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COMPANHIA DE JESUS
ONTEM, HOJE, AMANHÃ
Editorial A. O. – Braga
Capa: JoeFox. brand consultants
Impressão
e Acabamentos: Tipografia Tadinense – Braga
Depósito Legal nº
ISBN 978-972-39-0704-9
Outubro de 2008
©
SECRETARIADO NACIONAL
DO APOSTOLADO DA ORAÇÃO
Largo das Teresinhas, 5 – 4714-504 BRAGA
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livros@snao.pt; www.apostoladodaoracao.pt
SESSÃO DE ABERTURA
A. da Costa Silva, S.J.
Esclarecimento prévio
2 – O contexto histórico
a – Político-Social
b – Cultural
c – Eclesial
Continuidade e inovação
Fontes
Conclusão
I Parte
Antecedentes históricos
Introdução
1
Cf. LETURIA, P., El Gentilhombre Íñigo López de Loyola en su patria
y en su siglo, Ediciones Labor, 1949, 45.
2
Cf. Ibidem, 95. Íñigo terá sido tonsurado ainda criança. A tonsura
era, nesta época, um rito eclesiástico com o qual se dava a pertença à
estrutura eclesiástica. Mediante o rito, o tonsurado passava, efectivamente,
a pertencer ao clero mas não no sentido que hoje damos à palavra, já
que não recebia o sacramento da ordem. Passava a ser, de certo modo,
um membro da instituição, sob o poder jurídico da hierarquia da Igreja
e dos seus tribunais e podia até receber um benefício eclesiástico (uma
espécie de salário) por parta da estrutura hierárquica. Mas esta condição
não implicava, por parte de quem a recebia, a decisão pela vida celibatária
nem pela futura recepção do sacramento da ordem. Cf. Ibidem, 47.
Cf. DIEGO, Luis de, «Ignacio de Loyola sacerdote: de ayer a hoy», in:
Manresa 63 (1991), 91.
3
«Era homem dado às vaidades do mundo […] com um grande desejo
de ganhar honra» (IGNACIO DE LOYOLA, Autobiografia in: Obras de
San Ignacio de Loyola, BAC, Madrid, 1997 6, [1], 100s.). Todas as citações
da Autobiografia serão feitas a partir desta edição, com a abreviatura Obras
Completas. Indicaremos entre [ ] o número do parágrafo original, seguido
do número de página da edição usada.
4
Cf. LETURIA, P., El Gentilhombre Íñigo López de Loyola en su patria
y en su siglo, Ediciones Labor, 1949, 85-97.
5
Obras Completas, [2], 101.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 57
2. Manresa e Barcelona
6
«Depois das suas sete horas de oração, ocupava-se em ajudar algumas
almas, que vinham ali buscá-lo, em coisas espirituais. […] Na mesma
Manresa, onde esteve quase um ano, depois que começou a ser consolado
por Deus e viu o fruto que fazia nas almas tratando-as, deixou aqueles
extremos que antes tinha; já cortava as unhas e os cabelos» (Ibidem,
[26.28], 117s).
7
Cf. Ibidem, [19-37] 113-122.
8
«Neste tempo conversava ainda algumas vezes com pessoas
espirituais, as quais tinham crédito e desejavam conversar com ele
[…]» (Ibidem, [21] 114). Também no período de Barcelona esta
atitude continuou: «Estando um dia ainda em Barcelona antes que se
embarcasse [para Jerusalém, via Itália] segundo o seu costume buscava
todas as pessoas espirituais, ainda que estivessem em ermidas da cidade,
para tratar com elas. Mas, nem em Barcelona nem em Manresa, por todo
o tempo que ali esteve, pode encontrar pessoas que tanto o ajudassem
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 59
4. A experiência de Paris
21
Cf. GARCÍA MATEO, Rogelio, «Mujeres en la vida de Ignacio de
Loyola», in: Manresa 66 (1994), 347; cf. SOTO, Wenceslao, «Ignacio de
Loyola y la mujer», in: Proyección 44 (1997), 306.
22
«Naquele tempo [em Paris] não o perseguiam como dantes. E a
este propósito, uma vez disse-lhe o doutor Frago que se maravilhava
de que andasse tão tranquilo, sem que ninguém o incomodasse. E ele
respondeu-lhe: – A causa é porque eu não falo com ninguém das coisas
de Deus; mas, terminado o curso, voltaremos ao mesmo de sempre»
(Obras Completas, [82] 155).
23
Título do óptimo artigo de José Garcia de Castro: «Los primeros de
París: amistad, carisma y pauta», in: Manresa 78 (2006), 253-275.
66 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
24
Pedro Fabro foi ordenado presbítero em 30 de Maio de 1534,
depois de ter feito, entre Janeiro e Fevereiro do mesmo ano, Exercícios
de mês com Inácio (cf. GARCÍA DE CASTRO, José, Pedro Fabro, la
cuarta dimensión: orar y vivir, Editorial Sal Terrae, Santander 2006, 133.)
Significa então que, desde a chegada de Íñigo a Paris em Fevereiro de
1528, haviam passado cerca de seis anos durante os quais se foi plasmando
a relação de amizade, camaradagem, serviço apostólico e estudo, sem que
nenhum deles fosse presbítero embora, sem dúvida, essa opção estivesse
presente como possibilidade de serviço a Deus e aos outros. Fabro é disso
a prova. Mas a opção pelo sacerdócio como ministério não pode, de
modo algum, absorver ou reduzir a componente laical dos anos de Paris.
Alguns dos primeiros companheiros de Paris que fizeram o voto de 1934
haviam recebido a tonsura (Inácio, Xavier e Bobadilla; ver GARCÍA DE
CASTRO, José, «Sacerdócio en ejercicio. Los primeros sacerdotes jesuitas»,
in: Manresa 74 [2002], 342ss.). Esse facto, tecnicamente, fazia deles
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 67
clérigos. Mas naquela época, como se disse, esse rito significava sobretudo
uma certa dignidade e o direito a um benefício pecuniário. Não implicava
de si a opção discernida da futura ordenação presbiteral. A importância
destes anos de «comunidade laical» para o perfil apostólico do grupo fica
patente quando se considera que, apenas dois meses e meio depois da
ordenação de Fabro, em 15 de Agosto de 1534, o grupo dos primeiros
fazia em comum os seus votos em Montmartre. E nos testemunhos que
temos desse voto e do seu contexto, reina um impressionante silêncio sobre
o tema do sacerdócio como decisão individual ou colectiva. Este silêncio
não significa que o desejo de se ordenarem esteja ausente. Simplesmente
não ganha protagonismo. Do que não há dúvidas é que queriam «gastar a
sua vida a ajudar as almas» (cf. Ibidem, 347-350).
25
Segundo Simão Rodrigues, Inácio «como a pessoa já mais
experimentada em trabalhos, sempre os outros companheiros o tiveram
como pai e guia em todas as coisas, e depois o elegeram por Geral» (MI
Font. narr., III, 10).
68 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
26
Cf. Obras Completas, [85], 157.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 69
27
Inácio e Fabro partilhavam não só o mesmo quarto (também com
Xavier), mas ainda «a mesma mesa e a mesma bolsa». Com o fruto das
peregrinações de Inácio à Flandres e a Londres, de onde trazia esmolas
com as quais podia subsistir em Paris, chegou a ajudar Fabro. Cf. MI
Fabri Monumenta, Mem. [8], 493. Cf. GARCÍA DE CASTRO, José,
«Los primeros de París: amistad, carisma y pauta», in: Manresa 78 (2006),
257s.
Laínez dirá que esse tempo se caracterizava por «termos especial amor
uns aos outros e ajudar-nos temporalmente no que podíamos» (Ibidem,
262s.).
70 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
tal como ele é, porque aí é o lugar onde Deus trabalha por Ele
e quer ser servido nos outros.
Cristo Crucificado e Ressuscitado é o centro dos Exercícios.
É Ele, servidor passivo e activo, carregado com a Cruz e glori-
ficador do Pai, a pessoa que congrega, aceita e envia em missão
pelo mundo. É este sacerdócio da cruz de Cristo que motiva
mais que tudo. Aqui está o modelo da disponibilidade à mis-
são, da pobreza evangélica, da retribuição amorosa e operosa
de si. Pelos Exercícios todos são introduzidos numa gramática
espiritual, numa mesma espiritualidade e nas suas implicações
práticas. Ganham um vocabulário comum, um modo específico
de relação com Deus (contemplação de Cristo e discernimento
desde o mundo interior e exterior), um meio para se deixarem
conduzir para aquilo que Deus há-de vir a querer de cada um
deles e do grupo como um corpo. Têm todos o mesmo desejo
e decisão: ajudar às almas.
28
Cf. MI Fontes narr., VII, 184.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 71
29
Sobre este silêncio textual relativo à opção do ministério ordenado
ver GARCÍA DE CASTRO, José, «Sacerdocio en ejercicio. Los primeros
sacerdotes jesuitas», in: Manresa 74 (2002), 347ss. Alguns autores
consideram que a opção pelo voto de castidade está implícita no voto de se
dedicarem ao serviço de Deus e da ajuda às almas e que a decisão comum
de se dedicarem ao serviço apostólico tem implícita, já aqui, uma decisão
pelo sacerdócio ordenado, precisamente em função do serviço (cf. Ibidem,
347; cf. O’MALLEY, John W., Los primeros Jesuitas, Ediciones Mensajero
– Editorial Sal Terrae, Bilbao 1993, 50; cf. KOLVENBACH, Peter Hans,
«En el 450 aniversario de los votos de Montmartre», in: Selección de escritos
(1983-1990), Madrid 1992, 33; Cf. DIEGO, Luis de, «Ignacio de Loyola
sacerdote: de ayer a hoy», in: Manresa 63 [1991], 91).
72 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
33
Cf. HIRSCHFELD, José García, «Origen de la comunidad en la
Compañía de Jesús», in: Manresa 63 (1991), 402.
74 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
38
O papel das Confrarias na Idade Média encontra-se tratado em ampla
bibliografia. Cf. Ibidem, 239, nota 151. J. Iturrioz afirma que nesta altura
«em quase todas as cidades de Itália havia uma ou várias Companhias»
(ITURRIOZ, J., «Compañía de Jesús. Sentido histórico y ascético de este
nombre», in: Manresa 27 [1955], 46).
39
O’MALLEY, John W., Los primeros Jesuitas, Ediciones Mensajero
– Editorial Sal Terrae, Bilbao 1993, 240.
76 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
40
Ibidem, 241.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 77
41
«Em 1540, Inácio promoveu por carta, na sua Azpeitia natal,
a Confraria do Santíssimo Sacramento, fundada em Roma pelo
Dominicano Tommaso Stella, apenas dois anos antes. En 1541, ele e
outros cinco jesuítas afiliaram-se a essa mesma Confraria na Igreja de Santa
Maria da Estrada, onde fica hoje o Gesú. Mais ou menos por esse tempo,
Inácio ingressou na Confraria do Espírito Santo, agregada ao hospital
do mesmo nome e pagou dinheiro suficiente para garantir a sua filiação
durante os seguintes vinte anos. […] Os Jesuítas não só colaboraram com
as Confrarias existentes de maneiras muito variadas, inclusive ajudando a
reformá-las, mas ainda se responsabilizaram directamente pela fundação
de muitas novas « (Cf. Ibidem, 241; 243).
42
Cf. Constituições da Companhia de Jesus, 651. É interessante a leitura
que faz John O’Malley desta mudança de atitude: «Esta política [de
dissuadir a que os Jesuítas se filiassem nas companhias] indicava também
que os Jesuítas acreditavam que os seculares eram capazes de dirigi-las
por si mesmos» (O’MALLEY, John W., Los primeros Jesuitas, Ediciones
Mensajero – Editorial Sal Terrae, Bilbao 1993, 242).
78 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
43
Inácio também iniciou a Compagnia dei SS XII Apostoli e os Jesuítas
fundaram bastantes outras. Cf. ITURRIOZ, J., «Compañía de Jesús.
Sentido histórico y ascético de este nombre», in: Manresa 27 (1955), 46.
44
Daqui haveriam de surgir as primeiras mulheres Jesuítas da história,
lideradas pela viúva catalã Isabel Roser. Apesar de ser uma experiência de
muito curta duração, as peripécias do processo – que começou por desejo
e ordem do Papa Paulo III, o qual deu ordem ao P. Inácio para receber
os votos religiosos dessas senhoras – deixaram em Inácio a convicção de
que a Companhia de Jesus nunca poderia no futuro ser obrigada a aceitar
mulheres com votos de obediência feitos ao Padre Geral.
45
E este não foi caso único: Silvestre Landini fará o mesmo criando uma
associação para estudantes, com o mesmo nome, em 1549. Cf. O’MALLEY,
John W., Los primeros Jesuitas, Ediciones Mensajero – Editorial Sal Terrae,
Bilbao 1993, 243.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 79
46
Cf. ITURRIOZ, J., «Compañía de Jesús. Sentido histórico y ascético
de este nombre», in: Manresa 27 (1955), 46; Cf. CHAUVIN, Charles, «La
maison Sainte-Marthe. Ignace et les prostituées de Rome», in: Christus 149
(1991), 120s.
80 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
47
É o caso de Isabel Roser e de Leonor Osório, esposa de Juan de
Vega, embaixador de Carlos V em Roma e do próprio Embaixador, entre
outras. Cf. GARCÍA MATEO, Rogelio, «Mujeres en la vida de Ignacio de
Loyola», in: Manresa 66 (1994), 347.
O caso da Princesa Joana de Áustria, a única mulher que foi recebida
por Santo Inácio e morreu, efectivamente, com estatuto formal de Jesuíta
mas viveu como leiga, tem também contornos interessantes para o tema da
colaboração na missão, até pelo muito que ajudou a Companhia de Jesus
em momentos difíceis. Mas, até porque morreu como religiosa Jesuíta
embora vivesse no seu contexto, tal incursão sairia fora do âmbito deste
trabalho.
48
Cf. CHAUVIN, Charles, « La maison Sainte-Marthe. Ignace et les
prostituées de Rome», in: Christus 149 (1991), 120s.
49
«Para Inácio, não é tão decisiva a distinção de estados na Igreja
(distinção que certamente não ignora), quanto a preocupação por ajudar a
conseguir que nos distintos estados e variadíssimas situações em que cada
um se encontra (por eleição divina, claro) busque o maior serviço divino.
Isto implica sempre a atenção ao existencial, não partindo nunca de uma
concepção “essencialista” e “descendente”, mas antes “existencialista” e
“ascendente”. O mais decisivo é, uma vez feita a eleição de estado, ter a
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 81
*
Procurámos dar um quadro, sucinto e compacto, da exis-
tência de uma relação apostólica entre Jesuítas e Leigos que re-
monta à origem e ao carisma de Inácio. Iremos agora ver como
este impulso à mútua colaboração Jesuítas-Leigos se recuperou
no século XX e abriu a novas e criativas dimensões apostólicas
e de serviço à missão de Cristo.
Education: http://woodstock.georgetown.edu/publications/report/r-
fea68.htm)
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 83
II Parte
A mudança operada desde o Concílio Vaticano II
52
Pio X, Encíclica Vehementer nos, ASS 39 (1906), 8-9.
84 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Modelo 1
Jesus
Papa
CJ
Clero
Religiosos
Leigos
Não
cristãos
53
O Código de Direito Canónico de 1983 é uma consequência jurídica
da nova compreensão da Igreja nascida do Concílio Vaticano II. O direito
de associação dos fiéis, entre outros muitos cânones que se poderiam citar,
ilustra bem o novo estatuto dos leigos dentro da orgânica institucional.
86 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
54
A CG 31 da Companhia de Jesus reuniu-se para a primeira sessão
de 24 de Maio a 15 Junho 1965 e para a segunda sessão de 8 Setembro
a 17 de Novembro de 1966. O Concílio Vaticano II foi oficialmente
encerrado a 8 de Dezembro de 1965.
55
Cf. CG 31, d.33, Introdução.
56
«Recomenda-se uma ampla e sincera colaboração com os leigos. Nas
obras da Companhia os seculares devem associar-se de algum modo à nossa
própria responsabilidade de animá-los, orientá-los e dirigi-los» (CG 31,
d.21, n.9); «A CG […] deseja uma maior colaboração com os leigos no
apostolado» (GC 31, d.23, n.8); «fomente-se entre nós a mútua cooperação
[…] também com os outros religiosos, com os sacerdotes diocesanos e com
os leigos […].»
88 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Jesus
Não
cristãos
Clero
Religiosos
Papa CJ
Leigos
58
O texto da CG 31ª não acrescenta outros pormenores. Assim não
é possível, por esta fonte, saber se são homens ou mulheres, o seu estado
civil, se membros de comunidades de espiritualidade inaciana, assalariados
em obras da Companhia, etc.
59
A expressão «que os una a si» parece indicar que não está ainda
desenvolvida nesta época, pelo menos ao nível dos documentos, uma
consciência de reciprocidade neste tipo de união apostólica. Para isso
deveria também constar o desejo explícito da Companhia se unir a esses
leigos, como resposta recíproca ao movimento que surge do exterior.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 91
60
ARRUPE, Pedro, «Discurso del P. General sobre “Relación de la
Compañía con el Laicado”», in: Congregación General XXXI. Documentos,
Editoral Hechos y dichos, Zaragoza 1966, 279.
61
Ibidem, 279s.
62
Cf. Ibidem, 280s.
92 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
63
Ibidem, 281.
64
«A Companhia está obrigada por dever de serviço para com o
Laicado, e deve-o exercer segundo a mente do Concílio e dos Bispos»
(Ibidem, 279).
65
No conjunto formado pelos decretos 33 e 34 e pelo referido discurso
do P. Arrupe, usa-se em quatro situações o termo «missão»: 1) os leigos
têm parte própria na missão da Igreja; 2) os Jesuítas recebem ajuda dos
leigos para sentir mais vivamente a sua missão; 3) é preciso formar os leigos
para que eles possam cumprir a sua missão; 4) a fraternidade apostólica dos
Jesuítas com os Leigos está fundada na unidade da missão da Igreja.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 93
66
CG 31, d.33, n.7.
67
Os índices consultados são da edição COMPAÑÍA DE JESÚS,
Congregación General XXXII de la Compañía de Jesús, Editorial Razón y Fe,
Madrid 1975.
94 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
75
Cf. CG 34, d.1, n.1, n.3.
76
Cf. CG 34, d.1, n.1.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 97
77
Cf. CG 34, d.1, n.2.
78
Cf. CG 34, d.1, n.3.
79
Cf. Ibidem.
80
Cf. CG 34, d.2, n.7-13.
81
Cf. CG 34, d.13, n.3; d.26, n.15-17.
98 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
84
No mesmo discurso de Howard J. Gray, citado anteriormente, faz-se
uma confidência interessante sobre a génese do Dec. 13 da CG 34. Afirma
que durante a produção do decreto, ao tentarem delinear o texto sobre a
participação laical, sentiam que lhe faltava qualquer coisa. Algo não batia
certo. E diz: «Nas conversas finais alguns diziam: nós estamos tratando
sobre o tema de os leigos nos ajudarem mas não é aí que está o futuro. É
se os leigos nos deixarão ou não a nós ajudá-los a eles. Essa é a Igreja do
futuro que, de muitos modos, tal como o documento delineia, será a Igreja
das leigas e dos leigos» (GRAY, Howard J., Lay-Jesuit Collaboration in
Higher Education: http://woodstock.georgetown.edu/publications/report/
r-fea68.htm).
100 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
87
Este discurso foi realizado no dia 7 de Outubro de 2004, na
Universidade de Creighton. KOLVENBACH, Peter Hans, «Cooperating
with each other in Mission: celebrating 125 years of Jesuit–Lay Partnership
in Omaha», in: CIS 107 (2004), 12.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 101
88
Ibidem.
89
Cf. RAPER, Mark, Collaboration with Laity in Mission, Discussion
Paper for the Congregation of Provincials in Loyola, Spain, November
2005. O P. Raper, à época Provincial da Austrália, apresentou neste
documento de trabalho o estado da questão na sua província no que
respeita à colaboração Jesuítas–Leigos.
102 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Religiosos
Institutos
Seculares
Leigos
Companhia
de Jesus
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 103
90
As recomendações feitas pela Congregação de Procuradores
reunidos com o P. Geral Kolvenbach, em Loyola, em 2005, e tendo
em vista a próxima CG 35, no que respeita às relações Jesuítas-Leigos
pediram, entre outros aspectos, que se esclarecessem alguns aspectos
terminológicos (tais como «novo sujeito apostólico») e os diferentes tipos
de relações com os colaboradores. Cf. Carta do P. Geral aos Superiores
Maiores 2006/01.
91
Cf. IVERN, Francisco, «Al servicio de la vocación laical», in CIC 107
(2004), 22.
104 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
92
«A Companhia de Jesus considera como uma forma de colaboração
dos leigos na missão, entre outras possíveis, a constituição de um especial
“vínculo jurídico” pessoal de algumas pessoas leigas, estejam ou não
associadas entre si, que as una estreitamente com ela, em ordem a conseguir
determinadas finalidades apostólicas. Recomenda-se que, seguindo
as orientações dadas pela Congregação Geral, se façam experiências
neste sentido e que se avaliem no futuro» (Normas Complementares da
Companhia de Jesus, n. 310).
93
Cf. NC, 310.
106 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
espirituais, quanto sair de seu próprio amor, querer e interesse» (EE, 189).
95
Cf.RAPER, Mark, Collaboration with Laity in Mission, Discussion
Paper for the Congregation of Provincials in Loyola, Spain, November
2005.
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 109
96
Foi possível aceder a testemunhos de províncias tão distintas como
Brasil Central, Austrália, Castilla, Bética, Oregon, Grã-Bretanha, Portugal
que, no geral, fazem uma avaliação positiva da sua colaboração com leigos,
apesar de serem experiências relativamente recentes.
112 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
«O amor deve-se pôr mais nas obras que nas palavras»; «con-
siste na comunicação recíproca, a saber, em dar e comunicar
a pessoa que ama à pessoa amada o que tem ou do que tem
ou pode; e, vice-versa, a pessoa que é amada à pessoa que
ama; de maneira que, se um tem ciência, a dê ao que a não
tem, e do mesmo modo quanto a honras ou riquezas; e assim
em tudo reciprocamente, um ao outro» [EE 230, 231].
A incorporação dos leigos na missão da Companhia de Jesus 113
A COMPANHIA DE JESUS
E O BINÓMIO FÉ-JUSTIÇA
Hermínio Rico, S.J.
A fórmula
A «fé que actua pelo amor», como diz a Carta aos Gálatas
(5, 6), não se pode anunciar a sério sem promoção da justiça,
ou então transforma-se em palavras vazias.
Fundamentação bíblica há muita mais. Basta lembrar a pa-
rábola do Bom Samaritano (Lucas, 10), a parábola do juízo fi-
nal em Mateus, 25, a 1ª Carta de S. João 4, 20 («aquele que não
ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem
não vê»), a Carta de S. Tiago, etc.
Serviço presbiteral da fé
Por isso,
Na Fórmula do Instituto
3. Antecedentes
4. Desafios e dificuldades
5. Congregação Geral 33
E, portanto:
7. Conclusão
PEDRO FABRO:
IGREJA E COMPANHIA DE JESUS
ENTRE REFORMA E CONTRA-REFORMA
D. Manuel Clemente
1
Cf. CLEMENTE, Manuel – A Igreja no tempo. História breve da Igreja
Católica. Lisboa: Grifo, 2000, pp. 75-78: «Junte-se a descrença na capaci-
dade humana para a compreensão de Deus e para a colaboração na obra
da própria salvação; a relevância da Escritura, considerada como veículo
exclusivo para trazer, ao homem angustiado e pecador, a certeza da sua jus-
tificação por Deus […]; e a espiritualidade […] pouco ou nada eclesial, que
vimos expandir-se no final da Idade Média. Ter-nos-emos aproximado das
raízes da ruptura luterana, entre 1512 e 1520. Destas raízes brotaram as suas
três afirmações fundamentais. O homem só é justificado pela acção de Deus
em Jesus Cristo, mediante a adesão da fé; a Palavra de Deus é o único veículo
dessa mensagem salvífica; não há na Igreja outro sacerdócio que não seja o
do louvor comum dos fiéis […]. Estas três proposições foram entendidas
pela Igreja Católica como unilaterais. Certamente que é Deus quem justifica
o homem pecador, […] mas não é menos verdade que Deus, nem é total-
mente incompreensível, pois deixou nas criaturas a marca da sua grandeza,
nem dispensa o homem de participar na própria salvação: o mérito sobrena-
tural vem da graça, mas supõe a acção do homem. […] A Palavra foi escrita
pela Igreja, divinamente inspirada, e com o entendimento da Igreja. Teste-
munha uma fé que é comum, e, por isso, não pode ser captada, nem muito
menos interpretada, pela opção de cada qual; só o será no contexto eclesial
da Tradição. […] O sacerdócio comum dos fiéis resulta da santificação que
o sacerdócio de Cristo, também presente nos ministros ordenados, lhes
proporciona. […] Estas as principais respostas que a teologia e o magistério
católicos deram a Lutero – e, por semelhança, aos outros reformadores pro-
testantes no Concílio de Trento (1545-1563). Nos nossos dias, felizmente,
o diálogo ecuménico tem podido aproximar católicos e protestantes, mesmo
no ponto fundamental do entendimento da salvação (justificação)».
150 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
dum notável historiador da Igreja: «Hubert Jedin (+ 1980) accepte les deux
vocables de Réforme catholique et de Contre-Réforme […]. La Reforme
catholique, comme Selbstbesinnung (reprise par l’Église catholique de ce
qu’elle est) comprenait pour lui plusieurs phases. La première trouve
ses racines à la fin du Moyen Age avec la devotio moderna et le retour à
l’observance des ordres religieux. À partir de 1540, c’est la préparation
plus rapprochée avec la fondation des Jésuites et l’affermissement du
dessein réformateur de la papauté. La troisième coïncide avec la réunion
du concile de Trente, et la quatrième, qui débute avec la mise en oeuvre
des décisions conciliaires, s’étend ensuite sur la longue durée. La Contre-
-Réforme est un phénomène d’autodéfense (Selbsbehauptung), qu’on peut
faire débuter dès 1520 avec les controverses contre Luther, puis la création
de l’Inquisition roainde en 1542 et le développement de l’Index des livres
prohibés» [BEDOUELLE. Guy – La Réforme du catholicisme (1480
–1620). Paris: Cerf, 2002, p. 17]. E à sugestiva síntese de Pierrard: «Ora, a
ideia de reforma, tão velha como a Igreja, tinha no século XV mergulhado
nas profundezas da sociedade cristã. Depois da ruptura entre católicos e
protestantes, a reforma foi prosseguida “nos dois lados da barricada por
um bom número de almas sinceras e pacíficas preocupadas em cumprir
a mensagem de Jesus Cristo […]” (A. Willaert). Por isso, verificou-se ao
Pedro Fabro: Igreja e Companhia de Jesus... 151
todos e cada um dos que trazem algo de seu ao seu culto ex-
terior, seja o trabalho das próprias mãos, seja a dádiva do seu
dinheiro, sejam as suas directivas, ou qualquer outra coisa»
(Memorial, 87)4.
Ainda que Fabro tivesse clara consciência das fraquezas do campo cató-
6
SENTIR A IGREJA
Vasco Pinto de Magalhães, S.J.
ESQUEMA
Qual é a questão?
O «sentir» inaciano
. na espiritualidade de Inácio
. na sua história pessoal
. no contexto sócio-religioso da Reforma e do Humanismo
renascentista
. «dão-se Regras» para «sentir»
. uma pertença obediencial, em disponibilidade para a
missão
. a partir de Roma
Duas histórias
. uma pessoal
. outra bíblica: a casa do Pai
TEXTO
SENTIR A IGREJA
Qual é a questão?
O «sentir» inaciano
Duas histórias
Introdução
1. Carisma e instituição
1
«Os Primeiros Padres»: os primeiros seis companheiros de Inácio de
Loiola: Pedro Fabro, Francisco Xavier, Simão Rodrigues, Tiago Laynez,
Afonso Salmerón, Nicolau Bobadilla. Algum tempo depois, juntam-se ao
grupo Cláudio Jay, Pascual Broet e João Codure.
176 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Senhor nosso Deus, pródigo nos seus dons, terá dado também
aos outros o dom de se identificarem com o carisma de Inácio
e de o compartilharem num estilo de vida próprio, na amizade
de uns pelos outros e na missão comum que todos assumiram.
Talvez possamos então concluir: a criação da Companhia de
Jesus e a sua institucionalização como ordem religiosa na Igreja
do século XVI é obra dos dez primeiros companheiros. Mas o
carisma fundacional é exclusivo de Inácio de Loiola.
3
Cf. nota 2.
Pedro Fabro e o carisma da Companhia de Jesus 179
2. O carisma da Companhia
Qual será essa grelha de leitura que levou Inácio a ser o que
é e a comunicar aos outros o que ele próprio viveu? A resposta
não é fácil, mas arrisco um ponto de vista: é o próprio Cristo,
Rei e Senhor universal, cujo eixo fundamental de vida, à volta
do qual se movem todas as suas decisões e todos os seus passos,
é a vontade do Pai. «O meu alimento é fazer a vontade daquele
que Me enviou e consumar a sua obra» (Jo 4, 34). «Desci do
Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele
que Me enviou» (Jo 6, 38). Na kenose de todo o seu ser divino,
o homem Jesus de Nazaré, unido ao Pai, com o qual é um só,
vive continuamente em atitude de escuta e de discernimento
dessa vontade. A sua liberdade é total para a seguir, a ponto de
dar a vida livremente (Jo 10, 18).
Acrescento, como parte integrante do carisma de Inácio,
a experiência dos sentidos espirituais na contemplação e, por
isso, na assimilação do mistério de Cristo. «Não é o muito
saber que farta e sacia a alma, mas o sentir e gostar as coisas
internamente» (EE 2). Quem saboreia as coisas por dentro,
mais facilmente se entusiasma pelo seguimento de seu Senhor.
E quanto mais se entusiasma, mais deseja conhecê-Lo inter-
namente para mais O amar e seguir. A contemplação inaciana
180 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
terreno fértil. A pessoa nem sabe como ela aparece e nada fez
de concreto que se possa apresentar como causa. Permite-lhe
estar presente, toda inteira onde está, sem pressa existencial
de passar adiante, como se o presente lhe não agradasse e
quisesse fugir dele. Pelo contrário, compreende então o gosto
pela vida. Está simultaneamente em si e fora de si, presente
ao outro, capaz de lhe abrir a interioridade e, reciprocamente,
de entrar na dele, se lhe for permitido. Dessa forma, unidade
e discernimento dão-se as mãos. Em ambos reside a liberda-
de dos filhos de Deus que compreende ser o sábado para o
homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27). Liberdade
também para estar em campos de fronteira e assumir os riscos
inerentes a quem vive para dar a vida.
Introdução
4
XAVIER-doc 15, n. 6: «Junto desta cidade (Melinde), ergueram os por-
tugueses uma cruz grande de pedra, dourada, muito formosa. De vê-la, Deus
Nosso Senhor sabe quanta consolação recebemos – conhecendo quão grande
é a virtude da cruz, vendo-a assim sozinha e com tanta vitória entre tanta
mouraria». Refere-se ao padrão aí erguido por Vasco da Gama em 1498.
O monumento actual é de época mais recente.
5
XAVIER-doc 15, n. 9-11. Já queria lá ficar: «Disse ao senhor Gover-
nador que me desse licença, que eu queria ficar ali, pois achava messe tão pre-
parada. Mas, porque a esta ilha vêm turcos, e não é habitada de portugueses,
para não me deixar em perigo de que me levassem preso os turcos, não quis o
senhor Governador que me ficasse naquela ilha de Socotorá» (ib. n. 10).
6
XAVIER-doc 15, nn. 5, 12, 13. «Chegamos à Índia, a Goa, que é uma
cidade toda de cristãos, coisa para ver. Há um mosteiro de muitos frades da
Ordem de S. Francisco e uma Sé muito honrada e de muitos cónegos e outras
muitas igrejas. Coisa é para dar muitas graças a Deus Nosso Senhor em ver que
o nome de Cristo tanto floresce em tão longínquas terras e entre tantos infiéis»
(ib. n. 5).
194 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
8
XAVIER-doc 15, n. 14. Leva consigo as primícias de clero nativo
formado no colégio internacional de S. Paulo: dois já diáconos e outro
seminarista maior apenas com ordens menores: «Agora me manda o senhor
Governador para uma terra, aonde todos me dizem que tenho a fazer muitos
cristãos. Levo comigo três daquela terra: dois são de epístola e evangelho (diá-
conos), sabem a língua portuguesa muito bem e, melhor, a sua natural; o outro
não tem senão ordens menores» (ib. 14). Cf. XAVIER-doc 19; 20; 21-45.
9
Cf. XAVIER-doc 23; 26-28; 30-43.
10
Cf. XAVIER-doc 44-45; 46, n. 9; 48, n. 2.
11
Cf. XAVIER-doc 46, n. 9 nota 3; 51, n. 1; 68, n. 3 nota 6; 48, n. 3-4;
61, n. 1-9.
12
É conhecida a longa desilusão por não conseguir castigo militar aos
perseguidores de Jaffna que fizeram o massacre da cristandade da ilha de
Manar (Cf. nota anterior). Foi essa desilusão, depois duma ronda inútil
pelas fortalezas a pedir protecção para os cristãos do Malabar, que o levou a
fazer uma pausa de discernimento no Santuário de S. Tomé de Meliapor.
Xavier ao encontro do novo mundo 195
13
Percebera intuitivamente, logo de princípio, que era um Império
apoiado na força marítima (cf. XAVIER-doc 17, n. 6). Mas não conhecia
as bases políticas em que assentava.
196 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
18
Cf. Bula de erecção da diocese de Goa em 1533, que estendia a sua
jurisdição eclesiástica «desde o Cabo da Boa Esperança, até à Índia inclusive
e desde a Índia até à China, com todos os lugares quer em terra firme quer de
ilhas das regiões descobertas e a descobrir…» (Clemente VII, cf. MHSI, Mon.
Ind. I, Introdução pp. 10-11). E para tirar dúvidas, Gregório XIII em 1579
declarou que estavam sob a jurisdição de dioceses do Padroado português
todas as terras «para Oriente, relacionadas com o Rei de Portugal, quer por
direito de domínio, quer de conquista (como lhe chamam), quer de comércio,
quer de navegação» (ib. p. 11).
19
Cf. SCHURHAMMER, ob. cit. IV, pp. 277-282; MHSI-Doc.Jap.
(1547-1557), doc. 41, n. 10; XAVIER-doc. 96, n. 16; 83, n. 3; 84, n. 2;
124, n. 1.
20
XAVIER-doc. 121; 122, n. 3; 125, n. 4; 136, n. 7; SCHURHAM-
MER, ob. cit. IV, pp. 721-727.
198 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
truções que lhes dava), sabê-los ouvir (montando uma boa rede
de inter-comunicação entre eles e consigo) e apoiando as boas
experiências que iam fazendo (em línguas, costumes, inserção
social, sistemas de ensino, etc.).
Desse trabalho em equipe, a partir das bases e não pro-
priamente do trabalho individual de Xavier, foi nascendo um
método de inovação missionária que pouco a pouco se iria
esclarecendo – o método da adaptação missionária. Podemos
ver já nesse método os começos do diálogo inter-religioso,
inter-cultural e inter-social consumado nos documentos mais
recentes da Igreja para as Missões25. Começos apenas, é claro,
pois naqueles tempos ainda não se falava destes diálogos com
tanta clareza como agora!
Vejamos, portanto, as primeiras aportações desta múltipla
equipe missionária de Xavier:
26
Cf. MHSI-Mon.Ind. I (1540-1549), doc. 45, n. 3.
27
Cf. MHSI-Mon.Ind. I (1540-1549), doc. 45, nn. 13-16; doc. 85, n.
8-13. Escreve ele em 31. Out. 1548: «Naquele tempo abandonou-me o topaz
(intérprete)… Determinei então aprender a língua e assim, dia e noite, não
fazia outra coisa» (doc. 45, n. 13).
28
Cf. MHSI-Mon.Ind. I (1540-1549), doc. 45, n. 14-15; XAVIER-
doc 70, n. 12.
202 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
31
Cf. Ibid, I, p. 354; 406-409.
32
Cf. XAVIER-doc 99, n. 20; SCHURHAMMER, Francisco Javier, su
vida y su tiempo, vol. II, p. 296; III, pp. 135 e 337. Sobre o cargo de «Pai
dos cristãos» ver DALGADO, Glossário Luso-Asiático, Coimbra 1919-21,
vol. II, 130-140. Eram uma espécie de Provedores de Justiça para defender
os direitos das pessoas contra as autoridades do Estado.
204 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Conclusão
Basta ler as suas cartas sobre o Japão. Às vezes era tão frontal que
42
44
Cf. O século cristão do Japão – Actas: J. P. OLIVEIRA E COSTA, «A
rivalidade luso-espanhola no Extremo Oriente e a querela missionológica
no Japão». O próprio Xavier já temia esta mentalidade colonialista de Es-
panha em relação ao Japão, quando mandou avisar o Imperador Carlos V
que os seus descobridores não viessem para estes lados com intenções de
conquistas: «Esta conta vos dou, irmão meu Mestre Simão, para que digais a
El-Rei nosso senhor e à Rainha que, por descargo de suas consciências, deviam
dar aviso ao Imperador (Carlos V) ou reis de Castela, que não mandasse mais
armadas por via da Nova Espanha a descobrir Ilhas Platáreas (Japão), porque
tantos quantos forem, todos se hão-de perder. Porque, ainda que no mar não
se perdessem, se tomassem as ilhas de Japão, é a gente de Japão tão belicosa
que, por muitos navios que viessem da Nova Espanha, a todos os tomariam; e
por outra via é tão estéril a terra de Japão de mantimentos que morreriam de
fome…» (XAVIER-doc 108, n. 3). O mesmo avisou Valignano em 1582
ao Governador das Filipinas (cf. Ib. nota 10).
210 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Bibliografia
Introdução
1
Cf. a conferência de abertura desta SEEI, do P. António Costa e Silva,
nesta edição.
214 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Paulo Sérgio Lopes Gonçalves, Por uma nova razão teológica. A teolo-
4
Saindo da Modernidade…
ponte que permite à Igreja dialogar com o mundo, dialogar com a cultura,
dialogar com a arte, dialogar com a política. Secularização, bem entendida,
é o que o Concílio Vaticano II vem posteriormente afirmar, que as realida-
des temporais gozam da sua própria autonomia (cf. Gaudium et Spes, 36).
A Companhia de Jesus, hoje e amanhã 219
…Entrando na Pós-Modernidade
Princípio e Fundamento
8
Não resisto a contar mais uma pequena história. Quando estava nos
EUA, fui, com outros jesuítas, visitar as antigas missões da Califórnia.
Quando apreciávamos a «Missão de San José», onde um Franciscano nos
proporcionava uma visita guiada, cruzámo-nos com um artista que tinha
vindo de Nova Iorque. Era amigo pessoal do nosso guia Franciscano, o
qual nos apresentou naturalmente como um grupo de cinco Jesuítas. Para
nosso espanto, a reacção do dito artista foi hilariante! «Jesuítas??!! – excla-
mou ele – Não pode ser! Adoro Jesuítas!!!» Ficámos logo com o ego em
cima, claro!
230 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Fidelidade criativa
Conclusão
Esclarecimento prévio....................................................................... 11
2 – O contexto histórico................................................................. 24
a – Político-Social ...................................................................... 24
b – Cultural............................................................................... 25
c – Eclesial ................................................................................. 28
Conclusão........................................................................................ 51
244 Companhia de Jesus: Ontem, Hoje, Amanhã
Introdução................................................................................... 55
Conclusão........................................................................................ 206
Conclusão........................................................................................ 236