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Baldessari encheu de humor a arte conceitual ao lutar

contra a 'chatice'
Artista californiano, morto aos 88 anos, recorreu à ironia para peitar o que via como um excesso
de intelectualismo
7.jan.2020 às 2h00

EDIÇÃO IMPRESSA

Jori Finkel

THE NEW YORK TIMES John Baldessari, influente artista conceitual que ajudou a fazer de
Los Angeles uma das capitais da arte mundial por meio de suas imagens bem-
humoradas, morreu na quinta-feira (2) naquela cidade, aos 88 anos.

A morte foi confirmada no domingo (5) pela presidente de sua fundação. Não houve
informação sobre a causa.

Baldessari começou como pintor semiabstrato na década de 1950, mas se desencantou


tanto com sua pintura que decidiu levar suas obras a uma funerária de San Diego e
cremá-las, em 1970. Ele estava pronto para adotar uma gama ampla de mídias —vídeo,
fotografia, escultura, arte textual, instalações e, sim, pinturas, mas no geral em formas
híbridas.
John Baldessari - Nicole Shibata/Divulgação

Enquanto boa parte das obras iniciais de arte conceitual tendia ao frio e ao cerebral, o
trabalho de Baldessari vinha carregado de um senso de humor sardônico. Ele recorria
a uma espécie de ironia dadaísta e às vezes às cores intensas da pop art, a fim de
resgatar a arte conceitual do que ele via como seriedade e intelectualismo excessivos.

Ao mesmo tempo, ajudou a criar a cena artística de Los Angeles por meio de suas
aulas, no Instituto de Arte da Califórnia, entre 1970 e 1988, e na Universidade da
Califórnia em Los Angeles, entre 1996 e 2005.

Uma pequena amostragem de seus alunos representa um verdadeiro quem é quem dos
artistas contemporâneos —David Salle, Tony Oursler, Matt Mullican, Jack Goldstein,
Jim Shaw, Mike Kelley, James Welling, Meg Cranston, Liz Larner, Mungo Thomson,
Kerry Tribe, Elliott Hundley e Analia Saban.

Com a possível exceção de Ed Ruscha, que também trabalhava na interseção entre


fotografia, pintura e texto, nenhum outro artista de Los Angeles fez tanto para
fomentar a cena de arte contemporânea na cidade quanto Baldessari.

John Anthony Baldessari nasceu em 17 de julho de 1931 em National City, na


Califórnia, uma cidade que fica entre San Diego e a fronteira mexicana em Tijuana,
filho de imigrantes, Antonio e Hedvig Baldessari. Os dois se conheceram depois de
chegar aos Estados Unidos, ele da Áustria, ela da Dinamarca.

O pai de Baldessari era comerciante de ferro velho e a família cultivava frutas e


legumes, criava galinhas e coelhos e usava o lixo como adubo.

Baldessari muitas vezes mencionou sua infância como motivo para sua dificuldade em
jogar qualquer coisa fora.

Baldessari se formou em educação para a arte no San Diego State College e fez seu
mestrado em arte lá.

Não demorou a encontrar emprego como professor em escolas secundárias, faculdades


locais e em um programa de extensão universitária, antes de ser contratado pela
Universidade da Califórnia em San Diego.

Seu trabalho artístico na época, que estava só começando a ser exibido em galerias de
Los Angeles, se movia em uma direção mais filosófica. Em 1968, já se distanciando da
pintura, ele reproduziu uma tela de Frank Stella para a capa da revista Artforum e
contratou um pintor de cartazes para escrever, abaixo do quadro, “não olhe para isto”.

Foi um primeiro experimento, inspirado por Magritte, de combinar palavras e


imagens. A legenda, uma citação de Goya, também servia de comentário bem-
humorado sobre o credo minimalista de Stella —o que você vê é o que você vê.
A cremação de quadros tradicionais por Baldessari, em 1970, foi inconfundivelmente
inspirada por Marcel Duchamp, um gesto antiarte pelo qual mais tarde ele pareceria
um tanto envergonhado.

As cinzas lotaram dez caixas, nove capazes de abrigar um cadáver adulto e a outra de
tamanho infantil.

Ele usou parte das cinzas como massa de biscoito e exibiu as obras assadas no Museu
de Arte Moderna de Nova York, como parte da mostra “Information”, um inovador
panorama da arte conceitual, em 1970.

Naquele ano, ele se transferiu de San Diego para Santa Mônica, na Califórnia, e
começou a lecionar no CalArts, um “pós-estúdio” desvinculado de qualquer gênero
tradicional, como a pintura ou o desenho. Lá, Baldessari começou a realizar vídeos —
eram quase todos cenas de humor.

Um deles, talvez o trabalho mais conhecido de Baldessari, mostra a letra do artista em


um caderno, no qual a frase “não farei mais arte chata” se repete ininterruptamente,
como se ele estivesse de castigo.

Na década de 1980, ele começou a trabalhar com fotocolagens, principalmente com


imagens fotográficas e de filmes de Hollywood. Uma linha de estudo especialmente
frutífera surgiu certo dia em 1985, quando começou a brincar com etiquetas redondas
de preço. Ele as colava em fotos, sobre os rostos de figuras públicas de quem não
gostava.

Isso logo se transformou em uma de suas técnicas características —pintar pontos


brancos ou coloridos sobre rostos em fotografias, como forma de nos levar a olhar
além do óbvio.
Ele também buscava conferir mais poder ao espectador.

“A suposição em boa parte do meu trabalho é a de que as pessoas querem encontrar


alguma coisa no nada”, ele disse. “Lembra do chuvisco nos televisores do passado, e
que as pessoas tentavam identificar algo neles? Sinto falta disso.”

Ele gostava de dizer aos seus alunos: “Não olhem para as coisas, olhem entre as
coisas”.

Essa abordagem pode ser vista em sua longa série “Partes do Corpo”, que mostrava
imagens simples, muitas vezes silhuetas ou gravuras, de mãos, orelhas, sobrancelhas e
outras partes do corpo, isoladas.

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