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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES

INSTITUTO DE PSICOLOGIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ESTUDO SOBRE O TEXTO “PSICANÁLISE: CLÍNICA E


PESQUISA”

ANGELICA DA GRAÇA FRANÇA

Trabalho apresentado à disciplina de


Tópicos Especiais em Psicologia Social
e Institucional VIII, ministrada pelos
mestrandos em psicanálise, para o
curso de graduação em Psicologia, da
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ).

RIO DE JANEIRO – RJ
JAN/2018
No texto “Psicanálise: clínica e pesquisa”, Luciano Elias desenvolve dois
temas caros ao estudioso em psicanálise: como se desenvolve o fazer
pesquisa em psicanálise e qual o campo de atuação da psicanálise. Na
primeira parte do texto, Elias explica a interação entre o método psicanalítico e
a pesquisa e na segunda parte, ele faz uma critica dura sobre a limitação
imposta pela psicanálise ortodoxa à atuação do analista no consultório
particular.

No início do artigo, Elias coloca que para prática em psicanálise, o


trabalho do analista em relação à pesquisa é essencial, e para validar sua
afirmação o autor utiliza o texto “Recomendações aos Médicos que Exercem a
Psicanálise “ de Freud. No texto, o pai da psicanálise afirma que na execução
da psicanalise tratamento e investigação se coincidem. Desta forma a
resistência do psicanalista ao fazer pesquisa, pode ser considerada uma
resistência real a própria prática da psicanalise.

No entanto, o fazer pesquisa da psicanálise deve ser diferenciado do


fazer pesquisa científico, e para isso novamente o autor vai aos clássicos,
Elias se baseia nos estudos de Lacan para embasar seu pensamento, para
Lacan a psicanálise deriva da ciência, pois ela nasce exatamente para analisar
o homem fabricado pela modernidade, mas apesar de ser uma disciplina
derivada da ciência, a psicanálise não se reduz a ela. A psicanálise faz um
corte no discurso científico quando coloca o sujeito como chave fundamental
para o estudo psicanalítico. Uma questão é colocada para ciência, quando a
psicanálise inclui em seus estudos o sujeito, aquele o qual a ciência exclui para
se fundar, desta forma por causa desta subversão, a psicanálise passa a
operar num campo não integrante do saber científico.

Existe outra divergência entre o fazer pesquisa científica e o


psicanalítico, elencado por Freud no texto “Recomendações aos médicos que
exercem psicanálise”, e esta divergência vai de encontro a ética, para Freud
não é saudável se fazer medidas científica durante o tratamento do paciente:
“reunir sua estrutura, tentar predizer seu progresso futuro e obter, de tempos
em tempos, um quadro do estado atual das coisas, como o interesse científico
exigiria”. Tal postura poderia influenciar os caminhos, que devem ser livres,
para o bom caminhar do caso. Para Freud, o ideal a postura ideal do
psicanalista é evitar especulações sobre os casos, enquanto eles estão em
analise.

Outro ponto que a pesquisa psicanalítica difere da pesquisa cientifica é


em relação ao sujeito. O sujeito inventado pela ciência não tem qualidades
sensoriais, perceptuais, anímicas, morais, em suma, um sujeito sem qualidade
alguma. A ciência elabora um saber que até supõe o sujeito, mas que não atua
sobre ele, não o coloca em cena, a ciência se consolida na exclusão do sujeito.
E desta subtração criada pela modernidade nasce justamente o sujeito da
psicanálise: "O sujeito com que operamos cm psicanálise não pode ser senão o
sujeito da ciência".

Para se constituir, a psicanálise trabalha na inclusão do sujeito no


campo da sua experiência, e para realizar essa operação ela elabora o sujeito
do inconsciente, não por acaso, o sujeito excluído pela ciência só pode ser
incluído pela via do inconsciente.

No modo de fazer pesquisa psicanalítica existem princípios


metodológicos, que tem como característica principal a “inclusão do sujeito”.
Todos os níveis da pesquisa psicanalítica teórica, prática clínica, atividade de
pesquisa, devem levar em consideração a inclusão do sujeito. Para Freud
cada caso deve ser tomando como se fosse o primeiro, o saber do inconsciente
não pode ser simplesmente adquirido pelo acumulo de conhecimento, ele é
sempre único e singular, não é como o saber cientifico generalista.

Para psicanálise existe um campo de pesquisa que é o inconsciente e


inclui o sujeito. O autor do texto coloca que toda pesquisa em psicanálise é
clinica, pois o psicanalista realiza sua pesquisa a partir de um lugar no
dispositivo clinico, o lugar de escuta. O modo que o saber psicanalítico é
produzido obedece à lógica do saber inconsciente e implica a transferência, a
produção ocorre a partir da instalação da transferência.

O pesquisador em psicanálise dirige sua escuta e intenção para o que


objetiva saber, mas sem um saber pré estabelecido, que pode ser verificado ou
refutado, o inconsciente é um novo método de saber, o método analítico.
No texto elaborado por Elias, existe um segundo tema trabalhado “A
psicanálise e sua extensão social”. Nessa parte do artigo, o autor questiona a
ligação entre o consultório particular e a psicanálise, é certo que a mesma teve
sua origem dentro do consultório, mas essa ligação original fez com que a
psicanálise ficasse afastada das populações carentes que não possuem
recurso para pagar a consulta. E dessa origem no consultório particular se
criou também uma imagem deturpada de que psicanálise é direcionada a um
publico especifico com determinado nível intelectual e código lingüístico.
Segundo o autor, os critérios apontados são de natureza ideológica, pois “o
sujeito do inconsciente não é um sujeito empírico, dotado de atributos
psicológicos, sociais, políticos, ideológicos ou afetivos”.

Essa postura elitista da psicanálise se baseia em alguns textos do


próprio Freud, onde ele coloca que a resistência da classe média em pagar a
consulta muitas vezes está relacionada à própria resistência do paciente em
fazer análise. É certo que a psicanálise não deve ser assistencialista, mas
existem discursos que deturpam essa postura colocando que as classes
populares não possuem requisitos para se beneficiar da psicanálise, essa
nunca foi a postura de Freud.

Inclusive para o Freud, as pessoas pobres encontram na sua neurose


um gozo que substitui as dificuldades impostas pela sua classe social, por isso
seria mais difícil para o pobre superar sua neurose. Para Freud seja o sujeito
de qualquer classe social ele procura fixar uma posição de gozo em relação ao
seu sintoma, o conceito de inconsciente independe da realidade social, ele está
fora do tempo de do espaço.

Então, para Elias, é possível fazer psicanálise em qualquer classe social,


desde que haja um analista de um lado e o sujeito dividido do outro. Na
releitura feita por Lacan nos textos freudianos, ele estabeleceu que o lugar
onde se prática a psicanálise é um lugar estrutural, o dispositivo analítico, ele
não é necessariamente um consultório, pode ser um ambulatório, enfermaria,
ou qualquer configuração institucional .

A própria palavra “consultório particular” apresenta em si uma


representação ortodoxa para dispositivo analítico, a palavra consultório limita a
pratica da psicanálise num determinado espaço, e a palavra particular, pode
relacionar a psicanálise a algo particular , não publico, pago; além disso, o
consultório limita a pratica da psicanálise a uma modalidade especifica de
estrutura do sujeito que se encaixe nesse lugar, a neurose.

A visão ortodoxa, que limita o alcance da psicanálise, faz com que


muitas pessoas que se encontram em sofrimento e com demandas autenticas
fiquem fora do leque de alcance do trabalho psicanalítico, por não se
encaixarem nos critérios do dispositivo analítico. Para reverte essa visão, Elias
vai até o próprio Freud para fundamentar sua idéia, utilizando o texto “Linhas
de progresso na terapia psicanalítica” de 1919, onde Freud diz que a
psicanálise estava restrita ao consultório particular por uma questão prática, o
psicanalista era um profissional liberal, mas ele sonhava com o dia em que a
psicanálise poderia ser feita em locais públicos e conseguiria atender as
classes menos favorecidas.

O artigo de Luciano Elias tem seu maior valor em desconstruir o discurso


da psicanálise ortodoxa que se alia ao sistema e exclui do seu trabalho as
classes sociais desfavorecidas, enjaulando o campo de ação da psicanálise
aos consultórios particulares. Atualmente, aqui no Brasil muitos psicanalistas
desenvolvem seu trabalho no Sistema Único de Saúde, demonstrando na
prática, que o limite do consultório é apenas uma falácia, onde existir o
analista, a demanda e o sujeito dividido, o dispositivo analítico pode se instituir.

Referência:

ELIAS, Luciano. (2000). Psicanálise: clínica e pesquisa. In: Alberti, S. & Elia, L.
(Org.). Clínica e pesquisa em psicanálise. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos. p.
19-35.

Freud S. (1913 [1911]). “Sobre o inicio do tratamento (Novas recomendações


sobre a técnica da psicanálise I)”. in Freud S., Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, vol XII, Rio de Janeiro,
Imago, 1969.

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