4ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA

COMARCA DE RIO VERDE

OFÍCIO IMPRESSO NA FRENTE E NO VERSO – FONTE ECO SANS

MINISTÉRIO PÚBLICO EM PROL DO MEIO AMBIENTE

Ofício nº 111/2012

Rio Verde, 7 de fevereiro de 2012.

Ilustríssima Senhora
Eva Áurea Aparecida Costa Guimarães
Oficiala do Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Rio Verde/GO
Rio Verde - GO

Assunto: Encaminha Recomendação.

Senhora Oficiala,

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS,

pela Promotora de Justiça que esta subscreve, nos termos dos artigos 127
e 129, inciso II, da Constituição da República, artigo 27, da Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público (Lei n.º 8.625/93) e artigo 47, inciso VII, da
Lei Orgânica Estadual do Ministério Público do Estado de Goiás (Lei
Complementar Estadual n.º 25/98), face o conhecimento de que esse
Cartório de Registro Civil tem se negado, peremptoriamente, a
efetivar o registro de nascimento de crianças nascidas em outras
localidades, resolve expedir a presente RECOMENDAÇÃO, fazendo-a
nos seguintes termos,

CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério

Público zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos
serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia (artigo
129, inciso II, da Constituição da República);

CONSIDERANDO que, nos termos do artigo 27 da Lei

Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei n.º 8.625/93), cabe ao
Ministério Público exercer a defesa dos direitos assegurados na
Constituição Federal, sempre que se cuidar de garantir-lhe o
respeito pelos poderes estaduais ou municipais, pelos órgãos da

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Administração Pública Estadual ou Municipal, direta ou indireta, pelos

concessionários e permissionários de serviço público estadual ou
municipal e por entidades que exerçam outra função delegada do
Estado ou do Município ou executem serviço de relevância
pública, sendo que, no exercício dessas atribuições, cabe ao Ministério
Público, entre outras providências, receber notícias de irregularidades,
petições ou reclamações de qualquer natureza, promover as apurações
cabíveis que lhes sejam próprias e dar-lhes as soluções adequadas e
emitir recomendações;

CONSIDERANDO que o artigo 37, caput, da

Constituição da República estabelece que “a administração pública
direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”;

CONSIDERANDO que o artigo 50 da Lei 6.015/73, com

a redação dada pela Lei 9.053/95, dispõe que “todo nascimento que
ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro, no lugar em
que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais,
dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado em até três
meses para os lugares distantes mais de trinta quilômetros da
sede do cartório”;

CONSIDERANDO que, nos termos do artigo 52 do

citado diploma legal, são obrigados a fazer declaração de nascimento o
pai e, na falta ou impedimento deste, a mãe, sendo que neste caso o
prazo para declaração é prorrogado por 45 (quarante e cinco) dias (o que
totaliza 60 dias);

CONSIDERANDO que, na hipótese de o registro de

nascimento ser feito dentro dos prazos legais acima citados, a lei
resguarda ao oficial de registro, quando tiver motivo para duvidar da
declaração, a possibilidade de ir à casa do recém-nascido verificar a sua
existência ou exigir a atestação do médico ou parteira que tiver assistido
o parto ou ainda o testemunho de duas pessoas que não forem os pais e
tiverem visto o recém-nascido (artigo 52, §1º, da Lei 6.015/73);

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CONSIDERANDO que, por conclusão lógica, configura

praxe ilegal negar ao pai e/ou à mãe do recém-nascido a
possibilidade de proceder ao registro de nascimento no ofício
situado no lugar de suas residências, eis que, conforme acima
declinado, quando o oficial de registro tiver motivo para duvidar da
declaração, a lei lhe faculta outras providências visando comprovar o
nascimento (artigo 52, §1º, da Lei 6.015/73);

CONSIDERANDO que, nos termos do artigo 46, caput,

da Lei de Registros Públicos, serão registradas no lugar de residência
do interessado as declarações de nascimento feitas após o
decurso do prazo legal, prazos esses estabelecidos nos artigos 50,
caput e 52, item 2º, da Lei 6.015/73;

CONSIDERANDO que, na hipótese de registro de

nascimento extemporâneo, o requerimento de registro será assinado por 2
(duas) testemunhas (artigo 46, §1º, da Lei 6.015/73), sendo que, se o
oficial do Registro Civil suspeitar da falsidade da declaração, poderá exigir
prova suficiente (artigo 46, §3º, da Lei 6.015/73) e, persistindo a suspeita,
deverá encaminhar os autos ao juízo competente (artigo 46, §4º, da Lei
6.015/73), para as providências que forem cabíveis para esclarecimento
do fato (artigo 52, §2º, da Lei 6.015/73);

CONSIDERANDO, portanto, que, mesmo nas

hipóteses de registro de nascimento fora dos prazos legais,
também configura praxe ilegal negar ao pai e/ou à mãe do recém-
nascido a possibilidade de proceder ao registro de nascimento no
ofício situado no lugar de residência do registrando, eis que,
conforme acima declinado, quando o oficial de registro tiver motivo para
duvidar da declaração, a lei lhe faculta outras providências visando
comprovar o nascimento (artigo 46, §§3º e 4º e artigo 52, §2º, ambos da
Lei 6.015/73);

CONSIDERANDO, por fim, que, inclusive, a Lei

6.015/73, em seu artigo 47, preceitua que, caso o oficial do registro
civil se recuse a fazer qualquer registro, sem justificativa

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plausível, estará sujeito ao pagamento de multa de um a dez

salários mínimos da região, além de ser obrigado, mediante
ordem judicial, a fazer o registro no prazo improrrogável de vinte
e quatro (24) horas, sob pena de prisão de cinco (5) a vinte (20)
dias;

esta Promotora de Justiça resolve RECOMENDAR à

Oficiala do Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Rio Verde/GO que,
imediatamente, cumpra o disposto na Lei de Registros Públicos,
garantindo aos pais dos registrandos menores incapazes e aos
próprios registrandos maiores plenamente capazes a
possibilidade de registro do nascimento nesse Cartório de
Registro Civil, desde que, sendo o registro dentro do prazo legal,
os registrandos tenham nascido nesta cidade de Rio Verde ou
seus genitores residam em Rio Verde e, no caso de registro
tardio, desde que os registrandos residam em Rio Verde.

Fixo o prazo de 15(quinze) dias para resposta

escrita acerca das providências adotadas.

Encaminhe-se cópia da presente recomendação à

Dra. Karina D'Abruzzo, titular da 8ª Promotoria de Justiça de Rio Verde,
para seu conhecimento.

Renata Dantas de Morais e Macedo

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