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PLAUSIBILIDADE DO CRISTIANISMO HISTÓRICO NOS DIAS ATUAIS

PLAUSIBILIDADE DO CRISTIANISMO
HISTÓRICO NOS DIAS ATUAIS

J. B. Libânio*

O FATO DA CRISE DE PLAUSIBILIDADE fé, o seu corpo cognitivo e valorativo encontrarem


um suporte social.1

P
arece extemporâneo, depois de dois mil Não se trata aqui de discutir sobre a identidade
anos de história do Cristianismo, levantar o abstrata do Cristianismo, a sua essência. Pois a ta-
problema de sua plausibilidade. Ele já mos- refa de defini-la previamente torna-se inviável e
trou-a com a gigantesca civilização ocidental, im- teologicamente questionável.2 Está em questão a
pensável sem sua presença e marca indelével. forma histórica do Cristianismo. Ela se expressa,
No entanto, é precisamente essa simbiose com ao longo desses dois mil anos, como um conjunto
a civilização ocidental, em nítida crise, que se pro- de teologia, instituições, liturgias, práticas, visão
longa até as entranhas da identidade cristã. Na dé- de mundo, rotinização do cotidiano, etc., que re-
cada de 70, P. Berger agitava a questão da plausibi- clama sua origem da pessoa de Jesus, o Cristo,
lidade da religião no mundo moderno. Pergunta- Messias, morto e ressuscitado.
va-se pelo seu eco significativo na vida da socieda- Se se quiser adotar uma linguagem mais em vo-
de e no coração do homem atual. Insistia no fato de ga, apesar de sua imprecisão e de certa ambigüida-
que uma realidade se torna plausível à medida que de na transferência semântica, pode-se perguntar
ela encontra um lugar dentro das estruturas signi- pela crise de plausibilidade do paradigma ocidental
ficativas do mundo social. do Cristianismo. Na esteira de Th. Kuhn,3 esse ter-
Assim, na perspectiva da sociologia do conhe- mo vem sendo amplamente empregado também no
cimento, o Cristianismo gozará de maior ou menor campo teológico.4 Sem dúvida, quem o trabalhou
plausibilidade à medida que as suas expressões de brilhantemente foi H. Küng.5

* Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Professor na Faculdade de Teologia do CES da Companhia de
Jesus em Belo Horizonte, MG. Autor de numerosas obras de teologia e pastoral. Publicou recentemente: Teologia da Revelação
a partir da modernidade. São Paulo: Loyola, 1992, 480p.
1
BERGER, 1973. p. 53.
2
PALACIO, 1989. p. 152.
3
KUHN, 1978. Paradigma entende-se aqui, portanto, como uma constelação geral de convicções, concepções, valores, proce-
dimentos, técnicas, levados em conta pelos membros de uma dada comunidade.
4
ANJOS, 1996.
5
KÜNG, 1987. p. 173-252.

9
Horizonte, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 9-25, 1º sem. 1997
J. B. LIBÂNIO

Em recente e monumental obra,6 ele distingue FATORES SOCIOCULTURAIS DA CRISE


cinco paradigmas do Cristianismo ao longo dos DE PLAUSIBILIDADE
dois milênios. Inicia o Cristianismo o seu percurso
histórico com o paradigma apocalíptico-judaico Os fatores que estão na gênese da crise de plau-
antigo. Depois entra em contacto com o mundo sibilidade dos paradigmas do Cristianismo Oci-
helenístico, exprimindo-se no paradigma cristão- dental afetam diferentemente os paradigmas roma-
helenístico ecumênico da antigüidade. Na Idade no, reformador e moderno. No entanto, para evi-
Média firma-se o paradigma católico-romano me- tarmos análises complexas e complicadas, que ter-
dieval. Com a Reforma, a nova ruptura permite minam por dificultar a intelecção em vez de favore-
emergir o paradigma evan- cê-la, nossa preocupação
gélico-protestante. E com se refere, antes de tudo, ao
o despontar da moderni- O cristianismo – tanto na paradigma católico-roma-
dade, surge o paradigma versão católico-romana no, quer na sua forma pré-
orientado para a razão e moderna, quer já com tra-
para o progresso. E o autor
quanto na versão ços da modernidade.
nos deixa com a promessa evangélico-protestante – Os sinais claros de que-
de outro volume, no limiar da de plausibilidade mani-
do novo paradigma da pós-
está em crise. Ou está festam-se na perda da legi-
modernidade. em crise a civilização timação social das expres-
Na sua opinião, a crise sões visíveis da doutrina e
atual afeta tanto o paradig-
ocidental que o da prática católica, na di-
ma católico-romano me- cristianismo contribuiu minuição do circular de seu
dieval quanto o evangéli- universo simbólico na so-
para criar?
co-protestante da Reforma, ciedade, na perda de con-
por causa de alguns de seus sistência de seus mecanis-
aspectos, tais como a rigidez, o autoritarismo, o mos tanto de alívio social, quanto de controle so-
dogmatismo. E o próprio paradigma da moderni- cial.7
dade, orientado para a razão e para o progresso, O Cristianismo ocidental vem sendo questiona-
também sofre o embate da pós-modernidade. Por- do de dentro de suas entranhas. Surgiu no seu in-
tanto, numa palavra, os três paradigmas configu- terior verdadeiro conflito de interpretações.8 Já faz
ram o Cristianismo ocidental. tempo que se insiste no fato de ter terminado a era
Nessa linha de reflexão, o mal-estar se refere ao das evidências, da unidade intacta, do consenso
Cristianismo ocidental porque os três paradigmas unânime,9 do óbvio, da cristandade, da contra-re-
em que ele se estruturou mergulharam em profun- forma.10
da crise em virtude das duas ondas, ora complemen- Os sintomas desse conflito saltam aos olhos. No
tares, ora antitéticas, da modernidade e pós-mo- pós-Vaticano II, o movimento ligado a Mgr. Lefe-
dernidade. bvre11 traduziu a face mais ortodoxa e rígida do

6
KÜNG, 1987. p. 173-252.
7
BERGER, 1985.
8
RICOEUR, 1978.
9
Como não lembrar-se da boutade de Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é burra”?
10
ROUQUETTE, 1968.
11
CASTEL, 1976. p. 25.
Idem, 1977.
LAURET, 1976.

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conservadorismo, enquanto do outro lado estava a uma revelação salvífica de Deus seriamente com-
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igreja subterrânea, ensaiando experiências auda- prometida com a história humana e menos uma re-
zes. Revistas como Sim e Não, Pensée Catholi- ligião cúltica.
que, Permanência situam-se no lado do conserva- Os sintomas dessa crise de credibilidade em re-
dorismo, enquanto Esprit, Adista, Christus (Méxi- lação à sociedade são infelizmente demasiado evi-
co) e outras apontam para outro lado. Nas refor- dentes a partir dos dados estatísticos. Para perma-
mas litúrgicas, nas formas de vida religiosa, nas ex- necermos em nosso país, segundo o último censo
pressões teológicas, nos ensaios catequéticos, nas do IBGE,13 a análise de conjuntura religioso-eclesial,
práticas sacramentais, nas condutas pessoais no elaborada pela equipe do IBRADES e apresentada
campo moral, a gama de na Assembléia da CNBB
diferenças revela um qua- de 1996,14 constata o fato
dro de um jogo de interpre- Os sintomas da crise se do “fracionamento de um
tações, impossível de redu- revelam tanto no universo religioso hegemo-
zir a um denominador co- nicamente católico e cris-
mum, a um código de re-
interior do cristianismo, tão, até um passado recen-
gras homogêneo. pelos conflitos de te” e “da afirmação de um
Diante desse cenário, pluralismo religioso desa-
uns sofrem ao serem amea-
interpretações que o fiador”.15 Este pluralismo
çados em sua identidade dividem, quanto no tem nome. Chama-se evan-
até hoje vivida com fideli- gelismo pentecostal, reli-
dade e inteireza, outros
contexto social, onde giões mediúnicas, religiões
prescindem livremente e perde influência, abrindo orientais, neocristianismo,
16
assumem pessoalmente
espaço para um pluralismo cristãos nominais.
suas posições, sem se per- O cardápio religioso
guntarem pelos estatutos estonteante de expressões pode ser ainda mais am-
objetivos. pliado com os novos movi-
religiosas.
Dois extremos se deli- mentos religiosos, com as
neiam, com todas as posições intermédias possí- novas formas religiosas ecléticas que vêm deline-
veis. De um lado, o fundamentalismo rígido, sobre ando a Nova Era.17 Misturam-se ritos xamânicos
o qual falaremos mais adiante, e, de outro, a priva- de religiões antigas asiáticas e indígenas pré-cris-
tização e subjetivização extrema da vivência religio- tãs com elementos cristãos de maneira sincrética.
sa. Em todo caso, fica evidente o pluralismo inter- Em outros casos, recorre-se a drogas, sobretudo
pretativo no interior do Cristianismo. ao chá de ainasca no Santo Daime e na União do
Fatores sociais externos afetam o Cristianismo Vegetal.
por uma dupla razão. Antes de tudo, pelo simples Na esteira do pensamento nietzschiano, deli-
fato de ele estar situado nas coordenadas de tempo neia-se uma volta ao paganismo como religião, na
e espaço, como qualquer realidade humana. Em busca de uma inocência do corpo e do prazer que
segundo lugar, por sua própria natureza de ser o Cristianismo, máxime por influência de Santo

12
STEEMAN, 1969.
13
MELLO, 1996.
14
JAMES, 1996. p. 157-182.
15
Idem, op. cit., p. 158. Para ter uma idéia numérica do fato, compulsar essa análise, onde se aduzem dados estatísticos.
16
Idem, op. cit. p. 158-160.
17
LIBÂNIO, 1996.

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Agostinho, fez perder com sua ascese e rejeição da acata seus princípios somente enquanto respon-
matéria. dem ao fluxo presente dos valores em jogo.
Enfim, esse pluralismo estonteante de expres- No máximo, na esteira da Nova Era, busca-se
sões religiosas torna menos plausível aquela forma uma harmonia religiosa como fundamento de uma
religiosa que até então era quase a única e certa- ética global, onde o Cristianismo entra como um
mente hegemônica. Agora o Cristianismo convive dos parceiros, de peso sim, mas não único nem de-
com uma enorme quantidade de outras expressões cisivo.18
religiosas, que disputam o mesmo espaço e tentam Esses sintomas deixam-se explicar por um con-
criar suas próprias estruturas de plausibilidade. junto de causas. A natureza sucinta dessa aborda-
Há outros sinais claros gem não permite longos
na sociedade da perda de excursos. E muitas das cau-
presença social do Cristia- As causas da crise se sas já vêm sendo sobeja-
nismo. Atribui-se-lhe ain- identificam com o mente estudadas.
da uma importância que, A crise de plausibilida-
em muitos casos, perma-
processo de de do Cristianismo desde
nece no nível meramente “secularização” da as décadas de 60 e 70 é re-
simbólico na inércia do lacionada com a questão
imaginário religioso ante-
sociedade moderna e, da secularização. Mesmo
riormente dominante. No em parte, com a que muitos dos elementos
entanto, não atinge nem o então aventados não te-
âmbito das decisões pesso-
incapacidade das nham encontrado a con-
ais relevantes nem as to- próprias Igrejas de firmação prevista, antes fo-
madas de posição no cam- ram revertidos pelo gigan-
enfrentar a crise.
po socioeconômico, socio- tesco surto religioso da dé-
político e mesmo cultural. cada de 90, há facetas da
Muitos gestos sociais ainda são acompanhados secularização que vieram para ficar.
com expressões sacramentais ou símbolos cris- O Cristianismo, como força normativa e cons-
tãos, mas cujo conteúdo existencial e cuja prática titutiva da sociedade, abriu espaço para a razão e
concreta se afastam das exigências cristãs. mais recentemente para outras formas religiosas.
No espaço das decisões significativas da vida e Mas, sem dúvida, a expressão mais relevante da se-
do conteúdo real do mundo político, a força do cularização foi a mudança de seu papel social, dei-
Cristianismo já não é marcante. Usa-se e abusa-se xando o âmbito societário e transferindo-se para o
de seus símbolos enquanto forma de manipulação mundo privado.
das massas segundo o único critério pragmático da A forma oficial do Cristianismo migrou para a
utilidade, mas não se seguem seus imperativos éti- esfera da consciência e das práticas pessoais, so-
cos. bretudo de cunho religioso. Na sua origem, está o
O esforço da sociedade encaminha-se na busca pensamento moderno científico. Neste sentido,
de consensos éticos das diferentes forças sociais comenta Gusdorf que “uma das peripécias decisi-
existentes e já não mais se deixa regrar por uma vas na história do pensamento ocidental se produ-
revelação religiosa. A autonomia da sociedade re- ziu quando a ciência positiva moderna, a física
fuga a intervenção extrínseca do Cristianismo e matemática de Galileu e Newton, destruíram para

18
KÜNG, 1992.

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sempre a venerável imagem do mundo que garantia pode interpretar, sem mais, tal movimento como
aos filhos da terra um lugar privilegiado, sob o olhar “mercado da fé”, esquecendo que as religiões, a fé
misericordioso da divindade”.19 E, ironicamente guardarão sempre um mínimo de coerência inter-
citando o filósofo francês H. Gouhier, acrescenta: na, uma modalidade de vida, que não suporta um
“A ciência moderna nasceu no dia em que os anjos ajuste tão simples de produtos religiosos heterogê-
foram expulsos do céu”.20 E ainda mais mordaz- neos das mais diversas formas.22
mente o poeta alemão observa: O pluralismo religioso moderno decorre desse
processo da onda crescente da subjetividade, reti-
“O céu deixemos rando do Cristianismo, como já se disse, o papel
Aos anjos e pardais” (Heine) central e normativo.
O Cristianismo cedeu o papel instituidor da so- E a maneira como o Cristianismo tem reagido
ciedade para a razão, não sem culpa histórica, ao a essa situação, em muitos casos, reforça a perda
dividir-se interiormente e gerar guerras entre suas de sua credibilidade. Com efeito, uma linha con-
partes. As guerras de religião do último quartel do servadora sente a necessidade de maior recentra-
século XVI, sobretudo na França, impossibilita- lização do poder, restringindo a democracia inter-
ram que o Cristianismo fosse o princípio de unida- na, com repercussões sociais negativas. Outros re-
de das nações, transformando-se em causa de divi- forçam os conflitos internos, também diminuindo
são e beligerância. A razão surge como uma instân- o alcance social de um Cristianismo fragmentado.
cia que paira acima dessas contendas religiosas. Pelos dois lados, da centralização como da acentua-
Foi um grande não ao Cristianismo, e um sim à Ra- ção das originalidades, a plausibilidade social so-
zão. fre.
Nesse movimento da racionalidade moderna, E, mais recentemente, a crise do próprio para-
as instâncias autoritativas de verdade e de bem ce- digma da modernidade ocidental, expressa no mo-
dem espaço para esferas autônomas das ciências e vimento comumente chamado de pós-modernida-
da cultura. A tradição, a lei natural como expressão de, afeta o Cristianismo histórico na medida em
da vontade divina, o Estado absolutista, as autori- que ele assume aquela forma cultural de expressão.
dades inquestionáveis nas diversas instâncias per- Enfim, o Cristianismo, na sua linguagem, nas
dem sua força diante da onda montante da subje- suas expressões significativas, nas suas práticas,
tividade, da experiência. não consegue o alcance social de que gozou no
As autonomias das realidades humanas e ter- passado. Diante dessa nova situação, surgem al-
restres deslocam o Cristianismo de seu papel cen- ternativas pastorais.
tral decisório, deixando-o valer à medida que ele
mesmo se submete à lei da razão ilustrada e da ex-
periência científica e existencial. ALTERNATIVAS PASTORAIS
O Cristianismo não escapa totalmente da ten-
dência de as religiões voltarem-se de preferência Alternativa ético-secular
para as necessidades e interesses dos indivíduos Esta alternativa brotou vigorosa e sedutora nos
até chegar ao extremo da atual situação de verda- anos seguintes ao Concílio Vaticano II, no bojo do
deiro “mercado da fé”.21 Evidentemente, não se movimento de secularização. Aceita-se como fato

19
GUSDORF, 1978.
20
Ibidem.
21
LUCKMAN, 1973.
22
JAMES, 1996. p. 168.

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inexorável e irreversível o processo do fim do Cris- dente escapa de todo tipo de saber dominador e
23
tianismo não só tradicional, mas também históri- conquista. Revelou-se em Jesus como ser-para-o-
co. Portanto, não se trata de mudança de paradig- outro e isso já está incorporado na cultura do Oci-
ma, nem de encontrar uma nova forma de Cristia- dente, embora não praticado. O Cristianismo é fer-
nismo, mas de assumir que ele já cumpriu seu papel mento que se dissolveu na massa. Deixou a heran-
histórico. ça do valor da pessoa humana, dos direitos huma-
O Cristianismo hoje são as marcas que deixou nos. E hoje temos a prática ética, a caminhada de
na história da humanidade. Já pode cantar seu libertação.
nunc dimittis ou entoar o canto do cisne na certeza Contra tal posição pastoral levantam-se fortes
de missão cumprida. Por objeções. No nível socioló-
isso, não tem sentido ainda gico, parece inviável que
pensar num corpo social de
Face à crise, as reações uma mensagem continue a
sentidos, como as igrejas são divergentes. Há influenciar na história se
cristãs, para garantir de ela não se encarnar em es-
maneira autêntica e autori-
quem julgue a crise truturas sociais. Assim,
tativa a mensagem e a me- irreversível e o pouco a pouco a marca
mória de Jesus. cristã da história irá desa-
Fala-se também numa
cristianismo, superado. parecendo.
globalização de Jesus, pes- Outros o vêem como Mas a objeção teológi-
soa e mensagem humanis- ca é ainda mais grave. A
uma contribuição – entre
ta, que já não pertence a revelação nos fala explici-
nenhuma expressão histó- tantas – para uma nova tamente da vontade de Je-
rica concreta. É a Jesus re- religião universal, sus permanecer entre nós
volution que continua in- até o final dos tempos, não
fluenciando toda a huma- pluralista ou eclética. de uma simples maneira
nidade pelas infinitas ex- espiritual, mas nos sinais
pressões religiosas ou humanistas que se inspira- visíveis sacramentais. E a Igreja é o sacramento
ram na pessoa e mensagem de Jesus. fundamental dessa presença salvadora.
Aliás, essa mensagem identifica-se, em última
análise, com a estrutura fundamental da existência Uma religião universal
humana em busca da felicidade. Consiste na rela- Sob certo sentido, aproxima-se da posição an-
ção e fé no outro, que mediatiza o acesso ao Outro terior a concepção pluralista no contexto do diálo-
maior. A humanidade aprendeu do Cristianismo a go inter-religioso. Parte da inviabilidade de autên-
aventura do outro, a abertura ao irmão, o reconhe- tico diálogo desde a pretensão cristã de ser o único
cimento do estrangeiro, o respeito à alteridade. verdadeiro caminho da salvação. Essa posição
Numa palavra, o Cristianismo revelou em Jesus, identifica a pretensão cristã como fruto da consci-
pessoa e mensagem, e, ao longo da história, trans- ência de superioridade do Ocidente. Ora, como es-
mitiu, em inúmeras formas, a síntese última da vida ta entrou em crise, então a pretensão cristã tam-
humana: amor ao irmão como expressão teologal bém deixou de ter sentido.
24
da existência. Afirmam-se a verdade de todas as religiões e seu
O Cristianismo ensinou que o Outro transcen- valor salvífico próprio, sem referência necessária à

23
DUPUIS, 1991.
24
CERTEAU, 1974.

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pessoa de Cristo. Busca-se o encontro das religiões Em perspectiva semelhante, mas ainda mais
nalgum ponto acima de suas identidades e origina- radical, situa-se a proposta da Nova Era.28 No ho-
lidades. Deus, e não Jesus, ocupa o centro do pro- rizonte religioso, acena-se para o projeto de criar
jeto salvífico. É necessário mudar o paradigma uma única religião, uma nova consciência religiosa.
cristocêntrico para o teocêntrico.25 Todas as tradi- Passou a era de Peixes, do Cristianismo. Entra-se
ções religiosas convergem para Deus. na era de Aquarius. Era de paz e harmonia com
Acentua-se uma noção de Deus que todos têm superação definitiva da era cristã, que foi belicosa
em comum, embora com nomes diferentes. Deus e violenta.
tem muitos nomes.26 Na expressão radical de J. Propugna-se uma religião sem dogmas, sem
Hick, trata-se de uma revolução copernicana em posições morais rígidas, sem instituição inquestio-
que já não estão no centro da(s) religião(ões) e de nável, mas que englobe todos os valores religiosos
sua reflexão teológica a Igreja, nem o Cristianismo, existentes nas outras religiões, sem privilegiar ne-
nem Cristo, mas Deus somente. A religião cristã nhuma em concreto.
perde seu direito e caráter absoluto. O Cristianis- Evidentemente, as duas formas de abolição re-
mo é parte de um sistema religioso plural no qual ligiosa do Cristianismo conflitam radicalmente com
Cristo não é o sol em torno do qual giram as outras o núcleo fundamental e inegociável da mensagem
religiões. É um dos astros. Todas as religiões mun- salvífica da revelação cristã.
diais estão em igual dignidade diante da ação sal-
vífica de Deus. O centro do sistema religioso e da Onda espiritualizante mística
história salvífica e o ponto de partida para o diálogo É outra dimensão da Nova Era. Não se trata
entre as religiões é somente Deus como mistério. somente da superação do Cristianismo por meio
Em torno dele, voluteiam todos os astros religio- de uma nova religião universal, mas vive-se uma
sos, entre os quais Cristo. Adota-se, portanto, uma efervescência mística muito mais ampla que o pro-
perspectiva teocêntrica da história e das religiões. jeto de uma única religião.
Caminha-se de um cristocentrismo e eclesiocen- É o reverso do fenômeno da secularização, na
trismo, em que Cristo e a Igreja se entendem contra esteira da extrema privatização da religião. Gilles
ou mesmo dentro e acima das religiões, para um Kepel chama tal explosão religiosa de: “A revanche
teocentrismo. Deus falou realmente em Jesus. Sua de Deus”.29 O filósofo marxista polonês ironizava
mensagem deve ser ouvida por todos. Mas não ne- a secularização anunciando:
cessariamente somente nele. Pode-se estar plena-
“Uma chuva de deuses cai dos céus nos ritos fu-
mente comprometido com Cristo e, ao mesmo
nerais do único Deus que sobreviveu. Os ateus
tempo, aberto a outra possível mensagem de Deus
têm os seus santos e os blasfemos erigem cape-
nas outras religiões.
las”.
Apesar das suas oposições parciais, elas se
completam mutuamente nas suas diferenças. Não Trata-se de um movimento extremamente eclé-
se exige delas nem a exclusão recíproca, nem a in- tico, com dimensões místicas cósmicas e psicológi-
clusão de todas as religiões numa só, mas um en- cas, paracientíficas, terapêuticas. Reage aos efeitos
riquecimento recíproco por uma interação aberta perversos do desenvolvimento da modernidade no
e diálogo sincero.27 Ocidente, ao império da razão instrumental, ao ra-

25
DUPUIS, 1991.
26
HICK, 1980.
27
DUPUIS, 1991.
28
GIL, NISTAL. 1994.
29
KEPEL, 1992.

15
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cionalismo da técnica, ao anonimato das grandes busca de uma totalidade. Assim, estabelecem-se
cidades, à frieza e dureza da vida moderna. pontes entre a ciência e a mística, entre o mundo fí-
Vem de encontro, de maneira às vezes selva- sico e espiritual, entre o corpo e o espírito. Envere-
gem e desvairada, ao fato de que “a profanidade da-se por um tipo de conhecimento espiritual de
absoluta que suprime o sentido constituído e trans- maneira intuitiva e imediata, que ultrapassa o
cendente ao homem, cuja fonte é o sagrado, con- mundo físico pelo astral, as fronteiras do mundo
30
dena o homem e a cultura ao absurdo e ao nada”. daqui e do mundo de lá e as próprias barreiras epis-
Por isso, a situação de frieza técnica, de falta de temológicas com uma nova física, nova psicologia
sentido provoca, como contraposição, o desejo de transpessoal.31
harmonia, a emoção, a in- A reflexão teológica tem
tuição, a razão fruitiva e marcado bem claramente
comunicativa. E abre-se
Os cristãos também o limite de uma leitura da
então esse gigantesco es- assumem atitudes diferentes. realidade que desconhece
paço místico-religioso. a distinção necessária e in-
É evidente o caráter am-
Há os que pretendem rejeitar contornável entre o Cria-
bíguo dessa faceta da Nova todo compromisso com a dor e a criatura, entre o
Era. Manifesta claramente mundo criado e o mundo
uma dimensão compensa-
modernidade e voltar a divino. Rejeita-se todo pan-
tória em relação às carên- uma interpretação literal teísmo, onde tudo é Deus,
cias materiais e espirituais para afirmar um “panen-
da Bíblia. São os
que sofrem especialmente teísmo trinitário”, onde
os mais pobres. Por sua fundamentalistas Deus trino está presente
vez, as pessoas mergulha- Outros acentuam a em tudo.32
das no conforto e consu-
mismo de uma vida sem experiência emocional dos Fundamentalismo e
sentido, atormentadas por dons do Espírito. São os pentecostalismo
carências espirituais, sem A onda espiritualista es-
precisarem questionar o la- pentecostais. praia-se ainda em outros
do social dessa situação, fenômenos, que têm pa-
buscam na esfera espiritual e mística um consolo e rentesco entre si. No entanto, guardam caracterís-
um sentido perdido. ticas próprias a ponto de merecerem uma aborda-
Em outros casos, busca-se solução para pro- gem explícita. Um de seus rebentos é o fundamenta-
blemas imediatos das mais diversas ordens. Não se lismo.
valoriza a Religião em si, na sua qualidade de gran- Ele apresenta-se em preocupante pujança nas
deza objetiva e normativa, mas enquanto lenitivo mais diversas formas. Vários países muçulmanos
para a alma. sofrem um processo de reislamização da política,
Em meio à fragmentação desestruturante do da escola, da cultura, para restabelecer o totalita-
momento, essa onda mística fascina pela sua pro- rismo do Corão.33 A expressão xiita, nome de uma
posta de unificação, de globalização, numa preten- facção muçulmana fundamentalista, entrou no vo-
são holística. Pretende superar as dicotomias na cabulário político como sinônimo de posição radi-

30
VAZ, 1977.
31
TERRIN, 1996. p. 19-35.
32
BOFF, 1993. p. 45-52.
33
MOLTMANN,1992/1993.

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cal até as raias do fanatismo. Nos Estados Unidos, ético.


os grupos fundamentalistas crescem enormemen- Por isso, atém-se ao conservadorismo rigoro-
te, ocupando sempre maiores espaços televisivos. so, às vivências religiosas intensas, à interpretação
O judaísmo conhece grupos ultra-ortodoxos e na- literal do livro sagrado, à tendência política de di-
cionalistas religiosos que detêm enorme poder po- reita, demonizando todas as posições adversári-
lítico em Israel. O hinduísmo também vê-se às vol- as.35 Em resumo, o fundamentalismo, na sua forma
tas com grupos radicais que questionam o caráter atual, na definição de P. Oro é:
secular do Estado indiano. Enfim, todas as grandes
“A produção religiosa feita por um grupo, no in-
religiões vêem germinar, em seu seio, grupos fun-
terior de religiões reveladas, que, legitimando-
damentalistas. A Igreja católica do pós-Vaticano II
se através de uma leitura literal de verdades
viveu a dura experiência do cisma do grupo lefeb-
contidas no texto sagrado, objetiva reagir contra
vriano durante o pontificado de Paulo VI.34
situações que ameaçam o status quo social, a
Essas formas fundamentalistas vêm responder
cultura tradicional e/ou a integridade de sua fé,
à situação social e religiosa do momento atual. E
combatendo internamente os hereges da reli-
refletem, por isso, reações no interior das próprias
gião e externamente os novos valores cultu-
formas religiosas e em relação à sociedade.
rais”.36
No seio de sua própria religião, o fundamenta-
lismo combate sobretudo as posições liberais. Ele Outra expressão da onda espiritualista, que
tem horror à hermenêutica. Atém-se à rigidez do freqüentemente vem confundida até mesmo com o
texto fundante de sua religião e não aceita o con- fundamentalismo, é o movimento pentecostal. É
flito de interpretações, como já se viu acima. uma realidade de enorme relevância no momento
Na sociedade, o fundamentalismo batalha con- atual. Franz Damen cita D. W. Dayton, que não
tra o enfraquecimento dos princípios éticos. Por is- hesita em dizer:
so, encarna quase sempre um rigorismo ético, em
“Algo fundamental está acontecendo no cená-
oposição ao relativismo moral reinante. Oferece
rio religioso latino-americano. No futuro, será
esteio firme para superar a insegurança gerada pe-
impossível pensar a realidade latino-americana
las transformações sociais e pelo processo global
sem prestar atenção ao fenômeno do pentecos-
de modernização. E como, em geral, as camadas
talismo; e vice-versa, será impossível pensar o
populares, especialmente as advindas do mundo
futuro do movimento pentecostal sem prestar
rural, sofrem mais a perda da referência religiosa
atenção à sua ação na América Latina”.37
tradicional, elas tornam-se as presas fáceis do fun-
damentalismo. Numa reflexão comparativa entre as CEBs e o
Ele apresenta-se como uma contra-resposta movimento pentecostal, Carlos Mesters constata
religiosa à onda espiritualizante mística. Ele é opo- que “os mais pobres dentre os pobres na América
sição à oposição. No fundo, está, de um lado, a so- Latina não estão nas comunidades de base, mas
ciedade tecnoburocrata, dominada pela alta tec- entre os pentecostais”.38 Não deixa de ser significa-
nologia, sob o império da razão instrumental, e, de tivo o título do livro de C. D’Epinay: “ O refúgio das
outro, a pós-modernidade pluralista, globalizada, massas”39 e o do artigo já citado de Franz Damen:
fragmentada, entregue ao ceticismo e subjetivismo “A religião dos deserdados”.

34
ORO, 1996. p. 18-44.
35
ORO, 1996. p. 20.
36
Idem, op. cit. p. 171.
37
DAMEN, 1994, p. 53.
38
Idem, art. cit. p. 57.
39
D’EPINAY, 1970.

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Fatos significativos relacionam-se com o movi- mento e de solidariedade especialmente dos mais
mento pentecostal. Em breve, no continente cató- pobres.
lico por excelência e da esperança missionária, um Cabe ressaltar a importância da pessoa dos pas-
terço dos cristãos fará parte de tal movimento. tores nessa função emocional. Proporcionalmente
Cresce seu poder na mídia, não só nos jornais, rá- muito mais numerosos, populares, próximos do
dios e canais televisivos de sua propriedade, mas povo, eles têm condições de dar mais atenção a
também em espaços comprados. Fala-se de tele- seus fiéis. Tornam-se para eles referência impor-
evangelismo. Constitui-se verdadeira “Igreja ele- tante. Rezam, intercedem, impetram bênçãos, cum-
trônica”.40 Mais ainda. Novelas, programas cultu- prem uma série de ritos quase mágicos, com pala-
rais, outros espetáculos televisivos assumem cada vras escolhidas para as situações mais diversas e
vez mais elementos tirados do mundo cultural-re- difíceis das pessoas. Em doenças, mortes, desem-
ligioso pentecostal, revelando a afinidade e sinto- prego, transtornos psíquicos, acidentes, lá estão
nia do espectador com eles. eles com seus discursos feitos, não raro apocalípti-
Outro sinal da sua relevância é a abundante li- cos, diretamente voltados à conversão.
teratura sobre ele. Uma é produzida pelos adeptos, Nesse lado emocional do pentecostalismo, o
quer em nível meramente informativo, quer apolo- demônio desempenha papel fundamental. Sem dú-
gético, respondendo às diversas exigências cultu- vida, sua importância constrói-se sobre um imagi-
rais. Outra vem da academia. Multiplicam-se te- nário religioso tradicional, herdado da catequese
ses, pesquisas, análises sociológicas e teológicas.41 católica, que, até o Concílio Vaticano II, atribuía,
Talvez não fosse totalmente equivocado dizer também ela, atenção insistente ao demônio.
que o movimento pentecostal consegue compor O demônio entra no jogo religioso de diversas
duas tendências paradoxais que agitam o momento maneiras. Serve para desqualificar as outras for-
religioso atual: a onda espiritualizante mística e o mas religiosas, especialmente as afro-brasileiras,
fundamentalismo. De um lado, é emoção. De ou- cujas divindades, ou orixás, personificam para os
tro, é lei. Por isso, vem incluído ora na onda religio- pentecostais o próprio demônio. Nos cultos pente-
sa espiritualista ora no fundamentalismo, apesar costais, trava-se verdadeira luta espiritual do par-
da tensão real entre eles. ticipante contra o demônio, ao debater-se com
Enquanto emoção, o pentecostalismo reage ao seus próprios males físicos, psíquicos e espirituais.
racionalismo das grandes Igrejas, ao espírito cien- Os alívios e curas revelam a intervenção direta de
tífico das luzes e à laicidade fria da modernidade. Deus, vencendo o inimigo. E nesse serviço tauma-
Participa do desencanto com as utopias e ideologi- túrgico, freqüentemente o livro da Bíblia, mais que
as, especialmente socialista. Insere-se na tradição sua palavra, intervém quase na qualidade de verda-
dos movimentos de avivamento espiritual. Leva a deiro fetiche.
vivência religiosa emocional até a beira do êxtase O clima emocional reproduz em termos espiri-
coletivo, com enorme liberdade de expressões afe- tuais o mesmo ritmo das torcidas organizadas e dos
tivas individuais e coletivas. Para muitos, esses mo- programas televisivos de auditório. As músicas, os
mentos exercem função terapêutica de reorganiza- aplausos, as intervenções do dirigente com chama-
ção da personalidade, de restabelecimento da es- das insistentes, a repetição mântrica de alguns ver-
cala de valores, de descoberta da própria dignida- sículos bíblicos, os gritos, cenas histéricas formam
de. As celebrações tornam-se momento de acolhi- um conjunto que leva as pessoas a um clímax de co-

40
ASSMANN, 1986.
41
Os trabalhos de BETTENCOURT trazem contribuição significativa para a interpretação desse fenômeno. Ver BETTENCOURT.
1994. p. 24-33.; Idem, 1990.

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PLAUSIBILIDADE DO CRISTIANISMO HISTÓRICO NOS DIAS ATUAIS

moção. No fundo, está o combate com o inimigo salário. Segue-se conseqüentemente a prometida
que é derrotado pela força espiritual do culto. prosperidade material, que também é relacionada
O demônio ainda exerce outra função central. com a generosidade nas ofertas.
Ele cumpre o papel de elemento perturbador do Do lado da lei está também o tipo de doutrina-
projeto de Deus. Este consiste fundamentalmente ção que se faz nas igrejas pentecostais. Não se co-
na posse dos bens materiais e espirituais já agora nhece o sistema católico de catequese, mas resu-
nesta vida. A religião promete-os aos fiéis, que não me-se o doutrinamento a restrito conjunto de cita-
os possuem por causa de sua condição de pecado- ções bíblicas. Por causa da sua excessiva repetição,
res, influenciados pelo demônio. A conquista de torna-se um registro comum, usado por todos,
tais bens se obtém sobre- dando-lhes segurança. Os
tudo pela oferta. Esta de- princípios teológicos e mo-
sequilibra para o lado de
Afinal, a alternativa proposta rais, também claros, dire-
Deus o braço da balança pelo autor: distinguir o tos e parcos, consolidam a
que pendia para o lado da sensação fundamentalista
falta, da carência por obra
cristianismo e o paradigma de segurança.
do demônio. 42
histórico que hoje está em As pessoas são adestra-
O demônio interfere das desse jeito a ter um de-
ainda para reforçar o lado
crise; retomar a experiência terminado comportamento
fundamentalista do movi- fundante da fé, que é o na sociedade no tocante ao
mento pentecostal. Exige- vestir, à freqüência de fes-
reconhecimento da
se uma moral rígida, en- tas, à ingestão de bebidas,
quanto a liberalização dos encarnação do divino de tal modo que o crente é
costumes, a imoralidade, a no humano, na forma da facilmente identificável pelo
facilidade subjetiva de in- exterior.
terpretar a lei e a escritura “kénosis” (esvaziamento, Destarte, as igrejas pen-
sagrada são obras do de- escondimento). Nesta tecostais com um mínimo
mônio. O outro, o diferen- de estruturas e, sob certos
te é o demônio e precisa ser perspectiva, a teologia aspectos, um máximo de
exorcizado. latino-americana aponta o participação sobretudo
À medida que o mem- emocional, conseguem
bro da igreja for fiel à sua caminho: a fé no Cristo atingir as massas mais po-
moral e suas prescrições, crucificado é inseparável bres.
através de verdadeira con- O tipo de participação
versão a seu mundo de va-
da solidariedade com o não responde aos anseios
lores, seguir-se-á a bênção povo crucificado. específicos da modernida-
de Deus, concretizada na de nas suas expressões de-
prosperidade econômica. Com efeito, o crente pou- mocráticas. Nessas igrejas, não há nada de demo-
pa dinheiro que antes gastava nos vícios. Além dis- cracia na gestão da igreja, especialmente no campo
so, melhora sua conduta no trabalho, conseguindo econômico. Mas a participação responde aos dese-
facilmente acréscimo nos rendimentos ou maior jos populares, cujas expressões maiores são os es-
confiança dos patrões, com respectivo aumento de tádios e os programas de auditório. E as igrejas

42
Ver a interessante reflexão sobre a importância fundamental da posse, da oferta e do demônio na trama existencial das pessoas,
na perspectiva teológica da Igreja Universal: GOMES, 1994. p. 225-270.

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reproduzem tal tipo de participação. sófico-teológica da visão de mundo, sua expressão


É, sem dúvida, esta a resposta mais bem-su- em práticas significativas (espirituais, litúrgicas,
cedida no momento. Tem um similar católico, mais éticas, sociais, etc.), as traduções socioculturais e
moderado, na renovação carismática. Este movi- institucionais dessa experiência,43 e determinada
mento evangélico pentecostal está influenciando rotinização do cotidiano, que tinham sido molda-
em proporção ainda não bem definida nem estuda- das na Cristandade, perdem plausibilidade na so-
da todo o conjunto da pastoral da Igreja católica. ciedade de hoje.
No entanto, abre-se-nos outra alternativa. Nes- Não parece ser caminho viável esconder a ca-
se momento de crise dos paradigmas cristãos e de beça na areia no desespero da avestruz. Toda solu-
tantas ofertas, o Cristianismo é chamado a repen- ção conservadora pode satisfazer durante certo
sar-se em profundidade e a perguntar-se pela sua período, consolar os aflitos, dar firmeza aos inse-
identidade primigênia, sua originalidade histórica guros. Não passa de anestésico, que alivia a dor,
e suas possibilidades de expressão hoje. mas que não toca o tumor, preparando complica-
ções tardias.
Retomada da experiência fundante Então surge a pergunta cruciante. Que fazer
do Cristianismo com este espólio cristão? Para setores da socieda-
a) Caminhos impérvios de são entulhos a serem removidos. Este tinha sido
Antes de tudo, o Cristianismo não pode capitu- o grito lancinante de F. Nietzsche e do humanismo
lar e aceitar a primeira alternativa exposta da saída ateu ocidental.44
ético-secular com sua própria dissolução nas estru- Os momentos de crise empurram-nos para as
turas históricas já construídas. A pessoa e a mensa- fontes, para as origens. Assim, quando a teologia
gem de Cristo continuam absolutamente significa- neo-escolástica patinhava num terreno escorrega-
tivas para o mundo de hoje. Talvez nunca tão rele- dio sem avançar, repetindo soluções velhas para
vantes. problemas novos, acendeu, especialmente na Fran-
Os dois extremos de que o Cristo veio salvar os ça, um movimento renovador sob a epígrafe: “Vol-
homens prosseguem seu caminho devastador e ne- ta às fontes”.
fasto pelas culturas afora. Um Deus sem humani-
dade, uma humanidade sem Deus. Pois, em Jesus b) Retorno ao paradoxo fundamental cristão da
Deus se faz homem. encarnação
Um Deus descolado da humanidade pode ter- A questão da volta às fontes tem também sua
minar no “Deus otiosus” de religiões primitivas, no ambigüidade. O Cristianismo pode ser considera-
Deus terrível de apologéticas traumatizantes, no do desde fora, a partir de um observador “neutro”,
Deus alienante da crítica marxista. Um ser huma- que lhe investiga as fontes, lhe estuda o percurso
no sem Deus pode transformar-se no terrível pro- histórico, lhe assinala os deslocamentos. Assim co-
meteu que a modernidade conheceu nas faces tre- mo comparativamente um cristão faria com o Isla-
mendas dos campos de concentração, dos gulags, mismo, assim também um ateu com o Cristianis-
da fabricação e uso da bomba atômica, da devasta- mo. E, mesmo se é um cristão que o faz, pode colo-
ção impiedosa da natureza, da sua própria morte. car, de certo modo, seu compromisso existencial
Não renunciar à identidade cristã não impede entre parênteses, para assumir a qualidade de
de reconhecer que está terminando um tipo de pa- “scholar”.
radigma cristão. Assim, uma fundamentação filo- Um segundo caminho de volta às fontes acon-

43
PALÁCIO, 1989. p. 171.
44
LUBAC, 1959.

20
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PLAUSIBILIDADE DO CRISTIANISMO HISTÓRICO NOS DIAS ATUAIS

tece a partir do seguimento de Cristo. Através dele, concreta de Jesus. Nessa história, o divino e huma-
tem-se o verdadeiro acesso à cristologia e assim, no no se imbricam na unidade da pessoa e na distinção
fundo, ao núcleo mesmo do Cristianismo. Nesse da natureza, segundo a fórmula calcedônica. E
sentido, as reflexões de J. Sobrino iluminam esse quando Calcedônia quis explicitar mais esta rela-
itinerário.45 Segundo ele, conjugam-se no segui- ção, não conseguiu fazê-lo a não ser recorrendo a
mento de Cristo como categoria de conhecimento quatro advérbios negativos. Sabemos mais como o
quer o caminho percorrido pelo próprio Jesus his- divino e humano em Jesus não devem ser entendidos.
tórico, quer a experiência de fé do cristão hoje. O Concílio do V século tinha diante de si os dois
Escolhendo esse segundo caminho, há dois mo- perigos extremos. De um lado, um Cristo tão divino,
mentos de um único movimento. Um mais dogmá- cuja humanidade se esfumava na esfera do mara-
tico, outro mais pastoral. O momento dogmático vilhoso, do transcendente, do aparente. Quase um
coloca-nos diante do mistério fundamental de Je- joguete, um simples órgão nas mãos da divindade.
sus. O momento pastoral atualiza a vivência desse O Concílio afirmou que as duas naturezas não po-
mistério no hoje dos cristãos. O momento dogmá- dem confundir-se nem mudar-se numa só, contra
tico remete-nos ao paradoxo de Cristo, Deus e ho- o risco de a divindade absorver totalmente a huma-
mem. O momento pastoral recoloca-nos a posição nidade de Cristo.
privilegiada do pobre na intelecção da identidade De outro lado, um Cristo, pura pessoa humana,
cristã. que já não escapava dos limites intransponíveis da
O momento dogmático, que ilumina funda- história, do relativismo e cujo significado se encer-
mentalmente o seguimento de Jesus, é o paradoxo rava no momento de sua história e cuja divindade
da Encarnação. Ele afeta, em profundidade, a desaparecia no humano. O Concílio contra tal pen-
compreensão de Deus e do homem e mulher. Des- sar afirmou a impossibilidade de separar e de divi-
ta sorte, com o mistério da Encarnação, Deus já dir da humanidade uma divindade unida a ela na
não pode ser pensado, entendido, experimentado a unidade de pessoa.
não ser em referência aos homens e mulheres na Este ensinamento, formulado de maneira gre-
relação constitutiva de Pai-Filho.46 Pois o Filho se ga, lapidar e teórica, traduzia para aquele momen-
fez homem. E Deus se fez Pai na história de um ho- to a compreensão do mistério único de Jesus. Esse
mem, revelando o mistério eterno e infinito de sua núcleo central do mistério de Cristo é absolutamen-
Paternidade divina, estendida a toda a humanidade. te irrenunciável, enquanto outras linguagens po-
Por sua vez, este homem Jesus é Deus. O ho- dem formulá-lo em sempre novos contextos.
mem e a mulher já não podem ser entendidos, pen- Nele se afirma esse “excesso”, esse “mais”, essa
sados, auto-experienciar-se sem sua relação fun- dimensão absoluta e transcendente de Cristo, que
dante com Deus Pai. K. Rahner vai chamar de envolve todos os tempos e lugares. Cristo diz uma
“existencial sobrenatural” o acontecer ontológico referência única e absoluta a tudo. E é isto que o
dessa estrutura do existir humano concreto em re- Cristianismo quer expressar quando se sente refe-
lação com a Trindade. rido à realidade e nada lhe parece indiferente, neu-
Tanto o divino como o humano em Jesus não tro, irrelevante. Se Terêncio pôde dizer que nada
são deduzíveis de um conceito de Deus ou de uma de humano lhe era alheio, com muito mais razão o
antropologia filosófica na clássica forma abstrata Cristianismo afirma que nada, absolutamente nada,
silogística, mas se tornam conhecidos pela história lhe é alheio. O Novo Testamento, “a partir da to-

45
Na dissertação de mestrado, Ivanise Bombonatto estuda o horizonte de compreensão do seguimento de Cristo em Jon Sobrino:
BOMBONATTO. 1993.
46
PALÁCIO, 1994. p. 30.

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J. B. LIBÂNIO

mada de consciência da significação salvadora es- hermenêutica capaz de atualizar o kairós salvífico
catológica e definitiva de Cristo, chega a afirmar de Deus.
sua mediação na criação, ao atribuir-lhe uma fun- No esforço de pensar o núcleo dogmático para
ção protológica”.47 Nos termos de nossa reflexão, o contexto atual latino-americano, talvez o Cristia-
isto significa que todas as coisas recebem de Cristo nismo encontre na linguagem do seguimento de Je-
sua consistência, tudo caminha para ele. Enquanto sus no compromisso com os pobres novo vigor e sig-
o Cristianismo anuncia este Cristo, ele tem a ver nificado. Retoma assim o cerne mesmo do projeto
com todas as coisas. salvífico de Deus para a humanidade naquilo que
Em Cristo homem revela-se o ato salvífico do em Jesus foi tão original e chocante, a saber o ca-
Pai. Inclui definitivamente no plano da salvação a minho da kénosis, da identificação com o pobre, a
mediação da carne, da história, do temporal. Já não renúncia ao poder.
há possibilidade de salvação como fuga do mundo, Tanto mais importante se torna tal itinerário
da realidade humana. quanto mais cresce hoje a tentação de retomar o
Pois, o kairós divino não se revelou na forma poder, agora travestido em mídia, como a grande
divina, mas na forma do escondimento, do escravo, estratégia evangelizadora. Esquece-se o caminho
da kénosis. Fez-se kerigma, palavra e linguagem dos pobres. Ou quando muito eles se tornam meros
humana. Sofreu do encurtamento de toda realida- destinatários dos programas da mídia, se não numa
de histórica. Por isso, está sempre a explodir suas imitação, ao menos numa semelhança inegável
formas e linguagens, que caducam. Essas lingua- com a pastoral das igrejas eletrônicas.
gens chamam-se teologia, liturgia, instituições, ro- Da prática de Jesus, que anuncia e realiza o
tinização do cotidiano, imaginários. Reino de Deus, emerge a solidariedade fundamen-
Esse esforço hercúleo de sempre estar a tradu- tal com as vítimas da história, vivida até hoje por
zir, ao longo dos séculos, o kairós divino salvífico cristãos no seguimento de Jesus.48 E à medida que
na carne transitória da linguagem e da história é o o projeto neoliberal, em vez de diminuir e minorar
perene desafio do Cristianismo. Enquanto uma tra- as cruzes dos segregados da história, aumenta-as,
dução responde ao momento, a transmissão flui multiplicando os que as carregam, o Cristianismo
tranqüila. Experiência que se viveu durante séculos é chamado a perceber esse sinal dos tempos e a re-
no Ocidente. Os embaraços e acidentes eram con- conhecer o compromisso absoluto de seu funda-
siderados de menor monta e próprios de percursos dor com os crucificados de todos os tempos, tendo
históricos e iam sendo superados dentro de um sido ele um deles.49
mesmo grande paradigma ou mesmo num conjun- Abre-se, sem dúvida, para o Cristianismo na
to de paradigmas onde a comunhão de pensar par- virada do milênio, em fidelidade radical a seu fun-
ticipava de balizas aparentadas. dador, o caminho de mostrar sua originalidade,
A crise se instala no momento em que a carne não de maneira abstrata e dogmática, mas históri-
da história e o corpo linguístico do kerygma já não ca e prática, no compromisso com os excluídos da
respondem às experiências significativas das pes- desumanidade do atual processo social. Nesse
soas. Estranham-se mutuamente. E tanto mais compromisso, o cristão anuncia seu Deus, que se
grave quanto maior for o estranhamento. Então revelou em Jesus ao lado dos desprezados, como
impõe-se a transmissão crítica, nova releitura, uma salvador e libertador.

47
LADARIA, 1983.
48
OLIVEIRA, 1995. p. 216-219. Trata com pertinência o tópico do cristianismo como explicitação do sentido global revelado
na práxis de Jesus.
49
SOBRINO, 1984. p. 366-392. O último capítulo é dedicado à relação entre a morte de Jesus e o povo crucificado.

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PLAUSIBILIDADE DO CRISTIANISMO HISTÓRICO NOS DIAS ATUAIS

Debatendo-se com a dificuldade de anunciar desprezados e também pelos pecadores), que o


um Cristianismo a uma juventude, ontem extrema- amor é a única lei da vida, que o serviço é a
mente católica, hoje arredia aos discursos eclesiás- norma...” “Estou convencido, continua ele, de
ticos, o teólogo espanhol Andrés Torres Queiruga que, por muito que falemos, não é possível en-
escreve e assim concluo: contrar outros vetores superiores, outras dimen-
sões mais profundas para a relação religiosa do
“Vocês são jovens, têm ainda a imaginação ser humano com Deus, com os demais e com o
muito livre; digam-me se é concebível alguém mundo”.
propor algo que vá além do que Jesus disse: que
Deus é Pai e é amor, que nos ama muito mais do Conclui ele, ao dizer que nessa síntese está a
que podem amar-nos um pai ou uma mãe, que nossa identidade cristã: “Como entendê-la hoje?
ama sem condições, que perdoa sem limites, que Como vivenciá-la e realizá-la no mundo e cultura
o faz com todos sem exceção (começando pelos atuais?50

50
TORRES QUEIRUGA, 1994.

23
Horizonte, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 9-25, 1º sem. 1997
J. B. LIBÂNIO

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25
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