tiver sido reparado e a dispensa de pena não se opuserem a
razões de prevenção (art. 74.º, nº1, als. a), b) e c) do CP).
Para que o MP possa colocar fim ao processo utilizando este expediente legal é necessário que existam
indícios da prática do crime e da responsabilidade do arguido.
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Durante a instrução
Se a acusação tiver sido já deduzida, pode o juiz de instrução, enquanto esta decorrer (é necessário que
tenha sido requerida a abertura de instrução, art. 287.º), arquivar o processo com a concordância do
MP e do arguido, se se verificarem os pressupostos da dispensa da pena (art. 280.º, nº2).
Neste caso, é o juiz de instrução que profere despacho de arquivamento, agora com a concordância do
MP e do arguido (a falta de concordância determina o prosseguimento dos autos, não havendo lugar
ao arquivamento).
O instituto da suspensão provisória do processo visa dar prossecução às finalidades que se condensam
no art. 40.º do CP.
Admissibilidade
Nos termos do art. 281.º, nº1, se o crime for punível com pena de prisão não superior a 5 anos ou com
sanção diferente da prisão, o MP (oficiosamente ou a requerimento do arguido ou do assistente)
determina, com a concordância do juiz de instrução, a suspensão do processo, mediante a imposição ao
arguido de injunções e regras de conduta, se se verificarem (cumulativamente) os seguintes
pressupostos:
Tal como no arquivamento em caso de dispensa de pena, é necessário que o MP tenha reunido os
indícios suficientes da prática do crime e de quem foram os seus agentes.
Faltando a concordância do juiz de instrução (o qual atua na fase de inquérito como garante dos DLG’s),
tudo se passa como se o MP não tivesse suspendido o processo, devendo este seguir os seus trâmites
normais.
Em resultado das alterações decorrentes da Lei 20/2013, tratando-se de furto (simples), a concordância
do assistente é dispensada quando a conduta ocorrer em estabelecimento comercial, durante o período
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de abertura ao público, relativamente à subtração de coisas móveis de valor diminuto e desde que tenha
havido recuperação imediata destas, salvo quando cometida por duas ou mais pessoas (art. 281.º, nº 1,
al. a) e nº 9 CPP e art. 203.º CP).
A instrução pode ser requerida com vista a obter uma decisão instrutória de suspensão provisória do
processo, mas, nesse caso, com a concordância do MP (arts. 307.º, nº2 e 287.º, nº1, al. a)), cuja decisão
não é impugnável, dado ser proferida no âmbito de um poder discricionário e na medida em que não
consubstancia um despacho judicial. Assim, esta decisão é apenas impugnável através de reclamação
hierárquica (art. 278.º).
O regime previsto nos arts. 281.º e 282.º é correspondentemente aplicável aos processos especiais
sumário e abreviado. (arts. 384.º, nº1 e 391.º-B, nº4).
Duração e efeitos
A suspensão do processo pode ir até 2 anos, com exceção dos processos por crime de violência
doméstica e contra a liberdade e autodeterminação sexual de menor, cuja duração pode ir até 5 anos
(art. 282.º, nºs 1 e 5 e 281.º, nºs 7 e 8 CPP e 178.º, nº5 CP).
A prescrição não corre no decurso do prazo de suspensão do processo (art. 282.º, nº2), voltando a correr
a partir do dia em que cessar a causa da suspensão (art. 120.º, nº 6 CP).
Se o arguido cumprir as injunções e as regras de conduta, o MP arquiva o processo, não podendo ser
reaberto (art. 282.º, nº 3).
Se o arguido não cumprir as injunções e regras de conduta a que estava sujeito ou se, durante o prazo
de suspensão do processo, cometer crime da mesma natureza pelo qual venha a ser condenado, o
processo prossegue e as prestações feitas não podem ser repetidas (art. 282.º, nº4, als. a) e b)).
O PIC pode ser deduzido em separado, perante o tribunal civil, quando, entre outros motivos, o
processo tiver sido suspenso provisoriamente (art. 72.º, nº 1, al. b) e 2).
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A Audiência de Julgamento
A matéria do julgamento em processo comum (que se aplicam, com as devidas exceções, aos processos
especiais sumário e abreviado, bem como aos recursos) encontra-se regulada nos arts. 311.º a 380.º.
O julgamento, sendo a fase nuclear do processo penal, tem lugar logo após a dedução da acusação pelo
MP (nos crimes públicos e semipúblicos) ou pelo assistente (nos crimes particulares) ou após o despacho
de pronúncia (se a instrução tiver sido requerida).
1- A instrução, na qual se produz a prova destinada a comprovar os factos alegados com relevância
para a causa;
2- A discussão, que consiste, essencialmente, na apreciação crítica da prova sobre a matéria de
facto que interessa à decisão da causa e
3- O julgamento propriamente dito, que tem por objeto a decisão final da causa.
É primacial ter presente que, em regra, não valem em julgamento, nomeadamente para o para o efeito
de formação da convicção do tribunal, quaisquer provas que não tiverem sido produzidas ou
examinadas em tribunal (art. 355.º, nº1).
Independentemente de ter havido instrução, remetido o processo para julgamento e recebidos os autos
no tribunal (singular, coletivo ou de júri), o presidente examina os autos e pronuncia-se sobre nulidades
e outras questões prévias ou incidentais que obstem à apreciação do mérito da causa, de que possa desde
logo conhecer (art. 311.º, nº1).
A competência do tribunal sendo que, se este não for competente, não deverá sequer entrar no
conhecimento de quaisquer outras questões prévias ou incidentais. As regras de competência
dos tribunais encontram-se previstas nos arts. 10.º e ss. CPP e 37.º e ss. LOSJ; v., ainda, 119.º,
al. e) e 32.º, nº2 CPP e 608.º CPC;
A legitimidade daquele que deduziu a acusação: MP (nos crimes públicos e semipúblicos) ou
assistente (nos crimes particulares) – arts. 48.º e 68.º.
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A existência de alguma causa extinção da responsabilidade criminal (p. ex., prescrição – arts
118.º e ss.).
A existência de nulidades insanáveis ou arguidas e irregularidades (arts. 119.º, 120.º e 123.º);
Se o arguido tem advogado constituído ou defensor nomeado e a sua identificação (art. 64.º,
nº3 – obrigatoriedade de assistência);
Se já foram juntos aos autos o certificado de registo criminal do arguido (arts. 274.º e 295.º,
quanto às certidões e certificados de registo, nas fases do inquérito e da instrução,
respetivamente);
A tempestividade e legitimidade do PIC (arts. 71.º e ss)
Se houve desistência da queixa ou da acusação particular (arts. 116.º e 117.º; e art. 51.º);
A medida de coação aplicada (se deve mantê-la ou substituir por outra menos grave: arts. 212.º
e 213.º.
O juiz de julgamento só pode conhecer dos factos constantes do despacho de acusação ou, tendo havido
instrução, do despacho de pronúncia (Pr da vinculação temática).
No caso de ter havido lugar à instrução, o juiz não pode rejeitar a acusação se a considerar
manifestamente infundada uma vez que esta já foi apreciada aquando do despacho de pronúncia, o juiz,
depois de apreciar questões prévias, constatando que as mesmas não obstam à apreciação do mérito da
causa, profere despacho saneador do processo e despacho a designar data para a realização da audiência,
nos termos dos arts. 312.º e 313.º.
Compete aos juízos centrais criminais proferir despacho nos termos dos arts. 311.º a 313.º do CPP (art.
118.º, nº1 da LOSJ).
Numa notória preocupação pelo acatamento do princípio da economia processual, se o processo tiver
sido remetido para julgamento sem ter havido instrução, o presidente deve pronunciar-se no sentido
de rejeitar a acusação se a considerar manifestamente infundada (art. 311.º, nº2, al. a)). De notar que as
medidas de coação extinguem-se de imediato (art. 214.º, nº1, al. c)).
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Procurando assegurar o respeito pela estrutura acusatória do processo (art. 32.º, nº 5 CRP), o juiz de
julgamento encontra-se impossibilitado de fazer um juízo sobre a forma como foi realizado o inquérito
e sobre a (in)suficiência de indícios que levaram o MP a deduzir acusação. Com efeito, cabe-lhe tão só,
nesta fase, analisar a acusação com vista a rejeitá-la se a considerar manifestamente infundada, de
acordo com o art. 311.º, nº3.
A qualificação jurídica trazida pela acusação ou pela pronúncia não pode ser modificada pelo juiz de
julgamento no despacho de saneamento do processo.
a. Designação da data
Resolvidas as questões sobre o saneamento do processo referidas no art. 311.º, o presidente despacha
designando dia, hora e local para a realização da audiência (esta é fixada para a data mais próxima
possível, de modo que entre ela e o dia em que os autos foram recebidos não decorram mais de 2 meses).
Neste mesmo despacho é igualmente designada data para a realização da audiência em caso de
adiamento, nos termos do art. 333.º, nº1.
Sempre que o arguido se encontrar privado da sua liberdade (sujeito a prisão preventiva ou a obrigação
de permanência na habitação, cf. arts. 201.º e 202.º), a data de audiência deve ser fixada com precedência
sobre qualquer outro julgamento (art. 312.º, nº3).
Sempre que, em processo criminal contra advogado, seja designado dia para julgamento, o tribunal
deve ordenar a remessa à O.A de cópias da acusação, da decisão instrutória e da contestação, quando
existam, bem como quaisquer outros elementos solicitados pelo membro do conselho competente (art.
116.º, nº5 do EOA). Arts. 224.º e 370 CP.
Os despachos de mero expediente, como é o caso do despacho que designa o dia para audiência,
destinam-se a prover ao andamento regular do processo, sem interferir no conflito de interesses entre
as partes” (art. 152.º, nº4, 1ª parte CPC), sendo, por isso, irrecorríveis (art. 313.º, nº4 e 400.º, nº1, al.
a)).
b. Elementos
Conforme resulta do art. 313.º, nº1, o despacho que designa dia para a realização da audiência,
implicando já uma apreciação da idoneidade do processo, deve conter, sob pena de nulidade (sanável,
arts. 120.º e 121.º), os elementos referidos no preceito.
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O despacho que designa dia para a audiência (que reveste a forma de notificação), acompanhado de
cópia da acusação ou da pronúncia, é notificado ao MP, bem como ao arguido e seu defensor, ao
assistente, às partes civis e aos seus representantes (art. 313.º, nº2).
No entanto, requerendo ao juiz, até 5 dias antes da audiência de julgamento, a sua constituição como
assistente (art. 68.º, nº3, al. a)), poderá intervir no processo nessa qualidade devendo aceitá-lo, porém,
no estado em que se encontrar (este procedimento só é possível no âmbito dos crimes públicos e
semipúblicos).
As testemunhas, os peritos e os consultores técnicos indicados por quem se não tiver comprometido a
apresenta-los na audiência são também notificados para comparência.
Se ao caso couber processo sumaríssimo mas o processo tiver sido reenviado para a forma comum e se
o arguido não puder ser notificado do despacho que designa dia para a audiência, ou faltar a esta
injustificadamente, o tribunal pode determinar que a audiência se realize na sua ausência (art. 334.º,
nº1).
Como se efetua
A notificação do arguido e do assistente efetua-se mediante contacto pessoal e via postal registada (por
meio de carta ou aviso registados), exceto quando tiverem indicado a sua residência ou domicílio
profissional à autoridade policial ou judiciária que elaborar o auto de notícia (art. 313.º, nº3 e 113.º, nº1,
als a), b) e c)).
Por seu turno, as notificações ao advogado ou ao defensor nomeado, quando outra forma não resultar
da lei, são feitas por via eletrónica. Contudo, quando tal não for possível, as notificações são feitas
mediante contacto pessoal com o notificando e no lugar em que este for encontrado; via postal
registada, por meio de carta ou aviso registados; via postal simples.
Se se frustrar a notificação do despacho que designa dia para a audiência (nos termos do art. 313.º, nºs
2 e 3, 1ª parte), o juiz (oficiosamente ou mediante promoção do MP ou requerimento do assistente)
deve ordenar as diligências necessárias para que esta se realize. Para esse efeito, caso se revele
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necessário, deve ordenar a detenção o arguido para que o referido despacho lhe seja notificado.
Ademais, pode ainda ser-lhe aplicada a prisão preventiva, contanto estejam preenchidos os
pressupostos desta medida de coação (art. 116.º, nº2; 254.º; 335.º, nº1).
Este regime não se aplica nos casos referidos no art. 334.º, nºs 1 e 2 (que se reportam à possibilidade
de realização da audiência na ausência do arguido em casos especiais).
d. Declaração de contumácia
A contumácia é o instituto processual que, através dos seus vários efeitos, visa compelir o arguido a vir
ao processo, interessar-se pelo seu andamento e rápida resolução do seu caso. Ademais, representa “uma
suspensão indesejável do processo, um remedeio transitório para a enfermidade adjetiva que é a
impossibilidade de localização do arguido”.
O regime da contumácia pressupõe que o arguido nunca tenha tido qualquer intervenção no processo
e que o seu paradeiro seja desconhecido (nesse caso, a falta à audiência não lhe é imputável). Se, pelo
contrário, tiver prestado TIR, o arguido não pode ser declarado contumaz, realizando-se a audiência
na sua ausência (art. 196.º, nº3, al. d)).
Não pode haver declaração de contumácia sem a prévia designação de data para julgamento e a
realização das diligências exequíveis para conhecimento do paradeiro do arguido.
A prescrição do procedimento criminal interrompe-se com a declaração de contumácia (art. 121.º, nº1,
al. c) e 2 do CP).
Caducidade
A declaração de contumácia caduca logo que o arguido se apresente ou for detido (art, 336.º, nº1 e 335.º,
nº4).
Notificação da acusação
O processo pode prosseguir para julgamento sem que o arguido tenha sido notificado da acusação, pelo
facto de os procedimentos de notificação se terem revelado ineficazes (art. 283.º, nº5, in fine).
Assim, logo que se apresente ou for detido, para além da sujeição a TIR (ou a outras medidas de coação
– art. 196.º e ss), o arguido deve ser notificado da acusação, podendo apresentar RAI no prazo de 20
dias a contar dessa notificação, seguindo-se os demais termos previstos para o processo comum (arts.
336.º, nº3 e 287.º nº1, al. a)).
A notificação de que foi cessada a contumácia, não faz renascer o prazo para ser requerida a instrução.
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3. Contestação
Depois de notificado do despacho que designa dia para a audiência, o arguido pode apresentar a sua
versão dos factos que lhe são imputados na acusação ou no despacho pronúncia, através de contestação
escrita, não sendo, todavia, obrigado a fazê-lo (a falta de contestação não pode limitar nem prejudicar
os direitos de defesa do arguido).
A este propósito, devemos ter presente que o tribunal deverá ordenar a produção de todos os meios de
prova cujo conhecimento se lhe afigure necessário à descoberta da verdade e à boa decisão da causa e,
se considerar necessária produção de meios de prova não constantes da acusação, da pronúncia ou da
contestação, dá disso conhecimento, com a antecedência possível, aos sujeitos processuais e fá-lo
constar da ata (art. 340.º, nºs 1 e 2).
Não sendo apresentada a contestação no devido prazo o arguido poderá, ainda assim:
Prova
No prazo para contestar, o arguido pode apresentar apenas o rol de testemunhas (e/ou outras provas).
Formalidades
A contestação não está sujeita a formalidades especiais (art. 315.º, nº2), não tendo, por isso, que ser
articulada.
Ao invés, a contestação do PIC deve ser deduzida por artigos (art. 78.º, nº2), sendo que, apesar de
substancialmente autónoma da contestação da acusação, nada impede que seja deduzida na mesma peça
processual (desde que os prazos para a contestação da acusação e do PIC coincidam).
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No domínio dos processos especiais sumário e abreviado, a contestação (incluindo a do PIC), quando
verbalmente apresentada, é documentada na ata, nos termos dos arts. 363.º e 364.º (arts. 389.º, nº4 e
391.º-F).
Por não estar sujeita a formalidades especiais, a contestação não tem obrigatoriamente que conter
conclusões.
O MP, o assistente, o arguido ou as partes civis podem alterar o rol de testemunhas (bem como a lista
de peritos e consultores técnicos) contanto que o adicionamento ou a alteração requeridos possam ser
comunicados aos outros até 3 dias antes da data fixada para a audiência. Estes sujeitos processuais
podem inclusivamente requerer a inquirição para além do limite legal apenas quando tal se afigure
necessário para a descoberta da verdade material.
Estamos na presença de um regime excecional, uma vez que, em regra, as declarações são prestadas
presencialmente, na audiência de julgamento (consagração dos prs. da oralidade e da imediação).
Também a prova produzida nestes termos será oportunamente apreciada e valorada pelo juiz na
audiência de julgamento através da sua leitura (arts. 355.º, nº2; 356.º, nº1, al. a) e 8).
Tratando-se do arguido, a tomada de declarações no domicílio não é admissível, sendo a sua presença
obrigatória em audiência, sob pena de ser declarado contumaz (arts. 332.º, nº1 e 335.º).
Para além do mais, o art. 319.º não se aplica nas fases de inquérito e de instrução (arts. 273.º e 293.º),
devendo recorrer-se às declarações para memória futura.
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Relativamente à conduta dos advogados e defensores, cfr. art. 326.º CPP; o art. 150.º do CPC e os arts.
72.º, 80.º, 88.º e ss e 114.º do EOA.
Nas audiências de julgamento, os advogados dispõem de bancada própria e podem falar sentados. Para
além do mais, quando pleiteiem oralmente, é obrigatório o uso da toga (arts. 72.º, nº 2 e 74.º, nº1 EOA).
2. Publicidade
A audiência de julgamento é pública, sob pena de nulidade insanável, salvo nos casos em que o
presidente decidir (em despacho fundamentado) a exclusão ou a restrição da publicidade para
salvaguarda da dignidade das pessoas e da moral pública ou para garantir o seu normal funcionamento
(art. 321.º, nº1 do CPP; art. 206.º CRP; art. 25.º LOSJ; e art. 10.º LOSJ).
Assim, às audiências, pode assistir qualquer pessoa, salvo se o juiz, oficiosamente ou a requerimento do
MP, do arguido ou do assistente, decidir, por despacho, restringir a livre assistência do público. Se tal
se verificar, a assistência fica reservada às pessoas que nele tiverem de intervir, ou a outras que o juiz
admitir por razões atendíveis (art. 87.º, nº1 ex vi do art. 321.º, n.º2).
Sublinha-se que a exclusão da publicidade não abrange a leitura da sentença (arts. 87.º, nº5 e 372.º, nº3).
O despacho que decida a exclusão da publicidade ou restrinja a livre assistência do público é suscetível
de recurso.
3. Contraditório
4. Continuidade
A audiência deve decorrer de forma contínua até ao seu encerramento (art. 328.º, nº1), obedecendo,
assim, ao princípio da concentração temporal, o qual tem como corolário os princípios da oralidade e
da imediação. Não obstante, existem situações em que tal não é possível, impondo-se a necessidade de
o presidente interromper e, em último caso, adiar a realização da audiência.
4.1 Interrupção
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O anúncio público, em audiência, do dia e da hora para continuação daquele vale como notificação das
pessoas que devam considerar-se presentes (art. 328.º, nº8).
4.2 Adiamento
O adiamento da audiência só é admissível, sem prejuízo dos demais casos previstos no CPP, nos casos
previstos no art. 328.º, nº3, quando a simples interrupção não for suficiente para remover o obstáculo.
Pode ainda acrescentar-se o direito dos advogados ao adiamento de atos processuais em que devam
intervir no caso e maternidade, paternidade e luto (DL 131/2009). Observe-se que este direito ao
adiamento restringe-se a atos judiciais, como p. ex. julgamentos e debates instrutórios (atos que
requerem a presença física do advogado), não se estendendo à apresentação de articulados ou
requerimentos.
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Quanto à marcação da data da audiência, o legislador fez impender sobre o tribunal o dever de obter
prévio acordo com os defensores e advogados quanto ao dia e hora da sua realização.
Ao contrário da interrupção, o adiamento pode dar-se antes de a audiência ser iniciada (p. ex. art. 330.º,
nº2, 2ª parte) ou depois (art. 359.º, nº4).
Para além da interrupção e adiamento da audiência, pode haver lugar à sua reabertura para a
determinação da sanção ou para aplicação retroativa da lei penal mais favorável (arts. 371.º e 371.º-A,
respetivamente).
Art. 328.º-A
De acordo com este princípio, só podem intervir na sentença os juízes que tenham assistido a todos os
atos de instrução e discussão praticados na audiência de julgamento (observa-se o respeito pelos
princípios da oralidade e da imediação). Assim sendo, se durante a audiência o juiz falecer ou ficar
permanentemente impossibilitado, os atos já praticados terão que se repetir (art. 605.º, nº1, 1ª parte
CPC ex vi do art. 4.º). No entanto, sublinhe-se que face à exceção que se refere a parte final do art.
328.º-A, nº1, este pr. só tem aplicação total ao juiz do tribunal singular, bem como ao juiz que preside
ao tribunal coletivo.
I. Abertura da audiência
Chamada
Na hora a que deva realizar-se a audiência, o funcionário de justiça, de viva voz e publicamente, começa
por identificar o processo e chama, em seguida, as pessoas que nele devam intervir. Faltando alguma
dessas pessoas, o funcionário de justiça faz nova chamada, após o que comunica verbalmente ao
presidente o rol dos presentes e dos faltosos (art. 329.º, nºs 1 e 2).
Para além de mencionar o rol dos presentes e dos faltosos, o funcionário de justiça deve ainda comunicar
ao presidente a impossibilidade de comparência à audiência de pessoa que nela deva intervir (se tal lhe
tiver sido transmitido previamente).
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Por força do art. 117.º, nº2, se a impossibilidade de comparência for previsível deve ser comunicada ao
tribunal com 5 dias de antecedência à realização da audiência. Ao invés, se a falta for imprevisível, deve
ser comunicada no dia e hora designados para a sua realização.
A indicação do respetivo motivo (se for alegada doença, deve ter-se em atenção o disposto no
art. 117.º, nº 4 e ss);
O local onde o faltoso pode ser encontrado e
A duração previsível do impedimento.
A falta motivada por facto não imputável ao faltoso que o impeça de comparecer no ato processual para
que foi convocado ou notificado, considera-se justificada. Note-se que a falsidade da justificação é
punida, consoante os casos, nos termos dos arts. 260.º e 360.º do CP.
Em caso de falta injustificada de comparência o juiz, para além de condenar o faltoso ao pagamento de
uma soma entre 2 UC e 10 UC, pode também ordenar a sua detenção pelo tempo indispensável à
realização da audiência (art. 116.º, nºs 1 e 2).
Depois de o funcionário de justiça comunicar ao presidente o rol dos persentes e dos faltosos, o tribunal
entra na sala e o presidente declara aberta a audiência (art. 329.º, nº3). Importa salientar que há atos
processuais que só podem ser praticados até esse momento, p. ex., dedução de incompetência territorial
(art. 32.º, nº2, al. b)) e constituição de assistente e dedução de PIC em processo sumário (art. 388.º).
Também pode ocorrer desistência de queixa ou de acusação particular, cabendo a sua homologação,
neste caso, ao presidente (art. 51.º, nº2 CPP e arts. 116.º e 117.º do CP).
i. Falta do MP e do defensor
Se, no início da audiência, não estiver presente o MP ou o defensor, o presidente procede, sob pena de
nulidade insanável, à substituição do MP pelo substituto legal, e do defensor por outro advogado ou
advogado estagiário, aos quais pode conceder, se assim o requererem, algum tempo para examinarem
o processo e prepararem a intervenção (art. 330.º, nº1) – v. arts. 61.º, nº1, als. e) e f) e ss.; art. 62.º e 63.º
do CPP; art. 32.º, nº3 CRP; art. 6.º, nº3, al. c) CEDH; art. 47.º, 3º parag. Da CDFUE; art. 14.º, nº3, als.
b) e d) PIDCP.
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De acordo com o art. 1.º , nº 10 da Lei 49/2004, nos casos em que o processo penal determinar que o
arguido seja assistido por defensor, esta função é obrigatoriamente exercida por advogado, nos termos
da lei.
Se o defensor, relativamente a um ato em que a assistência for necessária, não comparecer, se ausentar
antes de terminado ou recusar ou abandonar a defesa, deve ser imediatamente nomeado outro defensor.
Porém, quando a nomeação imediata se revelar impossível ou inconveniente para o adequado exercício
da defesa pode ser decidido interromper a realização do ato.
O regime jurídico relativo à nomeação de defensor decorre dos arts. 39.º e ss. da Lei 34/2004. Saliente-
se que o requerimento para a concessão de apoio judiciário não afeta a marcha do processo, podendo
ser requerido até ao termo do prazo de recurso da decisão em 1ª instância (arts. 39.º, nº 10 e 44.º, nº1).
Segundo Paulo Pinto de Albuquerque, o art. 330.º, nº1 CPP deve ser interpretado em conformidade
com o art. 32.º, nºs 1 e 3 CRP no sentido de que o defensor que justifique a falta nos termos do art.
117.º não pode ser substituído por outro advogado ou advogado estagiário. A realização de audiência
sem o defensor gera nulidade insanável do julgamento e da sentença (art. 119.º, al. c)).
Recorde-se que a acusação do assistente por crime público e semi-público é sempre subordinada à do
MP (art. 284.º, nº1). Assim, em caso de falta do representante do assistente não se justifica o adiamento
da audiência, uma vez que está presente órgão que proferiu a acusação principal.
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Também a falta do representante das partes civis não implica o adiamento da audiência, o que significa
que a ação civil pode correr à inteira revelia das partes.
Em regra, a falta do assistente, de testemunhas, peritos ou consultores técnicos ou das partes civis não
dá lugar ao adiamento da audiência. O assistente e as partes civis são, nesse caso, representados para
todos os efeitos legais pelos respetivos advogados constituídos (art. 331.º, nº1).
A falta injustificada de pessoa regularmente notificada para comparecimento no dia, hora e local
designados, faz desencadear os procedimentos previstos no art. 116.º, o qual determina, no seu nº 1,
que o juiz condena o faltoso no pagamento de uma soma entre 2UC e 10UC. Contudo, a falta motivada
por facto não imputável ao faltoso considera-se justificada, se respeitadas as formalidades do art. 117.º.
Por falta das pessoas aqui mencionadas não pode haver mais do que um adiamento (art. 331.º, nº3).
Conforme explica Damião da Cunha, a presença do arguido na audiência toma parte do conteúdo
essencial do direito a participar ativamente na descoberta da Verdade. Por conseguinte, no regime
atual, continua a vigorar o princípio da obrigatoriedade da presença do arguido na audiência de
julgamento (art. 332.º, nº1, 1ª parte).
A lei define os casos em que, assegurados os direitos de defesa, pode ser dispensada a presença do
arguido ou acusado em atos processuais, incluindo a audiência de julgamento (art. 32.º, nº6 CRP).
A audiência de julgamento só pode realizar-se na ausência do arguido (neste caso o arguido não está
presente em qualquer sessão), se este:
Tiver anteriormente prestado TIR (art. 196.º, nº3, al. d)) – o arguido ao prestar TIR toma
conhecimento de que a sua ausência legitima a sua representação pelo defensor em todos os
atos processuais nos quais tenha o direito ou o dever de estar presente e bem assim a realização
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da audiência na sua ausência, nos temos do art. 333.º - e não comparecer na data designada,
tendo sido notificado do despacho que designa dia para a audiência (art. 313.º, nº2) com a
cominação de que, faltando, a audiência terá lugar na sua ausência (art. 333.º, ns 1 e 2);
Tiver pedido ou dado consentimento para esse efeito (art. 333.º, nº4 e 334.º, nº2);
Se encontrar na situação descrita no art. 334.º, nº1 (audiência na ausência do arguido em casos
especiais e de notificação edital).
Tendo o arguido sido regularmente notificado do despacho que designa dia para a audiência de
julgamento (de acordo com o art. 313.º, nº2), devem considerar-se os seguintes cenários:
i. Se não estiver presente na hora designada para o seu início, o presidente toma as medidas
necessárias e legalmente admissíveis para obter a sua comparência, e a audiência só é adiada
se o tribunal considerar que é absolutamente indispensável para a descoberta da verdade
material a sua presença desde o início da mesma (art. 333.º, nº1). Cfr. o art. 120.º, nº2, al.
d), 2ª parte.
Note-se que a segunda data para a realização da audiência já se encontra designada nos
termos do art. 312.º, nº1.
ii. Se o tribunal considerar que a audiência pode começar sem a presença do arguido ou se a
falta do arguido tiver como causa os impedimentos enunciados no art. 117.º, nºs 2 a 4, a
audiência não é adiada, sendo inquiridas ou ouvidas as pessoas presentes indicadas pelo
MP, pelo assistente e pelo lesado e, posteriormente, as indicadas pelo arguido e pelo
responsável civil (sem prejuízo da alteração que seja necessário efetuar no rol apresentado),
sendo tais declarações documentadas. Havendo impossibilidade de comparência, mas não
de prestação de depoimento, esta realizar-se-á no dia, hora e local que o juiz designar, se
tal for necessário (arts. 333.º, nº2; 341.º, als b) e c); e art. 117.º, nº6).
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O regime atrás mencionado não prejudica que a audiência tenha lugar na ausência do arguido
com o seu consentimento, nos termos do art. 334.º, nº2 (art. 333.º, nº4);
Havendo conexão de processos, os arguidos presentes e ausentes são julgados conjuntamente,
salvo se o tribunal tiver como mais conveniente a separação de processos (art. 334.º, nº5 ex vi
art. 333.º, nº7).
Sempre que a audiência tiver lugar na ausência do arguido este é representado para todos os
efeitos possíveis, pelo defensor (art. 334.º, nº4 ex vi art. 333.º, nº7);
Em caso de falta injustificada de comparência para notificação da sentença, o arguido deve ser
condenado ao pagamento de uma soma entre 2 UC e 10 UC e/ou detido para comparência
(arts. 116.º, nºs 1 e 2 e 254.º ex vi art. 333.º, nº7).
Sempre que a audiência tiver lugar na ausência do arguido, este é representado, para todos os efeitos
possíveis, pelo defensor (art. 334.º, nº4). Cfr. também os arts. 64.º, nº1, al g) (obrigatoriedade de
assistência) e 119.º, al. c)).
Havendo conexão de processos os arguidos presentes e ausentes são julgados conjuntamente, salvo se
o tribunal tiver como mais conveniente a separação de processos (arts. 334.º, nº5 e 30.º, nº1, al. d)).
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Fora dos casos mencionados no art. 334.º, nºs 1 e 2, a sentença é notificada ao arguido que foi julgado
como ausente logo que seja detido ou se apresente voluntariamente (art. 334.º, nº6, 1ª parte).
Sublinha-se que o prazo para a interposição do recurso pelo arguido conta-se a partir da notificação da
sentença. Ademais, nessa notificação, o arguido é expressamente informado do direito a recorrer da
sentença e do respetivo prazo (art. 334.º, nº 6, 2ª parte e nº 7).
Em caso de falta injustificada de comparência para notificação da sentença, o arguido deve ser
condenado ao pagamento de uma soma entre 2 UC e 10 UC e/ou detido para comparência (arts. 116.º,
nºs 1 e 2 e 254.º ex vi art. 334.º, nº8).
Aberta a audiência, o tribunal conhece e decide das nulidades e de quaisquer outras questões prévias
ou incidentais suscetíveis de obstar à apreciação do mérito da causa acerca das quais não tenha ainda
havido decisão e que possa desde logo apreciar (p. ex., prescrição, amnistia, desistência de queixa,
impedimentos, etc). A discussão destas questões deve conter-se nos limites temporais estritamente
necessários (em regra, uma hora). A decisão pode ser proferida oralmente, com transcrição na ata (art.
338.º, nºs 1 e 2).
Não confundir as questões prévias e incidentais com as questões prejudiciais (estas últimas ligadas ao
princípio da suficiência em processo penal, art. 7.º).
Embora as questões prévias devam ser apreciadas tão cedo quanto possível (arts. 308.º, nº3 e 311.º,
nº1), podem também ser decididas na sentença final (art. 368.º, nº1).
3. Exposições introdutórias
Nos termos do art. 399.º, nºs 1 a 3, depois de realizados os atos introdutórios (constantes dos arts. 329.º
a 338.º), o presidente:
Ordena a retirada da sala das pessoas que devam testemunhar, podendo proceder de igual modo
relativamente a outras pessoas que devam ser ouvidas;
Faz uma exposição sucinta sobre o objeto do processo;
Dá a palavra, pela ordem indicada, ao MP, aos advogados do assistente, do lesado e do
responsável civil e ao defensor, para que cada um deles indique, se assim o desejar,
sumariamente e no prazo de 10 minutos, os factos que se propõe provar. Se as houver, o
presidente regula ativamente tais exposições, com vista a evitar divagações, repetições, bem
como a que elas se transformem em alegações preliminares (art. 323.º, al. g)).
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Sem prejuízo do regime aplicável à alteração dos factos (arts. 358.º e 359.º), a discussão da causa
tem por objeto os factos descritos no art. 339.º, nº4:
Os factos alegados pela acusação e pela defesa (ou seja, os factos constantes do despacho
de acusação ou de pronúncia (se tiver sido requerida) e da contestação (se tiver sido
apresentada). Importa também considerar a posição das partes civis;
Os factos que resultarem da prova produzida em audiência;
Todas as soluções jurídicas pertinentes, independentemente da qualificação jurídica dos
factos resultantes da acusação ou da pronúncia, tendo em vista as finalidades a que se
referem os arts. 368.º e 369.º.
1. Princípios gerais
Se o não fizer, incorre na nulidade prevista no art. 120.º, nº2, al. d), in fine, a qual se enquadra na
omissão de diligências que possam reportar-se essenciais para a descoberta da verdade.
Constituem objeto da prova todos os factos juridicamente relevantes para a existência ou inexistência
do crime, a punibilidade ou não punibilidade do arguido e a determinação da pena ou da medida de
segurança aplicáveis.
Se tiver lugar PIC, constituem igualmente objeto da prova os factos relevantes para a determinação da
responsabilidade civil (art. 124.º, nºs 1 e 2).
O art. 125.º consubstancia o princípio da legalidade da prova, estabelecendo que, não sendo proibidas
por lei, todas as provas são admissíveis.
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Deve ainda salientar-se que os meios de prova apresentados no decurso da audiência são submetidos
ao princípio do contraditório, mesmo que tenham sido oficiosamente requeridos pelo tribunal (art.
327.º, nº2).
Salvo quando a lei dispuser diferentemente (p. ex., na situação referida no art. 163.º, nº1), a prova é
apreciada segundo as regras da experiência e a livre convicção da entidade competente (art. 172.º).
Sem prejuízo do regime relativo ao adiamento da audiência previsto no art. 328.º, nº3, os requerimentos
de prova são indeferidos, por despacho:
Quando a prova ou o respetivo meio forem legalmente inadmissíveis (art. 340.º, nº3): arts 125.º
(legalidade da prova); 126.º (métodos proibidos de prova) do CPP e art. 32.º, nº8 CRP.
Se for notório que (art. 340.º, nº4):
a) As provas requeridas já podiam ter sido juntas ou arroladas com a acusação ou a
contestação (ou seja, a prova é extemporânea, na medida em que se requer a sua junção ao
processo em momento inadequado). Só assim não será caso o tribunal entenda que essas
provas são indispensáveis à descoberta da verdade e boa decisão da causa;
b) As provas requeridas são irrelevantes ou supérfluas;
c) O meio de prova é inadequado;
d) O requerimento tem finalidade meramente dilatória.
Quando o tribunal indefere o requerimento para a produção da prova, a impugnação deve ser feita por
via de recurso. Caso contrário o interessado na produção da prova deve arguir a nulidade até ao
encerramento da audiência (art. 120.º, nº3, al. a)), sob pena de sanação, sendo que no caso de não obter
deferimento deve interpor recurso da respetiva decisão.
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Por determinação do art. 355.º, nºs 1 e 2, não valem em julgamento, nomeadamente para efeito de
formação da convicção do tribunal, quaisquer provas que não tiverem sido produzidas ou examinadas
em audiência.
A ordem de produção de prova em audiência de julgamento diz respeito à disciplina e direção dos
trabalhos da audiência (arts. 322.º e 323.º).
Segundo o disposto no art. 341.º, a produção da prova, na audiência, deve respeitar a ordem seguinte:
1- Declarações do arguido (arts. 342.º a 345.º). De realçar que a produção da prova começa e
termina com a audição do arguido (art. 361.º);
2- Apresentação dos meios de prova indicados pelo MP, pelo assistente e pelo lesado.
No que diz respeito ao PIC, o princípio do ónus da prova impõe que sejam produzidas em
primeiro lugar as provas requeridas ou apresentadas pelo lesado (art. 342.º CC);
3- Apresentação dos meios de prova indicados pelo arguido e pelo responsável civil.
De acrescentar que pode haver lugar à produção de outros meios de prova admitidos nos termos do
art. 340.º, nº2. Em tal caso, seguir-se-á a ordem por que foram admitidos.
4. Declarações do arguido
i. Identificação
O juiz (presidente) começa por perguntar ao arguido pelo seu nome, filiação, freguesia e concelho de
naturalidade, data de nascimento, estado civil, local de trabalho e residência e, se necessário, pede-lhe
a exibição de documento oficial bastante de identificação, advertindo-o, desde logo, que a falta de
resposta às perguntas feitas ou a falsidade da mesma o pode fazer incorrer em responsabilidade penal
(art. 342.º, nºs 1 e 2 e arts. 348, nº1, al. b) e 359.º, nº2, in fine do CP).
Por determinação da lei 19/2013, o arguido deixou de ser obrigado a prestar declarações sobre a
existência de processos pendentes, mantendo-se apenas a obrigatoriedade quanto à sua identidade.
Atualmente o arguido não é obrigado a prestar declarações quanto aos seus antecedentes criminais em
nenhuma fase processual (nem no primeiro interrogatório judicial de arguido detido nem no primeiro
interrogatório não judicial de arguido detido). No entanto, a junção do certificado de registo criminal
pode ter ocorrido logo na fase do inquérito ou da instrução.
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O presidente deve informar o arguido de que tem direito a prestar declarações em qualquer momento
da audiência, desde que elas se refiram ao objeto do processo, sem que, no entanto, a tal seja obrigado
e sem que o seu silêncio possa desfavorecê-lo (arts. 343.º, nº2; 58.º, nº5 e 61.º, nº1. Als c), f) e h) CPP e
art. 14.º, nº3, al. g) PIDCP).
Com efeito, o arguido pode tomar uma das seguintes atitudes processuais: não prestar declarações,
confessar os factos em que assenta a acusação (art. 344.º) ou negar a factualidade constante da acusação.
Note-se que o arguido não tem direito a mentir, todavia, se prestar declarações e faltar à verdade, não
será por isso punido (como vimos, o arguido só é obrigado a responder com verdade aos elementos da
sua identificação, cfr. art. 342.º). Ademais, o arguido não presta juramento em caso algum (art. 140.º,
nº3).
Importa sublinhar que, até à vigência da Lei 20/2013, de 21 de fevereiro, o silêncio do arguido, em
audiência de julgamento, originava que as suas declarações, prestadas em momentos processuais
anteriores, não podiam aí ser lidas e, como tal, não poderiam ser consideradas para efeitos de
condenação.
Atualmente, por força do referido diploma, mesmo que o arguido seja julgado na ausência ou decida
remeter-se ao silêncio em audiência de julgamento, as declarações anteriormente concedidas por si no
processo (quanto ao registo do interrogatório do arguido, v. art. 141.º, nºs 7 a 9), podem ser
reproduzidas ou lidas, valendo como meio de prova a valorar livremente pelo juiz.
Para esse efeito, é necessário que sejam respeitados os seguintes requisitos cumulativamente:
1. As declarações tiverem sido feitas perante autoridade judiciária (art. 1.º, al. b)) e
2. Tiver sido dada a informação de que, não exercendo o seu direito ao silêncio, i. e, decidindo
prestar declarações, as mesmas poderão ser utilizadas futuramente no processo (mesmo que
seja julgado na ausência ou decida não prestar declarações em audiência de julgamento), sendo
livremente valoradas como prova (arts. 357.º, nº1, al. b); 141.º, nº4, al. b) e 127.º).
Convém ressalvar que as declarações anteriormente prestadas pelo arguido, reproduzidas ou lidas em
audiência, não valem como confissão nos termos e para os efeitos do art. 344.º (art. 357.º, nº2). Assim,
se o arguido confessou o crime no interrogatório realizado antes da fase de inquérito, não pode o juiz
de julgamento valorar essa confissão como se a tivesse prestado em audiência de julgamento, nos
termos do art. 344.º.
No que diz respeito à prestação de declarações ao longo do percurso processual, podemos tirar as
seguintes conclusões:
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Deverá fazê-lo pessoalmente, isto é, em caso algum podem ser feitas por intermédio de
procurador (art. 138.º, nº1 ex vi do art. 140.º, nº2);
Deve encontrar-se livre na sua pessoa (ainda que se encontre detido ou preso), art. 140.º, nº1;
Não presta juramento em caso algum (art. 140.º, nº3);
O tribunal ouve-o em tudo quanto disser, desde que se refira ao objeto do processo, sem
manifestar qualquer opinião ou tecer quaisquer comentários donde possa inferir-se um juízo
sobre a culpabilidade (art. 343.º, nº2);
Cada um dos juízes ou dos jurados pode fazer-lhe perguntas sobre os factos que lhe sejam
imputados e solicitar esclarecimentos sobre as declarações prestadas. O arguido pode
espontaneamente ou a recomendação do defensor, recursar responder a alguma ou a todas as
perguntas, sem que isso o possa desfavorecer (ars. 345.º, nº1 e 61.º, nº1. al. d));
O MP, o advogado do assistente e o defensor podem solicitar ao presidente que lhe formule
perguntas (art. 345.º, nº2), bem como o advogado das partes civis no que toca à prova do objeto
do PIC (art. 74.º, nº2);
Podem ser mostrados ao arguido quaisquer pessoas, documentos ou objetos relacionados com
o tema da prova, bem como peças anteriores do processo, sem prejuízo do disposto do disposto
nos arts. 356.º e 357.º, relativos à reprodução ou leitura permitidas de autos e de declarações
do arguido, respetivamente (arts. 345.º, nº3 e 138.º, nº4 ex vi art. 140.º, nº2);
Não podem valer como meio de prova as declarações de um coarguido em prejuízo de outro
coarguido quando o declarante se recusar a responder às perguntas sobre os factos que lhe são
imputados (art. 345.º, nº4);
Quando na audiência se suscitar fundadamente a questão da inimputabilidade do arguido (ou a
imputabilidade diminuída), o presidente (oficiosamente ou a requerimento) deve ordenar a
comparência de um perito para se pronunciar sobre o estado psíquico daquele (art. 351.º, nºs 1
e 2);
O arguido pode solicitar a reprodução ou leitura de declarações anteriormente feitas por si no
processo (art. 357.º, nº1, al. a).
As declarações prestadas oralmente na audiência são documentadas na ata (arts. 363.º, 364.º,
99.º, nº3 e 100.º);
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iii. Confissão
No caso de o arguido declarar que pretende confessar os factos que lhe são imputados, o presidente,
sob pena de nulidade (trata-se de uma nulidade dependente de arguição, art. 120.º. nº3, al. a)), pergunta-
lhe se o faz de livre vontade e fora de qualquer coação, bem como se se propõe fazer uma confissão
integral e sem reservas (art. 344.º, nº1) – se a confissão for obtida mediante tortura, coação ou ofensa à
integridade física ou moral das pessoas, já estaremos perante uma verdadeira proibição de prova (art.
126.º, nºs 1 e 2).
A confissão é, no fundo o reconhecimento que o arguido faz dos factos constantes da acusação ou da
pronúncia que lhe são desfavoráveis.
Damião da Cunha faz saber que a confissão não é nem técnica, nem ideologicamente, um meio de prova,
mas tão-só um meio de defesa.
Se, aquando da confissão, o arguido demonstrar arrependimento, o juiz deverá considerar tal
circunstância para efeitos de atenuação da pena (arts. 72.º, nº2, al. c) e 73.º CP).
Renúncia à produção da prova relativa aos factos imputados e consequente consideração destes
como provados (art. 344.º, nº2, al. a));
Passagem de imediato às alegações orais (art. 360.º) e, se o arguido não dever ser absolvido por
outros motivos, à determinação da sanção aplicável (art. 344.º, nº2, al. b));
Redução da taxa de justiça em metade (art. 344.º, nº2, al. c));
Havendo PIC, redução das provas a produzir apenas sobre a determinação da responsabilidade
do demandado que não seja arguido;
Havendo condenação no PIC, à liquidação do montante indemnizatório.
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Os efeitos da confissão integral e sem reservas atrás referidos não se aplicam nas circunstâncias
seguintes (art. 344.º, nº3):
a) Houver coarguidos (art. 24.º) e não se verificar a confissão integral, sem reservas e coerente de
todos eles. Art. 133.º, nº1, al. a).
b) O tribunal, em sua convicção, suspeitar do caráter livre da confissão, nomeadamente por
dúvidas sobre a imputabilidade plena do arguido ou da veracidade dos factos confessados (arts.
351.º CPP e 20.º CP), ou
c) O crime for punível com pena de prisão superior a 5 anos.
6. Testemunhas
A testemunha é um importante participante processual com a específica função de contribuir com o seu
património cognoscitivo para o esclarecimento e resolução do concreto problema que no processo se
discute.
No âmbito do processo penal, a prova testemunhal encontra o seu regime geral regulado nos arts. 128.º
a 139.º.
Por força do art. 128.º, nº1, a testemunha é inquirida sobre factos de que possua conhecimento direto e
que constituam objeto de prova.
O rol das testemunhas de defesa deve ser indicado na contestação ou no prazo em que esta deva ser
apresentada (art. 315.º). Tratando-se de testemunhas da acusação, o respetivo rol deve constar do
despacho de acusação do MP (nos crimes públicos e semipúblicos) ou da acusação particular (nos crimes
particulares). Em ambos os casos, o rol pode ser adicionado ou alterado, nos termos e condições do art.
316.º.
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Há certas pessoas que podem recusar-se a depor como testemunhas (art. 134.º - recusa de depoimento;
136.º - segredo de funcionário; 137.º - segredo de Estado) e outras estão impedidas de o fazer (art.
133.º).
O advogado é obrigado a guardar segredo profissional no que respeita a todos os factos cujo
conhecimento lhe advenha do exercício das suas funções ou da prestação dos seus serviços (art. 92.º do
EOA) – art. 370.º do CP.
Desde que observados os restantes requisitos previstos no art. 391.º-A, se a prova assentar em
testemunhas presenciais com versão uniforme dos factos, o MP pode deduzir acusação para julgamento
em processo abreviado (art. 391.º-A, nº3, al. c)).
Depois de apresentado o rol não podem oferecer-se novas testemunhas de fora da comarca, salvo se
quem as oferecer se prontificar a apresenta-las na audiência. Com efeito, as testemunhas convocadas
que se apresentarem à audiência de julgamento (mesmo que não prestem o respetivo depoimento),
podem requerer que o juiz lhes arbitre uma quantia a título de compensação das despesas realizadas,
designadamente, com transporte e alimentação (art. 316.º, nº2 e 317.º).
Inquirição de testemunhas
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É admissível a acareação entre testemunhas ou entre estas, o arguido e o assistente sempre que
houver contradição entre as suas declarações e a diligência se mostrar útil à descoberta da
verdade (art. 146.º, nº1);
A contradita é instituto inaplicável ao processo penal (Ac. TRL de 04.06.2003);
Os juízes e os jurados podem, a qualquer momento, formular à testemunha as perguntas que
entenderem necessárias para esclarecimento do depoimento prestado e para a boa decisão da
causa (art. 348.º, nº5).
Podem ser mostrados às testemunhas quaisquer pessoas, documentos ou objetos relacionados
com o tema da prova, bem como peças anteriores do processo (art. 345.º, nº3 ex vi do art. 348.º,
nº7);
A leitura em audiência das suas declarações só é permitida nas situações referidas no art. 356.º,
nº 2 a 6;
O arguido pode ser afastado da sala de audiência durante a prestação de declarações, se houver
razões para crer que a sua presença inibiria o declarante de dizer a verdade (art. 352.º, nº1, al.
a) e 2);
As testemunhas só podem abandonar o local da audiência por ordem ou com autorização do
presidente (art. 353.º);
É proibida a leitura de depoimento prestado em inquérito ou instrução por testemunha que,
em audiência, se tenha validamente recursado a depor (art. 356.º, nº6).
As perícias são meios de prova utilizados quando a perceção ou a apreciação dos factos exigem especiais
conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos (cf. art. 151.º).
A prova pericial encontra-se regulada no CPP, em termos gerais, nos arts. 151.º e ss.
Em regra, a perícia pode ser ordenada por qualquer autoridade judiciária (art 154.º, nº1 e 1º. al. b)). Na
fase do inquérito, tratando-se do MP, esta competência está prevista no art. 270.º, nº2, al. b), a qual não
é delegável nos OPC’s (com exceção do art. 270.º, nº3). Já se a perícia tiver por objeto características
físicas ou psíquicas da pessoa que não haja prestado consentimento, tal competência, nessa fase
processual, cabe, em exclusivo, ao juiz de instrução (articuladamente, arts. 269.º, nº1, a. a) e 154.º, nº3).
O MP, o assistente, o arguido ou as partes civis podem requerer o adicionamento ou a alteração da lista
de peritos e consultores técnicos, desde que tal seja possível comunicar aos outros até 3 dias antes da
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data fixada para a audiência. Depois de apresentada a referida lista não podem oferecer-se novos peritos
e consultores técnicos de fora da comarca, salvo se quem os oferecer se prontificar a apresenta-los na
audiência (art. 316.º, nºs 1 e 2, por remissão do nº3 da mesma norma).
Os peritos e consultores técnicos indicados por quem se não tiver comprometido a apresenta-los na
audiência de julgamento são notificados para comparência.
Quem prestar perícia falsa é punido nos termos dos arts. 360.º a 364.º CP.
A regra da livre apreciação da prova encontra um limite quando está em causa a prova pericial. Com
efeito, o juízo técnico, científico ou artístico inerente à prova pericial presume-se subtraído à livre
apreciação do julgador. Neste seguimento, sempre que a convicção do julgador divergir do juízo
contido no parecer dos peritos, uma vez que se trata de entidade devidamente qualificada, deve aquele
fundamentar a divergência (art. 163.º, nºs 1 e 2).
Ao invés, no âmbito civil, a prova pericial é apreciada livremente pelo tribunal (arts. 388.º e 389.º CC),
não vinculando o critério do julgador.
8. Exame no local
Numa clara manifestação do princípio da investigação na fase do julgamento, o art. 354.º consagra que
o tribunal pode, quando considerar necessário à boa decisão da causa, desloca-se ao local onde tiver
ocorrido qualquer facto cuja prova se mostre essencial para a descoberta da verdade material e convocar
para o efeito os participantes processuais cuja presença entender conveniente. Trata-se de uma decisão
discricionária, sendo como tal, insuscetível de recurso (art. 400.º, nº1, al. b)).
9. Prova documental
No campo do processo penal, o regime da prova documental encontra-se previsto nos arts. 164.º a 170.º
(já no processo civil, arts. 423.º e ss. CPC).
O art. 164.º, nº1 refere que o documento é a “declaração, sinal ou notação corporizada em escrito ou
qualquer outro meio técnico, nos termos da lei penal”. O nº2 da mesma norma acrescenta que a junção
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da prova documental é feita oficiosamente ou a requerimento, não podendo juntar-se documento que
contiver declaração anónima, salvo se for, ele mesmo, objeto ou elemento do crime.
O documento deve ser junto aos autos no decurso do inquérito ou da instrução ou, não sendo até aí
possível, até ao encerramento da audiência (pese embora o tribunal poder sempre ordenar ou admitir a
sua junção se considerar que se trata de elemento de prova relevante para a descoberta da verdade e
boa decisão da causa, cfr. art. 340.º, nº1). Em qualquer caso, o cumprimento do princípio do
contraditório deve ser sempre assegurado, podendo o tribunal conceder um prazo não superior a 8 dias
para esse efeito (art. 165.º, nºs 1 e 2).
Lembra-se que os requerimentos de prova, na fase de julgamento, são indeferidos se for notório,
nomeadamente, que as provas requeridas já podiam ter sido juntas ou arroladas com a acusação ou a
contestação, exceto se o tribunal entender que são indispensáveis à descoberta da verdade e boa decisão
da causa (art. 340.º, nº4, a. a) cfr. art. 436 CPC).
Em relação a cada um dos sujeitos processuais, a prova documental deve ser apresentada:
Pelo MP e pelo assistente, nas respetivas acusações (arts. 283.º, nº3, al. f); 284.º, nº2 e 285.º,
nº3);
Pelo arguido, no decurso do inquérito ou da instrução (arts. 61.º, nº1, al. g); 287.º, nº2 e 296.º)
e ainda quando apresenta a sua contestação (art. 315.º);
Pelas partes civis, com os respetivos articulados (art. 79.º, nº1).
Tenhamos ainda em consideração que o tribunal pode declarar um documento constante dos autos
como falso e sempre que tiver ficado com fundada suspeita da sua falsidade transmite cópia ao MP para
efeito de procedimento criminal pelo crime de falsificação de documento (art. 170.º CPP e 256.º CP).
Desde que observados os restantes requisitos previstos no at. 391.º-A, se a prova for essencialmente
documental e puder ser recolhida no prazo previsto para a dedução da acusação, o julgamento pode
realizar-se sob a forma abreviada (art. 391.º, nº3, al. b)).
O valor probatório dos documentos autênticos e autenticados consta do art. 169.º, nos termos do qual
devem considerar-se provados os factos materiais neles constantes (enquanto a autenticidade do
documento ou a veracidade do seu conteúdo não forem fundadamente postas em causa).
Tratando-se de documento particular o seu valor probatório é livremente apreciado pelo tribunal, nos
termos do art. 127.º.
A força probatória dos documentos autênticos e particulares, no foro civil, consta dos arts. 371.º, 376.º
e 377.º CC.
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De autos e declarações
Há, no entanto, que ressalvar as provas contidas em atos processuais cuja leitura, visualização ou
audição e audiência sejam permitidas, nos termos dos arts. 356.º e 357.º É o regime jurídico que
sobressai do art. 355.º, nºs 1 e 2.
Importa a este propósito reter que, se da sentença resultar que o tribunal formou a sua convicção em
prova não produzida ou examinada em audiência e fora do âmbito das exceções previstas nos arts. 356.º
e 357.º, “concluir-se-á pela violação de uma proibição de prova, situação que determinará a nulidade de
tal decisão e a repetição do julgamento”.
De salientar que a prova documental (assim como outras) mesmo não sendo examinada, lida ou
discutida em sede de audiência de julgamento, pode ser valorada, contanto a sua apresentação e junção
ao processo tenha respeitado integralmente o princípio do contraditório.
Só é permitida a leitura em audiência de autos (cfr. arts. 356.º, nº1, 323.º, al. c) 99.º e 101.º):
a) Relativos a atos processuais levados a cabo nos termos dos arts. 318.º (residentes fora do
município), 319º (tomada de declarações no domicílio) e 320.º (realização de atos urgentes),
uma vez que, nesses casos, os respetivos participantes encontram-se impossibilitados de
comparecer na audiência de julgamento (art. 318.º, nºs 4 e 5; 319.º, nº 3; e 320.º, nº2); ou
b) De instrução ou de inquérito que não contenham declarações do arguido, do assistente, das
partes civis ou de testemunhas. Assim, p. ex., os autos de perícia e as declarações
complementares dos peritos podem ser lidos em audiência de julgamento, sem que os peritos
aí tenham que se deslocar (cf. arts- 151.º e ss.), assim como os autos relativos à prova por
reconhecimento (arts. 147.º e ss.), à reconstituição do facto (cf. art. 150.º), etc…
Convém realçar que a leitura de declarações do assistente, das partes civis e de testemunhas, só é
permitida, tendo sido prestadas perante o juiz, se:
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As declarações tiverem sido tomadas para memória futura (conjugadamente, arts. 356.º, nº2,
al. a); 271.º e 294.º, estes últimos alusivos às fases do inquérito e da instrução, respetivamente).
Estas declarações não têm de ser obrigatoriamente lidas em audiência de julgamento para que
constituam prova validamente utilizáveis (Ac. STJ nº 8/2017);
O MP, o arguido e o assistente estiverem de acordo na sua leitura. Verificando-se este
pressuposto, a leitura pode ter lugar mesmo que se trate de declarações prestadas perante o
MP ou os OPC’s (art. 356.º, nº2, al. b) e 5).
Se tratar de declarações obtidas mediante rogatórias ou precatórias legalmente permitidas (art.
356.º, nº2, al. c)). Denomina-se precatória quando a prática do ato em causa se contiver dentro
dos limites do território nacional e rogatória havendo que concretizar-se no estrangeiro (art.
111.º, nº3, a. b)).
O TC decidiu não julgar inconstitucional o art. 356.º, nº3 CPP quando interpretado no sentido de que
a leitura dos depoimentos prestados no inquérito perante o MP é admitida, sem ser necessário o
consentimento dos arguidos, quando aquela leitura se destine a avivar a memória de quem declare na
audiência já não se lembrar de certos factos.
Também os OPC’s que tiverem recebido declarações cuja leitura não for permitida (bem como
quaisquer pessoas que, a qualquer título, tiverem participado da sa recolha) não podem ser inquiridas
como testemunhas sobre o conteúdo daquelas (art. 356.º, nº7).
De acordo cm o art. 370.º, nº3, a leitura em audiência do relatório social ou da informação dos serviços
de reinserção social só é permitida a requerimento, nos termos e para os efeitos do art. 371.º (reabertura
da audiência para a determinação da sanção).
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De declarações do arguido
Se, no decurso da audiência, se verificar uma alteração não substancial dos factos descritos na acusação
ou na pronúncia, se a houver, com relevo para a decisão da causa, o presidente, oficiosamente ou a
requerimento, comunica a alteração ao arguido e concede-lhe, se ele o requerer, o tempo estritamente
necessário para preparação da defesa (só não será assim se a alteração tiver derivado de factos alegados
pela defesa). De igual forma se deve proceder quando o tribunal alterar a qualificação jurídica dos factos
descritos na acusação ou na pronúncia (art. 358.º, nº1 a 3).
As figuras da alteração não substancial dos factos e da alteração da qualificação jurídica, referidas no
art. 358.º, têm de dimanar da prova produzida em audiência de julgamento e não de qualquer
reapreciação dos indícios recolhidos nas fases preliminares do processo.
De realçar aqui o princípio da vinculação temática do tribunal, segundo o qual o objeto do processo
tem de permanecer o mesmo desde a acusação até à decisão final (art. 339.º, nº4).
Exemplos:
Se o arguido tiver sido acusado pelo crime de furto qualificado (art. 204.º CP), mas vier a ser
condenado por um crime de furto simples (art. 203.º CP), não se verifica uma alteração
substancial, porque o arguido defendeu-se contra todos os factos, embora venha a ser
condenado por um crime diferente;
Inversamente, se houver acusação ou pronúncia pelo crime de furto simples, mas na audiência
se fizer a prova de que existe alguma circunstância qualificativa, haverá então alteração
substancial dos factos, devendo aplicar-se o disposto no art. 359.º.
Se o arguido vier acusado de ter dado murros no queixoso, nenhuma alteração de factos haverá
(substancial ou não) se for provado que foram 2 e não 3 os murros desferidos, pois que, nesse
caso, o juiz se limitou a concretizar ou esclarecer um facto que já constava da acusação, sendo
certo que, ao contrário, já estaremos perante uma alteração (não substancial) se o tribunal der
como provado que, em consequência dos murros, o ofendido ficou com a cana do nariz partida,
teve de ser operado e esteve internado durante alguns dias.
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Alteração substancial
Uma alteração substancial dos factos descritos na acusação ou na pronúncia, para além de não poder
ser tomada em conta pelo tribunal para o efeito de condenação no processo em curso, não implica a
extinção da instância (art. 359.º, nº1) – note-se que o regime para a fase de instrução é idêntico.
A comunicação da alteração substancial dos factos ao MP vale como denúncia para que ele proceda
pelos novos factos (i. e., para que abra inquérito quanto a eles e os investigue, cfr. arts. 241.º e ss e 262.º
e ss), sendo, contudo, exigível que esses factos novos sejam autonomizáveis em relação ao objeto do
processo (art. 359.º, nº2).
Ressalvam-se os casos em que o MP, o arguido e o assistente estiverem de acordo quanto à continuação
do julgamento pelos novos factos. Neste caso, o presidente concede ao arguido, a requerimento deste,
prazo para preparação da defesa não superior a 10 dias, com o consequente adiamento da audiência, se
necessário (art. 359.º, nºs 3 e 4). Porém, devemos sublinhar que, se o tribunal for incompetente para
conhecer da nova infração o acordo é irrelevante (cfr. arts. 10.º e ss. e 119.º, al. e)).
De realçar que é nula a sentença que condenar por factos diversos dos descritos na acusação ou na
pronúncia, se a houver, fora dos casos e das condições previstos no art. 359.º (art. 379.º, nº1, al. b)).
Importa ainda destacar a possibilidade de haver simultaneamente uma alteração substancial e não
substancial dos factos.
Finda a produção da prova, o presidente concede a palavra, sucessivamente, ao MP, aos advogados do
assistente e das partes civis e ao defensor, para alegações orais nas quais exponham as conclusões, de
facto e de direito, qua hajam extraído da prova produzida (arts. 360.º, nº1 e 323.º, al g))19.
Tenha-se em atenção que as alegações não são meio de prova, mas uma síntese conclusiva da prova
produzida.
Por decisão da Lei 27/2015, as alegações orais passaram também a ser objeto do registo áudio ou
audiovisual (art. 364.º, nº2).
É admissível réplica (deve conter-se dentro dos limites estritamente necessários para a refutação dos
argumentos contrários que não tenham sido anteriormente discutidos), a exercer uma só vez, sendo,
porém, o defensor, se pedir a palavra, o último a falar, sob pena de nulidade (arts. 360.º, nº2, 120.º e
121.º).
19
No processo civil, as alegações orais seguem o regime previsto no art. 604.º, nºs 5 e 6 do CPC.
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As alegações orais não podem exceder, para cada um dos intervenientes, uma hora e as réplicas vinte
minutos20.
Arts. 360.º, nº3 e 215.º, nº3; arts. 369.º, nº2 e 371.º, nº4.
Findas as alegações orais, o presidente pergunta ao arguido se tem mais alguma coisa a alegar em sua
defesa, ouvindo-o em tudo o que declarar a bem dela (art. 361.º, nº1). Trata-se da última oportunidade
do exercício do direito de defesa, antes da deliberação.
O arguido poderá, designadamente, reafirmar a sua inocência ou o seu arrependimento, realçar o facto
de ter adotado uma nova postura de vida desde a prática dos factos, as eventuais diligências que tenha
desenvolvido para reparar as consequências do crime, etc.
O arguido pode também aproveitar estas últimas alegações para confessar os factos, mormente porque
se apercebeu que a prova produzida lhe foi desfavorável.
Em seguida, o tribunal declara encerrada a discussão, sem prejuízo da audiência poder ser reaberta para
determinação da sanção (art. 371.º), e o tribunal retira-se para deliberar (cfr, 361.ç, nº2 e 365.º e ss.).
B- Documentação da Audiência
1. Ata
O auto é o ato processual destinado a conhecer e fazer constar do processo um determinado ato
praticado na presença do juiz ou de um funcionário judicial.
De harmonia com o art. 99.º, nº1, é o instrumento destinado a fazer fé21 quanto aos termos em que se
desenrolam os atos processuais a cuja documentação a lei obrigar e aos quais tiver assistido quem os
redige, bem como a recolher declarações, requerimentos, promoções e atos decisórios orais que tiverem
ocorrido perante aquele (arts. 94.º, 95.º, 100.º e 101.º).
O auto respeitante à audiência denomina-se ata (arts. 99.º, nº2 e 362.º a 364.º) – o mesmo se diga em
relação ao auto do debate instrutório (99.º, nº2 e 305.º).
De acordo com o art. 99.º, nº3, al. c), o auto contém, além dos requisitos gerais para os atos escritos
previstos nos arts. 94.º e 95.º, entre outras menções, a descrição especificada das operações praticadas,
20
Já no âmbito do processo especial abreviado, finda a produção da prova, é concedida a palavra ao MP, aos
representantes do assistente e das partes civis e ao defensor, os quais podem usar dela por um máximo de 30
minutos, prorrogáveis, se necessário e assim for requerido. É admitida réplica por um máximo de 10 minutos
(art. 391.º-E, nº2).
21 O auto é um documento autêntico (art. 363.º, nº2 CC), cuja força probatória consta do art. 169.º (ex vi art. 99.º,
nº4).
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da intervenção de cada um dos participantes processuais, das declarações prestadas, do modo como o
foram e das circunstâncias em que o foram, incluindo, quando houver lugar a registo áudio ou
audiovisual, a consignação do início e termo de cada declaração, dos documentos apresentados ou
recebidos e dos resultados alcançados, de modo a garantir a genuína expressão da ocorrência.
Uma das alterações mais significativas introduzidas no CPP pela Lei 48/2007, prendeu-se com a
matéria relacionada com a documentação das declarações orais.
Com efeito, da redação do art. 363.º resulta que as declarações prestadas oralmente na audiência são
sempre documentadas na ata, sob pena de nulidade. Desta feita, deixou de ser possível aos sujeitos
processuais prescindirem de tal documentação.
Estão aqui em causa as declarações orais prestadas pelo arguido (arts. 342.º a 345.º), pelo assistente e
pelas partes civis (arts. 346.º, 347.º e 145.º), pelas testemunhas (arts. 348.-º e 349.º) e pelos peritos e
consultores técnicos (arts. 350.º e 351.º).
A nulidade consignada no art. 363.º in fine, não constando das taxativamente enumeradas no art. 119.º,
enquadra-se nas nulidades dependentes de arguição (art. 120.º), devendo ser arguida pelos interessados.
Quanto à importância do registo da prova, para efeitos da eficácia do recurso em matéria de facto, cfr.
arts. 412.º, nºs 3, 4 e 6, e 431.º, als a) e b).
Também as sentenças proferidas na esfera dos processos especiais sumário e abreviado têm de ser
documentadas, sob pena de nulidade, nos termos dos arts. 363.º e 364.º (arts. 289.º-A e 391.º-F,
respetivamente).
Forma da documentação
O regime jurídico que regula a forma da documentação, em processo penal, tem sido objeto de diversas
modificações ao longo do tempo.
Por desígnio da Lei 20/2013, de 21 de fevereiro, a documentação das declarações prestadas na audiência
é efetuada, em regra, através do registo áudio ou audiovisual (quando houver lugar a este tipo de registo
devem ser consignados na ata o início e o termo da gravação de cada declaração). O legislador
determinou ainda que só podem ser utilizados outros meios, quando aqueles não estiverem disponíveis
(art. 364.º, nº1).
Sempre que for utilizado este registo, não há lugar a transcrição e o funcionário, sem prejuízo do
disposto relativamente ao segredo de justiça, entrega, no prazo máximo de 48 horas, uma cópia a
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qualquer sujeito processual que a requeira, bem como, em caso de recurso, procede ao envio de cópia
ao tribunal superior (art. 101.º, nº4 ex vi art. 364.º, nº6).
É ainda necessário registar que a secretaria procede à transcrição (no prazo de 5 dias a contar do
respetivo ato) de requerimentos e respetivas respostas, despachos e decisões que o juiz, oficiosamente
ou a requerimento determine, por despacho irrecorrível (cf. art. 364.º, nºs 4 e 5, 1ª parte).
C- Reabertura da Audiência
Após o encerramento da discussão, a audiência pode ser reaberta para efeitos da determinação da
sanção. Assim, quando se torne necessária a produção de prova suplementar para determinação da
espécie e da medida da sanção a aplicar ao arguido, o tribunal volta à sala de audiência e declara esta
reaberta – trata-se de uma exceção ao princípio da continuidade da audiência, previsto no art. 328.º,
nº1, nos termos do qual a audiência é contínua, decorrendo sem qualquer interrupção ou adiamento até
ao seu encerramento.
Em seguida procede-se à produção da prova necessária, a qual poderá incidir apenas sobre a
personalidade e as condições de vida do arguido. Para esse efeito, deve ser ouvido, sempre que possível,
o perito criminólogo, o técnico de reinserção social e quaisquer pessoas que possam depor com relevo
sobre as questões em apreço (art. 371.º, nº2). Aliás, convém ter presente que a leitura em audiência do
relatório social ou da informação dos serviços de reinserção social só é permitida a requerimento, para
o efeito de produção de prova suplementar para determinação da espécie e da medida da sanção a aplicar
ao arguido, nos termos do art. 371.º (art. 370.º, nº3).
Os interrogatórios são sempre feitos pelo presidente, podendo, findos eles, os outros juízes, os jurados,
o MP, o defensor e o advogado do assistente sugerir quaisquer pedidos de esclarecimento ou perguntas
úteis à decisão (arts 371.º, nº3 e 323.º, al. a)).
Finda a produção da prova suplementar, o MP, o advogado do assistente e o defensor podem alegar
conclusivamente até um máx de 20 minutos cada um (art. 371.º, nº4). Art. 360.º, nº3, 2ª parte.
Sem prejuízo do art. 371.º-A, após o trânsito em julgado da sentença que determinou a aplicação de
pena ou medida privativa da liberdade, compete ao tribunal de execução das penas acompanhar e
fiscalizar a respetiva execução e decidir da sua modificação, substituição e extinção (art. 114.º, nº1 LOSJ
e art. 138.º, nº2 CEPMPL).
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Sentença
Depois de produzida a prova, feitas as alegações orais e prestadas as últimas declarações do arguido
(art. 360.º), o presidente declara encerrada a discussão e o tribunal retira-se para deliberar (art. 361.º,
nº2).
A deliberação só não tem lugar logo após o encerramento da discussão nos casos de absoluta
impossibilidade, fundadamente declarada em despacho (art. 365.º, nº1). Esta regra é uma consequência
do princípio da concentração da fase da audiência.
Estão aqui em causa quer as decisões do juiz singular, quer as decisões colegiais (do tribunal coletivo
e do tribunal do júri).
Só podem intervir na sentença os juízes que tenham assistido a todos os atos de instrução e discussão
praticados na audiência de julgamento (consagração dos princípios da oralidade e da imediação).
Todavia, o nº2 e ss. do art. comporta exceções.
Antes de apreciar as questões de fundo, o tribunal começa por decidir separadamente as questões
prévias ou incidentais sobre as quais ainda não tiver recaído a decisão (art. 368.º, nº1).
Sendo as questões prévias todas aquelas que obstam ao conhecimento do mérito da causa, a competência
do tribunal deve ser a primeira questão a ser verificada, uma vez que, se for incompetente, não deve
deter-se sobre quaisquer outras questões.
1. Questão da culpabilidade
Nos termos do art. 368.º, nºs 2 e 3, se a apreciação do mérito não tiver ficado prejudicada, o presidente
enumera discriminada e especificamente e submete a deliberação e votação os factos alegados pela
acusação e pela defesa, e bem assim os que resultarem da discussão da causa, relevantes para as questões
de saber se:
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De realçar que os factos que constituem objeto da prova são todos aqueles juridicamente relevantes
para a existência ou inexistência do crime, a punibilidade ou não do arguido, a determinação da pena
ou da medida de segurança e a determinação da responsabilidade civil (art. 124.º, nºs 1 e 2, 340.º, nº1).
Quanto à fundamentação da sentença, v. art. 374.º, nº2.
Conforme prevê o art. 369.º, nº1, se das deliberações e votações realizadas nos termos do art. 368.º
resultar que ao arguido deve ser aplicada uma pena ou uma medida de segurança, o presidente lê ou
manda ler toda a documentação existente dos autos relativa aos antecedentes criminais do arguido, à
perícia sobre a sua personalidade e ao relatório social.
De salientar que a prova suplementar a produzir incidirá apenas sobre a personalidade e as condições
de vida do arguido e não sobre os pressupostos de que depende a aplicação de uma pena ou medida de
segurança.
Quanto aos recursos, com vista a viabilizar uma apreciação e uma decisão autónomas e sendo possível
separar a parte recorrida da parte não recorrida, é admissível a limitação do recurso a um segmento da
decisão. Para este efeito, considera-se autónoma, nomeadamente, a parte da decisão que se referir, em
caso de unidade criminosa, à questão da culpabilidade, relativamente àquela que trata da determinação
da sanção, a cada uma das penas ou medidas de segurança (art. 403.º, nºs 1 e 2, als. d) e f)).
Com a reforma do CPP em 2007, foi aditado o art. 371.º-A, relativo à abertura da audiência para
aplicação retroativa da lei penal mais favorável. Por força dessa disposição se, após o trânsito em
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julgado da condenação, mas antes de ter cessado a execução da pena, entrar em vigor lei penal mais
favorável, o condenado pode requerer a reabertura da audiência para que lhe seja aplicado o novo
regime.
A aplicação de penas e de medidas de segurança criminais tem como finalidade a proteção de bens
jurídicos e a reintegração do agente na sociedade, sendo certo que, em caso algum a pena pode
ultrapassar a medida da culpa (art. 40.º, nºs 1 e 2 do CP). Para além do mais, só pode ter lugar em
conformidade com as disposições do CPP (princípio da legalidade do processo penal, art. 2.º). Cfr.,
ainda, art. 29.º da CRP.
Se ao crime forem aplicáveis, em alternativa, pena privativa e pena não privativa da liberdade, o tribunal
dá preferência à segunda sempre que esta realizar de forma adequada e suficiente as finalidades da
punição, quais sejam de prevenção geral e especial (art. 70.º do CP).
De realçar que, na sentença, são expressamente referidos os fundamentos da medida da pena (art. 71.º,
nº3 do CP).
A prescrição das penas e das medidas de segurança encontra-se plasmada nos arts. 122.º e ss. do CP.
II. Sentença/Acórdão
Os atos decisórios do tribunal singular que conheçam a final do objeto do processo tomam a forma de
sentenças; quando conhecerem de qualquer questão interlocutória ou quando puserem termo ao
processo (desde que não conheçam a final do objeto do processo), denominam-se despachos. Por sua
vez, os atos decisórios do tribunal colegial designam-se acórdãos (art. 97.º, nºs 1 e 2).
Quanto aos despachos de mero expediente: art. 152.º, nº4 CPC; devem ser proferidos no prazo máximo
de 2 dias.
1. Elaboração e assinatura
No processo comum, a sentença é um ato processual escrito. Por sua vez, nos processos especiais
sumário e abreviado, a sentença é logo proferida oralmente, sendo o dispostivo sempre ditado para a
ata (arts. 389.º-A e 391.º-F). Não obstante, se for aplicada pena privativa da liberdade ou,
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Também na fase de instrução, o despacho de pronúncia é, depois de proferido, logo ditado para a ata
(art. 307.º, nº1).
2. Requisitos
i. Relatório
A sentença começa por um relatório (que consiste basicamente na descrição dos elementos objetivos
constantes do processo), que deve conter:
As indicações tendentes à identificação do arguido, do assistente e das partes civis (art. 342.º e
374.º, nº1, als. a) e b));
A indicação do crime ou dos crimes imputados ao arguido, segundo a acusação ou a pronúncia,
se a tiver havido (art. 374.º, nº1, al. c));
A indicação sumária das conclusões contidas na contestação, se tiver sido apresentada (arts.
315.º e 374.º, al. d));
O PIC, se tiver sido formulado (arts. 71.º e ss).
A omissão de qualquer um destes elementos constitui mera irregularidade, podendo ser suprida nos
termos do art. 380.º, nº1, al. a).
Fundamentação
Também os atos decisórios do juiz de execução das penas (p. ex., decisão sobre a liberdade condicional)
são sempre fundamentados, devendo ser especificados os motivos de facto e de direito da decisão (art.
146.º, nº1 CEPMPL).
Nos termos conjugados dos arts. 374.º, nº2 e 379.º, nº1, al. a), ao relatório segue-se a fundamentação,
de onde deverá constar, sob pena de nulidade:
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ii. Dispositivo
A sentença (ou acórdão final) termina pelo dispositivo, o qual, no fundo, corresponde à conclusão e
decisão do caso. O dispositivo deve conter:
A falta de menção da decisão, absolutória ou condenatória, consubstancia uma nulidade (arts. 379.º,
nº1, al. a) e 374.º, nº3, al. b)), a qual pode ser suprida ao abrigo do art. 379.º, nº2. A omissão dos restantes
elementos do dispositivo constituem mera irregularidade, podendo ser supridos pelo tribunal (art.
380.º).
De harmonia com o art. 389.º-A, nº1, al. d), a sentença proferida no processo sumário deve conter,
designadamente, o dispositivo, nos termos do art. 374.º, nº3, als. a) a d). O mesmo se diga quanto ao
processo abreviado (por remissão do art. 391.º-F).
Publicação
Leitura da sentença
Depois de a sentença ser elaborada e assinada, o tribunal regressa à sala de audiência e, publicamente,
o presidente ou outro dos juízes, procede à sua leitura. A leitura da fundamentação bem como do
dispositivo, é obrigatória, sob pena de nulidade (art. 372.º, nº3).
Importa reter que a exclusão da publicidade não abrange, em caso algum, a leitura da sentença.
Notificação
A leitura da sentença equivale à sua notificação aos sujeitos processuais que deverem considerar-se
presentes na audiência (art. 372.º, nº4). Assim, o MP, o assistente, as partes civis e o arguido, face à
leitura da sentença em audiência, devem considerar-se dela notificados.
Havendo lugar a audiência na ausência do arguido (sempre que a audiência tiver lugar na ausência do
arguido, este é representado, para todos os efeitos possíveis, pelo defensor (arts. 334.º, nº4; 64.º, nº1, al.
g) e 119.º. al. c)), a sentença deve ser-lhe notificada logo que seja detido ou se apresente
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voluntariamente. Neste caso, o prazo para a interposição de recurso (pelo arguido) conta-se a partir da
notificação da sentença, na qual o arguido é expressamente informado do direito a recorrer da sentença
e do respetivo prazo. Cfr. arts. 333.º, nº5 e 334.º, nºs 6 e 7.
A notificação respeitante à sentença deve ser feita ao arguido, ao assistente e às partes civis e ao
advogado ou defensor nomeado. Neste caso, o prazo para a prática de ato processual subsequente conta-
se a partir da data da notificação efetuada em último lugar (art. 113.º, nº 10).
A sentença não puder ser notificada ao arguido na sua ausência (cfr. art. 120.º, nº, al. d) do CP);
A sentença condenatória, após notificação ao arguido, não transitar em julgado (art. 120.º, nº1,
al. e) do CP).
Quando, atenta a especial complexidade da causa, não for possível proceder imediatamente à elaboração
da sentença, o presidente fixa publicamente a data dentro dos 10 dias seguintes para a respetiva leitura
(art. 373.º, nº1). Trata-se de uma exceção ao princípio da concentração.
Note-se que o queixoso pode desistir da queixa, desde que não haja oposição do arguido, até à
publicação da sentença da 1ª instância.
Depósito
O depósito na secretaria da sentença é um ato importante para efeitos de contagem do prazo para
interposição de recurso (art. 411.º, nº1, al. b)).
No que diz respeito ao processo sumário ou abreviado, é sempre entregue cópia da gravação ao arguido,
ao assistente e ao MP no prazo de 48 horas – arts 389.º-A, nº4 e 391.º-F.
Nulidade da Sentença
No âmbito do processo civil, as causas de nulidade da sentença constam do art. 615.º CPC. Por sua vez,
no processo penal, por força do art. 379.º, nº1, é nula a sentença:
a) Que não contiver os elementos da fundamentação: a enumeração dos factos provados e não
provados; uma exposição, ainda que concisa, dos motivos de facto e de direito. A sentença é de
igual forma nula se, no dispositivo, não constar a decisão, condenatória ou absolutória (art.
374.º, nºs 2 e 3, al. b)).
Tratando-se de processo sumário ou abreviado, deve considerar-se o disposto no art. 379.º, nº1,
al. a), 2ª parte.
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b) Que condenar por factos diversos dos descritos na acusação ou na pronúncia, se a houver, fora
dos casos e das condições previstos nos arts. 358.º e 359.º (relativos à alteração não substancial
e substancial dos factos, respetivamente);
c) Quando o tribunal deixe de pronunciar-se sobre questões que devesse apreciar (v.g PIC) ou
conheça de questões de que não podia tomar conhecimento.
O art. 379.º, nº2 “contempla duas formas de arguição de nulidades da sentença – perante o tribunal que
proferiu a decisão ou em sede de recurso – sendo o prazo de arguição, num caso e no outro, o prazo
geral de interposição de recurso, mas se forem arguidas em sede de recurso apenas podem ser
conhecidas pelo tribunal superior”.
Correção da sentença
Nos termos do art. 380.º, nº1, o tribunal procede, oficiosamente ou a requerimento, à correção da
sentença quando:
a) Não forem preenchidos (total ou parcialmente) os requisitos da sentença, salvo se tais vícios
constituírem nulidade (arts. 379.º e 374.º);
b) A sentença contiver erro, lapso, obscuridade ou ambiguidade cuja eliminação não importe
modificação essencial (incluem-se aqui os erros materiais ou de escrita).
Se já tiver subido recurso da sentença, a correção é feita, quando possível, pelo tribunal competente
para conhecer do recurso (art. 380.º, nº 2).
As reclamações e pedidos de retificação estão sujeitas ao pagamento de uma taxa de justiça entre 1 UC
a 3 UC, pagas no final do processo, tendo em vista a complexidade da causa, nos termos da Tabela III
do RCP (art. 8.º, nºs 9 e 10).
Para além disso, por determinação do art. 521.º, nº1, à prática de quaisquer atos em processo penal é
aplicável o disposto no CPC, quanto à condenação no pagamento de taxa sancionatória excecional.
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Havendo PIC no processo e o tribunal não se pronunciar sobre esse pedido (quer haja condenação ou
absolvição do crime), a sentença é nula (arts. 374.º, nº3, al. b); 377.º, nº1; e 379.º, nº1, al. c)).
A- Sentença Absolutória
Elementos
A sentença penal é absolutória quando não considere aplicável ao arguido qualquer reação criminal, ou
seja, qualquer pena ou medida de segurança (art. 369.º, nº1).
Ao abrigo do art. 376.º, nº1, para além dos requisitos gerais da sentença previstos no art. 374.º, a
sentença absolutória ainda:
A falta dos elementos atrás mencionados constitui mera irregularidade (cfr. arts. 118.º, nº2 e 123.º).
Note-se que a sentença pode ser absolutória quanto ao procedimento criminal, mas condenatória
quanto ao PIC (art. 377.º, nºs 1 e 2).
Consideram-se findos para efeitos de arquivo os processos penais, decorridos 3 meses após o trânsito
em julgado da decisão absolutória ou de outra decisão final não condenatória, da extinção da pena ou
da medida de segurança (art. 142.º, nº1, al. b) LOSJ).
Se o crime tiver sido cometido por inimputável, a sentença é absolutória (por falta de juízo de censura).
Todavia, se nela for aplicada medida de segurança, vale como sentença condenatória devendo
especificar os fundamentos que presidiram à escolha dessa medida (indicando, nomeadamente, se for
caso disso, o início e regime do seu cumprimento e outros deveres que sejam impostos e a sua duração).
Para além disso, vale ainda como sentença condenatória para efeitos de recurso do arguido (arts. 376.º,
nº3 e 375.º, nº1).
Os inimputáveis a quem tenha sido aplicada medida de segurança são sujeitos a identificação judiciária.
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Custas
A sentença absolutória condena o assistente em custas, nos termos previstos no CPP e no RCP (art.
376.º, nº1). Em consonância, o art. 515.º, nº1, al. a) consagra que é devida taxa de justiça pelo assistente
pelo assistente, designadamente, no caso de o arguido ser absolvido por todos ou por alguns crimes
constantes da acusação que haja deduzido ou com que se haja conformado.
Para além do mais, quando se tratar de crime particular, o assistente condenado em taxa paga também
os encargos a que a sua atividade tiver dado lugar (art. 518.º).
A taxa de justiça deve ser paga no final do processo, nos termos e condições do art. 8.º, nºs 9 e 10 RCP.
Havendo absolvição no que respeita ao PIC, é o demandante condenado em custas nos termos do RCP
(art. 377.º, nº4).
Se forem simultaneamente condenados em taxa de justiça o arguido e o assistente aplica-se o art. 514.º,
nº1.
Se, havendo recurso, a decisão revista tiver sido absolutória, mas no juízo de revisão a sentença for
condenatória, ao assistente são restituídas as custas que houver pago (art. 463.º, nº3, al. b)).
As despesas com a publicação da sentença absolutória corre a cargo do assistente e valem como custas
(art. 378.º, nº2).
A execução das decisões relativas a multas, custas e indemnizações previstas na lei processual aplicável
compete ao juízo ou tribunal que as tenha proferido (art. 131.º da LOSJ).
B- Sentença condenatória
Esgotado o prazo de 30 dias sem ter sido apresentado recurso da decisão proferida, esta transita em
julgado (art. 411.º, nº1). Com efeito, as decisões penais condenatórias transitadas em julgado têm força
executiva em todo o território português e ainda em território estrangeiro, conforme os tratados,
convenções e regras de direito internacional (art. 467.º, nº1).
A decisão “considera-se transitada em julgado logo que não seja suscetível de recurso ordinário ou de
reclamação” (art. 628.º).
Quando alguém tiver praticado vários crimes, antes de transitar em julgado a condenação por qualquer
deles, é condenado numa única pena, determinada nos termos e condições do art. 77.º do CP. Por sua
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vez, se depois de uma condenação transitada em julgado, se mostrar que o agente praticou,
anteriormente àquela condenação, outro ou outros crimes, vale o disposto no art. 78.º do CP. Sobre
esta matéria, o STJ fixando jurisprudência deliberou que “o momento temporal a ter em conta para a
verificação dos pressupostos do concurso de crimes, com conhecimento superveniente, é o do trânsito
em julgado da primeira condenação por qualquer dos crimes em concurso”.
Se, após o trânsito em julgado da condenação, mas antes de ter cessado a execução da pena, entrar em
vigor lei penal mais favorável, o condenado pode requerer a reabertura da audiência para que lhe seja
aplicado o novo regime (art. 371.º-A).
Após a leitura da sentença condenatória, o presidente, quando o julgar conveniente, dirige ao arguido
breve alocução (art. 60.º, nº4 CP e 497.º, nº3 CPP).
Quanto à sentença condenatória, há que considerar o regime contido nos seguintes preceitos:
arts 10.º a 39.º do CP, quanto aos pressupostos da punição, formas do crime e causas que
excluam a ilicitude e a culpa;
40.º, quanto à finalidade das penas e medidas de segurança;
41.º a 49.º
50.º a 57.º CP (sobre a suspensão da execução da pena de prisão)
58.º a 60.º (sobre a prestação de trabalho a favor da comunidade e admoestação)
65.º a 69.º (sobre as penas acessórias e efeitos das penas)
83.º e ss (sobre a pena relativamente indeterminada);
91.º e ss (sobre as medidas de segurança);
122.º e ss (prescrição das penas e das medidas de segurança)
Elementos
Ao abrigo do art. 375.º, nº1, a sentença condenatória, para além de conter os elementos a que alude o
art. 374.º, deve especificar os fundamentos que presidiram à escolha e à medida da sanção aplicada (o
que resultou dos procedimentos estipulados no art. 369.º) indicando, nomeadamente, se for caso disso:
A falta destes elementos constitui mera irregularidade (arts. 118.º, nº2 e 123.º).
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O instituto da dispensa de pena encontra-se previsto no art. 74.º e o da atenuação especial da pena nos
arts 72.º e 73.º do CP.
O tribunal pode atenuar especialmente a pena, para além dos casos expressamente previstos na lei,
quando existirem circunstâncias anteriores ou posteriores ao crime, ou contemporâneas deles, que
diminuam por forma acentuada a ilicitude do facto, a culpa do agente ou a necessidade da pena (art.
72.º, nº1 CP).
Relativamente à dispensa de pena, cumpre tecer algumas considerações. Desde logo, convém ter
presente que, quando o crime em causa for punível com pena de prisão não superior a 6 meses, ou só
com multa não superior a 120 dias, o tribunal pode declarar o arguido culpado mas não aplicar qualquer
pena. Para este efeito, é indispensável que a ilicitude do facto e a culpa do agente sejam diminutas, que
o dano tenha sido reparado e que à dispensa de pena não se oponham razões de prevenção.
Podemos apontar vários exemplos de normas do CP que contemplam a dispensa de pena: arts. 35.º,
nº2; 143.º, nº3; 148.º, nº2; 186.º; 187.º, nº2, al. b); 250.º, nº6; 278.º-B, nº1; 286.º; 294.º, nº3; 364.º e 374.º-
B, nº1.
Se o dano não estiver ainda reparado, mas o juiz tiver razões para crer que o será, pode adiar a sentença
para reapreciação do caso dentro de 1 ano, em dia que logo marcará (art. 74.º, nº2 CP).
A dispensa de pena não liberta o arguido da obrigação de pagar custas (art. 513.º, nº4).
Condenação em multa
Em virtude da Lei 59/2007, foram aditados ao CP, designadamente, os arts. 90.º-A a 90.º-M. Com
efeito, com a reforma introduzida pelo citado diploma, passou a ser aplicável às pessoas coletivas e
entidades equiparadas as penas principais de multa e de dissolução (art. 90.º-A, nº1 do CP).
Quando o tribunal condena o arguido no pagamento de uma multa, devemos considerar o seguinte:
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A pena de multa é fixada em dias, em função da culpa do agente e das exigências de prevenção
do caso, sendo, em regra, o limite mínimo de 10 dias e máximo 360 (arts. 47.º, nº1 e 71.º, nº1
CP). O valor correspondente a cada dia de multa é fixado pelo tribunal entre 5 euros e 500
euros, atendendo à situação económica e financeira do condenado e dos seus encargos pessoais
(art. 47.º, nº2 CP).
A requerimento do condenado, pode o tribunal ordenar que a pena de multa fixada seja, total
ou parcialmente, substituída por dias de trabalho, nos termos do art. 48.º, nº1 do CP.
Se a multa, que não tenha sido substituída por trabalho, não for paga voluntariamente, é
cumprida prisão subsidiária, nos termos do art. 49.º CP.
Sempre que necessário, o tribunal procede ao reexame da situação do arguido, sujeitando-o às medidas
de coação admissíveis e adequadas às exigências cautelares que o caso requerer (art. 375.º, nº4).
Se o arguido tiver sido sujeito à medida de caução e vier a ser condenado em prisão, aquela só se
extingue com o início da execução da pena (cf. arts. 214.º, nº3 e 197.º).
Em caso de condenação, ainda que com dispensa de pena, o tribunal ordena, a expensas do agente, o
conhecimento público adequado da sentença, se tal for requerido, até ao encerramento da audiência em
1ª instância, em caso de condenação pelos crimes de publicidade e calúnia (art. 183.º CP), ofensa à
memória de pessoa falecida (art. 185.º, nº2, al. b)), ofensa a pessoa coletiva, organismo ou serviço (art.
187.º, nº2, al. a) CP) e denúncia caluniosa (art. 365.º, nº5 CP).
Custas
As custas processuais abrangem, nomeadamente, a taxa de justiça e encargos (art. 3.º, nº1 RCP).
Só há lugar ao pagamento da taxa, por parte do arguido, quando ocorra condenação em 1ª instância e
decaimento total em qualquer recurso (art. 513.º, nºs 1 e 3).
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Para efeitos de tributação, a confissão integral e sem reserva implica a redução da taxa de justiça em
metade (art. 344.º, nº2, al. c)).
A taxa de justiça e os encargos da responsabilidade do arguido são pagos no final do processo, sendo
fixados pelo juiz tendo em vista a complexidade da causa (art. 8.º, nºs 9 e 10 RCP e 524.º CPP).
A execução das decisões relativas a multas, custas e indemnizações previstas na lei processual aplicável
compete ao juízo ou tribunal que as tenha proferido (art. 131.º).
No caso de o arguido ser condenado a pena de prisão em 1ª instância e a sentença condenatória for
confirmada em sede de recurso ordinário, o prazo máximo da prisão preventiva eleva-se para metade
da pena que tiver sido fixada (art. 215.º, nº6).
A pena de prisão tem a duração mínima de 1 mês e a duração máxima de 20 anos, podendo o seu limite
máximo, nos casos previstos na lei, ascender aos 25 anos.
As penas prescrevem nos prazos previstos no art. 122.º CP. A prescrição da pena suspende-se e
interrompe-se em conformidade com a disciplina dos arts. 125.º e 126.º CP.
O tribunal pode decidir suspender a execução da pena de prisão aplicada em medida não superior a 5
anos se concluir que a simples censura do facto e a ameaça da prisão realizam de forma adequada e
suficiente as finalidades da punição.
Quando o agente do crime for maior de 16 anos e menor de 21 anos, são aplicáveis as normas do art.
9.º do CP e o DL 401/82.
Recursos
O direito ao recurso goza de proteção constitucional (arts. 32.º, nº1; 20.º; 202.º CRP.
Para além do recurso, que visa a reapreciação de uma decisão judicial por um órgão judicial diferente
(superior hierarquicamente), existe outra forma de impugnação das decisões judiciais que é a
reclamação (que é dirigida ao mesmo órgão que proferiu a decisão). Nos termos do art. 628.º do CPC,
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a decisão considera-se transitada em julgado logo que não seja suscetível de recurso ordinário ou de
reclamação.
Os sujeitos processuais podem requerera reforma de auto perdido, extraviado ou destruído (art. 102.º),
assim como a retificação de uma decisão (art. 380.º). Em ambos os casos, o pedido é dirigido à entidade
que praticou o ato.
O objeto do recurso compreende não só a matéria de direito como também a matéria de facto. Para esse
efeito, o CPP criou instrumentos destinados a assegurar o registo da prova em audiência de julgamento
(arts. 363.º e 364.º).
No domínio dos recursos são de destacar os princípios da recorribilidade das decisões (art. 399.º) e da
proibição de reformatio in pejus (art. 409.º).
Modalidades de recursos
Os recursos podem ser ordinários (arts. 399.a 436.º) e extraordinários (arts 437.º a 466.º), consoante
estejamos perante uma decisão transitada ou não em julgado.
Uma decisão judicial transita em julgado, ou seja, é insuscetível de impugnação ordinária, quando é
irrecorrível (art. 400.º e outros do CPP) ou, sendo recorrível, se deixou esgotar, sem dele fazer
aproveitamento, o prazo legal para interposição do recurso (art. 411.º, nº1).
Por força do art. 628.º CPC, a decisão considera-se transitada em julgado logo que não seja suscetível
de recurso ordinário ou de reclamação.
O CPP prevê duas espécies de recursos ordinários: o recurso perante as Relações (arts. 427.º a 431.º) e
o recurso perante o STJ (arts. 432.º a 436.º).
As Relações conhecem de facto e de direito e o recurso para o STJ visa exclusivamente o reexame da
matéria de direito, sem prejuízo do disposto no art. 410.º, nºs 2 e 3 (cfr. arts. 428..º e 434.º do CPP e o
art. 46.º LOSJ).
Por sua vez, nos recursos extraordinários, podemos distinguir o recurso para fixação de jurisprudência
(arts. 437.º e ss.) e o recurso de revisão (art. 449.º e ss.).
Patrocínio Judiciário
É obrigatória a assistência de defensor nos recursos ordinários ou extraordinários (art. 64.º, nº1, al. e);
61.º, nº1, al. e); e 119.º, al. c) CPP; o art. 32.º, nº3 CRP e o art. 6.º, nº3, al. c) CEDH). Ora, nos casos em
que o processo penal determinar que o arguido seja assistido por defensor, esta função é
obrigatoriamente exercida por advogado, nos termos da lei (art. 1.º, nº 10, da Lei 49/2004).
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De realçar que enquanto não for substituído, o defensor nomeado para um determinado ato mantém-
se em funções para os atos subsequentes, incluindo o recurso.
Quanto aos assistentes, são sempre representados por advogado (art. 70.º, nº1, 1ª parte).
Quanto às partes civis, a representação por advogado é uma faculdade de que goza o lesado, sendo a
mesma obrigatória quando, em razão do valor do PIC, se deduzido em separado, a lei do processo civil
o impuser (art. 76.º, nº1). De todo o modo, nos recursos, tal constituição é sempre obrigatória (art. 40.º,
nº1, al. c) CPC). O mesmo se diga em relação aos recursos para o TC (art. 83.º LCT).
Quando o pedido de apoio judiciário é apresentado na pendência de ação judicial e o requerente pretende
a nomeação de patrono, o prazo que estiver em curso interrompe-se com a junção aos autos do
documento comprovativo da apresentação do requerimento com que é promovido o procedimento
administrativo (arts. 44.º, nº1 e 24.º, nºs 4 e 5 da Lei 34/2004).
A- Recursos Ordinários
Os recursos ordinários são aqueles que têm por objeto decisões que ainda não transitaram em julgado
e visam conseguir uma renovação da discussão e nova decisão (arts. 399.º a 436.º).
Existem, no entanto, normas comuns que se aplicam a qualquer espécie de recurso ordinário
(independentemente da decisão recorrida e dos seus fundamentos), previstas nos arts. 399.º a 426.º-A.
No que respeita aos prazos de duração máxima da prisão preventiva, o art, 215.º, nº6 precreve que no
caso de o arguido ter sido condenado a pena de prisão em 1ª instância e a sentença condenatória ter
sido confirmada em sede de recurso ordinário, o prazo máximo da prisão preventiva eleva-se para
metade da pena que tiver sido fixada.
Decisões recorríveis
O art. 399.º consagra o pr. geral da admissibilidade de recurso ao prescrever que é permitido recorrer
dos Acs, sentenças e dos despachos, cuja irrecorribilidade não estiver prevista na lei.
Diversamente das decisões judicias, dos despachos do MP, só cabe recurso hierárquico ou reclamação
para o superior hierárquico.
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Assim, não obstante, poder existir disposição legal que determine o contrário, a regra é a da
recorribilidade das decisões judiciais, o que pressupõe, portanto, um duplo grau de jurisdição.
O recurso da parte da sentença relativa ao PIC só é admissível desde que o valor do PIC seja superior
à alçada do tribunal recorrido e a decisão impugnada seja desfavorável para o recorrente em valor
superior a metade desta alçada (art. 400.º, nº2).
O art. 44.º, nº2 da LOSJ determina que, em matéria criminal, não há alçada.
São ainda recorríveis as decisões do tribunal de execução das penas, nos termos do art. 235.º, nºs 1 e 2
do CEMPL.
Decisões irrecorríveis
O direito de interpor recurso depende da legitimidade e do interesse em agir por parte do recorrente.
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Âmbito do recurso
De acordo com o art. 402.º, nº1, o recurso interposto de uma sentença abrange toda a decisão (Pr. do
conhecimento amplo).
Porém, existem exceções a esta regra resultantes da possibilidade de limitação do recurso a uma parte
da decisão nos termos do art. 403.º, nº1; da existência de motivos estritamente pessoais, que impedem
a sua extensão (art. 402.º, nº2); da proibição da reformatio in pejus (art. 409.º) e da restrição do objeto do
recurso subordinado à questão cível (art. 404.º).
A delimitação do âmbito do recurso pelo recorrente, não prejudica o dever de o tribunal conhecer
oficiosamente das nulidades insanáveis que afetem o recorrente. O mesmo se diga relativamente ao
dever de o tribunal conhecer oficiosamente dos vícios do art. 410.º, nº2.
Limitação do recurso
Não obstante a regra do conhecimento amplo prevalecer no âmbito do recurso, o mesmo pode abranger
apenas parte da decisão (pr. da cindibilidade do recurso).
Extensão do recurso
Nos termos do art. 402.º, nº2, salvo se for fundado em motivos estritamente pessoais (qualidades e
circunstâncias exclusivas do recorrente; elemento subjetivo do crime; imputabilidade do sujeito
recorrente), o recurso interposto:
Regime de subida
Forma de subida
Quando os recursos sobem nos próprios autos, não é necessário requerer certidões das peças
processuais pertinentes para instruir o recurso.
414.º, nº7.
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O tribunal superior não fica vinculado à decisão do tribunal a quo sobre o efeito do recurso e o seu
regime de subida (art. 414.º, nº3).
Os recursos interpostos de decisões que ponham termo à causa (decisões que colocam fim ao
processo criminal) (art. 97.º, nºs 1 e 2);
Os que com eles deverem subir (ou seja, os recursos que não deverem subir imediatamente, art.
407.º, nº3).
b) Subida em separado
Em regra, os recursos sobem nos próprios autos. No entanto, a necessidade de conhecimento imediato
da questão decidenda, justifica a subida em separado dos autos principais, a qual assume natureza
excecional.
Momento da subida
Se o recurso for retido (com atribuição de subida diferida, quando devia ser imediata), o recorrente pode
reclamar do despacho do juiz que proferiu a decisão para o presidente do tribunal a que o recurso se
dirige (art. 405.º, nº1).
Efeitos
Se o recurso tiver efeito devolutivo, a aplicação da decisão recorrida e a tramitação do processo não são
afetadas (no fundo, tudo se passa como se não tivesse havido recurso). P. ex., o recurso interposto de
decisão absolutória tem esse efeito (art. 467.º, nº2).
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O efeito suspensivo do recurso pode implicar a suspensão do processo (ou seja, o processo não
prossegue no tribunal onde foi proferida a decisão recorrida até se decidir o recurso) ou a suspensão da
aplicação da decisão recorrida (neste caso, a suspensão só atinge a decisão recorrida, prosseguindo,
assim, a tramitação do processo).
Os recursos que não tenham efeito suspensivo, terão efeito apenas devolutivo.
i. Efeito suspensivo
i. As partes civis têm legitimidade para recorrer da parte das decisões contra cada uma
proferidas relativamente ao PIC (mas não quanto à parte criminal). Têm de ter
legitimidade e interesse em agir (art. 74.º e 401.º, nº1, al. c) e 2.
ii. Quanto à obrigatoriedade do patrocínio judiciário, cfr. art. 76.º do CPP e 40.º, nº1, al. c)
CPC. Se o lesado for simultaneamente assistente, rege o art. 70.º.
iii. Nos termos do art. 400.º, nº2, sem prejuízo do disposto nos arts. 427.º e 432.º, o recurso da
parte da sentença relativa a indemnização civil só é admissível desde que:
- o valor do pedido seja superior à alçada do tribunal recorrido e
- a decisão impugnada seja desfavorável para o recorrente em valor superior a metade desta
alçada (regra da sucumbência).
iv. Mesmo não sendo admissível recurso quanto à matéria penal, pode ser interposto recurso
da parte da sentença relativa à indemnização civil (art. 400.º, nº3).
v. Salvo se for fundado em motivos estritamente pessoais, o recurso interposto pelo
responsável civil, aproveita ao arguido, mesmo para efeitos penais (art. 402.º, nº2, als. b) e
c)).
Fundamentos do recurso
Fernando Gama Lobo explica que “o recurso de uma decisão, visa única e exclusivamente a apreciação dos
fundamentos invocados nesse recurso, delimitados pelas conclusões, e não um novo julgamento. Em nenhuma
circunstância o recurso pressupõe a reapreciação total de toda a prova produzida, pois se assim fosse, estaríamos
perante um novo julgamento e não um recurso”.
O recurso pode ter como fundamento quaisquer questões de que pudesse conhecer a decisão recorrida,
salvo se a lei restringir a cognição do tribunal e os respetivos poderes (art. 410.º, nº1).
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Assim, o recurso para o TR pode ter como fundamento questões de facto e de direito e o interposto
para o STJ visa exclusivamente o reexame de matéria de direito (arts. 428.º e 434.º).
Não obstante, verificando-se qualquer dos vícios previstos no art. 410.º, nºs 2 e 3, o TR e o STJ podem
sempre conhecer do recurso.
Conforme o art. 410.º, nº2, mesmo nos casos em que a lei restrinja a cognição do tribunal de recurso a
matéria de direito, o recurso pode fundamentos relativos aos factos.
Sempre que por estes vícios não for possível decidir da causa, o tribunal de recurso determina o reenvio
do processo para novo julgamento relativamente à totalidade do objeto do processo oy a questões
concretamente identificadas na decisão de reenvio (art. 426.º, nº1).
Requerimento e motivação
O requerimento de interposição é sempre motivado, sob pena de não ser admitido o recurso pelo
tribunal a quo (arts. 411.º, nº3, 1ª parte e 414.º, nº2).
Quer o requerimento quer a motivação podem ser interpostos diretamente para a ata. De referir que o
requerimento de interposição e a motivação do recurso devem constituir uma única peça processual.
Todavia, em caso de interposição de recurso ditado para a ata, a motivação pode ser apresentada em
separado (art. 411.º, nº3, in fine).
Motivação e conclusões
Art. 412.º
Se o recurso versar matéria de direito, as conclusões indicam ainda: art. 412.º, nº2.
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Faltando as conclusões, se o recorrente for convidado a apresenta-las e não o fizer no prazo de 10 dias,
o recurso não é admitido (cf, art. 414.º, nº2).
Quando as provas tiverem sido gravadas (nos termos do art. 364.º, nº3), deve o recorrente indicar
concretamente as passagens em que se funda a impugnação.
Tenha-se em conta que, apesar do disposto no art. 410.º, a decisão do tribunal de 1ª instância (decisão
recorrida) sobre a matéria de facto, pode ser modificada de a prova tiver sido impugnada nos termos
mencionados (art. 431.º, al. b)).
Mesmo no caso de registo áudio ou audiovisual, em caso de recurso, pode haver transcrição de toda a
ou parte da sentença, se a mesma se revelar absolutamente indispensável para a boa decisão da causa
(art. 101.º, nºs 2 e 4).
Admissão e rejeição
Interposto o recurso e junta a motivação ou expirado o prazo, o juiz (de 1ª instância) profere despacho
de admissão ou rejeição. Em caso de admissão do recurso, o juiz fixa desde logo o seu efeito e regime
de subida.
Se o recurso subir em separado, o juiz do tribunal que proferiu a decisão deve averiguar se o mesmo se
mostra instruído com todos os elementos necessários à boa decisão da causa.
Já se o recurso subir nos próprios autos e houver arguidos privados da sua liberdade (por se
encontrarem em prisão preventiva ou sob a obrigação de permanência na habitação), o juiz, antes de
remeter o processo para o tribunal superior, ordena a extração de certidão das peças processuais
necessárias ao seu reexame (arts. 414.º, nº7 e 213.º).
O despacho do juiz de admissão (ou não admissão) do recurso, é notificado aos restantes sujeitos
processuais, de acordo com as regras previstas no art. 113.º. Convém ter em conta que a mesma deve
ser efetuada na pessoa do advogado.
A decisão for irrecorrível (p. ex., nas situações previstas no art. 400.º);
For interposto fora de tempo (arts. 411.º, nº1 e 3; 404.º, nº2; 107.º-A);
O recorrente não reunir as condições necessárias para recorrer (por falta de legitimidade ou
interesse em agir, cf. art. 401.º);
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Do despacho que não admitir (ou retiver) o recurso, o recorrente, no prazo de 10 dias contados da
respetiva notificação, pode reclamar para o presidente do tribunal a que o recurso se dirige (art. 405.º,
nºs 1 e 2).
No processo civil, o regime da reclamação contra o indeferimento está inserido no art. 643.º do CPC.
Rejeição do recurso
Após exame preliminar, o relator profere decisão sumária sempre que, entre outros, o recurso dever
ser rejeitado. Desta decisão cabe reclamação para a conferência (a reclamação aqui em causa é apreciada
conjuntamente com o recurso, quando este deva ser julgado em conferência – art. 417.º, nº6, al. b), 8 e
10; e o art. 419.º, nº3, al. a)).
Tendo subjacente o princípio da economia processual, e de molde a evitar a prática no processo de atos
inúteis, o recurso deve ser rejeitado nos casos do art. 420.º, nº1.
Notificação
Tratando-se de arguido julgado na ausência (art. 333.º, nº2), o mesmo, logo que seja detido ou se
apresente voluntariamente, é notificado da sentença e, em simultâneo, do requerimento de interposição
do recurso que o afete (arts. 411.º, nº7 e 333.º, nº5).
Resposta
Os sujeitos processuais afetados pela interposição de recurso podem responder no prazo de 30 dias
contados da notificação do requerimento de interposição ou da motivação, notificação essa que só ocorre
após o respetivo despacho de admissão (arts. 413.º, nº1; 411.º, nº6 e 414.º, nº1).
A resposta ao recurso deve ser apresentada através do sistema informático CITIUS, nos termos do art.
1.º, 2ª parte da Portaria 280/2013.
Desistência
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momento de o processo ser concluso ao relator para exame preliminar (art. 417.º). A desistência faz-se
por requerimento ou por termo no processo e é verificada por despacho do relator (art. 415.º, nºs 1 e
2). Portanto, a desistência não tem lugar na conferência (art. 419.º).
A desistência não se pode confundir com a renúncia do recurso. Com efeito, enquanto a desistência se
reporta a um recurso já interposto, a renúncia envolve uma tomada de posição anterior ao ato da
interposição.
O processo, antes de ser apresentado ao relator para exame preliminar, vai com vista ao MP junto do
tribunal ad quem, o qual pode emitir o seu parecer relativamente ao recurso (art. 416.º, nº1).
Colhido o visto do MP ou, caso este tenha emitido parecer, após o decurso do prazo para a respetiva
resposta pelos sujeitos notificados, o processo é concluso ao relator para exame preliminar (art. 417.º,
nº1).
O relator, após o exame preliminar, pode proferir decisão sumária sobre o recurso.
A decisão sumária é sindicável mediante reclamação para a conferência, sendo aí julgada (art. 417.º, nº8
e 419.º, nº3, al. a)).
Audiência do recurso
Adiamento
A não comparência das pessoas convocadas só determina o adiamento da audiência quando o tribunal
o considerar indispensável à realização da justiça.
O DL 131/2009 acolhe, no nº1, o direito dos advogados ao adiamento de atos processuais em que
devam intervir em caso de maternidade, paternidade e luto e regula o respetivo exercício.
No caso de recurso perante o TR, havendo lugar a renovação da prova o arguido é sempre convocado
para a audiência, mas, se tiver sido regularmente convocado, a sua falta não dá lugar a adiamento (art.
430.º, nº4).
Composição do tribunal
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Não havendo lugar a renovação da prova ou renovada esta, segue-se a fase de alegações a realizar nos
termos do art. 423.º, nºs 3 e 4.
Deliberação e notificação
O prazo para a interposição de recurso conta-se a partir da notificação do Ac. (art. 425.º, nº7).
Nulidade do Acórdão
Que não contiver a fundamentação, mais precisamente a enumeração dos factos provados e
não provados e uma exposição, tanto quanto possível completa, ainda que concisa, dos motivos,
de facto e de direito, que fundamentam a decisão com indicação e exame crítico das provas que
serviram para formar a convicção do tribunal (art. 379.º, nº1, al. a) ex vi do art. 425.º, nº4);
Que não contiver decisão condenatória ou absolutória (art. 379.º, nº1, al. a) ex vi do art. 425.º,
nº4);
Que condene por factos diversos dos descritos na acusação ou na pronúncia (art. 379.º, nº1, al.
b) ex vi do art. 425.º, nº4);
Que não se pronuncie sobre questões que devesse apreciar ou conheça de questões de que não
podia tomar conhecimento (art. 379.º, nº1, al. c) ex vi do art. 425.º, nº4);
Quando for lavrado contra o vencido, ou sem o necessário vencimento (art. 425.º, nº4, 2ª parte).
As nulidades do Ac. devem ser arguidas ou conhecidas em recurso, sendo lícito ao tribunal supri-las
(art. 379.º, nº2 ex vi art. 425.º, nº4).
Os Acs. absolutórios enunciados no art. 400.º, nº1, al. d), que confirmem decisão de 1ª instância sem
qualquer declaração de voto, podem limitar-se a negar provimento ao recurso, remetendo para os
fundamentos da decisão impugnada (art. 425.º, nº5).
Sempre que a matéria de facto provada seja insuficiente para a decisão, quando exista contradição
insanável da fundamentação ou entre a fundamentação e a decisão e/ou erro notório na apreciação da
prova, que impossibilitem a decisão da causa, o tribunal de recurso determina o reenvio do processo
para novo julgamento relativamente à totalidade do objeto do processo ou a questões concretamente
identificadas na decisão de reenvio (arts. 426.º, nº1 e 410.º, nº2).
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Excetuados os casos em que há recurso direto para o STJ (como nas situações previstas no art. 432.º,
nº1, als a) e c), e nº2), em regra, o recurso de decisão proferida por tribunal de 1ª instância interpõe-se
para o TR (art. 427.º).
A competência das secções criminais dos TR’s, em matéria penal, para julgar recursos decorre do art.
12.º, nº3, al. b)).
Os TR’s conhecem em última instância das decisões previstas no art. 400.º, nº1, als c), d), e) e f).
Ainda de realçar que das decisões do tribunal de execução das penas cabe recurso para o TR, nos casos
expressamente previstos na lei (cf. art. 235.º, nº1, CEPMPL).
Poderes de cognição
Renovação da Prova
Nos termos do art. 430.º, nº1, quando deva conhecer de facto e de direito, o TR admite a renovação da
prova se:
Se verificar na decisão recorrida algum dos seguintes vícios: insuficiência para a decisão da
matéria de facto provada, contradição insanável da fundamentação ou entre a fundamentação
e a decisão e erro notório na apreciação da prova (art. 410.º, nº2, als. a), b) e c));
Houver razões para crer que aquela permitirá evitar o reenvio do processo para novo
julgamento e repetição da prova (art. 426.º).
A renovação da prova não consiste num outro julgamento a produzir numa instância superior, mas tão-
somente, numa reapreciação seletiva de decisões em aspetos concretos invocados pelo recorrente, que
possam ser subsumíveis aos vícios do art. 410.º, nº2.
Art. 431.º.
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O recurso per saltum é o recurso interposto diretamente da 1ª instância para o STJ e verifica-se apenas
nas situações previstas no art. 432.º, nº1, als. a), c) e d).
Poderes de cognição
Conforme consagra o art. 434.º, o recurso interposto para o STJ visa exclusivamente o reexame da
matéria de direito, salvo se se verificar algum dos vícios referidos no art. 410.º, nºs 2 e
B- Recursos Extraordinários
Os recursos extraordinários incidem sobre decisões já transitadas em julgado, visando reparar um erro
judiciário (arts. 437.º a 466.º). Tais recursos devem ser dirigidos ao mesmo tribunal que proferiu a
decisão (arts. 437.º e 451.º).
Nos recursos extraordinários podemos distinguir o recurso para fixação de jurisprudência (arts. 437.º
e ss) e o recurso de revisão (arts. 449.º e ss.).
No recurso para fixação de jurisprudência, aplicam-se as disposições que lhe são próprias e,
subsidiariamente, as que regulam os recursos ordinários (art. 448.º). Neste seguimento, devemos ter
presente as normas previstas nos arts. 399.º a 436.º.
a) Fixação de Jurisprudência
Estes recursos pretendem evitar contradições entre Acs. dos tribunais superiores, sendo certo que o
fundamento do recurso tem que residir em vício do Ac. recorrido que tenha transitado em julgado (art.
437.º, nº4). Quanto ao processo civil, cfr. arts. 688.º e ss. CPC.
Admissibilidade
Este recurso pode ser interposto pelo arguido, pelo assistente ou pelas partes civis.
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Este recurso não tem efeito suspensivo, mas meramente devolutivo (art. 438.º, nº3). Assim sendo, com
o trânsito em julgado, a decisão recorrida ganha força executiva, de acordo com o art. 467.º, nº1. No
processo civil, art. 693.º do CPC.
b) Revisão
Fundamentos
A sentença transitada em julgado só pode ser revista quando exista motivo de tal forma grave que deva
prevalecer sobre a certeza e segurança jurídicas em que assenta o caso julgado (art. 620.º CPC).
Prazo e Legitimidade
A revisão é admissível ainda que o procedimento se encontre extinto ou a pena prescrita ou cumprida
(art. 449.º, nº4). Assim, pode concluir-se que não existem limites temporais para a interposição do
recurso de revisão. Todavia, lembra-se que não pode recorrer quem não tiver interesse em agir (art.
401.º, nº2).
Requerimento e tramitação
Art. 451.º
Depois de o processo baixar, o juiz deve proceder de acordo com o disposto no art. 459.º, nºs 1 e 2.
Decisão
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Processos Especiais
Quando o caso não se enquadra em nenhuma forma especial (sumária, abreviada ou sumaríssima) é
aplicável a forma de processo comum.
O regime jurídico dos processos especiais foi significativamente alterado pela Lei 48/2007, a qual,
designadamente, alargou o âmbito de aplicação dos processos sumários e sumaríssimos, bem como
determinou que os atos processuais relativos a processos sumários e abreviados pudessem ser
praticados em dias não úteis e os prazos corressem em férias judiciais (arts. 103.º, nº2, al. c) e 104.º,
nº2).
Esta matéria voltou a ser alvo de reforma com a Lei 20/2013, desta vez com especial enfoque no
processo sumário, nomeadamente quanto ao alargamento do seu campo de aplicação. Assim, por força
do então art. 381.º, nº1, o processo podia seguir esta forma especial relativamente a quase todos os
detidos em flagrante delito, deixando a moldura legal de ser uma condição impeditiva da sua aplicação
(não obstante as restrições decorrentes do nº2 do mesmo preceito).
Mais recentemente, a Lei 1/2016, vem expressamente eliminar a possibilidade de aplicação do processo
sumário a crimes puníveis com pena de prisão superior a 5 anos (art. 381.º, nº1).
Salienta-se que não há lugar à fase de instrução criminal nas formas de processos especiais (art. 286.º,
nº3).
Os sujeitos processuais podem beneficiar do apoio judiciário, nos termos e condições previstos na Lei
34/2004.
i. Os detidos em flagrante delito22, nos termos dos arts. 255.º e 256.º (art. 381.º, nº1, 1ª parte).
tratando-se de crime particular nunca há lugar a detenção em flagrante delito, mas
apenas a identificação do infrator (art. 255.º, nº4);
22
Se o agente tiver sido detido e flagrante delito e o julgamento não puder efetuar-se sob a forma de processo
sumário, desde que estejam reunidos os restantes requisitos do art. 391.º-A, o julgamento pode realizar-se sob
a forma abreviada (art. 391º-A, nº3, al. a)).
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nos crimes semi-públicos, a detenção é possível, mas só se mantém se, em ato a ela
seguido, o titular respetivo exercer o direito de queixa. Se a queixa não for
apresentada após a detenção, o arguido deve ser libertado;
nos crimes públicos (aqueles cujo procedimento não está dependente de queixa,
nem de acusação particular), a detenção é possível e o julgamento realiza-se sob a
forma sumária se forem observados os restantes requisitos previstos no art. 381.º.
Portanto, só os crimes públicos e semi-públicos admitem a detenção em flagrante
delito (os crimes particulares estão excluídos do julgamento sob esta forma de
processo especial).
ii. Os detidos em flagrante delito cf. referido, por crime punível com pena de prisão cujo limite
máximo não seja superior a 5 anos, mesmo em caso de concurso de infrações (art. 381.º, ,
nº1, 2ª parte)
Se o limite da pena de prisão exceder os 5 anos, mesmo em caso de concurso de infrações,
o processo poderá, ainda, correr sob a forma sumária se o MP, na acusação, entender que
não deve ser aplicada, em concreto, pena de prisão superior a 5 anos (art. 381.º, nº2).
Se o crime em causa não for punido com pena de prisão, não poderá haver detenção em
flagrante delito (art. 255.º, nº1, a contrario).
iii. Quando à detenção tiver procedido qualquer autoridade judiciária ou entidade policial (art.
381.º, nº1, al. a)).
A entidade que efetuou a detenção deve, designadamente:
Proceder à constituição obrigatória de arguido (art. 58.º, nº1, al. c));
Informar o arguido, imediatamente e de forma compreensível, das razões da sua
prisão ou detenção e dos seus direitos (art. 27.º, nº3, al. a) e 4 CRP);
Comunicar a detenção de imediato ao defensor e, sempre que o arguido o pretenda,
a parente ou a pessoa da sua confiança (art. 194.º, nº 10). Note-se que os direitos
de defesa do arguido devem ser sempre devidamente assegurados (art. 48.º, nº2
CDFUE; art. 78.º do EOA);
Notificar verbalmente, no próprio ato, para comparecerem perante o MP junto do
tribunal competente para o julgamento, as testemunhas presentes (a número não
superior a sete) e o ofendido – tratando-se de crime semi-público, a presença do
arguido é mesmo necessária.
No mesmo ato, o arguido é ainda notificado de que tem direito a um prazo não
superior a 15 dias para apresentar a sua defesa (devendo comunicar ao MP junto
do tribunal competente para o julgamento a intenção de exercer esse direito) e de
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que pode apresentar até sete testemunhas, as quais, caso se achem presentes, são
verbalmente notificadas (art. 383.º, nºs 1 e 2).
iv. Por força das alterações inseridas no CPP pela Le 48/2007, a detenção pode ser efetuada
por outra pessoa que não seja autoridade judiciária ou entidade policial. Nesse caso, se num
prazo que não exceda 2 horas, o detido for entregue a uma dessas entidades, tendo esta
redigido auto sumário da entrega (art. 381.º, nº1, al. b)), o detido pode ser julgado em
processo sumário, naturalmente se forem observados os restantes requisitos.
Ainda de realçar que, sendo a detenção ilegal (designadamente por ter sido efetuada por
entidade incompetente, cfr. art. 220.º, nº1, al. c)), pode o próprio detido ou qualquer cidadão
no gozo dos seus direitos políticos, requerer a providência de habeas corpus (arts. 220.º e
221.º CPP e art. 31.º CRP).
Salienta-se que os requisitos inseridos em iii) e iv) são alternativos. Assim, se não se verificarem
cumulativamente os requisitos i), ii) e iii) ou i), ii) e iv), o tribunal pode remeter os autos ao MP para
tramitação sob outra forma processual, uma vez que o processo sumário, nesse caso, é inadmissível
(precisamente por falta do preenchimento dos respetivos requisitos). No entanto, a competência para o
respetivo conhecimento mantém-se no tribunal competente para o julgamento sob a forma sumária
(art. 390.º, nº1, al. a) e 2).
Apresentação do detido ao MP
A autoridade judiciária (se não for o MP) ou a entidade policial que tiverem procedido à detenção ou a
quem tenha sido efetuada a entrega do detido apresentam-no imediatamente, ou no mais curto prazo
possível, sem exceder as 48h, ao MP junto do tribunal competente para julgamento sob a forma
sumária, que assegura a nomeação de defensor ao arguido (art. 382.º, nº1).
De sublinhar que a referida autoridade judiciária ou a entidade policial, no ato de detenção, devem
notificar verbalmente as testemunhas presentes e o ofendido para comparecerem igualmente junto do
MP (art. 383.º, nº1).
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Se o crime em causa for semi-público, verificar através do auto, se foi exercido o direito de
queixa pelo respetivo titular. Se tal não aconteceu, o MP deve liberta o detido, uma vez que,
nesse caso, a detenção se torna legalmente inadmissível (cf. arts. 255.º, nº3,1ª parte e 261.º).
O arguido tem a faculdade de optar (ou não) pelo exercício do direito ao prazo para preparação da sua
defesa, o que terá implicações no seguimento a dar ao processo:
i- Se o arguido não exercer o direito ao prazo para preparação da sua defesa, o MP, depois de
o interrogar sumariamente, apresenta-o imediatamente, ou no mais curto prazo possível,
ao tribunal competente para julgamento (art. 382.º, nº2, 1ª parte). Só não será assim:
- se o MP tiver razões para crer que a audiência de julgamento não se pode iniciar no prazo
máximo de 48h após a detenção ou, quando houver interposição de um ou mais dias não
úteis neste prazo, até ao limite do 5º dia posterior à detenção (arts. 382.º, nº2, in fine e 4;
387.º, nºs 1 e 2, al. a));
- se o MP, verificando-se os respetivos pressupostos, determinar o arquivamento em caso
de dispensa de pena ou a suspensão provisória do processo (arts. 382.º, nº2, in fine; 384.º,
nºs 1 e 2; 280.º e 281.º).
ii- Se o arguido tiver exercido o direito ao prazo para preparação da sua defesa, o MP pode
interroga-lo nos termos do art. 143.º (primeiro interrogatório não judicial de arguido
detido). Arts. 196.º; 197.º e ss; 382.º, nºs 3 e 5 e também 387.º, nº2, al. c)).
iii- Nos casos em que se verifiquem os respetivos pressupostos, o MP determina,
oficiosamente, com a concordância do juiz de instrução, o arquivamento (em caso de
dispensa da pena, art. 280.º) ou a suspensão provisória do processo (art. 281.º). Sublinhe-
se que estas medidas, no domínio do processo sumário, também podem ser requeridas pelo
arguido ou pelo assistente (art. 384.º, nº1).
Art. 143.º
O juiz de instrução (cfr. art. 17.º) deve pronunciar-se no prazo máximo de 48h sobre a sobre
a proposta de arquivamento ou suspensão.
Se for obtida a concordância do juiz de instrução, o MP arquiva ou suspende
provisoriamente o processo, consoante as situações. Caso essa concordância não seja
obtida, importa distinguir se o arguido exercer, ou não, o direito a prazo para apresentação
da sua defesa:
- em caso afirmativo, o MP notifica o arguido e as testemunhas para comparecerem,
decorrido o prazo solicitado pelo arguido para a preparação da sua defesa (art. 383.º, nº2).
- em caso negativo, o arguido é notificado para comparecer, para realização do julgamento,
no prazo máximo de 15 dias após a detenção (arts. 384.º, nº3, 2ª parte e 287.º, nº2, al. b)).
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3. Libertação do arguido
Sempre que autoridade de polícia criminal tiver fundadas razões para crer que o arguido não poderá
ser apresentado no prazo máximo de 48h após a detenção ao MP, procede à sua imediata libertação,
sujeitando-o a TIR e fazendo relatório da ocorrência (arts 382.º, nº1 e 385.º, nº3).
4. Audiência de julgamento
O julgamento em processo sumário regula-se pelas disposições do CPP relativas ao processo comum
(arts. 338.º a 380.º), com as modificações constantes dos arts. 381.º a 391.º. Desde logo, atendendo ao
caráter célere desta forma processual, os atos e termos do julgamento são reduzidos ao mínimo
indispensável ao conhecimento e boa decisão da causa (art. 386.º, nºs 1 e 2).
Prazo
O início da audiência de julgamento, em processo sumário, deve ter lugar no prazo máximo de 48h
(arts. 387.º, nº1 e 382.º, nº1).
Exceções: 1) art. 387.º, nºs 1 e 2, al. a); 2) art. 387.º, nº 2, al. b); e art. 387.º, nº 2, al. c).
Prova
Da análise da disciplina aplicável ao processo sumário, resulta que a prova testemunhal perfila-se aí
como um meio primacial de prova, cfr se comprova com a especial preocupação do legislador em
assegurar a comparência das testemunhas (arts. 382.º, nº5 e 383.º).
Em processo sumário, as pessoas com legitimidade para tal podem constituir-se assistentes ou intervir
como partes civis se assim o solicitarem, mesmo que só verbalmente, no início da audiência (art. 388.º),
mais precisamente entre a declaração da sua abertura e o interrogatório do arguido (arts. 329.º, nº3 e
342.º).
Tramitação
No início da audiência arguem-se as nulidades previstas no art. 120.º, nºs 1 e 2 e a constituição como
assistente e intervenção como parte civil no processo sumário (art. 388.º).
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Finda a produção de prova, a palavra é concedida por uma só vez e pelo prazo máximo de 30 minutos,
ao MP, aos representantes dos assistentes e das partes civis e ao defensor (art. 389.º, nº6=.
Sentença
A sentença, em processo sumário, é logo proferida oralmente e deve incluir os elementos seguintes:
A sentença que não contiver decisão condenatória ou absolutória ou as menções do art. 389.º-A, nº1,
als a) a d) é nula (art. 379.º, nº1, al. a), 2ª parte).
Tal como no processo comum, a sentença é, sob pena de nulidade, documentada nos termos do art.
363.º e 364.º.
Recurso
Tendo por base a prevalência do princípio da celeridade processual, no processo sumário só é admissível
recurso da sentença ou de despacho que puser termo ao processo (art. 391.º, nº1). V. arts. 399.º e ss.
Sobem imediatamente os recursos que ponham termo à causa (art. 407.º, nº2, al. a)).
O prazo para a interposição do recurso é de 30 dias e conta-se a partir da entrega da cópia da gravação
da sentença (arts. 411.º, nº1 e 391.º, nº2).
O tribunal só remete os autos ao MP para tramitação sob outra forma processual quando (elenco
taxativo):
Se verificar a inadmissibilidade legal do processo sumário (arts. 390.º, nº1, al. a) e 381.º);
Não tenham podido realizar-se no prazo máximo previsto no art. 387.º, as diligências de prova
necessárias à descoberta da verdade;
O procedimento se revelar de excecional complexidade devido, nomeadamente, ao número de
arguidos ou de ofendidos ou ao caráter altamente organizado do crime.
De harmonia com o art. 390.º, nº2, se, depois de recebidos os autos, o MP deduzir acusação em processo
comum com intervenção do tribunal singular, em processo abreviado, ou requerer a aplicação de pena
ou medida de segurança não privativas da liberdade em processo sumaríssimo, a competência para o
conhecimento mantém-se no tribunal competente para i julgamento sob a forma sumária (obediência
ao princípio do juiz natural).
O MP pode ainda deduzir para julgamento em processo abreviado quando o arguido, no âmbito do
processo sumário, não tiver cumprido as injunções e regras de conduta a que tenha sido obrigado ou
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se durante o prazo de suspensão provisória do processo, tiver cometido crime da mesma natureza pelo
qual foi condenado (art. 384.º, nº4).
O STJ fixou a jurisprudência: “em processo sumário é irrecorrível o despacho de reenvio para outra
forma de processo”.
São julgados sob a forma de processo abreviado os crimes de média gravidade (públicos, semipúblicos
e particulares). Apesar de se verificar uma substancial aceleração da tramitação nas fases preliminares,
o julgamento obedece às mesmas formalidades do processo comum.
É possível a constituição de assistente e a intervenção das partes civis (arts. 391.º-B, nº3 e 391.º-E, nº2).
Por força do art. 391.º-A, o MP, face ao auto de notícia (art. 243.º) ou após realizar inquérito sumário,
pode deduzir acusação para julgamento em processo abreviado, quando (pressupostos cumulativos):
i. O crime for punível com pena de multa ou com pena de prisão não superior a 5 anos. Porém,
se ao crime corresponder pena de prisão de máximo superior a 5 anos, mesmo em caso de
concurso de infrações, o processo poderá ainda assim correr sob a forma abreviada, se o
MP, na acusação, entender que não deve ser aplicada, em concreto, pena de prisão superior
a 5 anos (arts. 391.º-A, nº2 e 16.º);
ii. Existirem provas simples e evidentes de que resultem indícios suficientes de se ter
verificado o crime e de quem foi o seu agente. Para este efeito, considera-se que há provas
simples e evidentes quando:
- o agente tenha sido detido em flagrante delito e o julgamento não puder efetuar-se sob a
forma de processo sumário (arts. 391.º-A, nº3, al. a) e 256.º;
- a prova for essencialmente documental e possa ser recolhida no prazo previsto para a
dedução da acusação (arts. 391.º-A, nº3, al. b) e 164.º e ss.) ou
- a prova assentar em testemunhas presenciais com versão uniforme dos factos (arts. 391.º-
A, nº3, al. c) e 128.º e ss.).
Decisão do MP
Face ao auto de notícia ou após realizar inquérito sumário, o MP pode tomar uma das seguintes
decisões:
i. Arquivar o processo (em caso de dispensa de pena), nos termos do art. 280.º. Neste caso,
não é devida taxa de justiça (arts. 391.º-B, nº4 e 516.º).
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Elementos da acusação do MP
Depois de deduzida acusação pelo MP e recebidos os autos, o juiz pronuncia-se sobre as nulidades e
outras questões prévias ou incidentais que obstem à apreciação do mérito da causa, de que possa desde
logo conhecer (art. 311.º, nº1 ex vi do art. 391.º-C, nº1).
Se não rejeitar a acusação, o juiz designa dia para a realização da audiência, a qual deve ter precedência
sobre outros julgamentos em processo comum, sem prejuízo da prioridade conferida aos processos
urgentes (art. 391.º-C, nº2).
Dada a proximidade dos regimes, o julgamento em processo abreviado regula-se pelas disposições
relativas ao julgamento em processo comum. Art. 391.º-E, nºs 1 e 2.
Tal como no processo sumário, no processo abreviado, a sentença é logo proferida verbalmente e deve
conter os elementos previstos nas várias als. do art. 389.º-A, nº1.
Para além disso, a sentença que não contiver a decisão condenatória ou absolutória ou as menções
prescritas no art. 389.º-A, nº1, als. a) a d), é nula (art. 379.º, nº1, al. a), 2ª parte).
Só a sentença ou despacho que puser termo ao processo é passível de recurso. O prazo para a respetiva
interposição inicia-se com a entrega da cópia da gravação da sentença (art. 391.º, nºs 1 e 2).
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Os atos processuais relativos a processos abreviados têm natureza urgente apenas até à sentença em 1ª
instância (arts. 103.º, nº2, al. c) e 104.º, nº2).
O art. 391.º-D prescreve que o tribunal só remete os autos ao MP para tramitação sob outra forma
processual quando se verificar a impossibilidade, no caso, do processo abreviado.
Art. 391.º-D.
c) Processo Sumaríssimo
Por outro lado, trata-se de um processo facultativo para o MP (porque apenas o promove se entender
que ao caso deve ser concretamente aplicada pena ou medida de segurança não privativas da liberdade)
e para o arguido, visto que pode recusar-se a aceitar as sanções propostas pelo MP ou pelo juiz (cf. arts.
396.º, nº1, al. b) e 398.º).
Realça-se que a iniciativa de sujeição ao processo sumaríssimo pode partir do próprio arguido (art.
392.º, nº1).
A Diretiva da PGR 1/2016 dispõe que está excluída a possibilidade de aplicação do processo
sumaríssimo quando, no decurso do inquérito, não for possível proceder ao interrogatório do arguido.
O processo sumaríssimo é aplicável seja o arguido uma pessoa singular ou uma pessoa coletiva. Em
consonância cm o art. 392.º, nºs 1 e 2, o MP pode requerer ao tribunal que o processo siga a forma
sumaríssima quando:
O crime for punível com pena de prisão não superior a 5 anos ou só com pena de multa;
Entender que ao caso deve ser concretamente aplicada pena ou medida de segurança não
privativas da liberdade;
Houver requerimento ou audição do arguido para esse efeito;
Tratando-se de procedimento dependente de acusação particular, houver concordância por
parte do assistente.
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Requerimento
Elementos
Se o juiz reenviar o processo para outra forma processual, o requerimento do MP formulado vale como
acusação (art. 395.º, nº3 e 398.º, nº1).
Rejeição do requerimento
Conforme resulta do art. 395.º, nºs 1 e 4, o juiz, mediante despacho irrecorrível, rejeita o requerimento
do MP e reenvia o processo para outra forma que lhe caiba.
Reparação civil
No processo sumaríssimo é permitida a constituição de assistente, mas não a intervenção das partes
civis. Não obstante, até ao momento da apresentação do requerimento do MP ao tribunal, o lesado
pode manifestar a intenção de obter a reparação dos danos sofridos. Nesse caso, o requerimento do MP
deverá conter a indicação precisa da quantia exata a atribuir a título de reparação, nos termos do
disposto no art. 82.º-A, o qual regula a reparação da vítima em casos especiais (articuladamente, arts.
393.º, nº1 e 2 e 394.º, nº2, al. b)).
No entanto, não tendo sido possível quantificar os danos a reparar ou havendo discordância fundada
quanto à quantia que o lesado pretende que lhe seja atribuída a título de reparação, mas verificando-se
os pressupostos de aplicação do processo sumaríssimo, o MP requer a aplicação da sanção penal,
informando o lesado de que poderá deduzir o PIC em separado, perante o tribunal civil (art. 72.º, nº2,
al. h) CPP.
Nos termos do art. 396.º, nº1, o juiz, se não rejeitar o requerimento do MP nos termos do art. 395.º,
deverá:
a) Nomear defensor ao arguido que não tenha advogado constituído ou defensor nomeado e
b) Ordenar a notificação ao arguido do requerimento do MP para que, querendo, se opor no prazo
de 15 dias.
A oposição pode ser deduzida por simples declaração (art. 396.º, nº4).
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No processo sumaríssimo não se aplica o princípio do contraditório previsto no art. 327.º, visto que ao
arguido apenas é permitido aceitar (ou não) as sanções propostas no requerimento do MP (ou pelo juiz,
com a concordância do MP, art. 395.º, nº2).
Decisão
Em virtude do art. 397.º, nº1, quando o arguido não se opuser ao requerimento do MP, o juiz, por
despacho, adota o procedimento seguinte: aplica-lhe a sanção e condena-o no pagamento de taxa de
justiça.
Este despacho do juiz vale como sentença condenatória e não admite recurso ordinário (art. 397.º, nº2).
Com efeito, depois de decorrido o prazo de arguição de nulidades, o despacho transita em julgado,
passando-se, de imediato, à fase de execução da decisão (arts. 467.º e ss).
No processo sumaríssimo, o prazo para o queixoso desistir da queixa termina quando o juiz lavra p
despacho de concordância com o requerimento do MP (art. 116.º, nº2 CP e 51.º CPP).
De referir que a decisão do juiz no processo sumaríssimo é sempre condenatória, sendo que, quem
violar imposições determinadas por sentença criminal, a título de pena aplicada em processo
sumaríssimo, é punido nos termos do art. 353.º CP.
Ordenado o reenvio do processo para outra forma processual, o arguido é notificado da acusação.
Importa frisar que se o processo seguir para a forma comum, o arguido deve também ser notificado
para requerer a abertura da instrução, se assim o entender (no prazo de 20 dias).
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Medidas de Coação
Dado que contendem com os DLG’s do arguido, só podem ser aplicadas pelo juiz de instrução, exceto
o termo de identidade e residência que é a única medida de coação que pode ser aplicada pelos OPC’s.
Conteúdo do despacho que aplique medida de coação (fundamentação): art. 194.º, nº6.
Os requisitos gerais da aplicação de medidas de coação são a verificação “em concreto, no momento de
aplicação da medida” (art. 204.º CPP), de:
Estas medidas podem ser revogadas, substituídas ou extintas, podendo ser impugnadas pelo
interessado (art. 212.º).
Art. 196.º
Aplica-se a todo aquele que for arguido num processo, ainda que já tenha sido identificado nos termos
do art. 250.º, para o efeito de ser notificado (deve indicar: i. Residência; 2. Local de Trabalho; ou outro
domicílio à sua escolha).
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Esta medida é sempre cumulável com a aplicação de qualquer outra medida de coação.
Art. 201.º
O juiz pode impor ao arguido “se houver fortes indícios de prática de crime doloso punível com pena
de prisão de máximo superior a 3 anos”.
Nos termos do artigo 213.º deverá haver reexame dos pressupostos da obrigação de permanência na
habitação.
3) Caução
Arts. 197.º e 204.º a 208.º. (Requerimento para prestação de caução; Requerimento para substituição de
caução; Reforço e quebra de caução).
Medida de coação de natureza pecuniária ou económica, que pode ser aplicada ao arguido cujo crime
seja punível com pena de prisão.
Deve atender-se, na sua fixação, à condição socioeconómica do arguido, à gravidade do crime e ao dano
por este causado.
Pode ser aplicada cumulativamente com qualquer outra à exceção da prisão preventiva e da obrigação
de permanência na habitação.
4) Prisão Preventiva
Medida de coação aplicável ao arguido subsidiariamente, ou seja, quando se considerem todas as outras
inadequadas ou insuficientes e quando houver fortes indícios:
Habeas Corpus
Providência concedida nos casos de detenção ilegal (art. 220.º) e de prisão ilegal (art. 222.º) que visa a
libertação do sujeito ilegitimamente privado da liberdade. V., ainda, art. 225.º.
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No caso de detenção ilegal, a petição é apresentada ao juiz de instrução da área onde se encontre o
detido e pode ter qualquer dos seguintes fundamentos:
Quando a petição de habeas corpus a apresentar seja por prisão ilegal, é-o perante o Presidente do STJ,
podendo ter como fundamento a ilegalidade da prisão nos termos dos nºs 3 e 4 (supra), bem como uma
situação de manutenção da prisão para além dos prazos fixados na lei ou por decisão judicial.
Em ambos os casos, a providência pode ser formulada pelo detido preso ou por qualquer cidadão no
gozo dos seus direitos políticos.
Art. 200.º
Imposta ao arguido quando haja fortes indícios da prática de crime doloso punível com pena de prisão
de máximo superior a 3 anos.
Aplicável pelo juiz se o crime imputado for punível com pena de prisão de máximo superior a 6 meses.
Pode ser cumulada com qualquer outra medida de coação, com exceção da obrigação de permanência
na habitação e da prisão preventiva.
Art. 199.º
Pode ser aplicada cumulativamente com qualquer outra medida de coação, quando o crime imputável
for punível com pena de prisão de máximo superior a 2 anos.
Meios de prova
São os meios, legítimos e admissíveis, de acordo com o CPP, por via dos quais é demonstrada a
ocorrência dos factos que constituem o objeto do processo.
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De acordo com o princípio da legalidade da prova (art. 125.º), são admissíveis as provas que não forem
proibidas por lei.
Prova
Quando o valor de determinado meio de prova está estabelecido na lei, a prova diz-se vinculada. Caso
contrário, a prova é livre.
Em processo penal, vigora o princípio da livre apreciação da prova, enunciado no art. 127.º.
3) Testemunhal
4) Por reconhecimento
5) Pericial
6) Documental
1- Buscas
Diligência ordenada quando haja indícios de que o arguido ou outra pessoa, ou os objetos relacionados
com um crime ou que possam servir de prova desse crime, se encontrem em lugar reservado ou não
acessível ao público.
São ordenadas por despacho da autoridade judiciária competente e é, no ato, entregue cópia do despacho
que a determinou, devendo sempre que possível a autoridade que a determinou presidir à diligência. O
despacho tem um prazo de validade máxima de 30 dias, sob pena de nulidade.
Antes de se proceder à busca é entregue ao visado cópia do despacho que a determinou (art. 176.º CPP).
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A busca pode ser realizada em casa habitada, em escritório de advogado ou consultório médico, bem
como em estabelecimento oficial de saúde, tendo de ser, sob pena de nulidade, nestes casos, realizada
mediante as formalidades enunciadas no art. 177.º.
Assim, se for uma busca domiciliária, só pode ser realizada entre as 21 e as 7 h, nos casos de v. nº 2:
Para além destas situações, há casos em que os OPC’s podem proceder às buscas sem prévia autorização
da autoridade judiciária, nomeadamente quando, no lugar em que se encontrem os agentes, estes
tenham fundada razão para crer que neles se ocultam objetos relacionados com o crime, devendo ser
imediatamente comunicada ao juiz de instrução e por este apreciada em ordem à sua validação.
Exames
Art. 171.º
Meio de obtenção de prova que é realizado aos lugares e às coisas relacionadas com o crime para que
se recolham indícios relativos ao modo e lugar, bem como às pessoas que o tenham praticado ou sobre
as quais aquele tenha sido cometido.
Revistas
Diligências judiciais ordenadas, enquanto meios de obtenção de prova, quando houver indícios de que
alguém oculta na sua pessoa quaisquer objetos relacionados com um crime ou que possam servir de
prova.
São ordenadas ou autorizadas por despacho pela autoridade judiciária competente, devendo esta,
sempre que possível, presidir à diligência.
Este despacho tem um prazo de validade máximo de 30 dias, sob pena de nulidade.
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Apreensões
Meio de obtenção de prova levado a cabo pelos OPC’s, através de autorização, validação ou ordem de
autoridade judiciária, e que se destina a apreender objetos que tenham servido ou estivessem destinados
a servir a prática de um crime, os que constituírem o seu produto, bem como os deixados pelo agente
no local do crime.
As apreensões efetuadas por OPC são sujeitas a validação pela autoridade judiciária, no prazo máximo
de 72h.
2- Escutas Telefónicas
A interceção e gravação das conversas em relação aos crimes do art. 187.º, só podem ser autorizadas
contra os sujeitos indicados no art. 87.º, nº4.
A interceção e a gravação são autorizadas pelo prazo máximo de 3 meses, renovável por períodos
sujeitos ao mesmo limite, desde que se verifiquem os respetivos requisitos de admissibilidade.
Têm de ser observados, sob pena de nulidade, todos os requisitos e formalidades das operações das
escutas, estabelecidas no art. 188.º.
A disciplina é aplicada às conversações transmitidas por telefone, “correio eletrónico ou outra forma de
transmissão de dados por via telemática, mesmo que se encontrem guardadas em suporte digital, e à
interceção das comunicações entre presentes” (art. 189.º).
Todos estes requisitos têm de ser observados sob pena de nulidade (art. 190.º).
3- Prova testemunhal
Prova sobre os factos constantes do processo que se obtém mediante a inquirição de testemunhas que
tenham conhecimento direto daqueles.
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Qualquer pessoa que não se encontre interdita por anomalia psíquica tem capacidade para ser
testemunha e só pode recusar-se nos casos previstos na lei, enunciados no art. 134.º.
A entidade competente para receber depoimento adverte, sob pena de nulidade, as pessoas da faculdade
que lhes assiste de recusarem o depoimento.
A testemunha não é obrigada a responder a perguntas quando alegar que das respostas resulta a sua
responsabilização penal.
Para o efeito de ser notificada, a testemunha pode indicar a sua residência, o local de trabalho ou outro
domicílio à sua escolha.
Estão impedidos de depor como testemunha, nos termos do art. 133.º: v. artigo.
Art. 146.º
Prova que se obtém pela audição e inerente interrogatório entre coarguidos, entre testemunhas, entre
estas e o arguido ou o assistente, entre o arguido e o assistente, quando haja contradição entre as
declarações por eles prestadas.
5- Prova pericial
Art. 152.º
Quando se tratar de perícia sobre características físicas ou psíquicas de pessoa que não haja prestado
consentimento, o despacho é da competência do juiz que poderá a necessidade da sua realização.
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Aos peritos podem ser pedidos esclarecimentos pela autoridade judiciária, pelo arguido, pelo assistente,
pelas partes civis e pelos consultores técnicos.
O juízo técnico, científico ou artístico inerente à prova pericial presume-se subtraído à livre apreciação
do julgador, ou seja, o juiz não pode apreciar livremente os dados científicos resultantes da prova
pericial efetuada, mas apenas cingir-se às conclusões extraídas pelos peritos, não podendo, assim, pôr
em causa as respostas a que estes chegaram.
6- Prova documental
Entende-se por prova por documento a declaração, sinal ou notação corporizada em escrito ou qualquer
outro meio técnico.
Pode ser feita oficiosamente ou a requerimento, não podendo, contudo, juntar-se documento que
contiver declaração anónima, salvo se for, ele mesmo, objeto ou elemento do crime.
A regra é a de que o documento deve ser junto no decurso do inquérito ou da instrução e, não sendo
isso possível, deve sê-lo até ao final da audiência.
Art. 126.º
Todos os métodos ou formas que visem recolher provas mediante tortura, coação ou, em geral, ofensa
da integridade física ou moral das pessoas, e que, como tal, não podem ser utilizadas, pois são nulas.
São ofensivas da integridade física ou moral, as provas obtidas, mesmo que com consentimento das
pessoas, mediante:
Ressalvados os casos que estejam previstos na lei, são igualmente nulas, não podendo ser utilizadas, as
provas obtidas mediante intromissão na vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas
telecomunicações, sem o consentimento do respetivo titular.
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A notificação do arguido e do assistente efetua-se mediante contacto pessoal e via postal registada (por
meio de carta ou aviso registados), exceto quando tiverem indicado a sua residência ou domicílio
profissional à autoridade policial ou judiciária que elaborar o auto de notícia (art. 313.º, nº3 e 113.º, nº1,
als a), b) e c)).
As notificações do arguido, do assistente e das partes civis podem ser feitas ao respetivo defensor ou
advogado. Ressalvam-se, entre outras, as notificações respeitantes à designação de dia para julgamento
e à sentença, as quais devem igualmente ser notificadas ao advogado ou defensor nomeado. Neste caso,
o prazo para a prática de ato processual subsequente conta-se a partir da data da notificação efetuada
em último lugar (art. 113.º, nº 10).
Por seu turno, as notificações ao advogado ou ao defensor nomeado, quando outra forma não resultar
da lei, são feitas por via eletrónica. Contudo, quando tal não for possível, as notificações são feitas
mediante contacto pessoal com o notificando e no lugar em que este for encontrado; via postal
registada, por meio de carta ou aviso registados (quando efetuadas por via postal registada, as
notificações presumem-se feitas no terceiro dia posterior ao do seu envio, quando seja útil, ou no
primeiro dia útil seguinte a esse, quando o não seja – art. 113.º, nº2); via postal simples.
Sublinha-se que, quando efetuadas por via eletrónica, as notificações presumem-se feitas no terceiro dia
posterior ao do seu envio, quando seja útil, ou no primeiro dia útil seguinte a esse, quando o não seja
(art. 113.º, nº 12, introduzido pela lei 1/2018 e art, 25.º da Portaria 280/2013.
Se se frustrar a notificação do despacho que designa dia para a audiência (nos termos do art. 313.º, nºs
2 e 3, 1ª parte), o juiz (oficiosamente ou mediante promoção do MP ou requerimento do assistente)
deve ordenar as diligências necessárias para que esta se realize. Para esse efeito, caso se revele
necessário, deve ordenar a detenção o arguido para que o referido despacho lhe seja notificado.
Ademais, pode ainda ser-lhe aplicada a prisão preventiva, contanto estejam preenchidos os
pressupostos desta medida de coação (art. 116.º, nº2; 254.º; 335.º, nº1).
Este regime não se aplica nos casos referidos no art. 334.º, nºs 1 e 2 (que se reportam à possibilidade
de realização da audiência na ausência do arguido em casos especiais).
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Modalidades do Prazo
Prazo Supletivo
O prazo supletivo para a prática de qualquer ato processual é salvo disposição em contrário, de 10 dias,
atento o disposto no art. 105.º, nº1 CPP.
Sendo recolhidos, durante o inquérito, indícios suficientes de se ter verificado a prática de um crime,
bem como da identidade do seu agente, o MP deve deduzir acusação contra aquele, no prazo de 10 dias,
à luz do art. 283.º, nº1 CPP.
Tratando-se de um processo abreviado, o prazo para ser deduzida acusação é de 90 dias a contar da
aquisição da notícia do crime, nos termos do art. 241.º CPP.
Em todo o caso, importa salientar que este prazo não reveste natureza perentória, tratando-se, ao invés,
de um ato meramente ordenador.
Declaração de impedimento
Se o MP entender aplicar ao processo, durante a fase do inquérito, o segredo de justiça, tendo em vista
a proteção dos interesses da investigação ou dos direitos dos diferentes sujeitos processuais, essa
decisão deve ser validada pelo juiz de instrução no prazo máximo de 72h (art. 86.º, nº3).
Se o arguido, uma vez detido, não tiver de ser julgado de imediato, este deve ser interrogado pelo juiz
de instrução, no prazo máximo de 48h após a detenção, nos termos do art. 141.º, nº1 CPP, o qual é
reflexo do regime inscrito no art. 28.º, nº2 CRP.
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Durante o inquérito, o juiz deve, salvo impossibilidade devidamente fundamentada, decidir a aplicação
de medida de coação ou garantia patrimonial a arguido não detido, no prazo de 5 dias a contar do
recebimento da promoção do MP (art. 194.º, nº5).
Nos termos do art. 213.º, nº1, al. a), o juiz deve proceder ao reexame dos pressupostos da prisão
preventiva ou da obrigação de permanência na habitação, decidindo a manutenção, substituição ou
revogação dessas medidas de coação, no prazo de 3 meses a contar da data da sua aplicação ou do último
reexame.
Neste particular, saliente-se que a inobservância do prazo de 3 meses para que se proceda ao reexame
dos pressupostos processuais da prisão preventiva ou da obrigação de permanência na habitação
constitui mera irregularidade processual, não acarretando, por isso, a ilegalidade dessas medidas de
coação.
O recurso da decisão que aplicar, substituir ou mantiver medidas de coação, interposto pelo arguido ou
pelo MP, deve ser julgado no prazo máximo de 30 dias a contar do momento em que os autos forem
recebidos, atento o disposto no art. 219.º do CPP.
Regra geral, a audiência de julgamento é contínua, devendo decorrer sem qualquer interrupção ou
adiamento até ao seu encerramento (art. 328.º, nº1 CPP).
Porém, o art. 328.º, nº3 CPP prevê a possibilidade de adiamento da audiência, sendo que, nesse caso, o
adiamento não pode, em princípio, exceder o prazo máximo de 30 dias.
À luz do art. 387.º, nº1 CPP, no processo sumário, o início da audiência de julgamento deve ter lugar,
em regra, no prazo máximo de 48h, com exceção das previsões do nº2.
1) Dedução de acusação
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a) Até 5 dias antes do início do debate instrutório ou da audiência de julgamento, com vista a
participar no debate ou no julgamento, respetivamente;
b) Nas situações previstas nos arts. 284.º (acusação pelo assistente) e 287.º, nº1, al. b)
(requerimento para abertura da instrução), no prazo estabelecido para a prática dos respetivos
atos;
c) No prazo para interposição de recurso da sentença (art. 68.º, nº3, al. c), cf. art. 411.º)23.
Nesta conformidade, se o ofendido pretender deduzir acusação por crime público ou semipúblico, terá
que se constituir assistente no processo. E poderá fazê-lo até 10 dias após a notificação da acusação do
MP, deduzindo em simultâneo a respetiva acusação (nos termos do art. 284.º, nº1, o assistente pode
também deduzir acusação pelos factos acusados pelo MP, por parte deles ou por outros que não
importem alteração substancial daqueles). Saliente-se, no entanto, que o ofendido poderá tão-só
requerer a sua constituição como assistente e não deduzir qualquer acusação (nem acompanhar a do
MP).
Se o ofendido pretender requerer a abertura da instrução (só poderá fazê-lo relativamente a factos pelos
quais o MP não tiver deduzido acusação, de acordo com o art. 287.º, nº1, al. b)), terá que se constituir
assistente, se não o fez até aí (note-se que o ofendido poderá apresentar os dois requerimentos na mesma
peça processual). Para esse efeito, tem o prazo de 20 dias a contar da acusação ou do arquivamento do
inquérito.
Não se constituindo assistente no devido prazo, o ofendido é apenas um mero participante processual
(se tiver deduzido PIC é parte civil). Nesta conformidade, não sendo sujeito processual penal, deverá
ter em linha de conta o disposto no art. 521.º, nº2.
23
Neste contexto, o STJ fixou jurisprudência no sentido de que “após a publicação da sentença proferida em 1ª
Instância, que absolveu o arguido da prática de um crime semipúblico, o ofendido não pode constituir-se
assistente, para efeitos de interpor recurso dessa decisão, tendo em vista o disposto no art. 68.º, nº3 do CPP.
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Nos casos expressamente previstos, havendo vários assistentes, quando o prazo para a prática de atos
subsequentes à notificação termine em dias diferentes, o ato pode ser praticado por todos ou por cada
um deles até ao termo do prazo que começou a correr em último lugar (art. 113.º, nº 14).
Não o fazendo, o esgotamento desse prazo extingue o direito de o assistente deduzir acusação, já que
se trata de um prazo perentório.
Findo o inquérito, se o procedimento criminal depender de acusação particular, o MP deve, sob pena
de nulidade insanável (art. 119.º, nº1, al. b) CPP), notificar o assistente para que este, no prazo de 10
dias, deduza, querendo, acusação particular, atento o disposto no art. 285.º, nº1 CPP.
Se o assistente não deduzir acusação particular dentro do prazo legal de 10 dias, o MP deve arquivar o
inquérito, por falta de legitimidade para poder prosseguir com o processo.
Outrossim, se o assistente deduzir acusação particular antes de ter sido notificado para o efeito e,
consequentemente, antes de se ter iniciado o respetivo prazo legal, tal gera uma irregularidade
processual a ser declarada pelo MP.
O prazo de 10 dias para a constituição de assistente conta-se a partir desta advertência, isto é, a partir
da apresentação da queixa (art. 115.º, nº1 do CP), sendo um prazo de natureza perentória – i. e. extingue
o direito de praticar o ato (art. 139.º, nº3 CPC).
Se a advertência referida no art. 68.º, nº2 e 246.º, nº4 não for efetuada, vale, para a constituição de
assistente, o prazo de seis meses previsto no art. 115.º, nº2 do CP.
Lembramos que, se o ofendido requerer a nomeação de patrono oficioso, o prazo que estiver em curso
interrompe-se, nos termos e condições previstos no art. 24.º, nº 4 e 44.º, nº2 da Lei 34/2004. Nesta
sede, o TRG deliberou que “o prazo fixado no art. 68.º, nº2 do CPP interrompe-se com a junção aos autos do
documento comprovativo da apresentação de pedido de apoio judiciário onde o requente pretende a nomeação de
patrono”.
Por sua vez, nos termos do art. 285.º, nº4 CPP, o MP pode, nos 5 dias posteriores à apresentação da
acusação particular, acusar o arguido pelos mesmos factos, por parte deles ou por outros que não
importem uma alteração substancial daqueles.
3. PIC
Pelo MP e assistente
Quando o PIC é apresentado pelo MP ou pelo assistente (arts. 76.º, nº3 e 68.º, nºs 2 e 3), o pedido é
deduzido na acusação ou no prazo em que esta deva ser formulada (art. 77.º, nº1) – havendo acusação
do MP ou do assistente (como tal já constituído, o PIC é deduzido na própria acusação (arts. 283.º,
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284.º e 285.º); se um deles não acusar mas quiser deduzir pedido cível, terá que fazê-lo em requerimento
autónomo - sob pena de caducidade do direito de exercer a ação cível conjuntamente.
Se o PIC não for deduzido na acusação deve ser apresentado em requerimento articulado (art. 552.º,
nº1 CPC).
Para além disso, o PIC é acompanhado de duplicados para os demandados e para a secretaria (at. 77.º,
nº5). Quanto à existência de duplicados, art. 148.º CPC.
Ainda a propósito da oportunidade para apresentar PIC, importa considerar o momento da constituição
de assistente (apenas no âmbito dos crimes públicos e semipúblicos):
Quem tiver sido informado de que pode deduzir PIC nos termos do art. 75.º, nº1 , ou, não o tendo sido,
se considere lesado, pode manifestar no processo, até ao encerramento do inquérito, o propósito de o
fazer (art. 75.º, nº2).
Manifestado esse propósito, o lesado deverá ser notificado do despacho de acusação (art. 277.º, nº3 ex
vi do art. 283.º, nº5) ou, não o havendo, do despacho de pronúncia (art. 277.º, nº3, ex vi do art. 283.º,
nº5 ex vi art. 307.º, nº5) para, querendo, deduzir o pedido, no prazo de 20 dias (art. 77.º, nº2). Não sendo
notificado nos termos ora referidos, o lesado poderá:
Deduzir o pedido até 20 dias depois de o arguido ser notificado do despacho de acusação ou, se
não houver, do despacho de pronúncia (art. 77.º, nº3)
Deduzir o pedido em separado, perante o tribunal civil (art. 72.º, nº1, al. i)).
177
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O TRG considerou que este prazo de 20 dias é improrrogável. Ao invés, a lei prevê expressamente a
possibilidade de o prazo para contestar o pedido ser prorrogado até ao limite máximo de 30 dias (art.
107.º, nº6). De acordo com o art. 139.º, nº3, o decurso do prazo perentório extingue o direito de praticar
o ato.
O lesado que tiver manifestado o propósito de deduzir PIC, deve fazê-lo em requerimento articulado
(art. 77.º, nº2, in fine).
O PIC é acompanhado de duplicados para os demandados e para a secretaria (art. 77.º, nº5).
As instituições e serviços integrados no SNS podem constituir-se partes civis no processo penal. Em
consonância, o despacho de acusação ou, não o havendo, o despacho de pronúncia, é oficiosamente
notificado a essas instituições e serviços para, querendo, deduzirem o pedido de pagamento das
respetivas despesas, em requerimento articulado, no prazo de 20 dias.
Se não tiver manifestado o propósito de deduzir PIC (ou se não tiver sido notificado, nos termos do art.
77.º, nº2), o lesado pode ainda assim deduzir o PIC em requerimento articulado (art. 77.º, nºs 1 e 2,
parte final) até 20 dias depois de o arguido ser notificado do despacho de acusação ou, se não o houver,
do despacho de pronúncia (art. 77.º, nº3).
Contestação
De acordo com o art. 78.º, nº1, a pessoa contra quem for deduzido PIC é notificada24 (art. 113.º, nº 10
CPP e 569.º, nº2 CPC) para, querendo, contestar no prazo de 20 dias. Contudo, quando o procedimento
se revelar de excecional complexidade devido, nomeadamente, ao número de arguidos ou de ofendidos
ou ao caráter altamente organizado do crime, o juiz, a requerimento, pode prorrogar tal prazo até ao
limite máximo de 30 dias (arts. 107.º, nº6 e 215.º, nº3, parte final)25.
Por último, saliente-se que o prazo para dedução de PIC no processo penal reveste natureza perentória,
razão pela qual o esgotamento desse prazo, sem que o PIC tenha sido deduzido, importa a extinção,
por caducidade, do direito de praticar esse ato.
4. Abertura de Instrução
1.1 Arguido
A abertura da instrução pode ser requerida pelo arguido, no prazo de 20 dias a contar da notificação da
acusação (art. 277.º, nº3 ex vi do art. 283.º, nº5; e o art. 104.º quanto à contagem de prazos),
relativamente a factos pelos quais o MP ou o assistente, em caso de procedimento dependente de
24
A falta de notificação para contestar o PIC deduzido no processo penal configura mera irregularidade
25
Quanto à contagem de prazos: art. 104.º do CPP e 138.º CPC.
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acusação particular, tiverem deduzido acusação (art. 287.º, nº1, al. a)). Todavia, quando o procedimento
se revelar de excecional complexidade, devido nomeadamente, ao número de arguidos ou de ofendidos
ou ao caráter altamente organizado do crime, o juiz, a requerimento, pode prorrogar tal prazo até ao
limite máximo de 30 dias (arts. 107.º, nº 6 e 215.º, nº3, in fine).
Assistente
A abertura da instrução pode ser requerida pelo assistente (se o procedimento não depender de acusação
particular), no prazo de 20 dias a contar da notificação da acusação ou do arquivamento, relativamente
a factos pelos quais o MP não tiver deduzido acusação (art. 287.º, nº1, al. b)). Contudo, quando o
procedimento se revelar de excecional complexidade, devido nomeadamente, ao número de arguidos
ou de ofendidos ou ao caráter altamente organizado do crime, o juiz, a requerimento, pode prorrogar
tal prazo até ao limite máximo de 30 dias (conjugadamente, arts. 107.º, nº6 e 215.º, nº3, in fine).
Tal como o despacho de arquivamento do inquérito (art. 277.º, nº3), o despacho de acusação deve ser
notificado, entre outros, ao arguido e seu defensor e ao assistente e seu advogado (art. 277.º, nº3 ex vi
do art. 283.º, nº 5). Nesta conformidade, o prazo para requerer a abertura da instrução conta-se a partir
da notificação efetuada em último lugar (art. 113.º, nº 10).
Havendo vários arguidos ou assistentes, quando o prazo para prática de atos subsequentes à notificação
termine em dias diferentes, o ato pode ser praticado por todos ou por cada um deles até ao termo do
prazo que começou a correr em último lugar (art. 113.º, nº 14 ex vi art. 287.º, nº 6).
Recursos
1. Prazo
O art. 411.º, nº1 estipula que o prazo para interposição do recurso é de 30 dias e conta-se:
A leitura da sentença equivale à sua notificação aos sujeitos processuais que deverem considerar-se
presentes na audiência (art. 372.º, nº4).
O arguido que não estiver presente considera-se notificado da sentença depois de esta ter sido lida
perante o defensor (arts. 373.º, nº3 e 64.º, nº1, als. c) e g)).
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Ainda neste contexto, o art. 113.º, nº10 estabelece que a notificação da sentença deve ser feita ao
arguido, ao assistente e às partes civis, bem como ao advogado ou defensor nomeado. Neste caso, o
prazo para a prática de ato processual subsequente deve contar-se a partir da data da notificação
efetuada em último lugar.
Se o julgamento tiver sido realizado na ausência do arguido (nos termos do art. 333.º, nºs 2 e 3), a
sentença deve ser-lhe notificada logo que seja detido ou se apresente voluntariamente. Nesta hipótese,
o prazo para a interposição de recurso (pelo arguido) conta-se a partir da notificação da sentença.
Para além do mais, nessa notificação, o arguido é expressamente informado do direito a recorrer da
sentença e do respetivo prazo (arts. 333.º, nºs 5 e 6 e 334.º, nºs 6 e 7).
Nos processos especiais sumário e abreviado, a sentença é logo proferida oralmente (arts. 389.º-A e
391.º-F, respetivamente).
A interposição de recurso está sujeita ao pagamento (no final do processo) da taxa de justiça fixada nos
termos da Tabela III, do RCP (art. 8.º, nºs 9 e 10 RCP).
Se for interposto recurso num processo em que haja arguidos presos, os respetivos prazos processuais
correm em férias (arts. 103.º, nº2, al. a) e 104.º, nº2). O mesmo se diga quanto aos atos considerados
urgentes em legislação especial, como é o caso dos processos por crime de violência doméstica (art.
103.º, nº2. Al. g) CPP e art. 28.º da Lei 112/2009).
Por determinação da lei 130/2015, os assistentes podem intervir em qualquer altura do processo,
aceitando-o no estado em que se encontrar, podendo requerer a sua constituição ao juiz, se antes não o
foi feito, no prazo para a interposição de recurso da sentença (art. 68.º, nº3, al. c) e 69.º, nº2, al. c)).
O recurso de decisão proferida em audiência pode ser interposto por simples declaração na ata. Neste
caso, a motivação pode ser apresentada no prazo de 30 dias, contado da data da respetiva interposição
(art. 411.º, nºs 2 e 3).
Recurso Extraordinário
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Nos termos dos arts. 215.º, nº1 e 218.º, nºs 2 e 3, o prazo de duração máxima das medidas de coação de
prisão preventiva (art. 202.º), proibição e imposição de condutas (art. 200.º) e de obrigação de
permanência na habitação (art. 201.º) é de:
a) 4 meses, quando, desde o seu início, não tenha sido deduzida acusação;
b) 8 meses quando, desde o seu início e tendo havido lugar a instrução, não tenha sido proferida
decisão instrutória;
c) 1 ano e 2 meses quando, desde o seu início, não tenha havido condenação em 1ª instância;
d) 1 ano e 6 meses quando, desde o seu início, não tenha havido condenação com trânsito em
julgado.
Contudo, nos termos do art. 215.º, nº2 CP, esses prazos são elevados, respetivamente, para 6, 10, 1 ano
e 6 meses e 2 anos, nos seguintes casos:
Assim, a prisão preventiva extingue-se quando, desde o seu início, tiverem decorrido 4 meses sem que
tenha sido deduzida acusação (art. 215.º, nº1, al. a)) ou, estando em causa qualquer das situações
referidas no art. 215.º, nºs 2 e 3, 6 meses ou 1 ano, respetivamente.
Para além disso se o procedimento penal for por um dos crimes elencados no art. 215.º, nº2 CPP e se
revelar de excecional complexidade, devido, nomeadamente, ao número de arguidos ou de ofendidos
ou ao caráter altamente organizado do crime, os prazos de duração máxima das referidas medidas de
coação são elevados, respetivamente para 1 ano, 1 ano e 4 meses, 2 anos e 6 meses e 3 anos e 4 meses
(art. 215.º, nº3).
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De acordo com o art. 215.º, nº4, a excecional complexidade do processo só pode ser declarada durante
a 1ª instância, por despacho fundamentado, oficiosamente ou a requerimento do MP, uma vez ouvidos
o arguido e o assistente, sendo que o prazo para essa audição é de 10 dias, à luz do art. 105.º, nº1 CPP.
Nos termos do art. 215.º, nº5, os prazos referidos no art. 215.º, nº1, als. c) e d), 2 e 3 do CPP são
acrescentados de 6 meses se tiver havido recurso para o TC ou se o processo penal tiver ficado
suspensivo em virtude do julgamento, em outro tribunal, de questão prejudicial.
No caso de o arguido ter sido condenado em pena de prisão em 1ª instância e de a respetiva sentença
condenatória ter sido confirmada em sede de recurso ordinário, o prazo máximo da medida de coação
de prisão preventiva eleva-se para metade da pena que tiver sido fixada (art. 215.º, nº6).
A existência de vários processos contra o arguido por crimes praticados antes de lhe ter sido aplicada
a medida de coação, não permite exceder os prazos previstos no art. 215.º.
Quanto às medidas de coação de obrigação de apresentação periódica (art. 198.º CPP) e de suspensão
do exercício de profissão, de função, de atividade e de direitos (art. 199.º), as mesmas, de acordo com o
art. 218.º, extinguem-se quando, desde o início da sua execução, tenham decorrido os seguintes prazos:
a) 8 meses, quando, desde o seu início, não tenha sido deduzida acusação;
b) 1 ano e 4 meses quando, desde o seu início e tendo havido lugar a instrução, não tenha sido
proferida decisão instrutória;
c) 2 anos e 4 meses quando, desde o seu início, não tenha havido condenação em 1ª instância;
d) 3 anos quando, desde o seu início, não tenha havido condenação com trânsito em julgado.
Por sua vez, quanto às medidas de coação de TIR (art. 196.º) e de prestação de caução (art. 197.º), estas
medidas não estão sujeitas a qualquer prazo de duração máxima, razão pela qual se extinguem com a
verificação de alguma das hipóteses previstas no art. 214.º.
O art. 104.º, nº1 CPP preceitua que as disposições da lei de processo civil são aplicáveis à contagem dos
prazos para a prática de atos processuais.
Ora, no que em particular se refere aos prazos de duração máxima das medidas de coação, estes prazos
não dizem respeito à prática de atos processuais. Significa isto que estes prazos não são processuais,
revestindo, antes, natureza substantiva, razão pela qual a sua contagem deve ser efetuada à luz das
regras supletivas previstas no CC, em particular no art. 279.º.
Em todo o caso, a lei de processo pena prevê algumas regras especiais quanto à contagem desses prazos.
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Assim, à luz do art. 215.º, nº8 CPP, na contagem dos prazos de duração máxima da medida de coação
de prisão preventiva, são incluídos os períodos em que o arguido tiver estado sujeito à obrigação de
permanência na habitação. Ademais, a jurisprudência tem vindo a entender que, nesse cômputo, deve
igualmente atender-se ao período de tempo decorrido desde a detenção até à validação judicial da
mesma ou ainda o tempo de permanência em “centro de instalação”, mas já não a detenção que o arguido
tenha sofrido no estrangeiro para efeitos de posterior extradição para Portugal.
Por sua vez, nos termos do art. 216.º CPP, o decurso de prazos de duração máxima da medida de coação
de prisão preventiva, previstos no art. 215.º, suspende-se em caso de doença do arguido que imponha
internamento hospitalar, quando a sua presença for indispensável à continuação das investigações.
O MP deve encerrar o inquérito, arquivando-o ou deduzindo acusação, nos prazos máximos de 6 meses,
se houver arguidos presos ou sob a obrigação de permanência na habitação; ou de 8 meses, se os não
houver (art. 276.º, nº1 CPP).
a) Para 8 meses, quando o inquérito tiver por objeto um dos crimes referidos no art. 215.º,º, nº2
CPP;
b) Para 10 meses, quando, independentemente do tipo de crime, o procedimento se revelar de
excecional complexidade, nos termos do art. 215.º, nº3, in fine CPP; ou
c) Para 12 meses, nos casos referidos no art. 215.º, nº3 CPP
Para além disso, o prazo de 8 meses, referido no art. 276.º, nº1 CPP, é elevado:
a) Para 14 meses, quando o inquérito tiver por objeto um dos crimes referidos no art. 215.º,º, nº2
CPP;
b) Para 16 meses, quando, independentemente do tipo de crime, o procedimento se revelar de
excecional complexidade, nos termos do art. 215.º, nº3, in fine CPP; ou
c) Para 18 meses, nos casos referidos no art. 215.º, nº3 CPP
De acordo com o art. 276.º, nº4, o prazo de duração máxima do inquérito conta-se a partir do momento
em que o inquérito tiver passado a correr contra pessoa determinada ou em que se tiver verificado a
constituição de arguido (art. 58.º CPP), Vale isto por dizer que esse prazo começa a correr quando o
inquérito é aberto na sequência de uma notícia do crime em que seja identificada, como seu autor, uma
pessoa determinada ou, tendo o inquérito sido aberto sem que, na oportunidade, se conhecesse o autor
do crime (art. 262.º, nº2), a partir do momento em que, no inquérito, uma pessoa é determinada como
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sendo suspeita da prática de um crime, ou ainda nos casos em que uma pessoa seja constituída como
arguida (art. 58.º).
Havendo pluralidade de pessoas investigadas, o prazo máximo de duração do inquérito conta-se a partir
do conhecimento da identidade – ou da constituição como arguido – da última pessoa investigada.
Por outro lado, à luz do art. 7.º da Lei 21/2007, a remessa do processo para mediação determina a
suspensão dos prazos de duração máxima do inquérito previstos no art. 276.º. Ademais, os prazos de
duração máxima do inquérito suspendem-se na eventualidade de ser determinada a suspensão
provisória do processo, nos termos dos arts. 281.º e 282.º.
Em todo o caso, importa salientar que os prazos legalmente previstos para a duração do inquérito não
são prazos perentórios, revestindo, ao invés, natureza meramente ordenadora – o que decorre, desde
logo, do disposto no art. 276.º, nº6, bem como do facto de a lei permitir a aceleração processual quando
tais prazos se mostrem ultrapassados – razão pela qual a inobservância desses prazos não acarreta
qualquer consequência preclusiva. Significa isto que, não obstante o esgotamento desses prazos ser
suscetível de produzir efeitos processuais, como sejam a cessação do segredo de justiça e consequente
possibilidade de consulta de todos os elementos do processo – salvo se o juiz de instrução determinar,
a requerimento do MP, que o acesso aos autos seja adiado por um período máximo de 3 meses, o qual
pode ser prorrogado, por uma só vez, quando estiver em causa a criminalidade a que se refere o art. 1.º,
als. i) a m), e por um prazo objetivamente indispensável à conclusão da investigação (art. 89.º, nº6 CPP)
– ou a possibilidade de ser requerida a aceleração de processo atrasado (art. 108.º a 110.º), bem como a
eventual responsabilidade disciplinar por parte do titular do inquérito, a verdade é que os atos
processuais praticados no inquérito, mesmo depois de terminado o prazo legalmente previsto para a
sua duração, conservam toda a sua eficácia e validade.
Recorda-se que, quando o processo penal não tiver conduzido à acusação dentro de 8 meses a contar
da notícia do crime, o PIC pode ser deduzido em separado, perante o tribunal civil (art. 72.º, nº1, al. a),
1ª parte).
Por força do art. 89.º, nº6, terminados os prazos de duração máxima do inquérito, o arguido, o ofendido
e o assistente podem consultar todos os elementos do processo que se encontrem em segredo de justiça.
Só não será assim se o juiz de instrução determinar, a requerimento do MP, que o acesso aos autos seja
adiado por um período máximo de 3 meses, o qual pode ser prorrogado, por uma só vez, quando estiver
em causa a criminalidade seguinte:
Terrorismo
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Criminalidade violenta
Criminalidade especialmente violenta
Criminalidade altamente organizada
Violando-se qualquer prazo acima referido, o magistrado titular do processo deve comunicar ao
superior hierárquico imediato, indicando as razões que explicam o atraso e o período necessário para
concluir o inquérito. Neste caso, o superior hierárquico pode avocar o processo e dá sempre
conhecimento ao PGR, ao arguido e ao assistente da violação do prazo e do período necessário para
concluir o inquérito (art. 276.º, nºs 6 e 7).
O juiz de instrução deve encerrar a instrução nos prazos máximos de 2 meses, se houver arguidos
presos ou sob obrigação de permanência na habitação, ou de 4 meses, se os não houver (art. 306.º, nº1
CPP).
Contudo, o prazo de 2 meses, referido no art. 306.º, nº1, é elevado para 3 meses quando a instrução
tiver por objeto um dos crimes referidos no art. 215.º, nº2.
Estes prazos contam-se a partir da data do recebimento do RAI, atento o disposto no art. 306.º.
Em todo o caso, importa salientar que os prazos legalmente previstos para a duração da instrução não
são prazos perentórios, revestindo, ao invés, natureza meramente ordenadora, não decorrendo, por
isso, do seu esgotamento, qualquer preclusão, invalidade ou ineficácia dos atos processuais praticados
nessa fase.
Se tiverem sido excedidos os prazos legalmente previstos para a duração de cada fase do processo –
sendo que esses prazos são meramente ordenadores – o MP, o arguido e o assistente ou as partes civis,
podem requerer a aceleração processual, nos termos do art. 108.º, nº1 (arts. 20.º CRP e 6.º CEDH).
O pedido de aceleração de processo atrasado deve ser decidido (art. 109.º, nº1):
Em todo o caso, encontram-se impedidos de intervir na deliberação os juízes que, por qualquer forma,
tiverem participação no processo (art. 108.º, nº3).
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Sendo competente para decidir o PGR, este deve proferir uma decisão sobre o pedido de aceleração do
processo no prazo de 5 dias;
Por sua vez, se a decisão competir ao CSM, o processo, logo que seja distribuído, deve ser apreciado na
primeira sessão ordinária subsequente ou numa sessão extraordinária, se nisso houver conveniência.
A decisão sobre o pedido de aceleração de processo atrasado deve ser notificada ao requerente e
imediatamente comunicada ao tribunal ou à entidade que tiver o processo a seu cargo.
Se o pedido de aceleração processual apresentado pelo arguido, pelo assistente ou pelas partes civis for
julgado manifestamente infundado, o tribunal ou o juiz de instrução, no caso do art. 108.º, nº2, al. a),
deve condenar o peticionante no pagamento de uma soma entre 6 e 20 UC, atento o disposto no art.
110.º.
De acordo com o art. 104.º, nº1, à contagem dos prazos para a prática de atos processuais aplicam-se
as disposições previstas na lei de processo civil, designadamente o disposto no art. 138.º.
Regras gerais
Por aplicação subsidiária do CPC e do CC, o prazo começa a correr independentemente de qualquer
despacho ou formalidade nesse sentido. O mesmo é dizer que o início da contagem do prazo é
automático, não sendo necessário o proferimento de qualquer despacho para que se inicie a sua
contagem.
Ademais, nos termos do art. 279.º, al. b) CC, no cômputo de um prazo, não se conta o dia ou a hora (se
o prazo for de horas) em que ocorre o evento que dá início à contagem do prazo. Assim, se o prazo for
de dias e a notificação ocorrer no dia de hoje, o prazo só começará a correr amanhã/ou hora seguinte
(no prazo de horas).
Regime geral
Nos termos do art. 113.º CPP, as notificações podem ser realizadas através das seguintes formas:
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À luz do art. 113.º, nº8, vale como notificação pessoal, salvo nos casos em que a lei exigir uma
formalidade distinta, a comunicação efetuada por autoridade judiciária ou OPC aos interessados
presentes em ato processual por ela presidido, desde que essa comunicação fique documentada no auto.
Sendo a notificação realizada através de via postal registada, esta presume-se efetuada no 3º dia
posterior ao do envio – quando esse 3º dia seja útil -, ou no primeiro dia útil seguinte a esse, quando o
não seja, devendo a cominação aplicável constar expressamente do ato de notificação (art. 113.º, nº2).
Este é o mesmo regime que no CPC.
Em todo o caso, essa presunção pode ser ilidida pelo notificando, i. e., este pode demonstrar que a
notificação foi por ele recebida em dia posterior ao legalmente presumido.
Por outro lado, sendo a notificação realizada através de via postal registada, pode suceder que o
destinatário se recuse a assinar o registo ou a receber a carta, ou ainda que não seja encontrado. Nesses
casos, observam-se as seguintes regras:
1) Se o destinatário se recusar a assinar, o agente dos serviços postais deve entregar a carta ou o
aviso e lavrar nota do incidente, valendo o ato como notificação;
2) Se o destinatário se recusar a receber a carta ou o aviso, o agente dos serviços postais deve
lavrar nota do incidente, valendo o ato como notificação;
3) Se o destinatário não for encontrado, a carta ou o aviso devem ser entregues a pessoa que com
ele habite ou a pessoa indicada pelo destinatário que com ele trabalhe, fazendo os serviços
postais menção do facto com identificação da pessoa que recebeu a carta ou o aviso;
4) Se não for possível, pela ausência de pessoa ou por outro qualquer motivo, os serviços postais
devem deixar um aviso, indicando a natureza da correspondência e a identificação do tribunal
ou do serviço remetente.
Sendo a notificação efetuada através de via postal simples, por meio de carta ou de aviso, nos casos
expressamente previstos no art. 145.º, nº5 – tal como sucede, p. ex., com a notificação do despacho de
arquivamento do inquérito ao denunciante com a faculdade de se constituir assistente e a quem tenha
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manifestado o propósito de deduzir PIC (art. 277.º, nº4, al. c) -, o funcionário judicial deve lavrar uma
cota no processo, com a indicação da data da expedição da carta e do domicílio para a qual a mesma foi
enviada.
De seguida, o distribuidor do serviço postal deve depositar a carta na caixa do correio do notificando,
lavrar uma declaração, indicando a data e confirmando o local exato onde efetuou o depósito da carta,
e enviar, de imediato, essa declaração ao serviço ou ao tribunal competente.
Sendo observadas estas formalidades, a notificação considera-se efetuada no 5º dia posterior à data
indicada na declaração lavrada pelo distribuidor do serviço postal, cominação esta que deverá constar
do ato de notificação (art. 113.º, nº3).
Os 5 dias posteriores à data indicada na declaração lavrada pelo distribuidor do serviço postal contam-
se de forma contínua, ou seja, contam-se todos os dias, independentemente de os mesmos serem úteis
ou não.
Assim, se o prazo de 5 dias terminar em férias judiciais, o notificando presume-se notificado em férias,
sendo que o prazo para praticar o ato judicial subsequente à notificação começa a correr no primeiro
dia útil subsequente ao termo das férias judiciais.
Tratando-se da notificação de arquivamento do inquérito que corra contra pessoa indeterminada (art.
277.º, nº4, al. d)): 5 dias úteis após a expedição da notificação (art. 113.º, nº5).
d) Via telefónica
Art. 113.º, nº8, al. b): em caso de urgência. No telefonema, o notificando tem de ser avisado de que a
comunicação vale como notificação, devendo seguir-se a esse telefonema uma confirmação telegráfica,
por telex ou telecópia.
Nos termos do art. 113.º, nº1, as notificações ao advogado ou ao defensor nomeado devem ser
realizadas, quando outra forma não resultar da lei, através de via eletrónica, ou, quando tal não for
possível, mediante contacto pessoal, via postal registada, via postal simples ou telecópia.
Sendo a notificação realizada através de via eletrónica, aplica-se a mesma regra prevista para a
notificação por via postal registada, ou seja, o advogado ou o defensor nomeado presumem-se
notificados no 3º dia posterior ao do envio da notificação, quando esse 3º dia seja útil ou, não o sendo,
no 1º dia útil subsequente (art. 113.º, nº2).
Por sua vez, se a notificação for realizada através de telecópia, o advogado ou o defensor nomeado
consideram-se notificados no próprio dia da expedição e receção da telecópia.
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Art. 113.º, nº 13
Regimes especiais
Regra geral, as notificações do arguido, do assistente e das partes civis podem ser feitas na pessoa do
respetivo defensor ou advogado, atento o disposto no art. 113.º, nº 10.
Estas devem ser realizadas quer na pessoa do advogado ou defensor oficioso, quer na pessoa do arguido,
do assistente e das partes civis, caso em que o prazo para a prática do ato subsequente se conta a partir
da data da notificação que tiver sido realizada em último lugar.
Nos termos do art. 313.º, nº3, a notificação ao arguido e ao assistente do despacho que designa o dia
para a audiência, acompanhado de cópia da acusação ou da pronúncia, deve ser realizada através de
contacto pessoal com o notificando ou mediante via postal registada, por meio de carta ou aviso
registados (art. 113.º, nº1, als. a) e b) CPP), exceto se o arguido e/ou o assistente tiverem indicado a
sua residência ou domicílio profissional à autoridade policial ou judiciária que tiver elaborado o auto de
notícia ou que os tiver ouvido no inquérito ou na instrução e nunca tiverem comunicado alteração à
mesma através de carta registada, caso em que a notificação é feita mediante via postal simples, de
acordo com o art. 113.º, nº1, al. c) CPP.
Acresce que, à luz do art. 313.º, nº2 CPP, essa notificação deve ser efetuada com uma antecedência
mínima de 30 dias em relação a data fixada para a realização da audiência.
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No processo penal, aplica-se, a título subsidiário, o princípio da continuidade do prazo previsto na lei
de processo civil, ou seja, os prazos processuais contam-se de forma contínua (art. 138.º, nº1, ex vi do
art. 104.º, nº1 CPP).
Contudo, nos termos do art. 104.º, nº2 CPP, não se suspendem durante as férias judiciais os prazos
relativos aos atos processuais elencados no art. 103.º, nº2, als. a) e e) do CPP, a saber:
Para além disso, por aplicação do art. 138.º, nº1, ex vi do art. 104.º, nº1 CPP, não se suspendem durante
as férias judiciais os prazos de duração igual ou superior a 6 meses, bem como os prazos referentes a
atos que devam ser praticados em processos que a lei considere urgentes. É o que sucede, p. ex., com
os processos por crime de violência doméstica, ainda que neles não haja arguidos presos (art. 28.º da lei
112/2009), bem como com os processos de extradição (art. 73.º, nº2 LCJIMP).
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A contagem do prazo pode igualmente suspender-se quando tal seja essencial para se garantir o
exercício efetivo de direitos processuais.
Com efeito, nos termos do art. 89.º, nº1 CPP, durante o inquérito, o arguido, o assistente, o ofendido,
o lesado e o responsável civil podem consultar, mediante requerimento, o processo ou elementos dele
constante, bem como obter os correspondentes extratos, cópias ou certidões, exceto se, tratando-se de
processo que se encontre em segredo de justiça, o MP a isso se opuser por considerar,
fundamentadamente, que a consulta do processo ou a disponibilização dos elementos pode prejudicara
investigação ou os direitos dos participantes processuais ou das vítimas.
Ora, se a obtenção desses elementos for essencial para o exercício efetivo de direitos processuais (p. ex.,
RAI), o prazo do exercício desse direito deve ficar suspenso até que sejam disponibilizados os elementos
solicitados ou a consulta do processo.
Interrupção do prazo
Como vimos supra, sendo requerida, na pendência de um processo judicial, a concessão de proteção
jurídica, na modalidade de nomeação de patrono, o prazo que estiver em curso interrompe-se com a
junção aos autos do documento comprovativo da apresentação do requerimento com que é promovido
o correspondente procedimento administrativo (art. 24.º, nº4 da Lei 34/2004).
Contudo, o art. 39.º da Lei 34/2004 contém regras especiais aplicáveis à nomeação de defensor ao
arguido, à dispensa de patrocínio e à sua substituição.
Se o prazo for disponível, a pessoa em benefício da qual tiver sido estabelecido esse prazo pode
renunciar ao seu decurso (art. 107.º, nº1) – v.g renúncia do prazo para apresentação de reclamação ou
de recurso.
Os atos processuais devem ser praticados nos dias úteis – i. e., durante os dias em que os tribunais não
se encontrem encerrados, na aceção do art. 137.º, nº1 – e fora do período de férias judiciais (art. 103.º,
nº1).
Exceções
A título excecional, podem, no entanto, ser praticados em dias não úteis ou durante o período de férias
judiciais os seguintes atos (art. 103.º, nº1 CPP):
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O interrogatório do arguido não pode ser efetuado entre as 0 e as 7 horas e tem a duração máxima de
4 horas, podendo ser retomado, em cada dia, por uma só vez e idêntico prazo máximo, após um intervalo
mínimo de 60 minutos. Sublinhe-se que as declarações prestadas além deste limite são nulas, não
podendo ser utilizadas como prova (art. 103.º, nºs 3 a 5).
Para além disso, o interrogatório do arguido tem a duração máxima de 4horas, podendo ser retomado,
em cada dia, por uma só vez e idêntico prazo máximo, após um intervalo mínimo de 60 minutos (art.
103.º, nº4).
A violação dessas regras importa a nulidade das declarações prestadas, a qual, não estando
expressamente prevista no art. 119.º CPP, deve ser arguida enquanto o ato não estiver terminado.
Nos casos expressamente previstos, havendo vários arguidos ou assistentes, quando o prazo para a
prática de atos subsequentes à notificação termine em dias diferentes, o ato pode ser praticado por todos
ou por cada um deles até ao termo do prazo que começou a correr em último lugar (art. 113.º, nº 14).
É o que acontece, p.ex., com a apresentação do RAI (art. 287.º, nº6 CPP) e com a apresentação da
contestação à acusação, acompanhada do rol de testemunhas (art. 315.º, nº1 CPP).
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Por outro lado, importa referir que a prorrogação do prazo só pode te lugar nos casos expressamente
previstos na lei. Vale isto por dizer que não é aplicável ao processo penal o regime da prorrogação legal
do prazo constante do art. 569.º.
Muito embora, em regra, os prazos processuais sejam improrrogáveis, o art. 107.º, nº6 CPP, determina
que, se o procedimento se revelar de excecional complexidade – o que não se confunde com a declaração
da excecional complexidade do processo – devido, nomeadamente, ao número de arguidos ou de
ofendidos ou ao caráter altamente organizado do crime (art. 215.º, nº3, in fine), o juiz pode, a
requerimento do MP, do assistente, do arguido ou das partes civis, prorrogar os prazos para o
oferecimento da contestação ao PIC (art. 78.º, nº1), para apresentação do RAI (art. 287.º), para o
oferecimento da contestação à acusação (art. 315.º) ou para a interposição do recurso e apresentação da
respetiva motivação (art. 411.º, nºs 1 a 3), até ao limite máximo de 30 dias.
O pedido de prorrogação deve ser devidamente fundamentado, não estando o juiz vinculado a deferir
o requerimento.
O art. 107.º, nº5 CPP, preceitua que, independentemente do justo impedimento, o ato pode ser praticado
no prazo, nos termos e com as mesmas consequências que em processo civil, com as necessárias
adaptações.
Consequentemente, por aplicação do art. 139.º, nº5, a parte pode praticar o ato dentro dos 3 primeiros
dias úteis subsequentes ao termo do prazo, ficando, no entanto, a sua validade dependente do
pagamento imediato de uma multa.
Contudo, o valor da multa no âmbito do processo penal é diverso daquele que se encontra previsto no
processo civil. Na verdade, à luz do art. 107.º-A, aplica-se à prática extemporânea de atos processuais
penais o disposto no art. 139.º, nºs 5 a 7., mas com as seguintes alterações:
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Justo impedimento
Nos termos do art. 107.º, nºs 2 a 4 CPP, o ato processual pode ser praticado fora do prazo em caso de
justo impedimento.
Com efeito, se se verificar um justo impedimento à prática de um ato dentro do respetivo prazo, a parte
interessada deve, no prazo de 3 dias a contar do termo do prazo legalmente fixado ou da cessação do
impedimento, apresentar um requerimento, endereçado à autoridade judiciária que dirigir a fase do
processo a que o ato respeitar, alegando factos e apresentando provas que demonstrem a verificação d
um justo impedimento e requerendo que o ato possa ser praticado fora do prazo estabelecido por lei.
À luz da jurisprudência, para que se verifique um justo impedimento é necessário que se encontrem
preenchidos dois requisitos cumulativos:
1) Ocorrer um evento que não seja imputável ao agente a título de culpa ou negligência, não
podendo incidir sobre o agente qualquer espécie de censura ético-jurídica;
2) Esse evento deve obstar à prática atempada do ato, i. e., deve impedir em absoluto a prática do
ato dentro do prazo devido.
Tal como no processo civil, a jurisprudência tem vindo a interpretar de forma muito restritiva o
conceito de justo impedimento.
v.g não existe: quando o arguido se encontrar doente e acamado no dia do julgamento, não tendo
comunicado ao tribunal; patrona em convalescença após intervenção cirúrgica.
Nulidades Processuais
No processo penal vigora o princípio da legalidade das nulidades, estão taxativamente previstas na lei,
porquanto a “violação ou a inobservância das disposições da lei do processo penal só determina a nulidade do
ato quando esta for expressamente cominada na lei”. Nos casos em que a lei não cominar a nulidade, o ato é
irregular (arts. 118.º, nºs 1 e 2 e 123.º).
1- Inquérito
A não abertura do inquérito (quando o deva ser), pode ainda constituir prática do crime de
denegação da justiça e prevaricação (art. 369.º CP).
Nulidades insanáveis
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Ausência do MP a aos relativamente aos quais a lei exigir a respetiva comparência – a lei exige
a comparência do MP, p. ex., no âmbito da prática dos atos de inquérito referidos no art. 270.º,
nº2 e à audiência de julgamento (art. 330.º, nº1) (art. 119.º, al. b), 2ª parte);
Ausência de indícios suficientes para acusar
Compete exclusivamente ao juiz de instrução proceder ao primeiro interrogatório judicial
detido (a realizar nos termos 141.º). Neste caso é obrigatória a assistência do defensor, sob pena
de nulidade insanável (cf. arts. 64.º, nº1. als. a) e b) e 119.º, al. c)).
A desistência de queixa pode ter lugar durante o inquérito, a instrução ou o julgamento,
cabendo a sua homologação ao MP, ao juiz de instrução e ao presidente do tribunal,
respetivamente (art. 51.º, nº2). A violação das regras de competência para a homologação
constitui uma nulidade insanável, que deve ser oficiosamente declarada em qualquer fase do
procedimento (art. 119.º, al. e)).
Declarações para memória futura: comparência do arguido e dos advogados do assistente e das
partes civis é facultativa. Contudo, quanto ao MP e ao defensor, a sua comparência no
depoimento é obrigatória, sob pena de nulidade insanável (arts. 271.º, nº3, in fine; 64.º, nº1, al.
f) e 119.º, al. c)).
É obrigatória a assistência do defensor à diligência presidida pelo MP com vista à determinação
da suspensão provisória do processo, sob pena de nulidade insanável (art. 64.º, nº1, al. b) e 119.º,
al. c)).
Insuficiência do inquérito por não terem sido praticados atos legalmente obrigatórios – são
obrigatórios p. ex., a constituição de arguido (arts. 58.º e 59.º) e o interrogatório do arguido
(art. 272.º, nº1) – e a omissão posterior de diligências que pudessem reportar-se essenciais para
a descoberta da verdade (art. 120.º, nº2, al. d)).
Neste caso, a nulidade pode ser arguida até ao encerramento do debate instrutório ou, não
havendo lugar à instrução, até 5 dias após a notificação do despacho que tiver encerrado o
inquérito (art. 120.º, nº3, al. c)).
A falta de arguição da nulidade pelos respetivos interessados, implica a sua sanação (arts. 121.º
e 122.º).
Primeiro interrogatório do arguido: se estiver a correr inquérito contra pessoa determinada
em relação à qual haja suspeita fundada da prática de crime é obrigatório interroga-la como
arguida Cfr. art. 120.º, nº2, al. d) e nº 3, al. c) (nulidades dependentes de arguição); 121.º
(sanação de nulidades) e 122.º (efeitos da declaração de nulidade).
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A acusação do MP26 deverá conter os elementos do artigo art. 283.º, nº3, sob pena de nulidade
(art. 120.º - nulidades dependentes de arguição).
Omissão de notificação da acusação constitui nulidade dependente de arguição (art. 120.º, nº2,
al. a)).
A acusação do assistente (por crimes públicos e semi-públicos) deve abranger os elementos
constantes da acusação pública, previstos no art. 283.º, nºs 3, 7 e 8, sob pena de nulidade.
Uma vez que o MP é o responsável pela fase de inquérito, cabe-lhe naturalmente tomar a
decisão de acompanhar ou não a acusação particular. Não se pronunciando sobre ela, verifica-
se uma nulidade sanável prevista no art. 120.º, nº2, al. d).
Não havendo lugar à fase de instrução, as nulidades do inquérito devem ser conhecidas pelo juiz de
julgamento.
Durante o inquérito, quer o MP quer o juiz de instrução têm competência para declarar um ato
processual inexistente, nulo ou irregular ou uma prova proibida (arts. 118.º e ss.).
Se o fundamento for o perigo de perturbação do decurso do inquérito, o juiz não pode aplicar medida
de coação mais grave (quanto à sua natureza, medida ou modalidade de execução), do que a requerida
pelo MP, sob pena de nulidade (arts. 194.º, nº3, 1ª parte e 204.º, al. b)). Tratando-se de medidas de
garantia patrimonial, o juiz não pode aplicar medida de coação mais grave do que a requerida pelo MP,
sob pena de nulidade (art. 194.º, nº3, 2ª parte).
2- Instrução
Nulidades insanáveis
A falta de instrução, nos casos em que a lei determinar a sua obrigatoriedade (art. 119.º, al. d)).
Não obstante a instrução ter caráter facultativo (art. 286.º, nº2), a falta de instrução reporta-
se, p. ex., à omissão do debate instrutório, mesmo nos casos em que não tenha havido quaisquer
diligências de prova.. Constitui nulidade insanável que deve ser oficiosamente declarada em
qualquer fase do procedimento, Ademais, a instrução é obrigatória quando é requerida por
sujeito com legitimidade para tal, dentro do prazo legal.
Obrigatoriedade de assistência do defensor nos interrogatórios feitos por autoridade judiciária
(sob pena de nulidade insanável, cfr. art. 119.º, al. c)), v. ainda art. 141.º, nºs 1 e 6. A presença
26
Correspondentemente aplicável ao despacho instrutório de pronúncia ou não pronúncia (art. 308.º). O mesmo
relativamente à acusação do MP, em processo abreviado, não obstante as especificidades indicadas no art. 391.º,
nº1, 2ª parte.
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do defensor é obrigatória, nomeadamente, no debate instrutório (arts. 64.º, nº1, al. c) e 119.º,
al. c)).
As regras de competência relativas ao tribunal são correspondentemente aplicáveis ao juiz de
instrução (art. 288.º, nº2 e 10.º e ss.) – constitui nulidade insanável, que deve ser oficiosamente
declarada em qualquer fase do procedimento.
A insuficiência da instrução, por não terem sido praticados atos legalmente obrigatórios (p. ex.
é obrigatório o interrogatório do arguido, quando por ele solicitado, art. 292.º, nº2) e a omissão
posterior de diligências que pudessem reportar-se essenciais para a descoberta da verdade. As
nulidades em causa podem ser arguidas até ao encerramento do debate instrutório (arts. 120.º,
nº2, al. d) e 3, al. c), 121.º e 122.º).
A omissão do interrogatório do arguido por ele requerido, por se tratar de um ato legalmente
obrigatório, constitui nulidade que deve ser arguida até ao encerramento do debate instrutório
(art. 120.º, nº2, al. d) e nº 3, al. c)).
O mesmo se diga quanto à audição da vítima na medida em que, quando requerida,
consubstancia uma diligência obrigatória.
O art. 309.º, nº1 determina que a decisão instrutória é nula na parte em que pronunciar o arguido por
factos que constituam alteração substancial dos descritos na acusação do MP ou do assistente ou no
RAI (quando apresentado pelo assistente).
Na fase de instrução, só o respetivo juiz tem competência para declarar um ato processual inexistente,
nulo ou irregular ou uma prova proibida (art. 308.º, nºs 3 e 1).
3- Julgamento
As nulidades no processo penal estão taxativamente previstas na lei (princípio da legalidade), sendo
que, nos casos em que a lei não cominar a nulidade, o ato é irregular (arts. 118.º, nºs 1 e 2 e 123.º). Na
fase de julgamento só o juiz tem competência para declarar um ato processual inexistente, nulo ou
irregular ou uma prova proibida.
Nulidades insanáveis
A audiência de julgamento é pública, sob pena de nulidade insanável, salvo nos casos em que o
presidente decidir (em despacho fundamentado) a exclusão ou a restrição da publicidade para
salvaguarda da dignidade das pessoas e da moral pública ou para garantir o seu normal
funcionamento (art. 321.º, nº1 do CPP; art. 206.º CRP; art. 25.º LOSJ; e art. 10.º LOSJ).
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Conforme resulta do art. 313.º, nº1, o despacho que designa dia para a realização da audiência,
implicando já uma apreciação da idoneidade do processo, deve conter, sob pena de nulidade
(sanável, arts. 120.º e 121.º), os elementos referidos no preceito.
A ausência, por falta de notificação, do assistente (e das partes civis), nos casos em que a lei
exigir a respetiva comparência (além do art. 145.º, nº1, também nos casos do art. 146.º; na fase
de julgamento, arts. 330.º, nº2 e 331.º), constitui nulidade dependente de arguição, a qual deve
ser arguida até 5 dias após a notificação do despacho que designar dia para a audiência (art.
120.º, nº2, al. b) e nº 3, al. b)).
A omissão da concessão da palavra para alegações (ou para a réplica) deve considerar-se uma
nulidade sanável, dependente de arguição, incluída no âmbito do art. 120.º, nº2, al. d), a qual
deverá ser arguida até ao final da audiência (cf. art. 120.º, nº3, al. a)).
As declarações prestadas oralmente na audiência são sempre documentadas na ata, sob pena de
nulidade (arts. 363.º e 364.º);
Confissão: no caso de o arguido declarar que pretende confessar os factos que lhe são
imputados, o presidente, sob pena de nulidade (trata-se de uma nulidade dependente de
arguição, art. 120.º. nº3, al. a)), pergunta-lhe se o faz de livre vontade e fora de qualquer coação,
bem como se se propõe fazer uma confissão integral e sem reservas (art. 344.º, nº1);
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Se o não fizer, incorre na nulidade prevista no art. 120.º, nº2, al. d), in fine, a qual se enquadra na
omissão de diligências que possam reportar-se essenciais para a descoberta da verdade.
Quando o tribunal indefere o requerimento para a produção da prova, a impugnação deve ser feita por
via de recurso. Caso contrário o interessado na produção da prova deve arguir a nulidade até ao
encerramento da audiência (art. 120.º, nº3, al. a)), sob pena de sanação, sendo que no caso de não obter
deferimento deve interpor recurso da respetiva decisão.
O protesto do advogado não pode deixar de constar da ata e é havido para todos os efeitos como
arguição de nulidade, nos termos da lei (art. 80.º, nº3 EOA).
Sentença
O art. 379.º, nº2 “contempla duas formas de arguição de nulidades da sentença – perante o tribunal que
proferiu a decisão ou em sede de recurso – sendo o prazo de arguição, num caso e no outro, o prazo
geral de interposição de recurso, mas se forem arguidas em sede de recurso apenas podem ser
conhecidas pelo tribunal superior”.
Processos Especiais
O emprego de forma de processo especial fora dos casos previstos na lei, constitui nulidade insanável,
que deve ser oficiosamente declarada em qualquer fase do procedimento (art. 119.º, al. f)). Já a utilização
de uma forma de processo quando a lei determinar a utilização de outra, constitui nulidade dependente
de arguição (art. 120.º, nº2, al. a)).
No âmbito dos processos especiais, as nulidades referidas no art. 120.º, nºs 1 e 2, devem ser arguidas
logo no início da audiência (art. 120.º, nº3, al. d)), ou seja, depois da declaração da sua abertura e antes
de o juiz tomar declarações ao arguido. Cfr., ainda, arts. 121.º e 122.º.
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