Sei sulla pagina 1di 6

ALÉM DO DESEJO - BY LARSAN MENDES🇲🇿💪❤

.
CAPÍTULO II ( PARTE 1)

Eu era um homem feliz, pelo menos todos os que me rodeavam acreditavam nisso. Desde cedo aprendera que para sobreviver,
precisava enfrentar a vida de bom humor independentemente da situação na qual me encontrasse. Não gostava que terceiros
soubessem de meus pontos fracos, ou de tê-los ao redor quando eventualmente toda a pose de bom vivant derretia como gelo ao
enfrentar o fogo.

Vivia com meus pais e Lalinha, o presente que minha irmã gêmea nos deixará antes de partir para o além vida. Ainda lembro
como se fosse ontem, quando há 12 anos minha mãe apareceu na sala de espera do hospital onde eu surtava preocupado e ansioso
por alguma notícia, para dizer-me que Iara já dera a luz e era uma menina. Até então não provara melhor sensação em minha vida
que a de ser tio. Mas junto com o nascimento de Lalinha, veio uma grande dor que ainda assombrava toda a família.

A gravidez de Iara não fora nada fácil, também não teria como ser diferente depois de tudo o que ela passou quando descobriu
que as coisas jamais voltariam à ser como antes. Tínhamos 7 anos quando nosso pai foi transferido no trabalho para a capital,
Maputo. Mudamo-nos da Zambézia para lá mas durante as férias visitávamos nossa avó em Mocuba, e foi numa dessas férias que
Iara conheceu Márcio.
A paixão entre ela e o cretino foi logo no primeiro momento.

Iara era uma mulher intensa demais e não se preocupava em entregar-se de alma e coração numa relação, dizia que a vida era
curta demais para sentir-se medo de amar. Ligou-me vezes sem conta para compartilhar sua felicidade, já que preferira passar as
férias na casa do meu melhor amigo, Paulo.

Chegou a hora de voltar à Maputo e eles prometeram que a distância em nada lhes atrapalharia. Depois de algumas semanas de
volta, Iara começou a ter enjoos e desmaios tendo mais logo descoberto que o amor que em sua cabeça duraria para toda a
eternidade, dera um fruto.Foi um verdadeiro choque para todos nós, principalmente para meu pai que ficou muito decepcionado
com a filha que outrora fora seu maior orgulho. Passou a repudiá-la e até chegou a expulsar-lhe de casa, coisa que nossa mãe não
pôde aceitar calada.

Para aumentar mais o caos, Márcio recusou -se a assumir a gravidez e evaporou do mapa. O martírio de minha amada irmã
começava.

O sorriso que lhe caracterizava o rosto com traços únicos desaparecia a cada dia que passava, ela parecia agastada com a vida e
aquilo doía tanto em mim, minha irmã estava sofrendo e não havia nada que eu pudesse fazer para remediar.
Sentia- me inútil, incapaz mas eu deveria ser forte por ela assim como eu sei que ela faria por mim. Sempre que eu arranjava um
dinheiro comprava roupinhas e brinquedos para o bebé e com isso tentava recuperar aquela irmã feliz que alguma vez existiu.

Iara ficou muito feliz quando Lalinha nasceu. Lembro dela ter dito que todo o sofrimento valeu a pena só para viver aquele
momento. O dia da morte dela foi o mais difícil da minha vida, lembrar daquele instante até hoje causa -me muita dor e angústia.
Passavam-se 3 dias depois de ter dado parto, os médicos disseram que ela tinha que ficar no hospital para fazer alguns exames e
que ainda estava muito fraca. Na manhã do triste dia minha irmã parecia estar bem, ela passou todo o dia com Lalinha e ao
entardecer pediu para falar comigo, com a mamã e o papá, mas nem com o nascimento da neta, a decepção do meu pai caiu por
terra.

Ele nunca aparecera para vê -la e recusou ao seu chamado, acto do qual arrependeu-se amargamente pois infelizmente o tempo
não volta atrás e há momentos em que a vida só da uma e única chance. Hoje passavam 12 anos desde que tudo isso acontecera.

[…]

Eu namorava Maura Fonseca, também conhecida como PRINCESA DA MODA, por ser uma grande modelo e também por
correr-lhe nas veias não só o sangue de Pablo Fonseca, um dos sócios do banco Lima & Fonseca, no qual eu trabalhava como
contabilista, mas também o de Édia Fonseca, a maior estilista do país e uma das mais procuradas mundialmente.

Conhecemo-nos na boate de seu irmão gêmeo , Maurício, mais conhecido como DJ ESTRANHO, quando vi-a dançar de forma
sensual e quase tirar a roupa por estar completamente bêbada, mais tarde compreendi que aquela era uma maneira que tinha de
chamar atenção e lutar contra os demônios que carregava.

Combináramos de jantar, naquele que ocupava o lugar de melhor restaurante do país, o NANDZIKA.
- Perdão por não ter estado mais cedo contigo, a verdade é que não tive brecha para fuga no trabalho. – Falou Maura referindo-se
à visita que eu e minha família fizéramos a campa de Iara.

- Não te preocupes. – Disse com a taça de vinho que trazia na mão.

- E a Lalinha, como está?

- Está bem, levei-a para fazer umas compras depois de tudo. Não queria que ela passasse todo o dia a pensar na mãe.

Maura e eu conversamos por mais um tempo até que resolvera ir para casa pois teria no dia seguinte, na primeira hora, uma
sessão de fotos e precisava descansar. Também tomei meu caminho. Quando cheguei, o senhor Inus Mucuala sentado em sua
cadeira na varanda, com cara de quem fora abduzido para um outro planeta.

- No quê tanto pensas, pai? – Puxei uma cadeira querendo fazer-lhe companhia.

- A pergunta seria em quem. – Ele disse com o semblante que não escondia que algo lhe pesava a alma. – Não consigo parar de
pensar na Iara, no quanto fui estúpido quando ela engravidou. No quanto deixei que minha raiva me cegasse, fui um pai
monstruoso. Neguei-me a falar com ela em seu leito de morte. – Sua voz falhou e lágrimas começaram a cair.

- Já passam muitos anos, pai. Não tinhas como adivinhar o que aconteceria. – Minha acariciava-lhe o ombro num acto de carinho.

- Ela morreu sem o meu perdão, sem saber o quanto eu amava-a apesar de tudo. – Nunca vira meu pai daquele jeito, a culpa
consumia-o como um câncer impiedoso. Depois da morte de Iara, nunca mais fora o mesmo, também não tinha como ser
diferente.

- Não se culpe. É algo inútil, isso não a trará de volta e mais, ela sabia de todo o seu amor por ela. – Confortei-o
CAPÍTULO III ( PARTE 1)

SURA DE ALMEIDA ( NARRANDO)

Incrível e espetacular era a sensação que sentia por pisar minha terra. Respirar aquele ar puro e contemplar a calmaria da Vila,
dava-me uma enorme satisfação que transbordava pelos poros de minha pele.

Encontrava-me em casa, o jardim que Antónia fizera enquanto viva estava ao rubro, mais lindo do que nunca, suas plantas e
flores de cores vivas reacendiam a felicidade e vivacidade que ela transmitira à todos.

O jardim era seu lugar predilecto na casa, dizia que em meio as flores, todos poderíamos ser quem quiséssemos, sem nenhuma
restrição ou pudor, que elas entendiam e sentiam tudo o que se passava com os seres ao seu redor. Particularmente nunca
acreditei nesse tipo de filosofia, mas gostava de ver a certeza com que ela defendia-a.

Preferira não avisar à meus pais que chegaria, queria que fosse uma surpresa. Surpresa essa que foi alcançada com sucesso pois
minha mãe, que por sinal era a única que se encontrava em casa, não acreditou quando viu-me.

- Filha! – Ela correu para um abraço, agitada. – Que surpresa boa ter-te aqui. – Continuou acariciando-me o cabelo.

- É bom ver-te também, mãe. Estava com saudades. – Declarei enchendo-a de beijos. Dirigimo-nos à varanda abraçadas.

- Porquê não avisaste que vinhas? Eu teria preparado xiguinha de cacana como gostas.

- Queria fazer uma surpresa, mas você ainda pode preparar tudo isso e um pouquinho mais amanhã. – Descansei o peso do meu
corpo na esteira. – Já agora, por onde andam os homens desta casa?

- Como sempre, não faço a menor ideia de onde o teu irmão está. – Respondeu com uma serenidade que por vezes fez-me
duvidar que ela era humana.

- Deve estar aprontando alguma coisa. – Brinquei. – E o meu pai? – Quis saber curiosa em ver o homem que sempre conseguia
roubar-me um sorriso.

- Esse saiu com o teu padrinho, saíram bem cedo para ver uns terrenos em Mangole. Com certeza já devem estar à voltar.

- Está bem, preciso tomar um banho. Essa viagem deixou-me imunda, ainda mais com o calor que se faz sentir.

[…]

Todos estávamos à mesa durante o jantar, momento que há muito fazia-se necessário.

– Então pai, que terrenos são esses que você e o padrinho foram ver? – Perguntei curiosa.

– É que seu padrinho anda com a ideia de abrir umas lojas por lá. – Respondeu com um copo de água na mão direita.

- Meu padrinho e seu espírito de empreendedor. – Comentei.

– Mas e tu , o que fazes por aqui? Pensei que tivesses esquecido o caminho para cá. – Meu pai provocou-me. Nunca perdia a
oportunidade de confrontar-me, sempre fora contra eu viver na capital pois queria-me debaixo de suas asas, coisa que não me
passava pela garganta pois eu já era grandinha demais para fazer minhas próprias escolhas.

– Talvez um dia eu realmente esqueça do caminho de cá! – Respondi num tom ameaçador que pareceu não surtir muito efeito.

– Só espero que não faças a cabeça do meu filho, já que em breve viverá contigo.- Brincou ele enquanto tentava transmitir um
olhar sério.

- Já havia me esquecido de como vocês dois são quando estão juntos! – Comentou minha linda mãe para a graça de todos.
- Não vejo a hora de estar em Maputo Mana, viver com você. – Falou Pedro cheio de vivacidade, como se não pudesse esperar
por tal momento.

– E eu não vejo a hora também, Pedro. Mas já vou avisando, que te comportes bem.

- Meu nome do meio é “ bem comportado” – Pedro comentou caindo na graça de todos.

[…]

Meu antigo quarto permanecia intacto, como se os anos não tivessem passado. Mamã fazia questão de deixar tudo como sempre
esteve, as paredes cheias de escritas com frases que eu e Antónia amávamos, nossas fotos, onde trajávamos roupas iguais só para
ver em quem ficavam melhor. Conversávamos até altas horas e meus pais sempre reclamavam disso, raras foram as vezes que
não nos mandaram a pontapés para cama.

Éramos muito diferentes mas ao mesmo tempo tão iguais.

Eu vivia queixando-me de minhas inseguranças sobre meu corpo, meu jeito de ser e ela estava sempre lá pra puxar-me as orelhas
e fazer-me perceber que a vida era feita de coisas significativamente mais importantes que qualquer padrão de beleza.

Seu boneco predilecto, cabeça de torneira, como fora carinhosamente baptizado estava em sua cama, no cantinho em que ela
gostava de deixar. Abracei-o tomada pelas lembranças que passeavam sem importar-se em ter minha permissão.

ALGUNS ANOS ATRÁS:

Aquela fora uma noite que agregava uma imensidão de sentimentos, que tinha um sabor agridoce e único. No dia seguinte
viajaria para Rússia e na minha cabeça sequer passou que aquela seria a última vez que estaríamos juntas, já que depois disso o
maldito câncer tirara-lhe a vida.

Eu gostava de chamar-lhe Tonecas.

- Estou com medo, Tonecas. – Confidenciei deitada em seu colo.

- Medo de quê já? – Perguntou fazendo carinho em meu cabelo.

- Eu não sei o que me espera na Rússia, que tipo de pessoas encontrarei lá, eu não sei, só estou com medo. – Revelei assustada
pelo que possivelmente me esperava.

- Imaginei que antes de concorreres tivesses analisado todos os prós e contras.

– Eu também pensei! – Disse frustrada.

- Tu és muito engraçada, mana. – Falou com um sorriso enquanto sua mão entregava-me um envelope que levara na cabeceira.

- O que é isso? – Questionei com o envelope em minhas mãos .

- Abra e leia, bem sabes que não sou muito boa com palavras. Na verdade acho que todos dessa família somos assim, mas essa
foi a única maneira que encontrei pra tornar esse momento menos difícil. – Ela deixou -se levar para as lágrimas e chorou.

TEMPO ACTUAL

A carta de Tonecas andava sempre comigo na bolsa, era como um amuleto para mim, ela e o terço que recebera em seu baptismo
como presente.
Gostava de lê-la quando sentia -me triste ou feliz demais.

[…]

O dia estava lindo e bem convidativo, Bilene seria o destino mais próximo para o qual eu iria.
Seriamos só eu e Pedro, minha mãe não gostava muito de praia e dissera que ficaria em casa a preparar as coisinhas que faziam
meu estômago pular de alegria.

Pedro e eu saímos por volta das 12h depois de um matabicho com mandioca frita, ovo, salada de pepino com pimento e tudo
dentro… com um chá de xabalakate que eu amo.

De Macia a Bilene não era muito longe, só cerca de uns 40 km e durante o caminho eu e Pedro conversávamos animados.

– Então Maninha, ainda continuas encalhada?

– Eu nunca estive encalhada – respondi com um sorriso em meu rosto.

– Então porquê nunca falas de ninguém pra nós?

– Porque não tenho de quem falar, expliquei-te uma vez que relacionamento é coisa de um outro mundo pra mim.

– Por causa do maldito idiota que conheceste na Rússia e te abandonou ? – Perguntava ele num tom revoltado.

– Esse assunto deixa-me irritada e tu não vais querer ver-me assim! – Avisei com malícia, matando por completo a possibilidade
de continuar a conversa.

– Claro, naninha. – Concordou ele.

[…]

Já estávamos em Bilene, dei um suspiro quando vi a placa dizia “ bem vindos”!

Fazia tempo que não pisava aquele paraíso. Estávamos na entrada do ferroviário, um dos lugares que mais ficava lotados na
praia.

Lembro que das vezes em que aqui estive com minha família preferimos ficar num lugar mais calmo e silencioso, o parque rosa.

Pedro gostava de muita agitação e por isso convenceu – me que primeiro deveríamos ficar ali no ferroviário e que só depois
curtiríamos a calmaria do parque rosa.

Cores vivas como amarelo e vermelho deixavam-me louca, meu guarda-roupa estava cheio de trajes dessa cor. Mas também não
abria mão de um pretinho básico que por regra deve fazer parte do guarda- roupa de uma mulher que presa pela elegância.

A cor amarela fora a escolhida naquela ocasião. Estacionara num lugar bem perto da entrada do ferroviário.
A praia estava repleta de pessoas, um grupo soltava gargalhadas sei la por que motivo enquanto de um outro lado outros
dançavam ao ritmo da marrabenta que animava os ambientes festivos em nosso belo país.

Crianças corriam de um lado para o outro enquanto outras faziam seus castelos de areia.

Estava ansiosa por poder entrar naquela água novamente, quando sem titubear corri deixando meu irmão para trás e joguei-me
como à tanto desejava.

[…]

Fiquei nadando por cerca de uma hora. Aquela água parecia mágica, fazia-me esquecer de tudo e de todos e deixava-me num
mundo em que eu atingia o meu mais alto nível de leveza.

Pedro conversava com algumas meninas que encontrara, e eu como a boa irmã que sou não queria atrapalhar.

Saí da água e resolvi entrar num restaurante que estava bem ao lado da praia.

Comprei um suco enquanto apreciava o cardápio para decidir o que comer. Pedro minutos depois apareceu.
- Pensei que fosses demorar mais um pouco, a conversa com aquela mocinha não estava boa? – Perguntei-lhe curiosa.

- Estava mas não te quero deixar sozinha. Que classe de irmão seria eu se o fizesse?

- Não é possível! – Falei com sarcasmo misturado a uma gargalhada.

- Eish , não acreditas?

- Pedro de Almeida, conheço-te melhor do que imaginas. Então, solta essa sopa. – Ordenei curiosa.

- O mamparra (idiota) do namorado dela apareceu bem na hora em que eu ia pedir o contacto. – Falou ele com um sorriso em seu
rosto e encarando-me.

- Então cortaram as tuas asinhas, garanhão! – Provoquei sem conseguir disfarçar a graça que achava daquela situação toda.

- Estás a achar engraçado, ela nem era tão bonita assim. – Falou ele tentando minimizar a graça da situação

Eu em nada respondi, apenas fintei-lhe com meus olhos nada pequenos quando o garçom apareceu.

- Então, Já decidiram o que comer? – Perguntou o garçom tirando sua caderneta e caneta do bolso de seu avental.

-Eu quero esse camarão na grelha com arroz de legumes. – Indicava -lhe a minha preferência no cardápio.

- Eu prefiro peixe assado com batatas. – Participou Pedro.

- Está bem, e para beber?

- Nada por enquanto. – Respondi.


Depois dessas palavras ele acenou a cabeça e retirou-se.

- Dê -me a chave do carro, preciso da minha carteira. – Disse à Pedro.

Saí do restaurante e dirigi -me ao lugar onde havia estacionado o meu carro.

Ao longo desse curto percurso eu estava pensativa, não sei porque macacos, mas lembrei -me do homem que me entregara o
celular. Aquela lembrança não deveria ter importância porque a chance de encontra- lo novamente era remota.

Peguei a minha carteira e no momento em que ia atravessar a estrada para voltar ao restaurante pois o meu carro estava do outro
lado da rua, um carro quase atropelou-me e caí no chão no momento em que o maldito irresponsável travou bruscamente.

Potrebbero piacerti anche