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Introdução
O Direito Comercial corresponde a um ramo especial do Direito Privado, que incide sobre o
comércio. No entanto, tal como defende o Prof. Menezes Cordeiro, trata-se de uma
especialidade restrita, uma vez que é especial em relação ao Direito Civil, mas geral em relação
ao Direito Bancário.
Em termos técnicos, comércio corresponde a uma atividade lucrativa de produção, distribuição e
venda de bens.
I. Comércio e comerciantes
1. Atos de comércio
Os atos de comércio são regulados pelo Código Comercial, para isso é necessário esclarecer o
conceito de ato comercial. Para a maioria da doutrina, estão abrangidos os contratos, os
negócios unilaterais, os atos jurídicos em sentido estrito e os factos ilícitos.
São considerados atos de comércio objetivos os que estão especialmente regulados no Código
Comercial ou os atos que se reconduzem a atividades efetivamente comerciais. No caso de uma
matéria não se reconduzir a nenhum destes factos, discute-se se poderá haver atos comerciais
por analogia. Para o Prof. Menezes Cordeiro, as normas comerciais não são excecionais, pelo
que admitem analogia.
No caso de haver um ato lacunoso, deveremos averiguar o seu regime através de princípios e
regras gerais de Direito comercial; se chegarmos à conclusão que o ato é regulado
especialmente pelo Código Comercial, então o ato é comercial.
Segundo a teoria do acessório, são atos de comércio acessórios os atos praticados por um
comerciante no exercício do seu comércio, ou que estejam ligados a um ato de comércio
objetivos e absolutos praticados por um não comerciante
Desta forma:
Os atos acessórios da primeira categoria são os atos subjetivos (art. 2º/2ª parte CCom)
Os atos acessórios da segunda categoria, não sendo subjetivos, serão objetivos
A teoria do acessório só se coloca se o ato for praticado por um comerciante e se houver um ato
semelhante ou análogo no CCom.
São atos mistos são aqueles que são comerciais em relação a uma das partes, mas não-comercial
em relação à outra – aplica-se o Direito Comercial, nos termos do art. 99º CCom.
Questiona-se se, antes das normas civis é possível aplicar os princípios comerciais. A Doutrina,
neste sentido distingue dois tipos de analogia: a analogia legis – pode-se passar diretamente
para o caso análogo – e a analogia iuris – só se chega ao caso análogo através da aplicação de
princípios, determina que a analogia iuris ainda é uma forma de analogia. Outro caso é a
aplicação direta dos princípios comerciais, que carecem de mediação de outros fatores.
Para todos os efeitos, tal como o Prof. Menezes Cordeiro afirma, os princípios comerciais são
raros e não são distinguíveis dos princípios civis. São eles:
Internacionalidade
Simplicidade e rapidez
Clareza jurídica
Publicidade
Tutela da confiança
Onerosidade
Neste caso, o Direito civil é um direito subsidiário, apesar de ser geral em relação ao Direito
comercial. De qualquer das formas, na resolução dos problemas que a lei comercial não
consegue resolver, o Direito civil não deixa de ter caráter civil.
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Através de lei para qual eles remeta, sendo que os usos têm função regulativa, ou de
auxiliares na interpretação do negócio jurídico
Através dos costumes
Através da autonomia privada das partes, por meio das cláusulas contratuais gerais ou
por remissão para os usos
Segundo o art. 3º/1 CC, os usos apenas podem ser aplicados se não forem contrários à boa-fé.
2. Comerciante
Segundo o art. 7º CCom., todas as pessoas que sejam civilmente capazes podem celebrar atos de
comércios, mas isso não significa que todas estas pessoas possam ser comerciantes. Segundo o
art. 13º CCom., são comerciantes:
As pessoas com capacidade para praticar atos de comércio e que façam disso a sua
profissão
As sociedades comerciais
Os comerciantes estão sujeitos às obrigações do art. 18º CCom.: adotar uma firma, fazer a
escrituração da mesma, registar no registo comercial os atos a ele sujeitos e prestar contas.
O empresário é o detentor de uma empresa, sendo que o conceito apenas se aplica a pessoas
singulares. Mas este conceito não será o mais correto, uma vez que pode englobar tanto o
comerciante como o industrial que seja proprietário de uma empresa, bem como o
administrador de uma sociedade. Por outro lado, o comerciante pode ou não ser detentor de
uma empresa.
A maior utilização do conceito de empresário em detrimento do conceito de comerciante
poderá ser explicado pela reforma do HGB, em 1998, que adotou o conceito de profissão
comercial, que deveria ser exercida em nome próprio.
Segundo o Prof. Menezes Cordeiro, a atividade comercial pode ser caracterizada por ser:
Uma prática reiterada, em que o comerciante pratica atos comerciais articulados entre si,
e fá-los inúmeras vezes
Uma atividade lucrativa
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Uma prática autónoma, uma vez que o comerciante atua em nome próprio e por sua
conta, não podendo haver subordinação a terceiros
Uma atividade tendencialmente exclusiva, uma vez que o Código Comercial exige a
afetação dos bens do comerciante à sua atividade, pelo que, há deve haver uma
dedicação tendencialmente exclusiva
A capacidade para a prática de atos de comércio do art. 7º CCom, e tal como defende o Prof.
Menezes Cordeiro, remete globalmente para o regime geral da capacidade das pessoas
singulares e coletivas do CC:
As pessoas singulares têm plena capacidade de gozo (art. 67º CC) mas capacidade de
exercício restrita aos maiores, salvo nas exceções do art. 127º CC, e capazes.
O Prof. Gomes da Silva afirma que, relativamente à capacidade de exercício dos
menores, as exceções são mais extensas do que a regra. Por outro lado, no caso de um
menor praticar um ato para o qual não tenha competência, o regime aplicável é o da
anulabilidade do ato (art. 125º CC), pelo que produzem efeitos, mas podem ser
impugnados pelo representante do menor ou pelo próprio menor.
Assim, é possível considerar que o menor pode praticar vários atos comerciais, desde que
estejam dentro das exceções do art. 125º CC, e que haja autorização do tribunal (art.
1889º/1 c) CC)
As pessoas coletivas têm uma capacidade restrita à prossecução dos seus fins (art.
160º/1 CC) e capacidade de exercício restrita aos titulares dos seus órgãos
Mas a capacidade de praticar atos de comércio não é absoluta, uma vez que podem haver
proibições gerais, incompatibilidades, inibições ou impedimentos:
As proibições gerais advém de normas que proíbem o exercício de uma atividade comercial a
toda e qualquer pessoa singular – ex. segundo o art. 14º/1 RGIC, os Bancos devem assumir a
forma de sociedade anónima.
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Associações e fundações:
Será que se poderá admitir que uma pessoa coletiva não societária pratique atos de comércio
objetivos, com base no art. 13º/1 CCom?
Para alguns autores, incluindo o Prof. Ferrer Correia, o art. 13º/1 CCom apenas se aplica às
pessoas singulares; contrariamente, para o Prof. Oliveira Ascensão e o Prof. Coutinho de Abreu,
aplica-se também às pessoas coletivas.
Para um setor da jurisprudência, só se aplica às pessoas singulares, uma vez que, assim, não faria
sentido haver uma distinção entre as pessoas singulares e as pessoas coletivas, no art. 13º
CCom.
Para o Prof. Menezes Cordeiro, as pessoas coletivas, para terem um fim comercial, devem visar o
lucro. Nestes casos, será possível aplicar normas comerciais, até onde as situações o permitirem.
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2. O estabelecimento
No CCom., o estabelecimento poderá ser entendido de duas formas:
Como armazém ou loja – art. 95º/2 CCom e art. 263º único CCom.
Como conjunto de coisas materiais ou corpóreas – arts. 316º, 317º, 495º/2, 1559º,
1560º/1a), 1682-A/1b), 1938º/1f), 1940º, 1962º/1 CC
Antes da locação do estabelecimento (art. 1109º CC), existe uma cedência temporária de
exploração do estabelecimento, ou uma transferência temporária do estabelecimento. A
locação, por outro lado, exige um título definitivo de transferência do estabelecimento,
mediante o pagamento de uma retribuição.
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Quanto ao usufruto, nos termos do art. 1439º CC, o usufrutuário pode aproveitar o
estabelecimento sem alterar a sua substância ou forma, podendo usufruir ainda das coisas
corpóreas que compõem o estabelecimento
O estabelecimento também pode atuar como garantia geral. Se for dado em penhor, por
exemplo, o estabelecimento deverá continuar a funcionar normalmente.
2.3. Trespasse
O trespasse corresponde a um efeito jurídico, que é a transmissão definitiva do direito de
propriedade do estabelecimento, que se opera de forma unitária, ou seja, todos o ativo e
passivo do estabelecimento se transmite com ele.
O trespasse pode operar por via de qualquer contrato típico ou atípico, com eficácia
transmissiva: se o contrato base for uma compra e venda, aplica-se o regime do art. 874º e ss.
CC, apesar de o regime do trespasse estar previsto no art. 1112º CC – aplica-se o regime geral do
trespasse, mas em relação às especificidades, aplica-se o regime do contrato base.
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patentes, marca, … bens que fazem parte do estabelecimento e que auxiliam o exercício
de uma atividade comercial.
As partes podem convencionar que certos bens não se transmitem com o
estabelecimento, desde que isso não conduz à descaracterização do estabelecimento.
No silêncio das partes, transmitem-se todos os bens do estabelecimento
Segundo o Prof. Menezes Cordeiro, existe um dever de informação quanto às dívidas existentes
e que se transferem com o trespasse, estando o trespassário sujeito a diligência mínima
relativamente às condições financeiras do estabelecimento.
Segundo o Prof. Coutinho de Abreu e o Prof. Ferreira Gomes, é necessário acordo entre o
trespassário e o trespassante, mas não é necessário o acordo do devedor, nos termos do art.
577º, pelo que estamos perante um caso de cessão da posição contratual.
O Prof. Oliveira Ascensão defende que todas as situações jurídicas relacionadas com o
estabelecimento não precisam de passar pelas exigências do Código Civil. No entanto, não há
nenhum fundamento para este desvio à aplicação do CC.
Poderá operar o direito de preferência do senhorio, nos termos do art. 1112º/4 CC, o que não
corresponde ao consentimento: o senhorio tem direito de preferência em relação ao trespasse,
bastando haver comunicação ao senhorio, num prazo de 15 dias (1112º/3 -» 1038º/g) CC).
A falta de comunicação do senhorio conduz à ineficácia do trespasse e à possibilidade de
resolução do contrato
O senhorio apenas pode agir se houver transmissão da propriedade por via de uma compra e
venda ou de uma dação em cumprimento, mas para isso tem de adquirir todo o
estabelecimento, mantendo-o em funções da mesma forma que o trespassário interessado faria
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Tratando-se de um contrato atípico, as partes podem delimitar o seu regime no entanto, que
está sujeito ao regime geral:
Segundo o art. 1109º/2 CC, se o imóvel estiver instalado em terreno arrendado, a locação
não carece de autorização do senhorio
Segundo o art. 111º RAU, a cessão de exploração deve constar de documento escrito.
3. A firma
No séc. XIX, o conceito de firma passa a ter uma conotação mercantil, acabando por se
emancipar das pessoas a que estava associada, deixando de estar ligado à designação de uma
pessoa.
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Verdade e exclusividade (art. 32º/1, 2, 4a) RNPC) – exige que a atividade corresponda à
realidade e que os comerciantes não utilizem um nome que não o seu nem denominação
que sejam, por si, contraditórias (ex. uma ONG não pode ser uma sociedade anónima). Se
houverem 2 firmas com o mesmo nome, estas não podem atuar na mesma área
geográfica, de modo a não confundir os consumidores
Estabilidade (art. 33º e 44º RNPC) – a firma não pode ser alterada, pelo que, na
eventualidade de haver transmissão das posições na sociedade, estas só podem ser feitas
com o consentimento do sócio em causa e na medida em que use a firma anterior,
enquanto sucessor. Relativamente à transmissão coerciva, a doutrina defende duas
soluções: se a firma tiver o nome do comerciante, exige-se o seu consentimento por
escrito, mas se não tiver, esse consentimento é dispensado. No caso de compra e venda
da firma, requer-se a venda conjunta dos bens inerentes a ela, p.e., o estabelecimento da
firma
Novidade (art. 38º/4 RNPC) – o nome do comerciante não pode ser confundível com
outro comerciante já estabelecido; se tal acontecer, utiliza-se o critério do consumidor
médio e deve-se atender ao facto de as firmas atuarem ou não na mesma área comercial.
No caso de o comerciante não utilizar o seu nome, este tem o direito de uso exclusivo –
forma de evitar que haja enriquecimento da firma que utiliza um nome de outra
Unidade – cada comerciante apenas pode adotar uma firma, nos termos do art. 38º
RNPC, que, segundo a doutrina, se estende às sociedades.
a. Registo comercial
O direito a uma firma encontra-se sujeita a registo definitivo no RNPC, nos termos do art. 35º/1
RNPC; mediante um certificado de admissibilidade da firma ou da denominação, documento
emitido pelo RNPC.
Pelo princípio da obrigatoriedade, todos os obrigados a ter firma devem inscrever-se, caso
contrário, esta pode ser feita oficiosamente (art. 12º/1 RNPC). A inscrição poderá ser feita
presencialmente, oralmente, ou através de um formulário, pela internet (DL 70/A 2006)
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ou pelo correio.
Se, posteriormente à constituição da firma, houver violação dos princípios, esta perde o direito
ao uso que está a ser utilizado (art. 60º/1 RNPC).
O registo comercial visa dar publicidade a certos atos e situações jurídicas comerciais, cujos
efeitos reais ocorrem pelo mero efeito do contrato (art. 408º/1 CC).
Relativamente às sociedades comerciais, o registo tem valor constitutivo, sendo que só com o
registo é que elas adquirem personalidade jurídica (art. 5º CSC), o mesmo acontece com a sua
extinção.
Segundo o art. 11º CRC, com o registo comercial presumem-se criadas as situações jurídicas
comerciais inerentes à firma, o que implica que o ónus de provar a existência dessa situação
jurídica já não pertence ao interessado, mas ao contra-interessado terá de fazer a prova do
contrário.
Um setor da doutrina alemã defende que, como estamos no campo comercial, a segurança e a
rapidez são princípios fundamentais, pelo que a proteção do terceiro deverá ser alargada a
todos os terceiros, quer conheçam ou não a ausência de registo.
Para o Prof. Menezes Cordeiro, esta ideia não é original, uma vez que os terceiros já
seriam protegidos por via da presunção de boa-fé, através da qual se presume que não
conheciam a ausência de registo dos atos jurídicos, sendo isto, como tal, inoponível
Mas no caso de o terceiro estar de má-fé, já não operava a tutela jurídica da sua posição
comercial
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O uso ilegal de uma firma implica que os interessados tenham, nos termos do art.62º:
Um Direito de exigir a cessação desse uso
Um direito de indemnização pelos danos emergentes
III. A insolvência
Em termos gerais, corresponde à situação em que o devedor não tem possibilidades de cumprir
as suas obrigações pecuniárias. É pautado pelos princípios da autorresponsabilidade, segundo o
qual são as partes que têm de arcar com as consequências do não cumprimento das obrigações.
Na Alemanha, a insolvência prejudicava o credor, uma vez que o comerciante, devedor, atrasava
ao máximo o pagamento das dívidas, o que conduzia a um desequilíbrio enorme entre as partes,
podendo até o credor nunca ver satisfeito o seu crédito.
Em 1994, procedeu-se à autonomização da insolvência do Direito Comercial, que se ligou mais
ao Processo Civil e, especialmente, ao processo executivo.
Em 2007, procedeu-se à simplificação do processo de insolvência
Em França, o Código Comercial de 1807 era bastante severo em relação ao comerciante, uma
vez que o obrigava a pagar as dívidas num prazo de 3 dias; se não pagasse, todos os atos
comerciais posteriores inerentes a ele seriam nulos.
Posteriormente, a parte da insolvência foi substituída, com Decreto de 20 de maio de 1955, que
passou a pautar-se pela proteção da empresa, através da separação do homem da empresa. Isto
desenvolveu-se com o novo regime, criado em 1985.
Em Portugal, no Código Comercial de 1888, surgiu a necessidade de ligar a matéria da
insolvência com outros setores do Direito, nomeadamente o Direito Processual Civil. Mais tarde,
foi criado o Código da Falência, com o DL nº132/93 de 23 de abril.
Em 2004, foi criado o Código da Insolvência, que revogou o Código de Recuperação de Empresas
e Falência de 1993.
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1. O Código da Insolvência
Segundo o art. 1º CIRE, a insolvência visa:
A execução e liquidação do património do devedor insolvente
A repartição desse património pelos credores
Satisfação da dívida por via de um plano de insolvência
O art. 2º CIRE apresenta os sujeitos passivos da insolvência: pessoas singulares (arts. 249º e ss.
CIRE), pessoas coletivas – exceto pessoas coletivas públicas e EPE’s – e pessoas rudimentares.
Nos art. 17º-A e 17º-B CIRE encontra-se previsto o regime especial de revitalização das
empresas, que deve ser articulado com o SIREVE (DL nº 178/2012), o PARI e o PERSI (DL nº
227/2012), que estabelecem o regime extrajudicial
2. Processo de insolvência
Segundo o art. 18º CIRE, o devedor tem um prazo de 30 dias após o conhecimento de que a
empresa se encontra em processo de insolvência, para apresentar pedido de insolvência,
devendo apresentar-se à insolvência.
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Se forem os credores (20º) a pedir a insolvência, qualquer que seja a natureza do crédito, TODOS
os credores podem fazer pedido de insolvência.
Mas no caso dos créditos subordinados, em termos literais, é possível ao credor fazer pedido de
insolvência.
Segundo o art. 22º CIRE, há responsabilidade do requerente que atue com dolo, nomeadamente
quanto aos fundamentos do pedido de insolvência, pelos danos causados
Numa interpretação literal, o preceito abrange apenas os casos de dolo
Numa interpretação abrangida, defendida por ML, poderia haver analogia quanto à
negligência grosseira
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Tal como defende MC, o art. 22º CIRE, tendo em conta a sua teleologia apenas se aplica nos
casos em que o requerente não entrega de forma diligente o requerimento, para efeitos de
imputação dos danos causados a credores.
Se não o fizer e, por exemplo, entregar um pedido infundado, esse facto gera responsabilidade
civil, nos termos do art. 483º CC.
É possível aplicar os preceitos do CPC, nomeadamente quanto à litigância de má-fé, isto porque
a sentença de insolvência é proferida pelo tribunal, num processo civil. Neste caso, aplicam-se os
art. 456º e ss. CPC.
Ainda responde o património do devedor que se divide pelos credores tendo em conta a ordem
de pagamento (art. 601º + 817º CC). Se o devedor não tiver património suficiente para pagar os
créditos subordinados, não se pagam porque não há património para executar.
Acrescenta que o art. 102º e 103º CIRE aplica-se só aos negócios bilaterais não duradouros.
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O CIRE não nos diz nada quanto a negócios unilaterais, mas, por analogia, também se aplicam
estes arts. aos negócios unilaterais.
Quanto aos contratos-promessa:
• O STJ defende que o administrador nunca teria a possibilidade de n cumprimento, se o
fizesse, havia ilicitude, não bastando a indemnização, e tem de haver cumprimento, bem
como restituição do sinal em dobro. Se for licita, só há direito a indemnização.
• O Prof. Oliveira Ascensão distingue os contratos entre profissionais e os contratos entre
profissional e consumidor.
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União externa – dois ou mais contratos coligam-se, sem que haja um nexo juridicamente
relevante
União interna – um dos contratos está subordinado à conclusão do outro
União alternativa – a conclusão de um contrato afasta a celebração do outro
1.2. Solidariedade
O art. 100º CCom. indica que a regra, nas obrigações comerciais, é da solidariedade; ao contrário
das obrigações civis, em que a regra é a da conjunção (art. 513º e ss. CC).
O art. 101º CCom. infere a mesma regra quanto ao fiador de obrigação comercial, mesmo que
não seja comerciante. Esta é uma manifestação da acessoriedade da fiança, segundo a qual será
comercial se a obrigação principal também o for.
Neste caso, afasta-se o beneficio de excussão do art. 638º/1 CC
Este art. deve ser articulado com o art. 1691º/d) CC, segundo o qual os cônjuges respondem
solidariamente pelas dividas do cônjuge comerciante.
2. Contratação comercial
2.1. Culpa in contrahendo
Segundo a jurisprudência alemã, ocorre quando, na fase pré-contratual, as partes violam
deveres de informação, segurança e lealdade a que estão sujeitos:
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Com a violação destes deveres do art. 227º CC, opera a responsabilidade civil obrigacional, nos
termos do art. 483º/1 CC, e presume-se a culpa do devedor (art. 799º/1 CC).
Com a responsabilidade civil, há direito de indemnização por todos os danos causados à
contraparte, incluindo danos emergentes e lucros cessantes.
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A LCCG nº446/85, articulada com a Diretiva nº93/13/CEE estabelece o regime das CCG, que visa
a proteção do consumidor.
Segundo o art. 5º LCCG, as CCG devem ser comunicadas integralmente ao aderente e de forma
adequada e atempada.
Se forem estabelecidas CCG proibidas, estas serão inválidas, havendo ainda a possibilidade de
redução do contrato, nos termos do art. 292º CC.
4. Comércio à distância
4.1. Comércio eletrónico
O regime do comércio eletrónico encontra-se previsto no DL 7/2004, que regula os contratos
celebrados com autómatos, com uma atividade negocial que o Direito é chamado a regular.
Por um lado temos os contratos celebrados pela internet, que não e confundem com os
contratos celebrados com autómatos.
O DL nº143/2001 determina a existência de um dever de informação acrescido, e atribui ao
adquirente (pessoa singular, extensível, segundo MC, às pessoas coletivas) um direito de
resolução do contrato, num prazo mínimo de 14 dias.
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Os contratos celebrados fora do estabelecimento devem ser reduzidos a escrito, sob pena de
serem nulos.
Relativamente à natureza destes atos de comercio eletrónico: nem todo o comercio eletrónico
tem atos de natureza comercial. O uso de meios eletrónicos não vai alterar, só por si, o carater
comercial destes atos. Se não forem atos de comercio, não vai decorrer a comercialidade só pelo
facto de serem praticados em âmbito comercial.
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Segundo o art. 231º CCom, o mandatário obriga-se a praticar um ou mais atos comerciais em
nome e por conta do mandante.
O mandato comercial presume-se oneroso, nos termos do art. 232º CCom, sendo a remuneração
acordada pelas partes ou, na ausência de estipulação, é fixado tendo em conta os usos
comerciais.
O mandatário poderá recusar o mandato, sendo que fica adstrito aos deveres do art. 234º
CCom:
Deve comunicar a recusa ao mandante da forma mais rápida possível
Deve praticar as diligencias necessárias para assegurar a conservação de mercadorias
Deve consignar as mercadorias em depósito
Deve responder pelo incumprimento destes deveres
Se o mandato for revogado ou renunciado sem justificação, há lugar à indemnização, nos termos
do art. 245º CCom.
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Se o gerente contratar terceiro em nome próprio, mas no exercício do mandato, fica obrigado
perante o terceiro; no entanto, o mandante tem a possibilidade de demandar o mandatário ou o
terceiro, mas não ambos, ou seja, não poderá haver solidariedade na execução das obrigações
(art. 252º CCom).
O gerente tem ainda um dever de não concorrência, não devendo desenvolver atividade com
um concorrente, salvo autorização expressa do mandante; se o fizer, será responsabilizado nos
termos do art. 253º CCom.
O mandante tem ainda a possibilidade de fazer seu o negócio que foi desenvolvido com a
concorrência.
2. Contrato de mediação
A mediação corresponde a uma atividade de aproximação de duas pessoas de forma a
estabelecer uma relação negocial e, eventualmente, celebrar um contrato; desta forma, o
mediador não pode representar nenhuma das partes.
Se houver contrato de mediação, a mediação poderá ser civil ou comercial, na qual estão
presentes as regras específicas do comércio.
Qualquer pessoa pode atuar como mediador, independentemente de haver ou não contrato de
mediação. Mas para que o mediador possa atuar sem contrato, é necessário que tenha sido
incumbido para tal.
Relativamente à forma do contrato de mediação, este não se encontra sujeito a nenhuma forma
especial, uma vez que se trata de um contrato atípico.
No entanto, o DL nº285/92, sobre mediação imobiliária, exige que o contrato de mediação tenha
uma forma escrita; caso contrário, o contrato será nulo.
Tendo em conta que o legislador deu mais importância à figura do mediador em vez do contrato,
a jurisprudência afirmou ser necessário que ao contrato de mediação sejam aplicadas as
estipulações das partes, bem como as normas de aplicação analógica e os princípios gerais das
obrigações
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Segundo o Prof. Menezes Cordeiro, não nos poderemos esquecer que estamos perante
um contrato de prestação de serviços, pelo que, na falta de regime, aplica-se o regime do
mandato civil do art. 1156º CC
O contrato de mediação é um contrato oneroso, pelo que devem ser as partes a estipular a
retribuição, bem como as circunstâncias e o momento em que será paga.
Na falta de estipulação das partes, a retribuição deverá ser paga no momento da conclusão do
contrato definitivo, sendo a própria atividade do mediador fundamento para a conclusão do
contrato definitivo. Isto significa que o mediador deverá ser remunerado mesmo que o contrato
definitivo não seja concluído.
3. Associação em participação
Existe uma organização em que duas pessoas, uma delas um comerciante (associante),
colaboram, sendo que são conferidos ao associante alguns apoios para que este desenvolva a
sua atividade comercial e, em troca, transfere uma partes dos lucros para o associado, que
também pode responder pelas perdas.
Enquanto que a participação nos lucros é obrigatória, o mesmo não acontece com a participação
nas perdas, sendo que as partes podem afastar esse conteúdo.
Como a participação nas perdas não é essencial, é necessário que, se tal acontecer, que isso
deva ser provada por escrito.
O contrato pode conter vários associados; no entanto, nãos e presume a sua solidariedade
perante o associante (art. 22º).
Apesar de o associado se obrigar a uma contribuição patrimonial, esta poderá ser afastada se
participar nas perdas, sendo que o montante dessa participação deve resultar da convenção das
partes ou das circunstâncias do contrato.
Se não for definido o montante, este será proporcional à contribuição, pelo que, se o associado
participar nas perdas, essa participação está limitada pela contribuição.
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Se o contrato tiver sido celebrado por duração determinada, pode ser resolvido
antecipadamente por justa causa, nos termos do art. 30º/1.
Mas se o contrato tiver duração indeterminada, pode cessar a todo o tempo depois de passados
10 anos.
4. Consórcio
O nº1 do DL nº 231/81 define o consórcio como o contrato segundo o qual 2 ou mais pessoas
singulares ou coletivas que exercem uma atividade económica e se obrigam a realizar certa
atividade ou contribuição de modo a prosseguir os objetivos mencionados no art. 2º.
Pressupostos do consórcio:
Duas ou mais pessoas singulares ou coletivas, que deverão exercer uma atividade
económica e atuar de forma concertada
Visa um dos objetivos do art. 2º, que devem ser comuns
O contrato deve ser celebrado por escrito e, se estiver em causa um imóvel, a escritura
pública (art. 3º); no entanto, não se encontra sujeito ao registo comercial
A doutrina português, no art. 5º, distingue entre consórcio interno e consórcio externo:
Consórcio interno – as atividades ou bens são fornecidos apenas a um dos membros do
consórcio, sendo este o único que contrata com terceiros OU as atividades ou bens são
fornecidos diretamente ao terceiro pelo membro do consórcio, que não menciona a
atividade concertada
Consórcio externo – as atividades ou bens são fornecidos por cada um dos membros do
consórcio, que invocam a sua qualidade concertada
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Os deveres dos consorciados estão expressos no art. 8º; a repartição dos valores no consórcio
interno e a participação nos lucros e nas perdas no art. 18º.
Relativamente à participação nas perdas, questiona-se se as partes podem estabelecer
um regime próprio: tendo em conta que estamos perante direitos disponíveis, nada
obsta a que as partes determinem um regime de responsabilidade limitada, mas não
podem determinar um regime de solidariedade
Se a contribuição dos consorciados for definida em percentagem, a sua responsabilidade pelas
perdas será proporcional à mesma.
Segundo o art. 10º/2 DL, a repartição dos lucros a receber de terceiros poderá ser diferente da
que decorreria da natureza da relação dos consorciados.
Tendo em conta que os contratos não podem uma duração perpétua, o contrato de consórcio
pode-se extinguir por:
Exoneração de um dos membros, mediante uma justa causa por impossibilidade
absoluta, objetiva e definitiva, liberando o consorciado das suas obrigações
Resolução do contrato por justa causa, através de declarações escritas dos outros
membros
Revogação, caducidade ou impossibilidade
O Prof. Menezes Cordeiro defende que, estando o contrato de lojista inserido num contrato de
organização que fornece serviços, então deverá ser qualificado como um contrato de prestação
de serviços.
6. Contratos de distribuição
Os contratos de distribuição são aqueles que disciplinam as relações jurídicas entre o produtor e
o distribuídos, com vista à comercialização dos bens e serviços do produtor.
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Direito Comercial I
Elementos da agência:
Obrigação do agente de promover a angariação de clientes, antecedendo e preparando a
celebração de contratos
Por conta de outra parte, já que o agente atua sempre por conta do principal, sendo que
os atos praticados pelo agente se repercutem na esfera jurídica do principal
Autonomia, que não é absoluta, uma vez que o principal dá orientações ao agente, que
tem de prestar contas da sua atividade
Estabilidade da relação entre o agente e o principal
Retribuição – o agente é remunerado através de uma comissão
O contrato de agência não está sujeito a forma especial, apesar de o art. 1º atribuir às partes o
direito de exigir documento assinado com o conteúdo do contrato; na prática, o contrato
assume forma escrita.
Tal como acontece no mandato, a agência pode ser celebrada com ou sem representação (art.
2º/1). A celebração do contrato, por si, não confere poderes ao agente de concluir os contratos,
é necessário que esses poderes de representação sejam outorgados pelo principal.
Na agência sem representação, o agente contrata em nome próprio, pelo que os atos não
vinculam o principal nem se repercutem na esfera jurídica do mesmo.
Se, sem poderes de representação, o agente celebrar contratos, segundo o art. 22º, o contrato
não é eficaz, exceto se o principal ratificar.
No caso de o agente cobrar créditos, é necessário autorização reduzida a escrito, nos termos do
art. 3º/1.
Se o agente não tiver poderes para cobrar créditos, pelo art. 3º, que remete para o art. 770º CC,
o cliente tem de repetir a prestação.
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O art. 23º aplica-se quer à celebração de contratos, quer à cobrança de créditos. O contrato é
eficaz ou a cobrança de créditos é relevante, caso seja legítima a confiança do agente, e que o
principal tenha contribuído para essa situação de confiança.
Apesar da qualidade de agente exclusivo, o principal pode utilizar outros agentes, desde que o
faça num ramo diferente ou caso sejam utilizados fora da zona ou do círculo de clientes do
agente exclusivo.
Isto implica que o agente, no silêncio das partes, pode exercer atividades concorrentes,
desde que o faça fora da zona ou do círculo de clientes que lhe foi confiado.
O agente tem ainda o direito de receber uma comissão (art. 18º), numa ótica de proteção do
agente
O agente adquire o direito à comissão quando o principal cumpra ou deva ter cumprido o
contrato, ou quando o terceiro cumpra
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Direito Comercial I
A comissão deve ser paga no final do mês seguinte ao trimestre em que o direito foi
adquirido
Se existir convenção del cedere, o agente pode exigir a comissão, logo após a celebração
do contrato
O agente deve informar o terceiro sobre os seus poderes, esclarecendo aos mesmos se tem
poderes de representação e se pode cobrar os créditos (art. 21º). Caso contrário, será
responsável pelos danos que possam ocorrer.
Se o principal souber do contrato celebrado mas não se manifestar no prazo de 5 dias após o
conhecimento, não manifestar a sua oposição, o negócio considera-se ratificado.
O legislador determinou que, com a cessão da agência, o principal tem direito a uma
indemnização de clientela, compensando o agente pelo enriquecimento sem fundamento, que
deixou de ter fundamento, uma vez que o contrato já cessou (art. 33º). É necessário:
Que o contrato tenha cessado
Que o agente tenha angariado clientes para a outra parte OU que tenha aumentado o
volume de negócios com a clientela já existente
Que o principal beneficie da atividade desenvolvida pelo agente, alguns autores
defendem que basta a chance de beneficiar
Que o agente deixe de receber retribuições pelos negócios com os clientes angariados
O valor da indemnização deverá ser calculado equitativamente (art. 34º), mas não pode exceder
uma retribuição anual.
Com o fim do contrato, cada uma das partes deve restituir todos os elementos e objetos que
pertençam ao outro; no entanto, o agente continua a ter um direito de retenção sobre os
mesmos pelos créditos resultantes da atividade (art. 35º).
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Direito Comercial I
Não se confunde com o contrato de agência, que se caracteriza pelo facto de uma das partes se
obrigar a promover por conta da outra parte a celebração de um contrato; pelo contrário, no
contrato de concessão, o concessionário atua por conta própria.
Também não se confunde com o contrato de mediação, segundo o qual o mediadores obriga a
contactar com outras pessoas para a conclusão do negócio, se, estar ligado a elas por um vinculo
de colaboração, dependência ou representação.
O concessionário, por sua vez, o produtor não se obriga a contactar com terceiros, uma vez que
contrata ele próprio com os terceiros.
Sendo uma figura assente na autonomia privada, em principio o contrato de concessão não
carece de forma especial. Por outro lado, o conteúdo do contrato depende da interpretação e da
integração do texto determinado pelas partes.
É necessário ainda atender ao regime das cláusulas contratuais gerais, que são bastante
recorríveis na necessidade de harmonização dos contratos de distribuição.
As cláusulas contratuais gerais sujeitam-se às regras gerais.
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Direito Comercial I
Em relação à indemnização de clientela, a doutrina defende que se deve aplicar, por analogia, o
regime da agência e, conjuntamente, ver se o concessionário é digno de tutela por se ter
inserido na organização do concedente.
O Prof. Menezes Cordeiro discorda, afirmando que, desde que haja lei, não se aplica, por
analogia o regime do enriquecimento sem causa pelas clientela angariada.
Quanto aos bens em stock, o problema é que o concessionário adquire os bens como sendo
proprietário, mas só os pode vender sob o contrato; assim, cessando o contrato, cessa a
autorização para os vender.
Segundo o Prof. Pinto Monteiro, temos de ver uma compra sob condição resolutiva
implícita; como com a cessão do contrato se resolve a condição, as compras deixam de
fazer efeitos, uma vez que são devolvidas – o risco recai sobre o principal. Estar a obrigar
o principal a comprar os bens, seria obrigá-lo a retomar os bens vendidos pelo valor
histórico e não pelo valor de mercado
Criticas: há descaracterização do contrato de concessão, uma vez que se extingue o risco
por parte do concessionário
Características do franchising:
Contrato comercial – subjetivo do lado do franqueador
Atípico
Consensual, já que não requer forma especial
Obrigacional
Oneroso
Sinalagmático
De execução permanente
De dependência
Este contrato é atípico e depende da autonomia privada das partes; deste modo, só com a
interpretação e integração do contrato é que se consegue determinar o seu alcance.
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Apesar de cada contrato ter um conteúdo determinado pelas partes, a doutrina determinou a
existência das seguintes obrigações do franqueador:
Facultar ao franqueado a utilização de uma marca, insígnia ou nome comercial na
comercialização de bens e serviços
Auxiliar o franqueado no lançamento e manutenção de certa atividade comercial, dando-
lhes os conhecimentos técnicos e produtos necessários
Facultar ao franqueado know how’s que eram exclusivos do franqueador
Fornecer os bens e serviços que o franqueado tenha de distribuir
Prestar assistência técnica ao longo de toda a relação contratual
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Direito Comercial I
O contrato de franquia deve ser conjugado com as regras de concorrência da UE, previstas no
art. 101º e ss. Tratado de Lisboa, que determinam o seguinte:
Só tendo em conta o contexto do contrato e a interpretação de cada uma das cláusulas é
que é possível determinar os comportamentos lícitos segundo as regras de concorrência
São permitidas das cláusulas que evitem que os know how’s concedidos ao franqueado
venham a aproveitar a concorrentes
São lícitas as cláusulas de organização do contrato de modo a preservar a reputação da
marca, da insígnia ou o nome do franqueador
São restritivas da concorrência as cláusulas que determinem a pré determinação de
preços ou a pré fixação de mercados
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Existem 4 posições:
A obrigação de retoma quando haja convenção ou comportamento faltoso por parte do
franqueador (Prof. Pinto Monteiro), nomeadamente desde que haja um pré-aviso
razoável para o franqueador ter a oportunidade de reorganizar a sua produção, o
franqueado deve suportar o prejuízo --» posição adotada
A obrigação de retoma como decorrência da boa-fé, que associa a obrigação de retoma
de mercadorias não vendidas à imposição contratual de manutenção de um stock muito
elevado. Havendo tais cláusulas contratuais, deverá sempre haver um período de pré-
aviso satisfatório, particularmente alargado, face ao volume de mercadorias. Na falta de
imposição contratual de constituição de stocks elevados, não existe obrigação de
recompra. E esta obrigação de retoma não é demasiado onerosa, já que o cedente
A obrigação de retoma como a vontade hipotética das partes – em princípio, não existe
obrigação de retoma das mercadorias, já que o risco corre pelo franqueado e a este cabe
fazer uma gestão de stocks eficiente
A obrigação de retoma como expressão do risco (Prof. Fernando Pinto) – os contratos de
distribuição raramente prevêm o destino a dar aos bens em stock, não obstante
frequentemente regularem a constituição dos mesmos.
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7. Contrato de transporte
Encontra-se previsto nos arts. 366º a 393º CCom.
Segundo o Prof. Menezes Cordeiro, o contrato de transporte pode ser qualificado como aquele
uma pessoa (transportador) se obriga perante outro (expedidor) a providenciar a deslocação de
pessoa ou bens de um local para outro, entregando o bem ao destinatário.
Para o cumprimento da obrigação, o transportador pode subcontratar com outros
transportadores, passando a ser o expedidor em relação a estes.
No âmbito do Direito civil, o contrato de transporte é uma prestação de serviço, na qua apenas
releva o resultados: a colocação da coisa ou bem no local de destino.
Em principio, o contrato de transporte não se encontra sujeito a forma especial, mas as partes
têm o direito de exigir uma guia de transporte para formalizar o contrato.
A guia de transporte serve como prova do contrato e da receção das mercadorias. Poderá ser
considerada um título de crédito à entrega das mercadorias nas condições descritas no contrato.
O transportador está adstrito ao dever de informação decorrente da boa fé do art. 762º/2 CC:
se, por motivo fortuito ou de força maior, não for possível proceder ao transporte ou houver um
atraso, o transportador deve avisar o expedidor imediatamente. Este, por sua vez, tem o direito
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de rescindir o contrato, mas tem de reembolsar o transportador das despesas e restituir o título
de transporte.
O transportador pode escolher o caminho que quiser, salvo convenção em contrário; se houver
convenção e for desrespeitada, o transportador é responsável por qualquer dano que ocorra no
bem transportado (art. 381º CCom.).
Segundo o art. 376º CCom., se o transportador aceitar sem reserva os objetos a transportar,
presume-se que os mesmos não têm vícios.
Se os bens chegarem ao destinatário com vícios, presume-se que houve má execução do
transportador, aplicando-se as regras da responsabilidade civil do art. 798º e ss. CC.
Segundo o art. 383º CCom., o transportador responde pela perda ou deterioração da coisa,
desde que receba até que entregue a coisa objeto do contrato.
Só não responde se a perda ou deterioração ocorrer por culpa do destinatário, caso fortuito,
vício do objeto ou culpa do expedidor.
Relativamente à figura do destinatário, coloca-se a questão de saber qual a relação jurídica entre
o destinatário e o transportador:
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8. Contrato de seguro
Contrato no qual uma pessoa (tomador de seguro) transfere para outra (entidade seguradora) o
risco da verificação de um dano (sinistro), na esfera própria ou alheia, mediante o pagamento de
uma remuneração (prémio).
A pessoa protegida pelo seguro denomina-se segurado, e pode ou não coincidir com o tomador
de seguro.
Relativamente ao regime da compra e venda comercial, aplica-se o regime civil, mas, nas
especificidades do CCom., aplica-se o regime comercial.
No regime comercial, o art. 463º CCom. determina os casos de compra e venda comercial,
havendo sempre um intuito de revenda.
Separa ainda a compra – o sujeito adquire o direito de propriedade com o pagamento do preço –
da venda – recebe-se o pagamento e abdica-se do direito de propriedade.
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8.1. Regime
Segundo o art. 466º CCom., o preço da coisa pode ser convencionado posteriormente, o que
remete para o art. 883º CC.
No entanto, não será possível entregar a coisa antes do preço se o comprador entrar em falência
(art. 468º CCom.).
Na falta de estipulação das partes, o prazo de entrega é de 24 horas (art. 473º CCom.).
Se a compra e venda ocorrer numa feira ou mercado, a entrega deverá ser feita no dia seguinte
à celebração do contrato (art. 475º CCom.).
Segundo o art. 474º CCom., se o comprador não cumprir a sua obrigação, o vendedor pode fazer
sua a coisa – o que envolve a resolução do contrato – e revendê-la em hasta pública ou por
intermédio de um corretor.
10. Reporte
Contrato segundo o qual uma pessoa (o reportado) vai obter a disposição de certa soma em
dinheiro com títulos de crédito concedidos temporariamente ao reportador.
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Contrato consensual, uma vez que não há uma exigência de forma para a celebração do
contrato de forma válida
Real quoad constitutionem (art. 477º § único CCom.)
Sinalagmático e bivinculante porque implica prestações recíprocas que viculam ambas as
partes
Oneroso
Relativo a títulos de crédito negociáveis
Prestações de dare e facere
Contrato típico e autónomo
Segundo D’Espinosa, o reporte tem uma função financeira, por ser uma operação garantida de
crédito.
Apesar de se discutir se o reporte tem uma essência unitária (tipo negocial próprio e autónomo)
ou não unitária (enquanto união de contratos ou como um contrato misto), a maioria da
doutrina, a maioria da doutrina (Prof. Veiga Beirão e Prof. Cunha Gonçalves).
Quanto aos direitos acessórios, estes correspondem às vantagens que, pelo Direito, caibam aos
titulares dos títulos de crédito dados pelo reporte.
Para isso questiona-se se estes direitos acessórios competem ao reportador ou ao reportados:
Um setor da doutrina defende que, existindo 2 compras e vendas simultâneas, o
reportador e o reportado são sucessivamente proprietários, pelo que os direitos
acessórios cabem aos 2, sucessivamente
Outro setor, mais antigo, imputa os direitos acessórios ao reportado, sendo esta a
orientação do Prof. Menezes Cordeiro
Do art. 477º CCom., é possível retirar a norma supletiva segundo a qual durante o prazo de
convenção, correm a favor do reportador os prémios, amortizações e juros.
Mas as partes podem, ao abrigo da sua autonomia privada, estipular que esses prémios,
amortizações e juros cabem ao reportado.
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