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Unidade: Texto Dramático

(O Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente)


Sub – Unidade: O Frade

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Sumário: - Recapitulação da aula anterior;
- Fenómenos Fonéticos.
- Estudo da cena VI do Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente que
corresponde à personagem do Frade;
- Interpretação e análise cénicas;
- Intenção crítica do autor;
- Ficha de trabalho.

Competências gerais:
- Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para
estruturar pensamento próprio;
- Pesquisar, seleccionar e organizar informação para a transformar em
conhecimento mobilizável;
- Realizar actividades de forma autónoma, responsável e criativa.

Competências transversais:
- Descobrir a multiplicidade de dimensões da experiência humana, através do
acesso ao património escrito legado por diferentes épocas e sociedades, e que constitui
um arquivo vivo da experiência cultural, cientifica e tecnológica da Humanidade;
- Ser rigoroso na escolha e observação de dados linguísticos e objectivo na procura
de regularidades linguísticas e na formulação das generalizações adequadas para as
captar;
- Dominar metodologias de estudo (tais como sublinhar, tirar notas e resumir);

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Competências específicas: Conteúdos/ conhecimento Recursos:
explicito:

Compreensão/ expressão oral:


- Exprimir-se oralmente de forma
Cena do Sapateiro Manual
desbloqueada e autónoma, em função
(recapitulação);
de objectivos comunicativos
diversificados;
- Comunicar oralmente tendo em conta
a oportunidade o tempo disponível e a
situação.

Leitura:
- Interagir com o universo textual, a
partir da sua experiência e Cena do Frade
Manual
conhecimento do mundo e da sua
competência linguística;
- Reconstruir mentalmente o
significado de um texto (literário e não
literário) em função da relevância e da
hierarquização das unidades
informativas deste;
- Interpretar linguagens de natureza
icónica e simbólica.

Expressão escrita:
- Aprofundar a prática da escrita como
Folhas
meio de desenvolver a compreensão na Ficha de trabalho
policopiadas
leitura; (trabalho de casa)

- Alargar a competência comunicativa


pela confrontação de variações
linguísticas, regionais e sociais com

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formas padronizadas da língua.

Conhecimento explicito:
Características da
- Descobrir aspectos fundamentais da
personagem; Giz
estrutura e do funcionamento da língua,
Ironia; Quadro
a partir de situações de uso;
Função do parvo; Lápis ou
- Apropria-se, pela reflexão e pelo
Intenção crítica do caneta
treino, de conhecimentos gramaticais
autor; Caderno
que facilitem a compreensão do
Tipos de cómico;
funcionamento dos discursos e o
Fenómenos Fonéticos.
aperfeiçoamento da expressão pessoal.

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Operacionalização:

A professora entra na sala, cumprimenta os alunos e procede à chamada a fim de


verificar se todos se encontram presentes na aula. Pergunta se os alunos fizeram o
trabalho de casa e recolhe as folhas. Em seguida, a professora faz uma breve
recapitulação da aula anterior remetendo-os para a página cento e quarenta e nove,
onde ir-se-á preencher a grelha que diz respeito à personagem do Sapateiro. A grelha
deverá ser preenchida de seguinte forma:
Personagens Símbolos Tipo Argumentos Argumentos Desenlace
(réus) cénicos de acusação de defesa
Sapateiro Avental; Roubou e Rezou; Condenado
(João Antão) Formas Artífice enganou os Foi à missa;
de pouco clientes. Confessou-
sapatos. sério. se;
Deu
dinheiro à
igreja.

A professora pergunta aos alunos se se lembram do que foi dito na aula anterior
relativamente ao que seria feito no início desta aula. Os alunos devem responder que a
professora mencionou que esta aula seria iniciada com os fenómenos fonéticos. A
professora passa, então, a explicar que: “O Auto da Barca do Inferno foi escrito em
português arcaico no séc. XVI. Esta era, ainda, uma altura de muitas mudanças na
língua a nível fonético. Verificaram-se lentas alterações em muitos vocábulos
provenientes da pouca cultura daqueles que falavam a língua e do desejo de diminuir a
dificuldade na articulação de certos fonemas. Tais alterações designam-se por
fenómenos fonéticos e têm a ver com a alteração das características dos sons.” A
professora pergunta aos alunos se numeraram a cena do Frade em casa assim como lhes
tinha pedido na aula anterior, ao que os alunos podem responder que sim ou que não. A
professora pede, então, aos alunos para que abram o manual na página cento e quinze,
no excerto que corresponde à personagem do Frade e começa a explicar: “Na linha
quatro (fala do Diabo) encontramos a palavra “padre”. Esta palavra tem como forma
latina patrem, logo, tem a seguinte evolução patrem > padre. Ao passar de uma forma
para a outra constata-se uma apócope de –m acusativo, ou seja, o –m caiu em final

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absoluto de palavra. Uma outra transformação é a sonorização da consoante T em D,
isto é, o T, que tem um som mais surdo, transformou-se em D que é um som mais
sonoro. Esta forma entrou na língua portuguesa por via culta, por via erudita. Uma
outra palavra, pai, também com a mesma forma latina patrem, entrou na língua
portuguesa por via popular. Padre e pai são, portanto, palavras divergentes.
“Mais abaixo, na linha onze (fala do Frade) encontramos o artigo e pronome “La”.
“La” tem como forma latina illam que evoluiu da seguinte maneira: illam > lla > la > a.
Numa primeira fase de evolução, observa-se a apocópe de –m. Dá-se, depois, uma
aférese em que o som i- cai em início absoluto de palavra. Na passagem de lla para la,
verifica-se a simplificação de ll- em l-, ou seja, dois sons iguais e seguidos
simplificam-se num só. Na última fase de transformação, ou seja, na fase que dá
origem ao artigo e pronome a que conhecemos hoje, temos, novamente, uma aférese
em que o l-, que tinha sido simplificado, cai em início de palavra.
Já mais para o fim do texto, na linha cento e cinco (fala do Diabo) encontramos a forma
“viir” que corresponde, em português actual, ao verbo vir. Vir tem como forma latina
inicial uenire que evoluiu da seguinte forma: uenire >u~eir > viir > vir. Esta evolução
explica-se da seguinte forma: na passagem de uenire para ueir observa-se a apócope de
–e precedido de vibrante r. Em seguida, dá-se a síncope de n intervocálico que deixa
nasalidade na vogal precedente, ou seja, o n cai mas deixa as suas marcas de nasalidade
na vogal anterior. Na passagem de ueir para viir observa-se um fenómeno de
assimilação. A vogal e é assimilada pela vogal i formando o hiato ii. Um hiato é
formado por duas vogais seguidas, como é o caso. Na última fase de evolução,
observa-se um fenómeno de crase em que as duas vogais ii se fundem numa só
resolvendo o hiato.” Ao mesmo tempo que a professora explica os fenómenos
oralmente, regista-os no quadro para que todos possam ver, perceber melhor e passar
para o caderno.
Plano de Quadro
• Padre: Patrem > padre (via erudita) Palavra Divergente
Patrem > pai (via popular) Palavra Divergente
Fenómenos Fonéticos: Apócope;
Sonorização.
• La: illam > lla >la > a
Fenómenos Fonéticos: Apócope;

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Simplificação;
Aférese.
• Viir: uenire >ueir > viir > vir
Fenómenos Fonéticos: Apócope;
Síncope;
Assimilação;
Crase.

A professora motiva os alunos para a presente aula ao dizer: “Vocês já sabem que Gil
Vicente usa as suas personagens para criticar a sociedade do seu tempo. O mesmo vai
verificar-se na personagem que desfila depois de o Sapateiro sair de cena.” Ao dizer
isto, a professora distribui a folha de vocabulário que servirá de suporte para a leitura
desta cena.
A professora comunica que, em seguida, a turma vai ler o texto expressivamente e
pede à Fani, ao Rafael, ao Diogo e ao Luís que leiam as didascálias, as falas do Diabo,
a fala do Parvo e as falas do Frade respectivamente. Concluída a leitura expressiva do
texto, a professora pergunta: “Conseguiram seguir mais ou menos bem a leitura? Há
alguma coisa que não perceberam?” Mediante o que os alunos responderem, a
professora pergunta: “Então o que é que se passa nesta cena?” Os alunos deverão
responder que um Frade, acompanhado por uma moça e vestindo um hábito e um
equipamento de esgrima, dirige-se à barca do Inferno, onde pergunta para onde esta se
dirige. Ao ouvir do Diabo que aquela barca vai para o Inferno e que terá de ir nela, o
Frade, sentindo-se injustiçado, tenta argumentar contra aquela decisão, dando,
inclusivamente uma aula de esgrima para provar que não merece ir para o Inferno. Ao
perceber que o Diabo não volta atrás na sua decisão, o Frade dirige-se à barca da Glória
onde, ao invés de se confrontar com o Anjo, confronta-se com o Parvo, já que o Anjo
recusa-se a falar com ele. O Frade e a moça retornam à barca do Inferno onde acabam
por embarcar.
A professora pergunta, em seguida, qual o percurso cénico da personagem, ao que os
alunos devem responder que o Frade dirige-se à barca do Inferno, depois vai até à
Barca da Glória e regressa à barca do Inferno onde embarca. A professora concorda e
diz aos alunos para registarem o percurso cénico do Frade no caderno. Diz, em seguida:
“Vamos olhar para a didascália inicial. Que informações é que nos dá esta didascália?”.

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Os alunos deverão responder que esta didascália dá-nos informação relativamente aos
elementos cénicos, sendo estes “(…)ua moça pela mão, e um broquel e ua espada na
outra, um casco debaixo do capelo;(…)”. A professora pergunta: “Acham que os
elementos cénicos vão ter alguma influência na condenação do Frade?” Os alunos
devem responder que sim. A professora pergunta porquê. Os alunos devem responder
que um membro do clero não pode andar com mulheres nem, tão pouco, esgrimir como
um cortesão. A professora continua: “Como é que o Frade entra em cena?” Os alunos
devem responder que o Frade entra a dançar e a cantar. A professora diz: “Ora, ele
entra a cantar e a dançar, com uma moça pela mão e com um equipamento de esgrima.
Acham a combinação de todos estes elementos cénicos engraçada?”, ao que os alunos
devem responder quer sim. A professora diz: “Neste caso, acham que está presente
algum tipo de cómico?” Se os alunos não souberem responder, a professora remetê-los-
á para a página oitenta e sete do manual e dirá: “Vamos ler as características de cada
tipo de cómico e vamos ver qual se adequa mais a este momento.” Feita a leitura, os
alunos já deverão saber responder que este momento assenta num cómico de situação.
A professora chama a atenção à segunda fala do frade: “Deo gratias! Som cortesão.” A
professora pergunta aos alunos o porquê da expressão em latim. Se os alunos não
souberem responder, a professora explicará que: “Nesta altura, as missas eram rezadas
em latim, logo, todos os padres sabiam falar latim. Este frade não é excepção e a
expressão “Deo Gratias!”, que quer dizer “graças a deus”, é prova do registo formal de
língua que o frade utiliza. Aliás, o Frade recorre abusivamente a expressões clericais e
fá-lo sempre antes de tecer um argumento de defesa, o que revela a falta de
arrependimento em relação aos seus pecados”. Em seguida, a professora pergunta aos
alunos em que medida é que se encontra, nesta fala, uma contradição. Se os alunos não
perceberem a pergunta, a professora dirá: “Já dissemos que o uso do latim simboliza o
clero, do qual faz parte o Frade. No entanto, o Frade apresenta-se como cortesão,
levando uma vida completamente diferente daquela que devia levar. Aqui há ou não
uma contradição?” Os alunos já deverão saber responder que os monges devem ser
humildes e que a vida da corte não lhes pertence, portanto a palavra “cortesão” está em
contradição com Deo Gratias” que simboliza a igreja e o clero.
A professora lê, em voz alta: “Sabes também o tordião?” ao que o Diabo responde:
“Porque não? Como ora sei!” e diz: “Esta pergunta do Diabo serve para entrar na
conversa do Frade e ganhar a sua confiança, para que o Frade possa dizer-lhe e fazer

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tudo o que o Diabo quer e precisa para poder condená-lo. Claro está que o Frade nunca
se apercebe das intenções do Diabo porque este usa um recurso estilístico que lhe
permite iludir o Frade. Que recurso estilístico é este?” Os alunos deverão responder,
ou, se não souberem, a professora deverá esclarecer que o Diabo usa a Ironia. A
professora continua: “A Ironia é usada, maioritariamente, pelo Diabo para criticar o
Frade e as suas acções. Onde é que encontram outros casos de Ironia no texto?” Os
alunos deverão responder: “Na quarta fala do Diabo: “Fezeste bem que é fermosa!” A
professora pergunta: “Não encontram mais nenhum momento irónico nesta fala do
Diabo?” Os alunos deverão responder que a Ironia está presente na linha abaixo: “E
não vos punham lá grosa/no vosso convento santo?” ao que a professora pergunta o
porquê da ironia naquele verso. Os alunos deverão responder que convento santo quer
dizer exactamente o contrário. A professora explica que é justamente nestas linhas que
se subentende uma acusação do diabo em relação a todo o clero. Quando o frade
responde “E eles fazem outro tanto!”, há confirmação de que o clero leva, de facto,
uma vida contrária àquela estipulada pelos votos que fizeram. A professora acrescenta,
ainda, a ironia presente em “Que cousa tão preciosa…”.
A professora lê, em voz alta: “Essa dama, ela é vossa? Por minha la tenho eu,/ e sempre
a tive de meu” e diz: “Através desta pergunta, o Diabo consegue, mais uma vez, com
que o Frade confesse os seus pecados sem que este se aperceba. Que motivo de
condenação é esse?” Os alunos devem responder que o motivo de condenação é o facto
de o Frade ter uma moça.
A professora lê as falas seguintes do Frade e do Diabo em voz alta e pergunta: “O que é
que o Diabo lhe responde quando o Frade lhe pergunta para onde vai a barca?” Os
alunos devem responder que vai para o Inferno. A professora assente e diz: “O que é
que o Frade usa para se defender?” Os alunos devem responder com a leitura do verso
“E est’hábito no me val?”. A professora pergunta: “O que é que está implícito neste
verso, ou seja, que ideia é que tinha o Frade?” Os alunos devem responder que o Frade
pensava que se podia salvar só pelo simples facto de ser um membro da igreja. A
professora diz que a resposta que o Diabo lhe dá: “ a Berzebu vos encomendo” é a
antecipação de uma sentença que não tarda, e não tarda exactamente pela maneira
como o Frade julga estar a defender-se, acusando-se e condenando-se ao mesmo
tempo. Para justificar esta afirmação, a professora lê, em voz alta, os versos: “Eu hei-de
ser condenado?/ Um padre tão namorado/ e tanto dado a virtude?”. A professora diz:

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“O Diabo diz ao Frade para, sem mais demoras, entrar na barca e tomar um par de
remos. O que é que o Frade responde?” Os alunos, como resposta, devem ler o verso:
“Nom ficou isso n’avença”. A professora pede aos alunos para verem o que é avença,
ao que estes devem dizer que é acordo. A professora pergunta, então, que acordo é
esse. Os alunos devem responder que o acordo que supostamente haveria, consistiria no
perdão dos pecados em troca de muitos salmos rezados, para além de a condição de
clérigo já ser um grande passo para a salvação. A professora diz: “Quando o Diabo lhe
diz que a sentença está dada, o Frade manifesta, pela primeira vez, preocupação pela
moça que se mantém silenciosa durante toda a cena. Como é que se chama a moça? Os
alunos deverão responder que a moça se chama Florença. A professora pergunta aos
alunos se estes sabem a razão daquele nome para a moça e que crítica se subentende.
Os alunos não deverão saber responder a esta pergunta pelo que a professora prossegue
explicando que: “O nome Florença está associado à cidade italiana da Toscana, que, no
séc. XV se tornou o centro da prosperidade mas, como a prosperidade acarreta sempre
a corrupção, a cidade de Florença acabou por se corromper. Gil Vicente crítica assim o
pecado e a corrupção presentes tanto na moça como na cidade italiana”.
A professora continua a ler essa fala do Frade em voz alta e diz: “O que é que custa
tanto ao Frade em aceitar?”, ao que os alunos devem responder que o Frade não aceita
a condenação porque rezou muitos salmos e isso deveria ser o suficiente para o salvar.
Julgava que os seus pecados seriam perdoados meramente por causa da sua condição
de clérigo e por rezar muito. Não entende que, para merecer o Céu, tinha de ter levado
uma vida digna.
A professora continua: “Quando o Diabo se dirige, directamente, ao Frade, para além
de tratá-lo por padre, também o acusa de ser marido e mundano. Isto acontece em
“devoto padre marido” mas também já aconteceu antes e ainda vai acontecer mais uma
vez. Digam-me em que versos é que o Diabo, ao dirigir-se ao Frade, também o acusa
dos seus pecados?” Os alunos devem referir os versos “Gentil padre mundanal” e
“padre frei capacete”. A professora pergunta: “Ao dirigir-se ao diabo desta maneira, o
Diabo recorre à ironia?” Os alunos devem responder que sim. A professora diz:
“Existem mais dois momentos no texto em que o Diabo ironiza as atitudes do Frade.
Conseguem encontrar esses dois momentos? Se os alunos não souberem responder, a
professora deverá chamar a atenção para a décima terceira fala do Diabo: “Dê vossa
Reverença lição/d’ esgrima, que é cousa boa!” A professora deverá dizer que o Diabo

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usa a ironia para levar o frade a esgrimir para que possa ser condenado, pois a esgrima
é mais um factor de condenação. No entanto, o Frade não se apercebe que se está a
condenar e, pelo contrário, acha que o facto de ser bom esgrimista o levará para o Céu.
A professora diz: “ O último exemplo de ironia está presente na primeira fala do Diabo
depois da terceira didascália: “Ó que valentes levadas!”. O Diabo goza com o Frade e
com a sua esgrima mas este, de tão presunçoso que é, nunca se apercebe.
A professora lê, em voz alta os seguintes versos que correspondem à lição de esgrima e
diz: “Imaginem a figura que o Frade está a fazer. Tenham presente a imagem de um
Frade, de espada em punho, a esgrimir e com uma moça pela mão. Isto dá-vos vontade
para rir?” Os alunos já saberão distinguir os tipos de cómico e dizer que este momento
assenta num cómico de situação: “Saio com meia espada/Houlá! Guardai as
queixadas!” e acrescenta: “O que pode ser mais cómico do que assistir a uma cena, em
plena corte vicentina, em que um frade esgrima ridiculamente com uma moça pela
mão?”. A professora pergunta: “Encontram este tipo de cómico novamente no texto?”
Os alunos deverão responder que sim, que o mesmo tipo de cómico surge numa
situação muito semelhante à entrada do Frade em cena, que é quando se dirige à Barca
da Glória. A professora concorda e pergunta aos alunos a razão pela qual o Frade
continua a dançar e a cantar quando se dirige à Barca da Glória. Se não souberem
responder, a professora explicará que o Frade continua despreocupado dos seus
pecados, logo o seu comportamento não muda mesmo depois de ter falado com o
Diabo. Desloca-se à Barca do Anjo com a mesma atitude com que entrou em cena.
A professora diz: “ Repararam que quando o Frade se dirige à Barca da Glória, o Anjo
recusa-se a falar com ele? Que razão é que acham que tem o Anjo para não falar com o
Frade?” A resposta pretendida é a seguinte: “O Anjo recusa-se a falar com o Frade
porque sente-se traído por um dos seus pois não o reconhece como praticante do bem”.
A professora deverá completar a resposta ao dizer que o facto do Anjo se ter recusado
em falar com o Frade mostra a gravidade dos seus actos, como se, assim, se
considerasse ser mais grave e repugnante o Frade pecar do que qualquer outra pessoa,
uma vez que, como elemento da igreja, teria mais obrigação e deveria dar o exemplo.
Deveria ser uma pessoa dedicada à alma, ao espírito e estar acima das coisas
mundanas. Para além disso, o Frade já se tinha condenado através dos seus actos e das
suas atitudes. Pouco mais teria o Anjo a dizer. A professora pergunta em seguida:
“Quem acusa o Frade na vez no Anjo? Os alunos deverão responder: “O Parvo”. A

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professora continua: “Através de que meio é que o Parvo acusa o Frade?” os alunos
deverão dizer que o Parvo acusa o Frade através da crítica. A professora deverá
acrescentar que o Parvo critica o Frade por ter roubado uma dama e não respeitar o
celibato: “Furtaste o trinchão, frade?” A professora continua ao esclarecer que: “O
Parvo usa o calão para ridicularizar e criticar os actos do Frade e fá-lo através da
linguagem. A fala do Parvo assenta, portanto, num cómico de linguagem.”
A professora diz: “Tenham em atenção a penúltima fala do Frade: “Eu não vejo aqui
maneira /senão enfim…concrudir.” Acham que a recusa do Anjo em falar com o Frade
influenciou, de alguma maneira, a decisão do Frade em aceitar e resignar-se com a sua
sentença?” Os alunos deverão responder que: “Sim, pois ao não ser recebido pelo Anjo,
o Frade apercebe-se que algo está mal e que ele já não tem salvação. Apercebe-se que
não tem qualquer hipótese e aceita o seu destino.” A professora ajuda na resposta ao
acrescentar que o Frade conhecia as regras que tinha de seguir mas que se tinha
habituado a não cumpri-las, por isso resigna-se e aceita a condenação. Acrescenta ainda
que: “O Frade não mostra verdadeiro arrependimento. Pretende conservar, para lá da
morte, a sua maneira de ser ao levar consigo a moça. A questão do Céu e do Inferno
não levanta, na personagem, a preocupação em evitar o pecado.”
A professora diz: “Agora que já vimos e discutimos o texto, vamos, em seguida,
preencher o quadro da página cento e quarenta e nove do manual, na grelha que diz
respeito à personagem do Frade.” O quadro deverá ser preenchido da seguinte maneira:
Personagens Símbolos cénicos Argumentos de Argumentos Desenlace
acusação de defesa
Frade Uma moça, uma Frade mundano; É frade; rezou Condenado.
espada, um Não respeita o voto muito.
capacete e um de castidade.
escudo.

A professora pede aos alunos que acrescentem ao lado deste quadro o percurso cénico
da personagem: Diabo Anjo Diabo.
Para consolidar a matéria dada e como forma de recapitulação, a professora distribui
uma ficha de trabalho (vide anexo 2) e pede aos alunos que escrevam as respostas no
caderno à medida que forem respondendo. Se não houver tempo para levar esta tarefa a
cabo, ser-lhes-á pedido que a façam como trabalho de casa e a entreguem na próxima

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aula.
Dito isto, a professora, em conjunto com os alunos, escreve o sumário que deverá ser o
seguinte:
1.Recapitulação da aula anterior;
2. Fenómenos Fonéticos;
3. Leitura da cena VI do Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente que corresponde à
personagem do Frade;
3.1 Interpretação e análise cénicas;
3.2 Intenção crítica do autor;
4. Ficha de trabalho.
A professora dá por concluída a aula, arruma as suas coisas, despede-se e sai da sala.

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