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EUA e Irã podem entrar em guerra?

Há um risco real de a crise alcançar uma escala


mundial? O assassinato do general iraniano pelos EUA
é legal e legítimo, considerando as leis internacionais?
Por BBC
06/01/2020 12h32 Atualizado há 4 horas

Pôster de Qassem Soleimani envolto em balas, em imagem feita no Iêmen, em 6 de


janeiro de 2020 — Foto: Naif Rahma/Reuters
A morte no Iraque do general iraniano Qassem Soleimani num ataque aéreo
dos Estados Unidos, no dia 3 de janeiro, marcou uma arriscada escalada da
tensão entre Washington e Teerã.
O mundo acompanha de perto as reações do Irã e as novas ameaças do
presidente Donald Trump. O corpo de Soleimani passou em cortejo pelas ruas
do Iraque no sábado (4) e, no domingo (5), foi velado no Irã, com honras de
herói nacional e mártir.
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Entenda as possíveis consequências do ataque dos Estados Unidos ao Irã


O líder supremo do país, aiatolá Khamenei, liderou as orações, enquanto
milhares de iranianos tomaram as ruas para prestar a última homenagem
àquele que era considerado o segundo homem mais poderoso do Irã.
O governo iraniano já anunciou que vai se "vingar" dos EUA e que passará a
produzir urânio para além dos limites do acordo nuclear firmado com grandes
potências mundiais em 2015.
Já Trump prometeu, pelo Twitter, um ataque "desproporcional" ao país do
Oriente Médio caso forças iranianas atinjam alvos americanos.
Nos últimos dias, a frase "Terceira Guerra Mundial" se tornou um dos termos
mais buscados na internet no mundo todo.
Mas será que o desenrolar do ataque dos EUA pode chegar a um conflito direto
entre os dois países ou até a uma guerra de escala mundial? As leis
internacionais respaldam o bombardeio americano que matou o principal chefe
militar do Irã? Ou teria sido uma ação ilegal?
O correspondente de Defesa e Assuntos Diplomáticos da BBC, Jonathan
Marcus, responde a essas e outras perguntas para que possamos entender as
possíveis consequências do ataque.
Há ameaça real de uma Terceira Guerra Mundial?
Jonathan Marcus diz que, embora alguns tenham descrito o assassinato de
Soleimani como uma "declaração de guerra" dos EUA contra o Irã, é
importante não exagerar nem superestimar a importância do momento.
Na opinião de Marcus, não haverá uma Terceira Guerra Mundial. Ele explica
que potências econômicas ou militares, como Rússia e China, não são
protagonistas desse conflito, embora tenham criticado duramente a morte do
general iraniano.
Esse pode ser, no entanto, um momento decisivo para o papel dos EUA no
Oriente Médio. O correspondente de Defesa da BBC destaca que é esperada
uma represália significativa do Irã e isso pode conduzir a um ciclo de ação e
reação com potencial para um confronto direto entre os dois países.
A resposta do Irã pode ser atacar alvos militares dos EUA no Oriente Médio.
Em mensagem no Twitter, o presidente Donald Trump, disse que responderia
"com toda a força" a qualquer ataque iraniano.
"Esses posts servem como uma notificação ao Congresso dos Estados Unidos
de que se o Irã atacar qualquer pessoa ou alvo dos EUA, os Estados Unidos
vão rapidamente e com toda a força atacar de volta, e talvez de uma maneira
desproporcional. Esse aviso legal não é necessário, mas está sendo dado
mesmo assim", escreveu.
É legítimo e legal matar alguém da maneira como
os EUA fizeram?
Marcus diz que os Estados Unidos vão alegar que Soleimani foi responsável
por ataques contra forças apoiadas pelos americanos no Iraque. Além disso, o
país classifica as Forças Quds- que operam as intervenções militares e de
inteligência do Irã no exterior e que era liderada por Soleimani- uma
organização terrorista.
Essa é a narrativa usada pelos EUA como argumento para dizer que o
assassinato do general foi legal. Mas a relatora especial das Nações Unidas
para Execuções Extrajudiciais, a francesa Agnes Callamard, questionou a
justificativa usada por Trump para a morte de Soleimani.
"Ele menciona que seu objetivo era 'dissuadir futuros planos de ataques
iranianos'. Isso, no entanto, é muito abstrato. Futuro não é o mesmo que
iminente, cuja prova é o que exigiria o Direito Internacional (para reconhecer a
legalidade do ataque)", disse.
Ela ainda acrescentou que a morte de outras pessoas no mesmo bombardeio
que atingiu Soleimani foi "absolutamente ilegal".
Além de Soleimani, integrantes das Forças de Mobilização Popular do Iraque,
milícia apoiada pelo Irã, estavam no comboio atingido por mísseis. Eles haviam
deixado o aeroporto de Bagdá em dois carros e estavam perto de uma área de
cargas, segundo relatos da imprensa americana.
Pelo menos cinco pessoas morreram no ataque. A Guarda Revolucionária do
Irã informou que o líder das Forças de Mobilização Popular do Iraque, Abu
Mahdi al-Muhandis, está entre os mortos.
O ataque foi ordenado para desviar a atenção do
processo de impeachment de Trump?
Ainda que política interna sempre tenha relevância, especialmente num ano
eleitoral para Trump, a decisão de atacar o general iraniano seria produto de
dois fatores: oportunidade e circunstância.
A circunstância, diz Jonathan Marcus, parece ser o aumento dos ataques
contra instalações americanas no Iraque e declarações difusas do Pentágono
sobre futuras ofensivas do Irã.
A oportunidade, destaca o correspondente da BBC, seria a de demonstrar a
precisão e o alcance da inteligência americana, que embora esteja longe de ser
infalível, é um fator crucial na decisão do Irã sobre eventuais retaliações.
Num ano eleitoral, a principal preocupação de Trump é evitar a perda de vidas
americanas na região. Mas esse dramático ataque parece destoar de um
presidente que, apesar de ser duro na retórica, se caracterizou pela cautela
quanto a ações militares concretas.
Há riscos de uma resposta nuclear por parte do
Irã?
O Irã não tem armas nucleares, embora possua muitos elementos que possam
contribuir para o desenvolvimento delas.
O país do Oriente Médio tem insistido que não quer desenvolver uma bomba
atômica. Mas será que a crescente frustração e embates com os EUA
poderiam persuadir dirigentes iranianos a abandonar por completo o acordo
nuclear assinado com a comunidade internacional?
Essa é uma possibilidade concreta, segundo Jonathan Marcus.
O governo Trump já abandonou o chamado Plano de Ação Integral Conjunto,
que é o acordo nuclear firmado entre Irã e potências como EUA e nações
europeias. Por ele, o governo iraniano se comprometia a abandonar seu
programa nuclear em troca da retirada de sanções econômicas contra o país.
A União Europeia criticou o posicionamento dos EUA e especialistas disseram
que a decisão de romper o acordo e repor sanções foi imprudente.
A saída dos EUA do acordo e a posterior imposição de sanções ao Irã
aumentaram a pressão sobre Teerã, mas sem qualquer "via de saída"
diplomática clara para conter a escalada da tensão, diz Jonathan Marcus.
O que Soleimani fazia no Iraque?
Não está clara qual era a atividade do general iraniano no Iraque. Mas o Irã
apoia lá vários grupos influentes da milícia xiita e um dos mortos no ataque
americano era Abu Mahdi al Muhandis, o líder do Kataib Hezbolá, grupo que se
disse responsável pelos recentes ataques a mísseis contra bases americanas
no Iraque.

Manifestantes foram protestar em frente ao consulado americano em Istambul, na


Turquia, neste domingo (5), contra a morte de Soleimani, causada por um ataque aéreo
dos Estados Unidos. — Foto: Lefteris Pitarakis/AP

Muhandis também era comandante de uma coalizão de milícias pró-iranianas


no Iraque.
O governo do Iraque ficou em posição delicada com ataque americano. Ele é
aliado tanto do Irã quanto dos EUA.
O primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdul Mahdi, declarou que a morte de
Soleimani foi um "assassinato político" e disse que o general era um "mártir"
responsável por "grandes vitórias contra o Estado Islâmico".
E o Parlamento iraquiano aprovou uma resolução pela saída e encerramento
das atividades de tropas estrangeiras no país. O governo argumenta que os
EUA foram muito além dos termos do acordo que permite operações militares
americanas no país.
Trump reagiu dizendo que as tropas americanas só deixarão o Iraque se o
governo pagar pela base aérea que os EUA construíram no país. Ele ainda
ameaçou impor sanções ao Iraque, caso seguisse adiante com a decisão de
expulsar militares americanos.
"Temos uma base aérea extraordinariamente cara que está lá. Custou bilhões
de dólares para ser construída, muito antes de mim (na Presidência). Não
vamos embora a menos que nos paguem", disse o presidente a repórteres.
Qual o papel dos EUA e do Irã no Iraque?
O Irã é aliado próximo do governo iraquiano, controlado por muçulmanos xiitas.
Também é ator importante na guerra contra o Estado Islâmico naquele país,
por meio do apoio a milícias.
Os EUA, por outro lado, têm 5 mil soldados no Iraque, que treinam e
assessoram o Exército iraniano no seu esforço para derrotar o grupo
extremista.
Na prática, diz Jonathan Marcus, esses dois atores externos, os EUA e o Irã,
têm disputado espaço político e militar no Iraque.
A pergunta agora é: será que chegou o momento em que a crise tornou
insustentável a presença dos EUA no Iraque?
 DONALD TRUMP

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