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013 - PR (2018/0074061-5)
RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO
RECORRENTE : VICTORIA TEIXEIRA BIANCONI
ADVOGADOS : ADRIANO MORO BITTENCOURT - PR025600
SU-ELLEN DE OLIVEIRA VIANNA - PR066371
RECORRIDO : UNIMED DE LONDRINA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO
ADVOGADOS : MARCO TÚLIO DE ROSE - RS009551
PAULO ROBERTO DO NASCIMENTO MARTINS - RS028992
ARMANDO GARCIA GARCIA - PR004903
RAFAEL LIMA MARQUES - RS046963
CÁSSIO AUGUSTO VIONE DA ROSA - RS050660
SOC. de ADV. : DE ROSE, MARTINS, MARQUES E VIONE ADVOGADOS
ASSOCIADOS
RELATÓRIO
Afirma que o rol da ANS é apenas exemplificativo, que o contrato não faz
nenhuma menção de exclusão do procedimento, ponderando que o documento colacionado
aos autos pela recorrida aponta que a ANS não atesta a efetividade da cifoplastia, e não
que o método escolhido por seu médico assistente não seja autorizado.
EMENTA
VOTO
Nesse sentido, leciona a doutrina que “o Código Civil postula pelo equilíbrio
da contratação, independente da existência concreta de uma parte débil em
determinado contexto. O equilíbrio é pressuposto inerente a qualquer contratação,
como imperativo ético do ordenamento jurídico” (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nelson. Contratos: teoria geral e contratos em espécie. 3 ed. Salvador:
Juspodivm, 2013, pp. 233-234).
8. Não é possível, todavia, generalizar e confundir as coisas.
Com efeito, é oportuno salientar, conforme muito bem ponderando pela
magistrada especialista em saúde suplementar, Ana Carolina Morozowski, em recente
Seminário realizado no STJ (2º Seminário Jurídico de Seguros), na data de 20 de novembro
de 2019, acerca do rol da ANS, in verbis:
Por outro lado,há categorias de produtos (medicamentos) que não
precisam estar previstas no rol - e de fato não estão. Para essas
categorias, não faz sentido perquirir acerca da taxatividade ou da
exemplaridade do rol. As categorias são:
a) medicamentos relacionados ao tratamento do câncer de uso
ambulatorial ou hospitalar;e
b) medicamentos administrados durante internação hospitalar,o que não
se confunde com uso ambulatorial.
As tecnologias do item 'a' não se submetem ao rol, uma vez que não há
nenhum medicamento dessa categoria nele, nem em Protocolo Clínico e
Diretrizes Terapêuticas (PCDT). Existe apenas uma listagem de drogas
oncológicas ambulatoriais ou hospitalares em Diretriz de Utilização da
ANS, mas com o único fim de evidenciar o risco emetogênico que elas
implicam, para que seja possível estabelecer qual o tratamento será
utilizado contra essas reações (DUT 54, item 54.6).
Já a exceção estabelecida em relação às drogas do item 'b' pode ser
inferida do art. 22, da Res. 428/2017 da ANS, que trata do plano hospitalar.
Ao contrário do art. 21, que trata dos atendimentos ambulatoriais, o art.
22 não faz menção à necessidade de que as tecnologias dispensadas em
internação hospitalar estejam previstas no rol.
Dessarte, por óbvio, não se está a dizer, sob pena de violação ao próprio
princípio do acesso à justiça e estabelecimento ilegal de presunção absoluta (jure et de
jure) de higidez dos atos da Administração Pública, que não possa existir situações pontuais
em que o Juízo, munido de informações técnicas obtidas sob o crivo do contraditório, ou
mesmo se valendo de nota técnica dos Nat-jus, em decisão racionalmente fundamentada,
não possa determinar o fornecimento de determinada cobertura que constate ser
efetivamente imprescindível, com supedâneo em medicina baseada em evidência (clínica).
Outrossim, evidentemente, é sempre possível a autocomposição e, muito
embora não seja um dever que possa ser imposto, não se está a descartar a possibilidade
de a operadora ou seguradora pactuar com o usuário para que ele cubra a diferença de
custos entre os procedimentos do rol ou da cobertura contratual e o orientado pelo médico
assistente, a par de ser hipótese que propicia que o consumidor se valha dos preços mais
favoráveis que usualmente são cobrados das operadoras em sua relação mercantil com os
prestadores de serviços.
Nesse particular, é interessante mencionar os enunciados 02, 16 e 18 das
Jornadas de Direito da Saúde do CNJ. Vale transcrever os seguintes:
ENUNCIADO N.º 21
Nos contratos celebrados ou adaptados na forma da Lei n.º 9.656/98,
recomenda-se considerar o rol de procedimentos de cobertura obrigatória
elencados nas Resoluções da Agência Nacional de Saúde Suplementar,
ressalvadas as coberturas adicionais contratadas.
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ENUNCIADO N.º 23
Nas demandas judiciais em que se discutir qualquer questão relacionada
à cobertura contratual vinculada ao rol de procedimentos e eventos em
saúde editado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, recomenda-
se a consulta, pela via eletrônica e/ou expedição de ofício, a esta agência
Reguladora para os esclarecimentos necessários sobre a questão em
litígio.
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ENUNCIADO N.º 27
As Resoluções n.º 1956/2010 Conselho Federal de Medicina e n.º 115/2012
do Conselho Federal de Odontologia e o rol de procedimentos e eventos
em saúde vigentes na Agência Nacional de Saúde Suplementar, e suas
alterações, são de observância obrigatória.