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3º ano

GABARITO 1-C 2-C 3-A 4-A 5-B 6-D 7c

O tempo em que o mundo tinha a nossa idade

Nesse entretempo, ele nos chamava para escutarmos seus imprevistos


improvisos. 1As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar
maior que o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o sono lhe apagava a
boca antes do desfecho. 9Éramos nós que recolhíamos seu corpo
dorminhoso. 6Não lhe deitávamos dentro da casa: ele sempre recusara
cama feita. 10Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a
moleza de uma esteira. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva
também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede
da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de
formigas. Parece que os insectos gostavam do suor docicado do velho
Taímo. 7Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele.
− Chiças: transpiro mais que palmeira!
Proferia tontices enquanto ia acordando. 8Nós lhe sacudíamos os
infatigáveis bichos. Taímo nos sacudia a nós, incomodado por lhe
dedicarmos cuidados.
2
Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. Como
dormia fora, nem dávamos conta. Minha mãe, manhã seguinte, é que
nos convocava:
− Venham: papá teve um sonho!
3
E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe
tinham sido reveladas. Taímo recebia notícia do futuro por via dos
antepassados. Dizia tantas previsões que nem havia tempo de provar
nenhuma. Eu me perguntava sobre a verdade daquelas visões do velho,
estorinhador como ele era.
− Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos.
E assim seguia nossa criancice, tempos afora. 4Nesses anos ainda tudo
tinha sentido: a razão deste mundo estava num outro mundo
inexplicável. 11Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos.
(...)
Mia Couto
Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007.

QUESTÃO 3

Este texto é uma narrativa ficcional que se refere à própria ficção, o que caracteriza uma
espécie de metalinguagem. A metalinguagem está melhor explicitada no seguinte
trecho:
(A) As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que o mundo. (l.
1-2)

(B) Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. (l. 12)

(C) E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham sido
reveladas. (l. 15)

(D) Nesses anos ainda tudo tinha sentido: (l. 20)

QUESTÃO 4 A escrita literária de Mia Couto explora diversas camadas da linguagem:


vocabulário, construções sintáticas, sonoridade. O exemplo em que ocorre claramente
exploração da sonoridade das palavras é:

(A) Nesse entretempo, ele nos chamava para escutarmos seus imprevistos improvisos.
(l. 1)

(B) Não lhe deitávamos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita. (l. 4)

(C) Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele. (l. 8)

(D) Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. (l. 10)

QUESTÃO 5

Um elemento importante na organização do texto é o uso de algumas personificações.


Uma dessas personificações encontra-se em:

(A) Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. (l. 3)

(B) Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. (l.
4-5)

(C) Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. (l. 10)

(D) Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos. (l. 21-22)

QUESTÃO 6

Ao dizer que o pai sofria de sonhos (l. 12) e não que ele sonhava, o autor altera o
significado corrente do ato de sonhar. Este novo significado sugere que o sonho tem o
poder de:

(A) distrair (B) acalmar (C) informar (D) perturbar

7) É possível afirmar que a literatura africana:


a) Existe apenas em países cujo idioma é o português

b) as obras escritas buscaram a fugacidade da vida como alívio á dor sentida pela
opressão política

c) alguns escritores procuravam resgatar as antigas tradições.

d)Existe apenas temas políticos como escolha temática

e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas

7) (Enem - 2010)
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da
atualidade, é autor de “Bicho urbano”, poema sobre sua
relação com as pequenas e grandes cidades.

BICHO URBANO

Se disser que prefiro morar em Pirapemas


ou em outra qualquer pequena cidade do país

estou mentindo

ainda que lá se possa de manhã

lavar o rosto no orvalho

e o pão preserve aquele branco

sabor de alvorada.

A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas

suas aves que são como aparições

me assusta quase tanto quanto

esse abismo

de gases e de estrelas

aberto sob minha cabeça.


(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro, José
Olympio Editora, 1991.)
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta
reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas
comunidades. Para expressar a relação do homem com alguns
desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de
linguagem em que se mesclam impressões sensoriais
diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.

a) “e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.”

b) “ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho”

c) “A natureza me assusta / Com seus matos sombrios suas


águas”

d) “suas aves que são como aparições / me assusta quase


tanto quanto”

e) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e


de estrelas”

8) Leia o texto abaixo e marque a alternativa correta


Não há vagas
O preço do feijão

não cabe no poema. O preço

do arroz

não cabe no poema.

Não cabem no poema

a luz o telefone

a sonegação

do leite

da carne
do açúcar

do pão

O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,

está fechado:

"não há vagas"

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

O poema, senhores,

não fede
nem cheira.

Ferreira Gullar
Podemos afirmar que o poema de Ferreira Gullar representa a
chamada poesia social, pois:

a) Apresenta características que o assemelham à poesia


produzida pela terceira geração do modernismo brasileiro,
cujo ideal era o experimentalismo e a ruptura com o poema
formal.

b) Propõe a volta de uma linguagem discursiva, num estilo


simples e direto, representando na poesia o cotidiano do
homem das cidades, além de representar os momentos
difíceis de situação social e política enfrentados pelo Brasil
nas décadas de 1960 e 1970.

c) A poesia de Ferreira Gullar apresenta um corte profundo


entre a poesia romântica e a poesia moderna, embora ainda
faça uso de elementos linguísticos comuns ao parnasianismo
brasileiro.

d) Pode ser considerado como poesia social porque não


apresenta qualquer tipo de preocupação com a vida do
homem nas grandes cidades. Há apenas o compromisso com
a palavra e com a estrutura do poema, que rompe com a
linguagem discursiva a favor do verso livremente disposto na
página.

e) Todas as alternativas anteriores estão incorretas

9) 3. (Enem PPL 2015) TEXTO I


Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe
“Meu manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”, e tais
comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e caseiro de
dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhecia-lhe as
fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado
desejo fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama.

AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.

TEXTO II

As suas mãos trabalham na braguilha das calças do falecido. Dulcineusa me


confessou mais tarde: era assim que o marido gostava de começar as intimidades. Um
fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto
segura a presa nas patas. Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em casa
e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, Dulcineusa se armava dos
apetrechos da costura e se posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.

COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das
Letras, 2002.

Tema recorrente na obra de Jorge amara, a figura feminina aparece, no fragmento,


retratada de forma semelhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto.
Nesses dois textos, com relação ao universo feminino em seu contexto doméstico,
observa-se que
a) desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, incompatível com a mulher
casada.
b) a mulher tem um comportamento marcado por convenções de papéis sexuais.
c) à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, olhares e silêncios que
ensaiam.
d) a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, como no mito bíblico da
serpente.
e) a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino nos espaços público e
íntimo.

8. (Enem 2016) Mandinga – Era a denominação que, no período das grandes


navegações, os portugueses davam à costa ocidental da África. A palavra se tornou
sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos consideravam bruxos os
africanos que ali habitavam – é que eles davam indicações sobre a existência de ouro
na região. Em idioma nativo, manding designava terra de feiticeiros. A palavra acabou
virando sinônimo de feitiço, sortilégio.

COTRIM, M. O pulo do gato 3.


São Paulo: Geração Editorial, 2009 (fragmento).

No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de


um(a)
a) contexto sócio-histórico.
b) diversidade étnica.
c) descoberta geográfica.
d) apropriação religiosa.
e) contraste cultural.

9. (Enem 2015) Yaô

Aqui có no terreiro
Pelú adié
Faz inveja pra gente
Que não tem mulher

No jacutá de preto velho


Há uma festa de yaô

Ôi tem nêga de Ogum


De Oxalá, de lemanjá
Mucama de Oxossi é caçador
Ora viva Nanã
Nanã Buruku

Yô yoo
Yô yooo

No terreiro de preto velho iaiá


Vamos saravá (a quem meu pai?)
Xangô!

VIANA, G. Agó, Pixinguinha! 100 Anos. Som Livre, 1997.

A canção Yaô foi composta na década de 1930 por Pixinguinha, em parceria com
Gastão Viana, que escreveu a letra. O texto mistura o português com o iorubá, língua
usada por africanos escravizados trazidos para o Brasil. Ao fazer uso do iorubá nessa
composição, o autor
a) promove uma crítica bem-humorada às religiões afro-brasileiras, destacando
diversos orixás.
b) ressalta uma mostra da marca da cultura africana, que se mantém viva na produção
musical brasileira.
c) evidencia a superioridade da cultura africana e seu caráter de resistência à
dominação do branco.
d) deixa à mostra a separação racial e cultural que caracteriza a constituição do povo
brasileiro.
e) expressa os rituais africanos com maior autenticidade, respeitando as referências
originais.

Resposta da questão 1:
[D]

O escritor descreve várias situações em que não conseguia identificar uma palavra
que pudesse traduzir a ideia expressa pelos estrangeiros. Como colocado no trecho
“surgiram curiosos mal-entendidos que revelam a dificuldade de tradução não de
palavras, mas de pensamento”, por questões culturais, as duas culturas não tinham a
mesma forma de pensar e, assim, não havia correspondências exatas entre um léxico
e o outro. Um exemplo foi a palavra “cientista”, que teve que ser traduzida por
“feiticeiro”, já que em chindindinhe não havia palavra para isso.

Resposta da questão 2:
[E]

A citação de Mia Couto é bastante conveniente, pois além dele ser uma figura
conhecida e respeitada no âmbito da literatura, a citação colocada tem relação com a
argumentação do autor do texto em questão. Isso porque também trata da falta de
comunicação nos dias de hoje. Assim, o autor faz uso dessa estratégia para corroborar
as ideias explicitadas anteriormente.
Resposta da questão 3:
[B]

No excerto da obra “Dona Flor e seus dois maridos”, a personagem feminina é


“seduzida” pelo marido com frases associadas às suas habilidades gastronômicas:
“tais comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e
caseiro de dona”. Em “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, o
comportamento feminino é revelador de um recato típico da sociedade patriarcal que
não permite a exposição do desejo sexual de forma aberta e natural: “Dulcineusa se
armava dos apetrechos da costura e se posicionava a jeito dos prazeres e dos
afazeres”. Assim, observa-se que em ambos os textos, a mulher tem um
comportamento marcado por convenções de papéis sexuais, como se afirma em [B].

Resposta da questão 4:
[B]

A personificação é uma figura de estilo que consiste em atribuir sentimentos ou ações


próprias dos seres humanos a objetos inanimados ou seres irracionais. Na frase da
alternativa [B], “Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a moleza de
uma esteira”, a morte é personificada, pois adquire a entidade de um ser humano
capaz de capturar de forma imprevista a vida de alguém.

Resposta da questão 5:
[A]

As figuras de som ligam-se aos aspectos fonéticofonológicos das palavras. Na frase


da alternativa [A], existe aliteração, repetição proposital e ordenada de sons
consonantais (impreVistos improVisos) e assonância, repetição proposital de sons
vocálicos idênticos ("nesse entretempo”).

Resposta da questão 6:
[D]

O termo verbal “sofria” sugere que o pai experimentava mal físico ou emocional
quando sonhava, ou seja, o ato de sonhar era incômodo e perturbador, como se afirma
em [D].

Resposta da questão 7:
a) A forma dialogal e as ideias expressas pelo Comandante Sem Medo convergem,
uma vez que diálogo supõe troca (de ideias, opiniões, conceitos) e não imposição.
Assim também é a fala do Comandante Sem Medo, que revela respeito à pluralidade:
“para evitar de engolir como verdade universal qualquer constatação particular”.
b) Sim. No plano da narração de Mayombe emprega-se um discurso polifônico, que se
revela um recurso para evitar que o próprio romance recaia no dogmatismo criticado
no excerto. A voz do narrador principal se mistura com a de diversas personagens e
vários posicionamentos políticos são apresentados.

Resposta da questão 8:
[A]

É correta a opção [A], pois a palavra “mandinga” é analisada no âmbito do contexto


sócio-histórico. Primeiro, no período de aproximação com a costa africana que os
exploradores chamavam de “manding” e depois, pela carga semântica da palavra que,
em idioma nativo, significava “terra de feiticeiros”.

Resposta da questão 9:
[B]

Pixinguinha criou o que hoje são as bases da música brasileira, misturando o choro
com ritmos africanos, estilos europeus e a música negra americana. A opção [B]
apresenta corretamente a intenção do autor ao usar termos do idioma iorubá na
canção Yaô: destacar a importância da cultura africana na produção musical brasileira.

Resposta da questão 10:


[A]

O português do Brasil foi, de certa, forma adotado devido a colonização portuguesa,


antes disso, muitas outras línguas do ramo Tupi eram faladas. Somando-se o histórico
do convívio com o índio, com o negro mais os diversos imigrantes que por aqui
pousaram bem como o distanciamento continental entre os dois países, corroboraram
para que se construísse um falar próprio. Portanto, deixaram marcas na história do
Brasil.

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