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O admirável milagre de Inhotim

Um empresário de mineração levanta um dos maiores


museus ao ar livre do mundo em MG

ANTONIO JIMÉNEZ BARCA

Brumadinho (Minas Gerais) - 09 APR 2015 - 22:54 BRT

Vista aérea do museu Inhotim. ROSSANA MAGRI


Inhotim é várias coisas. É um dos maiores museus de arte
contemporânea ao ar livre do mundo, com mais de 80 esculturas
espalhadas ao longo de 140 hectares, entre montanhas verde-
esmeralda em um lugar do Estado de Minais Gerais, no Sudeste
do Brasil, a 70 quilômetros da capital, Belo Horizonte; é também
um enorme jardim botânico, com viveiros, exemplares únicos e
uma coleção de 800 tipos de palmeiras diferentes. Mas é
principalmente o sonho fantástico tornado realidade de um
homem singular: Bernardo Paz, de 64 anos, que não passou do
ensino secundário mas se tornou milionário exportando ferro e
aço. Aos 45 anos, quando já possuía uma boa coleção de arte
contemporânea e estava farto de dar voltas ao mundo com uma
maleta de negociante, decidiu transformar sua casa de campo
num jardim tropical de conto de fadas para viver rodeado para
sempre por uma enorme quantidade de beleza natural e artística.

Em 2006, abriu as portas de seu éden ao público, cobrando 40


reais a entrada, acreditando que tudo aquilo algum dia se tornaria
sustentável. Ainda não é. Então o antigo empresário que fugia do
estresse voltou a se preocupar (e a pensar que uma vida não lhe
bastará) tentando tornar rentável algo parecido com o paraíso.
Contudo, Inhotim tornou-se o surpreendente catalisador
econômico de uma região voltada à mineração que hoje está com
a cotação em baixa. A imensa maioria do exército de 1.000
pessoas que trabalha lá, entre jardineiros, empregados de
manutenção, operários, garçons, guias e vigilantes vem da
pequena cidade próxima de Brumadinho, de 35.000 habitantes,
onde Bernardo Paz é conhecido por todos simplesmente como
senhor Bernardo.

O visitante chega, percorre um


caminho de paralelepípedos
entre bambuzais –que
funcionam como muros de um
fortim verde–, cruza uma
pequena ponte sobre um riacho
e encontra uma enorme clareira
em que se vê ao fundo um lago
azul rodeado de uma pradaria
limpíssima e uma majestosa
árvore do tamanho de uma casa
Uma árvore de 90 anos, na entrada dede cinco andares, com 90 anos
Inhotim.de idade, chamada tamboril,
cujos ramos se estendem pelo espaço em forma de mãos abertas.
Mais à frente há caminhos empedrados que levam o visitante a
rincões longínquos do parque-museu em busca de alguma das
obras de artistas como os norte-americanos Matthew Barney,
Chris Burden ou a colombiana Doris Salcedo, entre muitos
outros. Numa colina há uma piscina em forma de agenda
telefônica gigante, obra do argentino Jorge Macchi. As escadas
são as letras ordenadas alfabeticamente. É linda. Mas não está lá
só para ser contemplada, mas para mergulhar. Ali perto há um
lugar para se trocar e onde encontrar roupa de banho. Tudo nesse
parque (ou museu, ou jardim, ou bosque ou o que seja) convida a
mergulhar nele, ao puro desfrute. Há salas de exposições
rodeadas de redes para que o visitante se deite e contemple as
obras desde as vidraças de fora. Os números são o que são (22
galerias inteiras, como minimuseus espalhados, 300.000
visitantes ao ano), mas não explicam o que sente o visitante
quando, cansado de andar, ele se esparrama num banco e passa o
resto da tarde olhando como o sol doura uma deliciosa escultura
de bronze enquanto uma borboleta azul-elétrico do tamanho de
um Ipad mini voa nervosamente ao redor.

Bernardo Paz é a alma disto tudo, o MAIS INFORMAÇÕES


inspirador e o motor econômico. É alto, tem
O Brasil já tem seu
cabelos longos e brancos de antigo hippie. guia Michelin
Fuma compulsivamente e brinca sem parar
Quando o Brasil se
com os canudos de plástico que retira das
perdeu?
embalagens tetra-brick de água de coco que
tem diante da mesa. Casou-se seis vezes. O masturbador de
Dom João VI e
Tem sete filhos. Segundo a revista Forbes,
acumula um patrimônio de mais de 2,85 outras pérolas
nacionais
bilhões de reais. E boa parte dele se vai nos
mais de 48,5 milhões de reais do orçamento Dez discos
de seu sonho chamado Inhotim. “É ideia imprescindíveis de
música brasileira
minha, mas sempre pensei nisto como algo
público, o único objetivo disto é que fosse
público. Por essa razão, minha obsessão é que seja rentável, para
que sobreviva sempre”, diz. Também destaca que Inhotim é uma
grande obra social e menciona os projetos educacionais dos
empregados que acabam, graças à sua ajuda, indo à
universidade; ou os grupos de crianças de escolas públicas que
visitam constantemente o museu ao ar livre; ou a sua política de
entradas gratuitas aos que menos têm; ou seus projetos de
botânica ou de recuperação da cultura local de aldeias próximas,
povoadas por descendentes de escravos. “Este lugar reúne duas
coisas necessárias para a vida: a emoção e a sensibilidade”,
sentencia. Há anos, o Ministério Público o acusou de lavar
dinheiro. Mas nada foi provado. Em 2014, recebeu um
prestigioso prêmio cultural concedido pelo Governo brasileiro.
Ainda é sócio de mineradoras, mas explica que com a queda
do preço do minério de ferro por parte da China, seu império é
afetado. Ainda assim, tem mais projetos em princípio surreais,
mas conhecendo a trajetória do personagem talvez cheguem a
ser realidade: construir hotéis de todas as categorias que atraiam
mais visitantes; construir um auditório e, como se fosse pouco,
levantar, ao redor do parque, uma dúzia de cidades de 10.000
pessoas que viverão –segundo ele e sua filosofia um tanto anos
sessenta–- em harmonia com a natureza e consigo mesmos,
trabalhando à distância sem necessidade de se deslocar. “O
segredo é voltar para a casa do nosso tataravô com a tecnologia
dos nossos netos”, explica. Para terminar, rodeado por uma
cordilheira de sua propriedade, afirma: “O importante é ser e não
ter”.

Depois convida o interlocutor a


continuar a se cansar pelas
trilhas do bosque-museu e a
perguntar aos guias jovens que
lhe expliquem tudo sobre a
galeria da qual são
encarregados. Por um destes
Bernardo Paz, proprietário de Inhotim.
caminhos que ziguezagueia
entre um preservado bosque original brasileiro se chega à outra
colina, esta coroada por uma construção circular envidraçada.
Parece um templo ou a parte superior de um abstrato farol
gigantesco. Dentro, há um chão de madeira e um buraco circular
que desce a mais 200 metros sob a terra. Nada mais.
Aparentemente. O artista norte-americano Doug Aitken instalou
microfones ultrassensíveis ao longo do buraco de modo que o
visitante escuta ali mesmo o ruído que fazem as placas tectônicas
da Terra ao se friccionar. Soam como uma furadeira distante,
como um ronrommetálico afogado. A instalação se chama Sonic
Pavillon. O guia de turno explica que ali, um pouco aturdidos ao
escutar os ruídos digestivos do planeta e com a vista perdida nas
distantes montanhas verdes, os visitantes se sentam para
descansar em silêncio das andanças do turista. Alguns,
acrescenta, se põem a rezar.

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