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Estado do Rio de Janeiro

Poder Judiciário
Tribunal de Justiça

16ª Câmara Cível


Apelação Cível nº 0101976-09.2004.8.19.0001
Apelante: SEA CONTAINERS LTD.
Apelado: ESPÓLIO DE RAUL RESENDE CASTRO SILVA REPRESENTADA
POR SUA INVENTARIANTE ANNA CLAUDIA CASTRO SILVA PEITER
Juízo de Origem: 7ª Vara Empresarial da Capital
Relator: Desembargador Mario Robert Mannheimer

APELAÇÃO CÍVEL. EMPRESARIAL. PROCESSUAL


CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DIREITO
SOCIETÁRIO. SOCIEDADE ANÔNIMA.
COMPANHIA FECHADA. ASSEMBLÉIA GERAL
EXTRAORDINÁRIA (AGE). EMISSÃO DE AÇÕES
PARA AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL. AQUISIÇÃO
PELO ACIONISTA CONTROLADOR. PREÇO DE
R$0,01 (UM CENTAVO). CONTROVÉRSIA ACERCA
DAS PREMISSAS ECONÔMICO-CONTÁBEIS
UTILIZADAS PARA FORMULAÇÃO DO VALOR
CONFERIDO A CADA AÇÃO NOVA EMITIDA.
ALEGAÇÃO AUTORAL DE SUB-VALORAÇÃO DO
REFERIDO ATIVO. LAUDO PERICIAL.
CONSTATAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE DADOS E
PREMISSAS DE CÁLCULO IRREAIS,
EMPREGADOS EM ESTUDO ENCOMENDADO
PELA CONTROLADORA, BEM COMO NÃO
COMPUTAÇÃO NAS CONTAS DE VULTOSO
EMPRÉSTIMO QUE JÁ SE ENCONTRAVA
ACERTADO COM O BNDES. APONTAMENTO PELO
“EXPERT” DO VALOR UNITÁRIO DAS AÇÕES AO
TEMPO DA AGE/1995 EM R$0,20 (VINTE

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 1

Assinado por Mario Robert Mannheimer:0124207


Data: 07/02/2013 12:13:39. Local: GAB. DES MARIO ROBERT MANNHEIMER
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CENTAVOS). CARACTERIZAÇÃO DE DILUIÇÃO


INJUSTIFICADA DA PARTCIPAÇÃO SOCIETÁRIA
DOS MINORITÁRIOS. QUADRO FÁTICO DOS
AUTOS QUE RETRATA VERDADEIRO ENCONTRO
DE CONTAS “MANU MILITARI” POR PARTE DA
ACIONISTA CONTROLADORA, CAUSANDO
DRÁSTICOS PREJUÍZOS PARTICIPATIVOS AOS
MINORITÁRIOS PELA INJUSTIFICADA DILUIÇÃO
DE SUA PORÇÃO ACIONÁRIA (ART.170, §1º, LEI
DAS S/A). INTELIGÊNCIA DOS ARTS.115 E 116,
“CAPUT” E 117, § 1º, “C”, DA LEI 6404/76.
DIREITO À INDENIZAÇÃO.
EXISTÊNCIA DE VERDADEIRA RELAÇAO
CONTRATUAL ENTRE OS SÓCIOS NA FORMA DA
PAUTA DE CONDUTAS PRÉ-DETERMINADA PELO
ESTATUTO DA COMPANHIA. JUROS DE MORA A
CONTAR DA CITAÇÃO.
TAXA DE JUROS QUE DEVE SER DE 1,0% (UM
POR CENTO) PORQUANTO JÁ AJUIZADA A AÇÃO
SOB A ÉGIDE DO NOVO CÓDIGO CIVIL (2004).
REJEIÇÃO DAS PRELIMINARES.
INOCORRÊNCIA DE SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA.
REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA.
PROVIMENTO EM PARTE AO APELO.

Vistos, relatados e examinados os autos da Apelação


Cível em epígrafe.

A C O R D A M, por unanimidade, os Desembargadores


que integram a 16a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do

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Rio de Janeiro, em REJEITAR AS PRELIMINARES e DAR PARCIAL


PROVIMENTO ao recurso, nos termos do voto do Relator.

RELATÓRIO

Tratam os presentes autos de Ação de Indenização


ajuizada pelo ESPÓLIO DE RAUL RESENDE CASTRO SILVA,
representado por sua Inventariante ANNA CLAUDIA CASTRO SILVA
PEITER, em face de SEA CONTAINERS LTD., inicialmente perante o
Juízo da 4ª Vara Empresarial da Capital, através da qual alegou o
Demandante, em resumo, que as partes são integrantes da Companhia
de Hotéis Palace (CHP), sociedade anônima proprietária do
empreendimento denominado COPACABANA PALACE HOTEL, na qual
a Demandada figura como acionista controladora e o Autor, juntamente
com outros, como minoritário, detendo aquela 58% (cinqüenta e oito
por cento) das ações, e este 3,04% (três vírgula zero quatro por cento)
da participação acionária.

Sustentou o Demandante que é titular de 3.352.944 (três


milhões, trezentos e cinquenta e dois mil, novecentos e quarenta e
quatro) ações da COMPANHIA HOTÉIS PALACE e que, em 1989, a Ré
adquiriu o controle acionário da sociedade, pagando por cada ação o
valor de US$ 0,396 (trezentos e noventa e seis centésimos de dólar) ao
preço total de US$ 23.157.843,00 (vinte e três milhões, cento e
cinqüenta e sete mil, oitocentos e quarenta e três dólares norte-
americanos), fazendo investimentos de milhões de reais no hotel
através de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital (AFAC’s) e
empréstimo junto ao BNDES.

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Asseverou que, aproximadamente cinco anos depois, em


22/12/1994, sob o argumento de necessidade de reformas e
investimentos urgentes no Hotel Copacabana Palace, propôs a Ré ao
Conselho Fiscal da empresa a realização de aumento de capital, o que
foi efetivado em Assembléia Geral Extraordinária em 23/01/1995, para
a qual o Espólio Autor, conquanto intimado, resolveu não subscrever as
ações disponíveis, nela decidindo a Ré pelo aumento do capital social
da companhia em R$ 27.507.791,50 (vinte e sete milhões, quinhentos e
sete mil, setecentos e noventa e um reais e cinqüenta centavos) através
da emissão de 2.750.779.150 (dois bilhões, setecentos e cinqüenta
milhões, setecentos e setenta e nove mil, cento e cinqüenta) novas
ações, ao preço unitário de R$ 0,01 (um centavo), todas subscritas e
adquiridas pela própria controladora, por 5% (cinco por cento) do seu
valor real, aquisição esta que fez através da capitalização de créditos
oriundos de empréstimos feitos à própria COMPANHIA DE HOTÉIS
PALACE, promovendo aumento fraudulento e irreal do capital social e
causando enormes prejuízos aos acionistas minoritários em virtude da
queda injustificada de sua participação societária, como a do
Demandante que sofreu redução para 0,12% (zero vírgula doze por
cento) na companhia.

Afirmou o Espólio Autor que o laudo formulado pela


empresa de assessoria AMPLA AUDITORES S/C, com base no qual o
preço das ações foi fixado na assembléia, é peça tendenciosa e que
falha em seus critérios de avaliação dos componentes econômicos que
formam o empreendimento COPACABANA PALACE HOTEL, bem como
que outros acionistas minoritários ajuizaram em sede Cautelar Ação
para Produção Antecipada de Provas (Proc. nº 1998.001.081.303-1/21ª
Vara Cível da Capital) na qual foi realizada vistoria e confeccionado

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laudo pericial de engenharia e contábil (laudo do Perito CARLOS


ALBERTO RANGEL SERRA) que apontou o valor dos ativos da
companhia em R$ 65.745.393,04 (sessenta e cinco milhões, setecentos
e quarenta e cinco mil, trezentos e noventa e três reais e quatro
centavos).

Consignou o sócio minoritário Demandante, ainda, que


não pretende atacar a AGE realizada, porquanto não é nula em si, mas
sim que o seu resultado – decisão de aumentar o capital social da cia.
através da emissão de ações ao preço irrisório de R$0,01 (um centavo)
cada – é extremamente lesivo aos interesses dos minoritários,
porquanto muito abaixo do valor real de mercado, R$0,33 (trinta e três
centavos), como apurado pelo laudo constante da Ação Cautelar, com
base no qual aponta prejuízo seu em R$ 1.072.942,00 (um milhão,
setenta e dois mil, novecentos e quarenta e dois reais).

Que a Ré, utilizando-se ilicitamente de seu poder de


controle acionário, manipulou dados da companhia para produzir
laudo inidôneo e provocar aumento de capital irreal através da emissão
de ações sub-avaliadas em seu valor, afastando-se do melhor interesse
da sociedade e gerando prejuízos totais de R$11.968.475,84 (onze
milhões, novecentos e sessenta e oito mil, quatrocentos e setenta e
cinco reais e oitenta e quatro centavos) aos acionistas minoritários,
violando o disposto nos Arts.115, §§1º e 3º; 116, §único; 117, §1º, “c”;
170, §1º e 183 com seus incisos e parágrafos da Lei 6404/76, bem
como infringindo o Art.159, CC/16.

Requereu a condenação da Ré em R$1.072.942,00 (um


milhão, setenta e dois mil, novecentos e quarenta e dois reais),

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montante que deve ser corrigido monetariamente e com juros de mora


de 12% a partir da de 31/12/94.

Contestação ofertada pela sociedade controladora Ré


(fls.141/171), alegando a Demandada, em sede prejudicial, que ocorreu
a prescrição da pretensão indenizatória com base no Art.287, II, “b” da
Lei 6404/76, bem como em virtude do disposto no Art.286 da Lei
6404/76; no mérito, alega que a Ação é uma “tentativa de golpe”
orquestrada pelos minoritários e que vinha sendo chantageada para o
pagamento de indenizações extrajudiciais; que é improcedente o pedido
com base no fato de que a deliberação de aumento do capital social foi
tomada em assembléia válida e regular (AGE/95), para a qual o
Demandante foi intimado e resolveu não participar; que o aumento de
capital deliberado pela AGE/95 era necessário e interessante à
sociedade diante da situação de abalo financeiro da COMPANHIA DE
HOTÉIS PALACE na década de 90 em virtude da quase insolvência em
que se encontrava o COPACABANA PALACE HOTEL, como atestado em
balanço patrimonial da sociedade, bem como por laudos periciais
apresentados pelos avaliadores contadores, Srs. JULIO CHACEL e
LAURO VIEIRA DE FARIA, e engenheiros, Srs. LINO CARLOS TORRES
e CELSO APRÍGIO GUIMARÃES NETO, os quais concluíram pelo valor
do HOTEL COPACABANA PALACE em R$26.846.000,00 (vinte e seis
milhões, oitocentos e quarenta e seis mil reais); que o preço de emissão
das ações R$0,01 (um centavo) observou minucioso trabalho de
avaliação desempenhado pela empresa AMPLA CONSULTORIA S/C,
sendo este o valor real de mercado, à época, não havendo que se falar
em diluição injustificada da participação acionária da Demandante.

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Requereu a improcedência do pedido e a condenação da


Autoras em honorários de advogado de 20% sobre o valor da causa,
bem como nas penas da litigância de má-fé; sustentou, ainda, que na
eventual procedência do pedido, a indenização deverá ser calculada a
partir do término do prazo do direito de preferência, 20/03/1995,
quando se teria consumado a alegada diluição da participação da
Autora no capital da companhia, e não no dia 31/12/1994, como
pretende o Espólio Demandante.

Às fls.901 e verso o Juízo a quo declinou da Competência


para o Juízo da 7a Vara Empresarial da prevenção daquele Juízo em
face da distribuição anterior da Ação proposta por ITAJARA
PARTICIPAÇÕES LTDA e OUTROS em face da ora Ré SEA
CONTAINERS LTD. com o mesmo objeto da presente demanda,
entendendo o Juízo haver possibilidade de decisões conflitantes.

Manifestação de ambas as partes (fls.918 e 920)


concordando com a utilização dos laudos periciais formulados nos
autos do proc. 2002.001.035168-4, como prova emprestada nesta
Ação.

Determinação do Juízo a quo (fls.995) para que as partes


trouxessem cópia dos referidos laudos periciais, peças técnicas
juntadas às fls.925/991 (laudo de engenharia) e às fls.1008/1058 e
1059/1069 e às fls.1113/1132 (laudos contábeis).

Decisão do Juízo a quo (fls.1251) reconhecendo a conexão


entre os três feitos que tramitam contra a mesma Ré, determinando a
reunião informal dos mesmos para julgamento uniforme.

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Notícia do julgamento do Processo nº 2002.001.035163-4


ajuizado por ITAJARA PARTICIPAÇÕES LTDA. E OUTROS em face da
mesma Ré da presente Ação, SEA CONTAINERS LTD. (fls.1254),
determinando o Juízo a manifestação das partes em alegações finais.

Sentença às fls.2017/2029, entendendo como


injustificada a diluição da participação acionária do Espólio, sócio
minoritário, em virtude do método aplicado pela Ré para estudo da
perspectiva de rentabilidade da cia., bem como pelo fato de que o preço
de emissão das ações não atendeu aos requisitos legais, acolhendo a
pretensão indenizatória, na forma do laudo do perito RONALDO
DUARTE CARNEIRO MONTEIRO (fls.1692), para julgar procedente em
parte o pedido e condenar a sociedade controladora Ré, SEA
CONTAINERS LTD., a pagar ao Espólio Autor valor indenizatório, a ser
apurado em liquidação de sentença, nos termos do Art.475-B, CPC,
mediante adoção do valor unitário de emissão da ação em R$ 0,20
(vinte centavos), com juros de mora de 1% (um por cento) ao mês e
correção monetária a contar de fevereiro de 1995, impondo à
Demandada, por fim, o pagamento das custas e honorários de
sucumbência em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da
condenação.

Entendeu o sentenciante pela possibilidade de aferição


dos efeitos da assembléia societária onde deliberado o aumento de
capital, sem a necessidade de sua anulação.

Consignou que a errônea atribuição de valor do capital


social, bem como eventual equívoco quanto aos valores de emissão de
ações, independentemente de intenção do sócio majoritário, configura

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ato de abuso de poder, previsto no Art.117, §1º, “c” da Lei 6404/1976,


desde que se comprove a existência de dano causado pela deliberação
do acionista controlador.

Asseverou o magistrado que, na hipótese em tela, o preço


de emissão das novas ações foi fixado pela AGE em R$0,01 (um
centavo) com base nas perspectivas de rentabilidade futura da
companhia, de acordo com o valor do fluxo de caixa, e em conformidade
com laudo elaborado pela AMPLA AUDITORES, a pedido da
administração da sociedade e que em oposição a este laudo outra peça
técnica foi elaborada (HORWATH CONSULTING), a qual concluiu que
as ações foram indevidamente avaliadas quando do aumento de capital.

Que os referidos laudos (AMPLA e HORWATH) foram


confrontados em sede Cautelar onde foram produzidas provas periciais,
consignando o Juízo a imprestabilidade de qualquer laudo técnico que
deixar de aplicar o método do fluxo de caixa descontado, já que o
cálculo avaliatório sob o referido método afigura-se mais completo e
preciso mediante a captura de todos os elementos que afetam o valor
da empresa de maneira abrangente.

Que a prova pericial produzida, obtida por empréstimo da


instrução produzida na Ação Indenizatória conexa já julgada, foi
confeccionada em duas vertentes: (i) avaliação, por perícia de
engenharia, do principal bem integrante dos ativos da Companhia
Hotéis Palace, o Hotel Copacabana Palace, e (ii) análise, por perícia
contábil, da real avaliação econômica da companhia, com seus ativos,
dívidas e perspectivas de desenvolvimento, entendendo o Juízo como o
melhor método para apontamento do real valor do complexo, o método
do aproveitamento operacional, usualmente aplicado a imóveis que não

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sejam de fácil comparação com outros transacionados no mercado,


baseando-se na perspectiva financeira, na qual o valor do ativo
relaciona-se com a riqueza que o mesmo possa gerar, acolhendo o
laudo apresentado pelo perito LUIS EDUARDO BÍLIO que, ao utilizar o
método do aproveitamento operacional, obtido a partir do rendimento
produzido, apurou o valor de R$31.800.000,00 (trinta e um milhões,
oitocentos mil reais) em janeiro de 1995.

Pontuou o magistrado que a dissonância entre os laudos


de avaliação da companhia, apresentados pelas partes, se verifica
basicamente na valoração da marca “Copacabana Palace” e na
contagem do crédito da empresa Ré junto à companhia, diferenciando o
que seria o valor econômico de uma empresa e o valor econômico para
os acionistas, o laudo de RONALDO CARNEIRO MONTEIRO aplicou
variáveis corretas consistentes no fluxo relevante de caixa, período de
projeção, valor da perpetuidade e taxa de desconto, sempre sob o
questionamento de “se algum efeito econômico-financeiro, positivo ou
negativo, refletivo nas demonstrações financeiras da companhia nos 13
anos seguintes decorria, ou não, das mudanças introduzidas pela AGE
de janeiro de 1995, e que de outra forma não teriam como ocorrer”.

Afirmou, ainda, o sentenciante, que na seara contábil


duas perícias judiciais foram elaboradas por GUSTAVO LICKS e por
RONALDO CARNEIRO MONTEIRO, tendo este último estipulado valor
unitário da ação em R$0,20 (vinte centavos), trabalho técnico que
representa, de modo equilibrado, as potencialidades e perspectivas da
companhia, considerando todos os fatores envolvidos na mensuração,
com utilização de informações confiáveis para alcance de um resultado
justo e coerente.

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Concluiu, portanto, que a diluição das ações da parte


Autora, ainda que necessária fosse, não se deu de forma adequada,
pois que o preço de emissão foi calcado em metodologia inadequada,
contrariando a regra do Art.170, §1º da Lei 6.404/76, deferindo o
direito indenizatório ao Espólio Autor para o fim de restabelecer o
equilíbrio societário da companhia.

Apelação interposta pela controladora Ré, SEA


CONTAINERS LTD. (fls.2050/2115), sustentando, preliminarmente, a
anulação da sentença, em síntese, sob o argumento de que (i) falta
fundamentação de premissa utilizada para o reconhecimento do ato
ilícito consubstanciado na alegada subavaliação deliberada do preço de
emissão das ações, bem como que (ii) o decisum invoca premissa falsa
relacionada a acórdão invocado como paradigma, o qual trata de
hipótese diversa; que é nula, também, pelo não suprimento de omissões
apontadas em sede de Embargos de Declaração.

Ainda em sede prefacial, sustenta a inadequação da via


eleita, alegando que era imprescindível o ajuizamento de Ação
Anulatória, pois que as recorridas não questionam o critério para
fixação do preço de emissão das ações, mas sim o teor do voto que
aprovou o aumento de capital na AGE de janeiro de 1995 em suposta
violação ao disposto no Art.115 da lei 6404/76, o que estaria coberto
pela prescrição em janeiro de 1997 (prazo de dois anos), tornando-se
em ato jurídico perfeito e imutável.

No mérito, alega a Apelante, em resumo, que as Apeladas


pretendem se beneficiar dos esforços e investimentos feitos pela
controladora na cia. ao longo dos anos; que é falacioso o argumento de

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que o aumento de capital promovido na AGE/95 tenha sido realizado


por meio de uma subavaliação do valor da companhia com base no
laudo da AMPLA AUDITORES S/C para impor às Recorridas prejuízo
pela diluição de sua participação acionária, tendo ocorrido apenas mera
diminuição da participação; que a Companhia de Hotéis Palace (CHP),
ao tempo da AGE/95, encontrava-se á beira da falência afundada em
dívidas, tendo a Apelante, sua controladora, feito aporte de vultosa
quantia, empréstimo não oneroso, para conferir fôlego ao Hotel
Copacabana Palace; que, além de recursos próprios, a controladora
negociou empréstimo junto ao BNDES para obter valores a longo prazo
com o fim de finalizar as obras de reforma do hotel, exigindo o banco
mutuante, como garantia, a capitalização da companhia, hipoteca do
Hotel Copacabana Palace e fiança solidária do controlador; que os
valores emprestados pela controladora Apelante não foram pagos pela
sociedade e, por deliberação do controlador, foram entregues a cia., por
capitalização, transformando-se então a antiga dívida em capital
próprio da CHP.

Afirma que, para este aumento de capital avaliou-se a


companhia em valores que, à época e agora, revelaram-se mais do que
recomendáveis, fixado o preço de emissão das ações em R$0,01 (um
centavo), subscrição para a qual acorreram somente a Apelante e um
outro acionista minoritário, nisto configurando-se, na visão das
Apeladas, o “crime de lesa minoritário”; que o aumento de capital
realizado era necessário e gerou um ganho patrimonial de 100% (cem
por cento) para os acionistas minoritários, pois com isso o patrimônio
líquido da sociedade e, por conseqüência a participação das recorridas,
tornaram-se positivos.

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Alega que a sentença não avaliou bem os aspectos


jurídicos do caso, deixou de apreciar questões levantadas e não
respondeu a críticas feitas sobre o laudo do perito CARNEIRO
MONTEIRO, utilizado como premissa para a procedência do pedido;
que, se o Juízo a quo tivesse analisado a realidade dos fatos ao tempo
da Assembléia realizada (AGE/1995) teria decidido de forma diversa;
que em 1989 a Apelante alcançou o controle acionário da cia. e a partir
de 1990 até 1994 iniciou programa de reforma do Hotel Copacabana
Palace com recursos próprios; que, apenas em 1994, a controladora
Apelante logrou obter empréstimo de longo prazo junto ao BNDES, o
qual, contudo, fez exigências no sentido de que o patrimônio líquido da
cia. estivesse positivo, fato que determinou a realização da AGE/95
para deliberação do aumento de capital, sendo este aprovado e feito
através da capitalização do empréstimo que a Apelante já havia feito à
empresa; que o preço de emissão foi deliberado na AGE/95, regular e
válida em todos os aspectos, encontrando-se o valor de R$0,01 (um
centavo), de acordo com o §1º do Art.170 da Lei 6404/76, pelas
“perspectivas de rentabilidade futura da companhia”; que, diante de tal
critério, por conter elementos futuros e incertos, a administração da
CHP entendeu por encomendar um estudo à empresa AMPLA
AUDITORES S/C para apontar o valor da cia. com base em números
de mercado da época e também pelo método de fluxo de caixa
descontado (projeção de rentabilidade), encontrando-se os valores,
respectivamente, de R$1.388.720,00 (um milhão, trezentos e oitenta e
oito mil, setecentos e vinte mil reais) e R$1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais).

Assevera, ainda, a Apelante que as Apeladas, conquanto


regularmente intimadas, não compareceram a citada AGE/95; que o

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laudo da AMPLA AUDITRORES S/C apontou a necessidade do aumento


de capital no valor de R$ 27.507.791,50 (vinte e sete milhões,
quinhentos e sete mil, setecentos e noventa e um reais e cinqüenta
centavos), emitindo-se 2.750.779.150 (dois bilhões, setecentos e
cinqüenta milhões, setecentos e setenta e nove mil, cento e cinqüenta
ações), ao preço unitário das ações em R$ 0,01 (um centavo), não
havendo que se falar em diluição injustificada da participação
societária do Apelado no capital social da cia., pois que não exerceu o
direito de preferência.

Afirma a Recorrente que, ainda que fosse dispensável a


anulação da AGE/95, o aumento de capital deliberado foi legítimo e
necessário à sobrevivência da CHP, eis que o último balanço
patrimonial de 31/12/94 apontava um prejuízo acumulado de
R$11.886.450,00 (onze milhões, oitocentos e oitenta e seis mil,
quatrocentos e cinqüenta reais) e um patrimônio líquido negativo de
R$10.568.926,00 (dez milhões, quinhentos e sessenta e oito mil,
novecentos e vinte e seis reais); que a conduta da Apelante cumpriu o
disposto no Art.116, § único da Lei 6404/76, desempenhando o munus
de conduzir os negócios no melhor interesse da cia.; que não há que se
falar em diluição da participação societária do Apelado minoritário,
pois, além de não exercer seu direito de subscrever as ações
disponibilizadas, o aumento de capital era necessário à sobrevivência
da cia.; que, com o referido aumento de capital, o patrimônio líquido da
cia., que era negativo em R$11.886.450,00 (onze milhões, oitocentos e
oitenta e seis mil, quatrocentos e cinqüenta reais), passou a ser positivo
em R$16.781.463,00 (dezesseis milhões, setecentos e oitenta e um mil,
quatrocentos e sessenta e três reais), tendo o Apelado uma valorização
patrimonial de suas ações em 100%, não se podendo falar em qualquer

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ato de abuso do poder de controle pela Apelante, o qual pressupõe dolo


específico de causar prejuízos aos acionistas minoritários na forma do
Art.117, §1º, “c” da Lei 6404/76, sob pena de consagrar-se hipótese de
responsabilidade objetiva; que, mesmo que mantida a sentença, os
juros de mora devem correr a partir da sentença e fixados em 0,5% até
janeiro de 2003 (Art.1062, CC/16 c/c Art.2044, CC/02) e, por fim, que
houve sucumbência recíproca.

Recurso recebido (fls.2118) e contrarrazoado


(fls.2119/2125).

Conclusos a esta Relatoria (fls.2135), baixaram os autos


para juntada de petição da Apelante (fls.2136/2138), veiculando o
ingresso nos autos de parecer técnico do professor NELSON EIZRIK
(fls.2139/2170), do qual foi dada vista ao Apelado, que se manifestou
(fls.2172/2173).

É o Relatório.

VOTO

O recurso deve ser conhecido por preenchidos os


requisitos de admissibilidade intrínsecos e extrínsecos.

Com relação às preliminares formais levantadas, todas,


em verdade, confundem-se com o próprio mérito da causa.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 15


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Assim é que no toca às alegações de (i) nulidade da


sentença por falta de fundamentação para reconhecimento do ato ilícito
consubstanciado na alegada subavaliação deliberada do preço de
emissão das ações, bem como (ii) de que é nula, também, pelo não
suprimento de omissões apontadas em sede de Embargos de
Declaração pertinentes a confissão inexistente pela Ré e (iii) que houve
escolha arbitrária de laudo pericial, como se disse, são todos temas
que, por óbvio, se relacionam ao exame da prova e acertamento do
direito questionado em Juízo, de modo que, ainda que sejam alegados
sob o viso de preliminares das razões recursais, situam-se no exame de
mérito do Apelo e neste momento serão apreciados.

Quanto à condição para o legítimo exercício do direito de


ação sob o viés do interesse jurídico, imperioso consignar a adequação
da via eleita e evidente prescindibilidade do ajuizamento de Ação
Anulatória na hipótese, pois a acionista minoritária/Demandante
questiona através da presente Ação tão somente o critério para fixação
do preço de emissão das ações, e não a forma ou o teor, em si, do voto
que aprovou o aumento de capital na AGE de janeiro de 1995 em
suposta violação ao disposto no Art.115 da lei 6404/76, de modo que
não há que se falar na prescrição da pretensão em janeiro de 1997 pela
aplicação do prazo de dois anos, inexistindo, portanto, ato jurídico
perfeito e/ou imutável.

Ultrapassadas, portanto, todas as verdadeiras questões


preliminares levantadas nas razões recursais do presente Apelo.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 16


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No mérito, a controvérsia sob exame está relacionada aos


efeitos jurídico-econômicos decorrentes de ato social conduzido por
acionista majoritária/controladora que, determinando em assembléia o
aumento de capital da cia., promoveu suposta diluição injusta da
participação acionária dos sócios minoritários.

Algumas premissas se devem estabelecer para que


sirvam de assoalho ao raciocínio silogístico a ser empreendido.

Em primeiro plano, impõe-se desde logo reafirmar que a


simples diluição da participação acionária de sócios minoritários,
causada por deliberação societária de aumento de capital social através
da emissão de novas ações, não é de antemão ilícita e não torna nula a
assembléia, mas passível de aferição judicial quanto à eventual
existência de dano causado àqueles, ensejando, em tese, apenas, a
fixação de indenização por perdas e danos, motivo, aliás, por que
também se afastou a alegada prescrição.

Neste sentido:

“DIREITO SOCIETÁRIO. AUMENTO DE CAPITAL DE


SOCIEDADE AUTÔNOMA. EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES.
DILUIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA DE
MINORITÁRIOS. PREÇO DAS AÇÕES. FIXAÇÃO.
BALIZAS PREVISTAS NO ART.170, PAR.1º DA LSA.
NORMA NÃO COGENTE DE CUJO DISTANCIAMENTO,
SE VERIFICADO, NÃO ENSEJA A ANULAÇÃO DOS ATOS
DELIBERATIVOS. EVENTUAL VIOLAÇÃO QUE SE
RESOLVE EM PERDAS E DANOS.”

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 17


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REsp 1190755/RJ – 4ª TURMA/RELATOR MINISTRO


LUÍS FELIPE SALOMÃO, DJE DE 01/08/2011

Em segundo lugar, relevante consignar a espécie e


dinâmica da responsabilização incidente em tese na hipótese.

É que, nos termos da lei de regência, a errônea


atribuição de valor do capital social ou eventual equívoco quanto aos
valores de emissão de ações, independentemente de intenção do sócio
majoritário, configura ato de abuso de poder, previsto no Art.117, § 1º,
“c” da Lei 6404/1976, desde que se comprove a existência de dano
causado pela deliberação do acionista controlador.

Isto porque os interesses, valores e esferas jurídicas


envolvidas são tão expressivos e numerosos que o legislador optou por
conferir foros de ilicitude a todo e qualquer ato que objetivamente possa
configurar conduta leviana ou descuidada no uso do poder de controle
e direcionamento das decisões relativas à cia., por isto requer a lei
simplesmente que tenha decorrido dano aos demais sócios ou
componentes da sociedade, não se afigurando razoável e nem seguro,
exigir-se a perquirição do elemento volitivo que usinou a conduta do
controlador.

É o que se depreende do aresto a seguir, proferido no


âmbito da Corte Superior:

“RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E


DIREITO SOCIETÁRIO. ART.117, §1°, DA LEI Nº
6.404/76 (LEI DAS SOCIEDADES). MODALIDADES DE

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 18


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ABUSO DE PODER DE ACIONISTA CONTROLADOR.


FORMA EXEMPLIFICATIVA. CARACTERIZAÇÃO DO
ABUSO DE PODER. PROVA DO DANO. PRECEDENTE.
MONTANTE DO DANO CAUSADO PELO ABUSO DE
PODER DO ACIONISTA CONTROLADOR. FIXAÇÃO EM
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. POSSIBILIDADE.
O §1°, do Art.117 da Lei das Sociedades Anônimas
enumera as modalidades de exercício abusivo de poder
pelo acionista controlador de forma apenas
exemplificativa. Doutrina. A Lei das Sociedades
Anônimas adotou padrões amplos no que tange aos atos
caracterizadores de exercício abusivo de poder pelos
acionistas controladores, porquanto esse critério
normativo permite ao juiz e às autoridades
administrativas, como a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), incluir outros atos lesivos efetivamente praticados
pelos controladores. Para a caracterização do abuso de
poder de que trata o Art.117 da Lei das Sociedades por
ações, ainda que desnecessária a prova da intenção
subjetiva do acionista controlador em prejudicar a
companhia ou os minoritários, é indispensável a prova
do dano. Se, não obstante, a iniciativa probatória do
acionista prejudicado, não for possível fixar, já no
processo de conhecimento, o montante do dano causado
pelo abuso de poder do acionista controlador, esta
fixação deverá ser deixada para a liquidação de sentença.
Recurso especial provido.”
REsp 798.264-SP/REL. PARA ACÓRDÃO MIN. NANCY
ANDRIGHI, JULGADO EM 6/2/2007

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 19


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Evidenciada, portanto, a incidência de regime jurídico de


responsabilidade objetiva na espécie, nos termos do Art.117 da Lei
6404/76, in verbis:

“Art.117 - O acionista controlador responde pelos danos


causados por atos praticados com abuso de poder.
§1º - São modalidades de exercício abusivo de poder:
(...)
c) promover alteração estatutária, emissão de valores
mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não
tenham por fim o interesse da companhia e visem a
causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que
trabalham na empresa ou aos investidores em valores
mobiliários emitidos pela companhia;”

Dito isto, adentra-se o cerne do mérito para apreciação


das especificidades fáticas e verificação da existência de
responsabilidade da Ré na hipótese.

Dispõe a lei de regência (Lei 6404/76) como ato abusivo


do poder de controle da companhia:

“Art.115 – O acionista deve exercer o direito a voto no


interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto
exercido com o fim de causar dano à companhia ou a
outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem,
vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa
resultar, prejuízo para a companhia ou para outros
acionistas.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 20


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(...)
§3º - O acionista responde pelos danos causados pelo
exercício abusivo do direito de voto, ainda que seu voto
não haja prevalecido.”

É considerado como Abuso de Poder, segundo o jurista


MODESTO CARVALHOSA:

"Quando alguém, no exercício ou no uso de seus direitos


subjetivos, desvirtue, sem um motivo legítimo ou
observância do princípio da boa-fé, a finalidade
econômica ou social do instituto jurídico de que deriva
seu direito. (...) O desvio de poder ocorreria quando o
agente, embora observando as formalidades e não
cometendo violação alguma expressa em lei, exerce o seu
poder com uma finalidade diversa daquela para a qual
lhe foi conferida essa prerrogativa (...) fazendo-o
contrariamente ao interesse de terceiros e com o objetivo
de causar-lhes danos, seja cerceando-lhes o exercício de
seus direitos, seja visando a alcançar, com o abuso,
enriquecimento ilícito ou vantagem sem justa causa".

Pois bem, segundo consta dos autos, o COPACABANA


PALACE HOTEL, principal ativo da COMPANHIA DE HOTÉIS PALACE
(CHP), passava por grave crise financeira na transição entre as décadas
de 80 e 90, tendo a Ré, SEA CONTAINERS LTD., ingressado na
sociedade em 1989, pagando valor aproximado a US$0,40 (quarenta

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 21


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centavos) de dólar norte-americano por cada ação adquirida,


assumindo o controle da cia. com 58% (cinquenta a oito por cento) das
ações, realizando a partir daí, entre 1990 e 1994, pesados
investimentos para a revitalização/modernização do renomado
empreendimento hoteleiro, através de Adiantamentos para Futuro
Aumento de Capital (AFAC’s), até que, cinco anos depois (1995),
convocando assembléia geral de acionistas, promoveu o ato ora
impugnado – com vistas a tornar positivo o patrimônio líquido da
sociedade e obter empréstimo junto ao BNDES –, consubstanciado este
no aumento de capital de R$ 27.507.791,50 (vinte e sete milhões,
quinhentos e sete mil, setecentos e noventa e um reais e cinqüenta
centavos), por meio da emissão de 2.750.779.150 (dois bilhões,
setecentos e cinqüenta milhões, setecentos e setenta e nove mil, cento e
cinqüenta) de novas ações, do qual as Demandantes/minoritárias
abstiveram-se de participar, precificada a unidade em R$ 0,01 (um
centavo), segundo estudo de avaliação encomendado pelo próprio
controlador, realizado pela AMPLA AUDITORES S/C.

Sustenta o minoritário Demandante que a sociedade


controladora Ré, aproveitando-se de sua posição de proeminência
acionária, promoveu manobra societária através de assembléia geral
para, através da capitalização de empréstimos que havia realizado em
favor da cia. (AFAC’s), subscrever novas ações pelo valor irrisório de
R$0,01 (um centavo), equivalente a 5% (cinco por cento) do valor real
de mercado das mesmas, causando injusta diluição da participação
acionária dos demais acionistas.

Neste ponto, imperioso consignar que os autos retratam


com clareza – e o próprio Espólio Autor afirma que não é objeto de

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 22


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discussão –, não somente que era imprescindível a captação de novos


investimentos/aportes financeiros à manutenção da atividade
econômica desenvolvida no HOTEL COPACABANA PALACE, como
também que o valor atribuído para o aumento do capital realizado era,
em tese, adequado às necessidades econômicas da empresa, ou seja,
necessitava efetivamente a CHP do aporte dos R$27.507.791,50 (vinte e
sete milhões, quinhentos e sete mil, setecentos e noventa e um reais e
cinqüenta centavos) injetados na sociedade.

O tema central e determinante da controvérsia sob


exame, portanto, gira fundamentalmente em torno da justeza e
proporcionalidade do preço de emissão, R$ 0,01 (um centavo), para
cada ação, atribuído a partir de estudo macroeconômico encomendado
pela controladora Ré, vale dizer, se a referida cifra foi devida e
compatível com o valor intrínseco de mercado, com a expressão
econômica que ostentava cada um dos ativos distribuídos em mãos dos
acionistas, ou, se, por outro lado, a diluição da participação acionária
dos minoritários se deu em grau maior que o necessário, causando-lhes
injustos prejuízos.

Eis, a propósito, o conceito de diluição do capital, nos


termos da própria Exposição de Motivos da Lei das S/A:

“Para proteção dos acionistas minoritários, o § 1º


estabelece que as novas ações devem ser emitidas por
preço compatível com o valor econômico da ação (de
troca, de patrimônio líquido ou de rentabilidade), e não
pelo valor nominal. A emissão de ações pelo valor
nominal, quando a companhia pode colocá-las por preço

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 23


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superior, conduz à diluição desnecessária e injustificada


dos acionistas que não têm condições de acompanhar o
aumento, ou simplesmente desatentos à publicação de
atos societários. A existência do direito de preferência
nem sempre oferece proteção adequada a todos os
acionistas. A emissão de ações pelo valor econômico é a
solução que melhor protege os interesses de todos os
acionistas, inclusive daqueles que não subscrevem o
aumento, e por isso deve ser a adotada pelos órgãos
competentes para deliberar sobre o aumento de capital.”

Dispõe, por sua vez, a Lei das S/A acerca da diluição de


ações através do aumento de capital, com a cautela que impõe:

“Art.170 – Depois de realizados 3/4 (três quartos), no


mínimo, do capital social, a companhia pode aumentá-lo
mediante subscrição pública ou particular de ações.
§1º - O preço de emissão deve ser fixado tendo em vista a
cotação das ações no mercado, o valor de patrimônio
líquido e as perspectivas de rentabilidade da companhia,
sem diluição injustificada da participação dos antigos
acionistas, ainda que tenham direito de preferência para
subscrevê-las.”

Como óbvio, a matéria sob exame é daquelas que


refogem ao campo de conhecimento técnico-jurídico do julgador,
necessitando-se de auxílio específico de modo a apontarem-se as
premissas corretas aplicáveis à hipótese e equacionar juridicamente os
números, valores e estimativas apresentados nos diversos laudos

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 24


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periciais econômico-contábeis confeccionados, tudo com vistas a


concluir pela justificação ou não da diluição acionária dos minoritários.

Assim, a tarefa a ser desenvolvida nos presentes autos,


circunscreve-se basicamente à “escolha” do laudo pericial que
contenha/aponte as premissas de cálculo que se mostrem mais
razoáveis à hipótese.

A Ré, como se sabe, ao promover a realização da


Assembléia Geral em janeiro de 1995, encomendou a confecção de
avaliação econômica do valor unitário das ações da cia., realizada pela
empresa AMPLA AUDITORES S/C, a qual, através do método de fluxo
de caixa descontado, sem computar empréstimo adquirido pela cia.
junto ao BNDES, precificou a unidade dos referidos ativos em R$0,01
(um centavo), bem como apontou o valor do acervo líquido do HOTEL
COPACABANA PALACE em aproximadamente R$1.400.000,00 (um
milhão e quatrocentos mil reais).

Acionistas minoritários diversos, por sua vez,


discordando da referida cifra e com o intuito de confrontar o referido
valor, contrataram empresa especializada em avaliação hoteleira
(HORWATH CONSULTING), a qual, através do método comparativo,
apontou o valor unitário das ações ao tempo da deliberação de aumento
de capital da cia., em R$0,26 (vinte e seis centavos) e o valor do
empreendimento HOTEL COPACABANA PALACE, em si, em
R$56.576.000,00 (cinquenta e seis milhões, quinhentos e setenta e seis
mil reais).

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 25


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Diante da discrepância, os outros minoritários ajuizaram


em sede cautelar preparatória Ação de Produção Antecipada de Provas,
nos autos da qual promoveram a confecção de vistoria (Perito Fernando
de Faria) e laudos periciais de engenharia e contabilidade (Perito Carlos
Alberto Rangel Serra), através dos quais, conjuntamente apreciados,
apontou-se o valor unitário dos ativos da cia. em R$0,33 (trinta e três
centavos) na data da realização do aumento de capital, bem como o
valor do patrimônio líquido do principal ativo da CHP (HOTEL
COPACABANA PALACE) em R$36.429.467,04 (trinta e seis milhões,
quatrocentos e vinte e nove mil, quatrocentos e sessenta e sete reais e
quatro centavos).

Aforada a presente Ação de Conhecimento, por sua vez,


foram “importados” como prova emprestada dos autos de Ação Conexa
(Proc. nº 0036332-90.2002.8.19.0001) ajuizada por outro grupo de
acionistas, dois laudos periciais, um de engenharia – realizado pelo
perito LUÍS EDUARDO SANTOS BÍLIO – para proceder à avaliação dos
ativos tangíveis do HOTEL COPACABANA PALACE, o qual, através do
método de aproveitamento operacional, encontrou o valor do
empreendimento em R$ 31.800.000,00 (trinta e um milhões e
oitocentos mil reais), e outro, contábil, por parte do perito GUSTAVO
BANHO LICKS, com o fim de apontar-se o valor unitário das ações da
cia. no momento do aumento de capital.

Esta segunda prova técnica realizada (perícia contábil)


apontou o valor unitário da ação da CHP, ao tempo do aumento de
capital, em R$ 0,0274 (dois centavos e setenta e quatro centésimos de
real).

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 26


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Frente, pois, à divergência verificada entre as provas


realizadas em sede Cautelar e na presente Ação de Conhecimento, bem
como diante da inalcançabilidade técnica do magistrado para aferição
da matéria específica nelas tratada, trasladou-se também a estes autos
uma terceira perícia realizada nos proc. nº 0036332-
90.2002.8.19.0001, de modo a promover-se verdadeiro “desempate”
entre os laudos.

O perito RONALDO DUARTE CARNEIRO MONTEIRO


elaborou um terceiro e definitivo laudo pericial, o qual, após feitas as
devidas considerações acerca das peças técnicas que o antecederam e
consignando os descontos incidíveis à espécie, encontrou, através do
método do fluxo de caixa descontado, computando o empréstimo
vindouro junto ao BNDES, como valor devido para cada ação da CHP
ao tempo da realização do aumento de capital, a cifra de R$0,20 (vinte
centavos), bem como o valor de mercado do complexo denominado
COPACABANA PALACE HOTEL em R$ 31.800.000,00 (trinta e um
milhões e oitocentos mil reais), elemento de convicção com base no qual
a sentença impugnada fora efetivamente proferida para efeito de
condenar a Apelante/Ré ao pagamento de indenização no valor de
R$6.832.935,32 (seis milhões, oitocentos e trinta e dois mil, novecentos
e trinta e cinco reais e trinta e dois centavos).

Alega a controladora Ré/Apelante, SEA CONTAINERS


LTD., que o laudo elaborado pelo perito RONALDO DUARTE
CARNEIRO MONTEIRO, sob equívocos e incongruências em suas
premissas, encontrou valor irreal, muito superior àquele apontado pelo
estudo avaliatório realizado pela AMPLA AUDITORES S/C, pois
empregou método de avaliação indevido à hipótese e considerou

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 27


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elementos contábeis impertinentes à formação do cálculo do valor


unitário da ação.

Segundo alega a Ré/Apelante, o estudo econômico


encomendado à empresa de auditoria AMPLA AUDITORES S/A tinha
por escopo que a COMPANHIA HOTÉIS PALACE (CHP) fosse avaliada (i)
pelo valor do patrimônio líquido, bem como (ii) pelo método do fluxo de
caixa descontado, ambos voltados a encontrar o valor de cada ação da
cia. ao tempo da assembléia realizada (AGE/1995).

Afirma a Ré em sua contestação e em todas as


manifestações acerca dos laudos formulados, que o método de cálculo
do valor da ação para a época da realização da AGE/1995 não poderia
ser o do “fluxo de caixa descontado” a partir de um suposto “futuro
realizado”, através do qual avaliou o perito as perspectivas de
rentabilidade da cia., o que afirma indevido porquanto fez-se uma mera
projeção fria de suposto lucro líquido.

Sustenta, então, a Controladora/Apelante, que dentro do


critério legal “perspectivas de rentabilidade da companhia” (Art.170,
§1º, III, Lei 6404/76), o método mais correto e adequado para
apontamento do valor da cia., e por consequência de cada ação, deveria
ser o do “fluxo de caixa descontado”, mas a partir do valor patrimonial
líquido contábil da cia. àquela época.

Como se sabe, o valor patrimonial da ação é resultado da


divisão do valor do patrimônio líquido da companhia, com todas as
suas posições ativas (créditos) e obrigações (débitos) presentes e
futuras, pelo número de ações pulverizadas em mãos dos sócios.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 28


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Segundo se depreende dos autos, o valor do patrimônio


líquido da cia., ao tempo da realização da AGE/1995, informado pelo
seu balanço patrimonial levantado em 31 de dezembro de 1994,
apontava indicador negativo na ordem de R$11.886.450,00 (onze
milhões, oitocentos e oitenta e seis mil e quatrocentos e cinquenta
reais), sustentando a Ré/Apelante que, após o aumento de capital,
precificadas as novas ações emitidas em R$ 0,01 (um centavo), o
patrimônio líquido da cia. passou a ser de R$ 16.781.463,00 (dezesseis
milhões, setecentos e oitenta um mil, quatrocentos e sessenta e três
reais) positivos, bem como que nenhum preço de emissão poderia
causar diluição da participação societária das Apeladas, porquanto já
era negativa.

E isto, com efeito, é verdade.

A análise dos gráficos, demonstrativos e dos próprios


laudos periciais juntados pelo Demandante/Apelado ao longo da Ação
Ordinária ajuizada, demonstra que, através da realização do aumento
de capital, a cia. efetivamente trocou o “sinal negativo” pelo “indicador
positivo” em seu patrimônio líquido, vale dizer, o valor da participação
societária da minoritária que já era de menos (-) R$368.823,84
(trezentos e sessenta e oito mil, oitocentos e vinte e três reais e oitenta e
quatro centavos), após a emissão das novas ações, passou a ser de
mais (+) R$33.529,44 (trinta e três mil, quinhentos e vinte nove reais e
quarenta e quatro centavos), o que teria gerado um ganho patrimonial
de R$402.353,28 (quatrocentos e dois mil, trezentos e cinquenta e três
reais e vinte e oito centavos).

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 29


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Portanto, insofismável que a manobra societária


conduzida pela Ré/Apelante – emissão de novas ações – teve o condão
de “positivar” o patrimônio líquido da cia., trazendo ganhos reais a
todos, inclusive ao minoritário Autor, de modo que, idealmente, o preço
de emissão utilizado, por pior que fosse, não poderia causar prejuízos a
quem já se encontrava negativo.

Tal raciocínio, contudo, não se aplica quanto ao aspecto


das premissas e efeitos econômicos da redução da participação
acionária das minoritárias, vale dizer, da extensão da “positivação”
sobre o patrimônio líquido da sociedade.

Isto porque, segundo o laudo formulado (1ª parte –


fls.1675/1692) e seus complementos (fls.1880/1890; 1891/1896 e
1912/1916), os critérios adotados e valores apontados pelo estudo
encomendado à AMPLA AUDITORES S/C, encontravam-se indevidos,
causando excessiva depressão dos números da cia., o que influenciou
diretamente nas bases de cálculo para o apontamento do devido preço
de emissão das ações naquele mês de janeiro de 1995.

Assim é que, encontrando-se o patrimônio liquido da


CHP negativo ao tempo da AGE/1995, o único critério legal utilizável
para a emissão de novas ações era o das “perspectivas de rentabilidade
da empresa” (Art.170, §1º, Lei 6404/76, com a redação original), por
meio do qual se avalia a capacidade futura da cia. em gerar lucros
(método do fluxo de caixa descontado), critério este que consubstancia
consenso entre as partes.

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Neste sentido, afirma o doutrinador NELSON EIZIRIK (“A


Lei das S/A, Comentada, Volume II”, artigos 121/1218, pg.501):

“Dentre todos os modelos de avaliação econômica,


atualmente o do fluxo de caixa descontado é aquele tido
como o que melhor apresenta a efetiva capacidade de
geração de riqueza de determinado empreendimento, já
que se propõe a retratar o seu potencial econômico, nele
incluído o seu goodwill.
Assim, muito resumidamente, o valor econômico da
companhia representa o potencial de geração de riqueza
que seus ativos propiciam, dentro de um período
determinado (“o período de projeção”), trazidos a valor
presente, mediante uma taxa de desconto que represente
adequadamente o risco desse fluxo.”

Dois pontos de observação, portanto, se nos parecem


fundamentais.

O primeiro, relacionado aos resultados financeiros quase


que imediatos após o aumento de capital, já no próprio exercício de
1995, e, o segundo, pertinente à origem eficiente dos recursos que
alavancaram de fato o empreendimento com a realização da AGE/1995.

Quanto ao tema, relevante mencionar que o laudo


pericial formulado pelo Sr. CARNEIRO MONTEIRO (fls.1675/1692)
demonstra numérica e insofismavelmente que logo no mesmo exercício
financeiro em que se deu o aumento de capital (1995), o resultado
operacional da CHP experimentou crescimento de impressionantes

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 31


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330% (trezentos e trinta pontos percentuais), o que nos leva a duas


conclusões.

A primeira que, ou os dados, premissas e valores


empregados no laudo formulado pela AMPLA AUDITORES S/C que
embasou a fixação do preço de emissão das ações em R$0,01 (um
centavo) na AGE/1995 estavam excessivamente negativos e
deprimidos, não espelhando a situação real da cia. nem o seu
verdadeiro potencial de crescimento – como efetivamente se verificou já
no mesmo ano –, ou a própria controladora estava se mostrando ao
longo de cinco anos extremamente incompetente para gerir e comandar
a direção societária da cia. que tinha por principal ativo um dos hotéis
mais renomados em todo o mundo, o qual já havia recebido
investimentos seus da ordem de R$12.000.000,00 (doze milhões de
reais).

E a segunda, de que obviamente não foi o aumento de


capital através da emissão de novas ações – para a qual utilizou a
controladora/Ré a capitalização das AFAC’s, verbas que já faziam parte
do patrimônio da cia. – que efetivamente reverteu a situação contábil-
econômica do patrimônio líquido da sociedade, vale dizer que trouxe ao
caixa da CHP novos valores/recursos.

Como é consenso entre as partes, a manobra societária


utilizada pela controladora/Ré, de promover o aumento de capital e a
emissão das novas ações através da capitalização dos empréstimos
feitos ao longo do tempo à CHP, denominados de Adiantamentos para
Aumento de Capital – AFAC’s – não importou na entrada de divisas
novas para a sociedade, ou seja, não houve aporte de dinheiro novo

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 32


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para a organização, tendo a controladora apenas “trocado dívida por


capital”, como fez constar do próprio texto da carta-proposta de
aumento do capital, enviada aos demais sócios.

Em verdade, como apontou com acuidade o perito


CARNEIRO MONTEIRO, a origem eficiente dos recursos que
definitivamente “positivaram” o patrimônio da sociedade e devolveram-
lhe a plena operacionalidade e competitividade junto ao mercado
hoteleiro, foi o empréstimo contratado e aprovado desde outubro de
1994, e já disponível ao tempo da realização da AGE/1995, com o
BNDES em R$15.000.000,00 (quinze milhões de reais). Esta, sim, a
verdadeira fonte dos recursos que mudaram o rumo do Hotel
Copacabana Palace em meados dos anos 90, que lhe agregaram valor e
potencialidade de lucros, e não a simples emissão/subscrição de novas
ações ao preço de R$ 0,01 (um centavo), que importaram em exclusiva
diluição da participação acionária dos minoritários.

Mais uma vez, emblemáticas as conclusões do perito,


sobre este ponto (fls.1683 – fls.9):

“Desta forma, este Perito entende que a evolução nos


negócios da CHP nos treze anos sob análise poderia ter
acontecido mesmo inexistindo as decisões da AGE; para
isso seria necessário, naturalmente, que o controlador
cumprisse uma gestão norteada pelos mesmos princípios
dotados para o sucesso empresarial quase imediato e,
depois, persistente da CHP após a decisão da AGE”.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 33


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A propósito, a conduta adotada pela controladora


Ré/Apelante – promover aumento de capital através da capitalização de
AFAC’s – não raro deságua em controvérsias judiciais, já tendo sido
objeto de reiteradas apreciações por parte da Jurisprudência dos
Tribunais e da Corte Superior que, em hipótese análoga, assim
entendeu:

“PROCESSO CIVIL – RECLAMAÇÃO –


DESCUMPRIMENTO DE DECISÃO DO STJ POR VIA
OBLÍQUA – PERTINÊNCIA – ASSEMBLEIA-GERAL
EXTRAORDINÁRIA PARA AUMENTO DE CAPITAL EM
DESACORDO COM O ACORDO DE ACIONISTAS.
1. A Segunda Turma, julgando recurso em mandado de
segurança, garantiu a manutenção do Acordo de
Acionistas firmado pelas parte quando, por licitação,
foram alienadas ações da empresa estatal, até o
julgamento final da ação na qual é pleiteada a
ilegalidade.
2. A pretensão do Estado do Paraná, como acionista
majoritário, de realizar aumento de capital da empresa,
mediante capitalização do Adiantamento para Futuro
Aumento de Capital - AFAC, trará como consequência a
diluição da participação acionária dos minoritários, o que
contraria o Acordo dos Acionistas.
3. Reclamação que tem por objetivo manter a decisão
colegiada da Segunda Turma do STJ.
4. Reclamação que se julga procedente.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 34


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(Rcl 3.016/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON,


PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/10/2009, DJe
24/06/2010)

O equívoco contábil do estudo econômico realizado pela


AMPLA AUDITORES S/C, portanto – em que pese tenha acertado
quanto à taxa de desconto oriunda dos Adiantamentos para Futuro
Aumento de Capital (AFAC’s) –, foi não considerar em suas premissas
de cálculo o resultado minimamente previsível ao tempo da realização
da AGE/1995 que adviria do processo de “positivação do patrimônio
líquido da sociedade”, vale dizer da não contabilização do vultosíssimo
valor de R$15.000.000,00 (quinze milhões de reais) oriundo do
empréstimo junto ao BNDES, o qual já se encontrava ao alcance da
sociedade, tendo como condição para sua liberação o próprio aumento
de capital deliberado por ocasião da assembléia geral extraordinária.

Se tais argumentos não fossem suficientes, vale reportar-


se às considerações feitas pelo perito em sua última manifestação, no
sentido de que estava diante de situação sui generis, porquanto, após o
decurso de mais de uma década de discussão judicial, provou a
realidade, por si só, que as premissas pessimistas e projeções
deprimidas da Ré, não se concretizariam diante dos números
alcançados pela CHP, puxados pela vertiginosa ascendência
mercadológica do Hotel Copacabana Palace já a partir do mesmo
exercício financeiro em que se deu a AGE/1995.

Eis os termos da afirmação feita pelo perito em sua


derradeira manifestação, através da qual corrigia premissa utilizada e
consolidava os demais termos anteriores do laudo formulado (fls.1891):

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 35


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“(...) Mas de fato, a argumentação técnica da ré procede.


Este perito analisou com acuidade os Pareceres Técnicos
Críticos e pedidos de esclarecimentos e, para responder a
contento, com embasamento técnico correto, as questões
colocadas, refez passo a passo todo o trabalho
desenvolvido de avaliação da Companhia Hotéis Palace.
(...)
Entretanto, em função dos trabalhos terem sido
desenvolvidos em cima dos resultados reais de
desempenho da Companhia a partir de 1995, este Perito
cometeu o equívoco de não computar em sua avaliação o
Adiantamento para Futuro Aumento de Capital existente
previamente a capitalização. Como o referido
adiantamento já fora capitalizado, não existia mais como
passivo a ser deduzido do fluxo de caixa futuro.
Entretanto, como o objetivo do trabalho foi de apurar o
valor por ação para o aumento de capital, este Perito
entende como procedente a crítica de que o saldo da
conta de Adiantamento deveria reduzir o valor de
avaliação da Companhia para depois se calcular o valor
por ação para a capitalização.”

De fato, inverídica a afirmação recursal da Demandada


no sentido de que o valor do capital emprestado pela Ré à sociedade a
título de Adiantamentos para Futuro Aumento de Capital – AFAC’s, não
tenha sido devidamente computado para o valor do preço de emissão
das novas ações.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 36


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Prossegue, então, o expert, respondendo à indagação da


Ré quanto a escolha do método de “fluxo de caixa projetado”, o qual
alega a Demandada, impertinente à hipótese, utilizando o louvado do
Juízo quadro demonstrativo dos anos subsequentes (1995 a 2004),
assim afirmando:

“Como exemplificado no quadro acima, os anos


subsequentes à data de avaliação, início de 1995,
mostraram que as premissas utilizadas para
projetar/avaliar o valor da Companhia Hotéis Palace
estiveram equivocadas.
Se houvesse, à época, consenso entre os acionistas
quanto às premissas e demais variáveis utilizadas na
avaliação da Companhia, certamente não se precisaria
ter avançado todos esses anos na discussão da lide.
Então, nesse contexto, este Perito entende que os dados
reais, nomeado de futuro realizado, é o parâmetro único,
indiscutível, para estabelecer o consenso quanto às
bases para se fixar o valor da Companhia Hotéis Palace
naquela data [janeiro/1995].”

Por fim, responde o perito à seguinte impugnação (item


vii) formulada pela Apelante/Ré (fls.1895/1896):

“O laudo do Sr. Perito Ronaldo Duarte Carneiro Monteiro


é imprestável, já que não existe avaliação pelo método de
fluxo de caixa descontado onde não é feita uma projeção.
A prova pericial deveria usar os dados e a conjuntura
econômica existente em 31/12/1994. É absolutamente

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 37


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errôneo imaginar que a ré, as autoras e seus respectivos


consultores pudessem, em janeiro de 1995, por ocasião
da AGE/1995, saber exatamente o que iria ocorrer nos
próximos 15 anos.”

“Comentários deste Perito:

É óbvio que as autoras, rés e seus respectivos


consultores não poderiam saber, em janeiro de 1995,
o que iria ocorrer nos próximos 15 anos, mas, as
premissas, em projeções, devem ser estabelecidas
com a máxima acuidade possível, fundamentadas na
competência e experiência dos profissionais
envolvidos nos trabalhos de projeção.
(...)
Entretanto, por muitas razões (...), os parâmetros e
premissas então adotados quando comparados com o
realizado demonstram divergência além do razoável.
Quando as premissas e outras variáveis para as
projeções e avaliação da Companhia foram definidas
à época pelos avaliadores e seus contratantes, houve
discordância de alguns acionistas minoritários, daí a
lide que avança há alguns anos.
A realidade dos anos passados, nominado de futuro
realizado, mostrou-nos a baixa correlação entre as
projeções feitas à época com as suas respectivas
realizações.
Em um caso atípico, estamos adiante em todos os
anos projetados e, nesse caso, não há como optar

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 38


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pelos dados projetados quando a realidade mostra-nos


que elas, as projeções, não se sustentaram
minimamente ao longo dos anos.”

Emblemáticas, mais uma vez, as conclusões do expert,


as quais simplesmente atendiam à soberania de fatos já ocorridos, vale
dizer, da insofismável superioridade do empirismo como elemento de
convicção.

Ora, nada melhor e mais concreto que a própria


realidade experimentada ao longo dos anos posteriores para
demonstrar-se o equívoco das premissas e métodos de cálculo
utilizados pela controladora Ré no apontamento da ordem de grandeza
econômica da CHP, de seu maior ativo (HOTEL COPACABANA PALACE)
e, por consequência, do valor unitário de cada ação em janeiro de 1995.

Olhando-se hoje “para trás”, percebe-se nitidamente que


as projeções e perspectivas constantes do estudo econômico formulado
pela AMPLA AUDITORES S/C para precificação do valor unitário da
ação da CHP em R$0,01 (um centavo) em janeiro/1995, foram
extremamente pessimistas e “descoladas” da mais mínima realidade
que, mesmo àquele tempo, se poderia projetar, fato insofismavelmente
confirmado pelo próprio passar dos anos, concluindo o perito que o
valor unitário de cada ação havia sido precificado vinte vezes menos do
que valiam à época, bem mais próximo, aliás, da própria prova
preliminar juntada na inicial da Ação Cautelar (o laudo da HORWATH
CONSULTING apontando o valor da ação em R$0,26 – vinte seis
centavos), e mesmo daquela antecipadamente produzida no curso da

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 39


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Cautelar (a qual apontava um valor unitário para as ações em R$0,33 -


trinta e três centavos).

A suma dos autos, portanto, é que, obviamente, não se


pode negar que a Ré/Apelante assumiu ao ingressar na sociedade no
início da década de 90, tarefa ingente e árdua de reerguer
empreendimento de grande porte e financeiramente deficitário, missão,
inclusive que, segundo consta, desempenhou satisfatoriamente,
iniciando processo de saneamento das contas e reinserindo o principal
ativo da CHP, o Copacabana Palace, no topo do mercado hoteleiro, mas
não parece menos certo, também, segundo historiam os autos, que,
após os pesados investimentos realizados ao longo de quase cinco anos,
entendeu a controladora por promover, sponte própria, verdadeiro
encontro de contas manu militari através da decisão de aumento de
capital da cia. com a precificação de cada ação sob a irrisória cifra de
R$0,01 (um centavo), vale dizer, equiparando o valor de mercado de
cada ação da sociedade à mais mínima unidade monetária decimal,
causando, assim, diluição exagerada e injusta da participação acionária
dos integrantes minoritários, o que, como demonstrou o laudo
econômico-contábil elaborado pelo perito Ronaldo Duarte Carneiro
Monteiro, afigurava-se até mesmo desnecessário já que o empréstimo
junto ao BNDES foi a causa eficiente da positivação do patrimônio da
cia.

Caracterizada, portanto, a conduta da sociedade


controladora Ré/Apelante, SEA CONTAINERS LTD., como violadora do
disposto nos Arts.115; 116, §único; 117, §1º, “c”; 170, §1º e 183 com
seus incisos e parágrafos da Lei 6404/76.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 40


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Sustenta a Apelante, ainda, que o comando acessório do


julgado, relativo aos juros de mora, encontra-se incorreto, porquanto
entende que estes devem ser de 0,5% (meio por cento) ao mês (6,0%
a.a) com fundamento no Art.1062 do CC/16 e com termo inicial na
sentença, e não no evento.

Com razão parcial a Apelante.

Com efeito, considerando-se os vínculos, a dinâmica


estatutária, e a regência da relação entre sócios e grupos de sócios com
o controlador no curso da vida societária, entrevê-se com grande nitidez
a existência de verdadeira pauta de condutas constante do Estatuto da
sociedade a indicar o quê e como devem proceder os componentes da
pessoa jurídica em todas as situações da vida social, ou seja, efetiva
relação contratual entre os agentes/personagens que atuam no seio da
sociedade, seja ela de pessoas, seja mesmo por ações.

A inexistência ou mínima ocorrência do interesse pessoal


(intuito personae) na composição da chamada affectio societatis nas
grandes corporações (sociedades por ações), conhecidas pela relevância
do componente monetário (intuito pecuniae), não autoriza a conclusão
de que inexista verdadeiro contrato entre aqueles que a compõem,
quando se sabe que a conduta de todo e cada sócio, muito
relevantemente em se tratando de deliberações sobre o rumo da cia. em
assembléia geral, deve atender aos princípios da boa-fé, transparência,
cooperação, fins sociais do direito ao voto, etc..., de modo que
insofismável a existência filosófica de relação contratual entre as
partes.

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 41


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Neste sentido, correta a alegação recursal de que os juros


de mora não possam fluir a partir do evento, afigurando-se inacolhível
também, por outro lado, a pretensão de que sejam dispostos somente a
partir da sentença.

É que, conquanto o valor do dano venha a ser


apontado/liquidado somente com o procedimento específico
determinado pela sentença, é fato que este apenas se mostrará como a
expressão econômica do ato ilícito praticado no passado, o qual, uma
vez reconhecido na sentença, reporta-se esta ao tempo da inicial com a
citação do Demandado (Arts.219, caput, CPC e 960, CC/16).

Assim é que os juros de mora na hipótese devem fluir a


partir da citação da Ré no processo ajuizado entre as partes, em
interpretação a contrario sensu da súmula 54, STJ.

Neste sentido, julgado da Corte Superior em hipótese


análoga:

“(...) Com relação ao cálculo da indenização, deve ser


utilizado como base o valor correspondente à melhor
cotação das ações no mercado financeiro, por configurar
situação mais favorável à satisfação do direito do
consumidor.
No entanto, a sentença fixou a observância do valor de
mercado das ações na data do efetivo pagamento, e com
isso se conformou o Autor, pelo que da decisão deve ser
mantida.

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APELO DOS AUTORES - JUROS DE MORA -


INCIDÊNCIA ADMITIDA A PARTIR DA CITAÇÃO -
EXEGESE DO DISPOSTO NOS ARTS.219 DO CPC, 960
DO CC/16 E 397, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO
CIVIL DE 2002 - APELO DESPROVIDO.
"Em se tratando de responsabilidade contratual, os juros
moratórios incidem a partir da citação" (STJ, REsp
959814/RS, Relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa)”. (
(...)
(Agravo em Recurso Especial (AREsp) nº 170535-SC/
Relator(a) Ministro SIDNEI BENETI, publ. em
25/05/2012 (2012/0089295-2)

Quanto à taxa de juros na hipótese, considerando-se que


o ajuizamento da ação já se deu sob a égide da Novel Lei Civil (2004),
inviável a pretensão de cisão dos regimes, devendo ser mantida a taxa
de juros de 1% (um por cento) ao mês a contar da citação para todo do
período, na forma do Art.406, CC/2003.

Por fim, inviável o reconhecimento de sucumbência


recíproca na hipótese.

É que, além do valor exato do quantum debeatur só vir a


ser futuramente apontado através do procedimento de liquidação de
sentença – o que autoriza o raciocínio de que o valor constante da
inicial, ainda que fundado em processo cautelar preparatório, seria
meramente indicativo –, não se pode admitir que o acolhimento parcial
do pedido de condenação formulado na inicial tenha trazido qualquer
ônus econômico-jurídico para o Autor, vale dizer, que a sociedade

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Demandada tenha também se tornado vencedora em parte em virtude


da sentença proferida.

Com efeito, nisto consiste a diferença entre sucumbência


parcial e sucumbência recíproca, sendo a hipótese em tela exemplo da
primeira figura.

Cabível, portanto, a incidência da norma do Art.21, §


único, CPC, a determinar a imposição dos ônus sucumbenciais
integralmente à Ré.

Merece, pois, ser parcialmente reformada a sentença


impugnada apenas para correção do regime dos juros de mora, mantido
no mais o decisum, correto que está em suas premissas e conclusões,
em sintonia ao contexto documental-probatório que deflui dos autos.

Por tais fundamentos, CONHECE-SE do Apelo e,


REJEITADAS as PRELIMINARES, DÁ-SE-LHE PARCIAL provimento
para, reformando em mínima parte a sentença, determinar a incidência
de juros de mora sobre a condenação, a partir da citação, mantida no
mais a sentença, inclusive quanto aos ônus sucumbenciais.

Rio de Janeiro, 05 de fevereiro de 2013.

MARIO ROBERT MANNHEIMER


DESEMBARGADOR RELATOR

Apelação Cível n.º 0101976-09.2004.8.19.0001 44

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