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O rio infinito

Mia Couto Ilustrações de Thó Simões


inspirado numa história
tradicional africana

Editora: Goethe-Institut Angola


Para Jossine, Tommy, Noura, Akil e Aisha
O rio infinito
© HISTÓRIAS KAMBUTAS “HISTÓRIAS KAMBUTAS “ é um projecto Autor: Mia Couto VENDA PROIBIDA
Um projecto realizado baseado na ideia do BOOK DASH , realizado Ilustração: Thó Simões Luanda, Angola 2019
pelo Goethe-Institut Angola, na África do Sul. Como o BOOK DASH o Designer e Paginação:
em parceria com nosso projecto reuniu profissionais criativos Iris Buchholz Chocolate
Pés Descalços que se ofereceram para criar novos livros
infantis que qualquer pessoa pode traduzir Impressão:
e distribuir livremente. Tiragem: 1000 exemplares Mia Couto
inspirado numa história
tradicional africana

Ilustrações de Thó Simões


Design de Iris Chocolate
Há muito tempo, numa pequena aldeia remota
vivia uma pobre família constituída por um escultor
chamado Kalunga, a esposa Kianda e os três Enquanto a mãe cultivava os campos,
pequenos filhos. os meninos procuravam na floresta pedaços
de madeira que, durante a noite, o pai
convertia em figuras de pessoas e animais.
Essas esculturas ganhavam vida própria.
Num certo inverno o Sol deixou de se
levantar e o mundo se cobriu de escuro e de
frio. Sem poder caçar, sem poder plantar,
a família acreditou ter chegado o fim.

Kianda pensou: é preciso contar histórias


às nossas crianças. Alimentamo-los de contos,
disse ela. Mas nós não conhecemos nenhuma
história, lembrou Kalunga.
E decidiu que partiria pelo mundo
à procura de histórias enquanto
o marido partiria pelos campos
em busca de comida.
Nos penosos caminhos,
a mulher encontrou diferentes
animais da savana.
A todos ela pediu uma história.
Todos recusaram, estavam com
pressa, estavam com medo.
Até que a mulher chegou
a uma praia e deparou com
uma tartaruga gigante.

Pediu-lhe uma história e a tartaruga disse:


Deus fez-me com um pé na areia e outro
na água. Levo-te ao fundo do mar. Ali moram
os espíritos do oceano. Ninguém mais do
que eles têm histórias para contar.
E desceram ao abismo. O rei e a rainha do fundo
do mar escutaram o pedido e declararam: damos-te
histórias se nos deres algo em troca. Queremos
algo que nos mostre como é esse grande
mundo que fica acima do mar.
Kianda regressou a terra, torturada pela dúvida:
o que lhes poderia oferecer?

Ao entrar em casa, Kianda percebeu


o que tinha que fazer. E pediu ao marido
que escolhesse a sua mais bela escultura.
Com a essa escultura nos braços, a mulher
voltou ao fundo do mar.
A rainha e o rei dos espíritos do mar contemplaram
longamente a obra de madeira e nela descobriram os
encantos de um reino que desconheciam.
De todas as vezes que olhavam descobriam coisas
diferentes. Em troca daquele favor, entregaram
a Kianda um enorme búzio. Sempre que quiseres
escutar uma história, disseram eles, basta que
encostes este búzio ao ouvido.
E foi o que ela fez quando retornou a casa. Os meninos
se extasiaram perante o misterioso e incessante sussurro
que vinha de dentro do búzio.

Os meninos ouviam o mar,


o rio de todos os rios, o primeiro
de todos os ventres. Nessa
escuta, eles a si mesmos se
reencontravam.
Então, o Sol regressou à savana.
E para sempre se foi o tempo do escuro,
da fome e do frio.

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