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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO NORTE DO BRASIL

FORMAÇÃO EM TEOLOGIA

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO II: REFORMA E CONTRA-REFORMA

RECIFE

2018
JULIO CESAR GENUINO DA SILVA LIMA

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO II: REFORMA E CONTRA-REFORMA

Trabalho apresentado à disciplina de


História do Cristianismo II ministrada pela
professora Rebecka Rabêlo, para fins de
avaliação.

RECIFE

2018
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................04

1. QUEM É O AUTOR.......................................................................................05

2. POR QUE A CONTECEU A REFORMA ......................................................06

3. LUTERO E A REFORMA NA ALEMANHA...................................................14

4. A REFORMA NA SUÍÇA..............................................................................17

5. A FÉ REFORMADA FORA DA SUÍÇA.........................................................20

6. A REFORMA E O PURITANISMO NA INGLATRRA....................................23

7. A CONTRA-REFORMA E O SIGNIFICADO DA REFORMA........................26

CONCLUSÃO.....................................................................................................30

REFERÊNCIAS..................................................................................................31
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INTRODUÇÃO

Desde o seu surgimento, o sistema capitalista esteve envolvido com a igreja


cristã, e sempre esteve às voltas com os problemas da sociedade. Há muito tempo o
objetivo principal da igreja deixou de ser oferecer somente acalento espiritual,
envolvendo-se fortemente em questões econômicas e políticas.

Incontáveis e evidentes são as mudanças sofridas pelas crenças religiosas no


decorrer da história e do desenvolvimento da humanidade. Da mesma forma, visível
é sua influência na vida econômica e social.

No século XVI uma grande revolução eclesiástica ocorreu na Europa Ocidental,


levando a mudanças consideráveis na esfera religiosa que, durante todo o período
medieval, estivera sob o domínio da Igreja Católica. Essa revolução nas mentalidades
teve tanto causas políticas como religiosas. Muitos monarcas estavam insatisfeitos
com o enorme poder que o papa exercia no mundo, ao mesmo tempo que muitos
teólogos criticavam a doutrina e as práticas da Igreja, sua atitude para com a fé e seu
feitio organizacional. Ideias e razões distintas deram origem a diversas comunidades
eclesiais novas.

Várias condições levaram ao surgimento da Reforma. Segundo o autor Earle


E. Carins, destaca-se a resistência da Igreja Católica Romana medieval em consentir
as alterações sugeridas por reformadores sinceros como, Wyclife e Hus, os líderes
dos concílios reformadores e os humanistas; o aparecimento das nações- estados,
que não aceitaram o poder único e absoluto do papa e o surgimento da classe média,
que se revoltou contra as grandes quantias de dinheiro e fortuna nas mãos de Roma
e pôr fim a insujeição a um governo orientado pela corrupção leviana, imoral e
totalmente desvirtuada da justiça e da verdade.

É importante ressaltar que, neste trabalho, o principal interesse é entender


como surgiu a Reforma Protestante, qual o personagem central e as consequências
internas da aceitação e rejeição da Reforma.
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1. QUEM É O AUTOR

Earle Edwin Cairns, professor de História Emérito, foi para o corpo docente do
Wheaton College em 1943. Foi presidente do Departamento de História e Ciência
Política de 1948 a 1973 e foi presidente da Divisão de Ciências Sociais, de 1969 a
1974. Ele ministrou cursos em uma ampla variedade de áreas, incluindo História
Mundial, História Inglesa e História Européia Moderna. A História da Igreja era de vital
importância para ele e ele foi pioneiro no programa de História da Igreja na Wheaton
School. Ele foi nomeado "Professor do Ano" Wheaton em 1961 e se aposentou das
responsabilidades de ensino em tempo integral no Wheaton College em 1977.

Nascido em Manitoba, Canadá, em 1910, com três irmãos, ele deixou aos
dezesseis anos para frequentar o Western Bible College, em Winnipeg, onde lecionou
mais tarde, de 1931 a 1935. Ele continuou sua educação nos Estados Unidos,
recebendo seu diploma de AB da Universidade de Omaha e um Th.B. do Seminário
Teológico Presbiteriano, ao mesmo tempo em 1938. Casou-se com Helen Purdy em
1939 (Jo-An Jordan, década de 1960) e recebeu o mestrado e doutorado. graus da
Universi-dade de Nebraska em 1939 e 1942. Tanto a sua tese e dissertação tratou do
efeito do colonialismo britânico em missões na África. Ele também estudou na
Universi-dade de Wisconsin e lecionou por um ano no Seminário Presbiteriano em
Omaha antes de vir para o Wheaton College. Ele era um ministro ordenado da United
Presbyterian Church, EUA e era um membro ativo da College Church em Wheaton,

Ele tem várias publicações: Blue Print for Christian Higher Education (1953);
Cristianismo através dos séculos (1954); Santos e Sociedade (1960); O cristianismo
nos Estados Unidos (1960); Na Presença do Rei (1972) (biografia oficial do quarto
presidente da Wheaton College, V. Raymond Edman); O cristão na sociedade (1973);
Dicionário Internacional da Igreja Cristã (1974, American Consulting Editor) , God and
Man in Time (1979); Uma Linha Infinita de Esplendor (1986), bem como capítulos em
outros livros e numerosos artigos na Moody Monthly ,Cristianismo Hoje e Ação
Evangélica Unida. Cairns morreu em 28 de maio de 2008 aos 98 anos.
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2. PORQUE ACONTECEU A REFORMA

A Reforma tem seu aparecimento na sociedade medieval, momento de grande


turbulência e de transformações nacionais e internacionais. Descreve o autor Earle.
E Cairns, que a desconstrução da velha sociedade evoluiu para uma nova sociedade.
Por volta de 1500, os fundamentos da velha sociedade medieval estavam
ruindo e uma nova sociedade, com uma dimensão geográfica muito ampla e com
transformações nos padrões políticos, econômicos, intelectuais e religiosos,
começava a surgir. As mudanças foram realmente revolucionarias, por sua natureza
e pela força de seus efeitos sobre a ordem social.
A Reforma foi um momento de desarticulação do pensamento medieval
reinante em que protegia, preservava e enriquecia de modo astronômico poucos e
empobrecia de modo infernal muitos. O período da Reforma foi um grito de protesto
contra até mesmo aos que se consideravam representantes de Deus na terra. Um
xeque-mate no velho modo de governar.
Afirma o professor Earle E. Cairns, que o pensamento medieval a parti da
Reforma foi reformulado.
A síntese medieval foi desafiada durante a Reforma, em sua política, pela ideia
que a igreja universal deveria ser substituída por igrejas nacionais ou estatais e igrejas
livres. A filosofia escolástica, unida à filosofia grega, deu lugar à teologia bíblica
protestante. Os sacramentos e as obras deram terreno à justificação pela fé somente.
A Bíblia, e não a Bíblia e a tradição como interpretada pela igreja, tornou-se uma
norma.
A partir de 1650, a Europa abandona os preceitos culturais que se apoiam na
religiosidade. surgindo um modo de vida que não mais está estruturado em torno de
uma visão firmada em hábitos ligados à religiosidade. E segundo Cairns, a civilização
ocidental começou a vivenciar e influenciar-se pelo secularismo.
Trata-se da separação dos âmbitos culturais que estão ligados à crença das
demais estruturas da vida social, como a política, os aspectos monetários e os
processos legais no âmbito do Direito.
O período que compreende a Reforma e contra Reforma, de 1517 a 1648 será
palco de mudanças de um novo mundo em expansão.
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Cairns, descreve que mudanças geográficas ocorreram nesse espaço de


tempo. O homem medieval começou a desbravar novos mundos não com o objetivo
passar férias em um lugar diferente, mas com o propósito de aumentar seu comércio
e aumentar sua fortuna. Assim adquirindo riquezas pelos caminhos dos mares.
O conhecimento geográfico do homem medieval sofreu mudanças
fundamentais entre 1492 e 1600. A civilização do mundo antigo é tida como potâmica,
por estar ligada aos sistemas fluviais do mundo antigo. A civilização da Idade Medieval
tem sido chamada de talássica, por ter-se desenvolvido em torno dos mares
Mediterrâneo e Báltico. Em 1517 as descobertas de Colombo e de outros
exploradores inauguraram uma era de civilização oceânica, em que os mares do
mundo se tornaram as estradas do mundo.
Também apresentado pelo professor Cairns, mudanças aconteceram no
cenário político medieval com respeito a concepção do estado universal passando a
ser conceituado como nação estado.
As perspectivas mudaram também no campo político. O conceito medieval de
um estado universal estava dando lugar ao novo conceito de nação-estado. Os
estados, a parti do declínio da Idade Média, começaram a se organizar em bases
nacionais. Estas nações-estados, com poder central e com governos fortes, servidas
por uma força militar e civil, eram nacionalistas, opondo-se ao domínio de um governo
religioso universal.
Nesse período apareceu apoiadores da Reforma com o objetivo de administrar
as igrejas nacionais. Como as nações-estados controlam sua propriedade
independente e livremente. Nasce nesse tempo o desejo de ser independente na
forma de governo religioso. A centralização universal do poder absoluto passou a ser
cobrada como direito de um grupo (estado).
A unidade política do mundo medieval foi substituída pelas nações-estados,
todas empenhadas em sua independência e soberana. A descentralização feudal no
mundo medieval foi substituída por uma Europa fundada sobre nações-estados
centralizadas. Diante da independência de cada estado.
A partir do conceito de nação-estado as relações políticas internacionais se
tornaram enfraquecidas diante de uma nova estrutura política, assim ocasionando as
guerras religiosas entre os séculos XVI e XVII.
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Segundo Cairns, mudanças no setor econômico foi também palco da Reforma.


Pois, nesse período a arte de cultivar a terra demostrava o valor e posses de um povo
rico e abastado. Mas, com o crescimento das cidades, descoberta de novos horizontes
mercantis e produtos naturais oriundos das terras desbravadas se consolida um novo
modo de comercialização mais agressivo.
Durante a Idade Média, a economia dos países da Europa baseava-se na
agricultura, sendo que fazia do solo a base da riqueza. Por volta de 1500, o
ressurgimento das cidades, a abertura de novos mercados e a descoberta de fontes
de matéria-prima nas terras recentes descobertas inauguram uma era de comércio,
em que a classe média mercantil tomou a frente da nobreza feudal na liderança da
sociedade.
Relata Cairns, que mudanças sociais foram também cenário da Reforma.
O modo como estava estruturada a organização social pelo conceito horizontal foi
alterada por uma sociedade vertical. Assim, gerando a possibilidade da classe inferior
ganhar autonomia superior.
Em 1500, os homens estavam ascendendo, por força dos negócios, altos níveis
socias. A servidão estava desaparecendo e uma nova classe média, inexistente na
sociedade medieval, formada especialmente por proprietários livres, pela pequena
nobreza da cidade e pela classe mercantil começou a surgir.
O momento ocasionado também por essas alterações sociais fortalecerá o
surgimento da classe média no período da Reforma. O fortalecimento dessa classe
veio a ofuscar e enfraquecer a classe da nobreza levando às revoluções políticas.
No campo da ciência, o iluminismo - a revolução do pensamento atacou as
bases intelectuais das religiões. O principal artifício da razão usado na época, a dúvida
metodológica, levou vários pensadores a questionarem os pressupostos da religião.
Com isso passaram a considerar as escrituras sagradas como sendo mera escrita
humana, a fé como sendo apenas sonho, e acusaram a religião de ocultar a realidade
e consequentemente ser um meio de opressão.
O interesse pela volta às fontes do passado levou os humanistas cristãos do
Norte ao estudo da Bíblia nas línguas originais. Deste modo, as diferenças entre a
igreja do Novo Testamento e a Igreja Católica Romana tornaram-se claras, para o
prejuízo da organização eclesiástica medieval e papista.
De acordo com Cairns, as mudanças intelectuais criaram um ambiente
conveniente para a expansão do protestantismo. E foi também um momento
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importante para o pensamento renascentista que defende que havia um lugar para
Deus naquele mundo, mas o homem agora exigia também o seu espaço de liberdade,
para aprender, crescer, enriquecer, descobrir novas verdades.
A ênfase renascentista no indivíduo foi um fator preponderante no
desenvolvimento do ensino protestante de que a salvação era uma questão pessoal
a ser resolvida pelo indivíduo em intima relação com seu Deus, sem a interferência de
um sacerdote como mediador humano.
O saber renascentista assentava numa mentalidade racionalista, ou seja, só se
considerava válido o conhecimento que, comprovado pela observação e pela
experiência humana, pudesse ser explicado de forma racional e inteligível.
E por base no espirito crítico do renascimento – atitude de procurar o
conhecimento através da experiencia e da razão sem aceitar as verdades como sendo
absolutas. Os reformadores fizeram uso da análise crítica para protestar contra o
modo hierarquizado eclesial, os sacramentos, a interpretação bíblica e pôr fim a
importância do estudo da Bíblia nas fontes originais para o crescimento da fé cristã.
No começo do século XVI, a Igreja passava por um período delicado. A venda
de cargos eclesiásticos e de indulgências e o enfraquecimento das influências papais
pelo prestígio crescente dos soberanos europeus, que muitas vezes influenciavam
diretamente nas decisões da Igreja, proporcionaram um ambiente oportuno a um
movimento reformista.
Descreve o professor Cairns, que paradigmas absolutos sofreram alterações
gerando mudanças religiosas no ambiente medieval. A isonomia religiosa passou a
dar lugar a heterogeneidade religiosa.
A túnica inconsútil da Igreja Católica Romana, internacional e universal, estava
rasgada de novo, como acontecera em 1054, pelos cismas que resultaram na
formação de igrejas protestantes nacionais. Estas igrejas, especialmente a anglicana
e a luterana, estavam em geral sob o controle dos governos das nações-estados. Só
depois de 1648 é que as denominações e a liberdade religiosa surgiram.
Conforme Cairns, foi a leitura da Bíblia que promoveu a Reforma da igreja no
século XVI. Lutero era professor de Bíblia e descobriu nela o quanto a igreja se havia
afastado do evangelho. Com a Bíblia na mão e na cabeça! Enfrentou o papa e o
imperador, exigindo correção de curso em igreja e Estado.
A autoridade da Igreja Romana foi substituída pela autoridade da Bíblia, de
leitura livre a qualquer um. O crente, individualmente, seria agora o seu próprio
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sacerdote e o mentor de sua própria vida religiosa em comunhão com Deus, depois
de aceitar seu Filho como seu Salvador, pela fé somente.
Segundo Cairns, grandes alterações surgiram no período da Reforma em
diversas áreas do saber humano. Vários modelos fixos ostentados na civilização
medieval foram radicalmente substituídos por novos modelos criativos da sociedade
moderna. As mudanças ocorridas na Europa, como o desenvolvimento do comércio e
das cidades e a expansão marítima, foram acompanhadas por um intenso movimento
cultural. Essas transformações faziam os europeus acreditarem que viviam em um
novo tempo, muito diferente daquele que imperou durante toda a Idade Média.
Ainda o autor deixa claro que Lutero quando prega as 95 teses na porta da
igreja em Wittenberg muitas transformações aconteceram no solo nacional e
internacional. Assim parece que Lutero estava muito bem compreendendo seu tempo
e as possíveis mudanças necessárias para seu povo também.
Ter um olhar de temor à Deus diante das mudanças, crises, alterações e todo
tipo de problemas se faz importante para discernir o tempo e as estações em que o
próprio Deus intervém na história humana para trazer esperança, graça e um novo
rumo aos homens sem esperança.
De fato, Deus estava se movendo na humanidade, em torno de algo poderoso
que estava por vir! Então, como o acordar de um sono milenar, veio o sentimento
nacionalista entre os países da Europa, como Alemanha, Inglaterra, França, dentre
outros. Vieram, também, o renascimento, fazendo com que houvesse a redescoberta
de línguas como o grego e o acesso aos estudos em universidades; por fim, houve a
invenção da imprensa com tipos móveis de Johannes Gutenberg em cerca de 1430
d.C. Estes três fatores contribuíram também para a Reforma Protestante, em que um
monge agostiniano, chamado Martinho Lutero, cansado de uma vida vazia, descobriu,
através das Escrituras, que o justo viverá pela fé.
O professor Cairns, descreve que a compreensão do termo Reforma de modo
tendencioso fica sob a interpretação pessoal do historiador. Seja o historiador católico,
protestante ou secular. Assim causando uma perspectiva personalizada.
O historiador católico, católico romano entende-a apenas como uma revolta de
protestantes contra a igreja universal. O historiador protestante considera-a como uma
reforma que fez a vida religiosa voltar aos padrões do novo Testamento. O historiador
secular interpreta-a como um movimento revolucionário.
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Segundo Cairns, o termo “Reforma Protestante” representa o esforço de voltar


a pureza original do Cristianismo do Novo Testamento e resultando na formação de
igreja nacionais.
Os historiadores Protestante interpretam a reforma amplamente como um
movimento religioso que procurou redescobrir a pureza do cristianismo Primitivo como
descrito no novo testamento. Esta interpretação tende a ignora os Fatores se
econômicos, políticos e intelectuais que ajudaram a promover a reforma.
Os historiadores católicos romanos interpretam a reforma como uma heresia
inspirada em Martinho Lutero por causa de várias razões, entre as quais a vontade de
se casar. O protestantismo é visto como um cisma herético que destruiu a unidade
teológica e eclesiástica da igreja medieval.
Os historiadores seculares dão mais atenção aos fatores secundários em sua
interpretação da reforma.
Embora haja elementos de verdade em todas estas interpretações, será preciso
notar que suas ênfases, em gera, recaem sobre causas secundárias e, quase sempre,
apenas sobre uma causa secundária particular. A reforma não se explica de forma tão
simples, porque as suas causas são múltiplas e complexas. A reforma tem causas
diretivas e determinativas.
Segundo Earle E. Carins, O fator político pode ser considerado como uma das
causas indiretas importantes para a eclosão da reforma.
A propriedade de terras criou uma divisão de soberania no estado que
governantes despóticos como os Tudor, da Inglaterra, não podiam aceitar. Cargos
importantes na igreja romana eram preenchidos por um estrangeiro, o papa.
A tentativa papal de tirar mais dinheiro da Alemanha no século XVI aborreceu
a classe média emergente em estados como a saxônia. A situação se agravou com a
inflamação e elevação do custo de vida. A inflação foi provocada pela Espanha, que
lançou sobre a sangrada economia da Europa as grandes somas de dinheiro
amealhadas pela exploração do novo mundo.
Ao aumentar numericamente, a classe média tornou-se individualista e
começou a se revoltar contra o conceito corporativista Da sociedade medieval, que
colocava o dever acima do indivíduo.
O humanismo da renascença, especialmente na Itália, criou um espírito secular
semelhante àquele que caracterizou a Grécia clássica.
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O fator moral da reforma está intimamente relacionado ao intelectual. Os


estudiosos humanistas, que possuíam O novo testamento em grego, perceberam logo
as discrepâncias entre a igreja sobre a qual leão no novo testamento e a católica
romana. Clérigos egoístas compravam e vendiam cargos livremente.
A justiça era comprada e vendida nas cortes eclesiásticas. Era possível a
alguém conseguir, mediante dinheiro, uma dispensa para se casar com parente,
embora fosse proibido pela lei canônica. Muitos sacerdotes viviam em pecado aberto
ou mantinham concubinas.
Mudanças na estrutura social aumentaram a decepção das pessoas com a
igreja romana. O surgimento das cidades e Dilma prosperar classe média urbana criou
o novo de individualismo. A nova economia do dinheiro libertou os homens da
dependência do solo como principal meio de vida.
O fracasso da igreja em satisfazer as reais necessidades do povo constituiu o
fator teológico ou filosófico da reforma. Alguns dão tanta ênfase a este elemento que
parecem ver a reforma apenas como uma luta entre a teologia de Tomás de Aquino e
a de Agostinho.
Em geral uma inquietação toma contornos significativos quando os homens que
a experimentam se expressam através de algum grande que veicula a suas ideias. A
recusa da igreja católica romana medieval, impossibilitava de reformar-se a si mesma,
em aceitar uma reforma abriu as portas para surgimento providencial de um líder que
encarasse o desejo de erradicar os abusos e que aceitasse o papel de execução das
mudanças revolucionárias. Foi este o papel de Martinho Lutero, que encarnou tem o
espírito da reforma, especialmente na insistência desta sobre o direito do indivíduo
em ir diretamente a Deus através de Cristo.
O escandaloso abuso, que era o sistema das indulgências na Alemanha, foi a
causa direta da eclosão da reforma.
As indulgências estavam diretamente ligadas ao sacramento da penitência.
Após arrependesse e confessar o pecado, o sacerdote garantia a absolvição desde
que o pecador pagasse com alguma coisa. Ensinar a você que a culpa e o castigo
eterno pelo pecado eram perdoados por Deus, mas havia uma exigência temporal que
o pecado deveria cumprir em vida ou no purgatório, através de uma peregrinação a
um lugar sagrado, do pagamento de uma importância a igreja ou de alguma obra
meritória.
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A reforma não foi um acontecimento isolado, mas esteve intimamente ligada a


renascença e a outros movimentos que forçaram o nascimento da era moderna no
século XVI. Sua relação com uma renascença e com a contra reforma católica.
As igrejas protestantes que sugiro dessa revolta eram diferentes daquelas que
se separaram da igreja medieval, mas todas tinham a Bíblia como autoridade final.
Lutero conservou na liturgia muitas práticas não pela Bíblia. A igreja está mais que os
luteranos da igreja medieval, mas deve salientar que tanto a primeira como esses
últimos rejeitavam os sistemas sacramental hierárquico da igreja romana. As igrejas
reformadas presbiterianos, que seguiram Calvino na França, Holanda, Escócia, Suíça
e Hungria, refutarão todas as práticas que não entendiam estar de acordo com o novo
testamento. Louis Ana batistas fizeram a ruptura mais radical de todos os grupos
reformadores, ao procurar criar uma igreja modelada segundo os padrões das igrejas
do novo testamento
Ao mesmo tempo, há que se levar em conta o desvirtuamento da Igreja e sua
incapacidade de dar resposta aos anseios espirituais dos fiéis. Essa questão tem
origem no papel que a Igreja passou a ocupar a partir da Idade Média.
O fato de ser ela a principal possuidora de terras na Europa, bem como a
instituição mais poderosa politicamente, colocava-a ao lado da nobreza como uma
instituição beneficiária da estrutura feudal e, também, responsável por sua
manutenção.
Mais grave que isso, entretanto, foi o fato de gerar um clero inadequado às
suas funções religiosas, incapaz de dar resposta às necessidades espirituais dos fiéis.
A constante busca por um aumento da renda que sustentava o imenso luxo em
que vivia o clero, levou a Igreja a intensificar, durante a Idade Média, práticas como a
venda de relíquias sagradas ou de cargos eclesiásticos (práticas conhecidas como
simonia) e a venda de indulgências (absolvição dos pecados cometidos).
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3. LUTERO E A REFORMA NA ALEMANHA.

Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483 na pequena cidade de


Eisleben. Seu pai, de origem camponesa livre, e migrou de muito longe para essa
cidade. Ganhou dinheiro das minas e cobre da área sobre a qual tinha direito e chegou
a ficar consideravelmente rico. Educado sobre a dura disciplina daquela época. Lutero
contou que uma vez apanhou de sua mãe até sangrar por ter roubado uma noz. Seus
pais, particularmente sua mãe, crente, mas supersticiosa, inculcaram nele muito das
superstições próprias dos camponeses. Alguns desses fantasmas perseguiu durante
a longa luta em busca da salvação de sua alma.
Seu pai queria que ele estudasse direito, Lutero, porém assustado, durante
uma perigosa tempestade numa estrada perto de Erfurt, prometeu a santa Ana
tornasse monge caso fosse poupado. Talvez a crescente preocupação com a sua
alma tenha chegado a um clímax com esta experiência, de julho de 1505. Três
semanas depois, Lutero entrou no mundo mosteiro da ordem agostiniana em Erfurt.
No inverno de 1510 e 1511, sua ordem o envio arrumar a negócios. Lá ele viu
um pouco da corrupção e da luxúria da igreja romana e começou a compreender a
necessidade de uma reforma. Passou muito tempo visitando igrejas e vendo as
numerosas relíquias que estavam em Roma. Ficou chocado com uma leviandade dos
sacerdotes italianos, capazes de rezar várias missas enquanto ele rezava.
Em 1511, Lutero foi transferido para Wittenberg. Durante o ano seguinte,
tornou-se professor de Bíblia e receber o seu título de doutor em teologia. Até a sua
morte, ele conservou cargo de professor de teologia por esta época, também, ele
celebrava missas no castelo onde descobriria a justificação pela fé. A leitura do verso
17 de que somente pela fé em Cristo era possível alguém tornasse justo diante de
Deus. A partir daí a doutrina da justificação pela fé e a sola scriptura, A ideia segundo
a qual as escrituras são a única autoridade para o pecador procurar a salvação,
passaram a ser os pontos principais de seu sistema teológico.
Em 1517, Tetzel, O astuto a gente do ac bispo Alberto, começou a venda de
indulgências em Juterborg, próximo a Wittenberg. Lutero e aqueles que o seguiu
revoltaram-se contra a exploração do povo por esse sistema nefasto, decidiu fazer um
protesto público. Tetzel ensinava que o arrependimento não era necessário para quem
comprasse uma indulgência, fosse mesmo capaz de dar perdão completo de todo
pecado.
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Em 31 de outubro de 1517, Lutero afixou suas 95 teses na porta da igreja do


Castelo de Wittenberg. Nelas, condenava os abusos do sistema das indulgências e
desafiava a todos para um debate sobre o assunto. Uma leitura das 95 teses revelar
aqui Lutero estava apenas criticando os abusos do sistema das indulgências, na
intenção de reformá-lo. Entretanto, entre 1518 e 1521, ele foi forçado a admitir a
separação do romanizou com a única alternativa para se chegar a uma reforma que
significasse uma volta ao ideal da igreja revelado nós escrituras.
No outono de 1518, Lutero dizia que para ele a única autoridade no debate que
se aproximava não seria nem o papa nem a igreja, mas a Bíblia.
Em 1520, Lutero resolveu levar o assunto ao povo alemão com a publicação
de três panfletos. O apelo à nobreza germânica, atingia a hierarquia. Roma
estabelecerá que autoridade espiritual era superior a temporal, que somente o papa
poderia interpretar as escrituras e que ninguém a não ser o papa poderia convocar
um concílio.
Em outubro, Lutero publicou “O cativeiro Babilônico”, no qual, mais incisivo
desafiava o sistema sacramental de Roma. O primeiro documento fura um ataque a
hierarquia, mas esse atingia o centro do sistema romano e sacramentos como meios
de graça quando ministrados pelo sacerdócio. Lutero contrapunha a validade
exclusiva da ceia do Senhor e do batismo. Por sua vez, o terceiro panfleto, sobre a
liberdade do homem cristão, atingiu diretamente a teologia da igreja romana, ou
afirmar o sacerdócio de todos os clientes como resultado da fé pessoal em Cristo.
Lutero recebeu ajuda de um nobre teólogo no movimento da reforma, seu nome
é Melanchton, O mesmo rejeitava autoridade da igreja romana, dos pais da lei
canônica e dois escolásticos sobre todos estes deveria estar a Bíblia como única
autoridade final para os cristãos.
Sem dúvida alguma, Lutero foi um herói nacional, tendo em alta conta ao
mesmo tempo por príncipes, camponeses, humanistas e senhores, seu
comportamento, entretanto, nos anos seguintes alijou alguns daqueles que o tinham
seguido tão prontamente no começo.
Lutero perdeu também o apoio de humanistas como Erasmo, em 1525. No
início, Erasmo apoiaria os seus apelos por reforma, mas se retraiu quando percebeu
que as ideias de Lutero provocariam uma ruptura com Roma.
Os últimos anos de Lutero foram tumultuados por causa da bigamia de Felipe
Hesse, um dos seus sustentadores, que se casou com Margaret von der Saale em
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1540, sim a formalização do divórcio com a esposa. Lutero contemporizou nessa


questão, consentindo com casamento e aconselhando o sigilo do segundo matrimônio
1546, o reformador morreu, ficando Melanchton com a liderança do movimento
luterano.
Sem dúvida alguma, Lutero foi um gigante da igreja, sua influência ultrapassou
os limites do tempo. As igrejas luteranas da Alemanha e dos países escandinavos
nasceram do seu trabalho. Para elas, elaborou ele os catecismos maior e menor,
preparou apostilas para ajudar os ministros em seus sermões, desenvolveu um
sistema de governo eclesiástico, deu a Bíblia alemã, que muito contribuiu para
padronizar a língua, além de compor belos e grandiosos hinos, como castelo.
Além disso, criou um sistema de educação elementar para que o povo pudesse
aprender a ler a Bíblia em alemão, a execução dessa tarefa foi recomendada os
governos das cidades alemãs uma carta de 1524.
Lutero recolocou a ligação em seu devido lugar, restabelecendo um meio de
instrução espiritual largamente usado na igreja primitiva. Ademais, levou sua geração
a perceber que a cultura não era apenas uma questão da razão mais da regeneração
pela fé em Cristo.
O luteranismo foi também influente em outros países. As ideias luteranas se
viram com o fundamento da reforma de John Knox, na Escócia. As ideias luteranas
chegaram também a Inglaterra. Embora estes países tenho adotado formas
particulares de reforma, o luteranismo contribuiu na transição do catolicismo para o
protestantismo. O luteranismo foi temporariamente vitorioso na Polônia, mas as
divisões e as lutas internas entre os que favoreciam a fé luterana permitiram a igreja
romana recuperá-la para o catolicismo.
Foi, pois, na Alemanha e nos países escandinavos que o luteranismo
conseguiu seus Trunfos maiores e mais permanentes. Autoridade da Bíblia, que os
líderes e luteranos traduziram para as línguas e seus países, e a doutrina da
justificação pela fé tornaram-se os lemas destes países no século XVI.
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4. A REFORMA NA SUÍÇA

Uma epidemia de peste bubônica 1519 E o contato com as ideias luteranas


levaram uma experiência de conversão. Zwinglio levantou a primeira bandeira da
reforma. Declarou que os dízimos pagos pelos fiéis não eram exigência é, pois, o seu
pagamento uma questão de voluntariedade. Estou abalou as bases financeiras do
sistema mono. Por esta época, estranhamente, O reformador se casou com uma
viúva, Anna Reinhard, em 1522.
Zwinglio foi o mais monista dos reformadores. Para ele, gregos como Sócrates
e Platão e romanos como catão, Sêneca e Cipião estava no Céu. A Fora isto,
sustentou autoridade absoluta, nada permitem em religião que não autorizado, Livia.
Aceitou predestinação incondicional para passar o bastão, entendendo que somente
aqueles you Say rejeitassem cu Evangelho estava predestinado a condenação.
Zwinglio queria que até era a parte mais importante dos sacramentos, a ceia
do Senhor era uma comemoração e não uma repetição da expiação, pelo que o cliente
pela reflexão sobre a morte de Cristo recebe pensão espiritual. Ele conseguia pecado
original com uma doença moral, mas não era uma culpa, as crianças poderiam,
portanto, ser salvos por Cristo independente de batismo.
Foram estas as ideias do homem que colocou os fundamentos da fé reformada
na Suíça Alemanha. Embora tenha sido um herói, a igreja Healing domingo, pirulito
democrata zero libertação da Suíça das garras do papa.
Os anabatistas surgiram primeiro na Suíça em função da liberdade que existia
neste país. Nem eu feudalismo nem o papado tinha sido capaz de preservar o apoio
desta terra de intrépidos soldados mercenários. A Insistência de Zwinglio na Bíblia
como fundamento da ação dos pregadores encorajou a formação de conceitos
anabatistas baseados na Bíblia.
O setor radical do movimento anabatista por causa da sua escatologia
contribuiu para decepcionar muitos crentes fies nas fileiras dos anabatistas na
Alemanha. Bernhard Rothmann, um dos cônegos da catedral de Munster, empenhou-
se em converte Musnster à fé evangélica. Em 1532, o conselho autorizou o uso dos
púlpitos pelos ministros luteranos, mas o Imperador ordenou ao bispo de Munster que
expulsasse Rothmann e seus seguidores, os quais estavam se tornando muito
radicais, adotando ideias anabatistas de socialismo e propondo a venda das
propriedades para ajudar os pobres.
18

A esta altura, Melchior Hoffman, que viera a Strasbourg a fim de esperar a vinda
do milênio em 1533, foi substituído como líder dos anabatistas quiliasta de Strasbourg
por Jan Matthyszoon, magro e de barba negras. Matthyszoon proclamou-se Enoque
e enviou emissários a Munster em 1534. Depois, decidiu que seria Munster não
Strasbourg a Nova Jerusalém, mudando-se para lá com sua esposa Divara, uma ex-
freira. A poligamia foi instituída, para compensar o número superior de mulheres
solteiras e para imitar alguns patriarcas do Velho Testamento.
O bispo da região, ajudado por uma grande tropa e pela traição de muitos
anabatistas, retornou à cidade, executando os seus líderes. O repudio às ideias de
Lutero e Zwinglio, além do fanático incidente de Munster, determinou a condenação e
a perseguição ao movimento, tanto por parte dos protestantes como dos católicos.
A destruição do movimento anabatista pelos quilliastas de Munster foi evitada
pela saída liderança de Meno Simons em 1496-1561 na Holanda.
É difícil sistematizar as crenças anabatistas, porque houve muitos grupos
anabatistas diferentes em suas doutrinas, como resultado natural da convicção de
direito do crente interpretar a Bíblia como autoridade literal e final. Assim mesmo, há
algumas doutrinas em que todos os anabatistas e os menonitas estavam de acordo.
Os anabatistas exerceram atração especial sobre os artesãos e camponeses,
não alcançados pelos outros reformadores. Este fato, relacionado à tendência natural
a interpretação literal da Bíblia pelas pessoas iletradas, levou-os a excessos místicos
ou quilliásticos. Os duros tempos do século XVI fizeram com que muitos pobres
aceitassem a consolação que encontravam nas ideias dos anabatistas, que não foram
os bolcheviques da Reforma nem integravam todos a esquerda dos visionários
fanáticos. Eram apenas humildes crentes na bíblia, alguns dos quais enganados por
líderes ignorantes, que interpretavam a Bíblia literalmente para proveito próprio.
Os socinianos racionalista, foram outro grupo radical da Reforma. Suas ideias
se desenvolveram na Itália, por Lelio Sozzini foi atraído ao anti-trinitarianismo.
Desenvolveu-se rápido na Polônia. Os adeptos do anti-trinitarianismo acreditavam que
Cristo deveria ser adorado como um homem que obteve a divindade por sua vida
superior. Sua morte foi só um grande exemplo de obediência que Deus desejava de
seus seguidores. O pecado original, a deidade de Cristo, a trindade e a predestinação
foram negadas. A moderna igreja Unitariana é um descendente direto dos socianos
da Polônia, que foram chamados unitarianos pela primeira vem em 1600.
19

O reformador de segunda geração, Calvino foi de família camponesa, mas o


pai era um tabelião que fez do filho um membro da classe profissional. A formação
universitária de Lutero foi feita de filosofia e teologia; o mesmo recebeu uma formação
humanística; por isso, enquanto ele foi organizador por excelência do protestantismo,
Lutero foi sua voz profética. Lutero era fisicamente forte, enquanto Calvino teve de
enfrentar problemas de saúde durante todo o seu período de trabalho em Genebra.
Lutero amava o lar e a família, ao passo que Calvino preferia o estudo solitário.
Lutero e Calvino diferiam tanto teologicamente como pessoalmente, Lutero
enfatizava a pregação; Calvino preocupava-se com a formulação de um sistema
formal de teologia. Os dois aceitaram a autoridade da Bíblia, só que a ênfase maior
de Lutero era sobre a justificação pela fé e a Calvino, sobre a soberania de Deus.
Lutero interpretava a consubstanciação como a melhor teologia para a ceia do
Senhor, Calvino negava a presença física de Cristo, aceitando apenas a presença
espiritual de Cristo pela fé nos corações dos participantes. Lutero só rejeitava o que a
Bíblia não aprovava; Calvino rejeitava tudo o que não pudesse ser provado pela Bíblia.
Foi na Basileia, que Calvino sua grande obra As institutas da Religião cristã, na
primavera de 1536; tina então 26 anos de idade.
Foi Guillaume Farel 1489-1565, que estabeleceu a reforma em Genebra,
aceitou cedo em 1521, a doutrina luterana da justificação pela fé. Protegido por Berna,
ele ajudou a propagar as ideias reformadas. Para estabelecer a reforma em Genebra,
Farel percebeu que precisaria de alguém administrativamente mais capacitado. Em
uma de suas viagens, Calvino pernoitou uma vez em 1536 em Genebra. Farel foi ao
seu encontro e solicitou sua ajuda. Farel lhe disse que se não lhe ajudasse Deus iria
lhe amaldiçoar. Calvino resolveu ficar em Genebra para dar início seus trabalhos
teológicos.
A maior contribuição de Calvino à fé reformada foram as suas Institutas, aceitas
como expressão acabada da teologia reformada. Nesta obra, ele pôs os fundamentos
de suas ênfases reformadas: a importância da doutrina e a centralidade de Deus na
teologia cristã. Calvino também incentivo a educação. Em substituição à academia,
ele criou em Genebra um sistema de educação em três níveis, hoje conhecida como
universidade de Genebra, fundada em 1559.
20

5. A FÉ REFORMADA FORA DA SUÍÇA.

A influência luterana, devida principalmente à entrada dos escritos de Lutero, é


outros fatos na irrupção da reforma na França. A alta classe média de mercadores da
cidade e os trabalhadores da cidade e do campo estavam descontentes com o
monopólio da vida social e política exercido pela nobreza e pelo clero e se opunha à
corrupção da Igreja Romana.
Alarmado com a divulgação das ideias protestantes, Francisco resolveu
empregar a força na tentativa de impedir o continuo avanço da heresia.
Faltou ao movimento na França uma liderança eficaz, mas os que optaram
pelos princípios da Reforma salientaram a autoridade da Bíblia para a fé e para a
prática, bem como a doutrina da justificação pela fé.
Embora o impulso para a Reforma francesa de início, tenha vindo das ideias
dos humanistas bíblicos e de Lutero, a conversão de João Calvino deu à Reforma um
escritor capaz de popularizá-la, tanto que em 1532 os valdenses do sul da França
aceitaram o calvinismo.
O jansenismo na igreja católica romana da França foi a contrapartida
continental do puritanismo inglês. Os huguenotes tornaram-se poderosos e bem
organizados que formaram um reino dentro de um reino. A compreensão desta
situação pelo governo redundou na mudança da política governamental de
perseguição constante, feroz e sangrenta, adotada entre 1538 e 1559, para uma
política de guerra religiosa que levou a França de volta a Roma.
Os dois grupos fundamentaram seus traços teológicos nas doutrinas de
Agostinho. O movimento jansenista era uma reação contra a ortodoxia tomista do
concilio de Trento baseado em um agostinianismo de base que vitalizava vida pessoal.
Depois que Lutero perdeu apoio da classe camponesa do vale do Reno por sua
inflexível oposição à revolta dos camponeses, muitos camponeses se tornaram
anabatistas. Com a chagada do calvinismo, os mais conservadores tornaram ao
calvinismo.
Ao final do século XVI, grande parte do povo e da nobreza tinha adotado a fé
reformada. Mateus Devay foi um dos grandes responsáveis por esta mudança de
situação.
Na Reforma escocesa, a política foi denominada pela religião. Na Inglaterra,
porém, a religião estava a serviço dos negócios políticos. Os barões e a classe média
21

urbana na Escócia, uniram-se a João Knox contra a coroa para fazer a reforma. Na
Inglaterra a reforma veio de cima por decreto real. Uma causa positiva foram as ideias
luteranas de Patrick Hamilton, que estudara em Margurg e Witterberg. A ênfase de
Hamilton na justificação pela fé s sua afirmativa de que o papa era o anticristo iraram
tanto as autoridades que ele foi queimado em 1528.
O homem que estabeleceria a Reforma na Escócia preparava-se para a tarefa.
João Knox 1513-1572, era um homem corajoso, ríspido até, às vezes, que
ninguém temia, exceto Deus.
Alguns nobres escoceses, aborrecidos com a influência francesa na Escócia e
a idolatria da congregação de Satã – a denominação que dava a Igreja de Roma.
Quando Maria Stuart e seu marido se fizeram reis da França e os soldados
franceses chegaram à Escócia, o povo pediu ajuda a Elizabeth, a nova rainha da
Inglaterra. Elizabeth, hábil diplomata, hesitou em cooperar com um povo em revolta
contra sua soberana. Ademais, ela detestava Knox por ter ele publicado, em 1558,
uma obra contra a regente escocesa e Maria Tudor, intitulada “primeiro Clarim contra
o Mostrouso Governo de Mulheres”, em que ele dizia ser contra a natureza, Deus, e
sua palavra, uma mulher governar, pois isto era a subversão da boa ordem, de toda
justiça e equidade”.
O parlamento se reuniu em 1560 e, orientado por Knox, começou a obra de
Reforma: pôs fim ao domínio do papa sobre a Igreja Escocesa, declarou ilegal a missa
e revogou todos os decretos contra os hereges e aceitou a confissão de fé os Seis
Johns, cinco outros homens de prenomes de Johns elaboraram em menos de uma
semana.
Quando os irlandeses se revoltaram contra a Inglaterra durante a reforma, o
parlamento em 1557, considerou por lei as terras dos rebeldes derrotados, destinados
dois terços delas para os colonos ingleses. Isto inaugurou a política de colonização
cuja consequência é a Irlanda dividida até hoje.
Ao ascender ao trono inglês, James I resolveu recolonizar a Irlanda do Norte
com protestantes, que em sua maioria eram presbiterianos escoceses e acabaram
formando o grosso da população nos condados do norte. A Irlanda do Sul não aceitou
a reforma e permaneceu fiel ao papa.
O luteranismo não conseguiu a adesão dos holandeses, embora, junto com o
humanismo, tenha contribuído para a revolta religiosa na Holanda.
22

Estas forças todas se cristalizaram numa revolta político- eclesiástica contra a


dominação do rei espanhol e do papa. A Holanda foi o único pais conquistado pelo
protestantismo depois que a Contra-Reforma.
O protestantismo propagou-se, apesar da criação da inquisição, em 1524, para
varrê-lo destas importantes possessões espanholas.
Os fundamentos do moderno estado da Holanda foram assentados sob a
liderança de William de Orange. Enquanto lutavam pela independência nacional os
holandeses não esqueceram da organização eclesiástica e da teologia.
Vitorioso, o calvinismo, porém teve no arminianismo sua primeira oposição na
Holanda. James Arminius 1559-1609, seu interprete, foi educado com fundos
levantados por amigos e, depois pelas autoridades civis de Amsterdã.
Armínio e Calvino ensinavam que o homem, por ter herdado o pecado de Adão,
está sob a ira de Deus. Armínio, porém, cria que o homem era capaz de procurar a
salvação antes mesmo de Deus lhe conceder a graça fundamental que habita a sua
vontade para cooperar com Deus. Calvino entendia que a vontade do homem fora tão
corrompida pela queda a salvação era uma questão exclusiva da graça divina.
Armínio respondia à insistência calvinista sobre a perseverança dos santos
afirmando que Deus concedia aos santos uma graça tamanha que eles não
precisariam cair, embora a Bíblia praticamente ensinasse que era possível ao homem
perde a salvação.
Foi em 1618, até 1619, o sínodo se reuniu em Dort, constituindo-se realmente
numa assembleia calvinista internacional, porque 28 dos 130 presentes eram
calvinistas vindos da Inglaterra, de Bremen, do Palatinado, da Suíça e de outros
países.
Aprovados cinco artigos calvinistas contrários à representação 1610, os
ministros que seguiram Armínio foram despostos de seus cargos. Só em 1625 cessou
a perseguição aos arminianos. O arminianismo exerceu influência considerável sobre
uma ala da Igreja Anglicana do XVII, sobre o movimento metodista do século XVII e
sobre o Exército da Salvação.
23

6. A REFORMA E O PURITANISMO NA INGLATERRA.

Segundo Earle E. Cairns a Reforma protestante pode ser entendida por quatro
tipos de fé: o luteranismo, o anabatista, o reformado e o anglicano.
As causas da reforma na Inglaterra têm como princípio os lolardos, organizados
para propagar os ensinos de João Wiycliffe, jamais foram aniquilados. Ao contrário,
seus ensinos tinham circulado nos lares das pessoas mais humildes da Inglaterra
através de um movimento secreto durante o século XV. A ênfase que davam à
autoridade da Bíblia e à necessidade de uma comunhão pessoal com Cristo.
O fator intelectual não pode ser descartado. Os humanistas Bíblicos ou os
reformados de Oxford, da universidade de Oxford.
William Tyndale 1494-1536 e Miles Coverdale, que tinham dado a Bíblia ao
povo inglês, também queria reformar a Igreja.
Os escritos de Lutero também circulavam amplamente na Inglaterra. Os sábios
de Oxford e Cambridge leram sua obra “Cativeiro Babilônico”, como sua crítica aos
abusos da Igreja Romana, mas em 1521, Henrique VIII condenou-o num livro
grosseiro intitulado “Defesa dos Sete Sacramentos”. O papa, agradecido, deu-lhe o
título, usado pelos monarcas protestantes da Inglaterra até hoje, de ‘Defensor da Fé”.
A queima publica dos livros de Lutero não impediu a propagação de suas
ideias, graças às quais homens como Tyndale e Thomas Cranmer aproximaram-se
das posições protestantes.
A causa direta que provocou a Reforma Anglicana foi a via sentimental de
Henrique VIII, desejoso de ter um filho homem. Pareceu-lhe que ele e Catarina jamais
poderiam tê-lo. Para divorciar dela e casar-se com Ana Bolena, com quem tinha um
romance, ele teria que controlar a igreja Romana na Inglaterra. Os atos de Henrique
constituíram-se na causa direta e pessoal do início da Reforma.
Eduardo VI tinha só nove anos quando ascendeu ao trono, o Duque de
Somerset, irmão de sua mãe, foi indicado regente. Somerset se simpatizava pelo
protestantismo e aceitava a liberdade religiosa. Ele persuadiu o jovem rei a introduzir
mudanças que tornariam a reforma na Inglaterra religiosa e teológica, política e
eclesiástica, ao mesmo tempo.
Maria Tudor reinou de 1553 a 1558, era filha de enrique VIII com Catarina de
Aragão. Seu reinado coincidiu com o desenvolvimento da Contra-Reforma na igreja
romana no continente e pode ser entendido como a Contra-Reforma inglesa. O
24

parlamento concordou nas ideias necessárias, menos na restauração das terras


tomadas da igreja romana durante o reinado de Henrique VIII. Cerca de 800 clérigos
ingleses recusaram-se a acatar as mudanças e perderam suas paróquias. Os clérigos
foram forçados a fugir para Genebra e Frankfurt, para não sucumbirem diante da
perseguição desencadeada por Maria Tudor.
Ao subir ao trono, com 25 anos, Elizabeth enfrentou muitos problemas. Maria
Stuart reivindicava com razão o trono; a Espanha estava pronta para intervir a fim de
satisfazer as pretensões de Felipe.
O parlamento aprovou, em 1559, o Ato de Supremacia, de Elizabeth, que fez
da rainha “o único governo supremo deste reino”, em assuntos espirituais
eclesiásticos e temporais.
Um ato de uniformidade instituiu o uso do livro de oração de 1552 com ligeiras
modificações. A falta a igreja deveria ser punida com uma multa de um xelim.
Estes passos, mesmo moderados, suscitaram a perene inimizade do papa.
Tendo o papa Pio V emitido em 1570 uma bula excomungando Elizabeth e
deliberando os católicos ingleses de submissão a ela, Elizabeth reagiu com decreto
dirigido aos jesuítas, que planejavam reconquistar a Inglaterra para o papado.
William Allen, que havia fundado um seminário em Duai, na costa francesa,
para treinar pessoas para trabalhos secretos com seguidores do papa da Inglaterra,
pediu ajuda a Felipe da Espanha para sua obra de reconversão da Inglaterra à Igreja
Romana. Felipe também estava interessado nesta guerra, primeiramente por seu filho
leal da Igreja de Roma e, segundo, por saber que Elizabeth veladamente ajudava os
rebeldes holandeses. Em 1588, ele reuniu uma esquadra, conhecida como a Armada
Espanhola, e investiu contra a Inglaterra. Sua armada, porém, foi derrotada pela
esquadra inglesa.
A Reforma levou a bíblia ao povo inglês em sua própria língua. A campeã do
protestantismo Europeu ainda ajudou os calvinistas holandeses e franceses em sua
luta contra governantes católicos.
Com a vitória contra o papado a rainha agora teria que enfrentar o poder
nascente dos puritanos, que ameaçava tornar presbiteriana ou congregacional a Igreja
Anglicana e queriam purificá-la de acordo com a Bíblia, aceita por eles como regra
infalível de fé e prática.
De 1568 a 1570 receberam dos puritanos várias objeções contra a
permanência, na liturgia eclesiástica, do ritual e das vestes que pareciam com os
25

papistas. Se opuseram à guarda dos dias santos, à absolvição clerical, ao sinal da


cruz, à presença de padrinhos no batismo, ao ajoelhar-se na hora da ceia.
O puritanismo prosseguiu crescendo e garantindo o apoio de muitos
advogados, comerciantes e moradores da zona rural.
Elizabeth promulgou, em 1593, um ato contra os puritanos. Este ato permitia
às autoridades prender os puritanos por faltarem à igreja anglicana. Os puritanos
foram considerados facção na Igreja Anglicana que, no caso Cartwrigth e seus
seguidores, queriam uma igreja presbiteriana, ou, como Jacob e seus seguidores,
uma igreja congregacional oficial.
Já os separatistas queriam a separação entre igreja e o Estado e a adoção do
sistema congregacional para a igreja.
O aparecimento de Thomas Cartwright 1535 a1603, como professor de teologia
em Cambridge, por volta de 1570, deslocou a ênfase dos esforços puritanos de
reforma da liturgia para reforma da teologia e da eclesiologia. Sua insistência sobre a
autoridade suprema da bíblia levou seus seguidores à adoção de uma teologia
calvinista que tornaria os 39 artigos ainda calvinistas.
Um grupo de puritanos que não seguia o modelo presbiteriano de Cartwright,
adotou as ideias de Henry Jacob, que pode ser considerado o fundador dos
independentes ou congregacionais puritanos.
A maior diferença entre os puritanos presbiterianos e independentes e os
puritanos separatistas residia na ideia do pacto eclesiástico, e, razão do que os últimos
permaneceram unidos à igreja oficial enquanto os outro dela se separaram.
As forças religiosas geradas tanto pelos exílios ao tempo de Maria Tudor, tão
comuns ao calvinismo na Europa, quanto pela Bíblia de Genebra em 1560, resultaram
no puritanismo que causou muitas dificuldades a Elizabeth. Quando seu sucessor
James VI da Escócia, tornou-se James I da Inglaterra, em 1603, os puritanos
esperavam que este rei calvinista, favorável ao sistema episcopal, estabelecesse um
sistema presbiteriano de governo na Igreja Anglicana.
As discórdias entre James e os puritanos não giravam apenas em torno das
formas presbiterianas ou episcopais de governo eclesiástico. A questão judicial
referia-se à luta entre as cortes legislativas legais e o sistema de corte extralegal que
os Tudors tinham inaugurado para lhes dar total controle sobre seus súditos. Em 1638,
os líderes escoceses constituíram uma aliança nacional para defender o
presbiterianismo e invadiram a Inglaterra.
26

7. A CONTRA-REFORMA E O SIGNIFICADO DA REFORMA.

Segundo Earle E. Cairns a igreja Magistral dos Luteranos, Anglicanos e


Reformados e as igrejas livres ou radicais dos Anabatistas pareciam estar bem perto
de ganhar toda a Europa do norte dos Alpes, por volta de 1545. Pareciam estar no
caminho da vitória. Solidamente fincado na Alemanha, França, Escandinávia, Suíça,
Inglaterra e Escócia, o protestantismo só chegou à Holanda em 1560, porque uma
onda de energia religiosa renovou a igreja de Roma.
Um fator importante a impedir o avanço do protestantismo foi o oratório do amor
divino, fundado por volta de 1517. Esta organização informal de clérigos e leigos
importantes estava interessada numa vida espiritual profunda através de exercícios
espirituais. Envolveu-se também na realização de obras de caridade e na reforma.
O fato de os papas da renascença, amantes da luxuria, gananciosos, embora
cultos, terem sido sucedidos no século XVI por muitos papas que zelosamente
sustentavam a reforma, também ajudou a sustentar o crescimento do protestantismo.
Como sugeriu Latourette, o século XIX foi grande século das missões
protestantes, pode ser dito que, graças aos Jesuítas, o século XVI foi o grande século
das missões católicas. Jesuítas espanhóis, portugueses e, mais tarde, franceses,
levaram sua fé à América Latina.
A Espanha tornou-se a nação líder na obra Contra-Reforma, uma vez que
nacionalismo e religião tinham se unido para unificar e consolidar o estado espanhol
e, então, expulsar os mouros muçulmanos e os judeus.
Foi na Espanha que a Inquisição se organizou em 1480 e se constituiu bob a
liderança de Tomás de Torquemada, num órgão de extermínio dos hereges. Foi da
Espanha que Paulo III tirou a ideia da inquisição Romana.
A arma mais eficiente de propaganda positiva usada pela Igreja de Roma foi a
ordem jesuíta, que se firmava na pregação feita por monges bem treinados como
forma de reconverter os adeptos do protestantismo. O fundador da ordem, Ignácio de
Loyola, era de uma rica família.
A igreja tinha duas armas de coerção para apoiar a propaganda feita pelos
jesuítas: a inquisição e o index. A Inquisição se originara na luta contra os albigenses
no sul da França nos primórdios do século XIII.
O desenvolvimento da imprensa em meados do século XV ajudou os
protestantes na disseminação de suas ideias.
27

Earle E. Cairns descreve que os católicos romanos e luteranos se


indispuseram porque muitos governantes católicos, convertidos ao protestantismo,
protestaram sobre suas terras a despeito da paz de Augsburg, que determinava que
os que se tornassem protestantes deveriam entregar suas terras. Os calvinistas, não
reconhecidos nas negociações em Augsburg, tinham conquistado áreas na Alemanha
e no Palatinado, e queriam reconhecimento legal.
O início da guerra dos trinta anos ocorreu na chamada “defenestração de
Praga”, ocorrida em 23 de maio de 1618. Nesta ocasião, três representantes do
imperador Fernando II (1578-1637), da Casa Habsburgo, foram jogados pela janela
de um palácio ao tentarem impor o fechamento da assembleia dos estados em
Boêmia. Meses depois, Fernando II conseguiria derrotar os rebeldes, mas sua decisão
de abolir o compromisso da liberdade de culto – estabelecido ainda em 1555 na
chamada Paz de Augsburgo - intimidaria muitos príncipes alemães protestantes e
seus aliados na Europa, como Suécia, Dinamarca e Holanda, principalmente após a
ocupação da região chave do Palatinado pelas tropas do imperador, em 1621.
Somente em 1629, contudo, quando o Sacro Império Romano retomou todas
as terras concedidas aos protestantes desde 1555 ao promulgar o Édito de
Restituição, é que o confronto ameaçou atravessar as fronteiras do Sacro Império
Romano Germânico e tornar-se um conflito generalizado. Logo no ano seguinte, o rei
sueco Gustavo II (1594-1632) liderou um enorme exército numa invasão ao Império,
iniciando uma fase mais favorável à causa protestante que duraria até a morte do
próprio rei na batalha de Lutzen, em 16 de novembro de 1632.
A Reforma marcou o fim do controle de uma igreja universal. A igreja católica
romana foi substituída por uma serie de igrejas oficias protestantes nacionais nas
regiões onde o protestantismo venceu. Os luteranos dominaram o cenário religioso na
Alemanha e na Escandinávia. O calvinismo fez adeptos na suíça, Escócia, Holanda,
França e Hungria. Os ingleses estabeleceram a igreja anglicana oficial. Os radicais da
reforma, os anabatistas, não estabeleceram igrejas, mas eram fortes em países como
Holanda; solitários entre os grupos reformadores, eles se opuseram à união de igreja
de igrejas e estado e igualmente à dominação papal.
Apesar das grandes mudanças ocorridas no cenário nacional promovido pelo
movimento da Reforma Protestante as igrejas nacionais não mudaram
completamente. Os protestantes e católicos aceitaram sem problemas os grandes
credos ecumênicos, como o credo dos Apóstolos, o credo Niceno e o Credo
28

Atanasiano, além de sustentaram todas as doutrinas da trindade, a deidade e


ressurreição de Cristo, a bíblia como revelação de Deus, a queda do homem, o pecado
original e a necessidade de uma vida moral para o cristão.
A Reforma foi também um grande período de desenvolvimento doutrinal. Os
credos ecumênicos foram elaborados e confissões protestantes.
O protestantismo foi responsável por algumas grandes ênfases doutrinarias
que exerceram influências sobre assuntos temporais e espirituais.
A afirmativa de que a justificação era pela fé marcou o ressurgimento do
individualismo religioso, abandonado durante a Idade Média pela convicção de que o
homem se desenvolveria melhor enquanto integrasse a organização corporativa da
igreja. O homem agora tinha acesso pessoal direto a Deus.
A doutrina do sacerdócio dos crentes diminuiu a importância do sistema
hierárquico de mediadores entre Deus e o homem, como a doutrina da justificação
pela fé. A afirmação da autoridade final da bíblia marcou o repudio à autoridade da
Igreja. A Bíblia, mais do que os decretos dos concílios, os escritos dos Pais e as bulas
dos papas, era a regra final de fé e prática. O direito de interpretação individual foi
enfatizado, uma vez que considerava os indivíduos por si mesmos capazes de
interpretá-la, desde que atentassem para a formação gramatical e histórica.
A Reforma ajudou a criar um interesse pela educação elementar porque, já que
se podia interpretar a Bíblia livremente, era necessário algum conhecimento.
O aspecto positivo foi a difusão da Bíblia. Os valdenses medievais já haviam
se esforçado nesse sentido, traduzindo da Vulgata e produzindo manuscritos caros e
raros. Com Lutero, por sua vez, começa-se a traduzir do grego e do hebraico e a usar
a imprensa, há pouco introduzida na Europa. A Bíblia foi difundida em milhares e,
depois, em milhões de exemplares; todos são exortados a lê-la, meditá-la e aplicar os
seus ensinamentos. Mesmo os católicos, que por muito tempo a usavam com reserva,
hoje a difundem e também fazem traduções modernas em colaboração entre
protestantes e católicos.
A Reforma Protestante fez surgir a igualdade espiritual dos homens e igualdade
política. Onde as ideias calvinistas foram aceitas, promoveu o surgimento da
democracia na igreja e no estado. Também estimulou o capitalismo, contra a oposição
medieval à usura. A ênfase sobre a poupança, sobre o trabalho, sobre a necessidade
de se evitar as diversões mundanas caras resultou na provisão de recursos que
seriam usados como capital para novos investimentos.
29

Os fundamentos da igualdade e liberdade são evolução da tese luterana de que


não existe diferença entre leigo e clérigo, de que todos são iguais perante Deus. Todos
os Pais da Reforma insistiram no conceito dos diretos e responsabilidades do
indivíduo em interpretar as Escrituras segundo sua consciência e orações. As
mudanças se seguiram para o estado de direito e o capitalismo e, bem ou mal, foram
um fundamento para a economia moderna.
30

CONCLUSÃO

O protestantismo contribuiu para a modernidade ocidental em vários e


diferentes aspectos da vida. Mas tem também passagens sombrias e páginas tristes
de uma história de intolerância e violência, como a Guerra dos Trinta Anos (1618-
1648) e, mais recentemente, com o surgimento do fundamentalismo, nascido em
berço protestante nos Estados Unidos no início do século passado. Uma avaliação da
contribuição do protestantismo para a modernidade que minimamente tente ser
equilibrada não poderá esquecer que houve também retrocessos e atrasos na
caminhada deste movimento religioso.
Ao mesmo tempo, será necessário lembrar um fato inegável: o protestantismo
mudou para sempre a história do Ocidente. Para o bem ou para o mal, o
protestantismo, ao desfazer a barreira entre sagrado e profano, plantou as sementes
da secularização no tecido da cultura ocidental. O protestantismo também influenciou
definitivamente o surgimento da democracia moderna.
A elevação do status da mulher, a dignidade do ser humano e a libertação dos
escravos foram algumas das ações diretas da evolução dos princípios que a Reforma
Protestante trouxe ao mundo. Reformadores e missionários pós-Reforma
conseguiram realizar a abolição de escravos, do tráfico e da prostituição, a queima de
hereges e genocídios de deficientes físicos e sacrifícios de crianças, lutas que
persistem até hoje. Embora ainda aja pouco reconhecimento pela sociedade pós-
moderna acerca da raiz de seus direitos e valores desfrutados na atualidade, em
especial para o pensamento, leis e sociedade civil, o legado aí está.
31

REFERÊNCIA

Cairns Earle E. O cristianismo através dos séculos: Uma história da Igreja cristã.
São Paulo: Vida Nova - 1995

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