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Resumo do texto Teoria Queer – Uma política pós-identitária para a educação

Guacira Lopes Louro começa seu texto Teoria Queer – Uma política pós-identitária para a
educação, publicado na edição do segundo semestre de 2001 da revista Estudos Feministas e
no seu livro Um corpo estranho: ensaios sobre sexualidade e teoria queer, observando como é
notável o crescimento do interesse na temática da sexualidade que os últimos séculos têm
observado. Como cada vez mais setores da sociedade a escrutinam com olhar cuidadoso,
reivindicando sobre ela éticas e proliferando discursos a seu respeito. Lopes Louro argumenta
que a sexualidade tem se tornado efetivamente uma “questão”, à medida que a religião, a
antropologia, a filosofia, a ciência, a psiquiatria e a educação tentam compreendê-la, explicá-
la, regulá-la, saneá-la, educá-la, enfim, normatizá-la.

Ela, a seguir, chama atenção para o fato de que as minorias – étnicas, de gênero, de classe etc.
– vêm ganhando crescente visibilidade pública, o que, se por um lado aumenta a aceitação
social de tais grupos, por outro, faz retomarem fôlego as reações conservadoras, das
campanhas pelos valores tradicionais à violência física, e chama atenção, citando a revista La
Gandhi Argentina, para o fato de que o termo “minorias” não se refere necessariamente a
inferioridades numéricas, mas muitas vezes a maiorias silenciadas que, uma vez politizadas,
positivam o estima que lhes é imposto (p. 542).

A partir daí, Lopes Louro traz enfim a questão-chave da teoria queer, o problema de não
apenas reconhecer que as posições de gênero e sexuais se proliferaram, mas entender que
existem sujeitos habitando essas fronteiras, e que elas são constantemente atravessadas.
Tendo isso em mente, e sendo uma pesquisadora da área de educação, ela se pergunta o que
os educadores podem fazer face à inaptidão do cânone para lidar com esses sujeitos sociais.

A autora começa a explicar a noção que Michel Foucault apresenta na sua História da
sexualidade de que, se até o século XIX a prática sexual entre dois homens é entendida como
sodomia, um tipo de pecado religioso e moral, a partir daí ela define um novo tipo de sujeito.
Cria uma nova ontologia. Inventa o homossexual. A partir da sua invenção até surgirem grupos
de homossexuais que estivessem de fato construindo uma política identitária, demoraria
algum tempo.

Os movimentos homossexuais organizados começam tímidos e marcados pela clandestinidade,


até que alguns espaços esparsos de visibilidade começam a surgir, como as artes e certos
jornais ou revistas. No Brasil, figuras como as de Ney Matogrosso e a das Dzi Croquetes têm
suas performances marcadas pela ambigüidade, pelo embaralhamento de signos ligados ao
masculino e ao feminino, e é só mais tarde que o Movimento de Libertação Homossexual
surge, com forte presença de antigos exilados da ditadura, que trazem de volta ao Brasil o que
mais novo há no cenário internacional em termos de movimentos sociais.

Nos grandes centros, aos poucos a condição homossexual vai sendo vista como atravessada
por gênero, classe, raça e outras identidades, e surgem propostas tanto de integração social
como (especialmente entre as feministas lésbicas) de radical rompimento com a sociedade
burguesa e heterossexista. Aos poucos, forma-se uma comunidade e um movimento
homossexual, cujas discussões são marcadas por questões como o coming out (saída do
armário) e as representações de homossexuais nos meios de comunicação de massa. Começa
a surgir uma identidade gay.

A construção de bases para a emergência de uma identidade baseada nas preferências sexuais,
contudo, define os contornos do que é ser homossexual através da escolha do objeto de
desejo, tornando a-histórica a homossexualidade e apagando a origem do seu surgimento no
século XIX, minando a possibilidade da emergência de sujeitos cuja identidade pudesse ser
mais ligada às práticas do que aos objetos de desejo, como os sadomasoquistas, e empurrando
os bissexuais para um limbo de identidades menos bem-resolvidas (aqui, Guacira compara a
posição de exclusão dos bissexuais no que tange a sexualidade à exclusão das transexuais no
que tange ao gênero concebido de modo essencialista).

A partir dos anos 70, homossexual não é mais uma categoria capaz de perturbar o status quo
como anteriormente, sobretudo devido à política assimilacionista de tentativa de integração
social praticada pelo movimento hegemônico, ainda que tensões internas relativas a origem,
raça e geração estivessem em emergência. Vozes dissonantes no movimento criticavam ideais
como o do relacionamento monogâmico e a marginalização pelos próprios gays de grupos
desprivilegiados com relação a gênero, raça ou classe. A AIDS só veio complicar ainda mais
essa situação a partir dos anos 80, renovando a ação homofóbica e, ao mesmo tempo, em
contracorrente, criando redes de solidariedade que se formavam mais em torno dos
infectados (a partir de um momento também heterossexuais) do que da identidade gay e
pondo a ênfase sobre aspectos da prática sexuais (como o sexo seguro) que não diziam
respeito exclusivamente a uma identidade.

A partir daí, os homossexuais ganharam visibilidade no Brasil, a educação sexual entrou nas
diretrizes curriculares do ministério da educação e o movimento começou a mostrar cada vez
mais rachaduras. Havia ainda um movimento hegemônico assimilacionista que confiava nos
fáceis binarismos de gênero e sexualidade, mas começaram a emergir movimentos de sujeitos
que os desafiavam, fosse questionando a fixidez das fronteiras, fosse vivendo justamente
nelas.

A partir de então, Lopes Louro começa a falar em uma teoria e uma política pós-identitária.
Explica que queer pode ser traduzido por estranho, ridículo, excêntrico, raro. Inicialmente um
insulto, o termo vem sendo positivado e apropriado por grupos que se insurgem contra as
normatizações da sociedade, sobretudo no que diz respeito à heteronormatividade
compulsória, reverberada até mesmo no discurso do movimento gay hegemônico. Louro
afirma que a política queer se articula com com a produção de um grupo de intelectuais
ligados ao pós-estruturalismo e ao desconstrucionismo, não obstante suas grandes diferenças
internas, que a partir dos ano 90 usa esse termo para identificar seu trabalho intelectual e seu
posicionamento político.

Louro destaca então a importância das teorizações de Freud (noção de inconsciente que abala
a ideia de cartesiana de sujeito), Lacan (que aponta que a noção de “eu” surge através da
imposição do olhar do outro), Althusser (ideia de sujeitos interpelados e capturados pela
ideologia), Derrida (desconstrução dos binarismos) e Foucault (construção discursiva das
sexualidades) para abalar as noções clássicas de sujeito e identidade, e também a relevância
desses trabalhos, sobretudo o de Foucault, para o surgimento da teoria queer.
O texto então segue mencionando teorizações de pensadores propriamente queer, como
Judith Butler. Louro evidencia a teorização de Butler de que os gêneros e sexualidades são
conformados através da repetição de normas regulatórias que precisam ser constantemente
reiteradas para que tal conformação se realize. Tais normas são, para Butler, performativas, no
sentido de que inauguram aquilo que pretendem regular. Criam aquilo que nomeiam. Butler
chama atenção, contudo, para o fato de que ao mesmo tempo em que a enunciação de tais
normas pretende criar conformação, possibilita a fuga, uma vez que os corpos nunca se
conformam completamente a elas. Elas criam o que é normativo e, o fazendo, abrem espaço
para a existência do que não é, aquilo que Butler chama de abjeto.

Louro chama atenção para a crítica que Butler faz ao binarismo heterossexual/homossexual e
às políticas de identidade, e fala em seguida da sugestão de uma política pós-identitária, cujo
alvo não seria a vida ou destino de homens e mulheres homossexuais, mas a crítica à oposição
binária homossexual/heterossexual.

Sendo a área de atuação de Guacira Lopes Louro a pedagogia, ela não deixa de falar sobre uma
pedagogia e um currículo queer. Ela afirma que uma pedagogia queer não seria aquela que
simplesmente trataria das temáticas de que trata a teoria queer propriamente, mas aquela
que abraça a sua própria proposta metodológica de duvidar das certezas, pensar o impensável,
conceber a diferença como constituinte do sujeito, e não como mera curiosidade exótica.
Enfim, trazer no seu bojo uma epistemologia perversa, subversiva, impertinente, irreverente,
profana, desrespeitosa (p. 550).

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