Sei sulla pagina 1di 3

A Longa Estrada da Renovação

Por Fernando J. de Cardoso1

Renovação. Invariavelmente essa é a palavra que permeia todo início de um


trabalho novo no futebol, seja quem for o comandante e a equipe a ser comandada.
No caso de Mano Menezes, tal exigência não foi diferente, ainda mais se
considerando o fracasso de seu antecessor, duramente criticado por suas
convicções comprovadamente errôneas. Contudo, apesar do clima de otimismo que
seguiu a sucessão de técnicos do selecionado brasileiro, após o constrangimento da
negativa de Muricy Ramalho em assumir tal missão, essa se mostra muito mais
complicada para ser solucionada apenas com a simples nomeação de um novo
comando técnico do futebol nacional. Para compreendermos tal problemática,
precisamos ir muito além do jargão popular de que futebol é resultado, já que as
mudanças que se fazem necessárias, vão muito além do placar de uma partida
isolada ou a posição que a equipe irá ocupar na tabela.

Iniciando pelo aparentemente mais simples e imediato: a renovação dos


jogadores, ou mais diretamente falando, a convocatória para a seleção. Muitos dos
nomes recorrentes na era Dunga foram extremamente contestados, tanto pela
torcida, quanto pela imprensa esportiva, apesar de estes estarem de acordo com o
perfil visado – experiente e comprometido – almejado pelo treinador. Desde a meta,
passando pela defesa, meio e ataque, havia em cada parte do campo um jogador
que pudesse ser contestado pela torcida verde e amarela. Enfim, não iremos nos
deter nessa análise retroativa, porém poderíamos lembrar alguns desses nomes
(como Doni, Michel Bastos, Gilberto, Kléberson e Grafite), para ilustrar a renovação
empreendida por Mano Menezes nesse quesito. Ainda para exemplificar, tivemos o
grande debate nacional à época acerca dos nomes de Paulo Henrique Ganso e
Neymar, que vinham em ótima forma em seu clube e os quais eram unânimes para
a torcida, que foram deixados de fora pelo antigo treinador na última convocatória
feita por esse no comando brasileiro.

Apesar de Mano Menezes ter superado o complexo geriátrico de Dunga,


convocando jogadores mais novos e que prometem um excelente futuro, ao invés
dos mais experientes e que nada mais tinham a mostrar na seleção, as convicções
1
Mestrando do curso de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
do técnico atual ainda o deixam a desejar. Se antes tínhamos como referencial
técnico no meio campo apenas Kaká, hoje dependemos exclusivamente de Paulo
Henrique Ganso. No ataque, ao invés do apagado Grafite, temos o esforçado Fred.
Na lateral e no meio, outras duas convicções de Mano, André Santos e Elias,
comandados do técnico nos tempos de Corinthians, que lembram em muito a
ineficácia de Michel Bastos e Josué, respectivamente. Por fim, o ponto de contato
que une os dois técnicos: Robinho. O jogador que há muito tempo não demonstra
uma sequência de jogos como demonstrou em alguns momentos da carreira, como
em suas passagens pelo Santos e Real Madrid, continua sendo uma unanimidade
apagada em campo.

É claro que tais nomes – espero eu – têm um propósito para serem


chamados por Mano, e assim chegamos ao quesito tático da renovação proposta.
Para não nos estendermos mais do que já estamos fazendo aqui, podemos dizer
que, basicamente, dentre as poucas opções táticas de Dunga, que pouco variava
entre um 4-4-2 fechado, para um 4-2-3-1 e, muito raramente, um 4-3-3 com pontas,
as mesmas continuam sendo exercidas por Mano Menezes, com pouca variação
além da escalação. Este, na maioria das partidas até então, fez uso deliberado da
segunda formação citada, que isola o atacante na área adversária, fazendo-o
depender da criatividade do meio campo ou do desafogo pelas pontas para causar
perigo à defesa adversária. O que não seria nenhum problema, evidentemente,
porém, podemos dizer que as poucas opções táticas da seleção perpassam pela
limitação técnica dos jogadores requisitados na convocatória de ambos os técnicos.
Não que toda seleção, independente de técnico e jogadores, tenha que ser um
Barcelona em campo, exercendo alta mobilidade em campo, com primazia, no
entanto, com as baixas que podem ocorrer durante uma competição, ou conforme o
poder técnico do adversário, talvez fosse interessante ter alternativas mais versáteis
que possam confundir o adversário e tornar a equipe menos previsível a este.

Por fim, à margem das questões técnicas e táticas, poderíamos também


comentar sobre o desgaste político quanto à figura de Ricardo Teixeira na
presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Digo à margem, pois não
é efetivamente ele quem entra em campo ou quem dá as instruções à beira do
gramado, porém muitas escolhas quanto a qualquer tipo de renovação e o tão
falado clima da seleção, perpassa por sua figura. Desde o já citado constrangimento
na substituição do comando técnico da seleção, aos recentes escândalos
financeiros envolvendo a sua imagem e, consequentemente, do futebol brasileiro
como um todo, há com isso uma evidente exposição negativa deste e dos
envolvidos em muitos sentidos. Isso para não entrarmos em outra discussão mais
ou menos recente sobre as cotas de televisão destinadas aos clubes e o racha
provocado no Clube dos Treze, enfraquecendo duramente essa última entidade.
Também podemos apontar o clima de efervescente euforia na CBF e,
consequentemente nos clubes, quanto a Copa do Mundo que virá a ser sediada em
nosso país, como uma possível desatenção para com a seleção e a sua gerência.
Apesar de parecerem fatores isolados, estes acabam por encontrar-se e influem não
somente fora do campo, mas dentro dele, pois todos os envolvidos não só
trabalham para a seleção, como a representam.

No mais, o saldo que podemos tirar até agora da troca de comando técnico
da seleção pode ser otimista, apesar do último revés na primeira competição oficial
do selecionado, a Copa América. A renovação está ocorrendo, a passos mais curtos
do que se esperava, porém com possibilidades grandiosas se os acertos forem
feitos, à medida que o material humano e técnico/tático contribuírem. Mano
Menezes olha para o futuro com parcimônia e cautela, para que as quedas, quando
ocorrerem, não sejam tão dolorosas quanto foram em competições passadas.

Potrebbero piacerti anche