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RIO GRANDE DO NORTE

SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL


POLÍCIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DA PMRN

CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS – CAS/2019

ASPECTOS JURÍDICOS DA ABORDAGEM POLICIAL

NATAL/2018
CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DO MATERIAL DA APOSTILA

A elaboração do presente material foi realizada através de pesquisa


bibliográfica que tomou por base a Ementa da Disciplina Fundamentos Jurídicos da
Abordagem, que é componente curricular obrigatório do Plano de Curso do Curso de
Formação de Sargentos 2018.
A coleta do material e exposição do conteúdo foi feita de forma a possibilitar
uma fácil compreensão pelo corpo discente e procurou abordar questões usuais do
cotidiano da atividade do policial militar.
Sugerimos aos Instrutores a contextualização do conteúdo através de
exemplificações com as ocorrências diárias vivenciadas pelo corpo discente como
forma de criar um ambiente favorável para o processo de ensino aprendizagem.
Desejamos a todos discentes um curso proveitoso e que propicie um acervo
técnico profissional útil ao desempenho das atividades inerentes a nova graduação a
ser alcançada.
CONCEITO DE ABORDAGEM POLICIAL
A tarefa do profissional da segurança publica consiste em oferecer à
sociedade a proteção suficiente para que todos estejam livres de riscos e perigos. E,
para tanto, como representante do Estado, você detém o dever-poder de polícia, que
lhe confere a capacidade de intervir nas liberdades individuais, respeitando os
limites, sendo necessário submeter as pessoas ao procedimento de revista pessoal,
a fim de garantir a segurança da comunidade, inclusive a da própria pessoa.
Abordar é o ato de aproximar, alcançar, chegar, estar encostado, achegar-
se em uma pessoa, com o propósito de lhe sondar a opinião ou tratar de qualquer
assunto, começar a tratar de alguma coisa.
Olhando para o conceito técnico, a abordagem policial constitui o
procedimento de aproximação a uma pessoa, ou a um grupo de pessoas, ou ainda
a um veículo ou residência, com o fim de confirmar um fato, a evidência de uma
infração penal, bem como investigar, orientar, advertir, prender, assistir.
Normalmente a busca em pessoas, veículos ou domicílios é realizada em
função da necessidade de se identificar a existência de algum objeto que constitua
corpo de delito (Código de Processo Penal, art. 244). Mas, pela definição construída
anteriormente, é importante deixar bem claro que essa intervenção policial não
somente ocorre diante da existência de uma infração penal. Vale dizer, a abordagem
pode ser realizada também com o objetivo de orientar, advertir, assistir. Dentro
dessa ideia, conforme já discutido acima, ela pode ser empregada também como
critério de prevenção, sem que exista fundada suspeita.
Abordagem representa um encontro entre a polícia e o público e os
procedimentos adotados pelos policiais variam de acordo com as circunstâncias e
com a avaliação feita pelo policial sobre a pessoa com quem interage, podendo
estar relacionada ao crime ou não.
Essa é uma ação policial proativa, que ocorre durante as atividades de
policiamento, cujos procedimentos preveem a interceptação de pessoas e veículos
na via pública e a realização de busca pessoal e revista veicular, com o objetivo de
localizar algum objeto ilícito, como drogas e armas de fogo. A decisão de agir é
exclusiva do policial e é respaldada por lei.
A abordagem pode ser feita, em especial, com duas finalidades, quais sejam:
a preventiva e a repressiva, sendo a situação fática e a aferição dessa situação feita
pelo policial com base nos princípios e manuais que norteará o tipo de abordagem a
ser realizada. Dentro desse contexto, observe as situações a seguir.
Situação 01: Profissionais de segurança pública planejaram ações
específicas para um evento esportivo, ocorrido nos últimos 10 anos. Nesse período,
houve registros de roubo, furto, lesão corporal, tentativa de homicídio e homicídio
consumado. Umas das estratégias adotadas na edição atual foi a de intensificar as
atividades de busca em pessoas e veículos, em barreiras pré-determinadas,
observada a mancha criminal. Após a realização do evento não houve registro de
homicídio, nem de tentativa de homicídio. Houve sensível redução nos números de
roubo, furto e lesão corporal.
Situação 02: Uma viatura policial recebeu informações detalhadas, via
Central de Operações, sobre um grupo de três pessoas armadas com pistolas,
efetuando assaltado em uma padaria no centro da cidade. Ao chegar no local, a
equipe obteve a confirmação da ocorrência com o proprietário do estabelecimento, o
qual forneceu novas informações sobre os autores do fato, que se evadiram.
Durante o patrulhamento, os policiais identificaram 03 (três) pessoas, cujas
descrições e comportamento indicaram uma semelhança de características com os
autores do roubo à padaria, conforme informações transmitidas pela Central de
Operações e pela vítima.
Importante!
O policial, representante do Estado, protetor dos bens mais caros para a
sociedade, deve ter o domínio sobre o que acontece no mundo dos fatos, a
realidade das ruas. O policial deve empregar a técnica adequada durante sua
atuação (necessária e razoável) e observar os fundamentos da ordem jurídica. Com
esse ciclo, o seu comportamento será considerado legítimo.

FUNDADA SUSPEITA
A primeira coisa que vem à mente de um policial sobre a justificativa para se
realizar uma abordagem é a chamada fundada suspeita. Ao se empregar os
significados de um dicionário, a fundada suspeita seria o juízo de valor formulado
sobre o comportamento de uma pessoa, ou sobre algo, com base (fundado) em
elementos prévia e solidamente identificados, que levam a concluir sobre a
existência de um ato irregular, ilícito e/ou criminoso. De imediato o fundamento legal
citado é o do Código de Processo Penal:
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a
autorizarem para:
[...]
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
[...]
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu
poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo
possa ser útil à elucidação do fato;
[...]
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de
que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas
letras b a f e letra h do parágrafo anterior.

Ao analisar a expressão fundada suspeita contida nos artigos citados, Nucci


(2005, p. 493) ensina:
Suspeita é uma desconfiança ou suposição, algo intuitivo e frágil, por
natureza, razão pela qual a norma exige fundada suspeita, que é mais
concreto e seguro. [...] sendo crucial destacar que a autoridade
encarregada da investigação ou seus agentes podem – e devem –
revistar pessoas em busca de armas, instrumentos do crime, objetos
necessários à prova do fato delituoso, elementos de convicção, entre
outros, agindo escrupulosa e fundamentadamente.

Contudo, várias são as críticas sobre a formação da fundada suspeita. Quem


nunca ouviu a famosa pergunta sobre o que seria a fundada suspeita. Aqui reside
grande parte da controvérsia sobre o emprego da discricionariedade do policial.
Embora haja essa discussão, é bom que se diga que o problema não reside
no suposto grau de discricionariedade ou na ausência de definições sobre o que
seria a expressão “fundada suspeita”. Mas, na maioria das vezes, o problema
encontra-se na correta aplicação das normas aqui discorridas, ou a dificuldade de se
interpretar os fatos e o uso da técnica adequada ao caso concreto.
Assim, para que seja assegurada uma convivência harmoniosa, um
ambiente livre de riscos e perigos, o legislador conferiu aos policiais, independente
de autorização judicial, a possibilidade de se realizar abordagens em pessoas,
veículos e domicílios, bastando indício associado à fundada suspeita de que a
pessoa esteja portando um objeto que esteja vinculado a uma infração penal. Daí
surgem os manuais, os procedimentos operacionais, instruções, resoluções, que
buscam detalhar e definir os critérios de atuação do profissional, isto é,
complementando a cláusula geral da lei sobre indícios e fundada suspeita.

O DEVER-PODER DE POLÍCIA
Antes de discorrermos acerca do poder de polícia, é necessário entendermos
um pouco do conceito e desdobramentos do “ato administrativo”, o qual é uma
manifestação de vontade (comportamento) proferida pelo Estado e externado por
agente público, ou por quem lhe faça às vezes, a fim de criar, modificar ou extinguir
direitos, perseguindo o interesse público.
Vale dizer, essa manifestação de vontade (comportamento) está sujeita ao
regime jurídico público, não tendo a mesma força da lei, sendo inferior e
complementar à previsão legal. Para aferir sua legitimidade, pode se sujeitar ao
controle do poder judiciário, no que diz respeito à legalidade, o qual determina a
anulação, nos casos em que descumprido o interesse público.
Essa manifestação de vontade muitas vezes cumpre uma determinação legal,
sendo, portanto, vinculada. Em outras palavras, abre-se um leque de opções para se
realizar a manifestação de vontade, abarcando a discricionariedade. E dentro desse
contexto, surge o exercício do dever-poder de polícia.
Existem elementos ou requisitos que são intrínsecos e necessários para a
execução do ato administrativo, quais sejam:
Competência (Sujeito): trata-se da capacidade do agente público de praticar
o ato, conforme definido em legislação. Não havendo lei conferindo essa
capacidade, o ato praticado é passível de nulidade. Nesse sentido, destaca-se a
tarefa para realizar busca pessoal durante as ações de segurança pública. Em
outras palavras, a lei confere aos agentes policiais essa atividade, não sendo
admissível outro agente do Estado exercê-la.
Forma: cuida-se da exteriorização da manifestação de vontade ou do
comportamento. Em regra, é por escrito, salvo quando a lei autorizar de outra forma
(ex.: gestos do agente de trânsito, gestos do policial durante uma intervenção).
Motivo: para que o ato seja aperfeiçoado exige-se a exposição/demonstração
dos fundamentos de fato (acontecimentos do dia-a-dia) e de direito (conforme
previsto na ordem jurídica). Dentro da ideia de controle, o cidadão precisa saber das
razões em que se basearam o comportamento do agente público, a fim de aferir o
grau de cumprimento do interesse comum, como ocorre nas razões da realização de
uma intervenção policial, seja para abordar ou para prender. Pode ser vinculado
(conforme determina a lei) ou discricionário.
Objeto: trata-se do conteúdo do ato, ou seja, aquilo sobre o que o
comportamento dispõe (ex.: fiscalização, proteção de pessoas e bens).
Finalidade: é o bem jurídico objetivado pelo comportamento do agente
público (ex.: proteção de um bem da vida).
Agora, passemos a falar do dever-poder de polícia, o qual dentro das
cláusulas do contrato social, o dever-poder de polícia corresponde à
permissão social dada à administração pública para restringir o exercício de
direitos individuais em benefício de toda a sociedade. Empregado com
responsabilidade, trata-se de verdadeiro instrumento posto à disposição do poder
público para disciplinar o exercício desses direitos e liberdades ou ainda de contê-
los, diante de eventuais excessos ou da necessidade de se disciplinar determinadas
relações (ex.: interdição de via pública para promoção das ações de segurança).
Lembre-se que normalmente esse dever-poder estabelece condições, ou impõe
restrições e limitações.
Dentro desse contexto, é muito comum os profissionais de segurança,
durante a realização de suas atribuições exercer o dever-poder de polícia para
realizar detenções, seja porque ocorreu um flagrante delito, seja porque a justiça
expediu um mandado de prisão decorrente de uma condenação criminal.
Vale ressaltar que você está estudando aqui o conceito desse instrumento de
maneira ampla. Assim, para conferir clareza, precisão e ordem lógica, a matéria
deve ser tratada de acordo com a atribuição de cada órgão policial. Com efeito,
normalmente esse dever-poder vem descrito no ordenamento jurídico, como nos
Códigos (de Trânsito, Penal, Processo Penal), legislação ambiental, de direito
administrativo, ou ainda nas leis que dispõem sobre a organização de cada
instituição.
A título de exemplo, no exercício da atividade de policiamento ostensivo, essa
previsão genérica do dever-poder de polícia é estabelecida no Decreto-Lei nº 667,
de 02 de julho de 1969:
Art. 3º - Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança
interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete às
Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: (Redação
dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
a) executar com exclusividade, ressalvas as missões peculiares das
Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela
autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a
manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos;
(Redação dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou
áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem;
(Redação dada pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem,
precedendo o eventual emprego das Forças Armadas; (Redação dada
pelo Del nº 2010, de 12.1.1983)
d) atender à convocação, inclusive mobilização, do Governo Federal em
caso de guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave perturbação da
ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se à Força Terrestre
para emprego em suas atribuições específicas de polícia militar e como
participante da Defesa Interna e da Defesa Territorial; (Redação dada
pelo Del nº 2010, de 12.1.1983) [...]

Importante!
É através do dever-poder de polícia que a lei confere a você, profissional de
segurança pública, mecanismos para disciplinar a conduta das pessoas em
sociedade. É dentro desse contexto que se fundamenta a atuação policial,
instrumento que lhe permite alcançar um grau de ordem pública, de paz social, que
se exige no cumprimento de seu mister (ocupação profissional, trabalho ou ofício).
ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
Como profissional, você sabe que a atividade policial integra as ações de
segurança pública constitui-se como um aspecto da ordem pública, ao lado da
tranquilidade e da salubridade pública. Tudo isso é concebido dentro de uma
estrutura estatal para garantir uma convivência harmoniosa entre as pessoas.
Segurança pública ou ordem pública?: Uma explicação usual diz que, em
linhas gerais, a segurança pública é causa da ordem pública, que se traduz em um
estado antidelitual, livre, portanto, da violação dos bens e valores mais importantes
para a coletividade (vida, integridade física, liberdade, patrimônio, etc.) e, por isso,
tutelados pelas leis, que regulam o comportamento de todos.
Nesse sentido, existe ordem pública, e, consequentemente, segurança
pública, quando, por exemplo, no dia-a-dia o cidadão tem a liberdade para ocupar
espaços públicos, transitar nas ruas a qualquer hora, sem sofrer qualquer tipo de
prejuízo, violação ou dano (ex.: furto, roubo, sequestro, lesão corporal, homicídio
etc.).
A segurança pública é resultado de um conjunto de ações dos órgãos
especializados do Estado, precedido por escolhas feitas pela sociedade e reguladas
por normas jurídicas (leis), tudo com a finalidade de garantir a ordem pública, sendo
esta objeto daquela. É neste ponto em que nós, profissionais de segurança pública,
devemos amparar nossas ações.
Dentro dessa concepção, a preservação da ordem pública é feita pelos
agentes públicos de segurança, por meio da manutenção e quando quebrada, do
reestabelecimento da ordem pública.
Vejamos o que se consolida com a leitura do Capítulo (III), “Da segurança
pública”, no Título V, da CF/88, que cuida “Da Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas”. Em especial, o artigo 144 estabelece que o poder público, dentro de
suas atribuições, tem a incumbência de promover a preservação da ordem pública e
garantir a incolumidade das pessoas e do patrimônio:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares
Para facilitar a compreensão do momento em que cada um dos órgãos
policiais, citados anteriormente, deve agir, para preservar a ordem pública, proteger
pessoas e bens, faça o exercício a seguir:
Imagine o momento em que ocorre um evento da natureza (emergências,
desastres, catástrofes, etc.) ou uma conduta humana – ação/omissão (crime/delito,
contravenção penal, etc.).
Diante de situações assim, o que se busca é assegurar um ambiente social
livre de riscos e perigos, através de ações de prevenção ou de repressão (imediata
e mediata) realizadas pelos os órgãos policiais, seja em razão dos acontecimentos
da natureza, seja em função do comportamento do ser humano.
As ações desenvolvidas pelos órgãos policiais buscam promover o controle
social no sentido de evitar (prevenir) a perturbação da ordem pública, a mácula da
paz social, a violação dos bens jurídicos tutelados (vida, integridade física,
patrimônio, etc.).
Quando essa prevenção não funciona, surgem os procedimentos de resgate
da ordem pública e da paz social, mediante ações de repressão imediata,
socorrendo a vítima, isolando o local do evento, prendendo o autor da conduta,
instaurando procedimentos (ex.: inquérito policial) para esclarecer os fatos e colher
elementos preliminares (autoria, materialidade e circunstâncias) para instruir
eventual responsabilização (administrativa, civil ou penal).

DIREITOS E GARANTIAS DO INDIVÍDUO RELACIONADOS À AÇÃO DA


ABORDAGEM POLICIAL
Inicialmente, antes de falarmos de limites ou excessos da atividade policial
relacionada a abordagem, é necessário discorrer acerca da legitimidade do uso da
força nos casos em que existe a fundamentação jurídica e justa causa para a ação.
Assim, para que o Estado cumpra o papel de promover o bem comum, a
violência (uso da força) legítima surge como instrumento que tem o objetivo precípuo
de estabelecer ou preservar uma sociedade pacificada, o controle social. Na
verdade, a conotação dada a essa violência (uso da força) é a de que ela se legitima
na autorização dada pelo corpo social, através das normas jurídicas (constituição,
leis, etc.), tão somente “para impedir a livre circulação da violência” entre os
indivíduos “e inibir sua existência de forma difusa e/ou privatizada pelo conjunto da
sociedade”. É dentro dessas condições que se desenvolve a concretização da
atuação policial, mediante o uso diferenciado da força, como elemento essencial
para assegurar a ordem pública, a paz social.
Sabe-se que o uso da força, a abordagem, ou a efetivação de uma prisão,
constituem procedimentos necessários para se alcançar os objetivos dos órgãos
policiais, para proteger pessoas e bens, assegurando um ambiente social livre de
riscos e perigos. Mas, quando alguma ação policial é considerada ilegítima, fora dos
parâmetros do uso legítimo da força, tem-se como incompatível com o estado
democrático de direito.
Para saber identificar o que realmente é direito e o que é mera alegação
infundada, a partir de agora você estudará as bases do tema direitos e garantias
fundamentais. Por meio delas, espera-se criar condições para que você possa
compreender a razão pela qual tanto se fala em limitações constitucionais à atuação
policial e o porquê de sua existência.
Toda vez que você, policial, agente aplicador da lei, for realizar algum
procedimento, precisará observar que seu comportamento se vincula ao
atendimento dos limites legais.
De uma forma bem geral, pode-se dizer que:
Os direitos representam por si bens, isto é, algo que pertence ao patrimônio
(material ou imaterial) de alguém ou tem como objeto imediato um bem específico
da pessoa (vida, honra, liberdade, integridade física, etc.).
As garantias correspondem a instrumentos postos à disposição dos
indivíduos para assegurar os direitos e limitar os poderes do Estado (habeas corpus,
habeas data, mandado de segurança, direito de petição).
A existência de direitos e garantias fundamentais na Constituição tem sua
razão de ser centrada na magnitude (dimensão) dos valores mais caros da
existência humana que, por isso, devem estar resguardados em um documento
jurídico supremo e com força vinculante máxima, tornando-se imune aos
temperamentos ocasionais de quem ocupa o centro do poder, bem como das
instabilidades políticas, religiosas, econômicas e sociais.
Os órgãos públicos que constituem a administração pública (dentre eles, os
da segurança pública) estão vinculados às normas de direitos e garantias
fundamentais, pelo que seus agentes devem agir, interpretar e aplicar as leis
segundo ao que se dita.
Podemos citar como exemplo o Direito de ir, vir e permanecer, onde a
CF/88 em seu art. 5º, inciso XV, foi clara ao dizer que: “é livre a locomoção no
território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Com efeito, não havendo
flagrante delito nem outra restrição legal, é perfeitamente possível a permanência
das pessoas nas esquinas até tarde da noite.
Perceba que com a liberdade a pessoa pode desenvolver-se em várias
dimensões (física, espiritual, educacional, religiosa, política, etc.). E um dos
aspectos dessa liberdade é o direito de locomoção (direito de ir, vir e permanecer),
que permite ao cidadão a possibilidade de movimentar-se por todos os espaços
públicos e privados na busca de integrar-se com sua sociedade, com sua família,
com o poder público, seja para emprego, educação, saúde ou lazer, dentre outros
aspectos da vida em sociedade.
Vale lembrar que isso tudo faz parte da dignidade da pessoa humana, ponto
de partida desse estudo, que na Constituição de 88, ao Estado compete proteger e
estimular o seu pleno exercício, porque para isso foi concebido.
Dessa forma, considerando os aspectos fáticos, a abordagem policial deve
ser realizada no tempo estritamente necessário para que seja verificada eventual
suspeita. Assim, caso não haja nada que vincule o cidadão abordado a algum fato
considerado crime, este deve ser liberado imediatamente, desde que não haja outra
providência a ser adotada (orientação geral, notificação de trânsito, etc.).
Naturalmente, como em todo e qualquer contrato, em que se fixam cláusulas
para se alcançar uma finalidade, as partes estabelecem direitos, deveres,
encargos, obrigações, responsabilidades. Não é diferente no contrato social,
firmado, geralmente através de uma constituição escrita e da legislação
regulamentar. Assim, para se fazer parte desse contrato social, com benefícios que
lhes são assegurados, cada indivíduo deve abrir mão de certas liberdades para que
o Estado ou autoridade delegada tenha condições de estabelecer a ordem social.
Assim, você deve saber que os direitos e garantias fundamentais não tem
feição absoluta, nem são considerados intangíveis ou intocáveis a todo o momento.
Isso porque, pelo Brasil ser um Estado de Direito, todos os membros da
sociedade se submetem à lei, não podendo, dessa feita, se valer de direitos e
garantias fundamentais para a prática de ilícitos, bem como se esquivar de uma
eventual responsabilidade pecuniária, civil ou penal. Do contrário, os princípios
estatuídos nas normas constitucionais estariam relevados à extinção material, uma
verdadeira ruína, de anos de evolução da história humana.
A CASA COMO ASILO INVIOLÁVEL E A BUSCA DOMICILIAR
Do catálogo de direitos e garantias fundamentais, que você estudou no
Módulo 1, importa destacar a inviolabilidade de domicílio, contida no inciso XI do art.
5º da CF/88: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
Para as medidas de abordagem, perceba que essa inviolabilidade pode ser
superada nos casos de:
• Consentimento do morador, à noite ou durante o dia;

• Em caso de flagrante delito, à noite ou durante o dia;

• Mediante mandado, isto é, ordem escrita do juiz competente, durante o dia.


Em uma concepção de dignidade da pessoa humana, o termo casa é muito
abrangente. O legislador teve a intenção de tutelar um ambiente espacial privado,
um compartimento não aberto ao público, no qual determinada pessoa tem a
garantia de desenvolver os seus direitos essenciais, buscar segurança, descanso,
um mínimo existencial, manter uma relação familiar. Aqui também cabe a noção de
que a pessoa pode exercer sua profissão ou atividade.
Essa proteção é realizada pelo Código Penal, que considera crime a invasão
de domicílio. Aqui é oportuno verificar o que é considerado casa:
Art. 150 Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra
a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em
suas dependências:
§ 4º A expressão "casa" compreende:
I - Qualquer compartimento habitado;
II – Aposento ocupado de habitação coletiva; e
III - Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão
ou atividade
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I – Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto
aberta, salvo a restrição do nº II do parágrafo anterior; e
II – Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
No caso de um hotel, os quartos são utilizados como moradia, logo,
também merecem a proteção anteriormente citada. De outro lado, os corredores e o
saguão não são abrangidos por essa tutela. O domicílio que se exige aqui não é o
fixo, que exige ânimo de residência.
A busca domiciliar realizada durante o dia, com determinação judicial, exige o
cumprimento de determinados protocolos, previstos na legislação, como o de se ler
o conteúdo do mandado, sob pena de nulidade dos atos. Havendo resistência e
quando a diligência importar risco aos agentes policiais, o uso da força será
empregado para que a medida judicial seja cumprida. Nesses casos, o policial
apresentará e lerá o mandado, logo que for possível.
A lei autoriza o arrombamento da porta em caso de desobediência. Na
hipótese de ausência dos moradores, caberá a você acionar um dos vizinhos para
acompanhar a revista do domicílio. Cabe alertar que, ao concluir essa medida, você
deverá fechar e lacrar o imóvel.
É interessante que sempre haja duas testemunhas não policiais (maiores e
capaz) para que acompanhem a diligência, agindo assim estará dando maior lisura
ao seu ato.
Outro ponto que merece atenção, principalmente para evitar
constrangimentos, é o procedimento de solicitar que o morador e/ou testemunha
acompanhe a diligência em cada cômodo da residência, juntamente com os
policiais.
Ao concluir as buscas, o policial que cumprir o mandado fará relatório
contendo todos os detalhes, registrando, inclusive, algo de ilícito que foi encontrado,
precisando em qual lugar do imóvel estava. O relatório tem que ser assinado pelo
agente, pelo morador e pelas testemunhas.
Importante!
Recomenda-se que seja mencionado no relatório a preservação de bens e da
residência submetida à busca, e, se houver dano, descrever o motivo, bem como se
foi necessário o uso da força ou outra medida adotada. Por fim, o relatório será
encaminhado à autoridade competente que determinou o procedimento.
Algo comum é o surgimento do questionamento acerca da busca veicular, e
se o veículo poderia ser considerado extensão da casa. Nesse sentido, existem
hipóteses em que o veículo pode ser considerado a extensão do lar e, portanto,
atrai a inviolabilidade domiciliar prevista na CF/88, por exemplo:
• Quando o carro estiver na garagem da casa;

• Quando for um veículo tipo trailer, enquanto parado;

• Quando for uma embarcação; e

• Eventualmente a cabine de um caminhão, no qual, assim como nos dois casos


citados anteriormente, o proprietário se estabeleça com ânimo de moradia.
Assim, vale ressaltar que é lícita a abordagem em veículos, desde que
preenchidos os requisitos para essa atividade, conforme estudado acima, ainda que
o condutor não permita.
BUSCA PESSOAL
A par de sua enorme importância, a busca pessoal ainda é tratada de forma
tímida pela doutrina e jurisprudência, sendo também a legislação incompleta na sua
disciplina.
Consubstancia-se na inspeção do corpo do indivíduo e sua esfera de custódia
(vestimenta, pertence ou veículo não utilizado como habitação), com a finalidade de
evitar a prática de infrações penais ou encontrar objeto de interesse à investigação.
Regra geral é antecedida por uma abordagem anunciada por comando verbal.
A averiguação pode ser imediata (manual) ou mediata (uso de
instrumentos como scanner corporal, cão farejador ou espelho). Diferentemente
da busca e apreensão domiciliar, a busca pessoal independe de mandado judicial, e
pode ser realizada a qualquer tempo. Além disso, a par de relativizar a intimidade do
revistado, e em menor grau sua liberdade, não pode malferir sua integridade física.
Deve ser feita em diferentes níveis conforme o grau de ameaça, seguindo o uso
proporcional da força (desincentivando o uso de expressões pejorativas como dura e
baculejo).
Consideradas essas premissas, é importante deixar claro que a finalidade da
busca pessoal não é somente apurar ilícitos, mas também evitá-los. Daí sua divisão
em busca pessoal investigativa ou preventiva.
A busca pessoal também pode ser feita pelo próprio juiz, nas situações de
prisão, busca e apreensão domiciliar ou fundada suspeita, não sendo necessário o
mandado pois não faz sentido ordenar a si mesmo o cumprimento de uma ordem.
Esta hipótese não consiste em modalidade autônoma de busca pessoal, senão de
rara forma de cumprimento das espécies de revista existentes.
Das hipóteses de busca pessoa investigativa, a que ganha mais destaque é a
decorrente de fundada suspeita. A permissão para a revista decorre da desconfiança
justificada no sentido de que a pessoa traz consigo armas ou outros objetos ilícitos
ou perigosos, evidenciando-se a urgência de se executar a diligência. Não sendo
possível conseguir um mandado a tempo de concretizar a busca, a lei processual
dispensa a autorização judicial.
Na abordagem policial, o executor deve somar o tirocínio policial à
proporcionalidade da ação, para que o poder não se convole em arbítrio. A
desconfiança é legítima quando o policial detecta alguma anomalia no
comportamento do indivíduo, ou algo atípico em suas vestes, pertences ou veículo.
A suspeita será frágil, e não fundada, quando o policial basear-se exclusivamente
em sua intuição.
De outro lado está a busca pessoal preventiva, cujo estudo é desprezado por
muitos. Não é disciplinada de forma expressa pelo CPP, mas sua existência possui
respaldo em outras leis (como Estatuto do Torcedor, Código de Trânsito Brasileiro e
Legislação de Fiscalização Aduaneira).
A busca pessoal preventiva visa a garantir a ordem pública e a incolumidade
das pessoas e do patrimônio. O desiderato é prevenir o cometimento de crimes,
tendo em vista que a segurança pública traduz dever do Estado. É realizada para
fiscalizar indivíduos que ingressem em estabelecimentos públicos e privados, e
pessoas e veículos em vias públicas, decorrendo do próprio artigo 144 da CF,
estando também disciplinada direta ou indiretamente na legislação esparsa.
Não é demais lembrar que o CPP, em seu artigo 249, estabelece “A busca
em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou
prejuízo da diligência.”
Assim, recomenda-se que a busca em mulher seja realizada por uma agente
policial e, não sendo possível, o policial do sexo masculino poderá fazê-lo, dentro
dos critérios já trabalhados até aqui. Pense no seguinte exemplo: há uma forte
suspeita de que uma mulher esteja portando arma de fogo sob suas vestes.
Entretanto, no turno de serviço não há equipe composta por policial feminina.
Nesse caso, é perfeitamente viável a realização da abordagem por policial
masculino. É importante que isso seja devidamente registrado na ocorrência e feita
de maneira profissional, sem qualquer ênfase de brincadeira ou de desrespeito à
mulher abordada.
Fazendo nova leitura do artigo citado, não se identifica restrição quanto à
busca feita por policial feminina em homens, porém essa medida deve ser analisada
com bom senso, em especial, quanto aos aspectos da técnica de abordagem no
caso concreto.
SUMULA VINCULANTE Nº 11
Disciplinando o uso de algemas pela polícia, recentemente, em 22.8.2008, o
STF editou a Súmula Vinculante 11, do seguinte teor:
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia,
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a
que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Fundamentos da Súmula Vinculante: A Excelsa Corte, por seu plenário,


invocou, como suporte de sua decisão, vários preceitos constitucionais, entre eles
o que coloca a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do
Estado Democrático de Direito e os que, resguardando os direitos fundamentais,
proíbe o tratamento desumano e degradante do indivíduo, a violação da imagem
das pessoas e o que assegura ao preso o respeito à sua integridade física e
moral.
A prisão como fato único constrangedor: É obvio que o emprego da
algema constitui uma intrusão menor na privacidade do indivíduo do que o próprio
ato da prisão. Este, sim, atenta contra sua liberdade, sua dignidade, sua
integridade moral e sua imagem pública. Decorre daí que, se o ato da prisão for
legal, seja em flagrante delito ou por ordem judicial, o uso da algema é
constitucionalmente permitido, eis que, além de se tratar do uso moderado de
força contra o preso, autorizada por lei, visando proteger interesses maiores,
como o direito à vida e à integridade física do agente policial e de terceiros, causa
muitíssimo menos constrangimento do que a própria prisão.
O emprego de força no ato da prisão: Há de se reconhecer que, inerente
ao ato da prisão, encontra-se a autorização legal do emprego de força coercitiva
necessária à sua realização – Quem pode refutar isso? – por parte do agente que
o executa. Logo, o ato de algemar se insere, naturalmente, como meio moderado
e imprescindível à implementação da medida, para que ela ocorra, eficazmente,
sem risco de vida ou de ferimentos para o policial, para terceiros e para o próprio
preso.
CRIME
Conceito de Crime – Crime é uma ação típica, antijurídica, culpável e punível. Os
crimes podem ser praticados por ação (crimes comissivos) ou por omissão (crimes
omissivos).
Fato Típico – São os elementos do crime, ou seja: a ação (dolosa ou culposa), o
resultado, a causalidade e a tipicidade.
Tipo - Descrição contida na lei de um determinado fato delituoso, para efetiva
aferição da ocorrência de crime.
CULPABILIDADE
A culpabilidade encontra óbices teóricos que impedem sua pacificação
conceitual. Sua definição mais abalizada se encontra na reprovação do autor do
fato, por desrespeito ao direito, que, como fonte disciplinadora, lhe exigia conduta
contrária à praticada.
Imputabilidade - Capacidade do agente de entender e de ser responsabilizado
penalmente. No caso de inexistência desta capacidade, o agente delituoso é
considerado inimputável.
Causas Dirimentes – São condições para aplicação da imputabilidade: a
menoridade, as doenças mentais e a embriaguez. No caso da menoridade, aplica-se
atualmente a legislação especial contida no Estatuto da Criança e do Adolescente –
Lei 8.069/90. Já a embriaguez se divide em voluntária e culposa, preservando-se o
caso fortuito ou força maior, que, na prática da ação ou omissão, deixou o agente
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. As doenças mentais são
aquelas que impedem o agente de entender o caráter ilícito da ação ou omissão.
CRIMES OMISSIVOS E COMISSIVOS (Formas de conduta)
Dividem-se em crimes omissivos próprios ou puros, e comissivos por
omissão. Os crimes omissivos próprios podem ser imputados a qualquer pessoa.
São crimes ligados à conduta omitida, independentemente do resultado, tendo como
objeto apenas a omissão. Já nos crimes comissivos por omissão, a simples prática
da omissão causa um resultado delituoso, que é punível se o agente tinha como
obrigação vigiar ou proteger alguém. É a materialização de um crime por meio de
uma omissão. Esses crimes podem ser praticados por dolo e culpa.
DO CRIME - CONSUMAÇÃO E TENTATIVA (ARTIGOS 13 A 25 DO CPB)
Etapas do crime ou “iter criminis” – O fato criminoso se divide em fases ou
etapas, que são divididas em: cogitação, atos preparatórios, fase de execução e
fase de consumação. A cogitação e os atos preparatórios não são puníveis.
Consumação – Ocorre quando todas a etapas do crime se manifestam por meio de
um resultado. Nos crimes materiais, a consumação se manifesta pela ocorrência do
resultado; nos crimes formais, manifesta-se pela mera conduta.
Tentativa – Ocorre todas as vezes que circunstâncias alheias à vontade do agente
impedem a execução de um crime. Não existe tentativa nas contravenções, nos
crimes culposos e nos preterdolosos. Existem duas espécies de tentativa: Tentativa
Perfeita ou Crime Falho (quando todos os atos necessários à consumação do crime
são praticados, mas este não acontece); e a Tentativa Imperfeita (quando acontece
uma interrupção dos atos necessários à consumação).
DOLO E CULPA
Dolo – Intenção declarada e manifestada na vontade consciente do agente para
praticar uma ação, cujo fato é tido como crime pela legislação aplicável. O dolo se
concretiza também na certeza e na consciência do resultado.
Culpa – Pune-se a culpa apenas quando existe previsão legal para tal fim. A culpa
se baseia na falta de vontade de trazer um resultado delituoso sobre a ação
praticada. A ação é praticada sem intenção, podendo a culpa se manifestar por meio
da imperícia (falta de habilitação técnica para a prática de determinado ato), da
imprudência (precipitação e falta de cuidados necessários no exercício de um ato) e
da negligência (negativa de cometimento de um ato calcado na displicência).
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, independentemente do seu
elemento subjetivo, é necessário que inexistam causas justificantes. Isto porque
estas causas tornam lícita a conduta do agente.
As causas justificantes têm o condão de tornar lícita uma conduta típica
praticada por um sujeito. Assim, aquele que pratica fato típico acolhido por uma
excludente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção à regra que todo fato
típico será sempre ilícito.
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo 23 do Código
Penalbrasileiro. São elas: o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito
cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito.
a) Estado de necessidade
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui no sacrifício de um
bem jurídico penalmente protegido, visando salvar de perigo atual e inevitável
direito próprio do agente ou de terceiro - desde que no momento da ação não for
exigido do agente uma conduta menos lesiva. Nesta causa justificante, no
mínimo dois bens jurídicos estarão postos em perigo, sendo que para um ser
protegido, o outro será prejudicado.
Para que se caracterize a excludente de estado de necessidade é
necessário dois requisitos: existência de perigo atual e inevitável e a não
provocação voluntária do perigo pelo agente. Quanto ao primeiro, importante
destacar que se trata do que está acontecendo, ou seja, o perigo não é remoto ou
incerto e além disso, o agente não pode ter opção de tomar outra atitude, pois
caso contrário, não se justifica a ação. Enquanto o segundo requisito significa que
o agente não pode ter provocado o perigo intencionalmente. A doutrina
majoritária entende que se o agente cria a situação de perigo de forma culposa,
ainda assim poderá se utilizar da excludente.
Vale observar o tema abordado por Rogério Greco quanto ao estado de
necessidade relacionado a necessidades econômicas. Trata-se de casos em que
devido a grandes dificuldades financeiras, o agente comete crimes em virtude de
tal situação.
Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade econômica que autoriza o
agente a agir em estado de necessidade, somente se permitindo quando a
situação afete sua própria sobrevivência. Como é o caso, por exemplo, do pai que
vendo seus familiares com fome e não sem condições de prover sustento, furta
alimentos num mercado. É razoável que prevaleça o direito À vida do pai e de sua
família ante ao patrimônio do mercado.
b) Legítima Defesa
O conceito de legítima defesa, esta que é a excludente mais antiga de todas,
está baseado no fato de que o Estado não pode estar presente em todos os
lugares protegendo os direitos dos indivíduos, ou seja, permite que o agente
possa, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiro.
Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que a ação praticada pelo
agente para repelir injusta agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios
necessários com moderação.
A formação da legítima defesa depende de alguns requisitos objetivos. São
eles:
a) Agressão injusta, atual ou iminente;
b) Direito próprio ou alheio;
c) Utilização de meios necessários com moderação.
O elemento subjetivo existente na legítima defesa é a vontade de se
defender ou defender direito alheio. Além de preencher os requisitos objetivos, o
agente precisa ter o animus defendendi no momento da ação. Se o agente
desconhecia a agressão que estava por vir e age com intuito de causar mal ao
agressor, não haverá exclusão da ilicitude da conduta, pois haverá mero caso de
coincidência.
Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é o que trata de ofendículos.
Para alguns autores, constituem legítima defesa preordenada e para outros,
exercício regular de direito, embora ambos enquadrem-se na exclusão da
antijuricidade da conduta. Ofendículos são aparatos que visam proteger o
patrimônio ou qualquer outro bem sujeito a invasões, como por exemplo, as cercas
elétricas em cima de um muro de uma casa. A jurisprudência entende que todos os
aparatos dispostos para defender o patrimônio devem ser visíveis e inacessíveis a
terceiros inocentes, somente afetando aquele que visa invadir ou atacar o bem
tutelado alheio.
Preenchendo estes requisitos, o agente não responderá pelos danos
causados ao agressor, pois configurará caso de legítima defesa preordenada. Só
serão conceituados como exercício regular de direito quando levados em
consideração o momento de sua instalação.
Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente deverá responder por
excesso, em caso de legítima defesa. São três as situações: a primeira refere-se à
forma dolosa, a segunda culposa e a última é aquela que se origina de erro.
A primeira o agente tem ciência de que a agressão cessou, mas mesmo
assim, continua com sua conduta, lesando o bem jurídico do agressor inicial. Neste
caso, o agente que inicialmente se encontra em estado de legítima defesa e
excede conscientemente seus limites, responderá pelos resultados do excesso a
título de dolo.
A segunda se configura quando o agente que age reagindo contra a
agressão, excede os limites da causa justificante por negligência, imprudência ou
imperícia. O resultado lesivo causado deve estar previsto em lei como crime
culposo, para que o agente possa responder.
E a última, que é proveniente do erro, se configura no caso de legítima
defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em erro sobre a situação que ocorreu,
supondo que a agressão ainda existe. Responderá por culpa, caso haja previsão e
se for evitável.
c) Estrito cumprimento do dever legal.
O agente que cumpre o seu dever proveniente da lei, não responderá pelos
atos praticados, ainda que constituam um ilícito penal.. Isto porque o estrito
cumprimento de dever legal constitui outra espécie de excludente de ilicitude, ou
causa justificante.
O primeiro requisito para formação desta excludente de ilicitude é a
existência prévia de um dever legal. Este requisito engloba toda e qualquer
obrigação direta ou indireta que seja proveniente de norma jurídica. Dessa forma,
pode advir de qualquer ato administrativo infralegal, desde que tenham sua base
na lei. Também pode ter sua origem em decisões judiciais, já que são proferidas
pelo Poder Judiciário no cumprimento de ordens legais.
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem. Para que se configure
esta causa justificante, é necessário que o agente se atenha aos limites presentes
em seu dever, não podendo se exceder no seu cumprimento. Aquele que
ultrapassa os limites da ordem legal poderá responder por crime de abuso de
autoridade ou algum outro específico no código Penal. Por fim, o último requisito é
a execução do ato por agente público, e excepcionalmente, por particular. Para
que se caracterize a causa justificante, o agente precisa ter consciência de que
pratica o ato em cumprimento de dever legal a ele incumbido, pois, do contrário, o
seu ato configuraria um ilícito. Trata-se do elemento subjetivo desta excludente,
que é a ação do agente praticada no intuito de cumprir ordem legal.
Ao tratar de co-autores e partícipes, Fernando Capez suscita uma questão
interessante. Para ele, ambos não poderiam ser responsabilizados, pois não como
falar em ato lícito para, e para o outro ilícito. Porém, se um deles desconhecer a
situação justificante que enseja o uso a excludente de ilicitude, e age com
propósito de lesar direito alheio, respondera pelo delito praticado, mesmo
isoladamente.
d) Exercício regular do direito
Aquele que exerce um direito garantido por lei não comete ato ilícito. Uma
vez que o ordenamento jurídico permite determinada conduta, se dá a excludente
do exercício regular do direito.
O primeiro requisito exigido por esta causa justificante é a existência de um
direito, podendo ser de qualquer natureza, desde que previsto no ordenamento
jurídico. O segundo requisito é a regularidade da conduta, isto é, o agente deve
agir nos limites que o próprio ordenamento jurídico impõe aos direitos. Do contrário
haveria abuso de direito, configurando excesso doloso ou culposo.
Também se faz necessário que o agente tenha conhecimento da situação
em que se encontra para poder se valer desta excludente de ilicitude. É preciso
saber que está agindo conforme um direito a ele garantido, pois do contrário,
subsistiria a ilicitude da ação. Fernando Capez traz o exemplo do pai que pratica
vias de fato ou lesão corporal leve contra seu filho, mas sem o intuito de correção,
tendo dentro de si a intenção de lhe ofender a integridade física.
Algumas situações são relevantes merecem ser mencionadas quanto ao
alcance do exercício regular do direito. Uma delas é a intervenção médica e
cirúrgica. Seria incompreensível considerar atos de médicos que salvam vidas
como ilícitos. Porém, para que haja exercício regular do direito, é necessário que
exista a anuência do paciente, pois, do contrário, haveria estado de necessidade
praticado em facor de terceiro, podendo restar alguma responsabilidade no âmbito
civil.
Outra situação refere-se à violência desportiva. A sociedade tem ciência de
que alguns esportes possuem riscos de lesões à integridade física de seus
praticantes, como por exemplo, o boxe ou MMA. No entanto, assim como na
situação anterior, é essencial que as regras sejam respeitadas para que exista a
excludente do exercício regular de direito. Havendo desproporcionalidade nas
lesões, como por exemplo, a morte do adversário, haveria responsabilidade do
agente.
DESACATO, DESOBEDIÊNCIA E RESISTÊNCIA
Boa parte das persecuções penais se origina durante a atuação dos
profissionais de segurança pública, abrangendo aí o emprego da busca pessoal,
domiciliar ou veicular, sendo que as condutas contrárias a Lei surgem da não
colaboração com a abordagem policial.
Vale dizer, várias são as ocorrências em que, no momento da abordagem,
determinadas pessoas reagem à atuação do agente policial cometendo algum ilícito
após iniciada a abordagem. Dentre elas destacam-se:
Desobediência: quando o indivíduo não cumpre ou não atende à determinação
legal;
Desacato: quando o indivíduo desrespeita, desprestigia ou ofende o policial;
Resistência: quando o indivíduo se opõe à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça;
DA DESOBEDIÊNCIA
O Código Penal – CP estabelece em seu artigo 330 o seguinte:
Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena — detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
Trata-se de comportamento intencional (doloso) em que a pessoa deixa de
cumprir ou não atende à ordem (legal) do policial. Da leitura desse dispositivo,
depreende-se que, para a configuração do crime, é indispensável que sejam
preenchidos os seguintes requisitos:
Existência de uma ordem: Significa determinação, mandamento. Assim,
quando a pessoa deixa de atender um simples pedido ou uma solicitação não há o
crime.
Legalidade da ordem: Pelo princípio da legalidade (CF/88, art. 37, caput), a
determinação dada pelo agente deve estar prevista em uma norma. Se não houver
regra que determine a pessoa a fazer ou deixar de fazer algo (CF/88, art. 5°, inciso
II), não há o crime em tela, principalmente em se tratando da imposição de restrição
de direitos e garantias fundamentais. Qualquer do povo pode prender, o policial
deve!
Profissional de segurança pública com competência para a prática do
ato: Um dos elementos para que o ato administrativo seja aperfeiçoado é a
competência do servidor para prática do ato, conforme previsão legal (ex.:
notificação de trânsito, abordagem policial).
Pela leitura da norma penal secundária do crime de desobediência (sanção
penal de detenção, de quinze dias a seis meses, e multa), na forma do art. 61 da Lei
n° 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais) , o delito é de menor potencial
ofensivo, exigindo lavratura de termo circunstanciado, desde que preenchidos os
requisitos do art. 69 dessa lei.
Destaque-se que configura resistência se a recusa do agente for realizada
com violência ou ameaça contra o policial.
DO DESACATO
Esse tipo está previsto no artigo 331 do Código Penal:
Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena — detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Trata-se de conduta dolosa, na qual o agente ofende, desprestigia ou
desrespeita o profissional de segurança pública. A prática pode ser efetivada por
qualquer meio de execução: vias de fato, palavras, gestos, dentre outros. São
casos comuns os sinais ofensivos de empurrão ou de xingamentos ao policial
durante uma abordagem. Há ainda a reação de amassar, rasgar e jogar no chão
um mandado de intimação. Tocar ofensivamente o rosto do policial com a mão
ou retirar-lhe a cobertura. Jogar lata de cerveja no policial.
O desacato pode ser praticado quando dirigido ao policial de serviço
(escalado), ou quando estando de folga, se referir às suas atribuições. É
importante que fique claro o meio de execução empregado para desacatar, realizado
na presença do profissional de segurança, constando inclusive o emprego de
palavras obscenas e grosseiras no momento de sua prática. Caracteriza o crime
mesmo que o servidor não se julgue ofendido, na medida em que a norma penal tem
o fim de tutelar o cargo e não a pessoa.
Observações:
- Considerando que a sanção penal é de detenção, de seis meses a dois anos e
multa, o delito é de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei n° 9.099/1995), exigindo
lavratura de termo circunstanciado, desde que preenchidos os requisitos do art. 69
dessa lei.
- Caso a ofensa seja realizada na ausência do servidor, haverá o crime de injúria
qualificada (CP, art. 140, combinado com o art. 141, II).
- Não se exige que o ofensor e o policial estejam cara a cara, podendo estar em
recintos diferentes, mas próximos, sendo possível o próprio profissional de
segurança ouvir o comentário ou perceber a reação.
- A divulgação não é requisito do crime, razão pela qual restará configurado mesmo
se não for presenciado por outras pessoas.
- Será resistência, e não desacato, se a agressão tiver o objetivo de impedir o
cumprimento de um procedimento policial.

DA RESISTÊNCIA: O crime de resistência está previsto no art. 329 do CP, com o


seguinte conteúdo:
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência.
Como se pode ver, o delito citado existirá quando uma pessoa utilizar de
violência ou ameaça (não precisa ser grave) para impedir ou obstruir um
procedimento legal, realizado pelo profissional de segurança pública competente,
por exemplo, para evitar uma prisão ou uma reintegração de posse.
Observações:
- O crime previsto no caput é de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei n°
9.099/1995), porquanto a sanção penal é de detenção, de dois meses a dois anos,
exigindo lavratura de termo circunstanciado, desde que preenchidos os requisitos do
art. 69 dessa lei. O que não ocorre com o § 1°, na medida em que a pena é de
reclusão, de um a três anos.
- A violência tem significado de uso da força física, um ato indevido de agressão
física. Tem que ser dirigida contra a pessoa do policial ou do terceiro que o auxilia
(Ex.: investigador de polícia vai cumprir mandado de prisão e é ajudado por alguém
que acaba agredido). Se a violência for dirigida contra uma coisa (ex.: viatura
policial, poste de iluminação, porta, parede, etc.), pode configurar o delito de dano
qualificado.
- Não haverá o crime se a resistência for passiva, isto é, aquela em que não há
emprego de violência ou ameaça. Lembre-se do clássico exemplo da pessoa que se
segura em um poste para não ser levado à delegacia. Ou ainda sai correndo ou
se joga no chão para não ser detido: “A simples fuga do infrator, ao ser preso,
não configura o delito de resistência, que exige para sua caracterização a presença
dos requisitos da violência ou ameaça contra funcionário”. (TJSP. Tacrim-SP. Rel.:
Mattos Faria, Jutacrim 10/249.)
- A ameaça pode ser escrita ou verbal, não precisando ser grave. O procedimento
praticado pelo policial deve ser legal quanto ao conteúdo e à forma (modo de
execução). Sendo ordem ilegal, a violência ou ameaça empregada contra ela não
configura a resistência, como ocorre nos casos de detenção para averiguação: “Um
dos elementos caracterizadores da resistência é a oposição a uma ordem legal. Ora,
se esta é abusiva, portanto, antijurídica, não se pode falar na existência do delito em
questão”. (TJSP. Tacrim-SP. Rel.: Camargo Aranha. RT 461/378.)
- A resistência só ocorre se a violência ou a ameaça forem empregadas contra a
prática do procedimento policial. Assim se empregadas após a prisão ou a
reintegração, não há o crime de resistência, mas o delito de lesão corporal (art.
129) ou de ameaça (art. 147).
- Se a violência for empregada para proporcionar um ato de fuga, após a prisão ter
sido realizada, não haverá resistência, mas o crime de evasão mediante violência
contra a pessoa (CP, art. 352).
- Não há resistência se o agente policial for incompetente para determinar a ordem
ou realizar o procedimento, por exemplo, para que a pessoa desocupe terreno
invadido, mas não tem documento judicial ordenando a retirada.

DA RESPONSABILIDADE PENAL DOS AGENTES POLICIAIS EM RELAÇÃO


AOS EXCESSOS NA REALIZAÇÃO DE UMA ABORDAGEM
No exercício das atribuições o agente policial eventualmente pode se exceder
nos limites do uso da força, e seu comportamento pode caracterizar um ilícito
penal. Dentro desse contexto, você terá a oportunidade de identificar os tipos
penais de maior ocorrência durante uma abordagem policial, na qual o
profissional poderá ser responsabilizado.

Analisando o abuso de autoridade


Uma das normas que busca garantir o cumprimento dos direitos e garantias
fundamentais é a Lei n° 4.898/1965, objeto de nosso estudo, que “regula o Direito
de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal,
nos casos de abuso de autoridade”. Nela se evidencia que o ato do abuso de
autoridade enseja uma responsabilização em três esferas: administrativa
(disciplinar), civil (danos morais e materiais) e penal, sem prejuízo da
responsabilização do Estado (CF/88, art. 37, §6°).
De acordo com a Lei n° 5.249, de 9 de dezembro de 1967, “a falta de
representação do ofendido, nos casos de abuso previstos na Lei n. 4.898, de 9 de
dezembro de 1965, não obsta a iniciativa ou o curso de ação pública”. Portanto,
tomando conhecimento sobre a ocorrência do fato, a autoridade competente deverá
adotar as medidas necessárias para sua apuração. Até porque se trata de ação
penal pública incondicionada, na forma do art. 12 da Lei n° 4.898/1965.
O autor do fato (sujeito ativo), para a Lei, é aquele que exerce cargo,
emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, mesmo que de maneira
temporária e sem receber remuneração (art. 5°). É o que a doutrina chama de crime
próprio, isto é, exige-se especial condição de quem pratica a conduta criminosa.
O delito de abuso de autoridade é punido a título de dolo (intenção de praticar
o ato), ou seja, o autor da conduta tem consciência de que esteja exorbitando do
poder.
A seguir, estudaremos alguns dos tipos mais comuns envolvendo a atuação
policial e os excessos possivelmente cometidos e que merecem nossa atenção.
Atentado à liberdade de locomoção (art. 3°, alínea “a”): O direito à
liberdade de locomoção encontra seu fundamento no primeiro inciso XV, art. 5°, da
CF/88, que diz: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens”. A simples leitura do texto permite inferir que, a contrario sensu, em
tempo de guerra, limitações poderão ser impostas a esse direito, quando houver
questões de segurança nacional.
A liberdade de locomoção é a principal forma de expressão da liberdade da
pessoa física, conceituada essa liberdade como a “possibilidade que se reconhece a
todas as pessoas de serem senhoras de sua própria vontade e de locomoverem-se
desembaraçadamente dentro do território nacional”.
O direito à liberdade de locomoção engloba o acesso, ingresso e saída do
território nacional, bem como a permanência e deslocamento, direito de ir, vir,
dentro dele. O referido direito toca tanto os brasileiros como os estrangeiros, sejam
ou não residentes no Brasil.
Atentado à inviolabilidade de domicílio (art. 3°, alínea “b”): Nesse sentido,
pratica abuso de autoridade, por incidência na letra “b”, do art. 3°, o policial que, no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, entre ou permanece em casa
alheia ou em suas dependências, sem o consentimento de seu morador. Mesmo as
autoridades policiais estão sujeitas ao fiel observância do princípio da inviolabilidade
de domicílio.
Lembre-se, a Constituição de 1988 autoriza o ingresso no domicílio para os
seguintes casos:
• com consentimento do morador, à noite ou durante o dia;

• em caso de flagrante delito, à noite ou durante o dia;

• para prestar socorro, à noite ou durante o dia;

• em caso de desastre, à noite ou durante o dia;


• mediante mandado, isto é, ordem escrita do juiz competente durante o dia.
Observações:
- Havendo consentimento do morador, o ingresso é permitido em qualquer momento,
seja de dia ou à noite;
- Inexistindo consentimento, o ingresso a qualquer hora do dia ou da noite, somente
pode ocorrer em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro;
- A expressão “dia” compreende o período entre a aurora e o crepúsculo; alguns
sustentam que seja no período que vai das seis às dezoito horas;
- O mandado judicial não poderá ser cumprido no período noturno, a não ser que o
morador concorde. Assim, não resta outra opção senão a de se aguardar até o
amanhecer. Do contrário, pratica-se abuso de autoridade.
Do Atentado à liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício
do culto religioso (art. 3°, alínea “e”): Esse direito está previsto no art. 5º, VI, da
CF: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e às suas liturgias”. Com efeito, incorre em abuso de autoridade o
profissional de segurança pública que praticar abordagem com o intuito de coibir o
exercício legítimo desse direito, sem que haja motivo para a intervenção policial.
De outro lado, é possível impedir a realização de cultos que atentem contra a
moral ou ponha em risco a ordem pública, assim como reprimir a prática de
curandeirismo, sacrifício de animais ou excesso de som.
Direito de reunião (art. 3°, alínea “h”): O art. 5º, inciso XVI, da Constituição
estabelece que: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido
prévio aviso à autoridade competente”.
Lembre-se que vivenciamos um regime político no qual a vontade do povo
deve ser respeitada. A reunião constitui uma maneira de exercer o domínio popular,
pois é por meio dela que a sociedade registra suas pretensões, insatisfações e apoio
àquilo que lhe convém.
Assim, os excessos violentos cometidos por agências policiais, coibindo
abusivamente esse direito, enseja a responsabilização na forma da Lei do abuso de
autoridade.
De outro lado, os excessos cometidos no exercício desse direito também
podem e devem ser coibidos. Não se admitem, então, passeatas violentas,
manifestações que prejudiquem o direito de outras pessoas. Daí porque, por razões
de segurança pública, os espaços para a realização dessas reuniões podem sofrer
delimitações, como na frente de um hospital, escolas durante as aulas, logradouros
que não comportam a atividade em análise, etc.
Atentado à incolumidade física do indivíduo (art. 3°, alínea “i”): O abuso
de autoridade contido na letra “i” do art. 3° consiste em toda ofensa física
concretizada pelo policial, quando no exercício de suas funções. É irrelevante que a
conduta tenha deixado vestígio, pois a violência exigida se caracteriza pelo emprego
da força física, maus-tratos ou vias de fato.
Importante!
Por certo, nem toda violência cometida por agente público deve ser levada à
condição de abuso de autoridade. Há situações em que o recurso da violência é
permitido e necessário, inserindo-se no estrito cumprimento de dever legal, como
exemplo, a violência (força legítima) utilizada por policiais para prender alguém em
flagrante ou em virtude de mandado judicial, quando houver resistência ou tentativa
de fuga.
No que é pertinente ao atentado à incolumidade física do indivíduo, um
agente policial pode responder por dois crimes decorrentes de um mesmo fato. Isso
ocorre com os policiais militares que respondem por lesão corporal perante a
justiça militar (estadual) e por abuso de autoridade no âmbito da justiça comum.
Observações:
- Se a violência praticada pelo profissional de segurança for cometida com o fim de
obter informação, declaração ou confissão, ou, ainda, para provocar ação ou
omissão de natureza criminosa, o crime será o de tortura, conforme os termos da Lei
n° 9.455/1997.
- A Súmula 172 do Superior Tribunal de Justiça prevê que: “Compete à Justiça
comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que
em serviço”.
Constrangimento ilegal
CP, art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça,
ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade
de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não
manda:
Pena — detenção, de três meses a um ano, ou multa.
A CF/88 garante às pessoas a liberdade de fazer ou não fazer o que bem lhes
aprouver (art. 5º, II), desde que observados os limites da ordem jurídica pátria. No
delito em comento, o agente constrange, obriga ou coage uma pessoa a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa, empregando, para tanto, a violência ou grave ameaça.
Para exemplificar, é possível verificar as seguintes situações:
- Obrigar uma pessoa a fazer algo
Policial determina para que uma pessoa passe a correr na via pública. Na
jurisprudência: “Pratica crime de constrangimento ilegal o agente que, empunhando
arma, procura obrigar moças a entrarem em automóvel, para dar-lhes, contra a
vontade delas, uma carona”. ( TJSP. Tacrim-SP. Rel. Adauto Suannes. RT 592/351)
- Obrigar alguém a deixar de fazer algo
Policial impõe a uma pessoa que não fume em local sabidamente
permitido. Ou ainda, policial determina que um grupo de adultos não permaneça
na esquina de uma rua às 03h00.
Observações:
- Constrangimento ilegal e tortura: Na Lei n. 9.455/97, o art. 1º, inciso I, alínea “b”,
passou a prever delito específico, que constitui prática de tortura: constranger
alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa”.
- Há constrangimento ilegal se a violência ou grave ameaça é empregada para
evitar que uma pessoa realize um ato imoral (prostituição). Isso porque o tipo
penal fala em conduta “não proibida por lei e não existe lei que proíba a venda do
corpo, apenas a exploração dela por outrem.
Violação de domicílio
CP, art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia
ou em suas dependências:
Pena — detenção, de um a três meses, ou multa.
A norma penal tem por finalidade concretizar a previsão constitucional de que
a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador (art. 5º, XI).
A violação de domicílio fica configurada quando, contra a vontade expressa
ou tácita do morador, o policial ingressa na residência ou permanece em casa
alheia ou em suas dependências. A permanência é fator indispensável para que se
verifique a ocorrência do delito.
Observações:
- Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei n°
9.099/1995), exigindo lavratura de termo circunstanciado, desde que preenchidos os
requisitos do art. 69 dessa lei.
- Consentimento do morador: é a pessoa que tem a capacidade de
manifestar-se no sentido autorizar ou permitir o ingresso de alguém em sua “casa”.
Aqui não importa se ele é o proprietário, possuidor legítimo, arrendatário etc.
Ademais, havendo vários moradores, o esposo e a esposa são os titulares desse
direito de consentimento, em que prevalece a sua autoridade em relação à dos
demais habitantes da casa, mas é bom lembrar que os demais (filhos, netos,
sobrinhos, empregador, etc.) podem admitir ou excluir alguém nas dependências
que lhes são destinadas, mas mesmo assim, caso ocorra a discordância entre estas
pessoas, prevalecerá a proibição dos titulares de direito (esposo e esposa), assim
caracterizando o ilícito penal, constante do Art. 150 do CP.
- Cabe salientar que não configura o delito de violação de domicílio a entrada
ou permanência em casa alheia desabitada, mas o crime de usurpação (art. 161 do
CP). De outro lado, “quando ausente os moradores, subsiste o crime de violação de
domicílio”
Tortura: Após a 2ª Guerra Mundial a comunidade internacional se
mobilizou e fez nascer um movimento de repúdio à prática da tortura,
principalmente como instrumento para se obter informações.
A CF/88, em seu art. 5º, inciso III, estabelece que “ninguém será submetido
a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”.
Você deve lembrar que não existem direitos e nem garantias absolutas, ou
seja, juridicamente se trabalha com a relativização das liberdades públicas. Até
porque nem a vida é absoluta, na medida em que se tolera a legítima defesa
para ceifar esse bem jurídico de primeira grandeza. Ademais, em caso de guerra,
o Brasil admite, excepcionalmente, a pena de morte.
Na ordem infraconstitucional, em 1997 finalmente entrou em vigor uma lei
específica que trata da tortura, a Lei n° 9.455. Vale dizer, durante nove anos punia-
se a tortura com tipos penais comuns, homicídio, lesão, constrangimento ilegal,
abuso de autoridade, etc. Salvo no caso do Estatuto da Criança e do Adolescente
(Lei n° 8.069/1990), que previa uma tortura específica para proteger crianças e
adolescentes, conforme contido no art. 233, hoje revogado pela Lei n° 9.455/1977.
O art. 1º da Lei nº 9.455/1997 não traz a definição de tortura, apenas elenca
os comportamentos que configuram a prática da tortura:
Art. 1º Constitui crime de TORTURA:
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima
ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego
de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a
medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se OMITE em face dessas condutas, quando tinha o
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a
quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é
de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a
dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação
dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a PERDA do cargo, função ou emprego
público e a INTERDIÇÃO para seu exercício pelo DOBRO do prazo da
pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou
anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º,
iniciará o cumprimento da pena em regime FECHADO.

O que é tortura prova?


Constranger alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação.
Exemplo: policial que tortura o suspeito para confessar um crime. Ou ainda, o
policial que, mediante violência ou grave ameaça, causa sofrimento físico ou mental
para obter a confissão de um crime.
O que é tortura para ação criminosa?
Alguém sendo torturado, com emprego de violência ou grave ameaça,
sofrendo consequências físicas e mentais para provocar ação criminosa.
Exemplo: réu que tortura a testemunha presencial para mentir em juízo.
Imaginem um acusado de homicídio que sabe quem é a testemunha presencial,
passa a torturá-la para que ela minta em juízo. Nesta situação há alguém torturando
uma pessoa, com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento
físico ou mental para provocar falso testemunho.
O que é tortura-preconceito?
Alguém constrangendo outrem, com emprego de violência ou grave ameaça,
causando-lhe sofrimento físico ou mental por discriminação.
Exemplo: A pessoa é torturada simplesmente por ser discriminada em razão da
sua raça ou da sua religião.
Observações:
- O crime de tortura se consuma com a provocação do sofrimento físico ou mental,
independentemente da finalidade visada.
- A doutrina entende que, no caso do §1º, abrange o preso definitivo (com
condenação) e o provisório (flagrante, preventiva e temporária). Também abrange o
menor infrator sujeito à medida sócio educativa. Sujeito à medida de segurança,
inimputável ou semi-imputável, submetido a internação ou tratamento ambulatorial.
- No inciso II do art. 1°, que traz a tortura-castigo, é importante que fique
evidenciado o intenso sofrimento físico ou mental causado na vítima. O
delegado tem que apurar a intensidade no seu inquérito. Caso contrário, fica
configurado o crime de maus tratos (CP, art. 136).
- No § 1° a vítima do crime somente pode ser pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança.
Tortura omissão (art. 1º, § 2º)
Você já ouviu falar de alguém que presenciou tortura e nada fez? Você
acredita que se o fato de não praticar qualquer ato na tortura, somente
presenciando, o agente estará imune à uma responsabilização pela prática de
tortura?
O § 2° do art. 1° da Lei de Tortura define que “Aquele que se omite em face
dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
detenção de um a quatro anos”. Como se vê, o dispositivo em apreço traz dois
comportamentos omissivos.
Omissão imprópria: Quando tinha o dever de evitar. Sujeito ativo: garante
(garantidor), o que tem o dever de evitar. Rol de garantes: pai, mãe, curador, tutor,
policial, médico, professor etc. Ex.: delegado percebe que um agente criminoso
está sendo levado para uma sala, onde será torturado, e nada faz. Cuida-se de
tortura omissão.
Omissão própria: Nessa há o dever de apurar e a autoridade se omite, nada
fazendo. A tortura já aconteceu. O sujeito ativo é a autoridade que tem o dever de
apurar, mas não adota nenhuma providência, ficando inerte. O sujeito passivo é
qualquer pessoa.
Efeitos da condenação da tortura (Art. 1º, § 5º): Você sabe o que acontece
com o profissional de segurança pública condenado por tortura?
O § 5º do art. 1° define que “A condenação acarretará a perda do cargo,
função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da
pena aplicada”. A Doutrina e a Jurisprudência majoritárias entendem que na Lei
9.455/1997 a perda do cargo é automática com a condenação, dispensada a
fundamentação na sentença (STJ, HC 92247).
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