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DE-OPOSICAO-E-DESAFIO

COMPORTAMENTOS DE OPOSIÇÃO E DESAFIO


• O que se entende por comportamento de oposição e desafio?
• A PHDA, os Comportamento de oposição e desafio e a Família

Segundo Barkley (2005; 2008), é frequente encontrar nas crianças com


PHDA outros desafios e dificuldades, sendo o comportamento de desafio e oposição
o mais frequente e o principal responsável pela dificuldade da criança na regulação
das emoções.
Neste contexto, é importante conhecer um pouco mais sobre este tipo de
comportamento.

O que se entende por comportamento de oposição e desafio?


Pode ser definido como um padrão persistente de comportamentos
desafiadores e desobedientesque estão presentes nas relações sociais da criança,
principalmente com figuras de autoridade de uma forma geral (como é o caso dos
pais e professores), mas também com os pares.

Os sintomas, que persistem pelo menos 6 meses e ultrapassam os limites daquilo


que possa ser considerado como “mau comportamento”, podem incluir:
• perder frequentemente o controlo;
• frequentemente discutir com adultos;
• com frequência, desafiar ou recusar-se a cumprir ordens ou regras dos
adultos;
• com frequência e deliberadamente incomodar os outros;
• culpar frequentemente os outros pelos seus erros ou mau comportamento;
• ser frequentemente muito sensível, ter pouca paciência e zangar-se
facilmente com os outros;
• ficar frequentemente ressentido e zangado;
• ser frequentemente rancoroso ou vingativo;
• ter dificuldade em manter ou fazer amigos;
• ter problemas constantes na escola.

Este tipo de comportamentos pode influenciar de uma forma negativa a interação e


o funcionamento social e escolar das crianças. É comum as crianças envolverem-se
em discussões e conflitos, o que pode resultar na rejeição por parte dos colegas de
escola e agravar a sua baixa autoestima.
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A PHDA, os Comportamentos de oposição e desafio e a Família


De acordo com diversos autores (Barkley, Edwards & Robin, 1999; Barkley, 2005,
2008), muitas vezes as famílias das crianças com PHDA manifestam elas próprias
dificuldades em gerir as suas emoções, pelo que têm dificuldades em ensinar as
crianças como fazê-lo adequadamente.
Estas crianças beneficiam de ser educadas com alguma firmeza mas, ao mesmo
tempo, com afeto.

Quando há coexistência de PHDA e de comportamentos de desafio e oposição, as


expectativas dos pais devem ser realistas e ajustadas à situação. É importante que
os pais definam prioridades, “escolham as suas lutas” e principais desafios,
concentrando-se no que é mais importante e trabalhar primordialmente essas
questões.

Como tal, sugerem-se algumas estratégias comportamentais que podem ajudar os


pais a modelarem as suas atitudes, com o objetivo de evitar a desobediência das
crianças e de diminuir a tensão familiar:

Instruções concretas e simples:


- as frases devem ser simples, sem grandes argumentações, para não se
dispersarem até ao final do discurso do progenitor;
Por vezes, quanto mais explicações os pais derem sobre determinada tarefa ou
instrução, maior será a probabilidade da criança se dispersar do essencial da
mensagem a transmitir.
- especificar os pedidos, devendo o discurso ser claro, de modo a não deixar
dúvidas;
- se a criança com PHDA tem dificuldades acrescidas na memórização a curto
prazo, solicitar várias tarefas seguidas só aumentará a probabilidade de não
realização das mesmas.
- pedir à criança que se comporte “como deve ser” numa ida ao restaurante, não
clarifica o que se espera e/ou o que não se espera que ela faça.

Instruções num tom calmo


- face à habitual dificuldade em cumprir solicitações, é frequente que os pais ditem
a ordem já em tom de ameaça ou irritação, como se a recusa já tivesse ocorrido.
Se for usado um tom de voz calmo e tranquilo, será o exemplo que a criança terá
para imitar o pai/mãe, o que vai contribuir para atenuar um possível clima de
hostilidade e conflito.

Instruções dadas a curta distância


- privilegiar uma posição física próxima da criança;
- manter o contacto ocular para assegurar que a criança compreendeu o que lhe foi
solicitado;
- falar num tom de voz firme.
Por exemplo, falar de uma divisão da casa para outra poderá revelar-se ineficaz,
pois a criança irá manter-se desatenta e provavelmente sem cumprir a indicação.

Instrução de forma imperativa


- sempre que desejamos que uma tarefa seja cumprida, a instrução deve ser dada
de uma forma clara e assertiva, usando o verbo na forma imperativa.
Usar interrogações como ”queres ir acabar de arrumar o quarto agora?”, permite
que a criança responda “não”, podendo negar-se à realização da tarefa.

Instruções consistentes
- é importante verificar se as expectativas, enquanto pai ou mãe, em relação ao
filho não variam de dia para dia;
- outro aspeto importante está relacionado com a consistência entre os
progenitores, que devem esforçar-se por transmitir a mesma atitude.
Quando existem diferenças significativas entre aquilo que o pai autoriza ou não a
criança fazer, face ao que a mãe autoriza, a criança facilmente as deteta. Isto
poderá ser usado para manipular os progenitores, de forma a conseguir fazer
sempre o que deseja.

Instrução sem antecedência


- interromper uma atividade de lazer e/ou brincadeira, com um pedido que a
criança possa considerar desagradável, vai aumentar a probabilidade de conflito e a
não realização do mesmo.
Por exemplo, quando o objetivo for arrumar os brinquedos após uma brincadeira,
poderá ser benéfico, e mais produtivo, dar a instrução apenas no final da mesma e
não enquanto decorre a brincadeira.
Repetição de instruções e regras
- sempre que uma instrução/ordem for dada, deve-se evitar que esta seja adiada
e/ou não cumprida;
- é igualmente importante nunca desistir do cumprimento da mesma.

Manter e reforçar uma atitude positiva


- é importante reforçar e elogiar o comportamento desejado da criança, reduzindo
o mais possível comentários negativos (o que não significa ignorar sempre os
comportamentos desajustados).
Os elogios não devem ser vagos, mas sim específicos. Quando a criança finalmente
põe a mesa por iniciativa própria, em vez de dizer “já estás crescidinha a ajudar a
mãe” ou “finalmente…não fazes mais do que a tua obrigação”, é preferível
dizer “estou muito contente por pores a mesa sozinha, sem eu mandar!”.

Disponibilizar opções
- sempre que possível, é importante dar alguma liberdade de escolha às crianças;
- contudo, deverão ser sempre explicadas previamente quais as opções possíveis e
antecipar as respetivas consequências, de modo a passar para a criança a
responsabilidade da sua escolha. Para as crianças com PHDA, o reforço das
instruções e o antecipar de relações de causa-efeito, ajudá-las-á progressivamente
ao nível da capacidade de autorregulação e de planeamento e organização das
tarefas.

Na realidade, educar uma criança com PHDA e com perturbação de desafio e


oposição pode ser um desafio muito difícil e desgastante.

Assim, é importante que os próprios pais criem um espaço e tempo próprios,


para alguma distanciamento que propicie a reflexão acerca do seu contexto
familiar, o que permite analisar as suas próprias atitudes e comportamentos.

No mesmo sentido, existem outro tipo de estratégias e/ou atividades, nas quais os
pais poderão investir individualmente, descobrindo alguns métodos de
relaxamento como, por exemplo, uma atividade desportiva do seu gosto e interesse
e/ou a prática de yoga ou meditação.
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“Aprendermos a cuidar de nós, contribui para aprendermos a cuidar do outro


e esse pode ser, por vezes, o primeiro grande desafio da parentalidade…”

O QUE É A PERTURBAÇÃO
DESAFIANTE DE OPOSIÇÃO?
Quando pensamos numa criança opositora surgem muito facilmente aspetos
como, criança mal educada, que faz birras, que não respeita regras… No
entanto, a Perturbação Desafiante de Oposição é bem mais complexa. De
facto, de um modo geral, esta perturbação é caracterizada por um padrão
persistente de desafio, desobediência e hostilidade para com as figuras de
autoridade, tal como pais e professores. As crianças mais pequenas com esta
perturbação frequentemente demostram altos níveis de intolerância à
frustração, têm dificuldade em adiar a gratificação, perdem facilmente o
controlo, manifestando-o, por exemplo, dando pontapés. As crianças mais
velhas com esta perturbação respondem aos pais, revelam problemas de
comportamento passivo-agressivo e são descritas como susceptíveis, teimosas
e propensas a discussões.

Os sintomas da Perturbação Desafiante de Oposição podem limitar-se a


apenas um contexto, mais frequentemente em casa, embora, nos casos mais
graves, os sintomas da perturbação tendem a estar presentes em múltiplos
contextos e, em qualquer das situações, por norma, verificam-se fragilidades
ao nível social.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO
Para compreender melhor esta perturbação importa considerar os diferentes
critérios de diagnóstico, onde fica mais claro o tipo de comportamentos que
podem surgir. Assim, a Perturbação Desafiante de Oposição caracteriza-se
por:

1. Um padrão de humor zangado/irritável, comportamento conflituoso/desafiante


ou comportamento vingativo, que dura pelo menos 6 meses. Sendo que:
o Dentro do humor zangado/irritável pode apresentar comportamentos
como:

 frequentemente perde o controlo


 com frequência é suscetível ou facilmente incomodado pelos outros
 sente frequentemente raiva e ressentimento

O comportamento conflituoso/desafiante pode ser caracterizado por:

 discute frequentemente com adultos


 com frequência desafia ou recusa cumprir pedidos de figuras de autoridade ou
regras
 com frequência, aborrece deliberadamente outras pessoas
 com frequência culpa os outros pelos seus erros ou mau comportamento

Relativamente ao comportamento vingativo:


 foi rancoroso ou vingativo pelo menos 2 vezes nos últimos 6 meses.

Para além do critério de que este padrão de comportamento esteja presente


durante pelo menos 6 meses, para se fazer um diagnóstico é necessário que
estejam presentes pelo menos 4 sintomas de qualquer uma das categorias
referidas anteriormente.

2.
Está associada a mal-estar do indivíduo ou de outras pessoas do seu contexto
social próximo (por exemplo, família, grupo de pares…) ou tem impacto
negativo nas áreas social, educacional ou ocupacional ou noutras áreas
importantes do funcionamento do indivíduo.

Alguns destes comportamentos isolados são muito comuns em crianças,


principalmente em crianças em idade pré-escolar. Por esta mesma razão, é
muito importante considerar a frequência, persistência, intensidade e
manifestação de vários sintomas, antes de se poder falar de uma efetiva
Perturbação Desafiante de Oposição.

Um aspeto que também caracteriza as crianças/adolescentes com Perturbação


Desafiante de Oposição prende-se com o facto de não se considerarem
raivosos, opositores ou desafiadores, pelo contrário, costumam justificar o seu
comportamento como uma resposta a exigências, circunstâncias ou
comportamento dos outros.

Quando a Perturbação Desafiante de Oposição é persistente ao longo do


desenvolvimento, os indivíduos com a perturbação tendem a vivenciar conflitos
frequentes com pais, professores, supervisores, pares e parceiros. Com
frequência, tais problemas resultam em prejuízos significativos no ajustamento
emocional, social, académico e profissional do indivíduo.

Prevalência
A prevalência da Perturbação Desafiante de Oposição varia de 1 a 11%, com
uma prevalência média estimada de 3,3%. A taxa da perturbação pode variar
de acordo com a idade e o género da criança.

Aparentemente, é mais prevalente em indivíduos do sexo masculino do que em


indivíduos do sexo feminino antes da adolescência. Essa predominância do
sexo masculino não é encontrada de forma consistente em amostras de
adolescentes ou de adultos.

Desenvolvimento
Geralmente, os primeiros sintomas da Perturbação Desafiante de Oposição
surgem durante os anos do pré-escolar e, raramente, mais tarde, após o início
da adolescência.

A Perturbação Desafiante de Oposição está associada a um maior risco de


desenvolvimento de outro tipo de perturbações, nomeadamente, perturbação
do comportamento, perturbações de ansiedade e perturbação depressiva
major, ou de outro tipo de problemas na idade adulta, nomeadamente,
comportamento antissocial, problemas de controlo de impulsos ou abuso de
substâncias.

Verifica-se também que as taxas da Perturbação Desafiante de Oposição são


muito mais altas em de crianças, adolescentes e adultos com Perturbação de
Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA).

Diagnóstico diferencial
Pelo facto de partilharem muitos aspetos comportamentais e emocionais,
quando há suspeita de se estar perante uma Perturbação Desafiante de
Oposição importa fazer um diagnóstico diferencial de outro tipo de
perturbações.

Perturbação do comportamento: Tanto a Perturbação do Comportamento


quanto a Perturbação Desafiante de Oposição estão relacionadas com
problemas de comportamento que colocam o indivíduo em conflito com adultos
e outras figuras de autoridade. Geralmente, os comportamentos da
Perturbação Desafiante de Oposição são de natureza menos grave do que
aqueles que estão relacionados com a Perturbação do Comportamento e não
incluem agressão a pessoas ou animais, destruição de propriedade ou um
padrão de roubo ou de falsidade. Além disso, a Perturbação Desafiante de
Oposição inclui problemas de desregulação emocional (i.e., humor raivoso e
irritável) que não estão incluídos na definição de perturbação do
comportamento.

Perturbação de hiperatividade/défice de atenção: Com frequência, a PHDA


é co-mórbida com a Perturbação Desafiante de Oposição. Para fazer um
diagnóstico adicional de Perturbação Desafiante de Oposição é importante
determinar que a falha do indivíduo em obedecer às solicitações de outros não
ocorre somente em situações que exigem esforço e atenção sustentados ou
que exigem que o indivíduo permaneça quieto.

Perturbações depressiva e bipolar: Com frequência, as Perturbações


Depressiva e Bipolar envolvem irritabilidade e afeto negativo. Como resultado,
um diagnóstico de Perturbação Desafiante de Oposição não deverá ser feito se
os sintomas ocorrerem exclusivamente durante o curso de uma perturbação do
humor.

Perturbação disruptiva da desregulação do humor: A Perturbação


Desafiante de Oposição partilha com a Perturbação Disruptiva da
Desregulação do Humor os sintomas de humor negativo crónico e explosões
de raiva. No entanto, a gravidade, a frequência e a cronicidade das explosões
de raiva são mais graves em indivíduos com Perturbação Disruptiva da
Desregulação do Humor do que naqueles que apresentam Perturbação
Desafiante de Oposição.

Perturbação explosiva intermitente: A Perturbação Explosiva Intermitente


também envolve altos níveis de raiva. No entanto, indivíduos com essa
perturbação apresentam agressão grave dirigida a outros, o que não faz parte
da definição de Perturbação Desafiante de Oposição.

Perturbação do desenvolvimento intelectual: Em indivíduos com


Perturbação do Desenvolvimento Intelectual um diagnóstico de Perturbação
Desafiante de Oposição é feito somente se o comportamento opositor for
acentuadamente maior do que aquele que em geral se observa entre
indivíduos com idade mental comparável e com gravidade comparável de
deficiência intelectual.

Perturbação da linguagem: A Perturbação Desafiante de Oposição deve


também ser diferenciada da incapacidade para seguir orientações resultante de
uma alteração na compreensão da linguagem (p. ex., perda auditiva).

Perturbação de ansiedade social (fobia social): A Perturbação Desafiante


de Oposição também deve ser diferenciada da recusa decorrente do medo de
uma avaliação negativa associada à Perturbação de Ansiedade Social.

SOLUÇÕES
PSICOTERAPÊUTICAS
A intervenção terapêutica numa situação de Perturbação Desafiante de
Oposição deverá ocorrer a vários níveis e abrangendo os diferentes contextos
em que se verificam os comportamentos que a caracterizam. Assim, implica
sempre uma intervenção a nível individual e, ainda, intervenção a nível familiar
e, quando necessário, a nível escolar, sendo os objetivos ajustados a cada
caso.

Ainda assim, de uma forma generalizada, a intervenção terá como objetivos:


 Diminuir significativamente a intensidade e frequência do comportamento hostil
e desafiante face aos adultos;
 Controlar os acessos de cólera e geri-los de forma adaptativa, nomeadamente
aceitar e respeitar as instruções e indicações dos adultos;
 Promover uma interação com adultos, baseada no mútuo respeito e aceitação;
 Reduzir o comportamento agressivo, desafiante, a níveis socialmente
aceitáveis e adequados;
 Substituir os comportamentos hostis e desafiantes para com os adultos, por
outros fundamentados no respeito e cooperação;
 Gerir o conflito subjacente à raiva, hostilidade e desafio;
 Conseguir níveis reduzidos de tensão, aumentar os níveis de satisfação e
melhorar a qualidade da interação entra a criança e a família.

A nível familiar, são trabalhados aspetos ligados à psicoeducação, às


interações familiares, às formas de aumentar os comportamentos desejáveis e
de lidar com os comportamentos indesejáveis e são ainda exploradas
estratégias de auto-regulação da parte dos familiares.

Quando os comportamentos se verificam também em contexto escolar, urge


uma intervenção também ao nível da psicoeducação, da comunicação escola-
família-técnico, das formas de aumentar os comportamentos desejáveis e do
aumento da eficácia académica.

Na intervenção individual com crianças/adolescentes é necessário trabalhar as


diferentes componentes da sua estrutura, nomeadamente:

 Comportamental
 Cognitiva
 Emocional

Sendo importante e necessário utilizar diferentes estratégias que permitam a


adesão da criança ao processo e lhe facilitem a aprendizagem e integração de
um comportamento mais tranquilo e adequado.

O QUE É E COMO SE MANIFESTA


O transtorno de oposição e desafio (TOD) pode ser definido como um padrão
persistente de comportamentos negativistas, hostis, desafiadores e desobedientes
observados nas interacções sociais da criança com adultos e figuras de autoridade
de uma forma geral, sejam pais, tios, avós ou professores. As crianças com TOD
facilmente perdem a paciência, discutem com os adultos, desafiam e recusam
obedecer a solicitações ou regras, incomodam deliberadamente os outros, não
assumem os seus erros e estão quase sempre irritadas.

Devido aos sintomas mencionados, existe nestas crianças ou adolescentes um


prejuízo significativo no funcionamento social e académico. Estão constantemente
envolvidas em discussões e são muitas vezes rejeitadas pelos colegas de escola,
o que lhes traz problemas ao nível da auto-estima.
Os sintomas iniciam-se antes dos oito anos de idade e esta perturbação
apresenta-se, em número significativo de casos, como um precursor do transtorno
de conduta, forma mais grave de perturbação disruptiva do comportamento.

A IMPORTÂNCIA DAS REGRAS


Russell Barkley, um dos mais conceituados especialistas na área da
hiperactividade, considera que o comportamento de oposição se encontra
associado ao transtorno de hiperactividade, sendo este o responsável pelas
dificuldades da criança na regulação das emoções. Por outro lado, as famílias de
hiperactivos parecem ter elas próprias dificuldade em gerir as emoções, pelo que
não conseguem ensinar as crianças como fazê-lo adequadamente. Estas crianças
precisam, então, de ser educadas com alguma firmeza, temperada de afecto.

Segundo Barkley, sempre que os pais queiram dar uma ordem devem posicionar-
se perto da criança, com voz firme, sem deixarem de ser amorosos, usando o
verbo na forma imperativa. De preferência há que olhar directamente nos olhos da
criança e, se houver resistência, socorrerem-se de uma discreta pressão física
(segurar-lhe no braço, por exemplo). Há que evitar retardar ou desistir de uma
ordem quando esta já foi proferida.

O QUE OS PAIS NÃO DE VEM FAZER


O conhecimento de certas estratégias comportamentais pode ajudar muitos pais a
corrigirem hábitos que, de uma maneira ou de outra, acabam por contribuir para o
aumento da tensão familiar. Vamos referir alguns aspectos que devem ser
evitados porque estimulam a desobediência.

• DAR ORDENS À DISTÂNCIA Falar de um quarto para o outro (onde está a


criança) é algo completamente ineficaz, pois ela irá manter-se desatenta e sem
cumprir a ordem. As ordens têm de ser dadas presencialmente, assegurando-se
que ela as compreendeu.
• DAR ORDENS VAGAS Pedir à criança que se comporte “como um bom menino”
não clarifica o que se espera e o que não se espera que ela faça. Há que ser o
mais concreto possível!
• DAR ORDENS COMPLEXAS Havendo de antemão dificuldade em fixar na
memória de curto prazo as actividades a fazer, solicitar a execução de várias
tarefas só servirá para tornar a sua realização menos provável.
• DAR ORDENS COM ANTECEDÊNCIA Ordenar a uma criança com TOD que,
quando acabar de brincar, tem de arrumar os brinquedos, só serve para
interromper o prazer que ela está a ter, já que as ordens serão esquecidas.
• DAR ORDENS ACOMPANHADAS DE MUITAS EXPLICAÇÕES Muitos pais, de
modo a evitar parecer autoritários, perdem-se em argumentações sobre as
necessidades do cumprimento das ordens. Como a criança não consegue estar
atenta durante muito tempo, é bastante provável que no final da explanação do
progenitor ela já não se lembre da maior parte do que foi dito.
• DAR ORDENS SOB A FORMA DE PERGUNTA Perguntar”podes ir agora fazer
os trabalhos de casa?” deixa um espaço livre para que a criança diga que não. As
ordens devem ser claras e assertivas.
• DAR ORDENS EM TOM AMEAÇADOR É frequente que, antevendo a batalha
que vai ser travada após uma solicitação, os pais dêem a ordem já em tom de
ameaça, como se a recusa já tivesse ocorrido. Assim, a criança vai tender a imitar
o progenitor e a reagir no mesmo tom, uma vez que o clima de hostilidade já está
instalado.
Um aspecto de enorme importância prende-se com a consistência entre o casal,
ou seja, o pai e a mãe devem esforçar-se por ter a mesma atitude, caso contrário
essa desarmonia será facilmente detectada pela criança e até usada para
manipular os progenitores. Face a este quadro, torna-se muitas vezes necessário
um acompanhamento psicológico. O psicólogo pode ajudar a criança a lidar com a
frustração e a encontrar canais mais saudáveis de escoamento dos sentimentos
de hostilidade, ao mesmo tempo que se torna necessário ajudar os pais a lidar por
essa difícil e desgastante tarefa.

O elogio como estratégia

Aquela rotina constitui a base de sustentação de uma série de outras estratégias e visa evitar
que a criança teime em tornar-se o centro das atenções dos pais (e também dos educadores
de infância e dos colegas) pelos maus motivos. A partir daí, e numa segunda fase, definiu a
investigação, há que reforçar os comportamentos positivos, através do elogio; e, ao mesmo
tempo, estabelecer as regras de forma clara e pela positiva.

“Uma criança normalmente inquieta perceberá melhor o que se espera dela se os pais a
elogiarem por estar algum tempo sossegada a desenhar, por exemplo; e também se em vez de
ouvir constantemente ‘não corras’ e ‘não berres’ receber indicações, dadas de forma firme,
mas serena, educada, de que deve andar devagar e falar baixinho e por quê”, exemplifica a
investigadora.

No plano de formação de “Os anos incríveis” os adultos aprendem, ainda, que devem evitar os
castigos. A estratégia correcta é dar às crianças a oportunidade de escolha, tempo para
reflectir e, depois, aplicar consequências com firmeza, se elas optarem pelo comportamento
negativo.

Um exemplo, aponta Filomena Gaspar: “Se não comeres a sopa vais para a cama
imediatamente, sem brincar. Se a criança escolher a primeira opção, deve realmente ir para
a cama logo. Aprenderá, aos poucos, que tem o poder de escolha e que é responsável pelas
consequências”. No caso das birras, a regra é ignorar: “Se a criança chorar durante hora e
meia chora. O importante é que não perceba que através delas pode captar a atenção e
manipular o adulto”.

Evitar que pais sejam modelos desregulação


A questão, segundo as coordenadoras do programa em Portugal, é que, em famílias em
circunstâncias de desvantagem social e económica, os próprios pais, devido a vários factores,
entre os quais o stress, têm muita dificuldade em auto-regular o seu comportamento: “Não só
são incapazes de aplicar as estratégias como se tornam um modelo de desregulação, criando
círculos viciosos de desvantagem social que são muito difíceis de quebrar”.

Daí a opção, no caso do novo projecto, por intervir também junto dos educadores de infância
e dos técnicos dos centros de saúde. “Por um lado, está provado que os resultados são
melhores quando os educadores de infância são envolvidos, por outro, esta é uma forma de
difusão das estratégias dos educadores de infância (em relação aos seus pares e aos pais) e
dos técnicos de saúde (relativamente às famílias que acompanham e das quais, muitas, vezes
são os principais conselheiros)”, justifica Filomena Gaspar.

A investigadora realça que o programa “não é uma vacina milagrosa”, “mas tem resultados
francamente positivos” que, segundo estudos de seguimento, se mantêm ao longo de anos e
têm reflexos directos no comportamento e indirectos em diversas áreas como, por exemplo, o
sucesso escolar.

A dificuldade em envolver os pais é um dos maiores obstáculos à promoção de programas


como o que agora foi financiado em 295 mil euros pelo European Economic Area Grants,
revelam as investigadoras da Universidade de Coimbra. “É preciso que tenham noção de que
muitas vezes a origem dos problemas de comportamento dos filhos está neles próprios e não
nas crianças” “e esse é um passo que”, segundo Filomena Gaspar, nem todos estão dispostos
a dar.

Os pais que for possível motivar vão participar em sessões de duas horas, uma vez por
semana, ao longo de 14 semanas. A partir de Outubro serão promovidas acções de formação
para técnicos dos centros de saúde e terá início a primeira de duas séries de seis workshops,
ao ritmo de um por mês, em que vão participar, no total, 60 educadores de infância. Os
estabelecimentos de ensino a que estes pertencem serão seleccionados com o apoio da
Associação Nacional de Intervenção Precoce e da Escola Superior de Educação de Coimbra.

Programa Anos Incríveis Básico


para Pais
O programa básico para pais procura diminuir os fatores de risco familiar através da promoção
de competências parentais, do fortalecimento das famílias e do aumento da sua compreensão
acerca de vários aspetos do desenvolvimento infantil e das diferentes caraterísticas
temperamentais da criança, nomeadamente:
(i) aumentar as abordagens parentais positivas e, consequentemente, a cooperação e
obediência da criança e a confiança e competência parentais;
(ii) promover a relação e a vinculação entre pais e filhos;
(iii) desenvolver a capacidade dos pais para promover, através da brincadeira, o
desenvolvimento da linguagem e das competências emocionais, sociais, académicas e de
persistência da criança;
(iv) diminuir as estratégias parentais negativas baseadas na crítica e violência e substituí-las
por estratégias positivas;
(v) aumentar e promover a rede de suporte da família;
(vi) estreitar a relação entre os contextos familiar e escolar.
Metodologia: 14 sessões semanais (20 para pais de crianças com diagnóstico) com uma
duração aproximada de 2 horas, lideradas por dois facilitadores com formação certificada no
programa Anos Incríveis para Pais.
Conteúdos: Brincar seguindo as pistas da criança; atenção positiva; comentários descritivos;
treino de aptidões académicas, sociais, emocionais e de persistência; elogio e reforço positivo
eficaz; estabelecimento eficaz de limites – regras de casa claras, rotinas previsíveis e ordens
específicas; ignorar, distrair, redirecionar, tempo de pausa e consequências lógicas e naturais;
resolução de problemas.
População-alvo: Pais/Outros cuidadores de crianças entre os 3 e os 8 anos de idade.

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