EXCELENTÍSSIMO SENHOR (A) JUIZ (A) DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
Requerente: José Isaac Evangelista Gonçalves
Requerido: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS Ação: AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA C/C PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
JOSÉ ISAAC EVANGELISTA GONÇALVES, brasileiro, em união
estável, RG n°3635103- SSP/DF e CPF nº 289.113.002-25, residente e domiciliado na QR 602- Conjunto 03, Lote 02, Samambaia Norte, Brasília, DF, representado pelo Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Católica de Brasília-UCB, por meio de seus advogados signatários, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –
INSS, autarquia federal criada pela Lei nº 8.029, artigo 14, de 12 de abril de 1990, e pelo Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1990, com sede na Capital Federal e representação judicial na Cidade de Brasília, na rua CNB 02, Lote 01, Taguatinga Norte, Brasília, DF, pelos fatos e fundamentos abaixo expostos:
I- Dos fatos
O Autor sofre de transtorno de personalidade com instabilidade
emocional e transtorno ansioso, desde 2007, o que o torna incapaz de desenvolver a atividade laborativa desenvolvida até a concessão do benefício do auxílio saúde, sendo esta desenvolvida como motorista de linha de ônibus, na empresa Aviação. A datar de 17/05/2010, onde restou comprovada sua incapacidade laborativa, a parte autora ingressou em tratamento médico, oportunidade a qual não logrou êxito em sua recuperação. Em relatório realizado a data de 18/08/2017, pela oportunidade da perícia médica, o médico do instituto aponta a incapacidade definitiva do Sr. Isaac para o trabalho, vez que, o dano causado pela atividade por ele realizada causaram a ele um dano de irreversível e permanente, sendo ela crônica, evolutiva e sem tratamento, episódio em que resta provada a necessidade do autor de seguridade por parte da previdência. Ademais, o autor realizou acompanhamento médico, bem como manipulação de medicamentos de controle dos transtornos psíquicos por ele sofridos, quais sejam eles identificados em termos técnicos e pelo CID médico, que concluem esta impossibilidade de trabalhar conforme documentos em anexo. Neste diapasão, deve o autor ter seu auxilio doença restabelecido e posteriormente convertido em aposentadoria por invalidez desde a data de 18/08/2017, data do exame médico juntado. A incapacidade total e permanente restou configurada pela impossibilidade do autor de se recuperar para o trabalho habitualmente desenvolvido, bem como na impossibilidade de, através da reabilitação profissional, exercer outras funções, uma vez que sua incapacidade é total e para todas as atividades, que se diga, omniprofissional.
II- DOS FUNDAMENTOS
Os benefícios previdenciários destinados a assegurar a cobertura
de eventos causadores de doenças, lesões ou invalidez, encontram-se previstos na Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991, nos arts. 42 e 59, respectivamente, dependendo de a caracterização da incapacidade ser temporária ou definitiva. Assim diz o art. 59, in verbis:
“Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que,
havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.”. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão”.
Por sua vez, o art. 42, enuncia que:
“Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida,
quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. § 1º A concessão de aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. § 2º A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
Da análise dos dispositivos legais acima transcritos, se extrai os
requisitos necessários para concessão dos benefícios, são eles: a) qualidade de segurado; b) carência ao benefício; c) incapacidade temporária (auxílio-doença) ou permanente (aposentadoria por invalidez), ou seja, que o segurado se apresente indevido de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Conforme se percebe da análise dos fatos e dos requisitos legais, o autor preenche todos os requisitos que autorizam o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, porquanto não possui mais condições de exercer seu labor, e, saliente-se, nenhuma outra atividade laborativa, uma vez que sua incapacidade é omniprofissional, possuindo assim direito ao benefício de aposentadoria por invalidez. A data do início do benefício deverá ser fixada nos termos do artigo 43 e 60 da Lei nº 8.213/91. Neste sentido, julgou a Egrégia Turma do Tribunal Regional Federal- TRF/4:
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA.
RESTABELECIMENTO E CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DOENÇAS: MOLÉSTIAS PSIQUIÁTRICAS CRÔNICAS E COM SEQUELAS DEFINITIVAS (TRANSTORNO DEPRESSIVO GRAVE). QUALIDADE DE SEGURADO PRESENTE QUANDO SURGIU A INCAPACIDADE LABORAL A QUAL NÃO FOI SUPERADA. PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL. CONDIÇÕES PESSOAIS ATUAIS: INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE PARA A VIDA LABORAL. RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE, DESDE A DATA EM QUE INDEVIDAMENTE CESSOU. PRESCRIÇÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. 1. Para a concessão do benefício de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez, devem estar caracterizadas a qualidade de segurado, a carência (quando for o caso) e a incapacidade para o trabalho (arts. 42 e 59 da Lei nº 8.213/91). 2. A verificação do direito à aposentadoria por invalidez exige, mais do que a análise da prova técnica, o exame das condições pessoais do segurado (idade, escolaridade, histórico profissional) e da probabilidade de reabilitação para o exercício de nova profissão que lhe assegure o sustento. Hipótese em que a perícia médica judicial demonstrou a existência de incapacidade laboral desde o início do benefício, sendo que esta nunca foi superada e evoluiu negativamente até o estágio atual de incapacidade total e permanente, justificando-se a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. 3. O benefício por incapacidade somente pode ser cessado, quando for verificado o retorno da capacidade do segurado para o exercício de suas atividades habituais, através de perícia médica. No caso em tela, as condições pessoais da parte autora demonstram a incapacidade de retornar às atividades laborais, a partir de laudos e documentos que comprovam tal situação. 4. Efeitos financeiros pretéritos, desde a data em que cessou indevidamente o anterior auxílio-doença, ressalvada a prescrição quinquenal. 5. Presentes a verossimilhança das alegações e o fundado receio de dano irreparável, é de ser mantida a antecipação da tutela deferida na sentença. (TRF-4 - APELREEX: 50509465920124047100 RS 5050946-59.2012.404.7100, Relator: MARIA ISABEL PEZZI KLEIN, Data de Julgamento: 03/09/2013, QUINTA TURMA, Data de Publicação: D.E. 06/09/2013) (Grifei).
III- DA TUTELA ANTECIPADA
Diante dos fatos narrados, bem caracterizado a urgência do
restabelecimento do auxílio doença, com fulcro nos arts. 294 e 300 do Código de Processo Civil- CPC. No que concerne à tutela, especialmente para que o autor seja munido a restabelecer o auxílio a ele resguardado, vez que verificada os requisitos para satisfação do direito pleiteado e demonstrado o dano real que ainda sofre, que impossibilita a subsistência do requerente e de sua família.
Assim, preconiza o art. 294, do CPC, in verbis:
“Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em
urgência ou evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência,
cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. (Grifei). ”
Assim sendo, não pode o autor continuar sofrendo pela falta de
recursos financeiros para sua subsistência, quando teria que, obrigatoriamente, estar percebendo o benefício de auxílio-doença, ou como em análise, aposentadoria por invalidez. Ao que resta, fica inegável os danos causados ao passo que subsiste o seu direito adquirido desde a data de início da sua incapacidade laboral, conforme prova pericial, incorporado em anexo.
IV- DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
1. A citação da autarquia ré, na pessoa do seu representante legal, no endereço retro-mencionado, usando-se para as diligências citatórias e intimatórias; 2. Conceder ao Requerente o benefício de AUXÍLIO DOENÇA, desde 18/08/2017; 3. Posterior conversão em APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, a partir da data da efetiva constatação da total e permanente incapacidade; 4. O deferimento da TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA, no sentido de restabelecimento do Benefício Previdenciário; 5. A condenação da autarquia ré a pagar as pagar as parcelas vencidas, monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros de mora, incidentes até a data do efetivo pagamento; 6. Custas processuais, despesas emergentes, correção monetária e juros de mora sobre o total da condenação; 7. Honorários Advocatícios a serem arbitrados na porcentagem que melhor entender este Douto Juízo; 8. Os benefícios da Justiça Gratuita, em concordância com a Lei nº 1.060/50 com as alterações introduzidas pela Lei nº 7288/84, por ser pessoa pobre na acepção jurídica do termo e não reunir condição de arcar com as despesas e custas processuais sem prejuízo de sua própria subsistência, face a declaração de pobreza ora juntada; Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal da autarquia ré, sob pena de confissão, oitiva de testemunhas, perícias, vistorias, juntada de novos documentos e demais provas que se fizeram necessárias. Termos em que, estando ciente de que os valores postulados perante este MM. Juízo Especial Federal Previdenciário não poderão exceder a sessenta (60) salários mínimos e, dando-se à causa o valor de R$