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ORGANIZACIONAL
AULA 5
CONTEXTUALIZANDO
Você já deve ter reclamado alguma vez da burocracia. Pode até ter se
perguntado: por que me pedem tantos documentos? Por que demoram tanto
para me atender? Por que não resolvem meu problema?
Todavia, a burocracia é uma forma de organizar o trabalho racionalmente
dentro de uma organização. As regras e os protocolos tornam os processos mais
eficientes.
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A racionalidade na burocracia foi interpretada de forma sistemática pelo
sociólogo alemão Max Weber. Ele foi o primeiro sociólogo a refletir sobre as
implicações da emergência das organizações modernas.
De acordo com Weber, uma característica central das organizações é que
elas coordenam as atividades das pessoas e dos bens que estas produzem de
uma forma constante no tempo e no espaço. Neste processo, o domínio da
informação, sobretudo escrita, é central: uma organização precisa de regras
escritas para funcionar e de arquivos onde suas atividades estão registradas.
Weber descreveu a burocracia como um tipo ideal de poder em que a
racionalidade comanda. Pensou que, dentro de uma organização burocrática, as
pessoas obedecem seus superiores, regras e protocolos por um motivo: estes
foram pensados racionalmente. A racionalidade da organização é o que dá
sentido para os processos e as relações estabelecidas.
Você se lembra da aula em que estudamos como Weber cria tipos ideais
para estudar a vida social?
Vamos recordar: um tipo ideal é uma construção que não existe na
realidade, o cientista social seleciona os traços e características que melhor
representam o fenômeno, exagera estas características, o que permite avaliar
em que medida as diversas situações reais se aproximam ou se afastam do tipo
ideal. No tipo ideal de burocracia, o poder é concentrado no topo.
As posições são fortemente hierarquizadas e o que permite uma
organização burocrática de funcionar é a divisão racional do trabalho e as regras
e procedimentos escritos, igualmente racionais, que os funcionários devem
seguir. As regras são impessoais, se um funcionário sair ele pode ser substituído
por outro que o processo continuará fluindo.
Mas se a burocracia é racional, por que no nosso dia a dia temos tantas
queixas das burocracias?
Uma resposta, que vamos esmiuçar ao longo desta aula, é que as
pessoas que trabalham nas burocracias não agem o tempo todo de maneira
racional, elas não se submetem completamente ao poder burocrático.
O sociólogo americano Peter Blau, por exemplo, destacou a importância
das relações informais dentro das organizações. Blau (1963, citado por Giddens)
estudou um departamento do governo americano encarregado de investigar
possíveis fraudes fiscais e descobriu que muitos funcionários, ao se confrontar
com problemas que não sabiam como resolver, não compartilhavam suas
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dificuldades com seus superiores. Pensavam que consultar um superior seria um
sinal de incompetência e isso iria reduzir suas chances de ser promovido no
futuro.
Para solucionar os problemas, os funcionários discutiam entre si. Todavia,
a norma da organização proibia a consulta entre funcionários do mesmo nível
hierárquico. O estudo de Blau mostrou que os funcionários preferiam quebrar
uma norma da organização a colocar em risco sua carreira.
Além disso, ao conversar entre si, os funcionários diminuíam as
ansiedades do trabalho individual. O pesquisador concluiu que trocando ideias
os funcionários foram capazes de desenvolver procedimentos informais que lhes
permitiam maior iniciativa e responsabilidade. Com estes recursos de ação,
enfrentavam os problemas com os quais se deparavam com maior eficácia.
Quando você tem uma dúvida no trabalho, quem você consulta? Você
troca experiências com seus colegas?
As redes informais são importantes dentro das organizações. Blau
mostrou que estas redes, que as normas da organização tentavam inclusive
coibir, eram um recurso para a ação dos funcionários.
Um ponto positivo das redes informais nas organizações é que elas
permitem flexibilizar as regras e os procedimentos formais, ajudando a ajustar
as ações a situações concretas.
Um ponto negativo é que os funcionários que flexibilizam regras podem
estar mais preocupados com sua própria carreira e subir na hierarquia do que
em contribuir para atingir os objetivos da organização.
É difícil saber a extensão das redes informais nas ações dentro das
organizações, mas elas existem e influenciam as tomadas de decisão em todos
os níveis.
Como destaca Giddens: “mesmo no topo das organizações, os laços e
relações pessoais podem ser mais importantes para a estrutura real do poder do
que as situações formais nas quais as decisões são supostamente tomadas”
(Giddens, 2008, p. 353).
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1. Burocratas são treinados para confiar unicamente nas regras e não
estimulados a procurar soluções criativas para problemas. Isso pode levar
o funcionário a proteger as regras a todo custo.
2. As regras burocráticas se tornam mais importantes ou centrais que os
próprios objetivos das organizações. Os funcionários, ao enfatizar o
procedimento correto, podem perder de vista o que realmente interessa.
Trocando ideias
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Por exemplo, em algumas salas de aula, o professor ensina de cima de
um tablado, os alunos sentados em fileiras escutam. Esta disposição permite ao
professor controlar a turma, além de marcar sua autoridade.
Em algumas fábricas, o escritório do gerente fica no andar mais alto, com
janelas de vidro para a linha de produção, assim ele pode a qualquer momento
ver quem está trabalhando ou quem está fazendo corpo mole.
Foucault analisou outro exemplo de controle do espaço: o panóptico. Você
já ouviu falar dele?
Saiba mais
O panóptico foi descrito pelo filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-1832)
como um modelo arquitetural em que seria possível exercer o controle total. Este
modelo poderia servir para escolas, hospitais e, sobretudo, presídios. Diversos
presídios foram construídos no modelo panóptico.
Leia no link a seguir a reportagem de Natália Guerreiro publicada no site
do G1 sobre o único presídio panóptico construído na América Latina:
<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/01/as-ruinas-da-peculiar-prisao-
cubana-onde-fidel-castro-foi-detido.html>.
Veja as fotos do prédio para perceber como o a organização do espaço
pode disciplinar e controlar o comportamento das pessoas. Nestes exemplos de
controle, espera-se obediência.
Será que com a mera obediência uma equipe alcança os objetivos?
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Somos seres sociais, damos sentido às nossas ações e relações. Um
modelo de gestão deve levar em conta as múltiplas dimensões de seus
colaboradores.
Quem primeiro colocou em prática um modelo de gestão que favorece o
envolvimento e o comprometimento dos colaboradores foram as empresas
japonesas.
Vamos ver as mudanças introduzidas por este novo olhar sobre as
organizações!
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descontínuas, cada colaborador é responsável por uma parte. O trabalho é
impessoal e as pessoas no topo e na base da hierarquia da organização pouco
se comunicam.
As organizações orgânicas são flexíveis e as ordens e decisões movem-
se em muitas trajetórias e não apenas de cima pra baixo. Todos os trabalhadores
são considerados colaboradores com conhecimento legítimo que contribuem
para atingir os objetivos da organização.
De acordo com Giddens:
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subjetivação ou estratégica. Estas três lógicas visam fins diversos e não são
harmônicas.
Retomando nosso exemplo dos restaurantes, seria difícil para um gerente
estimular a competição e ao mesmo tempo a integração do grupo. É preciso
articular as diferentes lógicas, e este é um trabalho que cada um de nós faz,
diariamente.
Todavia, as lógicas não são individuais, elas são sociais. Cada lógica da
ação corresponde a uma função do sistema social: a função de integração, de
subjetivação e de distribuição.
O trabalho, por exemplo, cumpre estas três funções sociais: o trabalho
contribui para nossa integração, pois socializamos e estabelecemos relações
com nossos colegas; o trabalho contribui para nossa subjetivação, pois
construímos nossa identidade social e o sentimento de reconhecimento em
grande parte através da função que exercemos e da maneira como a exercemos;
enfim, o trabalho também é central na definição da nossa posição social e do
nosso status. Estas três dimensões estão sempre presentes, o que muda é o
peso de cada uma.
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TEMA 5 – A SUBJETIVAÇÃO E A CONSTRUÇÃO SOCIAL DA IDENTIDADE NA
MODERNIDADE
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A sociologia estuda as identidades coletivas e seus efeitos. A identidade
coletiva define um grupo, permite a diversas pessoas se reconhecer enquanto
parte deste grupo.
Um exemplo de identidade coletiva é a identidade nacional. O que te faz
sentir brasileiro?
Os símbolos contribuem na construção da identidade: a bandeira, por
exemplo. Ritos como as datas comemorativas e a cultura, como o carnaval são
elementos que contribuem com este sentimento de ser brasileiro. Podemos
pensar a identidade organizacional como uma identidade coletiva também.
Outro aspecto da identidade coletiva é o de reforçar o sentimento de
pertencimento a um grupo. Parte do processo de identificação a um grupo é
diferenciar quem faz parte do grupo e quem não faz parte deste grupo – o “nós”
dos “outros”. As identidades sociais são afirmadas e fortalecidas por um grupo,
ao mesmo tempo que há características que o distinguem de outros grupos.
A identidade compartilhada por membros de um grupo cria união. Se você
se identifica com um grupo, então os valores e crenças deste grupo são
importantes na construção de sua autoimagem.
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Giddens define estilo de vida, como um conjunto mais ou menos integrado
de práticas incorporadas pelo indivíduo que materializa uma narrativa particular
de sua autoidentidade.
Como você se veste? A tua forma de se vestir mudou ao longo do tempo?
Como é tua alimentação? Você é adepto do fast-food, de vegetarianismo ou de
churrascos? Você pratica um esporte, yoga ou meditação? E a forma como você
se veste está ligada com a forma como você se alimenta e se exercita?
Este trabalho de articular crenças, valores e ações, define nosso estilo de
vida. O psicólogo social George Mead demonstrou, já no início do século XX,
que a construção do “Eu” é o resultado do nosso trabalho de reorganização das
experiências que tivemos.
A instabilidade é uma característica da modernidade, como já observava
Marx e Engels, na célebre frase sobre o capitalismo: “tudo o que é sólido, se
desmancha no ar”.
A demissão e o divórcio são dois exemplos de rupturas que obrigam as
pessoas a reorganizar suas vidas, repensar sua autoimagem e refazer planos e
projetos de futuro. Estas mudanças obrigam as pessoas a reorganizar
reflexivamente o seu “Eu”.
O gestor deve ter em mente que seus colaboradores, e ele próprio, estão
constantemente interpretando e resinificando suas experiências. Cada mudança
introduzida na organização também será objeto de ressignificação por parte de
cada pessoa. Os significados são múltiplos e envolvem as crenças, os valores e
os estilos de vida das pessoas.
NA PRÁTICA
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Que a empresa garanta um equilíbrio entre a vida profissional e a
pessoal;
Que a empresa encoraje os funcionários a expor suas opiniões;
Que a empresa permita às pessoas condições de avançar na carreira;
Propicie iguais oportunidades, independente de raça, gênero e etnia;
Distribua os resultados de modo justo entre a equipe, os gestores e os
acionistas;
Incentive discussões de diferentes pontos de vista;
Desenvolva o trabalho com base em valores compartilhados;
Favoreça o diálogo entre os representantes da empresa e de sindicatos;
Tenha práticas socialmente e ambientalmente responsáveis.
FINALIZANDO
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dos seus colaboradores: criar ocasiões para seus colaboradores expressam o
que pensam e valorizar as contribuições individuais para a organização. A
integração e a subjetivação são igualmente importantes para os indivíduos.
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REFERÊNCIAS
MEAD, G.H. Mind, self& society: from the standpoint of a social behaviorist.
Chichester: University of Chicago Press, 1967.
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