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A homeopatia, como método terapêutico tem como fundamento mais importante o princípio da
similitude, isto é, medicamentos preparados a partir de substâncias capazes de causar sintomas
semelhantes aos de uma patologia em um indivíduo sadio, poderiam curar estes mesmos sintomas,
quando administrados em doses muito pequenas, em um indivíduo doente. O preparo do
medicamento homeopático baseia-se na multidivisão da substância ativa por meio do processo de
diluição e sucussão, chamado de dinamização, onde as chamadas ultradiluições facilmente
ultrapassam o número de Avogadro e, portanto torna-se estatisticamente improvável encontrar uma
única molécula do insumo ativo ou do soluto nas mesmas. O polêmico modelo da memória da água
tenta explicar como haveria a retenção da informação do soluto na molécula de água. A verificação
deste mecanismo em sistemas biológicos, apesar de difícil comprovação, tem sido proposta para
verificação de tal fenômeno, desta forma nesta pesquisa, estudou-se a influência das diluições
homeopáticas nas reações Antígeno/Anticorpo (Ag/Ac) utilizadas para classificação do sistema
sanguíneo ABO, verificando-se a continuidade da reação Ag/Ac após diluição dos anticorpos A e B.
Tratou-se de um estudo descritivo dos assuntos relacionados ao tema, tendo como base livros e
artigos de periódicos, sendo utilizado na parte experimental o método Hahnemanniano para diluições
centesimais. Os testes foram efetuados no laboratório de farmacotécnica do ITPAC utilizando
hemácias industrializadas portadoras de antígenos A 1 e B e anticorpos reagentes Anti-A e Anti-B
que foram dinamizados de forma manual até a 100CH (centésima dinamização), não havendo
resultados positivos (aglutinação Ag/Ac) após a 2CH (segunda dinamização).
Palavras-Chave: Homeopatia. Memória da água. Reação Ag/Ac.
The homeopathy as a therapeutic method is based on the most important principle of similarity, this
is, medicines prepared from substances that can cause symptoms similar to a condition in a healthy
individual, could cure those same symptoms when given in doses much small in an individual
patient. The preparation of homeopathic medicine is based on multi division of the active substance
through the process of dilution and succussion, called dynamization, where the high dilutions easily
surpass Avogadro's number and therefore becomes statistically unlikely to find a single molecule of
the input asset or the same solute. The controversial memory model attempts to explain how water
would be the retention of information in the solute molecule of water. Verification of this mechanism
in biological systems, although difficult to prove, has been proposed to investigate this
phenomenon, so this research, we studied the influence of homeopathic dilutions reactions in
antigen/antibody (Ag /Ac) used for classification system ABO blood, verifying the continuity of the
reaction Ag /Ac after dilution of the antibodies A and B. This was a descriptive study of issues
related to the theme, based on books and journal articles, and is used in the experimental the
Hahnemannian method for centesimal dilutions. The tests were performed in the pharmacotechnics
laboratory at ITPAC, using the industrialized erythrocytes carrying antigens A1 and B antibodies and
reagents Anti-A and Anti-B that were streamlined to manually 100Ch (hundredth dynamization),
with no positive results (Ag/Ac agglutination) after 2CH (second dynamization).
Keywords: Homeopathy. Memory of Water. Ag/Ac Reaction.
mais filosófico do que prático. Era a medicina das 1796 (HAHNEMANN, 1842 citado por
sangrias e dos purgativos que na maioria das MURIAS, 2009; SILVA, 2006; FONTES, 2009;
vezes piorava o quadro clínico do paciente no FIGUEREDO, 2009; FARMACOPEIA, 2011). Neste
lugar de curá-lo. Por estes motivos, Hahnemann ano, Hahnemann, publicaria o artigo científico
exerceu a profissão de médico apenas por oito intitulado: “Ensaio para descobrir as virtudes
anos, dividindo o seu tempo com a clínica, o curativas das substâncias medicinais, seguido de
estudo da medicina e da química alguns comentários sobre os princípios curativos
(FARMACOPEIA, 2011). admitidos até nossos dias” (FONTES, 2009;
Em 1790, após já ter abandonado a FARMACOPEIA, 2011).
prática médica, a pedido de um de seus A homeopatia chegou ao Brasil em 1840
editores de Leipzig, Hahnemann realiza a pelo médico francês Dr. Benoit Jules Mure.
tradução do Tratado de Matéria Médica, em dois Naquela época, o Brasil não possuía autonomia
volumes, do médico escocês William Cullen, para a produção dos medicamentos, sendo as
considerado uma autoridade internacional na matérias-primas homeopáticas (tinturas, minerais,
composição e atividade das drogas medicinais vegetais) importadas, principalmente da Europa.
(KAYNE, 2006 citado por MURIAS, 2009; O cenário nos dias de hoje é bastante diferente e
SILVA, 2006; FONTES, 2009; FARMACOPEIA, vemos a homeopatia difundida em vários países
2011). pelo mundo. No Brasil, o preparo dos
Ao traduzir o artigo destinado à droga medicamentos homeopáticos é respaldado pela
antimalária Cinchona officinalis (quina), Farmacopeia Homeopática Brasileira que teve sua
Hahnemann fica impressionado com a afirmação primeira edição publicada em 1977 (FONTES,
de Cullen: “A quina cura a malária fortalecendo o 2009; FARMACOPEIA, 2011).
estômago, devido as suas propriedades amargas e A Ciência Homeopática continua em
adstringentes”. Hahnemann resolve testar em si franco desenvolvimento com trabalhos científicos
o uso do famoso pó de quina, tomando durante sendo realizados utilizando diferentes modelos,
vários dias, duas vezes por dia, quatro dracmas (o tais como: animais de laboratório, culturas de
equivalente a cerca de 17g.) da droga células, modelos físico-químicos, dentre outros.
(COUTINHO, 1993 citado por SILVA, 2006; RUIZ, Os ensaios clínicos, duplo-cego, randomizados e
2002; MURIAS, 2009; FONTES, 2009; placebo controlado foram e continuam sendo
FARMACOPEIA, 2011). feitos em várias partes do mundo, na busca da
Durante essa experimentação registra consolidação científica da homeopatia. Cientistas
todos os sintomas que desenvolve pelo uso da de todo o mundo vem desenvolvendo protocolos
quina, tais como: febre intermitente, fraqueza, visando à compreensão dos efeitos das
sonolência, tremores, e outros sintomas substâncias diluídas e dinamizadas utilizadas por
habitualmente associados à malária. Concluindo esta terapêutica que valoriza não apenas a doença,
que a quina poderia ser utilizada porque era mas, também o doente, com as suas
capaz de produzir sintomas semelhantes aos da suscetibilidades, fragilidades, heranças genéticas e
doença quando utilizado por um indivíduo de boa inconstâncias emocionais (FARMACOPEIA,
saúde, ou seja, “são” (COUTINHO, 1993, 2011).
Citado por MURIAS, 2009; FONTES, 2009; Portanto, a Homeopatia é uma ciência
FARMACOPEIA, 2011). que atende, desde o ano de 1790 aos critérios
Desta forma, Hahnemann resgatou a Lei científicos, estabelecidos originalmente por
Hipocrática da Semelhança: “Similia similibus Hahnemann que vem sendo comprovados pelos
curantur” e afirmou: “Os remédios só podem trabalhos científicos publicados nas últimas
curar doenças semelhantes àquelas que eles décadas (FARMACOPEIA, 2011).
próprios podem produzir”. Essa é a reflexão 3.1.2 Hahnemann
original que, junto à experimentação de Christian Friedrich Samuel Hahnemann,
medicamentos em pessoas sadias e sensíveis, considerado como o fundador da homeopatia,
permitiu a criação da homeopatia, no ano de nasceu a 11 de Abril de 1755, em Meissen, região
oriental da Alemanha. Após uma trajetória século XVIII, a ingestão de grandes quantidades
escolar bem sucedida, do qual se destacou o de mercúrio levou à morte George Washington e a
domínio de vários idiomas, nomeadamente um crescimento da popularidade do herbalismo
francês, italiano, inglês, espanhol, latim, grego, (Kayne, 2006, citado por MURIAS, 2009, Fontes,
árabe e sírio, em 1775, foi para a Universidade 2009).
Leipzig estudar medicina. Como forma de Hahnemann acabou por abandonar a
sustento financeiro ministrou aulas particulares de medicina tradicional em 1787, na medida em
línguas estrangeiras, traduzindo igualmente mais que a julgava empírica demais, tendo-se dedicado
de vinte importantes obras médicas e científicas aos enunciados e à prática da homeopatia (Fontes,
para a língua alemã (KAYNE, 2006 citado por 2009). Especialidade que teve sua popularidade
MURIAS, 2009; FONTES, 2009; FARMACOPEIA elevada após Hahnemann ter tratado 180
2011). casos de uma terrível epidemia de febre tifóide
Anos mais tarde, Hahnemann resolveu com o auxílio da homeopatia, perdendo apenas
prosseguir os estudos em Viena, na medida em um doente (Kayne, 2006, Citado por MURIAS
que a escola dessa cidade austríaca facultava 2009).
uma preparação mais científica. Procurando
aprofundar os conhecimentos, trabalhou 3.1.3 Os princípios
intensamente na prática médica, no hospital- De acordo com a filosofia homeopática
escola, tendo-se envolvido em tarefas diretas são quatro os princípios básicos da homeopatia, a
com os pacientes, o que não era comum entre os saber:
médicos da época. Ao aproximar-se das doenças e a) Similitude, similar cura similar ou Lei
dos doentes, procurou assim ter uma dos semelhantes
compreensão mais humanitária e racional da Tal como já foi mencionado anteriormente,
medicina (FONTES, 2009). a Lei dos Similares, igualmente designada por
Já em 1779, na Universidade de Earlagen, Princípio da Similitude ou Princípio da Analogia,
Hahnemann recebeu o grau de doutor em foi utilizada empiricamente, na medicina, desde
medicina após defender a tese intitulada tempos remotos. Hipócrates e Paracelsus
“Considerações sobre as causas e o tratamento dos difundiram, através das suas obras, a Lei dos
estados espasmódicos”. Nos anos seguintes, Similares. Contudo, foi Hahnemann quem
publicou uma série de trabalhos nas áreas da descobriu o seu mecanismo de aplicação e a sua
química e medicina e foi o responsável pela utilização científica na cura dos doentes
sistematização da farmacopeia alemã (FONTES, (Hahnemann, 1842 citado por MURIAS, 2009;
2009). RUIZ, 2002; FONTES, 2009; SILVA, 2006;
Em 1782, ponderou renunciar à prática da BASTIDE, 2006; SILVA e TEREZAN, 2007).
medicina devido à preocupação com a Em 1976, Hahnemann escreveu o “Ensaio
possibilidade de estar a fazer mais prejuízos do sobre um novo princípio de avaliação do poder
que benefícios aos pacientes. Nessa altura, a curativo de um fármaco”, publicado no
doença era vista como um invasor do Hufeland’s Journal, onde afirmava que ao
organismo, que devia ser combatido com um experimentar os medicamentos no organismo
produto químico ou um método considerado humano, deve-se proceder com a racionalidade
favorável, nomeadamente sangrias, purgantes, possível para desta forma se descobrir a
eméticos e ventosas. Os produtos químicos eram verdadeira natureza, o real efeito da substância
administrados em grandes quantidades, médica (Hahnemann, 1842 citado por MURIAS,
utilizando-se entre outros o arsênico e o 2009; FONTES, 2009).
mercúrio (Kayne, 2006 Citado por MURIAS, Afirmava ainda que na patologia a
2009; RUIZ, 2002). curar, especialmente se for crônica, deve-se aplicar
Deste modo, as evidências sugerem que a o medicamento passível de estimular outra
medicina da época se apoiava em fórmulas patologia, criada artificialmente tão similar
complexas e medicamentos tóxicos. No final do quanto possível, e a doença que desejamos ver
conclusão processual, especulando-se que em para trazer benefício ao ser humano doente. Esse
muito contribuíram os seus conhecimentos de conceito não difere muito do conceito de
química e alquimia (KAYNE, 2006 citado por medicamento homeopático. Porém, o
MÚRIAS, 2009; Fontes, 2009). medicamento comum promove sua ação
terapêutica agindo de forma estranha ao
d) Medicamento único organismo, de acordo com certa quantidade de
Durante a experimentação patogênica droga (FONTES, 2009).
testa-se apenas uma droga por vez, obtendo por O remédio homeopático visa prevenir ou
meio desse procedimento as características curar por meio de sua capacidade de ativar todo
farmacodinâmicas da substância testada. Por um complexo reativo natural. Para tanto, deverá
isso, Hahnemann administrava os medicamentos ser diluído e potencializado mediante uma
isoladamente, um por vez, acreditando ser mais farmacotécnica especial e utilizado de acordo com
racional e para impedir as interações entre os a lei dos semelhantes. Os medicamentos usados
diferentes medicamentos (FONTES, 2009). em homeopatia têm origem nos diferentes
Além disso, com o uso simultâneo de reinos da natureza, assim como nos produtos
dois ou mais medicamentos, fica químico-farmacêuticos, substâncias e/ou
impossível determinar, cientificamente, qual foi o materiais biológicos, patológicos ou não, além de
responsável pela cura. Entretanto, na prática, outros agentes de diferente natureza (FONTES,
nem sempre é possível encontrar o simillium 2009; VANDERLEY, 2010).
(FONTES, 2009). O Reino Vegetal constitui a maior fonte
A substância única produz sintomas na para a preparação de medicamentos
experimentação, que são resultados da sua homeopáticos. O vegetal pode ser usado inteiro
interação com a força vital de cada e/ou suas partes, nas diversas fases vegetativas,
experimentador (FONTES, 2009; MURIAS, tais como: parte supraterrânea, sumidade, folha,
2009). flor, pelo, casca, lenho, rizoma, fruto e semente.
O remédio único forma um dos Utilizam-se ainda seus produtos extrativos ou de
fundamentos mais importantes da homeopatia transformação: suco, resina, essência, etc. O
sob o ponto de vista médico-científico e o mais vegetal deve apresentar-se em estado hígido,
difícil de ser realizado na prática, pois exige do não deteriorado, isento de impurezas e
clínico, conhecimentos profundos da matéria contaminantes microbiológicos, conforme
médica homeopática. Modernamente a legislação em vigor. (FARMACOPEIA, 2011;
denominação de medicamento homeopático é FONTES, 2009)
atribuída após as fases de experimentação seguida O Reino Animal também é uma fonte
da publicação dos resultados em Matéria para a preparação de medicamentos
Médica Homeopática. Na etapa de homeopáticos, mas em menor quantidade. Os
experimentação, as ultradiluições não se animais podem ser utilizados inteiros, vivos ou
denominam medicamento, apenas substância não, recentemente sacrificados ou dessecados,
(FONTES, 2009). como também em partes ou ainda sob a forma de
produtos de extração e/ou transformação
3.2 Medicamentos homeopáticos (FARMACOPEIA, 2011; FONTES, 2009).
Para a medicina alopática, medicamentos O Reino Mineral fornece substâncias em
são produtos farmacêuticos tecnicamente obtidos seu estado natural e/ou sintéticas, decorrentes de
ou elaborados a partir de substâncias químicas, transformações químico-farmacêuticas. Os
sintéticas ou naturais, que ao promoverem produtos químico-farmacêuticos, soros, vacinas,
modificações, fisiopatológicas ou fisiológicas são culturas bacterianas, produtos opoterápicos,
direcionadas para o uso no tratamento, na medicamentos alopáticos, cosméticos e outros
prevenção ou no diagnóstico de doenças. Nessa também são utilizados na preparação de
concepção, as drogas dependem medicamentos homeopáticos (FARMACOPEIA,
fundamentalmente de sua constituição química 2011; FONTES, 2009).
substâncias, tais como, ponto de ebulição, “carregada” ainda é capaz de induzir alterações
solubilidade, pressão de vapor e até mesmo a mensuráveis na fisiologia e no crescimento das
energia correspondente às transições eletrônicas plantas, assim como, dos organismos vivos em
(PORTO, 2004; SILVA, 2006). geral, embora nenhuma substância física seja
A mudança de comportamento da água acrescentada (GERBER, 1988; DAVENAS et al.,
por adição de solutos em diluições extremas é 1988; BERDEN et al., 1997 citado por SILVA,
justificada com base na hipótese de que, 2006)
primeiramente, formam-se aglomerados de Hahnemann preparou altas diluições
moléculas do solvente ao redor da molécula do entendendo que nada da substância original
soluto que devem manter-se à medida que essa permaneceria. Porém, o poder curativo da
solução é diluída (ANAGNOSTATOS et al., solução estava ativo, ou seja, as impressões da
1997 citado por SILVA, 2006).
De acordo com Silva (2006), substância original seriam armazenadas
ultradiluição é o termo adotado principalmente na água. Assim, a água da solução diluída
nos estudos básicos de física, biofísica, biologia, introduzia os dados da informação da matéria que
imunogênese, dentre outros, tendo em vista tinha sido dissolvida nas várias diluições
evitarem conflitos com o uso terapêutico da (SCHWARCZ, 2002 citado por SILVA, 2006).
homeopatia. Segundo Guedes (2009), ultradiluição
é o efeito de uma solução, diluída acima do 3.5 O sistema sanguíneo ABO
número de Avogadro, que na dependência da sua Neste trabalho foi utilizado como modelo
dinamização (diluição com sucussão) pode experimental um sistema biológico complexo,
induzir um efeito celular supressivo ou baseado nas reações antígeno-anticorpo para
estimulante, com consequente obtenção de uma classificação do sistema sanguíneo ABO.
curva dose-efeito oscilatória. A determinação do fenótipo ABO pode ser
As ultradiluições podem alterar o feita pela detecção sorológica com o uso de
número de aglomerados de moléculas fazendo reagentes imuno-hematológicos, que irão
com que seja mais admissível a água ser identificar os açúcares específicos dos glóbulos
representada pela forma (H2O)n onde n indica o vermelhos, pela presença ou ausência das
número de moléculas de água que participa do substâncias -A, -B e -H no soro e/ou na saliva e
aglomerado. Com base nos resultados teóricos há pelas técnicas de adsorção e eluição. Diferentes
estabilização energética do sistema quando este níveis de expressão de antígenos A ou B nos
contém arranjos de “clusters” e não contrariam a eritrócitos podem ser encontrados, sendo
hipótese de que a água pode ser formada por chamados de subgrupos de A ou B, conforme a
descontinuidades locais (SILVA, 2006; GUEDES, intensidade de aglutinação dos eritrócitos com os
2009; SILVA et al., 2006). reagentes anti-A, anti-B, anti-AB, antiA1e anti-
Cada conformação espacial dos clusters H. (BATISSOCO; NOVARETTI, 2003).
originaria um campo eletromagnético específico,
influenciando as propriedades físico-químicas 3.5.1 Considerações sobre a genética do
da solução em questão (pH, densidade, sistema sanguíneo ABO
capacidade calorífica, viscosidade, acidez,
constante dielétrica etc.). Segundo essas pesquisas, Os grupos sanguíneos do sistema ABO são
os clusters de água também se estruturam a partir formados por antígenos definidos de acordo com
de substâncias não iônicas (LOSY e HUANG, 2000 a genética, a partir de alelos presentes num único
citado por FIGUEREDO, 2009). lócus ou então muito próximos entre si
Pela Farmacologia Informacional, (dificultando a crossing-over). Há vários grupos
admite-se que: a água contém informações sem sanguíneos herdados independentemente entre si.
presença das moléculas que deu origem a Alguns genes já apresentam a sua localização
informação. A água pode ser “carregada” com cromossômica conhecida. A manifestação
diversos tipos de informação sutil. A água
fenotípica dos antígenos pode ocorrer por um gene codifica a formação de enzimas que
dominância (VERRASTRO, 2005). adicionarão açúcares a substratos
Os antígenos eritrocitários podem induzir específicas para a sua diferenciação (BATISSOCO;
à formação de anticorpos (imunogenicidade), cuja NOVARETTI, 2003; VERRASTRO, 2005).
força irá depender da específicos) ou proteicos Os antígenos possuem composições
(decorrentes de ação direta de um gene) químicas que beneficiam a complementaridade
(VERRASTRO, 2005; MURO, 2009). com o anticorpo, através de ligações não-
Sob a ação de um gene H, há a covalentes. Essas interações são parecidas ao
codificação de uma enzima (fucosiltransferase) que acontece com reações envolvendo enzimas.
que adiciona um açúcar (L-fucose) ao açúcar Pacientes do grupo A1 portadores de
terminal de uma cadeia exploradora das hemácias contaminação por algumas bactérias podem
(tipo 2) ou de secreções (tipo 1), formando-se apresentar (por ação enzimática bacteriana) a
assim o antígeno H. A seguir, sob ação do gene A deterioração do antígeno A em galactosamina,
há a codificação de outra enzima (N- comportando-se como se fosse AB. Bactérias como
acetilgalactosaminiltransferase) que adiciona um P.vulgaris ou E.coli também podem produzir
açúcar (N-acetilgalactosamina) ao antígeno H, substâncias B-like que são adsorvidas às hemácias,
convertendo-o em antígeno A. Da mesma forma, originando o mesmo fenômeno (VERRASTRO,
sob a ação do gene B, há a codificação de uma 2005; MURO, 2009).
outra enzima (D-galactosiltransferase) que Na literatura, é relatada ainda a existência
adiciona um açúcar (D-galactose) ao antígeno H, de subgrupos de O, denominados de O1, O2 e O3,
transformando-o em antígeno B. O grupo sendo que recentemente uma série de outros
sangüíneo AB apresenta a atividade das duas alelos O tem sido pesquisados, acreditando-se que
transferases (A e B), enquanto o grupo O não são formados provavelmente devido a um
possui as transferases A e B, mas apresenta o crossing-over ou uma conversão gênica, eventos
antígeno H em grande quantidade na superfície esses que ocorrem entre os alelos conhecidos do
das hemácias (BATISSOCO; NOVARETTI, sistema ABO (BATISSOCO; NOVARETTI, 2003;
2003; VERRASTRO, 2005). VERRASTRO, 2005).
A conversão do antígeno H em A ou B não Os anticorpos são glicoproteínas
é idêntica em todos os indivíduos. Observa-se (Imunoglobulina – Ig) produzidas pelas células B
uma maior conversão de H para A do que de H em uma forma ligada à membrana, funcionando
para B; o mesmo se observa em relação aos como receptor de célula B (BCR) para os
subgrupos de A (A1 mais ativo do que A2). A antígenos. Eles protegem através da neutralização
concentração crescente de H nos diferentes e são impedidos de penetrar nas células e se
fenótipos se dá na seguinte ordem: replicarem. Anticorpos são produzidos de forma
A1B<A1,A2B<A1<0. Num fenótipo raro específica contra o antígeno que estimulou a sua
denominado de Bombay não há transformação da produção (MURO, 2009)
substância precursora em antígeno H, A e B nas Os anticorpos do sistema ABO
hemácias. (VERRASTRO, 2005). costumam ocorrer espontaneamente. Embora não
Existem ainda, vários subgrupos do estejam presentes ao nascimento, são detectados
antígeno A; os mais importantes são: A1 (80%) e no soro após três a seis meses de vida. Os títulos
A2 (19%). Embora o açúcar imunodominante de anti- A são maiores do que de anti-B.
seja o mesmo (N-acetilgalactosamina), é Indivíduos da raça negra produzem mais
admissível que ocorram diferenças quantitativas anticorpos do que os da raça branca
em nível de transferases. A caracterização do (VERRASTRO, 2005).
subgrupo A1 pode ser feita mediante reação No soro de indivíduos de cada um dos
positiva com o uso de lectina anti-A1 (Dolichos grupos, existem anticorpos chamados naturais:
biflorus) e embora não haja distinção de anti-A (em indivíduos do grupo B); anti-B (em
antígenos já são bem definidos bioquimicamente e indivíduos do grupo A); anti-A e anti-B (em
dividem-se em dois grupos: carboidratos (em que indivíduos do grupo O), sendo que os
somente na primeira dinamização (1CH), sendo teoria conhecida como “Memória da Água”,
negativa para as demais, demonstrando desta forma formulou uma hipótese, que teria sido comprovada
que não houve retenção da informação pela água por ele através de um modelo experimental de
que fosse capaz de promover a continuidade da degranulação de basófilos humanos induzida por
reação até a potência 100CH. anti-soro anti IgE diluído em concentrações acima
Apesar do resultado negativo neste trabalho, do número de Avogadro.
existem várias comprovações das altas diluições A curva oscilatória observada foi
seriadas seguidas de sucussão (método considerada um resultado positivo e a interpretação
Hahnemanniano) com alguns trabalhos mostrando do fato foi atribuída à chamada “memória da
que as diluições homeopáticas apresentam algum água”, termo que é lembrado como sendo a
tipo de ação. suposta explicação científica da homeopatia.
Belon (1999) avaliou a ação d Aspirina 5CH Segundo essa teoria, a água seria capaz de
sobre a coagulação sanguínea, observando, em armazenar informações sobre compostos nela
humanos, diminuição do tempo de sangramento. diluídos. Entretanto, desde a publicação original
Após vários experimentos, o autor concluiu que a de Benveniste na revista Nature até os dias de
Aspirina ultradiluída (9CH, hoje, não foi possível comprovar que, de fato,
15CH e 30CH) determina aumento da quando ultradiluímos a água na presença de um
agregação plaquetária, contrariamente ao efeito da ativo, seja ele de origem animal, mineral ou vegetal,
droga em doses ponderais, a qual diminui a as características deste ativo são mantidas pela
agregação, e que o efeito de doses ponderais da água e que por isso detectamos respostas
droga (100mg/Kg) pode ser totalmente inibido pela biológicas típicas da substância utilizada como
Aspirina 15 CH (ALMEIDA, 2007). ponto de partida. (BONAMIN, 2007;
Em outro estudo, o uso de Delphinum HOLANDINO, 2009; TEXEIRA 2011).
staphysagria ultradiluída sob condições Diante de resultados e opiniões controversas,
homeopáticas (dinamizada) acelerou o processo de cremos que estudos posteriores são necessários a
reparo cicatricial por segunda intenção em ratos fim de elucidar o mecanismo responsável pela
(SOUSA, 2009). atividade biomodulatória dos medicamentos
Outros resultados revelam que o mecanismo homeopáticos sobre os eventos biológicos.
de fotossíntese, importante na manutenção da vida
das plantas, foi influenciado pelas
ultradiluições, quanto à especificidade e quanto 5. CONCLUSÃO
ao conteúdo de energia ou informação, propiciado Os anticorpos anti-A e anti-B
pelo processo de dinamização, confirmando a utilizados para classificação do sistema
teoria de que a água “carregada” de informações sanguíneo ABO quando submetidos ao
sutis (ultradiluições) é capaz de induzir alterações processo de dinamização homeopático para
mensuráveis na fisiologia (SILVA, 2006). verificação da reação com os aglutinogênios
Em ensaios clássicos baseados em isoterapia de hemácias de fenótipo conhecido (A1 e B),
com o princípio das altas diluições homeopáticas,
não demonstraram ter a mesma avidez de
também foram observados efeitos contrários:
efeitos curativos foram constatados quando febre quando puros para a formação do complexo
do feno por pólen foi tratada com Pollen 30CH, Ag/Ac. Após sucessivas diluições seriadas
mas num modelo similar com pólen de bétula, chegando à potência de número 100 (100CH),
não foram observados efeitos curativos, mas o para ambos os anticorpos, o resultado da
aumento das manifestações clínicas. O mesmo aglutinação foi considerado positivo apenas
princípio experimental foi apresentado em plantas, para a primeira potência (1CH), desta forma
com o uso de nitrato de prata para estimular o não foi possível demonstrar, neste trabalho, a
crescimento do trigo (BASTIDE, 2006) retenção da informação pela molécula da
Para alguns pesquisadores, o reputado água sugerida pela polêmica teoria da
cientista francês Jacques Benveniste, com a
memória da água.