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RESUMO
1
Trabalho apresentado no VI Seminário da Pós Graduação em Ciências Sociais: Cultura, Desigualdade e
Desenvolvimento - realizado entre os dias 09, 10 e 11 de novembro de 2016, em Cachoeira, BA, Brasil.
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia.
2
INTRODUÇÃO
3
É designado Recôncavo uma vasta faixa litorânea que circunda a Baía de Todos os Santos, à entrada da
qual se ergue a cidade de Salvador, capital do Estado da Bahia (Brandão, 1998:30).
4
Segundo o artigo 3º, do Decreto nº 6040, de 7/02/2007, entende-se por povos e comunidades
tradicionais grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas
próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e
práticas gerados e transmitidos pela tradição
3
processos sociais, sem conflitos e sem diferenciações internas, como bem propõe Barth
e Thompson, que serão discutidos mais adiante, portanto é importante entender a cultura
como uma "arena de elementos conflitivos", havendo embates e contradições.
A História Oral por um longo período não era considerada como um método
histórico, os relatos obtidos por meio da oralidade não possuíam valores documentais.
Entretendo, nas últimas décadas, a Historia oral se tornou adepta aos historiadores
passando a ser muito valorizada pelo fato de se dar mais ênfase a história das minorias,
das manifestações populares como parte importante para o entendimento da história.
5
A expressão lugar de memória serve para indicar lugares especiais utilizados por uma sociedade para
marcar fatos importantes de sua memória. Trata-se de lugares organizados e evocativos da memória tais
como museus, arquivos, bibliotecas, datas, comemorações, festas. (NORA, 1980, apud MASCHIETO,
2002, p.27)
4
Em minha pesquisa em Coqueiros, optei pelos moldes da entrevista temática6 e,
mediante esta escolha, preparei um roteiro que não foi seguido rigidamente. Eu busquei
transformar as entrevistas em momentos de descontração, as conversas fluíam e aos
poucos os assuntos do roteiro eram abordados, procurando na medida do possível diluir
as dificuldades iniciais. As entrevistas foram feitas com representantes, e outros
moradores que se relacionam com os elementos culturais envolvidos na pesquisa,
além dos mais idosos, pois, “seu talento de narrar lhe vem da experiência; sua lição, ele
extraiu da própria dor, sua dignidade é a de contá-la até o fim, sem medo”, (BOSI,
2009, p. 91) os quais são fundamentais para uma parte deste trabalho que trata
fundamentalmente das memorias de Coqueiros.
Em seu livro Manual de História Oral Verena Alberti ressalta que a história oral
não é um fim em si mesma e sim uma forma de produção de conhecimento, que tem em
vista estudar as versões dos entrevistados acerca de um objeto de pesquisa. Deste modo,
essas versões acabam tornando-se objeto de análise. É nesse sentido quer a autora
destaca a necessidade de documentos escritos como suporte à investigação e como
recurso para análise das entrevistas.
Para tanto, inicialmente, farei uma sucinta discussão teórica que se embasam nos
pensadores Pesavento e Geertz, dando sustentação a nossa intenção de evidenciar a
metodologia da pesquisa como um dos mecanismos indispensáveis na construção do
conhecimento, para tanto farei breves explanações sobre cada um.
Logo após, discutirei a história e a tradição em Coqueiros, caracterizando-o,
apresentando relatos de lideres da mesma e analisando aspecto da sua cultura como o
samba-de-roda.
1. DISCUSSÃO TEÓRICA
6
As entrevistas temáticas são as que versam prioritamente sobre a participação de entrevistado no tema
escolhido (ALBERTI, 2008, p. 175)
5
A História Cultural tem sido um método escolhido por muitos historiadores, visto
que é uma corrente muito importante para os historiadores culturais, pois, “trabalha com
uma concepção que não acredita apenas em uma verdade absoluta, mas possíveis
interpretações advindas das fontes disponíveis”.(VIERO,2016, p. 2).
Tendo em vista que neste trabalho utilizo a prática interdisciplinar, ao passo que
dialogo com vários campos do conhecimento como já foi dito anteriormente, resolvi
dialogar com a Nova História Cultural. De acordo com Pesavento:
Por vezes, se utiliza a expressão Nova História Cultural, a lembrar que antes
teria havido uma velha, antiga ou tradicional História Cultural. [...] Também
foram deixadas para trás concepções que opunham a cultura erudita à cultura
popular, esta ingenuamente concebida como reduto do autêntico.
(PESAVENTO, Sandra Jatahy, 2005. p. 14).
Dessa forma, um dos autores que ajudará na minha pesquisa, no que se refere ao
conteúdo teórico e conceitual, será Peter Burke, historiador britânico que é um dos
mais importantes representantes da Nova História Cultural.
Vale ressaltar que nem sempre houve essa política de boa vizinhança ente História e
Antropologia ou vise e versa. As ideias de Geertz sobre a situação atual da antropologia
e sua relação com a história, presentes em textos publicado em Nova luz sobre a
antropologia (2001), me levam a subsidiar considerações acera da relação entre estas
duas áreas do conhecimento. A primeira noção básica, tomada pelo autor para iniciar
sua discussão é de que na rivalidade entre historiadores e antropólogos, estes últimos
eram indiferentes à mudança ou hostis a ela, enquanto os historiadores consistiam em
apenas contar histórias admonitórias. Há ainda outro elemento da convergência:
Outra coisa a que a briga pode se referir são o Grande e o Pequeno. O pendor
dos historiadores para os grandes movimentos do pensamento e da ação [...] e
o dos antropólogos para o estudo de pequenas comunidades bem delimitadas
[...] levam os historiadores a acusarem os antropólogos de gostarem de
minudências, de se atolarem nos detalhes do obscuro e do sem importância, e
levam os antropólogos a acusarem os historiadores de esquematismo, de
perderem o contato com os dados imediatos e as complexidades, de não
terem sensibilidade[...] para a vida real. (GEERTZ 2001, p.112-113)
6
Contudo, atualmente essas peculiaridades foram superadas. Os historiadores
lançaram mão de temas em pequenas comunidades, se dedicando nos detalhes enquanto
os antropólogos têm procurado temas mais amplos.7
Segundo Amaral (2011), há também outras discussões que se deram no campo
das documentações, das fontes. Os antropólogos reclamavam que os historiadores eram
dependentes dos documentos escritos, privilegiando a história da elite e silenciando os
relatos dos oprimidos, já os historiadores ressaltavam que a confiança dos antropólogos
nos testemunhos orais, os prendiam às tradições inventadas. Hoje, notamos que tanto
historiadores como antropólogos dão valor aos relatos orais por acreditar que a
oralidade valoriza a historia daqueles que não tiveram acesso à escrita e não puderam
escrever sua história ou deixar suas memórias registradas, porém sem esquecer que o
documento escrito também tem seu valor, podendo-se fazer uso das duas fontes juntas o
que leva a enriquecer ainda mais a pesquisa.
A autora também discute que o que tem aproximado antropólogos e
historiadores, apesar das rivalidades, é o interesse que ambos tem de compreender o
“Outro”. Deste modo, de acordo com Geertz:
[...] Na verdade, nem mesmo o“ nós”, o “self” que busca essa compreensão
do “Outro”, é exatamente a mesma coisa aqui, e é isso que explica, a meu
ver, o interesse de historiadores e antropólogos pelo trabalho uns dos outros,
bem como os receios que surgem quando esse interesse é levado adiante.
(GEERTZ, 2001, p.113)
7
(AMARAL, 2011, p.34)
7
Portanto, o autor critica a noção de que seria possível essa empatia, segundo ele
para compreender alguém não se trata de se identificar, e sim de observar os detalhes e
através das descrições, traduzir o objeto pesquisado. Procurar compreender como os
indivíduos entendem e percebem o mundo ao seu redor. 8
Dessa forma, se a antropologia defendia que para compreender o outro deveria
se colocar no lugar desse outro, Geertz mudou a forma de se encarar a cultura,
disseminando uma nova discussão, pois para ele, assim como um texto, a realidade
também pode ser lida, os símbolos devem ser interpretados. Sendo assim, Clifford
Geertz propõe que as culturas devem ser interpretadas como se fossem textos. Assim,
para o autor em sua obra “A Interpretação das Culturas”, Geertz propõe:
Dessa forma, o ponto de vista semiótico que Geertz (2008) aplica na definição
de cultura nos leva a entendê-la como um sistema complexo de relações, onde os
acontecimentos, as instituições e as relações sociais devem ser descritas com densidade.
No entanto, existe um problema ao se trabalhar com cultura que é o de tratá-la
de forma homogênea. Segundo Thompson, é necessário observar a cultura para além da
idéia de “sistema de atitudes, valores e significados compartilhados, e as formas
simbólicas (desempenhos e artefatos) em que se acham incorporados” (GEERTZ apud
THOMPSON, 1998, p. 17), defendida em alguns trabalhos etnográficos e históricos.
Isso quer dizer que é importante entender a cultura também como uma arena de
elementos conflitivos onde há sempre trocas, embates e a presença, obviamente, de
contradições sociais e culturais. Portanto, o conceito Cultura deve ser usado como um
termo descritivo vago, para não cairmos numa noção ultraconsensual (THOMPSON,
1998, p. 22).
O antropólogo Fredrik Barth concorda com Thompson na crítica ao conceito de
cultura como um todo homogêneo. Segundo BARTH (2000), há certa dificuldade de
alguns antropólogos em lidar com o desconexo, incoerente e com o multiculturalismo,
8
Idem, p.35.
8
pois eles são habilitados para suprimir tais incoerências presentes nas sociedades em
função de um objetivo acadêmico holista e padronizador. Este tipo de atitude
antropológica desviar-se dos aspectos problemáticos do mundo e reafirma uma
coerência lógica da cultura, conceito difícil de ser defendido, principalmente quando se
estuda culturas complexas, onde diversas correntes de tradições culturais estão
presentes, se entrecruzando e, também, se chocando.
Isto não significa negar quaisquer construções comuns, mas sim compreender
que existem múltiplas correntes culturais nas sociedades complexas, como em Bali
contemporânea, estudado por Barth (2000), ou a própria cidade de Maragogipe no
início do século XXI. Para se analisar tal complexidade cultural, Barth defende que o
foco esteja nos processos sociais e o que os envolvem (BARTH, 2000, p. 126).
10
A região também foi o berço do samba brasileiro, tendo sido o lugar onde, por
volta de 1860, teriam surgido as primeiras manifestações do samba de roda. Segundo o
dossiê do IPHAN (2006):
Especificamente no Recôncavo, registros documentais da palavra samba, no
século XIX, são mais raros. Não faltam, porém, registros de batuques e outras
manifestações musicais-coreográficas de negros. João José Reis menciona
um documento de 1808 que fala de uma grande festa de escravos acontecida
em Santo Amaro, com muita música e dança, assistência numerosa de
população branca e beneplácito dos senhores locais, para contrariedade, aliás,
das autoridades policiais de Salvador (Reis, 2002:105ss). O mesmo autor
informa que em 1855 a Câmara Municipal de Maragogipe, outra cidade do
Recôncavo, enviou para exame em Salvador uma postura municipal
proibindo “batuques e vozerias em casas públicas” (Idem: 135ss). (Dossié do
samba de roda 2006, p. 32)
Segundo Nina Graeff (2013), acredita-se que o Samba de Roda tenha sido
levado por migrantes baianos para o Rio de Janeiro em meados do século XIX, dando
origem ao samba carioca conhecido mundialmente. Por sua relevância histórica, o
Samba de Roda foi a primeira prática musical brasileira a ser registrada como Obra
Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO, em 2005.
9
Dados da Unidade de Estratégia Saúde da Família da localidade de Coqueiro.
10
Exemplo de Festa de Bom Jesus dos Navegantes, uma festa dos pescadores que ocorre no dia 01 de
Janeiro em agradecimento as águas por garantir-lhes o sustento.
11
ou nas feiras livres de Maragojipe, Cachoeira, São Felix, Muritiba, e Cruz das Almas.
O salgamento de peixes miúdos (xangô e petitinga) e a defumação de camarões são
outras formas de beneficiamento do pescado na região, vale ressaltar que esses produtos
também são utilizados para o consumo familiar.
Percebe-se, portanto, que a relação de Coqueiros com o rio é determinante da
identidade dos moradores de Coqueiros, assim como é o rio que estabelece as relações
sociais entre os homens e determina suas esperanças.
Porém, dentre os diversos fatores que particularizam essa região, dentre outros
locais rurais de Coqueiros, o trabalho de produção de cerâmicas utilitárias se destaca
como uma marca original. O saber-fazer passado de geração a geração, transformou
essa arte, numa das principais fontes de sobrevivência do povo coqueirense.
Embora territorialmente Coqueiros pertença a município de Maragojipe, existe
uma influencia maior do ponto de vista econômico e logístico, das vizinhas cidades de
São Félix e Cachoeira. Pelo fato de Coqueiros está localizado a pouca distancia delas,
aproximadamente 10 Km ao sul de São Felix, sob a estrada estadual BA-026 e por
estarem sempre do ponto de vista econômico mais desenvolvidas que a sede municipal,
é nas duas cidades vizinhas que se escoa uma parte da produção de Coqueiros, que se
resolvem questões ligadas ao abastecimento e onde se procuram alguns serviços
públicos básicos como hospital, correio, escolas, INSS, bancos, etc. Atualmente existem
empresas de ônibus que ligam Coqueiros com São Félix, Cachoeira e da parte noroeste
com Maragojipe, de onde partem conduções rodoviárias para a capital baiana.11
Coqueiros também possui a via de acesso fluvial que é um importante meio para
a população ribeirinha das localidades próximas que buscam lazer aos finais de semana
nas praias de água doce deste distrito. Sendo que na década de 1980, foi interrompido
um serviço regular de navegações que realizava viagens diárias desde Maragojipe,
atravessando a Baía de Todos os Santos e interligando várias cidades do Recôncavo
transportando cargas e pessoas.
Num mundo onde as minorias étnicas e culturais se sentem cada vez mais
ameaçadas pelas pressões homogeneizadoras da globalização, o que mais nos chama
11
ETCHEVARNE, Carlos. Sobrevivência de Técnicas Ceramistas Tradicionais no Recôncavo
Baiano: um registro etnográfico. Habitus: Revista do Instituto de Pré-História e Antropologia da
Universidade Católica de Goiás. Goiânia V 1, n 1: Ed. Da UCSAL, 2003.
12
atenção, ao chegar em Coqueiros, além dos barcos dos pescadores ancorados à margem
do rio Paraguaçu, e de suas redes quando a maré começa a encher, são as ceramistas do
local. Sentadas na beira das portas de suas casas de trabalho, deparamos com mulheres
brunindo suas louças, colocando o barro para secar à frente de suas casas ou expondo a
louça finalizada na calçada, na expectativa de alguém aparecer para compra-las.
Nos aspectos históricos, não existem relatos de quando suas primeiras casas de
taipa surgiram, mas segundo as documentações existentes, desde o século XVIII, a vila
já progredia à proporção do desenvolvimento de seu ancoradouro, por onde se fazia a
baldeação das pessoas e mercadorias que saiam da capital para o interior, ao sertão ou
vice-versa. Foi, portanto, o “fator Paraguaçu” causa predominante para o
desenvolvimento da vila, como explica Osvaldo Sá, em suas pequenas Histórias. Tanto
Coqueiros, como Nagé cresceram em torno da cultura agrícola de produtos de primeira
necessidade, a única autorizada pela Capital Baiana, pois no período colonial, não era
permitido à instalação de indústrias, nestas regiões. A Farinha de Mandioca sempre foi à
cultura principal dessa região. As raras intenções do plantio do fumo, sempre foram
barradas pelo poderio dos fazendeiros cachoeiranos, assim como, do controle social que
os líderes da Câmara Municipal exerciam sobre os habitantes da terra.12
Ao chegar na localidade, logo avista-se também uma pedreira de granito
destinada à preparação manual de britas e/ou paralelepípedos de pequenos tamanhos. A
mesma ocupa de forma mais ou menos permanente um pequeno número de mão de obra
masculina trabalhando a beira da estrada.
Formado por 830 famílias13, foi constatado atualmente durante as entrevistas em
Coqueiros que muitas famílias ainda vivem situações de precariedade econômica
(renda e trabalho)14, o local possui rede de energia elétrica, rede de esgoto que funciona
no local recentemente segundo alguns moradores, uma quadra de esportes, duas escola
municipais, uma de Ensino Médio, uma escola particular que oferece ensino
fundamental, uma praça pequena e uma capela, cuja padroeira é Nossa Senhora da
Conceição, um posto de saúde, cujo atendimento médico e odontológico se faz por meio
do Programa de Saúde da Família (PSF) e uma casa onde funcionava a Associação das
12
Disponível em: http://historia.zevaldoemaragogipe.com/2011/07/pequeno-historico-do-distrito-de.html.
Acesso em: 21 de abril de 2016.
13
Dados da Unidade de Estratégia Saúde da Família da localidade de Coqueiro.
14
Dados levantados durante a pesquisa realizada no ano de 2011, em conjunto com o Núcleo de Pesquisa
Desenvolvimento Regional, Política Social, Turismo e Cultura do Centro de Artes Humanidades e Letras
da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
13
ceramistas. Despreparados para o desenvolvimento de uma gestão colegiada na
associação, objetivando retornos sociais e econômicos coletivos, os ceramistas de
Coqueiro passaram a utilizar as instalações desta organização para apoio às atividades
culturais da comunidade, como a celebração de cultos religiosos ou ensaios do grupo de
samba de raízes, o ―Samba de Dona Cadu. Presidida atualmente pelo oleiro Ademir
Bernardo dos Santos, a associação não conseguiu obter o reconhecimento da
coletividade, deixando, assim, de contribuir para dirimir as divergências existentes no
grupo em análise; para minimizar a concorrência predatória via preços e também para
facilitar o processo de escoamento das cerâmicas, questões hoje fundamentais à
produção local. (QUEIROZ; SILVA; PEREIRA; SANTOS, 2011, p. 11)
15
Nas zonas rurais e nas cidades do interior e do litoral do Nordeste, é comum essa designação para
pequenas vendas ou mercearias onde encontra-se uma grande quantidade de produtos, desde mantimentos
até medicamentos para pessoas e animais.
18
A explicação do processo de fabricação tem como suporte o “Manual de Etnografia” de Marcel Mauss
(1967) e no “Guia Prático de Antropologia” da Comissão do Real Instituto de Antropologia da Grã-
Bretanha e da Irlanda (1971). Ambos recomendam a descrição das etapas da feitura dos artefatos ou
objetos em conformidade com a totalidade da organização social, mostrando todos os envolvidos, no caso
em questão os trabalhadores responsáveis pela produção ceramista. Bem como, demonstrar passo a passo
a modelagem, a queima, a fabricação, dentre outros.
14
representam16 atividades comerciais de pequeno porte que dão sustento a uma
quantidade reduzida de grupos familiares.
Como habitualmente ocorre nas áreas rurais do nordeste, foi constatado durante
as entrevistas que a falta de oportunidade de trabalho na localidade geram, na maioria
das vezes, um aumento da migração de jovens, de Coqueiros , para a capital de
Salvador.17
Esses aspectos que se sustentam através da tradição foram colhidos via oralidade
com entrevistas realizadas com a líder da localidade Dona Cadú e com outros
moradores que se relacionam com os elementos culturais envolvidos na pesquisa.
17
Elementos presentes nas falas dos entrevistados durante a pesquisa de campo.
15
Annales, o conceito de fonte historiográfica foi ainda mais diversificado, não apenas o
documento escrito é considerado fonte de pesquisa histórica. Entre estes novos
elementos , capazes de produzir leituras sobre a História, com os Annales, discutia-se
uma abertura maior para a análise de outros tipos de fontes, como as iconográficas ou
qualquer outro vestígio humano ou indicio que restou do passado pode servir como
fonte ao historiador, que passou a privilegiar temáticas culturais. Entre os objetivos da
História cultural como destaca Chartier: “A História cultural, tal como a entendeu, tem
por principal objetivo identificar no mundo como, em diferentes lugares e momentos,
uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler” (CHARTIER, 1988,
p.16).
Foi esse contexto que permitiu que a história oral se afirmasse como uma nova
fonte de pesquisa para o estudo da história contemporânea. Porém, seu surgimento não
foi nesse período, estima-se que sua origem foi em meados do século XX após a
invenção do gravador a fita (ALBERTI 2008, p. 156). Vale ressaltar que desde o inicio
até os dias atuais a historia oral tem passado por algumas transformações.
18
Talvez seja uma das primeiras aproximações da nascente História Oral com a Antropologia,
principalmente com Malinowski e seu conceito de observação participante.
16
‘moderna, que delas se distingue principalmente por exigir a gravação do relato, em
áudio e/ ou em vídeo e também por pressupor uma situação de entrevista com objetivos
bastante específicos”. (ALBERTI, 2008, p.156).
A partir dos anos 80, sobretudo após o regime militar, vários programas foram
criados, em universidades ou em outras instituições voltadas para a preservação da
memória. Do mesmo modo, foi crescendo um número significativo de pesquisadores
que utilizavam a metodologia da história oral na construção de suas teses de mestrado
e doutorado, porém o verdadeiro boom da história oral foi no inicio dos anos 90, tanto a
partir de transformações no próprio campo da história, com o rompimento do paradigma
estruturalista, como também a partir de transformações mais gerais na sociedade
brasileira. (FERREIRA, 1998)
19
Segundo Pollak seriam as ‘memórias subterrâneas’, que se opõem à ‘memória oficial’, no caso a
‘memória nacional’ (POLLAK, 1992: 4).
17
4.1 Memoria e Práticas Culturais no Distrito de Coqueiros
Ao pedir para D. Cadu, 97 anos, responder a pergunta “quem sou eu?” e falar
um pouco sobre a sua vida, ela responde com orgulho:
- D. Cadu: Ela é tudo minha filha. Eu gosto muito daqui. Quando o meu
marido faleceu os meninos (filhos) queriam me levar para Salvador eu não
quis. Aqui eu me distraio fazendo meu barro. A minha vida está aqui.
Dona Cadu evidencia uma forte identificação com Coqueiros ao falar que a
“comunidade” é tudo para ela e que a vida dela está lá. Portanto, não trata-se apenas de
um vinculo material com o local onde vive, mas de um vinculo emocional com as
20
Segundo os integrantes do grupo Filhos de Coqueiros, o grupo Filhos de Dª. Cadu que hoje é composto
por alguns moradores do município de São Félix era formado por pessoas da localidade que
posteriormente resolveram formar um outro grupo que é o Filhos de Coqueiros.
18
tradições, com a memória, e com o significado simbólico que a “comunidade”
representa para a mesma.
O samba de roda é uma atividade marcante que evoca memórias, sentimentos e até
mesmo saudades nos moradores de Coqueiros. As entrevistas realizadas com os
moradores de Coqueiros sobre o samba de roda nos permite analisar o lugar que esta
dança ocupa na memória coletiva e na construção da identidade do local tendo em vista
que o samba de roda é uma atividade bastante presente na realidade e na memoria
dessas pessoas.
Levam o Bom Jesus dos Navegantes pra Ponta de Sousa e depois vão
buscar, todos os barcos vão buscar. Aí todo mundo se diverte sambando e
cantando.(D. Cadu, 97 anos, 22 de agosto de 2016).
Aqui tinha muita festa de rua, hoje em dia, tá caindo cada vez mais, era
muita tradição, enfraqueceu mais... (Dª. Maria Lúcia Evangelista, 70 anos,
22 de agosto de 2016)
21
D´ALÉSSIO, Márcia Mansor. Memória: Leituras de M. Halbwachs e P. Nora. In: Memória, História,
Historiografia. Dossiê Ensino de História. Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH/ Marco
Zero, vol.13, n º 25/26, 92/93, p.102
22
Segundo relatos de alguns moradores a festa tradicional que ainda se realiza na localidade é a Festa de
N. Senhora da Conceição, realizada no dia 1º de janeiro.
19
principalmente no famoso Carnaval das Mascaras e na festa de São Bartolomeu,
padroeiro da cidade, que ocorre dia 24 de agosto – além de acompanharem a tradição
das rezas na região; sendo que atualmente segundo alguns entrevistados, o samba
também é lavado para outros locais tocando na maioria das vezes mais fora do que na
localidade. Contudo, “o passado deixou muitos traços, visíveis algumas vezes, e que se
percebe também na expressão dos rostos, no aspecto dos lugares [...] os costumes
modernos repousam sobre antigas camadas que afloram em mais de um lugar”
(HALBWACHS, 1990, p. 68).
Dª. Cadu também relata sobre as rezas para Santo Antônio e São Cosme e Damião
em sua casa:
Eu tenho dois São Cosme aqui em casa, um meu e um do meu pai que ainda
foi do meu bisavô. Todo ano eu faço caruru 23 e rezo os dois São Cosme,
porque meu pai antes de falecer me deu o dele.
- D. Cadu: Tudo minha filha. É bom porque eu me divirto, saio para dá uma
sambadinha.
- D. Cadu: Antigamente a gente tocava mais, a gente tocava muito por aqui
nas festas dos santo, Iemanjá, Nossa Senhora da Conceição, Bom Jesus dos
Navegantes, todo mundo se divertia. Agora a gente toca mais fora, mas
agora com essa crise minha filha. Sempre viajei, já fui com o samba no
Pelourinho, no Instituto Mauá, Jardim dos namorados, tocava nas festas em
Santo Amaro, Maragojipe.
- Comecei no samba de Dona Cadu, na minha vida o samba é tudo, é uma coisa
que eu nem sei explicar.
23
O caruru, é uma comida baiana feita com quiabo, camarão seco e azeite de dendê, e várias outros
ingredientes, que se realizava e ainda se realiza no recôncavo como promessa a São Cosme e Damião ou a
alguns santos em forma de agradecimento a um pedido feito. O elemento principal do evento é a comida,
o samba de roda era e ainda é o seu complemento, sendo que um dependia do outro para acontecer.
20
Na fala da maioria dos moradores do local que conversei, o samba aparece na
memória, ligada ao caruru24 e/ou candomblé25. Nas culturas africanas e indígenas, a
dança, o canto, a música, sempre foram parte do sagrado, e portanto de todos os seus
ritos. É nesse contexto religiosos do caruru onde sempre foi transmitida a memória
ancestral do samba. (KRSTULOVIC, 2016). Valdecira, conhecida como Jó, 42 anos,
também integrante do grupo Filhos de Coqueiros :
25
As rodas de samba de roda fazem parte das celebrações religiosas, todas elas acontecem num momento
mais lúdico e descontraído, quase sempre no final da festa, quando os rituais correspondentes acabam e
começa o momento da comida, da dança, da alegria e o compartilhamento.
26
Além dos sambas de caboclo, observei em relatos dos entrevistados que algumas casas de candomblé
convidavam no passado e hoje grupos de samba de roda, principalmente nas festas comemorativas.
21
Integrantes do Grupo Filhos de Coqueiros (Zé e Simone).
Fonte: Autora 2016
O caruru é um assunto constante nas falas dos sambadores entrevistados, que tem
nas lembranças os sambas de roda feitos nos carurus, o que mostra que o caruru foi um
espaço privilegiado de transmissão do samba de roda.
Portanto, a palavra samba “designa o evento, a dança, a letra, a música e o conjunto
musical que a executa, é referido na região como uma entidade substancial - samba é
"sangue", é "vida", é "alegria de viver", entre outros ditos. Assim, a festa não representa
mero divertimento, mas sim elemento integrante e integrador de rituais tanto religiosos
como seculares e, sobretudo, do cotidiano”. (GRAEFF, 2013, p. 2)
27
Para maiores informações sobre os acessórios utilizados para o consumo de alimentos na Bahia nos
séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, ver Tachos, panelas e Cia: pequena historiografia da alimentação na
Bahia. Fundação Pedro Calmon.
22
em Salvador: Eu comecei trabalhar em exposição desde o governo de Roberto Santos.
A primeira exposição que eu fui foi com ele no Campo Grande no Solar na união
deixei Maragojipe em primeiro lugar. E diferencia a cerâmica de Coqueiros em relação
a outros polos de cerâmica da Bahia: “Em Maragogipinho, os homens trabalha usando
os pés para moldar o barro no torno e a louça não tem a resistência que a de
Coqueiros tem, a de lá não serve pra cozinhar, a de Irará também dá pra cozinhar, mas
é uma louça brejeira”. Dona Cadu também fala da cerâmica de Rio Real, que estas
“são mais para guardar água e para enfeite”.
Assim, a cerâmica de Coqueiros é uma das praticas que contribuem na formação da
identidade e preservação da tradição da localidade, reforçando os laços de sociabilidade
entre os moradores do local.
Legado cultural transmitido por gerações, esse artefato passou por modificações e
seguiu novos estilos. Quando indagado sobre a existência de alguma diferença em
relação a produção cerâmica de alguns anos atrás com os dias de hoje o Oleiro28 Ademir
Bernardo ressaltou que, em relação ao consumo local, antigamente cozinhavam mais
nas panelas de barro. Segundo ele mudaram também as formas de vendagem e foram
criadas novas peças como, canoeiras, frigideiras, molheiro, tigelas, rechaud29, etc.
28
Oleiro é aquele cria, molda e dá forma ao barro.
29
Espécie de fogareiro que serve para manter a comida a ser servida na mesa, sempre quente.
23
Algumas ceramistas durante as entrevistas lembram com orgulho do passado,
período em que, segundo elas, a cerâmica dava bastante lucro. Como afirma D
Raimunda e Maria da fazenda do Rosário:
Antes dava mais lucro, agora tá vendendo pelo amor de Deus, tá difícil de
vender, tem um bom tempo que não vende nada. (Raimunda, 22 de agosto)
Esse trabalho é muito importante pra mim foi através da cerâmica que eu
criei meus filhos tudo. (D. Maria Lúcia, 70 anos, 22 de agosto de 2016)
Todo dia cinco e meia da manhã eu estou aqui. Meu distraimento é meu
trabalho... Eu me sinto muito bem aqui. Eu tenho que trabalhar todo dia. No
dia que eu não trabalho não tem nada certo pra mim. (D. Cadu, 8 de abril)
(...) Gosto muito do meu trabalho, peço a Deus saúde e força pra trabalhar.
Os meus meninos fala: A senhora não tem necessidade é aposentada, recebe
pensão... aí eu digo: Enquanto Deus me der vida e coragem eu to
trabalhando.(D. Maria Lúcia, 22 de agosto)
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Hoje a cerâmica de Coqueiros é comercializada na beira da estrada e em feiras
da região e da capital Salvador, e após a vinda da UFRB para as suas cidades vizinhas
(Cachoeira e São Félix), houve um súbito interesse dos pesquisadores na Cerâmica,
assim como de outros atores sociais.30
Os ceramistas falam com muita tristeza do fechamento do Instituto de Artesanato
Visconde de Mauá31, que só adquiria produtos tradicionais, como ressalta Dona Cadu
quando indagada se a cerâmica é valorizada pelo poder público a ponto de desenvolver
ações que considerasse esse legado e pudesse implementar alguma melhoria nas
condições de venda: “Só na época do Instituto Mauá, hoje em dia depois com esse novo
governo acabou tudo, não tem mais nada minha filha”.
Com um investimento por parte do Governo da Bahia, na década de 80, 90 até os
anos 2000, novos lugares, específicos para exposição e venda dos produtos foram
gerados.
Há mais de 40 anos, durante a atuação do Instituto Mauá houve um auge da
cerâmica de Coqueiros, houve feiras de cerâmica nas capitais (Salvador, Rio de Janeiro,
São Paulo, Curitiba, dentre outras). Os ceramistas participavam, principalmente, com o
apoio das instituições governamentais (Isto foi/é importante para o escoamento da
produção). Contudo:
Essas mulheres, com baixa escolaridade, praticamente desassistidas pelos
poderes públicos, ainda não conseguiram organizar-se, efetivamente, para
uma produção em parceria, objetivando benefícios coletivos. Um grande
passo nessa direção foi dado há cerca de 10 anos atrás, com a criação da
Associação de Ceramistas de Coqueiro, uma iniciativa local, apoiada pela
Prefeitura Municipal de Maragogipe e pela empresa Votorantim, responsável
pela construção das instalações que passaram a abrigar a sede da organização
comunitária (QUEIROZ, SILVA, PEREIRA, 2011, p.10).
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Durante a minha Graduação em Museologia, participei do Grupo de pesquisa “As mãos que modelam o
barro” que tinha como objeto de estudo a cerâmica de Coqueiros, assim como durante a pesquisa de
campo para o desenvolvimento deste trabalho encontrei na localidade alguns pesquisadores de diversas
partes do Brasil.
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Era uma autarquia vinculada à Secretaria do Estado e Ação Social, que realizava ações que foram
sistematicamente desenvolvidas durante 76 anos, seu objetivo era proporcionar o aproveitamento do
potencial criativo e valorizar a cultura artesanal regional de modo a promover e a impulsionar o seu
desenvolvimento.
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entretanto, as reuniões não são feitas. A cooperativa das ceramistas foi desviada do seu
verdadeiro sentido”.
As entrevistadas em seus relatos mostraram o fazer cerâmica como uma técnica
que o tempo não apaga de suas memórias e que apesar desse tipo de artefato não ter o
valor comercial que tinha antigamente para quem o produz, tem um valor simbólico
muito grande para os mesmos, pois, além de representar uma profissão, proporciona
muita satisfação para seus fabricantes, sendo um dos elementos que representa o local
para seus visitantes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intenção desta pesquisa foi de fazer uma reflexão não só das memórias dos
meus informantes, mas também das práticas culturais que os mesmos praticam em seu
dia-a-dia, procurando analisar como estas memórias e estas práticas culturais
contribuem com a sua identidade étnica.
Com relação ao samba de roda cheguei à conclusão de que esta pratica foi no
passado e continua sendo momentos de sociabilidades e muita alegria entre os
moradores. Os festejos na localidade que envolvia o samba de roda são contados pelos
mais velhos demostrando saudades. Por outro lado foi constatado na fala da maioria das
pessoas que entrevistei que o samba aparece na memória, ligada ao caruru, pois tem em
suas lembranças os sambas de roda feitos nos carurus de seus pais e avós, o que mostra
que o caruru foi um espaço privilegiado de transmissão do samba de roda.
Compreendemos também que o samba de roda contribui na construção da identidade
étnica da localidade, por meio do relacionamento com outros grupos, quando o samba
de roda é apresentado em outros locais.
A análise da produção de cerâmica em Coqueiros teve em vista não apenas o
objeto em si, mas sobretudo proporcionar uma discussão sobre os significados que a
cerâmica tem para as ceramistas. Foi constatado no campo que a cerâmica é uma
técnica passada de geração a geração, e que somente três homens da localidade
desenvolve a prática e que a mesma é importante para as ceramistas, não só
economicamente, mas sua importância também acontece ao fortalecer os laços de
sociabilidade entre as mesmas, visto que, a cerâmica não dá lucro, mas eles persistem na
atividade porque foram socializados nela desde a infância. É mais do que um trabalho. É
um modo de vida, é uma atividade que forja a identidade social desses sujeitos. Além
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disso, o que define uma das identidades das mulheres de Coqueiros é a identidade das
ceramistas. Elas demonstram sua diferença cultural em relação a outros grupos
ceramistas, quando apresentam seu trabalho como sendo um dos poucos trabalhos que
ainda conserva seu “modo de fazer”.
Por fim, essa pesquisa nos ajudou compreender que as memórias dessas pessoas,
suas práticas culturais, mantida em interações com outros grupos sociais, colaboram na
formação da sua identidade étnica.
Percebe-se aqui, portanto, que abri uma discussão na qual reina a
impossibilidade de um ponto final a respeito das memórias e das práticas culturais dos
coqueirenses. Ainda é necessário um apanhamento histórico bem mais profundo, que
der continuidade aos estudos já desenvolvidos no local em relação à compressão do
dia-a-dia desses agentes. Dentro daquilo que já foi discutido, espero ter trazido ao leitor
deste trabalho um pouco da minha inquietação e interesse no que diz respeito ao estudo
da localidade em questão.
REFERÊNCIAS
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Bassanezi. Fontes Históricas. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2011. p. 155-202.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Quem são as populações tradicionais? In: Unidades de
Conservação no Brasil. Disponivel em:
https://uc.socioambiental.org/territ%C3%B3rios-de-ocupa%C3%A7%C3%A3o-
tradicional/quem-s%C3%A3o-as-popula%C3%A7%C3%B5es-tradicionais. Acesso em
21/10/216.
CHARTIER, Roger. “Introdução. Por uma sociologia histórica das práticas culturais.”
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Trad. Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988, p.13 - 28.
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FERREIRA, Marieta de Moraes. Desafios e dilemas da história oral nos anos 90: o caso
do Brasil. História Oral, São Paulo, nº 1, p.19-30, jun. 1998.
GEERTZ, Clifford. Nova luz sobre a antropologia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2001,
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PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. 2. ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2005. p. 14.
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rota para o saber – fazer das senhoras de Coqueiro. In: XIV Encontro Nacional da
APUR. Rio de Janeiro - RJ – Brasil. 2011.
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