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Estado do Maranhão

Poder Judiciário
CORREGEDORIA GERAL DE JUSTIÇA
VARA ÚNICA DE MONTES ALTOS
_
DECISÃO-VNMA - 72019
Código de validação: 9C8918403B

PROCESSO Nº. 0801805-23.2019.8.10.0114

ESPÉCIE: MANDADO DE SEGURANÇA

IMPETRANTE: CÂMARA MUNICIPAL DE RIBAMAR FIQUENE

IMPETRADO: EDILOMAR NERY DE MIRANDA

DECISÃO

I- Relatório

A Câmara Municipal de Ribamar Fiquene/MA, neste ato representada por


Clésio Cardoso Pinheiro, presidente do mencionado órgão, impetrou Mandado de
Segurança contra ato reputado ilegal do prefeito do Município de Ribamar Fiquene/MA,
Edilomar Nery de Miranda, qualificado nos autos.

Aduz a impetrante, em síntese, que:

1. o presidente da Câmara Municipal entrou em contato, via telefone,


com o prefeito de Ribamar Fiquene/MA, uma vez que, segundo alega, este não se
encontra na mencionada cidade, para informar que o repasse do valor do duodécimo
do mês de dezembro de 2019 se dera em valor a menor do que o montante devido;

2. o gestor municipal informou que o valor a menor se dera em razão da


necessidade de descontar a quantia que o Município utilizou para pagar a Guia de
Recolhimento Previdenciário, incidente sobre o décimo terceiro de 2018 da Câmara
Municipal, uma vez que este órgão não adotou tal providência;

3. o valor correto do duodécimo seria de R$60.196,24 (sessenta mil


cento e noventa e seis reais e vinte quatro centavos), no entanto, houve o repasse de
apenas R$50.731,31 (cinquenta mil setecentos e trinta e um reais e trinta e um
centavos);

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4. o não repasse do valor completo é uma represália política, porquanto a
Câmara Municipal procedeu cortes na Lei Orçamentária Anual enviada pelo chefe do
Poder Executivo;

5. a Câmara Municipal não possui qualquer débito com a Previdência


Social, dado que já houve o pagamento do valor que o Município alega ter descontado
em razão de tal débito, tendo a quitação sido realizada em 10 de dezembro de 2019.

Este Juízo determinou a intimação da autoridade coatora para se


manifestar a respeito do pedido de liminar, bem como a notificou para prestar as
informações no prazo legal.

A parte impetrada apresentou informações a respeito do pedido de


liminar sustentando que:

1. a diferença descontada pelo Município no repasse à Câmara Municipal


é decorrente da divergência de valores na GFIP e recolhida na GPS, pois o órgão
legislativo informou um número maior de servidores na GFIP do que pagou na GPS;

2. o Município de Ribamar Fiquene, em novembro deste ano, solicitou


certidão negativa perante a Receita Federal, porém, obteve a informação de que não
seria possível a emissão com tal teor em razão de débitos existentes tanto do Poder
Executivo como do Legislativo;

3. diante de tal situação, o chefe do Poder Executivo comunicou essa


situação ao presidente da Câmara Municipal, ora impetrante, tendo este informado que
já havia realizado o pagamento e que não iria pagar “mais coisa alguma”;

4. a Receita Federal trabalha com vinculação de CNPJ'S, de modo que o


Poder Executivo somente irá obter certidão negativa se o Legislativo também estiver
regular;

5. como o Legislativo não possui personalidade jurídica e, portanto, não


efetua negociação de débitos diretamente com a Receita Federal, cabe ao Executivo o
pagamento do débito daquele outro Poder, a fim de regularizar a situação de
inadimplência;

6. o desconto do repasse se deu de forma regular, porquanto foi


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realizado para pagar uma dívida da Câmara Municipal.

É relatório. Decido.

II- Fundamentação

Inicialmente, há se firmar a legitimidade da Câmara Municipal para a


impetração do presente mandado de segurança, pois, ainda que tal órgão não possua
personalidade jurídica, detém legitimidade para ingressar em juízo em defesa de suas
prerrogativas (personalidade judiciária), consoante entendimento sumulado pelo
Superior Tribunal de Justiça:

Enunciado da Súmula n° 525: A Câmara de Vereadores não possui


personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente
podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.
Na espécie, a impetrante postular a defesa de direito institucional, isto é,
o repasse do duodécimo que entende correto, de modo que não pairam dúvidas
quanto à sua legitimidade.

Tornou-se incontroverso nos autos o fato de que o valor duodécimo da


Câmara Municipal é de R$60.196,24 (sessenta mil cento e noventa e seis reais e vinte
quatro centavos), no entanto, houve o repasse de apenas de R$50.731,31 (cinquenta
mil setecentos e trinta e um reais e trinta e um centavos), ou seja, houve o decote da
importância de R$9.464,93 (nove mil quatrocentos e sessenta e quatro reais e noventa
e três centavos).

A Constituição Federal não deixou margem para que o Poder Executivo


não efetuasse o repasse devido ao Legislativo, tanto assim o é que a ausência de
repasse ou o envio a menor do valor devido configura crime de responsabilidade por
parte do prefeito municipal, consoante estabelece o art. 29, §2°, incisos I a III.

O Constituinte Originário assim procedeu como forma de garantir a


independência dos Poderes prevista no art. 2° da Lei maior, que é um dos pilares do
Estado Democrático de Direito evitando, assim, a submissão de um Poder a outro por
questões de ordem econômica.

Na espécie, a autoridade coatora sustenta que o repasse foi a menor em

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razão da necessidade de descontar o valor devido pela Câmara Municipal à
Previdência Social, decorrente do pagamento em montante inferior ao devido da
competência do mês de dezembro de 2018.

O argumento utilizado pelo coator, a princípio e em juízo perfunctório,


próprio das liminares, não merece acolhimento, mormente pelo fato de que a
impetrante juntou à inicial documento atestando o pagamento, no dia 10 de dezembro
de 2019, da importância de R$9.464,93 (nove mil quatrocentos e sessenta e quatro
reais e noventa e três centavos) à Previdência Social, ou seja, exatamente o valor
descontando pelo Município no repasse do duodécimo à Câmara Municipal.

Acrescente-se, também em juízo liminar, que o procedimento adotado


pela autoridade coatora parece não ter seguido os ditames legais, porquanto não há
comprovação nos autos de que o Legislativo municipal fora formalmente notificado da
inadimplência perante a Previdência, não podendo o Chefe do Executivo proceder de
forma unilateral e sem contraditório prévio.

Ademais, não foi juntado aos autos qualquer comprovante de que o valor
descontado do duodécimo tenha sido utilizado para o pagamento da alegada dívida da
Câmara Municipal, o que reforça os indicativos da ilegalidade da conduta.

Assim, caso confirmado o adimplemento da dívida pela Câmara


Municipal, consoante indica o comprovante de pagamento juntado aos autos, resta
demonstrado que o desconto do repasse fora uma medida açodada e desprovida de
justa causa.

CONCLUSÃO

Assim sendo, defiro o pedido de medida liminar para determinar à


autoridade coatora que proceda, no prazo de 24 horas, a transferência do valor de
R$9.464,93 (nove mil quatrocentos e sessenta e quatro reais e noventa e três
centavos) para a Câmara Municipal de Ribamar Fiquene/MA, sob pena de bloqueio de
tal importância nas contas do Município, sem prejuízo de eventual configuração de
crime de responsabilidade e de improbidade administrativa.

Intime-se. Cumpra-se imediatamente.

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Cópia da presente decisão servirá como mandado de intimação.

Montes Altos (MA), 26 de dezembro de 2019.

EILSON SANTOS DA SILVA


Diretor do Fórum da Comarca de Montes Altos - Inicial
Vara Única de Montes Altos
Matrícula 182998

Documento assinado. MONTES ALTOS, 26/12/2019 19:13 (EILSON SANTOS DA SILVA)

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