Sei sulla pagina 1di 19

Rei Arthur

a Lenda das lendas


O rei mais importante do mundo – e
que provavelmente nunca existiu.
POR ARETHA YARAK

1/13
E
m matéria de mitologia medieval,
rei mesmo era Arthur. Os outros
eram só cartas do baralho.

Ele foi celebrado em verso e prosa por


toda a Idade Média e além, em países
muito distantes de sua Inglaterra natal.
Seus mitos sobreviveram o bastante para
tornarem-se filmes, livros e até
videogames. Centenas de anos após sua
morte, monarcas britânicos
entrelaçavam suas histórias à origem e
às conquistas de Arthur. Todos queriam
se ligar ao maior rei de todos.

1/13
Se Arthur entrou para os mitos como
figura fundadora da Inglaterra,
ironicamente, ele nunca

lutou ao lado dos ingleses. Arthur é uma


lenda de origem celta, criada no País de
Gales, a região onde se refugiaram os
habitantes originais da Grã-Bretanha
após as invasões dos anglo-saxões,
vindos da atual Alemanha — aqueles
fundariam a Inglaterra.

Na batalha do monte Badon, por volta


do ano 500, Arthur teria derrubado mais
de 900 saxões, atrasando a invasão — e a

2/13
fundação da Inglaterra — em décadas.
Filho bastardo do rei Uther Pendragon,
Arthur contou a vida toda com seu tutor
e conselheiro, o mago Merlin.

É em Merlin que a lenda assume seus


tons mais sobrenaturais (e típicas da
cultura celta). Concebido em uma
estranha relação entre a princesa de
Dyfed e um anjo (ou demônio,
dependendo do autor), o mago é central
nas decisões do rei e nos acontecimentos
do reino de Camelot. Merlin era
apaixonado por Viviana (ou Nimue), a
Dama do Lago. Ela afirmou que só se

3/13
entregaria a Merlin se ele lhe
ensinasse todo o seu poder, e assim foi
feito.

O mago apresentou o jovem Arthur à


espada mágica, Excalibur — que queria
dizer “corta aço”. Merlin levou Arthur ao
lago, onde a mão de Nimue emergiu da
profundidade com a arma. De lâmina
inquebrável, havia sido forjada por um
ferreiro elfo da ilha lendária de Avalon.
Mas o poder mesmo estava na bainha,
que daria ao rei o corpo fechado em
batalhas. Com a espada em mãos, Arthur

4/13
acaba se revelando ao pai, Uther,
herdando o trono aos 15 anos.

EM BUSCA DO GRAAL

A Batalha de Badon é só uma no


começo da carreira do rei que, de seu
castelo em Camelot,
expandiria imensamente os domínios de
seu pai, juntando em torno de si um
número cada vez maior de seguidores.
Merlin cria então a Távola Redonda. O
formato da mesa foi uma estratégia para
evitar disputas de poder, já que, em uma

5/13
mesa redonda, todos, geometricamente,
estão em pé de igualdade.

Mais de cem guerreiros sentaram-se


em volta da mesa lendária. Mas isso não
conteve a ambição de um deles. Anos e
batalhas mais tarde, Arthur teve de se
ausentar do país, em uma guerra contra
“Roma” – um nome geral para um
inimigo meio genérico. Um dos
cavaleiros, Sir Mordred, então usurpou o
trono. Ele era filho de Morgana, a meia-
irmã manipuladora de Arthur. Segundo
alguns autores, o pai de Mordred seria o

6/13
próprio Arthur, enganado por ela a ter
uma união incestuosa.

Acontece então a Batalha de Camlann,


a última do grande rei. Mas a situação
estava contra ele. Merlin não pôde ajudar
seu mestre, pois havia sido aprisionado
pela Dama do Lago, com medo de que ele
a escravizasse com sua obsessão.
Morgana havia roubado Excalibur, que
foi recuperada, mas sem a bainha mágica.
Sem a proteção, Arthur e seu
sobrinho/filho travam combate, e
atingem um ao outro.

7/13
Mordred tomba ali mesmo. Arthur é
ferido mortalmente. Então ordena que o
cavaleiro Bedivere devolvesse Excalibur
ao lago, que é recebida pela mesma mão
que a entregou.

O convalescente Arthur tem então


uma visão, de que apenas o Graal, cálice
com o qual José de Arimatéia recolheu o
sangue de Jesus, poderia curá-lo e salvar
seu reino.

A busca pela taça milagrosa ocupou


anos, tempo em que os guerreiros
vasculharam a Grã-Bretanha de Norte a

8/13
Sul e viveram diversas aventuras. Mas as
procuras foram em vão. Arthur é levado
por Merlin para encontrar seu final, na
ilha de Avalon.

OS CAVALEIROS DA TÁVOLA REDONDA –


da esquerda para direita: 1] ECTOR – Pai
adotivo de Arthur, cria o menino sem
saber de sua identidade como herdeiro
da coroa. É o primeiro a jurar fidelidade
ao novo rei, junto com seu filho Kay. 2]
PERCIVAL – Primeiro a ter contato com o
Santo Graal. Ele se depara com uma
procissão levando o objeto, mas falha em
investigar porque não queria fazer

9/13
perguntas. 3] LANCELOT – O mais
habilidoso de todos os cavaleiros, filho
do rei Ban de Benoic e da rainha Helena
de Benwich. Cai em desgraça após ter um
caso com a mulher de Arthur. 4]

YWAIN – Sempre acompanhado por um


leão que ele resgatou de uma serpente.
Acaba perdido em uma missão para
vingar a morte de seu primo Calogrenant.
5] GAWAIN – Era ele, não Lancelot, o
favorito das moças. Famoso por seu
confronto com o misterioso Cavaleiro
Verde, que ele decapitou, mas
sobreviveu. 6] GALAHAD – Único

10/13
cavaleiro que sobreviveu à cadeira
proibida, o assento reservado àquele que
encontraria o Graal. Mas é levado aos
céus em vez de retornar.

DA HISTÓRIA PARA O MITO

A história que você acabou de ler é


basicamente a versão contada por
Geoffrey Monmouth e Chrètien de
Troyes, autores do século 12. Eles foram
os primeiros a descrever uma mitologia
completa do rei Arthur.

11/13
Escritores mais tardios acrescentaram
detalhes diferentes, como o poeta do
século 13, Robert de Boron, para quem
Excalibur é tirada de uma pedra, não
dada pela Dama do Lago, cumprindo uma
profecia que torna Arthur o rei. O caso de
Lancelot com a rainha Guinevere também
é uma criação posterior.

A batalha do monte Badon, aquela


onde Arthur teria matado 900 saxões, foi
mencionada pela primeira vez por São
Gildas, ainda no século 6, algumas
décadas depois de ocorrer. Nesse relato,
não existe Arthur nenhum.

12/13
A primeira vez que o nome surgiu foi
em Historia Brittonum (História
Britânica), livro escrito em 828 pelo
monge Nennius. Mas esse Arthur era
apenas um guerreiro. Foi apenas em 1136,
com Geoffrey de Monmouth, em Historia
Regum Britanniae (A História dos Reis

Bretões), que Arthur tornou-se rei — e


também surgiram o mago Merlin e
outros personagens centrais.

Caso tenha existido um rei Arthur, não


sobrou nenhum vestígio de seu reino. Há
apenas especulações e literatura.

13/13
“O trabalho de Geoffrey criou uma
história de vida completa para Arthur,
mas não há provas de que ele tenha, de
fato, existido”, conta John Withrington,
professor na Universidade de Exeter, na
Inglaterra. Monmouth, como seus
antecessores, era um religioso católico
do País de Gales e, assim como eles,
acreditava estar fazendo um relato
histórico, não literatura ou mitologia.

Foi preciso que a história atravessasse o


canal da Mancha para erguer Arthur a um
mito mundial. Foi nos textos de Chrètien
de Troyes (1135-1191) que a história do rei

14/13
tornou-se literatura épica, e passou por
um processo moralizante, convivendo
com a ideia do pecado e de uma conduta
casta, correspondentes aos valores de
cavalaria da época. O curioso é que no
século 6, quando o eventual Arthur
histórico teria vivido, nem havia
cavaleiros ainda.

Morgana, Excalibur, o Graal: tudo tinha


um pé na velha mitologia.

15/13
Caso tenha existido um rei Arthur, não
sobrou nenhum vestígio de seu reino. Há
apenas especulações e uma riquíssima
literatura — que,
provavelmente, é muito mais
interessante que a

MITOS CELTAS

As origens pouco cristãs da lenda.

A lenda do rei Arthur surgiu no País de


Gales, a região que continuou a ser

16/13
dominada pelos celtas, em contraste com em um lago, como acontece na lenda, era
a Inglaterra, tomada pelos anglo-saxões uma velha tradição quando seu dono
no século 6. Vários elementos da lenda morria.
denotam essa origem. A começar por
Merlin, que em tudo se parece com um realidade.
druida dos tempos antigos: um sábio em
contato com a natureza, responsável por O próprio Graal, uma mania
aconselhar reis e ajudá-los com poderes aparentemente tão cristã que se
mágicos. espalhou por toda a Europa, tem o
mesmo formato e poderes curativos dos
Depois, Excalibur: os celtas famosamente caldeirões da mitologia celta, na qual
faziam espadas que estavam entre as eram relacionados à deusa da inspiração.
melhores da Europa, que foram copiadas A irmã de Arthur, Morgana, é derivada da
pelos romanos. Elas tinham valor deusa céltica Modron, que aparece em
sagrado, e dar a essas armas um velório versões antigas da lenda.

17/13
18/13

Potrebbero piacerti anche