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A META DA CIÊNCIA SEGUNDO ALAN

CHALMERS.

Sob o mesmo ponto-de-vista de Louis Althusser,


Chalmers também considera a atividade científica em
analogia aos processos materiais de produção. Mas não se
trata aqui de, como na teoria althusseriana, situar os
aspectos materiais da produção do conhecimento sob a
dicotomia epistemológica permitida pela materialismo
marxista; Chalmers não se refere ao peso das abordagens
históricas (materialismo histórico), nem tão pouco à meta-
análise do conhecimento (materialismo dialético). Ele se
quer se aprofunda na história, ou nas ciências humanas:
seu interesse está fixado na física, a qual, conforme sua
noção um tanto simplória de ciência, é "a produção de
conhecimentos do mundo físico, em oposição ao mundo
social".
De imediato, certo espírito anti-positivista subjaz a
esta caracterização. O que, por outra via, não se traduz no
estabelecimento de valores não-hierárquicos entre as
diversas ciências, quando consideramos sua defesa da
física enquanto disciplina onde "foram desenvolvidas
técnicas devidamente interpretadas para a produção do
conhecimento que correspondem à meta da ciência." E
mais: antes de alcançar tal conclusão, Chalmers se remete
à distinções entre os objetivos político-econômicos e os
objetivos científicos, o que pode nos induzir, a partir da
oposição entre o mundo social e o físico - oposição
estabelecida no interior de sua definição de ciências físicas
- que as ciências sociais não atendem aos pressupostos
básicos da metodologia científica por se confundirem em
seus interesses, a interesses que lhe são exteriores (ou
vice-versa).
Todavia, conforme disse ao principiar este texto, não
há por parte do autor, nenhuma penetração no campo das
humanidades a ponto de evidenciar uma tal promiscuidade
de interesses (nenhuma tese para referência). Postura
semelhante é assumida perante a física: nada capaz de
ressaltar a imunidade desta para com interesses que lhe
são externos. Enfim, resta-nos exclusivamente a
investigação dos critérios onde se baseiam a
correspondência da meta científica com seu ramo físico.
1
Para Chalmers, a ciência não pode derivar de um
conhecimento genuíno, mesmo porque, tal conhecimento
mostrou-se insatisfatório e não abrangente em todas as
empreitadas da história da filosofia. Ele se põe contra a
esperança utópica decorrente desta pretensão, defendendo
a pragmaticidade, ou melhor, a superação de qualquer
utopia com o aprendizado obtido na prática e na
realização.
Aqui, ao eximir o discurso científico de mínimos
critérios veritativos e instituir o critério da utilidade como
elemento de adequação científica, novamente Chalmers
faz-se ambíguo. Primeiro, por não haver nada mais
relativo que a utilidade (útil a que? a quem?) o que nos
exige maiores determinações de sentido. Poderíamos dizer:
"a física einsteiniana se faz inútil em nossas circunstâncias
cotidianas" sem que necessariamente nos víssemos
obrigados a tê-la como não verdadeira ou menos científica
se comparada ao paradigma newtoniano. Ora, ainda que as
situações variassem, e com elas aquilo que é
momentaneamente útil, não haveria menos cientificidade
em ambas as teorias. Com efeito, a visão de Chalmers não
se mostra suficiente no momento em que a diversidade de
teorias sobre um mesmo fenômeno é posta em questão. Em
segundo lugar, poderíamos incorrer na generalização
irrestrita do conceito de ciência a ponto de atingir um
patamar extremo de descaracterização no qual toda a
espécie de discurso, fosse ele religioso, literário ou
esquizofrênico, ao se mostrar útil, se adequasse à meta da
ciência.(Outra vez paira a pergunta: diante disto, por que a
física ainda usufruiria de privilégios?)
Chalmers busca uma artifício razoável para estes
impasses, recorrendo ao princípio generalizante que
caracteriza a ciência. Chega ao ponto de sobrepô-lo à
utilidade: "(...)Quer consideremos as ciências em termos de
controle material (utilidade prática), quer em termos de
compreensão que ela permite, a generalidade é uma das
características que a distinguem."
Contudo, até que ponto podemos separar a
generalização dos discursos que buscam o conhecimento
genuíno? Lembremo-nos da crítica de Nietzsche em
Verdade e Mentira em Sentido Extra-moral, um derrisório
ensaio sobre a pretensão generalizante do intelecto

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humano em sua busca da igualação daquilo que não pode
ser igualado. Mas aqui vale uma ressalva: não pretendo a
partir desta citação apelar para Nietzsche, pois, que,
Chalmers não argumenta sob o viés do ceticismo 1 ou do
irracionalismo. Coloquemos o problema do seguinte modo:
a generalidade não pode ser vista como critério de
conhecimento genuíno, mesmo porque não se trata de um
tipo de conhecimento, mas de uma propriedade do
pensamento. Não obstante, é inegável que todo
conhecimento genuíno se pretenda a, ou, se manifeste
pela possibilidade radical de generalização. Logo, torna-se
possível a pergunta: a generalidade da ciência não poderia
ser conseqüente a alguma forma de conhecimento
genuíno?
Chalmers não entra minúcias; suas colocações são
por demais simplistas. O problema da generalidade é
defendido de maneira tão genérica que nos possibilita
interpretar como científico, a exemplo do que fizemos com
a utilidade, qualquer discurso passível de generalização.
Tornemos o marxismo-leninismo , cuja teoria se
desenvolveu a partir de reformulações das práticas
sindicais russas ("do espontaneísmo se estrutura o partido
revolucionário") nossa nova ilustração. Tal pensamento
assumiu aspectos econômicos, filosóficos, morais,
estéticos, epistemológicos entre outras modalidades, a
ponto de converter-se em uma ideologia de Estado. Nada
mais chalmeriano para justificar sua imposição sobre um
terço da humanidade: "a prática é o critério da verdade",
escreveu-nos Lênin. Daquilo que em sua forma uterina era
estritamente político, graças ao poder da generalização
nele contido, pudemos vislumbrar "grandes descobertas
biológicas revolucionárias" (Lissenko).
Para não se contradizer com critérios essencialistas
(generalidade enquanto atributo necessário do sujeito,
etc), Chalmers diz que muitas vezes a generalidade não se
encontra nas intenções de um cientista. Às vezes, a simples
resolução imediata de um problema é aquilo que realmente
motiva uma pesquisa.
Passadas as primeiras considerações, o texto tenta
estabelecer uma história da generalidade a partir das
diferentes mundivisões e experimentos realizados nos
1
Pelo contrário, distinguir-se deles é uma das preocupações constantes do texto.
Vide o segundo parágrafo da página 45.
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vários períodos históricos da humanidade. Em todas as
passagens, Chalmers estabelece objeções e superações.
Contra o idealismo platônico, a teoria dos acidentes
aristotélicos e seu aperfeiçoamento no argumento ex-
supositione dos medievais. Logo após, a ruptura com a
teoria dos princípios evidentes nas descobertas de Galileu,
a dinâmica da física newtoniana versus o dogmatismo
cartesiano e a instituição da novidade qualitativa na
ciência contemporânea. Muitas ilustrações desprovidas de
aprofundamento teórico. Por sinal, toda a leitura se reveste
de enorme superficialidade.
Por fim, a meta da ciência se dá em respeito aos
seguintes tópicos:
a) As generalizações não podem ser estabelecidas a
priori; qualquer exigência de certeza é utopia.
c) Contra o "vale tudo" de Feyerabend, o confronto
de teorias e a vitória daquela que mais se aproxima com o
Mundo2.
d) Embora a ciência seja indissociável de outras
atividades sociais, o conhecimento científico atende
sobretudo a suas próprias demandas produtivas.
Gostaria de sintetizar este trabalho dizendo que o
texto apresenta belo colorido ilustrativo, mas, muito pouco
diz. A tentativa de se remeter aos exemplos práticos
descamba na monótona descrição das discordâncias
chalmerianas. Ele é mais negativo do que afirmativo, ou
melhor, busca refutar mais do que desenvolver realmente
seu ponto-de-vista.
Suas objeções à utopia são por demais pobres e dão
a idéia de que qualquer pretensão desta natureza se
restringe ao plano teórico e não-produtivo. Sinto-me
decepcionado ao ver que alguém cerra os olhos diante de
tantas construções humanas engendradas por sonhos e
projeções aparentemente irrealizáveis. Chalmers parece
não entender ou simplesmente desconsiderar que
realmente nada pode nos satisfazer plenamente, muito
menos pequenas e imediatas descobertas. (Soa-me como
um mantra esta suave advertência: cuidado com a roda
inabalável dos desejos Sr. Chalmers, a roda inabalável dos
desejos...)

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Em outras palavras, nada de duas teorias para uma mesma coisa!
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Quanto a questão da certeza, seu discurso é
performativamente contraditório. É como se dissesse: não
queira estar certo, embora eu esteja certo de que a
utilidade e a generalidade são exigências fundamentais à
produção científica.
De resto, um ranço fisicalista torna o texto
impronunciável quanto à questão das ciências sociais e
afirma equivocadamente a autonomia científica. A ciência
pode ser olhada sob perspectivas internas a seu discurso,
e, isto é inquestionável. Agora como separá-la de
interesses e manipulações que lhe são externas, realmente,
não vejo como. Estariam em verdade, o Estado, as
entidades civis, as multinacionais, a comunidade
epistêmica promovendo a pesquisa científica apenas para
que esta possa progredir em si mesma? Seria possível
acreditar em resultados autônomos no interior deste
oceano de interesses?
Para encerrar, não quero de modo algum aqui opor-
me a prática. Pelo contrário, quero afirmá-la
substantivamente como o fez Marx em suas teses contra
Feuerbach: "(...) É na práxis que o homem deve demonstrar
a verdade, a saber a efetividade e o poder, a criterioridade
de seu pensamento. A disputa sobre a efetividade ou não-
efetividade do pensamento-isolado da práxis - é uma
questão puramente escolástica (tese 2ª)" . Chalmers bem
poderia refletir sobre as palavras do velho pensador
alemão, que diga-se de passagem não era físico, e talvez,
nem mesmo cientista, mas que deixou-nos sábias posturas
inspiradoras das quais se constituíram verdadeiros
progressos sociais, sobretudo para com a vida dos
trabalhadores. São palavras carregadas de utopia, sem no
entanto fugirem ao desafio da ação realizadora:
"Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo
diferentemente, cabe transformá-lo." (Marx, Teses contra
Feuerbach, tese X)
E por aqui fico, como se pudesse indagar ao autor:
Sr Chalmers, responda-me realmente: por que os cientistas
estariam fora disto?

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André Luiz Fayão
Filosofia da Ciência III

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