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Curso de Letras
Disciplina: Língua Portuguesa I – 2015/1
Prof. Dr. André Luiz Faria
ORDEM DOS CONSTITUINTES EM PORTUGUÊS
OBJETIVO: Definir o que constitui a ordem dos constituintes no nível oracional. Mostrar que há diversas interpretações
dadas à ordem dos itens, dependendo, é claro, da linha teórica que se seguir. De modo geral, será dada atenção à visão
formalista (chomskyana) e à funcionalista (dikiana) – análises não dissidentes, mas complementares. Da perspectiva
formalista, demonstrar-se-á que uma mudança no paradigma flexional no PB, relacionada à modificação das formas de
tratamento (‘você’ e ‘a gente’), implicou uma série de mudanças na estruturação sintática das sentenças em PB. Do
funcionalismo, defender-se-á que as variações na ordem são motivadas por fatores de natureza discursiva/contextual,
dependendo, na maioria das vezes, do tipo de informação que veicula (nova, velha) ou do grau de proeminência do item em
relação ao discurso (tópico ou foco). Perifericamente, informações tipológicas e históricas serão apresentadas. Finalmente,
apresentam-se sugestões da relação entre a ordem dos constituintes e ensino, no que diz respeito ao desenvolvimento da
competência escrita.
Vejamos os exemplos a seguir, exemplos de ordem direta e inversa (ênfase, estilo), conforme a GT:
Dado o fato de nossas gramáticas serem herdeiras de uma tradição que remonta às preocupações filosóficas dos
gregos (e latinos), grande parte das explicações lá encontradas são adaptações de categorias e princípios da
Antiguidade Clássica, nem sempre condizentes com os fatos de todas as línguas, mostrando-se, dessa forma,
distantes da realidade linguística. A GT procura apresentar as regras de apenas uma modalidade da língua (norma
culta, escrita). Há formas alternativas de descrição e análise do fenômeno da ordem dos constituintes?
Na maioria esmagadora dos compêndios gramaticais, não há uma parte específica dedicada à ordem dos
constituintes. Quando se fala de ordem de palavras, as gramáticas são unânimes em citar, quase que
exclusivamente, a ordem/posição que os pronomes átonos ocupam em relação ao verbo, o que denominam de
COLOCAÇÃO PRONOMINAL; ou, na parte dedicada à classe de palavras, a posição que o adjetivo pode ocupar
dentro do sintagma nominal.
Vale lembrar que as sentenças são formadas a partir da estruturação hierárquica de seus constituintes, em que
palavras são agrupadas em sintagmas e sintagmas são agrupados em sintagmas mais altos (nível suboracional),
até que se chegue ao nível da sentença (nível oracional). Por uma questão didática, a colocação dos pronomes e as
relações ocorridas dentro dos sintagmas nominal, verbal, preposicional e adverbial (nível suboracional) serão
estudadas posteriormente.
ADJETIVOS QUALIFICATIVOS
(8) a) [a menina bonita] – adjetivo posposto (ordem não-marcada)
b) [o menino inteligente]
c) [bonita menina] – adjetivo anteposto (função estilística (ordem marcada), segundo Camara Jr.(1976))
(12)Nos ergo sabbato sera ingressi sumus montem SVO LATIM VULGAR
‘Nós, no sábado à tarde, subimos o monte’
A reorganização fonético-fonológica e as alterações morfológicas provocam uma nova sintaxe em que, dada a não-
transparência das formas, as funções são produzidas e percebidas a partir da ordem em que os elementos aparecem na
sentença. É a partir daí que uma ordem mais rígida é fixada. Pode-se dizer, então, que a gramática, por meio de regras,
determina a configuração não-marcada da ordem das palavras; atribuirá colorações estilísticas diferenciadas aos
enunciados na medida em que a ordem básica é quebrada (TARALLO, 1990: 150). A gramática dirá “não” às inversões caso
as funções gramaticais se percam.
Sobre as hipóteses levantadas por Câmara Jr. (op. cit.), as pesquisas (LIRA, 1986) mostram que (a) a anteposição
do sujeito constitui ordem não-marcada; (b) posposição ocorre, em sua grande maioria, com verbos intransitivos
(inacusativos e inergativos); e (c) os sujeitos pospostos aos verbos introduzem, em geral, informação nova ao discurso.
Pontes (1987), com base em gramáticas históricas, examina a hipótese de Givón (1977 e 1979), segundo a qual a
ordem verbo-sujeito é a mais antiga nas línguas românicas.
A autora analisa também a posição do sujeito no Testamento de D. Afonso II (séc. XIII), fase arcaica do português,
afirmando que ambas colocações (posposição e anteposição) já existiam nesse período. Segundo sua análise, as
regras de posposição do sujeito tal como se encontram nas gramáticas só foram fixadas a partir dos clássicos.
Pontes (op. cit.), citando Bueno, diz que as regras de verbo-sujeito nas gramáticas são, desde os clássicos,
baseadas na língua literária, e considera que havia flutuação. A pesquisadora encontrou uma maioria esmagadora
de sentenças com ordem sujeito-verbo e apenas um exemplo com o sujeito posposto ao verbo. A ordem
sujeito-verbo estava bem estabelecida no português arcaico.
2.2. Torres de Morais (1993)
Torres de Morais (1993) atesta, no português arcaico, alta frequência das ordens VSO e OVS (predomínio da
sequência verbo-sujeito). A partir do século XVIII, no entanto, a ordem SVX passa a ser mais frequente. A autora
defende que se inicia aí uma fase de transição, criando um ambiente adequado para que uma etapa da mudança
sintática possa se realizar – a reanálise diacrônica.
3. Resultados de pesquisa
3.1. Ordem e tipos de verbos
Vinculados aos dados diacrônicos, há dois recursos formais que podem explicitar sua FUNÇÃO DE SUJEITO: a
ordem (e a concordância em número e pessoa que estabelece entre sujeito e verbo). Na fala culta, a ordem SV é
bastante frequente; um contexto que licencia a ordem VS para os verbos transitivos e inergativos é a presença
de um SN pesado (um sintagma longo, com modificadores e complementos do nome, que podem ser representados
por sintagmas simples ou sentenciais)
Verbos inacusativos
(Exibem ordem SV, salvo a presença de um SN pesado)
A perda do sujeito nulo referencial é associada ao empobrecimento do paradigma verbal na variedade brasileira,
conforme a tabela 1 abaixo, apresentada por DUARTE (1993)
TABELA 1: Redução do paradigma verbal: de 6 para 3 pessoas
Preferência do pronome você, em detrimento de uso de tu, na variedade brasileira é o ponto de desestabilização do
paradigma original, uma vez que o uso dessa forma pronominal se combina com a forma verbal de 3ª pessoa;
A entrada de a gente (que substitui nós) acaba por utilizar também a 3ª pessoa, simplificando mais ainda o
paradigma verbal;
Em vista disso, a concordância não mais identifica pro; uma alternativa para que o sujeito nulo seja identificado é via
ligação com um sintagma anterior, com se mostra a seguir nas sentenças com “sujeito duplo”.
4. Perspectiva tipológica
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS