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Bioquímica

Catarina Cavaco

2008/2009
Índice
QUÍMICA - revisões ....................................................................................................................... 3
Água........................................................................................................................................... 3
Interacções moleculares ........................................................................................................... 3
Solubilidade ............................................................................................................................... 4
pH dos fluidos biológicos........................................................................................................... 4
Acidose ou Alcalose ................................................................................................................... 5
PROTEÍNAS .................................................................................................................................... 7
Qualidade da proteína .............................................................................................................. 7
Aminoácidos .............................................................................................................................. 8
Características das Proteínas .................................................................................................. 11
Hemoglobina ........................................................................................................................... 13
Albumina ................................................................................................................................. 16
𝜶1- antitripsina ....................................................................................................................... 16
Cianose .................................................................................................................................... 16
Hemoglobinopatias ................................................................................................................. 16
Hemoglobina s......................................................................................................................... 17
Malária .................................................................................................................................... 17
ENZIMAS ...................................................................................................................................... 19
Nomenclatura.......................................................................................................................... 20
Cinética Enzimática ................................................................................................................. 22
Factores que afectam as reacções enzimáticas ...................................................................... 24
Efeito de inibidores e activadores ........................................................................................... 25
Efectores Alostéreos ............................................................................................................... 27
Aplicações Clínicas: Enfarte do Miocárdio .............................................................................. 27
Aplicações Clínicas: Sensibilidade ao álcool ............................................................................ 28
Trabalho - Marcadores tumorais............................................................................................. 28
GLÍCIDOS ..................................................................................................................................... 31
Classificação dos Glícidos ........................................................................................................ 31
Principais funções.................................................................................................................... 32
Isómeros .................................................................................................................................. 33
Derivados das Oses ................................................................................................................. 34
Ligação glicosídica ................................................................................................................... 35

1
Dissacáridos............................................................................................................................. 35
Polissacáridos .......................................................................................................................... 36
Produtos de fermentação bacteriana no cólon ...................................................................... 37
Captação de ácidos biliares ..................................................................................................... 39
Glicosaminoglicanas e mucopolissacáridos ............................................................................ 39
LÍPIDOS ........................................................................................................................................ 41
Funções ................................................................................................................................... 41
Lípidos nos alimentos .............................................................................................................. 41
Classificação dos lípidos .......................................................................................................... 42
Álcoois dos lípidos ................................................................................................................... 42
Ácidos gordos .......................................................................................................................... 43
Lípidos simples ........................................................................................................................ 44
Lípidos complexos ................................................................................................................... 45
Lipoproteínas........................................................................................................................... 47
Factores de risco para aterosclerose ...................................................................................... 51
VITAMINAS .................................................................................................................................. 53
Classificação de Vitaminas ...................................................................................................... 54
Trabalho - Vitaminas na metilação de DNA ............................................................................ 56
Trabalho - Hiperparatiroidismo e o Metabolismo do cálcio ................................................... 60
STRESS OXIDATIVO ...................................................................................................................... 63
METABOLISMO ............................................................................................................................ 67
Metabolismo da fase de absorção .......................................................................................... 67
Metabolismos da fase pós-prandial e jejum ........................................................................... 74
Trabalho - Metabolismo do Fígado ......................................................................................... 79
TRABALHOS ................................................................................................................................. 81
Polimorfismos - fibrose quística .............................................................................................. 81
Efeitos da radiação numa molécula de DNA ........................................................................... 82

2
QUÍMICA - revisões
Água
A água é uma molécula essencial à vida:
 Estabiliza a temperatura corporal
 Transporta nutrientes
 Funciona como reagente ou meio reactivo (reacções de hidrólise: ex. digestão)
 Estabiliza a conformação de polímeros
 Responsável pelo comportamento das macromoléculas

A molécula de água é polar, com cargas parciais de sinais opostos.


Entre moléculas de água ocorrem ligações por pontes de hidrogénio.

Exemplo de outro transportador: albunina


Proteína em maior quantidade no plasma  transporta bilirrobinas (produtos de
degradação da hemoglobina) para o fígado para serem eliminados.
As nódoas negras são a degradação do grupo heme da hemoglobina.
As bilirrobinas dão a cor amarela a quem tem icterícia ou porque se degrada muito
hemoglobina (bebés) ou devido a alterações hepáticas.

Interacções moleculares
Ligações electrostáticas
A força electrostática é dada pela lei de Coulomb.

Ligações por dipolos


O instantâneo é induzido.

Pontes de hidrogénio
É a mais fraca das ligações fortes.
É um tipo especial de ligação dipolo-dipolo.
Ocorre entre o átomo de hidrogénio e um átomo muito electronegativo: oxigénio, azoto ou
flúor.

A densidade do gelo é menor que a da água (ser maior) porque as pontes de hidrogénio
deixam grandes espaços vazios.

3
Forças de Van der Waals
A principal é a de London.
Muito fraca.

Porque é que o colagénio tem ligações por pontes de hidrogénio e a hemoglobina por
forças de Van der Walls?
Porque o colagénio é uma proteína de resistência, não tem de andar a mudar, tem é de ser
forte.

Exemplo: Fluidez das membranas biológicas, para os fosfolípidos andarem de um lado para o
outro.

Solubilidade
“Polar dissolve polar”
“Apolar dissolve apolar”

Exemplos:
As cabeças polares dos lípidos da membrana orientam-se para o exterior, enquanto as
“caudas” hidrocarbonadas se dispõe no interior.
As cadeias polares (hidrofílas) da proteína expõem-se no exterior da molécula proteica,
enquanto as cadeias laterais dos aminoácidos apolares (hidrofobas) se orientam para o
interior.

pH dos fluidos biológicos


Em bioquímica, numerosas reacções ocorrem em condições óptimas de pH e as moléculas
biológicas perdem actividade fora de determinados limites de pH. Por isso, variações
significativas de pH têm consequências fisiológicas drásticas. Por exemplo se alterarmos o pH,
alteramos a estrutura da proteína, o que leva a que esta perca a sua função.

Soluções tampão: uma solução tampão consiste numa mistura de um ácido ou base fracos
com os seus conjugados e tem a propriedade de resistir à variação de pH quando lhe é
adicionado uma pequena quantidade de ácido ou base forte.

Equação de Henderson-Hasselbalch: pH= pKa + log [A-] / [HA]

4
Sistema tampão do plasma
O principal tampão extracelular é o tampão bicarbonato  tampão fisiológico muito
importante para nós  importante porque assim podemos resistir às alterações de pH.

Comportamento do tampão bicarbonato:

Acidose ou Alcalose

Acidose

Compensação pulmonar: aumenta a frequência e profundidade respiratória para diminuir os


níveis de CO2.
↑ CO2 expelido  CO2 dissolvido ↓
Atenção: se a falha inicial ocorre nos pulmões a compensação respiratória pode não ser
possível.

Compensação renal: O H3O+ em excesso é excretado. O HCO3 é retido e regressa à corrente


sanguínea. Ocorre se não se conseguir compensar respiratoriamente.

Alcalose
↑ CO2 expelido  CO2 dissolvido ↓

Compensação pulmonar: diminui a frequência e profundidade respiratória para aumentar os


níveis de CO2 no sangue.

Compensação renal: retenção do H3O+


HCO3 é eliminado na urina

5
Acidose respiratória
Doenças que impedem a libertação normal de CO2 nos pulmões, ou seja, aumenta o CO2 no
sangue.

Alcalose respiratória
Causa: hiperventilação causada por ansiedade ou histeria, envenenamento por ácido
acetilsalicílico, etc.

Acidose metabólica
Causa: aumento dos níveis de espécies ácidas, lactato (exercício físico intenso), acetoacetato,
b-hidroxibutirato, etc.

Alcalose metabólica
Causa: apesar de os mamíferos não sintetizarem compostos alcalinos podem, no entanto,
recebe-los por origem exógena. Muitos frutos e vegetais têm poder alcalinizante.
A alcalose pode ainda, ter origem na perda anornal de ácidos.
As perdas excessivas de ácidos podem surgir por situações prolongadas de vómitos ou
lavagens gástricas.
A diurese pode causar alcalose por perda excessiva de água e iões.

…úria: quer dizer que aparece aumentado na urina. Exemplo: fenilcetonuria.

6
PROTEÍNAS
 Constituem em o grupo mais importante das macromoléculas do organismo.
 Grande parte encontra-se nos músculos.
 Cetoácidos: usados para a síntese de proteína no ciclo de Krebs
 Não conseguimos sintetizar os aminoácidos essenciais, então temos de os consumir
 A necessidade metabólica depende do estado fisiológico e de desenvolvimento do
indivíduo.  Dose diária recomendada  mas em geral consumimos mais do que aquilo
que precisamos

O que pode estar na causa e um individuo que tem níveis de ureia altos?
Alimentação rica em proteínas, o que provoca um excesso de aminoácidos ou pouca água

Qualidade da proteína
 Composição em aminoácidos
 Digestibilidade: Se sofre digestão, hidrólise, que separa em aminoácidos que nós
podemos absorver
 Biodisponibilidade dos aminoácidos: estudar a molécula desde que é ingerida, ou
seja, estudar o seu percurso
Exemplo 1 : Cereais com leite: O cálcio liga-se às cargas ⊖ das fibras (fitatos) que
depois é eliminado e assim já não serve para nada
Exemplo 2: Anemia: o ferro é absorvido pela vitamina C e assim esta perde as suas
propriedades antioxidantes, o que é pior.

7
Aminoácidos

Estrutura geral:
radical
+
N3H – C – COO-

Os aminoácidos a negrito são os essenciais.


Quanto mais Ka ou pKa  + ácido  melhor perde protões (H+)

Aminoácidos Alifáticos

Têm cadeias laterais não ionizáveis, ou seja, não conseguem perder protões.

 Glicina
 Alanina
 Valina
 Leucina
 Isoleucina
 Metionina (Nota: o seu enxofre não tem muito efeito, uma vez que não lhe confere
polaridade por estar na parte hidrófoba)

Aminoácidos Aromáticos

 Fenialanina
 Tirosina  pode ser obtido da fenilanina, logo não é essencial
 Triptofano

8
Fenilcetonúria
Problema na fenialanina hidroxilase:
Doença em que não se consegue converter a fenialanina em tirosina devido a um problema
na fenialanina hidroxilase, e assim a tirosina não se transforma em melanina.
A fenialanina em excesso é tóxica para o cérebro.
A tirosina encontra-se diminuída nestes indivíduos, originando cor clara da pele e dos
olhos devido a uma copigmentação diminuída por deficiência em melanina.
O tratamento baseia-se numa dieta pobre em fenilalanina, de forma a permitir à criança
um desenvolvimento normal. Não é no entanto conveniente retirar toda a fenilalanina da
alimentação, porque ela é essencial para um bom desenvolvimento do nosso organismo.

Problema na tetrahidro-biopterina:
Cerca de 3% das crianças com níveis elevados de fenilalanina possuem valores normais
de hidroxilase mas apresentam deficiência na síntese ou redução da biopterina.
A deficiência em biopterina pode ser tratada, adicionando-a à dieta. No entanto, a
deficiência na hidroxibiopterina redutase é mais grave. Este enzima está envolvido na
síntese de percursores das catecolaminas e da serotonina.
As funções do sistema nervoso central estão seriamente afectadas e o tratamento deve
incluir administração de percursores de serotonina e catecolaminas.

A diminuição da tetrahidrobiopterina redutase provoca outro tipo de fenilcetonúria mais


grave porque a enzima que está comprometida não dá para introduzir, enquanto que a
outra fenilcetonúria só envolve aminoácidos.

Teste do pezinho

Aminoácidos Aromáticos
Têm grupos OH

 Serina
 Treonina

Aminoácidos Básicos
Têm grupos NH2
São capazes de ceder electrões

 Lisina
 Arinina
 Histadina

9
Aminoácidos Ácidos e amidas derivadas dos ácidos
 Aspartato
 Glutamato
 Asparagina  amida derivada do aspartato
 Glutamina  amida derivada glutamato

Aminoácido Sulfurado
Tem uma ligação persulfureto
 Cisteina  Cabelos encaracolados

Iminoácido
 Prolina  converte prolina em hidroxiprolina; Ligação do colagénio

Estado de ionização de um aminoácido


Os aminoácidos podem existir em solução sob três formas: aniões, iões dipolares e catiões,
dependendo do ph da solução.
Exemplo para a leucina: o pkCOOH= 2,4 e o pkNH3+ = 9,6

Ponto Isoeléctrico
Corresponde ao valor de pH para o qual a carga absoluta do aminoácido ou proteína é nula.
Numa electroforese (forma de separar proteínas ou aminoácidos com base num campo
eléctrico) corresponde ao ponto onde não há migração, nem para o eléctrodo positivo (ânodo)
nem para o eléctrodo negativo (cátodo). A proteína vai ficando num ponto de pH, migra
consoante a sua carga. Diz-se que a proteína “precipita”, ou seja fica parada.

pH da solução < pH do ponto isoeléctrico de um dado aminoácido  este fica carregado


positivamente  migra para o cátodo.
pH da solução > pH do ponto isoeléctrico de um dado aminoácido  este fica carregado
negativamente  migra para o ânodo.

Existem também imunoelectroforeses, que utilizam anticorpos específicos para a separação


das proteínas.

Soluções Tampão
Soluções de aminoácidos podem ser utilizadas como soluções tampão.
A zona tampão corresponde ao pKa ± 1
Atenção a gráficos, porque as vezes estão ao contrário.

Ver exercício sobre ponto isoeléctrico e solução tampão

10
Características das Proteínas

Péptido: polímero de aminoácidos (resíduo do aminoácido que fica na cadeia) unidos por
ligações peptídicas e liberta H2O.
Oligopéptido: péptido com menos de 10 resíduos de aminoácidos (resíduos porque já
perderam alguns dos seus átomos por pertencerem à cadeia).
Polipéptido: péptido com mais de 10 resíduos de aminoácidos.
Proteína: consiste num ou mais polipéptidos dispostos no espaço segundo uma configuração
tridimensional.

As proteínas são constituídas por 20 aminoácidos.

Diferentes combinações de aminoácidos



Proteínas com estruturas diferentes

Proteínas com funções diferentes

Níveis estruturais das Proteínas


Nota: é mais correcto dizer-se nível do que estrutura, uma vez que estrutura engloba tudo e os níveis
são diferentes.

Nível primário: sequência de aminoácidos. Uma proteína tem sempre este nível

Nível secundário: interacções entre resíduos de aminoácidos próximos na cadeia peptídica


(pontes de hidrogénio).
 Estrutura em 𝛼-hélice: mais comum, mas pode aparecer juntamente com a folha
pragueada.
 Folha pregueada paralela ou antiparalela
 etc.

Estrutura em 𝛼-hélice – Folha pregueada antiparalela – Folha pregueada paralela

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Nível terciário: interacções entre resíduos de aminoácidos mais afastados na cadeia peptídica.
As ligações envolvidas podem ser de: persulfureto (entre cistaínas), pontes de hidrogénio e
forças de van der waals (entre aa apolares).

Nível quaternário: associação de duas ou mais cadeias peptídicas, normalmente unidas por
forças de van der waals (hemoglobina, altera muito a sua estrutura) ou pontes de hidrogénio
(colagénio, porque precisa de ser mais resistente – tem nível 1º, 2º e 4º).

Nível 1º, 2º e 3º ---- Nível 1º, 2º, 3º e 4º (tem 2 subunidades)

Vantagem de conhecer a sequência da proteína: detalha-se melhor o erro numa doença.

Conformação das Proteínas

Proteínas globulares: são constituídas por cadeias peptídicas que se enrolam adquirindo
formas esféricas ou globulares (nível terciário porque há mais interacção entre aa + afastados).
Estas proteínas são solúveis em sistemas aquosos (aa hidrófobos ficam para dentro e os
hidrófilos(polares) para fora.

Proteínas fibrosas: apresentam-se como fibras alongadas. Estas proteínas são insolúveis em
água e resistentes.

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Classificação das proteínas (em termos químicos)

Proteínas simples: são constituídas apenas por aminoácidos.

Heteroproteínas: para além dos aminoácidos possuem um grupo prostético, que pode ser:
glícidos, lípidos, metais, etc.

Proteína Exemplo Grupo prostético


Simples Albumina -----
Glicoproteína Imunoglobulinas Glícidos
Colagénio (importantes para se
ligarem ao receptor da
membrana)
Lipoproteína Quilomicra, Lípidos
VLDL, LDL, HDL
Nucleoproteína Cromossomas Ácidos núcleicos
Hemeproteína Hemoglobina Heme
(também é uma metaloproteína porque tem
ferro, e uma cromoproteína devido à cor dada
pelo ferro)
Metaloproteína Ferritina Fe(iii)
Ceruloplasmina Cu(ii)

Função das proteínas

 Estrutura – colagénio
 Catálise - enzima
 Transporte – hemoglobina e albunina
 Hormona - ocitocina
 Defesa - imoglobulina

Hemoglobina
A hemoglobina é uma proteína tetramérica (4 subunidades, 2𝛼 𝑒 2𝛽) cuja função é de
transporte de O2 (não se considera que transporte CO2 porque a maior parte deste é
transportado por iões carboneto).
Em presença de concentrações elevadas de oxigénio, a molécula de hemoglobina pode
ligar-se reversivelmente a quatro moléculas de oxigénio (grupo heme).
Pelo contrário, na presença de quantidades elevadas de H+ e CO2, como sucede nos
capilares, o oxigénio é libertado.

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Interacção alósterea
Nota: alósterea significa conformação, que tem a ver com a forma (ex. uma pessoa dobrar-se), o que é
diferente de configuração, que tem a ver com a estrutura (ex. uma pessoa cortar uma perna e trocar por
um braço)

Uma curva sigmóide significa uma interacção cooperativa.


A ligação de oxigénio a uma subunidade aumenta a afinidade do oxigénio para as outras
subunidades  efeito de cooperatividade ou alósterio

Características de solução tampão

O CO2 produzido no músculo difunde-se para os capilares e forma o H2CO3. No eritrócito a


anidrase carbónica favorece a seguinte
reacção:

Nos capilares, a pO2 é baixa, o H+ proveniente da dissociação do H2CO3 é captado pela


hemoglobina o que favorece a libertação de O2.
Pelo contrário, nos pulmões a pO2 é elevada, o oxigénio liga-se à hemoglobina libertando os
protões.
Estes ligam-se ao HCO3- originando o ácido carbónico que por sua vez origina o CO2 que é
expelido.

Porque é que a
hemoglobina tem
comportamento de solução
tampão?

Porque ao nível dos


capilares o H+ é captado
pela hemoglobina e assim
a célula não fica ácida.

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Mecanismo de Cooperatividade
A hemoglobina possui dois estados conformacionais estáveis:
 estado T, que corresponde à conformação da desoxihemoglobina
 estado R, que corresponde à oxihemoglobina

Na transição T  R as subunidades estão tão fortemente acopladas que alterações no nível da


estrutura terciária provoca, alterações ao nível da estrutura quaternária. Ou seja, o oxigénio
liga-se e provoca alteração na hemoglobina e quando uma subunidade se liga ao O2 altera a
sua conformação e como as subunidades estão tão juntas umas às outras, estas alteram
também a sua conformação.
Quando pelo menos umas das subunidades se liga ao oxigénio, todas as subunidades são
simultaneamente convertidas no estado R.
As subunidades não ligadas aumentam a sua afinidade para o oxigénio. Este fenómeno é
designado por efeito de cooperatividade.

Efeito de Bohr
Está relacionado com a alteração da conformação da hemoglobina.
A ligação do oxigénio a uma subunidade provoca uma diminuição do pKa de alguns grupos
conduzindo à libertação dos protões.

No estado T da hemoglobina (desoxihemoglobina), os grupos ácidos estão carregados


positivamente e participam em ligações iónicas as quais aumentam o seu pKa, isto é,
tornando-os mais básicos, enquanto na hemoglobina com conformação R estas ligações não
existem. RT há muitos H+ que se ligam à hemoglobina sem saírem para estabilizar a
conformação T.

D-2,3 Difosfoglicerato (DPG)


É uma molécula carregada negativamente que interactua com três grupos carregados
positivamente das duas cadeias 𝛽 da hemoglobina.
Esta molécula liga-se à oxihemoglobina favorecendo a libertação do oxigénio.
Quando ocorre oxigenação, o DPG sai porque a cavidade torna-se muito pequena.
O DPG estabiliza o nível quaternário da estrutura da desoxihemoglobina, porque favorece a
saída do O2.
Este composto é importante para a libertação do oxigénio na zona dos capilares, o que
ocorreria em pequena extensão, na sua ausência. (Os alpinistas aumentam o D-2,3
difosfoglicerato)

Dióxido de carbono
O CO2 também influencia a ligação de O2 à hemoglobina ligando-se reversivelmente ao grupo
amina terminal das proteínas plasmáticas formando carbamatos.
A desoxihemoglobina liga mais CO2 do que a forma oxigenada.

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Albumina
É uma proteína não glicosilada com peso molecular elevado. Corresponde a cerca de 60% das
proteínas totais plasmáticas. É uma proteína simples, uma vez que só tem uma fracção
peptidica.
A albumina é produzida no fígado e tem como função transportar substâncias insolúveis
(hormonas, ácidos gordos, fármacos, …) até ao órgão de utilização ou de eliminação. Por
exemplo a albumina transporta as bilirrubinas até ao fígado para sofrerem reacções de
degradação.
Mantém a pressão osmótica (quando há um aumento de outras proteínas, a albumina
desce para manter a pressão) e constitui a maior reserva de aminoácidos.
Tem um período de semi-vida longo, porque a sua função é sempre mantida constante ao
contrário por exemplo da insulina.

𝜶1- antitripsina
Inibe as proteases.
Indivíduos com níveis baixos de α1- antitripsina apresentam uma maior predisposição para
doenças pulmonares e doenças hepáticas. α1- antitripsina baixa  menos inibição de
proteases  mais degradação das proteínas, incluindo as leucocitárias
Níveis elevados de α1-antitripsina tem sido associados a infecções agudas, porque aumenta
a produção de leucócitos.

Cianose
É uma doença caracterizada por os doentes apresentarem a pele ou as mucosas com a
coloração roxa.
Isto surge devido a uma elevada concentração de desoxihemoglobina que se torna visível. A
dificuldade de oxigenação da hemoglobina leva ao aumento da desoxihemoglobina.
A cianose é característica de doenças cardíacas ou pulmonares que originam a oxigenação
inadequada do sangue.

Hemoglobinopatias doenças genéticas

Defeito quantitativo: alteração na produção da cadeia de globulina


Defeitos qualitativos: substituição, insercção ou delecção de um ou mais aminoácidos.
Persistência hereditária da hemoglobina fetal (hpfh), que devia ser degradada e substituída
por uma normal.

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Hemoglobina s
É uma variante da hemoglobina A em que o glutamato é substituido por uma valina na posição
6 da cadeia 𝛽 da hemoglobina.
Esta mutação provoca alteração da forma dos eritrócitos. Esta alteração favorece a ligação
entre diferentes cadeias, o que forma vários polímeros e torna a estrutura diferente.

As células falciformes têm tendência a agrupar-se e quando aderem aos vasos diminuem o
fluxo sanguíneo o que provoca um maior risco de doenças.

Malária
Esta doença surge pela picada de um mosquito que infecta o eritrócito com o plasmodium
falciparum.
Os eritrócitos infectados aderem às paredes dos capilares causando a morte, quando as
células impedem o fluxo de sangue num órgão vital.
O plasmodium aumenta a acidez dos eritrócitos infectados. Por sua vez, os valores baixos
de pH favorecem a formação das células falciformes.
Estes eritrócitos são normalmente removidos da circulação pelo baço.
Durante os primeiros estadios da infecção da malária, os parasitas são destruídos pelo
processo de remoção dos eritrócitos infectados. Numa fase mais avançada os eritrócitos
infectados vão ligar-se às paredes dos capilares presumivelmente para evitarem a sua remoção

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Hemoglobina s e malária
A alteração da célula característica da hemoglobina s leva à destruição do parasita.
Consequentemente, indivíduos heterozigotos que possuem esta variante apresentam uma
vantagem adaptativa, tendo mais possibilidade de sobreviver a esta doença, do que os
indivíduos com hemoglobina normal.

18
ENZIMAS
De facto, e com a excepção de um pequeno grupo de moléculas de RNA com capacidade
catalítica  Todas os enzimas são proteínas

Os enzimas assemelham-se aos catalisadores químicos por:


 Aumentarem a velocidade das reacções
 Baixarem a energia de activação
 Não serem destruídas pelo efeito da reacção
 Não alterarem o equilíbrio químico das reacções em que participam

Os enzimas diferem dos catalizadores químicos por:


 Possuírem velocidades de reacção superiores
 Catalisarem em condições moderadas: catalisam a temperaturas amenas, à pressão
atmosférica, a pH neutro
 Serem reguláveis: a actividade catalítica pode ser regulada actuando-se sobre a
enzima, não dependendo só da sua presença/ausência (centros aloestéricos)

A actividade catalítica de uma enzima depende da


integridade da conformação da sua proteína nativa:
 A dissociação em subunidades - perda do nível quaternário da estrutura: implica a
perda ou alteração da sua actividade catalítica (pode constituir um processo
regulatório da própria célula)
 A alteração do nível terciário pode implicar a perda ou a modificação da sua
actividade catalítica
 A desnaturação – perda dos níveis estruturais terciários e secundários: implica a perda
da actividade catalítica de uma forma quase sempre irreversível
 A hidrólise da enzima – perda do nível primário da estrutura: implica a destruição da
enzima

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A holoenzima é a enzima activa, constituída por uma apoenzima podendo ter também um
cofactor. A apoenzima é a fracção proteica da enzima.

Nomenclatura

Normalmente: Nome do substrato + o que transfere + tipo de reacção + sufixo ase

Mas há igualmente:
 nomes triviais – pepsina, tripsina
 enzimas com mais de um nome
 enzimas com o mesmo nome

Sistema internacional de Classificação (IUBMB)


 Seis classes distintas
 Cada classe é dividida em subclasses
 Cada subclasse é dividida em subsubclasses
 Em cada subsubclasse é atribuído um número e um nome sistemático à enzima
 O nome contém os substratos em primeiro lugar, seguido pelo tipo de reacção e
terminando no sufixo –ase

Cada enzima é assim classificada com 4 números e um nome sistemático.


Exemplo: ATP + D-glucose  ADP + D-glucose-6-fosfato
EC 2.7.1.1 ATP:glucose fosfotransferase (mais conhecida por hexocinase)

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Classes de Enzimas

OXIDOREDUCTASES
Catalisam reacções de oxidação-redução, transferem electrões ou hidretos.
Exemplo: CH3CH2OH + NAD+  CH3CHO + NADH + H+ EC 1.1.1.1 alcool:NAD+ oxidoreductase
Subclasses deoxidoreductases:
 Desidrogenases: dador + NAD+ ou FADHdador oxidado + NADH + H+
 Peroxidades: dador + H2O2  dador oxidado + H2O
 Catalase: H2O2 + H2O2  O2 + 2 H2O

TRANSFERASES
Catalisam a transferência de grupos químicos entre dois compostos
Exemplo: ATP + D-Glucose  ADP + D-glucose-6-fosfato EC 2.7.1.2 ATP: D-glucose 6-
fosfotransferase
Subclasses de transferases:
 Aminotransferases: NH2A + B  A + NH2B
 Cinases: ATP + A  ADP + A-fosfato
 Fosforilase: fosfato + A  H2O + A-fosfato
 Glicosiltransferases: Glícido -A + B  A + glícido -B

HIDROLASES
Catalisam o desdobramento de compostos por reacção com a água
Exemplo: ATP + H2O  ADP + fosfato EC 3.6.1.3 ATP fosfohidrolase
Subclasses de hidrolases:
 Esterases: R-COOR’ + H2O  R-COOH + HOR
 Glicosidases: Glícido-Glícido+ H2O  Glícido + Glícido
 Peptidases: aa-aa + H2O  aa + aa
 Fosfatases: R-fosfato + H2O  ROH + fosfato
 Desaminases: R-NH2 + H2O  ROH + NH3+
 Ribonucleases: Nt-Nt + H2O  Nt + Nt

Nota: a desaminase catalisa a reacção em que quando os aa estão em excesso vão para a
ureia.

21
LIASES
Catalisam reacções de remoção-fixação de vários grupos químicos.
Exemplo: Cetose-1-fosfato  dihidroxiacetona-fosfato + aldeído EC 4.1.2.7 cetose-1-fosfato
aldeído-liase
Subclasses de liases:
 Descarboxilases: RCOOH  RCH + CO2
 Dehidratases/Hidratases: RCH2CHOH  H2O + RCH=CHR

ISOMERASES
Catalisam isomerizações de diversos tipos
Exemplo: L-glutamato  D-glutamato EC 5.1.1.3 glutamato racemase

LIGASES
Catalisam a união de duas moléculas à custa da hidrólise do ATP ou outro trifosfato
Exemplo: Piruvato + CO2 + ATP  oxalocetato + ADP EC 6.4.1.1 piruvato : CO2 ligase

Cinética Enzimática
A cinética química é a disciplina que estuda as leis que regem a velocidade das reacções.
A velocidade de uma reacção pode ser calculada medindo-se a variação da concentração
dos produtos ou dos reagentes por unidade de tempo. Nota. Quando calculamos com os
reagentes tiramos os menos.

Leis Diferenciais de Velocidade


As velocidades das reacções estão relacionadas com as concentrações dos reagentes através
das leis diferenciais de velocidade.
v0 = k [R1]x [R2]y [R3]z …
k = Velocidade específica da reacção
x, y, z = Ordens da reacção

Efeito da concentração da enzima


A velocidade é directamente proporcional à concentração de enzima, pelo que é uma cinética
de 1ª ordem.

Efeito do substrato
À medida que a concentração do substrato aumenta, a velocidade aumenta até à saturação
completa do enzima.
A velocidade da reacção atinge um máximo para o ponto de saturação do enzima (v máx). Isto é,
todos os centros activos estão ocupados.

22
Equação de Michaelis-Menten

E + S ⇄ ES ⟶ E + P

Condições:
 o complexo ES encontra-se no estado estacionário.
 Sob condições de saturação todos os enzimas são convertidos em ES, não
existindo nenhum livre.
 Se todos os enzimas estão na forma de complexo ES então a formação de
produto é máxima.

Constantes de Michaelis-Menten
Km  mede a afinidade. Corresponde à concentração de substrato para a qual o enzima actua
a metade da vmáx. Este valor é característico de cada enzima. Se o km é muito elevado, significa
que é necessário uma concentração de substrato elevada para atingir metade da vmáx, ou seja,
o enzima tem pouca afinidade para o substrato.
Vmáx  indica a eficácia da reacção

Exemplo 1:
Glucose + ATP 6-P-Glucose+ADP Km1
Manose + ATP  6-P-Manose+ADP Km2
Enzima das 2 reacções: hexocinase
Km1<Km2
 Com estes dados ficamos a saber que a hexocinase tem mais afinidade para a glucose
que para a manose.

Exemplo 2:
Glucose + ATP 6-P-Glucose+ADP Km1 -- hexocinase
Glucose + ATP 6-P-Glucose+ADP Km2 -- glucocinase
Km2>Km1
 A glucocinase tem menos afinidade que a hexocinase, porque trabalha com valores
mais altos de glucose no fígado, e são esses valores altos que são necessários.

Forma linear da equação de Michaelis-Menten

23
Factores que afectam as reacções
enzimáticas

Efeito da Temperatura afecta:


 A estabilidade do enzima: ↑ Temperatura  alterações na sua estabilidade
conformacional, que em casos extremos conduzem à desnaturação  perda da
actividade enzimática (porque se quebrou ligações)  diminuição da velocidade da
reacção
 A velocidade da reacção catalisada: aumenta a velocidade da reacção de um modo
directo. Um aumento da temperatura aumenta o movimento das moléculas e
consequentemente a velocidade das reacções enzimáticas.
 A afinidade entre o substrato e o enzima
 A ionização de grupos importantes para a catálise ou para a estabilidade do enzima
 A afinidade entre inibidores ou activadores e o enzima
 O equilíbrio da reacção
 Etc…
Quando a temperatura aumenta, aumentam os choques entre as partículas
(↑ energia cinética)
Assim, a temperatura tem dois efeitos antagónicos. Em consequência, há igualmente uma
temperatura óptima de actividade enzimática

Efeito do pH:
O pH – ou a concentração hidrogeniónica, [H+] – actua na catálise enzimática a três níveis:
 Sobre a reacção: o H+ pode intervir directamente como substrato ou produto, pelo
que a alteração do pH pode afectar o equilíbrio e a velocidade da reacção.
 Sobre o substrato ou o produto: o H+ pode alterar o estado de ionização do substrato
ou do produto, transformando-o numa molécula diferente com uma afinidade
diferente para a enzima. Exemplo: CH3COOH e CH3COO-
 Sobre o enzima: o h+ vai alterar o estado de ionização dos resíduos de aminoácidos
que constituem o enzima, o que conduz a alterações nas conformações dos enzimas e
à modificação das suas estruturas:
o dissociação em subunidades
o alteração do centro activo (com ganho ou perda de actividade)
o perda de estruturas terciárias e/ou secundárias
o em casos extremos, desnaturação do enzima
Em consequência, a maioria dos enzimas possui uma faixa estreita de pH onde possui
actividade catalítica, com um pH óptimo de actividade.

24
Exame:

Na presença de diferentes pH o que se verifica entre a enzima a e c?


C é menos sensível a alterações de pH, ou seja, c é constituído por mais aminoácidos
alifáticos (não há tantas alterações devido ao pH).

Efeito de inibidores e activadores

Activador ou inibidor ligam-se ao centro alostérico  inibição não competitiva


Activador ou inibidor ligam-se ao centro activo  inibição competitiva

Exemplo: Hipercostrolémia – pode ser devida a uma


alteração genética que altera as enzimas, logo as
pessoas que têm esta doença, têm de tomar fármacos
que inibem uma enzima e que assim não vai produzir
colesterol.

Nas inibições o Km nunca diminui porque assim


aumentava a afinidade.

Inibição competitiva

Certos enzimas são capazes de transformar mais do


que um substrato, desde que sejam semelhantes.

Exemplo 1: a hexocinase fosforila a glucose e a


manose – um é inibidor do outro.

Neste caso o km aumenta e a vmáx mantém-se.

25
1/Vmax
-1/KM

Inibição não competitiva

Km mantém-se e a velocidade diminui

26
Efectores Alostéreos
Semelhante a inibição não competitiva.
Os efectores ligam-se aos centros alostéreos ou centros reguladores.
Ao estabelecer a ligação enzima-efector haverá uma alteração da conformação do enzima
no sentido de se tornar mais activa – efector positivo - ou menos activa – efector negativo.
É frequente um dos produtos finais da sequência metabólica ser um inibidor alostéreo da
1ª enzima, actuando como inibidor de feedback ou retroinibição.

Aplicações Clínicas: Enfarte do


Miocárdio
Há a formação de um trombo porque houve uma rotura da veia devido aos lípidos e o trombo
vai agarrar o vaso para não deixar o sangue sair, mas às vezes a rotura é grande demais.
O miocárdio não vai produzir ATP suficiente, uma vez que não tem O2, então vai fazer
glicolise anaeróbia, formando lactato ou vai buscar uma reserva de fosfato creatina ao
músculo.

Creatina Cinase

A creatina cinase (ck) catalisa a transferência reversível do grupo fosfato do ATP para a
creatina originando fosfato de creatina.
Este enzima é dimérico, as subunidades são designadas por m (muscle) e b (brain) e
combinam-se formando três isoenzimas:
 BB OU CK1, encontra-se em elevadas concentrações no cérebro, pulmão e intestino
 MB OU CK2, é específica do músculo cardíaco
 MM OU CK3, existe em elevadas concentrações no músculo esquelético e coração

Significado clínico:
O aumento de ck2 é um indicador de destruição do miocárdio.
É libertado na circulação aproximadamente entre 2 a 12 horas depois da dor no peito e
normalmente desaparece depois de 30 horas podendo persistir durante 72 horas.

27
Lactato Desidrogenase

É um enzima tetramérico e apresenta cinco isoenzimas originas da combinação das quatro


subunidades:
 LDH1 (HHHH),
 LDH2 (HHHM),
 LDH3 (HHMM),
 LDH4 (HMMM)
 LDH5 (MMMM).
A subunidade H encontra-se em maiores concentrações no coração e a M no
músculoesquelético.
Esta é a enzima envolvida na produção de lactato a partir de glucose, que é a única maneira
que o coração tem de obter energia, após um enfarte.

Significado clínico:
A LDH é um importante indicador de enfarte de miocárdio.
Após o enfarte os níveis de LDH aumentam nas 12 a 24 horas seguintes.
Em situações normais a LDH2 apresenta níveis superiores à LDH1, no caso de enfarte ocorre a
inversão, isto é, a concentração de LDH1 torna-se superior à de LDH2.

A combinação do estudo da CK e da LDH confere uma maior sensibilidade e especificidade no


diagnóstico do enfarte do miocárdio.

Aplicações Clínicas: Sensibilidade ao


álcool
Alguns asiáticos apresentam maior sensibilidade ao consumo de álcool.
Menores quantidades ingeridas produzem vasodilatação e aumento dos batimentos cardíacos.

O etanol é convertido em acetaldeído pela seguinte reacção:


CH3CH2OH + NAD+ CH3CHO + NADH + H+
A enzima que catalisa esta reacção é a álcool/etenol desidrogenase.

O acetaldeído é removido por um enzima mitocondrial, aldeído desidrogenase, que o converte


em acetato. Alguns asiáticos possuem apenas este enzima citosólico com um km elevado para
o acetaldeído.

Trabalho - Marcadores tumorais


Moléculas marcadoras
São moléculas existentes na superfície celular que permitem identificar outras células e
moléculas. A grande maioria são glicoproteínas ou glicolípidos.
A comunicação e o reconhecimento intercelular são importantes uma vez que as células não
são entidades isoladas e têm de trabalhar em conjunto para assegurar o funcionamento normal
do organismo.

28
Marcadores tumorais
Um marcador tumoral é então uma substância presente ou produzida pelo próprio tumor ou
pelo hospedeiro em resposta a um tumor.
Pode ser usado para diferenciar um tumor de um tecido normal ou para determinar a
presença de um tumor, permitindo reflectir o seu crescimento, actividade, evolução e resposta
terapêutica.
Estas substâncias podem ser encontradas nas células, nos tecidos, nos fluidos corporais e
podem ser medidas qualitativamente por métodos químicos, imunológicos ou biológicos para
identificar a presença de cancro.

Classificação de marcadores tumorais


 Enzimas
 Isoenzimas
 Anticorpos oncofetais
 Hormonas
 Receptores
 Alterações genéticas

Aplicações
 “screening” na população em geral
 Diagnóstico diferencial em pacientes sintomáticos
 Medição clínica do estado do cancro
 Estimar o volume do cancro
 Indicador prognóstico para a progressão da doença
 Avaliação do sucesso do tratamento
 Detectar a reincidência de cancro
 Monitorizar respostas à terapia
 Radioimunolocalização de massas tumorais
 Determinação directa para imunoterapia

Marcadores tumorais específicos – enzimas


Com algumas excepções, a alteração dos valores normais de um enzima ou isoenzima não é
específico ou sensível o suficiente para ser usado para identificar o tipo de cancro ou órgão
específico envolvido. Uma excepção é o PSA, que irá ser descrito mais à frente.
Os enzimas estão presentes em maiores concentrações no interior da célula. Como resultado
de necroses tumorais ou pela alteração da permeabilidade da célula cancerosa os enzimas são
libertadas no sistema circulatório.
Quando há libertação de enzimas no sistema circulatório, provavelmente a metástase do
tumor já ocorreu.
A maioria dos enzimas não são específicos de um só órgão, são então mais usados como
marcadores tumorais não específicos.

29
Alcalina fosfatase
O alcalina fosfatase pode surgir do fígado, dos ossos e da placenta.
Elevados níveis de alcalina fosfatase são detectados no cancro do fígado primário ou secundário
e podem ser úteis para avaliar a metastização de cancro relacionado com o fígado e ossos.
Altos níveis de alcalina fosfatase podem estar associados a outras neoplasias, como a leucemia e
o linfoma, e a outras complicações como a infiltração hepática.

Creatina cinase
O creatina cinase é um dímero que consiste em duas subunidades, uma muscular e uma cerebral.
Existem 3 isoenzimas a CK1 (BB), a CK2(MB) e a CK3(MM).
Apesar da utilidade do creatina cinase como marcador tumoral continuar em processo de
investigação, elevados níveis de CK1 estão associados ao cancro da próstata, do pulmão e também
ao cancro da mama, do cólon e ovário.

Lactato desidrogenase
O lactato desidrogenase é um enzima que é libertado como resultado de danos na célula.
Este marcador tumoral é também não específico de um só órgão.
Há então uma alteração nos níveis deste enzima numa variedade de cancros, incluindo cancro
no fígado, linfoma non-Hodgkin´s, leucemia, cancro testicular, cancro na mama, cólon, estômago e
pulmão.

Fosfatase Ácida Prostática


A fosfatase ácida prostática está presente nas lisoenzimas das células secretoras epiteliais.
Apesar deste enzima ser produzido primariamente pela glândula da próstata, este é encontrado
nos eritrócitos, nos ossos, no rim e intestino.
Elevados níveis PAP pode ser sinal de neoplasias tais como mieloma múltiplo e metástases ósseas
derivadas de outros tipos de cancro.
O uso clínico da PAP é então restrito à confirmação de metástases do cancro da próstata e ao
estado em que se encontra esta neoplasia.

Enrolase especifica dos neurónios


O NSE é a forma do enrolase encontrado no tecido neuronal e nas células do sistema
neuroendócrino.
Este é encontrado em tumores com origem neuro-endócrina.
Os níveis de NSE podem ser medidos pela RIA e fornecem um prognóstico da progressão da
doença.
Em mais de 90% de casos de crianças com neuroblastomas verificou-se altos níveis de NSE.

Antigénio específico da próstata


A PSA é um dos marcadores tumorais mais promissores desta década. Este é um dos poucos que é
específico de um órgão, da próstata.
A PSA é uma glicoproteína com uma cadeia única. Esta é produzida exclusivamente pelas células
epitiliais dos canais da próstata.
Esta glicoproteína é então usada para detectar e identificar o estado da neoplasia e monitorizar
o seu tratamento.

30
GLÍCIDOS
As oses são moléculas caracterizadas por possuírem cadeias carbonadas contendo grupos
hidroxílicos e funções aldeídicas ou cetónicas.
Nota: um glúcido só tem glucose (exemplo: amido)

Designados frequentemente, mas erradamente por hidratos de carbono, uma vez que a
estrutura do glúcido não é um carbono rodeado por água  Cn(H2O)n
n= 3 trioses
n=4 tetroses
n=5 pentoses  ribose
n=6 hexoses  glucose

Os diabéticos devem comer bananas mais maduras, porque o amido (apenas glucose) que
as constitui já foi hidrolisado e convertido em glucose, frutose e sacarose, e assim o
diabético não vai consumir tanta glucose, consome antes frutose que não conta para o
índice glicémico.

Principais fontes
 Amido – o que consuminos mais, por exemplo na batata, tem função energética
 Açucares simples – frutose e sacarose
 Celulose

Classificação dos Glícidos


Têm aldeído: glucose e galactose, quase todas

Têm cetona: frutose

31
Ósidos: mais do que uma ose
Holósidos: por hidrólise originam apenas oses
Homoglicanas: constituídas pela mesma ose
Heteroglicanas: constituídas por diferentes oses
Heterósidos: ose + radical aglicona (não glicidico)
Glicosaminoglicanas ou mucopolissacáridos: polissacáridos compostos por cadeias lineares de
unidades repetidas de dissacáridos.
Glicoproteínas: proteínas que possuem glícidos ligados covalentemente (a proteína é mais
importante)

Principais funções
1. Fornecer energia ao organismo
2. Indispensáveis para o metabolismo normal dos lípidos (A partir dos glícidos
sintetizamos lípidos, o contrário já não é possível, só a partir das proteínas destruindo
massa muscular)
3. Acção economizadora das proteínas
4. Glucuroconjugação – função desintoxicante (ácido glucurónico + metabolitos químicos
 Forma hidrossolúvel)
5. Indispensáveis ao sistema nervoso
6. Estimulação e crescimento de bactérias benéficas a nível intestinal
7. Regulação do trânsito intestinal
8. Precursores de: ácidos nucleicos (ribose); matriz do tecido conjuntivo (glicogénio);
galactosídeos do tecido cerebral (gangliosidos e cerebrosidos)

32
Isómeros

Isomerismo ou Isomeria é o fenómeno caracterizado pela existência de duas ou mais


substâncias que apresentam fórmulas moleculares idênticas, mas que diferem em suas
fórmulas estruturais.

Isómeros funcionais: gliceraldeído e dihidroxiacetona ou glucose e frutose

Isómeros ópticos: L-gliceraldeído e dgliceraldeído. Mudavam o feixe de luz num determinado


ângulo. O número de isómeros ópticos depende do número de carbonos assimétricos.
Carbono assimétrico: carbono que estabelece as quatro ligações a átomos ou grupos
de átomos diferentes. nº isómeros = 2n (n = nº de carbonos assimétricos)

Isómero de Posição:

Isómero de cadeia:

Exemplo de isómero óptico:

Carbono assimétrico

Para os compostos com mais do que um átomo de carbono assimétrico, convencionou-se que
os prefixos D (desloca a luz para a direita, quando o OH está à direita (D+), existem excepções
(D-)) e L se referem ao carbono assimétrico mais afastado do grupo carboxilo.

Epímeros: duas moléculas que só se diferenciam na configuração espacial de um único centro


de assimetria molecular. Exemplo: para escrever o epímero da glucose, basta trocar um dos
OH da glucose.

As pentoses ou hexoses, em solução aquosa são mais estáveis na forma


cíclica originando Furanoses e Piranoses.

Anómeros: isómeros que surgem da ciclização das oses  anómero 𝛼 (OH do primeiro
carbono anomérico (igual a carbono assimétrico na cadeia aberta) em baixo) ou 𝛽 (OH
do primeiro carbono anomérico em cima).

33
Derivados das Oses

Ésteres fosfóricos
Estes são numerosos e de grande importância no metabolismo dos glícidos. A grande maioria
dos monossacáridos só são transformáveis sob a forma de ésteres de ácido fosfórico.

Desoxioses
Derivados de oses que perderam um grupo hidroxilo.

Exame: Represente uma desoxiribose.


Resposta: Tiramos um grupo OH e metemos um H.

Alditóis
Redução do grupo aldeído ou cetona a álcool.
São usados nas pastilhas, chupa-chupas, etc, porque originam menos cáries.

34
Amino-oses
Resultam da substituição de um ou mais grupos hidroxilo por grupos amina ou acetilamina.
É um produto de oxidação.

Ácidos

Ácidos urónicos: oxidação do grupo hidroxilo do último carbono das aldohexoses (hidroxilo 
ácido).
Ácidos aldáricos: oxidação do grupo aldeído das aldoses (aldeído  ácido) e do grupo
hidroxilo do último carbono (hidroxilo ácido).
Ácidos aldónicos: oxidação do grupo aldeído do primeiro carbono das aldoses (aldeído 
ácido). Exemplo: ácido gluconico.

Exame: Os ácidos urónicos são os mais importantes para nós porque são mais estáveis
quando temos estruturas cíclicas. As estruturas lineares são menos frequentes em nós.

Ligação glicosídica
A ligação glicosídica ocorre entre duas oses com libertação de uma molécula de água.
A reacção de duas oses origina um dissacárido.
Se o número de oses não excede oito unidades a molécula designa-se por
oligossacárido. Para um número superior a oito oses designa-se polissacárido.

Dissacáridos
 Maltose = Glucose + Glucose
 Sacarose = Glucose + Fructose
 Lactose = Galactose + Glucose

35
Polissacáridos

Amido
O amido é um polissacárido de reserva das plantas, que para nós é fonte de energia.
Existe na forma de:
 Amilose: amido não ramificado
Quem pratica desportos mais demorados deve comer massas porque estas têm mais
amilose, que é hidrolisada mais lentamente e assim a energia dura mais tempo. A
massa não deve ser muito cosida se não perde as ligações.
Para desportos mais rápidos pode-se comer chocolate porque contem fosfato
creatina.
 Amilopectina: estrutura ramificada. As ramificações surgem aproximadamente de 30
em 30 resíduos.
Contribui mais para o índice glicémico porque liberta mais rapidamente a glicose,
assim libertamos mais insulina e ficamos com energia durante menos tempo.
Aparece mais porque nos permite armazenar mais glucose.

Glicogénio
O glicogénio é a reserva de glucose nos animais.
Trata-se de um polímero altamente ramificado, ocorrem ramificações de 10 em 10 resíduos.

Celulose
O homem não possui enzimas que possam hidrolisar as ligações 𝛽(1 4) da celulose.
celulose fibra

Fibra
O conceito de fibra dietética compreende um conjunto de substâncias de origem vegetal, que
são resistentes à digestão pelos enzimas do intestino humano.

CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS


 Fibras solúveis  retêm moléculas de água (gomas, pectinas e algumas hemiceluloses)
 Fibras insolúveis  captam pouca água (celulose, algumas hemiceluloses e lenhina)

 Fibras pouco fermentáveis  fibras bastante resistentes à acção da flora bacteriana no


cólon e são excretadas intactas pelas fezes
 Fibras muito fermentáveis  fibras degradadas rápida e completamente pela acção
da flora bacteriana do cólon; são mais solúveis.

36
FUNÇÕES DAS FIBRAS
 Aumentam o volume e peso das fezes
 Favorecem o peristaltismo do cólon
 Diminuem o tempo de trânsito intestinal
 Atrasam o esvaziamento gástrico. Exemplo: comprimidos que provocam uma resposta
cerebral porque fazem com que o nosso estômago liberte uma hormona que vai ao
cérebro dizer que nós estamos saciados.
 Fornecem substrato fermentável para as bactérias do cólon
 Fixam os ácidos biliares e aumentam a sua excreção
 Reduzem a concentração plasmática de colesterol
 Melhoram a tolerância dos diabéticos à glucose

Produtos de fermentação bacteriana no


cólon

fermentação

Ácidos gordos de cadeia curta


Os ácidos gordos de cadeia curta (AGCC), acetato, propionato e butirato, são absorvidos
rapidamente no cólon, só uma pequena parte é eliminada nas fezes.
Estes ácidos gordos absorvidos convertem-se numa fonte de energia para o organismo.

Efeito do butirato na célula sã


No interior da célula epitelial do cólon sã, a oxidação do butirato produz energia e um
metabolito designado por mevalonato. O mevalonato une-se ao receptor da proteína G,
activando-a e consequentemente iniciando a proliferação.

37
Efeito do butirato no colonocito neoplásico
Na célula neoplásica, o mecanismo aeróbio transforma-se em anaeróbio, devido a outras
alterações. Não ocorre oxidação do butirato acumulando-se no interior do colonocito
competindo com o mevalonato para o receptor da proteína G. A ligação do butirato à proteína
G inactiva o crescimento celular.

Prevenção do cancro do cólon:


Fibras insolúveis  diminuem o tempo de contacto das espécies tóxicas com as células,
porque aumenta o trânsito e diminui o tempo do trânsito.  funciona como prevenção
Fibras solúveis  aumentam a fermentação.  actua depois das alterações nas células

Diabetes: As fibras arrastam a glucose e faz com que as pessoas comam menos  a glucose
liga-se às proteínas o que faz com que estas sejam oxidadas  cancro do cólon.

38
Captação de ácidos biliares
A absorção dos ácidos biliares e consequente excreção diminui a quantidade que voltará
ao fígado pela circulação entero-hepática. Para compensar, o fígado sintetizará mais ácidos
biliares com consumo de colesterol. Se este aumento da degradação do colesterol não for
compensado por um aumento da síntese, a concentração total do colesterol diminuirá.
Como as fibras são excretadas quase intactas, arrastam o colesterol de origem alimentar
com elas e captam também os ácidos biliares excretando-os e assim estes têm de ser
sintetizados outra vez, gastando colesterol.

Glicosaminoglicanas e
mucopolissacáridos
As glicosaminoglicanas são heterósidos contendo, em geral, dois tipos de derivados de oses
alternadas, das quais uma, é uma amino-ose e a outra tem um grupo ácido ou sulfato.
Formam uma matriz viscosa que resiste à compressão das fibras do colagénio e elastina.
São substâncias viscosas que proporcionam lubrificação e são componentes estruturais do
tecido conjuntivo.

Os mucopolissacáridos quando complexados com proteínas são denominados por mucinas ou


mucoproteínas. O mucopolissacárido mais abundante é o ácido hialurónico (estética).

Cenoura e os olhos bonitos:


A cenoura tem vitamina A que estimula a produção de lubrificante, e assim os olhos ficam
brilhantes.

39
40
LÍPIDOS
Lípidos são compostos provenientes da reacção de esterificação de um ou mais ácidos gordos
com um álcool.

Gorduras  porque têm ácidos gordos  porque são apolares  são hidrófobos  são
insolúveis  têm de ser transportados.

Funções
 Isolamento térmico
 Fonte de energia rapidamente metabolizável (são o que nos dá mais ATP’s)
 Componentes da membrana celular
 “almofada” de protecção para alguns órgãos (as pessoas magras ferem-se mais
frequentemente)

Lípidos nos alimentos


Os lípidos alimentares têm como função fornecer ao organismo:
 Ácidos gordos essenciais (não temos enzimas para os sintetizar, por isso é que têm de
vir dos alimentos)
 Energia
 Vitaminas lipossolúveis
 Para além disso estimulam o apetite e obtém-se saciedade.

41
Classificação dos lípidos

Lípidos simples: têm na sua constituição um álcool estrutural e uma ou mais moléculas de
ácidos gordos.
Lípidos complexos: possuem um álcool estrutural, uma ou mais moléculas de ácidos gordos e
um outro grupo que pode ser um glícido ou um grupo fosfato esterificado com um álcool
funcional.

Álcoois dos lípidos

Álcoois estruturais: constituem o esqueleto do lípido.


Álcoois funcionais: moléculas simples que esterificam com o ácido fosfórico conferindo novas
propriedades aos lípidos.

42
Ácidos gordos
Têm na sua constituição um grupo ácido e uma longa cadeia hidrocarbonada.
Podem ser classificados como:
 Ácidos gordos saturados: se contêm apenas ligações simples
Membrana mais rija porque o ponto de fusão é mais alto.
Gordura animal, manteiga.
 Ácidos gordos insaturados: se contêm ligações duplas.
Ponto de fusão mais baixo.
Gordura vegetal, margarina.
Ácido oleico (no azeite), na carne de porco o ácido estiárico é convertido em ácido
oleico que é bom para o organismo. Triolaina: molécula com 3 ácidos gordos que são 3
ácidos oleicos.

Ácidos gordos essenciais


O homem não possui enzimas que permitem a inserção de duplas ligações na posição n-9 ou
para valores mais altos do ácido gordo, não podendo inserir duplas para qualquer posição mais
perto do grupo metilo. Por esta razão ácidos gordos n-6 ou n-3 são considerados essenciais.
Exemplo: ácidos araquidónico, linoleíco e linolénico, oleico.

Ómegas
A nomenclatura dos ácidos gordos dá-nos várias informações, como o comprimento da cadeia,
o número e a posição das duplas ligações. A localização das ligações duplas pode ser indicada
através da designação n, em que a localização da dupla ligação é identificada contando os
átomos de carbono desde a extremidade metil (ponta que não tem o HO) do ácido gordo.
Dado que os humanos apenas têm capacidade de introduzir duplas ligações até ao carbono 9,
podem sintetizar toda a família n-9 (𝜔-9), mas não podem sintetizar as famílias n-3 (𝜔-3) e n-
6 (𝜔-6), exemplo desta família, ácido linoleico e araquidónico.
O número Ómega(ω) indica a primeira ligação dupla do ácido gordo a contar do grupo metilo.

Os eicosanóides são ácidos gordos, produzidos em praticamente todas as células, a partir


do ácido araquidónico (AA) (𝜔-6), ácido gordo prevalente na dieta e produzido “de novo” a
partir de outros ácidos gordos n-6, principalmente o ácido linoleíco.
A partir daí o AA pode ser convertido numa variedade de eicosanóides: prostaglandinas,
prostaciclina e tromboxanos.
Os tromboxanos são produzidos nas plaquetas e levam à vasoconstrição e agregação
plaquetária.
As prostaglandinas estão envolvidas em várias funções reguladoras, como a inflamação, o
processo reprodutivo e a digestão.
A prostaciclina é produzida nas células endoteliais dos vasos sanguíneos e é potente
inibidora da adesão plaquetária e da formação de trombos, produzida pelos macrófagos, é um
importante mediador nas acções inflamatórias e imunológicas.
A inflamação faz parte da resposta imediata do organismo a uma infecção ou agressão e dá
início ao processo imunológico de eliminação do agressor.

43
Todos os estímulos pró-inflamatórios induzem a acção das fosfolípases e a libertação
selectiva do AA dos fosfolípidos membranares para a produção de eicosanóides.
Embora a inflamação aguda seja uma resposta normal e benéfica para o organismo e auto-
limitada em indivíduos saudáveis, se esta se tornar incontrolada ou for inapropriada, pode
causar danos graves no organismo e mesmo doenças. E isto pode acontecer se houver uma
excessiva pró-inflamação ou uma excessiva contra-inflamação. No primeiro caso observa-se
expressão aumentada ou a existência de formas solúveis em circulação de moléculas de
adesão, retenção de leucócitos em locais não usuais, produção de mediadores inflamatórios e
danos nos tecidos.

O consumo aumentado de ácidos gordos poliinsaturados n-3 de cadeia longa, resulta num
aumento da sua proporção nos fosfolípidos das membranas das células inflamatórias, uma vez
que todos competem entre si pela posição sn-2. Isto acontece numa relação dose-resposta e é
principalmente à custa do AA. Assim, demonstrou-se que a suplementação da dieta humana
com (𝜔-3) por diminuir a disponibilidade de AA como substrato, resulta na diminuição de
produção de eicosanóides das séries 2 e 3 que são, então, substituídos pelos das séries 3 e 5,
produzidos a partir dos n-3, que têm actividade muito menos inflamatória.

Pessoas que tomam uma aspirina por dia (50 mg), inibem a síntese de tromboxanos e então
o sangue vai ficar mais líquido.
Quando se tira um dente, nunca se deve tomar aspirinas porque pode provocar hemorragia.

Lípidos simples
Acilgliceróis

Os acilgliceróis ou glicéridos podem ter origem na esterificação do glicerol com:


 Um ácido gordo  monoacilglicerol = monoglicérido
 Dois ácidos gordos  diacilglicerol = diglicérido
 Três ácidos gordos  triacilglicerol (nome mais correcto) = triglicéridos

Triglicéridos
 A sua principal função é fornecer a energia necessária aos processos metabólicos.
 O tecido adiposo é o principal local de armazenamento.
 Sempre que o organismo necessite são libertados do tecido adiposo e utilizados.

Quando se come refeições com muita gordura, e se faz um exame, o colesterol não sai
alterado, mas sim os triglicéridos.

44
Colesterol

O colesterol é essencial para:


 Formação e manutenção das membranas celulares.
 Síntese de hormonas esteróides
 Síntese de ácidos biliares
 Síntese de vitamina d

90% do colesterol utilizado pelo organismo é sintetizado pelo fígado.

Lípidos complexos

Fosfoglicéridos (grupo fosfato)

Os fosfoglicéridos são compostos


provenientes da esterificação do glicerol com Álcool funcional
dois ácidos gordos e um ácido fosfórico. O
ácido fosfórico, por sua vez, esterifica-se com
Ácidos gordos
um álcool funcional.

A denominação depende do álcool funcional:


 etanolamina  cefalinas
 colina  lecitinas
 serina  fosfatidilserina
 inositol  fosfatidilinositol
Se ocorrer hidrólise de um ácido gordo, normalmente da posição 2, obtém-se um
lisofosfoglicérido (lisolecitina, lisocefalina, etc.)

Funções dos fosfoglicéridos:


 Possuem um papel activo nos fenómenos de permeabilidade selectiva das
membranas. (os ácidos gordos condicionam mais)  Zona polar, constituída por
álcoois funcionais e grupo fosfato, fica para fora.

45
Cardiolipina
Corresponde a um fosfoglicérido duplo. Isto é, um ácido fosfórico liga-se a uma molécula de
glicerol que por sua vez se liga a outro ácido fosfórico de outro fosfoglicérido.

Plasmalogéneo
É um fosfoglicérido em que um dos ácidos gordos é substituído por um álcool insaturado.

Esfingolípidos
Devem o seu nome ao álcool estrutural esfingosina.
A esfingosina pode-se combinar com um ácido gordo de cadeia longa e originam uma
ceramida (deixa o cabelo mais brilhante). Todos os grupos derivam da ceramida mas variam no
grupo da cabeça.

Esfingomielinas
Uma segunda estratificação da ceramida por ácido gordo, que por sua vez é estratificado por
colina, forma a esfingomielina. As esfingomielinas diferem entre si no ácido gordo, sendo o
ácido lignocérico mais frequente no homem. São constituintes fundamentais da mielina.

Glicoesfingolípidos
A ceramida está ligada a um glícido, por uma ligação ósido.
 Cerebrósidos = ceramida + hexose (glucose ou galactose)

Gangliósidos
Representam uma família de lípidos membranares com função de receptores. Têm mais de
uma ose.

46
Lipoproteínas
As lipoproteínas são complexos de lípidos e proteínas ligados por forças de van der waals.

Estrutura
esférica, com um núcleo constítuido por lípidos apolares (triglicéridos e ésteres de colesterol).
Na periferia encontram-se os lípidos anfipáticos (fosfolípidos e colesterol) e as
apolipoproteínas (protéinas).

Classes principais de acordo com a sua densidade:


 QM (quilomicra)
 VLDL (very low density lipoprotein)
 LDL (low density lipoprotein)
 HDL (high density lipoprotein)

Apolipoproteínas
As principais funções das apolipoproteínas são de:
 Cofactores enzimáticos (APO A e APO C)
 Proteínas estruturais (APO A e APO B)
 Moléculas de reconhecimento pelos receptores membranares (APO B e APO E)

47
Metabolismo das lipoproteínas

Quilomicra

Função: Efectuam o transporte dos lípidos exógenos (de origem alimentar) do intestino até aos
tecidos.

Constituição: cerca de 90% de triglicéridos.

Apolipoproteína estrutural: APO B48.

Estas lipoproteínas são sintetizadas no intestino e transportadas pela linfa até à circulação.
Nos músculos e tecido adiposo perdem os seus triglicéridos por acção da lipoproteína lipase
(LpL). Este enzima é responsável pela hidrólise dos triglicéridos e é activada pela APO C-II.
As partículas residuais são captadas pelo fígado via receptor das remanescentes (reconhecem
a APO E).

VLDL

Função: efectuam o transporte dos lípidos endógenos (glucose  acetil CoA  ácidos gordos
 triglicéridos) do fígado até aos tecidos. Ou seja, transportam os triglicéridos para o músculo
e tecido adiposo.

Constituição: cerca de 50% de triglicéridos e 40% de colesterol e fosfolípidos

Apolipoproteína estrutural: APO B100, também tem APO C e APO E

Origem: hepática

Após a perda dos triglicéridos voltam para o fígado ou convertem-se em IDL e depois em LDL.

LDL
Origem: VLDL. As VLDL são convertidas em LDL por perda de triglicéridos e enriquecimento em
ésteres de colesterol que recebem das HDL.

Composição: Apo B100, Apo C, Apo E, éster de colesterol e colesterol.

Função: distribuir o colesterol e os ésteres de colesterol pelos tecidos (células não hepáticas).

As LDL são captadas por endocitose pelas células extrahepáticas depositando aí o colesterol,
que em excesso pode originar aterosclerose – “mau colesterol”.

48
HDL

Função: conduzem o colesterol em excesso depositado nos tecidos até ao fígado – “bom
colesterol”. E esterificação do colesterol em ésteres de colesterol (colestrol + ácidos gordos 
éster de colesterol) . O enzima responsável é a LCAT (lecitina colesterol acil transferase) que é
activada pela APO A (cofactor da LCAT).

Apolipoproteína estrutural: APO A.

Constituição: Colesterol e ésteres de colesterol.

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50
Factores de risco para aterosclerose
 Colesterol total aumentado
 Colesterol das LDL aumentado (Mau colesterol)
 Colesterol das HDL baixo (Se for alto é o bom colesterol porque é tirado do sitio onde
está em excesso para o fígado)
 APO B aumentada (porque LDL aumenta)
 APO A diminuída (porque HDL é baixo)
 Triglicéridos aumentados
 Tabagismo
 Obesidade
 Consumo elevado de gorduras saturadas

A B
Colesterol total 250 mg/dl 290 mg/dl
Colesterol das LDL 190 mg/dl 180 mg/dl
Colesterol das HDL 35 mg/dl 60 mg/dl

A tem mais risco.

51
52
VITAMINAS
Inicialmente designadas por “aminas vitais” são compostos orgânicos que os organismos
animais não são capazes de sintetizar.
As necessidades (DDR) dependem da idade, do sexo e das circunstâncias fisiológicas tais
como gravidez e aleitamento.
Não existem reservas de vitaminas, mas sim locais onde aparecem maiores quantidades de
determinadas vitaminas que são esgotadas rapidamente.

Hipovitaminose
Carência em vitaminas. Pode ter origem numa alimentação inadequada ou má absorção.

Hipervitaminose
Sobredosagem em vitaminas principalmente em vitaminas A e D. Devido a suplementos
vitamínicos tomados em excesso (por hipocondríacos por exemplo), em termos alimentares é
muito complicado existir.

53
Classificação de Vitaminas

As vitaminas lipossolúveis são insolúveis em água. Mas solúveis em lípidos.


As hidrossolúveis são todas coenzimas.

Tiamina (B1)

Forma activa: pirofosfato de tiamina (tpp) = difosfato de tiamina


Função: o pirofosfato de tiamina (TPP) intervém como coenzima em reacções de
descarboxilação de cetoácidos e em reacções que envolvem a transferência de resíduos
hidroxialquil.
Doenças: beribéri

Riboflavina (B2)

Forma activa: FMN (flavina-mono-nucleótido ) ou FAD (flavina-adenina-dinucleótico)


Função: participam em transferências de hidrogénio. Transporta electrões. É a coenzima
das reacções de oxirredutases (desidrogenases).

Ácido nicotínico (PP)

Forma activa: a niacina é necessária para a síntese de dois coenzimas:


 NADH – nicotinamida-adenina-dinucleótido
 NADPH – nicotinamida-adenina-nucleótido fosfato
Função: o NADH encontra-se fundamentalmente na forma oxidada (NAD+) e actua como
receptor de hidrogénio. Este composto segue para a cadeia respiratória para formar ATP. O
NADP está na sua quase totalidade na forma reduzida (NADPH) sendo utilizado como potencial
redutor.
Doenças: pelagra (países onde há muita fome)

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Ácido pantoténico
Forma activa: coenzima A (CoA)
Função: metabolismo dos ácidos carboxílicos

Biotina (H)
Função: Está envolvida em reacções de carboxilação.
CO2 + + ácido pirúvico  ácido oxaloacético (enzima piruvato carboxilase)

Piridoxal (B6)

Forma activa: fosfato de piridoxal


Função: é coenzima de reacções em que um aminoácido perde o seu grupo amina e ganha
um átomo de oxigénio transformando-se num cetoácido (transaminação). Ocorre quando
estamos em jejum.
glutamato + piruvato  𝛼 cetoglutarato (composto do ciclo de Krebs) + alanina

Grupo amina transferido


A enzima é uma transaminase que pertence à classe das transferases.

Ácido fólico (B9)

Forma activa: ácido tetrahidrofólico (FH4)


Função: actua como coenzima em reacções de transferência de fragmentos de carbono.
Este processo é complexo e importante na síntese das purinas e pirimidinas. Frequentemente
o dador do grupo metilo é a metionina. (é um suplemento para grávidas).
Doenças: anemia megaloblástica (eritrócitos grandes)

Cobalamina (B12)
Esta vitamina é sintetizada por microorganismos e não existe nos vegetais.
Forma activa: A vitamina liga-se a um factor intrínseco (glicoproteína) que a protege da
destruição enzimática durante a digestão e com o qual forma um complexo adequado á
absorção (só funciona a nível intestinal). Este complexo penetra nas células, separando-se em
seguida, com a libertação do factor intrínseco e a passagem da vitamina B12 para o plasma,
onde esta se liga a uma proteína de transporte – a transcobalamina.
Função: Os derivados da cobalamina servem de coenzima de reacções de isomerização.
Participam ainda na transformação da metionina em homocisteína e na redução dos
ribonucleótidos em desoxiribonucleótidos.
Doenças: anemia perniciosa

55
Trabalho - Vitaminas na metilação de DNA

Particularidades das vitaminas hidrossolúveis


As vitaminas do complexo B (hidrossolúveis) fornecem cofactores enzimáticos (vitaminas na sua
forma activa) sem os quais muitos processos seriam afectados.
Piridoxina (B6) Ácido fólico (B9) Cobalamina (B12)

Acção na metilação
Metilação/adição de grupos metil a sequências génicas para impedir a restrição enzimática
(favorece a diferenciação celular) ou a quebra de ligações entre essas sequências.
Não se altera a sequência original.
No caso da citosina, ocorre no carbono 5 da pirimidina  perda de expressão/não
reconhecimento.
A metilação do DNA geralmente ocorre em dinucleótidos CpG ( citosina ligada a guanina por um
fósforo).
B6, B9 e B12 são cofactores de metiltransferases (enzimas que transferem os grupo metil da
metionina).

Transmetilação

1. Metionina sintetase 4. Cistationina ß-sintetase


2. Serina hidróxi metiltransferase 5. Cistationase
3. Metilenotetraidrofolato reductase 6. L-metilmalonil CoA mutase

A conversão da homocisteína a metionina pela metionina sintetase, requer acção da 5-


metiltetrahidrofolato e da cobalamina.
Sem as vitaminas referidas, o ciclo está condicionado e haverá acumulação de homocisteína.
Quando em falta no organismo, a piridoxina pode levar à fadiga, convulsões, anemia. A carência
de ácido fólico origina malformações fetais (peso reduzido, fenda palatina) e anemia
megaloblástica. No caso de se tratar de um défice de cobalamina, advém uma eventual anemia
perniciosa, doença psíquica ou degeneração nervosa e úlceras na língua.

56
Ácido ascórbico (C)

O ácido ascórbico encontra-se distribuído por todos os tecidos, sendo a sua concentração mais
elevada no fígado, córtex supra-renal e hipófise.

Forma activa: ácido ascórbico (forma reduzida)


Nota: forma não activa  se sofrer oxidação e passar a ácidodihidroascórbico (forma oxidada).

Função:
 Stress: participa na síntese de hormonas inibidoras do stress participando em reacções
de hidroxilação.

 Colagénio: é importante na hidroxilação da prolina. A hidroxiprolina é responsável


pelas ligações por pontes de hidrogénio da estrutura em hélice tripla do colagénio. É
também importante na hidroxilação da lisina. A hidroxilisina é responsável pela ligação
á fracção glicosidica (do colagénio).

 Catecolaminas: actua em reacções de hidroxilação necessárias à síntese de


determinadas hormonas.

 Anti-oxidante - citocromo P450: intervêm em processos de desintoxicação por


intermédio do citocromo P450. Esta molécula fica oxidada durante o processo de
desintoxicação e é reduzida pelo NADH na presença da vitamina c, e assim pode
desintoxicar as células outra vez.

 Infecções bacterianas: participa directamente na síntese de anticorpos. É importante


na redução da cistina (cys-cys) para libertação das cisteínas necessárias à síntese das
imunoglobulinas e na formação das ligações perssulfureto que ocorrem entre cadeias
das imunoglobulinas.

 Infecções virais: provoca instabilidade nos vírus por saturação da camada exterior
lipídica. Esta instabilidade permite a acção das nucleases que acabam por destruir
esses microrganismos.

 Aumento da capacidade de trabalho: aumenta as taxas sanguíneas em ácidos gordos


livres. Estes ácidos podem sofrer 𝛽-oxidação e desta forma fornecer ATP ao
organismo.

Doenças: Escorbuto, Astenia, Emagrecimento, Dores ósseas, Menor resistência às


infecções, Má cicatrização das feridas, Afluramento dos dentes

Porque é que não se deve comer laranja à noite?


Porque aumenta a 𝛽-oxidação e assim tira o sono.

57
Vitamina A

Forma activa: retinol, retinal e ácido retinóico. O retinol e o retinal são muito importantes a
nível da visão.

Retinol
 É uma molécula importante na síntese das mucinas, opondo-se ao aparecimento das
proteínas fibrosas (queratina).

Ligação entre:
cenoura  retinol  mucopolissacarídeos  olhos bonitos.

 É também um importante antioxidante actuando na prevenção do envelhecimento,


uma vez que elimina os radicais livres que se formam devido aos raios UV.
 É sensível à luz, sendo rapidamente decomposto e originando pigmentos que
mancham a pele, a não ser que venha num creme com protector solar.
 Protege do acne muito agressivo.
 Em valores muito altos é tóxico e provoca alterações hepáticas e malformações em
fetos.

Retinal
 É importante na adaptação à obscuridade, porque participa na síntese da púrpura
retiniana (rodopsina), receptor da luz de fraca intensidade (visão crepuscular).
Retinol - trans  retinol - cis
Retinol - cis retinal – cis
 Obscuridade: retinal- cis + opsina rodopsina Enzima: retinol-trans-isomerase
 Luz: rodopsina retinal- trans + opsina Enzima: retinol-cis-desidrogenase

Ácido retinóico
 Importante no desenvolvimento e diferenciação celular.
 Função hormonal.

Doença: xeroftalmia, caracterizada por “olhos secos”, isto é, as células das glândulas
lacrimais queratinizam e param de segregar lágrimas, levam mesmo à perda da visão.

58
Vitamina D

Forma activa: colecalciferol


Função: Controlo do metabolismo do cálcio.
Doenças: raquitismo nas crianças e osteomalacia nos adultos.

A vitamina D ou colecalciferol sofre uma primeira hidroxilação no fígado por acção da 25-
hidroxilase originando o 25-hidroxicolecalciferol.
Numa situação de normocalcémia ou hipercalcémia o 25-hidroxicolecalciferol sofre no rim
uma segunda hidroxilação por acção da 24-hidroxilase. A actividade deste enzima é estimulada
pela calcitonina. O 24,25-dihidroxicolecalciferol apenas actua na absorção de cálcio no
intestino.
Numa situação de hipocalcémia o 25-hidroxicolecalciferol sofre no rim uma segunda
hidroxilação por acção da 1-hidroxilase. A actividade deste enzima é estimulada pela
paratormona. O 1,25-dihidroxicolecalciferol aumenta a absorção de cálcio no intestino,
diminui a excreção de cálcio no rim e aumenta a reabsorção de cálcio no osso. Estas acções
conjuntas levam ao aumento de cálcio plasmático.
A paratormona estimula a acção dos osteoclastos enquanto a calcitonina aumenta a acção
dos osteoblastos.

59
Trabalho - Hiperparatiroidismo e o
Metabolismo do cálcio

Glândulas paratiroideias
Perspectiva Anatómica: As glândulas paratiroideias localizam-se normalmente na superfície de
cada lobo da tiróide. São geralmente quatro.
Perspectiva Histológica: A glândula paratiroideia é constituída por três tipos de células: Células
principais, Células Claras, Células Oxifílicas
Perspectiva Fisiológica: 99% do cálcio total do corpo do ser humano é encontrado nos dentes
e nos ossos. O restante é encontrado nos fluidos extra celulares sob três formas: Ligado a uma
proteína, Ionizado ou Complexado.

PTH
Receptores da PTH
Existem dois tipos de receptores:
Tipo 1: para as células-alvo clássicas. Tipo 2: para as células-alvo não-clássicas
Não é encontrado nas células não-alvo.

O receptor hormonal inicia uma cascata de reacções:


Activação da adenil ciclase  Aumento intracelular do cAMP  Aumento intracelular do cálcio
 Fosforilação de proteínas intracelulares especificadas pelas cinases  Activação de genes
especificos e de enzimas intracelulares que vão mediar as acções biológicas da PTH + volta ao
inicio da cascata.

Efeitos da PTH
Quando a concentração no plasma de cálcio diminui a PTH é rapidamente libertada e promove:
 Uma maior reabsorção do cálcio nos rins
 Estimula uma libertação da reserva de cálcio nos ossos
Na hipocalcémia
No hiperparatiroidismo
Níveis de PTH crónicos com uma função renal normal.
Equilíbrio do Fosfato

Hiperparatiroidismo
Pode ser classificado como:
 Hiperparatiroidismo primário.
 Hiperparatiroidismo secundário.

60
Vitamina E
Forma activa: tocoferol
Função: antioxidante. Esta vitamina é transportada pelas LDL, até às células hepáticas,
inibindo desta forma a oxidação destas lipoproteínas e consequentemente prevenindo a
aterosclerose. É também importante antioxidante dos lípidos da membrana celular.

Vitamina K
Forma activa: Filoquinona
Função: Vitamina antihemorrágica. Indispensável à síntese de diferentes factores da
coagulação.

61
62
STRESS OXIDATIVO
O stress oxidativo está associado a uma alteração no equilíbrio do sistema pro-oxidante/anti-
oxidante das células.

A perturbação do sistema pro-oxidante/anti-oxidante pode ter diferentes origens, tais como:


 Radiações
 Poluentes ambientais
 Metabolismo de xenobioticos
 Drogas

Anti-oxidantes
As células possuem mecanismos de protecção contra o stress oxidativo.
Muitos constituintes da dieta são importantes fontes de antioxidantes: vitaminas, minerais
e aditivos.
O aumento da oxidação pode provocar oxidação dos lípidos, proteínas, glícidos e ácidos
núcleicos.

63
Radicais livres
Um radical livre pode ser qualquer átomo que possua uma ou mais orbitais electrónicas com
um electrão desemparelhado.
Pode ser uma molécula pequena como o oxigénio ou o óxido nítrico, ou fazer parte de uma
biomolécula como uma proteína, um lípido, um ácido nucleíco ou um glícido.

Espécies Reactivas de Oxigénio

Anião superóxido
O anião superóxido é originado por vários processos celulares, entre eles o sistema de
transporte de electrões microssomal e mitocondrial.
Este anião pode ser dismutado em H2O2 e O2 pela superóxido dismutase.
Superóxido dismutase
Catalisa a dismutação do superperóxido: 2O2- + 2H + O2 + H2O2
O O2 está na forma não activa.

Peróxido de hidrogénio
O peróxido de hidrogénio é gerado pelas mesmas fontes que produzem o anião superóxido e
ainda por outros enzimas peroxissomais associados ao metabolismo dos ácidos gordos.
Também enzimas citoplasmáticos responsáveis pela oxidação de vários metabolitos
celulares podem originar peróxido de hidrogénio.

Radical Hidróxido
Na presença de alguns metais de transição como o ferro ou o cobre, o O2-., origina uma espécie
muito reactiva o radical hidroxilo (OH.) – reacção de Haber-Weiss.
Esta espécie é muito reactiva originando produtos que não podem ser regenerados pelo
metabolismo celular.
Reacção de Haber-Weiss

64
Radicais Peróxilos
Formam-se durante a oxidação dos lípidos e estão associados à síntese das prostagladinas.
Reagem rapidamente com os grupos tiol.

A reacção dos radicais livres com as moléculas celulares depende:


 Local de produção
 Presença de metais de transição
 Acção enzimática

Antioxidantes plasmáticos
 Catalase
 Glutationo redutase
 Glutationo
 Glutationo peroxidase

Enzimas antioxidantes catalases


Esta enzima destrói o peróxido de hidrogénio pela seguinte reacção: 2H2O2  3O2 + 2H2O
O oxigénio resultante já não se encontra numa forma activa.

Glutationo peroxidase
Esta selenoenzima catalisa a redução de peróxidos utilizando o glutationo na forma reduzida
(GSH). 2 GSH + ROO.  ROH + H2O + GSSG

Scavengers de radicais
 Bilirrubinas
 Ácido úrico
 Vitamina E
 Ceruloplasmina
 Albumina
 Transferrina
 Haptoglobinas
 Paraoxonase

65
66
METABOLISMO
Processo através do qual os seres vivos adquirem e utilizam energia para realizar as suas
funções.

Anabolismo: biossíntese de biomoléculas a partir de componentes simples  gasta energia.


Catabolismo: degradação de nutrientes e constituintes celulares em componentes mais
elementares  forma energia.

Vias metabólicas: série de reacções enzimáticas interligadas que produzem produtos


específicos.

Metabolitos: reagentes, produtos intermediários e produtos finais.

O organismo necessita permanentemente de substratos energéticos e elementos necessários


para a síntese de novas moléculas. Estas substâncias são fornecidas pela alimentação mas em
quantidades variáveis e de forma irregular.

Metabolismo da fase de absorção


A fase de absorção inicia-se com o momento de ingestão dos alimentos e dura cerca de duas
horas.

Pâncreas: ↑insulina ↓glucagon


Digestão: ↑glucose ↑aminoácidos ↑triglicéridos (absorvidos no intestino e transportados por QM)

67
Metabolismo dos lípidos
Via das pentoses  NADPH
+
Glicólise  piruvato  acetil-CoA

Ácidos gordos  triglicéridos  transportados pelas VLDL para o tecido adiposo.

Metabolismo dos aminoácidos


Os aminoácidos em excesso sofrem reacções de desaminação, transaminação ou outras.
O grupo amina resultante da desaminação segue o ciclo da ureia ou é excretado na forma
de amónia.
O ácido resultante da desaminação reage com o oxigénio originado cetoácidos que podem
ser intermediários do ciclo do ácido cítrico.

Metabolismo dos glícidos


A glucose atravessa a membrana dos hepatócitos  processo não regulado pela insulina.

Glucose  6-fosfato de glucose


 Glicogénese: Síntese de glicogénio (reserva de glucose)
 Via das pentoses: Síntese de ribose e NADPH (vitamina importante na
síntese de ácidos gordos).
 Glicólise

68
Glicólise
A glicólise ocorre no citoplasma e corresponde a uma sequência de reacções que convertem a
glucose em piruvato com formação de ATP e NADH.
Glucose+ 2Pi + 2ADP + 2NAD+  2 Piruvato + 2ATP + 2NADH + 2H+ +2 H2O

Em condições aeróbias o piruvato atravessa a membrana mitocondrial para formar acetil CoA
que reagirá com o oxaloacetato iniciando o ciclo do ácido cítrico.
Balanço energético: 8 ATP (cada NADH dá 3 ATP)

Em condições de anaerobiose o piruvato é convertido em lactato.


Balanço energético: 2 ATP (o NADH não dá ATP, uma vez que não há cadeia respiratória
porque não há oxigénio)

Condições aeróbias Condições de anaerobiose

Apenas três reacções da glicólise não são reversíveis, logo são enzimas reguladores da glicólise:
1. glucose  6-p glucose Enzima: hexocinase
2. 6-p frutose  1,6-p de frutose Enzima:fosfofrutocinase
3. fosfoenolpiruvato  piruvato Enzima:piruvato cinase

69
Enzimas:
Exocinase: catalisa a fosforilação da glucose nas células não hepáticas.
Glucocinase: catalisa a fosforilação da glucose nas células hepáticas.

A exocinase tem mais afinidade para a glicose que a glucocinase devido ao sitio onde
estão em que tem objectivos diferentes.

Mg2+ é o cofactor metálico das cinases todas.

Nota: ver enzimas das reacções 2, 4, 3, 8, 9, 10 do esquema.

Cadeia respiratória - fosforilação oxidativa


Processos que ocorrem na membrana interna da mitocondria e no espaço intramembranar e
que conduzem à formação de ATP. O ATP é obtido pela transferência de electrões
provenientes do NADH ou do FADH2 para o O2 através de uma série de transportadores de
electrões. A transferência de electrões ao longo da cadeia respiratória conduz à translocação
de protões para o espaço intramembranar da mitocôndria. Gera-se uma força protomotriz que
consiste num gradiente de pH e num potencial electrotransmembranar. A síntese de ATP
ocorre quando os protões voltam à matriz mitocondrial através da ATP-sintetase.

70
Ciclo do ácido cítrico = Ciclo de Krebs = Ciclo dos ácidos
tricarboxílicos

Este processo ocorre na mitocondria e está envolvido em processos catabólicos e metabólicos.


Sendo por isso designado por processo anfibólico.

Nota: Ver enzimas das reacções: 1, 3, 4, 6, 8

Porque é que o piruvato pode dar Acetil CoA ou oxaloacetato?


Porque o ciclo nunca acaba.

Piruvato  Acetil CoA Enzima: piruvatodesidrogenase

Neste ciclo entram as vitaminas: niacina e ácido patoténico (CoA)

Balanço energético: 12 ATP (cada FAD dá 2 ATP)


Balanço total de energia: 38 ATP (24 +8 (glicóse) + 6)

71
Fornece percursores para a biossíntese de:

 Síntese de glucose (neoglucogénese): A partir de alguns aminoácidos formam-se os


seguintes intermediários do ciclo do ácido cítrico (cetoácidos) que são percursores da
glucose:
 𝛼-cetoglutarato
 succilnil-coa
 fumarato
 oxaloacetato

 Síntese das profirinas: o succinil-CoA é percursor das porfirinas que são compostos
envolvidos na síntese do grupo heme.

 Síntese de lípidos (lipogénese): O acetil-CoA é percursor de ácidos gordos ou


moléculas percursoras de colesterol (isoprenóides). O acetil-CoA forma-se a partir do
piruvato na mitocondria. Como não atravessa a membrana reage com o oxaloacetato
originando citrato (1º passo do ciclo). O citrato atravessa a membrana mitocondrial
por cotransporte com o malato. No citoplasma o citrato dá origem a oxaloacetato e

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acetil-CoA. O acetil-CoA origina malonil-CoA que origina palmitato e segue para a
síntese de outros ácidos gordos.

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Metabolismos da fase pós-prandial (ainda
temos – reservas imediatas) e jejum (já não temos nada - temos de fabricar)

Na fase pós-prandial o pâncreas estimula a síntese de glucagon e inibe a síntese de insulina.


Pâncreas: ↓insulina ↑glucagon

O glucagon activa:
 Neoglucogénese
 𝛽-oxidação
 Cetógenese
 Glicogenólise

Os substratos capazes de fornecer


energia são repartidos entre o fígado,
tecido adiposo, músculo e cérebro. Isto
permite:
 Manter os níveis de glucose
suficientes para “alimentar” o
cérebro, as glândulas supra-
renais e os eritrócitos.
 Fornecer energia a outros
tecidos através da mobilização
dos ácidos gordos existentes no
tecido adiposo ou da formação
de corpos cetónicos.

Metabolismo dos glícidos


 Glicogenólise: O glicogénio vai ser hidrolisado libertando moléculas de 6-fosfato de
glucose. O enzima que catalisa a reacção é o glicogénio fosforilase que é activado pelo
AMPc.
 Neoglucogénese (síntese de nova glucose): A glucose vai ser sintetizada a partir de
alguns intermediários do ciclo do ácido cítrico (𝛼-cetoglutarato, succilnil-CoA,
fumarato e oxaloacetato) ou ainda a partir do piruvato (que não faz parte do ciclo de
Krebs) ou do lactato.

Metabolismo dos lípidos


 𝛽-Oxidação: Os ácidos gordos vão sofrer 𝛽-oxidação originando ATP e acetil-CoA. O
acetil-CoA pode seguir para o ciclo do ácido cítrico ou para a síntese de corpos
cetónicos (fonte de energia rápida para as células - cetogénese).

Metabolismo dos aminoácidos


Os aminoácidos glucogénicos vão originar os percursores da neoglucogénese.
Estes aminoácidos são resultantes principalmente da hidrólise das proteínas do músculo.

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Neoglucogénese
A neoglucogénese ocorre no citoplasma.
Uma vez que, os intermediários do ciclo do ácido cítrico se encontram na mitocondria é
necessário o seu transporte para o citoplasma. Assim, os percursores da neoglucogénese
pertencentes ao ciclo vão originar malato que pode atravessar a membrana mitocondrial.

Mitocôndriacitoplasma:
 malato  malato
 oxaloacetato  fosfoenolpiruvato  glucose

A neoglucogénese corresponde quase na sua totalidade ao inverso da glicólise. Apenas quatro


reacções não são reversíveis:
1. piruvato  oxaloacetato
2. oxaloacetato  fosfoenolpiruvato
3. 1,6- p de frutose  6-p de frutose
4. 6-p de glucose  glucose
Os enzimas que catalisam estas reacções são enzimas reguladores da neoglucogénese.

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𝜷-oxidação
Os triglicéridos constituem a forma de energia mais importante nos animais.
Os triglicéridos armazenados no tecido adiposo sofrem a acção de uma lipase. Este enzima é
hormonosensível.
Enquanto a insulina inibe o enzima, o glucagon e a adrenalina activam-no.

Da acção da lipase são hidrolisados os triglicéridos originando ácidos gordos e glicerol.


Os ácidos gordos são transportados no plasma pela albumina.
Depois de atravessar a membrana celular os ácidos gordos são activados pelo CoA (vitamina:
ácido patoténico), isto é convertem-se em acil-CoA.

A 𝛽-oxidação ocorre na mitocondria pelo que os ácidos gordos têm de atravessar a membrana.
O transportador dos ácidos gordos é a carnitina.
A 𝛽-oxidação (oxidação no carbono 𝛽 que leva à quebra de ligações e à libertação de) origina:
FADH2, NADH, acetil-CoA e uma molécula de acil-CoA com menos dois átomos de carbono.

Ocorrem 𝛽 oxidações sucessivas (vão quebrando de 2 em 2). se tivermos 16 carbonos temos:


 7 𝛽 oxidações
 7 NADH
 7 FADH2
 8 acetil-CoA
o 106 ATP levados pelo acetil-CoA para o ciclo de Krebs

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Cetogénese
O acetil-CoA produzido na 𝛽-oxidação pode ser oxidado via ciclo de Krebs ou seguir a
cetogénese. Isto é, ser convertido em acetoacetato, 𝛽-hidroxibutirato e acetona  são os
corpos cetónicos.
Os corpos cetónicos são importantes fontes metabólicas para muitos tecidos periféricos em
particular o coração e o músculo, podendo o cérebro utilizar em condições de jejum
prolongado, mas são tóxicos.

Ciclo de cori

As células que não possuem


mitocondrias (eritrócitos) ou onde o
fornecimento de oxigénio é escasso
(músculo em situação de esforço) obtém
o ATP a partir da glicólise anaeróbia.

Glucose  lactato

O lactato é transportado para o fígado e


aí é convertido em glucose pela
neoglucogénese.
A glucose pode depois ser retransportada
até ao tecido onde é necessária ciclo de
cori.

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Trabalho - Metabolismo do Fígado

Funções do Fígado
 Formação e degradação de nutrientes e vitaminas
 Processador de alimentos
o Metabolização de todos os nutrientes e impurezas provenientes dos alimentos;
o Degradação de, por exemplo, medicamentos e álcool;
o Produção de bílis;
o Absorção dos nutrientes para o sangue  Fígado
 Produção de energia.
o Armazenamento de glicose;
o Armazenamento de energia através de aminoácidos;
o Obtenção de energia (mesmo na falta de alimentação)
o Produção de aminoácidos  Produção de proteínas
 Transformação em anticorpos
o Colesterol
o Armazenamento de nutrientes
o Metabolização de hormonas

Biotransformação de nutrientes
O fígado, o tecido adiposo, o músculo e o cérebro são os principais responsáveis pelo fornecimento
de energia.
Permitindo:
 Manter os níveis de glicose necessários.
 Fornecer energia a tecidos pelos ácidos gordos ou pela formação de corpos cetónicos.

A glicogénese é a formação de glicogénio a partir da glicose.


A lipogénese é a formação de lípidos a partir de glicose aminoácidos
A glicogenólise é o fraccionamento do glicogénio em glicose.
A neoglicogénse é a formação de glicose a partir de aminoácidos e glicerol.

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80
TRABALHOS

Polimorfismos - fibrose quística

Transcrição e Tradução

Transcrição consiste na síntese de moléculas de


RNA mensageiro a partir de uma cadeia de DNA.
A tradução ocorre no citoplasma e consiste na
leitura da mensagem do mRNA, da qual resulta a
produção de uma sequência de aminoácidos que,
em cadeia constitui a proteína.

Mutações
Uma mutação é definida como qualquer alteração permanente do DNA. Pode ocorrer em
qualquer célula, tanto em células da linhagem germinativa como em células somáticas.
As mutações envolvem:
 Mutações Cromossómicas (quebra ou rearranjo dos cromossomas)
 Mutações Génicas.

Fibrose Quística
A Fibrose Quística(FQ), também conhecidancomo Mucoviscidose, é uma doença genética
autossómica, recessiva.
Causada por um distúrbio nas secreções de algumas glândulas, nomeadamente as
glândulas exócrinas devido a uma deficiência proteica, sendo esta causada por uma anomalia
do gene CFTR.
Mutações do gene
Estão já identificadas mais de 400 mutações no gene CFTR (regulador de condutância
transmembranar de fibrose quística). As mutações CFTR podem agrupar-se em cinco classes
funcionais diferentes.

A mutação do gene CFTR mais frequentemente


observada em doentes com fibrose quística resulta da
eliminação de três pares de bases [CTT], dando origem à
perda do resíduo de fenilalanina na posição 508 da
proteína [ΔF508].

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Este gene codifica uma proteína quem funciona como um canal iónico.
CFTR é um tipo de proteína classificado como sendo um transportador ABC (ATPbinding
cassette) ou "traffic ATPase".

Vai ocorrer então uma


alteração no transporte de iões
de cloro através das glândulas
exócrinas apicais, resultando
dessa anormalidade, uma
permeabilidade diminuída ao
cloro, por sua vez a água segue o
movimento do sódio para o
interior da célula, fazendo com
que o fluido extracelular (que se
encontra no interior do ducto da
glândula exócrina) seque.
Fazendo assim com que o muco
de doentes com fibrose quística fique 30 a 60 vezes mais viscoso.

Manifestações Clínicas
 Glândulas Sudoríparas: Ocorre uma alteração do transporte dos iões havendo assim
uma incapacidade da célula segregar fluido e conservar iões de sódio e cloreto, devido
a este mau funcionamento das glândulas é produzido suor salgado.
 Pulmão: Ao nascer parece normal mas é o local onde ocorrem infecções crónicas
causadoras de mortalidade precoce. A mutação do gene CFTR provoca alterações na
célula epitelial e nas células serosas das glândulas da submucosa.
 A nível da célula epitelial: A anomalia no transporte de cloreto provoca um aumento
de absorção de sódio, uma diminuição da secreção de água, e uma reabsorção
superior do fluido periciliar. Consequentemente obtêm-se um volume anormal d fluido
na superfície das vias aéreas com formação de muco espesso, que não consegue ser
transportado pelo sistema mucociliar, consequentemente este muco acumula-se o
que favorece a proliferação de bactérias e fungos nas vias.

Efeitos da radiação numa molécula de


DNA

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