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Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Industrial
Pós-graduação em Gestão de Projetos da Engenharia de Produção
Rio de Janeiro
2013
Monique Bezerra da Silva
Rio de Janeiro
2013
ii
Monique Bezerra da Silva
___________________________________________
Prof. Antonio Carlos de Lemos Oliveira (Orientador)
Faculdade de Engenharia da UERJ
___________________________________________
Prof. Flavio Bruno
Faculdade de Engenharia da UERJ
Rio de Janeiro
2013
iii
DEDICATÓRIA
À minha família, em especial meus pais, meus avós e minhas irmãs. Aos meus amigos,
família que escolhi nesta existência. E ao meu Mestre da Vida, Dr. Daisaku Ikeda. Minha
eterna gratidão.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, por apoiarem sempre minhas escolhas na vida.
Agradeço aos meus avós Angelita e Antonio, por todo amor e dedicação, além de todos os
incentivos em relação aos meus estudos.
Agradeço ao meu orientador, prof. Antonio Lemos, por todo apoio em relação ao presente
trabalho.
Agradeço à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, lugar onde passei três semestres
especiais e de grande importância para a minha vida profissional e acadêmica.
Agradeço à turma, em especial aos amigos que fiz ao decorrer desses dezoito meses. São
laços de amizade que certamente serão levados por muitos e muitos anos. Roberta, Mário,
Felipe Alvarenga, Felipe Marques, Nilda, Carlos, Aniat, Daniel, Marcela, Raum, Manoel,
Edilson, Luiz... Muito obrigada pelo carinho e amizade!
À Agência de Redes para a Juventude, projeto que foi um divisor de águas em minha vida,
que me proporcionou a inserção no gerenciamento de projetos, mesmo que por um curto
período de tempo.
v
Ao Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, em especial ao diretor Jorge Barbosa, pela
paciência, pela parceria, pelo aprendizado, pela vontade de transformação da realidade, que
me move todos os dias e, principalmente, por me mostrar uma nova narrativa sobre a favela,
os direitos humanos e a produção cultural em territórios populares.
Por fim, agradeço ao meu mestre da vida, Dr. Daisaku Ikeda, por me mostrar o caminho da
revolução humana e me inspirar a ser uma pessoa melhor.
vi
Quando perguntado sobre qual era a sua maior peça, a resposta de Charles Chaplin era sempre
a mesma: “A próxima!” Não há impasse quando se está imbuído de desafio. Não se anda
porque existe um caminho; por andar é que se abre o caminho.
Daisaku Ikeda
vii
RESUMO
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
x
SUMÁRIO
1 O PROBLEMA 1
1.1 Introdução 1
1.2 Objetivos 1
1.3 Questões a serem respondidas 2
1.4 Relevância do estudo 3
1.5 Organização do estudo 3
2 REVISÃO DE LITERATURA 5
2.1 Engenharia do Entretenimento 5
2.1.1 Indústria do Entretenimento 9
2.2 Produção Cultural 10
2.2.1 Indústria Cultural 12
2.2.2 Produção Cultural no Brasil 13
2.3 Modelos de financiamento 15
2.3.1 Leis de Incentivo 16
2.3.2 Marketing Cultural 17
2.3.3 Responsabilidade Social Empresarial 18
2.3.4 Crowdfunding 20
2.4 Gerenciamento de projetos 21
2.5 PMI e PMBOK Guide 23
2.5.1 Processos e áreas de conhecimento 24
2.5.1.1 Processos de Iniciação 28
2.5.1.2 Processos de Planejamento 29
2.5.1.3 Processos de Execução 36
2.5.1.4 Monitoramento e Controle 37
2.5.1.5 Processos de Encerramento 40
2.6 EMBOK 40
2.7 Gestão Cultural 44
xi
3.1 Introdução 46
3.2 Perguntas a serem respondidas 46
3.3 Tipos de pesquisa 47
3.4 Coleta de dados 47
3.5 Análise dos dados 48
3.6 Limitações do método 49
REFERÊNCIAS 69
xii
1. O PROBLEMA
1.1 Introdução
Segundo Barros (2006), atualmente as informações e as decisões estão cada vez mais
centralizadas por poucos, se evidenciando de forma sutil no controle da pesquisa científica e
dos meios de comunicação de massa. Daí, a produção de ideias e conteúdo, patentes,
informação, ciência, arte e diversão, equipamentos culturais nas suas variadas formas, entre
outros, assim como as megaestruturas do uso do tempo livre e todo o conjunto de recursos
tangíveis e intangíveis, com os quais novas culturas e modelos de comportamentos sejam
reproduzidos, determinando padrões de consumo, se tornam estratégicos para a sobrevivência
econômica e para a preservação da identidade nacional. A expertise em produção cultural e na
gestão do entretenimento possibilita gerenciar valores, símbolos e desejos que fundamentam
nossa cultura e nossa estrutura de consumo. Se faz necessário compreender a importância
desta competência no novo contexto mundial competitivo e buscar manter esforços para que a
indústria criativa não se perca.
Com isso, o presente trabalho busca estabelecer e potencializar os conceitos de
engenharia do entretenimento e produção cultural, que geralmente sofrem muitos
preconceitos pela dificuldade de entendimento de suas distinções e o foco de suas atuações,
assim como suas relações acadêmicas e, além disso, analisar quais são as ferramentas e
técnicas aplicadas por tais profissionais em gerenciamento de projetos.
De acordo com Krykhtine, Ferreira Jr. e Costa (2006, p. 12) “os produtores culturais
são promotores de atividades da indústria do entretenimento, ambiente lúdico em que o
público alvo, espectador ou fruidor de obra artística é envolvido em uma atmosfera de
tranquilidade, segurança e fantasia.”
Nos bastidores, independente do meio expressivo, existem inúmeros “processos
produtivos que dependem de organização e planejamento para que sejam atingidos os
objetivos de entreter o público”. (KRYKHTINE, FERREIRA JUNIOR e COSTA, 2006,
p.13).
1.2 Objetivos
1
O objetivo geral desse estudo é apresentar o universo da produção cultural e da
engenharia do entretenimento, analisando as metodologias do gerenciamento de projetos
utilizadas nas indústrias cultural e do entretenimento. Apesar da importante inserção na cadeia
produtiva dos segmentos da cultura e do entretenimento, além do fortalecimento e expansão
da indústria criativa1, o uso de processos e métodos de gerenciamento de projetos ou
conhecimento dos ferramentas e aplicações da engenharia de produção é inexistente ou de
baixa maturidade por muitos profissionais da área. Este diagnóstico é o subsídio para mostrar
que há uma grande deficiência na formação destes profissionais e indica falhas nos
conhecimentos e habilidades exigidos para o desenvolvimento da área.
Como objetivo específico, é possível destacar:
´ a) Investigar quais são as metodologias em gestão de projetos usadas pelos
profissionais da produção cultural;
1
O termo Indústria Criativa é parte integrante do conceito de Economia Criativa, tendo a sua origem na criatividade,
competências e talento individual, com potencial para a criação de trabalho e riqueza através da geração e exploração da
propriedade intelectual. Inclui as áreas: arquitetura, design, software, jogos de computadores, cinema, vídeo, fotografia,
música, artes, televisão, conteúdos digitais, editoração e publicação eletrônica.
2
De acordo com o antropólogo Hermano Viana (2001, p.95), não há diferença entre cultura e entretenimento. Segundo ele,
entretenimento é cultura, “e cultura da boa” e afirma que se deve acabar com essas hierarquias ultrapassadas. Portanto, o
termo entretenimento terá a mesma conotação no presente trabalho. Para saber mais sobre a declaração de Viana, ler:
OLIVIERI, Cris et al. Guia Brasileiro de Produção Cultural. Rio de Janeiro: Edições Sesc, 2001.
2
impossibilitando que as boas práticas e as lições aprendidas sejam perpetuadas, ou ainda, que
a educação tecnológica atue para que o conhecimento produzido no cotidiano laboral seja
estudado e aperfeiçoado. Para tanto, o presente estudo tem o objetivo de responder às
seguintes questões:
As técnicas e ferramentas de gerenciamento de projetos apresentadas pelo PMBOK e
os métodos da engenharia de produção são aplicáveis ao ambiente e demandas de
trabalho do produtor cultural?
Quais são os erros mais comuns no planejamento e no gerenciamento dos projetos
implementados pelo produtor cultural?
Há lacunas relacionados ao planejamento e gerenciamento de projetos na formação
desses profissionais?
3
financiamento, além da conceituação dos principais termos abordados no presente projeto,
com um recorte especial para a metodologia apresentada pelo PMBOK. No terceiro capítulo,
dedicado à metodologia de pesquisa, estão descritos os motivos que levaram à escolha da
pesquisa bibliográfica e documental como instrumento de pesquisa, bem como a metodologia
que foi aplicada para descrição e análise dos resultados. O uso das técnicas e ferramentas de
gestão de projetos por tais profissionais, presente no capítulo quatro, descreve o panorama do
setor, provocando uma discussão sobre as demandas existentes no mercado pela
aplicabilidade de tais métodos no ambiente de trabalho desses profissionais. A análise do
mapeamento bibliográfico está presente no quinto capítulo, apresentando um diagnóstico que
indica lacunas de habilidades exigidas para o desenvolvimento da chamada indústria do
entretenimento, sob a forma de conclusões. Neste capítulo serão incluídas sugestões para
estudos futuros.
4
2 REVISÃO DE LITERATURA
3
Disponível em: http://engenharia.alol.com.br/joomla/content/view/12/29/. Acesso em: 27 jul. 2013.
5
advento da produção em massa. Mais tarde, a produção enxuta concebida por Taichii Ohno
dentro da Toyota gerou maiores proporções para a chamada Engenharia Industrial, ganhando
grande destaque mundial. O desenvolvimento da área no Brasil aconteceu por volta da década
de 1950. No Rio de Janeiro, uma das primeiras iniciativas em engenharia de produção no
Brasil se deu na década de 1970 na UFRJ. Até o final da década de 1980, o curso teve foco
nos produtos industriais, como projeto, produto, planejamento, processo, qualidade,
produtividade, entre outros. A partir da década de 1990, os estudos e pesquisas começaram a
tender para o setor de serviços. Identifica-se, a partir do início do século XXI, “um novo
arranjo econômico através de novas formas de entretenimento de massa, novas tecnologias e
novos padrões de conduta e desejos”, como pode ser visto na crescente demanda e oferta de
produtos de entretenimento, como por exemplo, os dispositivos eletrônicos e/ou virtuais, “que
cada vez mais enfraquecem os limites entre trabalho e lazer, inatividade e produtividade.”
(KAMEL e SOUZA, 2012).
De acordo com Seco e Pimenta4 (2005 apud MENESES et al. 2007), o século XX
experimentou a revolução da indústria automobilística. E, segundo especialistas, “há vários
sinais de que se está testemunhando o nascimento de uma indústria capaz de rivalizar com a
automobilística em importância e poderio econômico, a Indústria do Entretenimento.”
Segundo Pinto (2007), a busca por lazer e diversão é inerente à natureza humana.
Desde os tempos remotos, os homens buscam ações para ocuparem o tempo no qual não estão
trabalhando. E essas ações, ao longo da história, pouco a pouco foram se transformando em
tendências ou estilos de vida e até mesmo em crenças, como por exemplo, na mitologia grega
com a figura de Dionísio. Com isso, pode-se buscar através desse personagem uma
compreensão do que seria entretenimento.
Dionísio se destacava dentre os deuses, sendo um dos deuses preferidos pelos
mortais. Na mitologia grega, os deuses eram ambiciosos e vaidosos, disputando entre si o
agrado e a devoção das pessoas. Cada qual era responsável por uma esfera da vida dos
mortais. O entusiasmo e o êxtase alimentavam a própria existência de Dionísio, que era
lembrado pelo vinho e era evocado nas festas, pois era a principal forma de lazer da época.
Ele era filho de Zeus, líder dos deuses, e de Selene, uma princesa mortal. Essa união
simbolizava a “ligação entre o céu e a terra, ou seja, entre o imortal e o mortal”.
(BRANDÃO, 1987).
Lorena Pinto (2006), complementa:
4
SECCO, A; PIMENTA, A. “A próxima atração”. Revista Exame, ano 39n.04. São Paulo: Editora Abril , 2005.
6
É, portanto, nessa gestação que se entende o entretenimento. Ele é efêmero e às vezes vazio
de conteúdo como um ser humano, finito no tempo e desconhecedor do significado de sua
própria existência. Por outro lado, sua presença é forte e necessária, como se fosse uma
verdadeira divindade, imortal e transcendental, mas quais as pessoas precisam se apoiar para
amenizar os dissabores de uma vida repleta de percalços.
Com isso, Lorena Pinto (2006) diz que, de uma forma mais direta, “entretenimento é
tudo aquilo que objetiva agradar, divertir e ludibriar”. O ser humano demanda entretenimento,
pois necessita de prazer e diversão. Por isso, para suprir tal demanda, diversas atividades são
desenvolvidas ao longo da história da humanidade, desde as produções artísticas até às de alta
tecnologia.
A etimologia da palavra entretenimento é de origem latina e vem de inter (entre) e
tenere (ter) (GABLER, 2000). Kamel (2003) diz que qualquer coisa que estimule ou gere uma
condição de diversão prazerosa, pode ser chamado de entretenimento. Vogel (2001), cita que a
palavra francesa “divertissement” traduz a essência do significado. Barros (2004),
complementa:
Entretenimento ainda pode ser muito mais que uma mera diversão. É algo tão universal, tão
interessante, que quando ele é eficiente, ele te toca emocionalmente. Entretenimento é deste
modo definido através de seu resultado: um estado psicológico e emocional satisfeito e feliz.
De qualquer modo, não importa se o resultado é alcançado através de significados ativos ou
passivos. Tocar um instrumento musical ou escutar uma música são formas. Entretenimento
na verdade significa tantas coisas diferentes para tantas pessoas que requer uma análise
aguçada sobre uma possível delimitação. Tais limites são aqui estabelecidos por classificar
atividades de entretenimento em segmentos industriais – empresas ou organizações de
tamanho significante que tem uma estrutura tecnológica similar de produção e que produz ou
proporciona mercadorias e serviços.
5
Laboratório de Engenharia do Entretenimento – COPPE/UFRJ. Disponível em: www.lee.ufrj.br. Acesso em: 12
jun. 2013.
7
Engenharia do Entretenimento, no Centro de Tecnologia, criado em 2002. O entretenimento
passou a ter a sua grande importância para a economia mundial e os projetos que produzem
diversão precisam ser sistematizados com base em conceitos da Engenharia do
Entretenimento. (KAMEL, 2004).
Segundo Barros (2004), em 1999 surgiu espontaneamente à denominação Engenharia
do Entretenimento, a partir de um convênio entre a Rede Globo de Televisão através do
Projeto Globo-Universidade e a Universidade Federal do Rio de Janeiro através da sua Escola
de Engenharia: “O conceito inicialmente abrangia um escopo de Gestão da Produção
Cenográfica, por estar voltado para demandas detectadas na Fábrica de Cenários da Central
Globo de Produção do seu Centro de Televisão no Rio de Janeiro, conhecido como Projac.”
(BARROS, 2004).
(...) poderíamos talvez num primeiro momento e de forma bastante simplificada, adotar a
definição da EP agregada que os sistemas aos quais lidaremos na Engenharia do
Entretenimento, sejam aqueles que conceitualmente pertençam ao conjunto de atividades que
compõem a Indústria do Entretenimento. (BARROS, 2004).
6
Coordenador do LEE – Laboratório de Engenharia do Entretenimento da COPPE/UFRJ.
8
Os seres humanos estão cada vez mais exigentes em termos da necessidade de
produção de todo o tipo, onde o entretenimento se torna cada vez mais importante em sua vida
estressante. “Nesse contexto, a engenharia aplica seus conceitos para produzir entretenimento
e as interfaces tangíveis podem ser aliadas muito significativas nessa empreitada.”
(OLIVEIRA, 2007).
A área de entretenimento está em plena expansão no país e no mundo. As demandas
de análises de viabilidade técnica, econômica, artística e humana por parte das pessoas,
instituições e o mercado estão cada vez mais detalhadas. O mundo está dividido de forma
estratégica em relação à produção do conhecimento e do entretenimento. O primeiro mundo
produz produtos intangíveis e impõe a produção dos intangíveis aos outros países como
formas de produção automatizadas, inumanas e sujas. (KAMEL, 2007).
Percebe-se que, é possível modelar por processos trabalhos aparentemente intangíveis
e que a Engenharia de Produção encontra, na indústria do entretenimento em geral, um grande
espaço de inserção e atuação.
7
Global Village, ou Aldeia Global foi uma expressão que surgiu pela primeira vez na obra intitulada The Gutenberg Galaxy:
The Making of Typographic Man, de autoria do filósofo e professor Marshal McLuhan, que desejou mostrar que os avanços
tecnológicos estavam reduzindo gradativamente a convivência dos habitantes da Terra ao mesmo modelo oferecido pela
aldeias, a partir da possibilidade de comunicação direta com qualquer um dos seus interlocutores.
9
os modelos de consumo, tornam-se fatores de grande influência na economia nacional e na
manutenção da identidade nacional.
Nas formas legais de entretenimento, os americanos consumiram pelo menos 140 bilhões de
horas, gerando uma receita de U$ 280 bilhões em 2007. Vogel, no livro “Entertainment
Industry Economics” projeta que o volume global é aproximadamente de U$ 1 trilhão (2007).
É um mercado crescente na economia americana (3% do PIB) e cada vez mais rentável,
podendo ser apontando como uma tendência mundial. O setor deverá crescer no Brasil a uma
taxa de 8,7% ao ano até 2014. A média global de crescimento deverá ser de 5% ao ano, prevê
a Pricewaterhouse (2010).10
10
Fazendo uma reflexão sobre a Produção Cultural no mundo contemporâneo, Rubim
(2005) introduz algumas premissas a partir de algumas percepções de Antonio Gramsci, em
seu estudo sobre o tema dos intelectuais12, onde cita dentre alguns tipos: os intelectuais que
criam, como os artistas e cientistas; os que transmitem e difundem a cultura, como os
educadores e profissionais de comunicação de sua época, em específico, os jornalistas; e, os
organizadores da cultura, tais como gestores e produtores culturais. Esses tipos de intelectuais,
para Gramsci, são considerados fundamentais para a existência de um sistema cultural, que
com base na tipologia formulada por ele, comporta três movimentos e movimentos: a criação,
a divulgação ou transmissão e a organização cultural. (RUBIM, 2005).
Nas suas origens e durante muito tempo ao longo de sua realização, tais atividades
eram executadas de maneira amadora ou por profissionais multifacetados, isto é, realizavam
diversas ações simultaneamente. Os criadores culturais eram, por muitas vezes, seus próprios
divulgadores e produtores. (RUBIM, 2005).
Segundo Rubim (2005), o trabalho da organização da cultura não é requisitado apenas
pelos grandes eventos e espetáculos, pois as pequenas manifestações culturais também
exigem um recurso à organização. A atividade da cultura busca através da utilização de
recursos técnicos, financeiros, materiais, tecnológicos, humanos, entre outros, tornar concreto
“os processos de imaginação e invenção desenvolvidos por criadores culturais”. Uma das
denominações mais recorrentes para o profissional da organização da cultura é o termo
produtor cultural. (RUBIM, 2005, p. 21).
Em relação ao produtor cultural, Costa (2011) fala sobre a sua equivalência enquanto
criador na área da cultura, sua figura é colocada por diversas vezes como o “artista e
intelectual”, onde o termo produtor cultural ganha sentido de criador artístico (BARBOSA et
al., 2002, p.32).13 A produção seria inerente ao mundo simbólico, à criatividade e
sensibilidade artísticas. Isso diferencia o entendimento comum que entende o produtor
cultural preferencialmente como o profissional que atua no backstage, e não no proscênio.
“Pensar e planejar o campo da produção, circulação e consumo da cultura dentro de uma
12
Para Gramsci, o ser humano é, em potencial, considerado intelectual, porém somente alguns desempenham a atividade
socialmente.
13
BARBOSA, Lúcia Machado; BARROS, Maria do Rosário Negreiros; e BIZERRA, Maria da Conceição (orgs.). Ação
cultural: idéias e conceitos. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2002. In: COSTA, Leonardo Figueiredo. Profissionalização
da organização da cultura no Brasil:Uma análise da formação em produção, gestão e políticas culturais. Tese de doutorado.
Salvador:UFBA, 2011.
11
racionalidade administrativa é uma prática que pertence aos tempos contemporâneos.”
(CALABRE, 2008, p.66).
Aprofundando o conceito de produção cultural, Barreto (2009), define como:
Por fim, produção cultural também significa criar condições, dar acesso e
possibilidades para que a cultura seja preservada, sobreviva e se multiplique, mesclando
empreendedorismo, ambientes de trabalho adequados à economia da cultura, preservando a
identidade cultural, respeitando às diferenças territoriais, populacionais e históricas. O uso do
termo é bastante aplicado no campo profissional, por ser uma atividade de planejamento,
organização e execução de ações, eventos e projetos culturais, com atuação em indústrias
criativas, economia da cultura, entretenimento, lazer, eventos, artes, cultura e comunicação.15
14
Disponível em: http://produtorindependente.blogspot.com.br/2009/05/o-que-e-producao-cultural.html. Acesso em: 12 jun.
2013.
15
BEZERRA DA SILVA, Monique. A Produção Cultural e a Educação Soka: a cultura de criação de valores humanos.
Monografia, Graduação em Produção Cultural, Universidade Federal Fluminense: Niterói, 2011.
12
indústria cultural visa somente o consumo. Essas reflexões surgiram a partir de uma “cultura
industrializada” vista no período do nazismo, já que toda produção de arte era dirigida
somente àquele sistema. Para Adorno, nos EUA o sistema da indústria cultural era
“enrustido”, principalmente no entretenimento, se fazendo presente no cinema, apresentando
uma comunicação de massa, que tinha o intuito de “desviar” os olhares da população aos
problemas sociais da época.
Para Adorno e Horkheimer (1986), a indústria cultural não trabalha com Kultur16 e sim
com entretenimento, pois para eles, cultura é questionamento e reflexão, não somente a
aceitação, moldando toda a produção artística e cultural, para que sejam assumidos os padrões
comerciais e para a sua fácil reprodução. Benjamin (1994), diz que a reprodutibilidade técnica
da arte inseriu a cultura dentro do processo de desenvolvimento capitalista que ajudou a sua
afirmação, apesar de suas contradições internas. O processo de reprodução é inerente à grande
indústria e adota todas as características do modo de produção vigente. A arte torna-se
produto de consumo e atende às exigências do mercado. Benjamin (1994) afirma que não se
pode retroceder, em relação à teoria crítica de Adorno e Horkheimer, pois a reprodução das
obras possibilitou a democratização e a difusão cultural, permitindo contribuições para uma
politização da estética que contrarie a estetização da política.
Com isso, percebe-se então que, a produção cultural promove uma reflexão teórica e
estética acerca dos processos e modos de produção da cultura. Apesar de estar ligada à
indústria do entretenimento, o olhar da produção cultural faz com que, muitas vezes, o
entretenimento seja dissociado da alienação, promovendo crítica e transformação no
indivíduo, no território e, consequentemente, na sociedade.
Costa (2011) afirma que “uma das interfaces analíticas para o estudo da cultura é sua
relação direta com a política”, isto é, baseado no conceito de políticas culturais do
antropólogo Nestór García Canclini, “um modo de intervenção, através de formulações ou
propostas, que deve reunir diversos atores com o objetivo de promover mudanças na
sociedade através da cultura”. No Brasil, temos como marco o Estado Novo, durante o
governo Vargas, na gestão do ministro Gustavo Capanema (1934-1945), onde foi considerado
16
Palavra que surge na segunda metade do século XVII entre os alemães que simbolizava os aspectos espirituais de uma
comunidade.
13
o “primeiro momento de intervenção sistemática do Estado brasileiro na cultura”.
(BARBALHO, 2007, p.40).
Em relação à área cultural, a gestão Capanema também teve uma forte dimensão regulatória e
de construção institucional. Em sua gestão foram criadas leis em matéria de cinema e de rádio
educativo, de educação musical, de recuperação do folclore e de apoio à música erudita. O
Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional foi criado por ele, com a ajuda de Mário
de Andrade. O Instituto Nacional do Livro, o Instituto Nacional de Cinema e o Serviço
Nacional de Teatro, também, entre outros. (DURAND, 2000, p.07-08).
Outro momento importante para as políticas culturais no país foi a passagem de Mário
de Andrade pelo Departamento de Cultura da prefeitura da cidade de São Paulo, no período
de 1935 a 1938. Entre 1945 e 1964, foi um “período em que tivemos um momento marcado
pela ausência de políticas culturais”. Em 1953, foi criado o Ministério da Educação e Cultura
– MEC. Costa (2007 apud ALBUQUERQUE JUNIOR, 2011), cita uma série de movimentos
culturais que passam ao largo do Estado e oxigenam a produção cultural brasileira por conta
da inoperância do setor público:
Entre 1969 a 1974, no governo Médici, foi criado o Plano de Ação Cultural (PAC),
que era um documento que expõe a questão da capacitação de pessoal, além de trabalhar o
financiamento de eventos culturais através de um calendário. Em 1975, foi publicado pela
primeira vez uma Política Nacional da Cultura, na gestão do ministro Ney Braga e do
presidente Ernesto Geisel. Em 15 de março de 1985, no governo do presidente José Sarney
(1985-1990), foi criado então o MinC, um ministério exclusivamente para a cultura. Em seu
governo também foi criada a primeira lei de incentivos fiscais à cultura no Brasil, a chamada
Lei Sarney17, onde os produtores culturais previamente cadastrados poderiam receber verbas
de patrocinadores para a realização de projetos, sendo que as empresas patrocinadoras tinham
parte do valor aplicado no seu Imposto de Renda (IR), complementando apenas com uma
pequena parte de seus recursos próprios. Porém, no governo Collor (1990 a 1992), período de
17
Experiência onde a renúncia fiscal é feita pelo governo para projetos culturais previamente selecionados pelo mercado.
14
“instabilidade e desmantelamento na política cultural brasileira”, a Lei Sarney foi extinta18,
dando lugar a Lei Rouanet – Lei de nº 8.313/91. No governo de Fernando Henrique Cardoso
foi implementada fortemente a política neoliberal. O MinC foi reestruturado no governo de
Luiz Inácio Lula da Silva, trazendo consigo uma nova estrutura, com “outro modo de operar a
política cultural, na busca de uma gestão participativa e descentralizadora”. Analisando o
breve histórico de políticas culturais no país, percebe-se que é marcada por ausência,
autoritarismo e instabilidade. (COSTA, 2011).
Saindo um pouco do panorama das políticas culturais no Brasil, a disseminação e
popularização do termo produção cultural em nosso país ficou mais forte a partir dos anos 80.
Com a criação das leis de incentivo à cultura, houve um aumento na oferta de espetáculos
culturais, festivais, produção cinematográfica, entre outras produções artístico-culturais,
financiados, pois houve uma crescente injeção de recursos. (COSTA, 2011).
Com formação recente no Brasil, com o nascimento de dois cursos de graduação na
segunda metade da década de 90 – na Universidade Federal Fluminense e na Universidade
Federal da Bahia, quase que concomitantemente, deu-se um passo significativo para o
reconhecimento legal da existência do trabalho de intermediação de projetos culturais, com
possibilidade de ganhos financeiros, através do decreto 1497 de 17 de maio de 1995, com a
regulamentação da Lei Rouanet, que se tornou uma oficialização da atividade da organização
da cultura e da produção cultural no país, inclusive da figura do produtor cultural. (RUBIM,
2005).
A novela Celebridade, veiculada em 2004, pela Rede Globo de Televisão, apresentou
o embate entre duas produtoras culturais através dos personagens Maria Clara Diniz e Laura
Prudente da Costa, interpretadas respectivamente pelas atrizes Malu Mader e Cláudia Abreu.
De alguma forma a legitimação e o reconhecimento social dessa profissão, até então pouco
abordada e em crescente formação foi colocada em pauta no horário nobre da emissora.
(RUBIM, 2005, p.13).
Costa (2007) diz que a profissão “mesmo engendrada nos processos internos da
própria emissora, até então era pouco conhecida e diferenciada enquanto área de atuação na
sociedade.”
18
Apesar da extinção da Lei Sarney, no início dos anos de 1990 surgiu um primeiro movimento de criação de leis de
incentivo através da arrecadação de outros impostos, tais como estaduais (ICMS) e municipais (ISS e IPTU).
15
No sistema capitalista, boa parte do investimento em produção de bens de qualquer
natureza é determinado pela garantia de ressarcimento do custo de seu processo produtivo e
pela geração de lucros obtidos através da comercialização do produto, sendo este o objetivo
maior da produção. Porém, a produção cultural muitas vezes não consegue obedecer a essa
lógica de produção, poucas produções são autossustentáveis e conseguem gerar lucro para os
produtores e artistas envolvidos, que faz com que a produção artística se torne pouco atrativa,
com altos riscos financeiros para os envolvidos. Algumas manifestações artístico-culturais são
custeadas pelos próprios artistas e/ou produtores, sendo restritas e limitadas, pois além de
depender de tempo e investimento, poucos possuem recursos ou patrimônios pessoais pra
financiar seus processos criativos. Na maioria das vezes, as produções que não possuem
ligação com a lógica da indústria cultural são as que mais encontram dificuldades do custeio
através de sua receita direta, isto é, do lucro através dos produtos gerados, como venda de
ingressos, serviços e produtos culturais, direitos, obras, entre outros, sendo que estes, muitas
vezes, não são nem capazes de reembolsar os custos de materiais empregados. (OLIVIERI,
2006).
O estado, através dos sistemas de renúncia fiscal, por meio das leis de incentivo, tem
fomentado às artes e a cultura em nosso país. “O incentivo à cultura nasceu da percepção do
potencial econômico do setor. A possibilidade de crescimento e geração de empregos, a partir
do estímulo público, fomentou o mercado, em pleno processo de ampliação e consolidação.”
(BRANT, 2002, p.59).
Atualmente, um novo mecenato19 cresce e ganha força no país, por meio de sistemas
de financiamento e construção de conhecimentos coletivos, que possibilitam a ascensão da
classe criativa, como será abordado a seguir.
19
Podemos dizer que o Mecenato seria a primeira forma de associação entre o capital e o cultural, especialmente com as
artes. Observando diferentes fases históricas de fomento à produção artística, percebemos sua presença na Antiguidade
Clássica, no Renascimento, no Iluminismo e, na virada do século XX, destacamos a consolidação de grandes fortunas
construídas ao longo de décadas anteriores que, através das indústrias, foram responsáveis por formar grandes milionários
emergentes, que eram mecenas. Sobre a retrospectiva histórica do mecenato, ver: REIS, Ana Carla Fonseca. Marketing
Cultural e Financiamento da Cultura.São Paulo: Editora Thomson Pioneira, 2002.
16
No Brasil, as leis de incentivo à cultura são federais, estaduais e municipais, que
oferecem benefícios fiscais (à pessoa física ou jurídica) como atrativo para investimentos em
cultura. Onde, dependendo da lei utilizada, o abatimento em impostos pode chegar até a 100%
do investimento. No âmbito federal, os projetos certificados pelo Ministério da Cultura, como
é o caso das Leis de Mecenato e Audiovisuais, garantem a aplicação de benefícios fiscais às
empresas patrocinadoras sob a forma de renúncia fiscal sob os tributos do Imposto de Renda.
Além disso, o MinC possui o Fundo Nacional de Cultura (FNC), que é “responsável pela
concessão de recursos aos projetos próprios, às seleções públicas na forma de concurso e
editais específicos e ao fomento de projetos de relevância cultural com baixo potencial de
comercialização”. (KRYKHTINE, FERREIRA JUNIOR e COSTA, 2007).
No âmbito estadual, as empresas que pagam ICMS, podem investir em projetos
aprovados pela Secretaria do Estado de Cultura, através da Lei Estadual de Incentivo à
Cultura. Já na esfera municipal, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, as empresas
que pagam ISS podem investir em projetos certificados pelas Secretarias ou Fundações
Municipais de Cultura. Em alguns municípios, como por exemplo, no caso de Florianópolis,
pessoas físicas e jurídicas contribuintes do IPTU podem transferir recursos para apoiar o
financiamento de projetos culturais. Alguns estados e municípios possuem também editais
próprios, com verbas destinadas ao fomento cultural.
17
Mesmo tendo sua origem estatal, o mecenato “foi encampado pela sociedade civil”. As
mudanças ocorridas na configuração moderna estatal redefiniram as relações com o campo
cultural, sedo reorganizada e ganhando autonomia, frente à religião e à política, implicando
em maior complexidade da organização e do financiamento da cultura, que não poderiam ser
reduzidas ao mecenato. No final do século XVIII, surgiu uma “emergência de um público
consumidor de cultura” e, com o começo da mecanização da cultura com sua
reprodutibilidade técnica para um amplo consumo, no final do século XIX, surgiu uma nova
relação entre mercado e cultura, com a “profusão de ‘indústrias’ culturais e mercados de
consumo”. Daí, surge o marketing cultural, como “continuidade e novidade”, sendo
considerado um segmento dessa relação mercado x cultura. Um grande equívoco se dá com a
imediata assimilação entre os termos marketing cultural e mecenato, pois o primeiro mobiliza
recursos oriundos de outros entes sociais que apoiam a produção cultural, assim como o
mecenato, porém ele não se governa pela lógica de doação desinteressada, como pode
acontecer no mecenato. É realizada explicitamente uma troca mercantil, buscando convergir e
permitir um ganho comum entre as partes interessadas. (RUBIM, 2005).
Com isso, entendende-se o marketing cultural como:
uma zona instável de trocas, nas quais se intercambiam recursos financeiros por produção de
imagens públicas e valores, estes últimos imanentes ao produto cultural ou dele derivado,
como prestígio e legitimidade, que são repassados sob a forma de qualidades agregadas para a
construção de uma imagem social. (RUBIM, 2005, p.61-62).
19
O modelo mais frequente de uso da cultura na RSE está voltado para a área do
entretenimento, pois as empresas notaram, como um reflexo do fenômeno da
espetacularização cultural e da busca por aumento de visibilidade, que a associação de sua
marca e seu trabalho à cultura agregam valor aos seus produtos. Nas relações entre as
empresas e as comunidades através da cultura, algumas estratégias são colocadas em ação,
fazendo com que o marketing cultural assuma “uma nova dimensão ao ampliar-se do
contemporâneo mecenato de apoio às artes para também tornar público os investimentos do
empresariado na área cultural como forma de inserção social”, que também pode ser chamado
de marketing social, cujos objetivos são semelhantes às ações estratégicas do marketing
cultural. (NASCIMENTO, 2005).
Outras formas de financiamento surgem no cenário atual, que podem ser feitos com
investimentos através de empresas, porém são realizados por pessoas físicas, com recursos
próprios, como é o caso do Investidor-Anjo20, porém sem a finalidade filantrópica e/ou com
fins sociais, como é o caso da figura dos empresários filantropo/mecenas, oriundos do
crescimento industrial da virada do século XX, precursores da responsabilidade social.
Além disso, pode-se dizer que, atualmente, o “mecenato” se transformou em uma
espécie de experiência de consumo21, através de novas formas de financiamento, como é o
caso do Crowdfunding, que será visto a seguir.
2.3.4 Crowdfunding
20
O Investimentor-Anjo é originário dos EUA, aonde é conhecido como Angel Investor ou Business Angel. São profissionais
experientes que têm capital disponível para investir em novos empreendimentos. Disponível em:
http://www.anjosdobrasil.net/o-que-eacute-um-investidor-anjo.html. Acesso em: 14 mai. 2013.
21
Declaração do investidor-anjo norte-americano, Chris Dixon, em um tweet
(https://twitter.com/cdixon/status/28434790322) sobre o Kickstarter, um site americano lançado em abril de 2009, que é um
dos melhores exemplos de plataforma que possibilita o financiamento colaborativo para projetos da indústria criativa.
Disponível em: http://crowdfundingbr.com.br/post/1728621787/como-as-plataformas-de-financiamento-colaborativo.
Acesso em: 15 mai. 2013.
20
financiar, de forma colaborativa, iniciativas que dificilmente conseguiriam arrecadar fundos
de outra maneira.22
O modelo de financiamento coletivo funciona assim: em troca de algumas vantagens, um
grupo de pessoas se junta para reunir um valor que permita que um projeto se torne realidade.
Na prática, isso já ocorre há décadas, principalmente em projetos de cunho social. Mas a
diferença, agora, é que a mobilização tem sido usada para que pessoas físicas possam
proporcionar a criação artística. (O GLOBO, 2011)23
O termo inglês pode ter sido criado pelo empresário americano Michael Sullivan,
entusiasta de projetos desse tipo, em 2006, mas o uso de financiamentos coletivos tem
precedentes para o uso da arrecadação para fins filantrópicos, como é o caso de inciativas
como o Teleton24 e Criança Esperança25. Um aspecto comum nessas iniciativas é a concessão
de recompensas aos financiadores e, caso o valor investido não seja suficiente, o
procedimento padrão dos sites de Crowdfunding é devolver o investimento.
22
Disponível em: http://crowdfundingbr.com.br. Acesso em: 13 jun. 2013.
23
Disponível em: http://oglobo.globo.com/cultura/praticas-de-crowd-funding-uma-forma-de-financiamento-coletivo-
organizada-na-internet-2828137#ixzz2TrlFYGPQ. Acesso em: 13 jun. 2013.
24
Teleton é uma "maratona" televisiva que tem como objetivo principal arrecadar uma quantidade de dinheiro, pré-definido
ou não, para a assistência de pessoas com problemas de saúde dos mais diferentes tipos e que não possuem condições
financeiras para obter um tratamento digno. Surgiu em 1954, nos EUA e também é realizado em países da América do Sul,
como no Brasil, por exemplo. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teleton. Acesso em: 13 jun. 2013.
25
Criança Esperança é uma campanha de mobilização social brasileira, de âmbito nacional, promovido pela Rede Globo de
Televisão, em parceria com a UNICEF e com a UNESCO, que busca a conscientização da população e das autoridades em
prol dos direitos da infância e da adolescência. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Crian%C3%A7a_Esperan%C3%A7a. Acesso em: 13 jun. 2013.
21
perseverantes e focados em cuidados e resultados de natureza técnica”. Já o empreendedor,
que foi cultuado a partir de meados do século XX nos EUA, “tornou-se herói do capitalismo,
cheio apenas de coragem e determinação”.
Para Sabbag (2009), “[...] empreendedores (privados, públicos ou do terceiro setor)
equivalem em tudo a gestores de projetos extraordinários e desafiadores.” Ainda, o autor
comenta que:
O empreendedor não é heroico, é um gestor cujos métodos e técnicas, mesmo quando não
sistemáticos, mas intuitivos, são muito diferentes do administrador tradicional, baseado em
processos contínuos. O gestor de projetos de perfil técnico fica cada vez mais limitado a
pequenos projetos, porém emergem gestores de projetos ousados, de megaprojetos ou em
contextos complexos, cujo modo de operar assemelha-se ao de empreendedores, com a
diferença de promoverem esforços coletivos ou para benefícios coletivos. (SABBAG, 2009).
Segundo Sabbag (2009), para conceituar o termo projeto, antes se faz necessário uma
reflexão sobre os projetos pessoais. Nossa sociedade valoriza o esforço e ambição, onde
costuma-se dizer que quem não possui projetos pessoais: “está deixando a vida passar” ou
“não tem ambição alguma”. Criar o próprio negócio, adquirir ou reformar um imóvel, casar e
ter filhos, escalar posição na carreira profissional, entre outros exemplos, definem os projetos
pessoais. Para o autor, “criar negócio é o exemplo mais estrito de empreendedorismo, e
projeto pessoal. Portanto, [...] empreendimento é sinônimo de projeto.” Precisamos de
projetos pois há itens que requerem empenho pessoal, que “envolvem recursos escassos e
desafio, e não queremos que sejam confundidos com assuntos corriqueiros.” Com isso, todo
projeto tem algo peculiar, singular, inusitado ou desconhecido, que os torna desafiadores. Para
valer a pena, um projeto deve envolver objetivos claros e, só são alcançados se sua execução
for planejada, pois “sempre há riscos e incerteza, que precisam ser enfrentados.”
Portanto, entende-se que projeto é “um conjunto de atividades temporárias, realizadas
em grupo, destinadas a produzir um produto, serviço ou resultado únicos”. Os projetos devem
ser “gerenciados de forma especializada para apresentarem os resultados, aprendizado e
integração necessários para as organizações dentro do prazo e do orçamento previstos”. E, o
gerenciamento de projetos, se caracteriza pela aplicação de “conhecimentos, habilidades e
técnicas para a execução de projetos de forma efetiva e eficaz”, se tratando de uma
competência estratégica, que permite a união de resultados dos projetos com os objetivos do
negócio, para uma melhor competição em seus mercados. 26 O conceito de projeto está sempre
em desenvolvimento. De acordo com a definição da norma ISO 10006 (1997), o projeto é
“um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com
26
Disponível em: http://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatIsProjectManagement.aspx. Acesso em: 15 jun. 2013.
22
datas para início e término, empreendido para o alcance de um objetivo conforme requisitos
específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos”. O PMI – Project Management
Institute diz que projeto pode ser definido, em termos de suas características distintivas, como
sendo “um empreendimento temporário feito para criar um produto ou serviço único.”
(PMBOK, 2000).
Para Vargas (2005), o gerenciamento de projetos não propõe nenhuma revolução ou
novidade, pois sua proposta é estabelecer uma estruturação do processo “para lidar com os
eventos que se caracterizam pela novidade, complexidade e dinâmica ambiental”.
Para Thiry-Cherques (2008), a definição de projetos contém uma série de termos-
chave, classificados como: objetivo, transitório, produto, singularidade e complexidade, que
se opõem aos termos-chave que caracterizam as organizações em geral. E, para se examinar
as técnicas requeridas para se lidar com os termos-chave, se faz necessário analisar as origens
das técnicas de gestão de projetos. Segundo o autor, há “documentação sobre projetos levados
a efeito há pelo menos 6 mil anos na Mesopotâmia”. Mas, a configuração de projetos tal como
é praticado no início do século XXI possui quatro raízes identificáveis: a da experiência dos
projetos em engenharia, que foi ampliada pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial e as
Guerras da Coréia do Norte e do Vietnã. O Project Management Institute (PMI) é uma
instituição norte-americana mais completa com essa origem e, atualmente, é bastante
difundido nas Américas; a dos projetos de desenvolvimento econômico, com forte influência
de ideias de regulação, atualmente operados por instituições internacionais e nacionais de
fomento e por bancos públicos, com ênfase em tópicos relacionados com economia setorial e
regional, além de análises de demanda, de dimensionamento, de localização, de produtividade
dos insumos e financeiro-orçamentário; a dos esquemas europeus de planificação e
cooperação internacional, como por exemplo, o ZOOP27 alemão, com ênfase no foco do
projeto, contemplando com prioridade os instrumentos de coordenação, integração e apoio
mútuo, “dirigidos a objetivos compartilhados e precisamente definidos” e; a dos projetos de
investimento, que são utilizados por instituições financeiras concorrenciais e por
patrocinadores privados, com ênfase na seleção de investimentos, nas taxas de retorno do
capital e nos riscos de inversão.
27
ZOOP (Ziel Orientierte Projekt Planung) – metodologia alemã que significa planejamento de projetos orientado por
objetivos.
23
Como citado anteriormente, o PMI possui as melhores práticas em gerenciamento de
projetos, sendo considerado o mais completo e terá maior destaque no presente estudo, como
será abordado a seguir.
Segundo o site PMI Brasil, o Instituto de Gerenciamento de Projetos (PMI), é uma das
maiores associações para profissionais de gerenciamento de projetos, que auxilia milhares de
membros, profissionais certificados e voluntários praticamente no mundo inteiro a aumentar o
sucesso das suas empresas, evoluir em suas carreiras e tornar a profissão mais madura,
oferecendo seis certificações que atestam conhecimentos e competências: PMP – Profissional
de Gerenciamento de Projetos (PMP)®, CAPM – Profissional Técnico Certificado em
Gerenciamento de Projetos®, PgMP – Profissional de Gerenciamento de Programas®, PMI-SP
– Profissional em Gerenciamento de Cronograma do PMI®, PMI-RMP – Profissional em
Gerenciamento de Riscos do PMI®, PMI-ACP – Profissional Certificado em Métodos Ágeis
do PMI®.28
Foi estabelecido em 1969 e hoje é uma comunidade global. Surgiu com o intuito de
responder a carência de uma metodologia específica para a condução de projetos. Com a
colaboração de diversos profissionais voluntários, iniciou a reunião do conhecimento, que
somados aos resultados de esforços conjuntos e contínuos, fez com que a instituição se
espalhasse sobre diversos continentes em forma dos chamados chapters. Além disso, sustenta
o título de maior associação de profissionais de gerenciamento de projetos no mundo, atuando
também na certificação de profissionais de gerência de projetos, que recebem o título de
Project Management Profissional (PMP). O PMI também é responsável pelo lançamento de
edições do Guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK), que é revisado e
reeditado a cada quatro anos. (KRYKHTINE, FERREIRA JUNIOR E COSTA, 2006).
De acordo com o PMBOK, “processo é uma série de ações que gera um resultado”. Os
processos podem ser agrupados de acordo com sua fase ou grupo de execução, chamado de
grupo de processos, conforme mostra a figura 1:
28
Disponível em: http://brasil.pmi.org. Acesso em: 17 jun. 2013.
24
Figura 1 – Interação entre os Grupos de Processos
Fonte: Adaptado do PMBOK (2008)
29
É também conhecido como o círculo/ciclo/roda de Deming, ciclo de Shewhart, círculo/ciclo de controle, ou PDSA (plan-
do-study-act).
25
as informações sobre desempenho são coletadas e medidas, as solicitações de mudanças (que
podem ser aprovadas ou rejeitadas) são avaliadas por um comitê previamente estabelecido.
Tais mudanças são referentes a qualquer item do planejamento original, são avaliadas em
relação à mudança em questão, relacionando aos seus reflexos e impactos. O processo de
encerramento tem por objetivo formalizar o encerramento dos contratos juntamente aos
fornecedores e do projeto junto ao cliente, além de documentar as lições aprendidas e o
histórico do projeto, que serão úteis para futuras consultas. (GORGES, 2007).
Cada grupo de processo possui seus processos específicos, que estão divididos em
áreas do conhecimento. Cada área trata de um aspecto específico do gerenciamento. O Guia
PMBOK 4a edição, apresenta 9 áreas do conhecimento e 42 processos. Já a 5ª edição do
mesmo, apresenta a área de conhecimento Gerenciamento das Partes Interessadas. Além
disso, agora são 47 processos.30
FERRAMENTAS E
TÉCNICAS
Figura 2 – Processos
Fonte: Adaptado do PMBOK (2008)
Segundo Nogueira (2010), um projeto deve passar por vários estágios que consistem
em relacionamentos entre muitas tarefas que são cumpridas durante um prazo definido e
respeitando um modelo de gestão que visa produzir um resultado maior, sendo que, as fases
podem variar dependendo do ambiente de realização do empreendimento.
De acordo com a 5ª edição do PMBOK, as áreas de conhecimento são:
Gerenciamento do escopo;
Gerenciamento do tempo;
30
Disponível em: http://blog.mundopm.com.br/2012/03/07/guia-pmbok-5a-edicao/. Acesso em: 15 jun. 2013.
26
Gerenciamento do custo;
Gerenciamento da qualidade;
Gerenciamento dos recursos humanos;
Gerenciamento das comunicações;
Gerenciamento dos riscos;
Gerenciamento das aquisições;
Gerenciamento da integração;
Gerenciamento das partes interessadas.
Porém, como a 5ª edição do PMBOK ainda é recente e não possui tradução para o
português (vide figura 3), o presente trabalho terá ênfase em sua 4ª edição.
Segundo Krykhtine, Ferreira Jr. e Costa (2006), usando esta divisão e as ferramentas
propostas pelo PMBOK, “obtêm-se benefícios de organização, comunicação e estruturação
dos processos possibilitando um maior controle na realização e controle de projetos.” Com
base nisso, os autores propõem como uma abordagem dos grupos de processos comentados e
ilustrados com exemplos do cotidiano profissional do produtor cultural traçando um paralelo
entre as práticas do gerente de projetos31, assim como Nogueira (2010), propõe que, com base
nas práticas do PMI, a gestão de projetos e dos eventos podem ser tratadas em cinco etapas,
cujas descrições elencadas procuram se aproximar da realidade, além da visão de modelagem
de projetos culturais de Thiry-Cherques (2008), também como será visto a seguir:
31
Pretende-se dar foco para a produção cultural, uma vez que, por motivos óbvios, os projetos da engenharia do
entretenimento utilizam ferramentas, técnicas e aplicação da engenharia de produção, o que inclui metodologias de gestão de
projetos.
27
Figura 3: Processos do Guia PMBOK 5ª edição divididos por grupos de processos e áreas do conhecimento
Fonte: Blog Mundo Project Management (2013)
28
é o reconhecimento formal que um novo projeto existe ou que um projeto existente deve
continuar em sua próxima fase. A iniciação formal liga o projeto com o trabalho em execução
na organização. Em algumas organizações um projeto é formalmente iniciado somente depois
da conclusão de um estudo de viabilidade, de um plano preliminar ou de qualquer outra forma
equivalente de análise que foi iniciada separadamente.
29
também, ser considerado o processo mais importante para o gerente de projeto,
possibilitando:
Planejamento do escopo
Após a venda e/ou autorização para a realização do projeto, deve se detalhar o escopo
de uma forma abrangente fazendo que na finalização de cada fase possa-se aferir se todos os
objetivos propostos foram alcançados, além de definir e controlar o que está incluso no
projeto e o que não está.
Segundo Krykhtine, Ferreira Jr. e Costa (2006),
30
Para Krykhtine, Ferreira Jr. e Costa (2006),
Definição de atividades
Segundo o PMBOK (2008), a definição das atividades é o processo de identificação
das ações específicas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto, usando como
referência a linha de base do escopo, principalmente, o nível mais baixo da EAP, isto é, os
pacotes de trabalho, onde cada pacote é decomposto nas atividades necessárias para concluí-
lo.
Sequenciamento de atividades
Krykhtine, Ferreira Jr. e Costa (2006) prosseguem dizendo que:
A partir do desenvolvimento da EAP, pode-se definir todas as atividades necessárias para a
realização de um evento, à quantidade e qualificação dos recursos humanos envolvidos, os
recursos financeiros, o prazo necessário para a sua realização e até mesmo a qualidade
esperada em cada fração.
Ainda, os autores prosseguem dizendo que, a partir da EAP, técnicas são aplicadas
para definir o sequenciamento das atividades que serão realizadas, onde as atividades
interdependentes e livres são elencadas. Com base nisso, o cronograma é desenvolvido.
Dividir o projeto em fases permite a determinação de diferentes pontos de checagem e
controle.
Assim como o atraso na entrega, um projeto pode estar gastando mais recursos financeiros do
que o previsto ou pode gerar entregas não aprovadas pelos critérios de qualidade. A checagem
permite a tomada de decisões corretivas em tempo hábil, evitando surpresas inesperadas e
somente detectadas em momentos de irreversibilidade. Um bom planejamento previne a
ocorrência de surpresas ao longo da realização de um projeto, ou seja, é recomendado gastar
um maior tempo em planejamento. Projetos são dinâmicos e será necessário rever o plano de
projeto constantemente para atualizar os dados e avaliar através das ferramentas de controle as
ações necessárias. (KRYKHTINE, FERREIRA JR. e COSTA, 2006).
31
Figura 5 – Estimar os recursos das atividades.
Fonte – Desenvolvido pela autora com base no PMBOK (2008)
Desenvolvimento de Cronograma
Após as tarefas definidas a partir do escopo, é necessário estimar a duração de cada
uma. Além de descrever as atividades, o cronograma contém a duração, a interdependência e
o responsável por cada atividade.
32
Figura 7 - Desenvolver cronograma
Fonte – Desenvolvido pela autora com base no PMBOK (2008)
Estimativa de custos
De acordo com o PMBOK (2008), gerenciar os custos do projeto inclui os processos
envolvidos em estimativas, orçamentos e controle dos custos, para que o projeto possa
terminar dentro do orçamento aprovado. A estimativa de custos inclui também o levantamento
de todas as necessidades do projeto, com o custo unitário de cada uma delas.
Planejamento da Qualidade
Planejar a qualidade tem como objetivo iidentificar os requisitos e/ou padrões da
qualidade do projeto e do produto, bem como documentar de que modo o projeto demonstrará
a conformidade, além de assegurar que o projeto irá satisfazer as necessidades do cliente,
envolvendo todas as atividades do projeto durante o ciclo de vida, implementando o sistema
de gestão da qualidade por meio de procedimentos com atividades de melhoria contínua de
processos, definindo os padrões da qualidade aplicáveis ao projeto e ao produto, além de
descrever critérios necessários para atender os padrões da qualidade definidos, assim como e
quando serão verificados.
33
Figura 8 – Planejar o gerenciamento da qualidade.
Fonte – Desenvolvido pela autora com base no PMBOK (2008)
34
É uma das áreas de conhecimento mais importantes e representa cerca de 90% do
tempo do GP e é o elo entre as pessoas, as ideias e as informações. Fora que, a maioria dos
problemas dos projetos, são oriundos de falha de comunicação, existindo uma forte correlação
entre o desempenho do projeto e a habilidade do GP em administrar as comunicações.32
32
Disponível em: http://escritoriodeprojetos.com.br/gerenciamento-das-comunicacoes-do-projeto.aspx. Acesso em: 15 jul.
2013.
35
transferir, aceitar, mitigar ou desprezar a ocorrência. Diante das decisões prepara-se então um
plano de resposta aos riscos nos quais determinam-se investimentos, ações e atitudes que
devem ser tomadas caso os riscos identificados ocorram. Riscos indeterminados podem
ocorrer, em certos casos, mesmo com um plano de riscos e um plano de respostas a eles.
Nestes casos, a experiência do gerente de projetos é que deverá nortear as decisões, com a
avaliação do impacto no projeto, de um modo geral.
Para os projetos da produção cultural, essa fase pode ser considerada como a chamada
produção executiva.
36
Figura 10 – Realizar a garantia da qualidade.
Fonte – Desenvolvido pela autora com base no PMBOK (2010)
Estes processos em alguns casos podem e devem ser realizados antes da fase de planejamento
onde o produtor executivo escolhe a sua equipe e, caso seja necessário, alinhe o
conhecimento dentro da equipe ou busque um conhecimento externo necessário que a equipe
não possua. Em determinados projetos de eventos, profissionais consultores podem
representar uma grande contribuição, municiando a equipe de opiniões externas, visões
diferenciadas e informações técnicas relevantes traduzidas por profissionais de experiência
comprovada. (KRYKHTINE, FERREIRA JR. e COSTA, 2006, p.33)
Esse grupo de processos tem por objetivo medir e monitorar o desempenho do projeto,
garantindo que os objetivos do projeto sejam alcançados, de modo que as devidas ações
corretivas sejam tomadas caso necessário.
Controle do Cronograma
O processo de controle do cronograma tem como objetivo atualizar o progresso do
projeto, monitorando as variações, usando ferramentas de acompanhamento para avaliação e
conformidade entre o escopo real com o planejado, isto é, a linha de base, além de gerenciar
as mudanças ocorridas, identificando atrasos e folgas, fazendo assim uma reavaliação da
sequência de atividades.
Controle de Custos
Realizar o controle dos custos do projeto tem como objetivo monitorar o status do
projeto para atualizar o orçamento e gerenciar alterações na linha de base dos custos, usando
ferramentas e técnicas para verificar o status do orçamento, avaliando possíveis medidas de
ajuste.
38
além da conscientização da equipe de projeto sobre os resultados, fornecendo subsídio para
ações corretivas, ou seja, quando as medições estão fora da especificação, deve-se identificar
as causas e tomar as ações necessárias para corrigir o problema e evitar novas ocorrências,
fornecendo feedback para garantir a qualidade, pois quando as medições apresentam
resultados insatisfatórios, indicam que as atividades para garantir a qualidade do projeto não
tiveram o resultado desejado. A equipe responsável pela função analisa os dados, determina
falhas, aperfeiçoando as atividades de garantia de qualidade e atualizando o plano da
qualidade.
39
Realizar o monitoramento e o controle dos riscos do projeto tem como objetivo
executar o plano de ações e divulgar seus relatórios de status, incluindo possíveis mudanças
no plano de riscos e/ou eventualmente nos planos do projeto, sendo mudanças referentes a
recursos, funcionalidades ou cronograma, onde técnicas e ferramentas são aplicadas para
avaliar os riscos previamente identificados além de avaliar o surgimento de novos riscos, se
antecipando as novas necessidades.
Esse grupo de processos tem como objetivo receber as entregas do projeto e finalizar o
mesmo. Cada entrega de resultado ou fase desse produto deve estar acompanhada da
documentação, finalizando a etapa.
Encerrar contratos
Consiste em avaliar o resultado dos trabalhos realizados, além de pagar as parcelas
restantes acordadas (se houver).
Encerrar o Projeto
2.6 EMBOK
40
Segundo Silvers (2005 apud NOGUEIRA, 2010), “o modelo estrutural do Event
Management Body of Knowledge (EMBOK) consiste na abordagem específica para o
gerenciamento de eventos.” Teve início em 1999 quando William O´Toole o utilizou em sua
tese de mestrado na aplicação de gerenciamento de projetos para eventos e sua característica
define a importância do gerenciamento de riscos em projetos. “ O aspecto sequencial das fases
e da natureza interativa dos processos, que são permeadas com valores fundamentais, permite
a abordagem das áreas funcionais de uma forma abrangente e sistemática.” Suas etapas são:
iniciação, planejamento, execução, o evento, e o encerramento, e são provenientes de
gerenciamento de projetos tradicionais cujas melhores práticas são definidas pelo PMI.
. Silvers (2005), prossegue dizendo que:
41
Figura 12 - Os Processos do EMBOK.
FONTE: Nogueira (2010)
43
2.7 Gestão Cultural
A gestão cultural articula ao menos três campos conceituais: Cultura, Economia e Urbanismo.
Cultura entendida como expressões humanas das nossas necessidades simbólicas (materiais e
imateriais) e de nossos desejos. Economia no seu sentido clássico: sistema de produção e
troca de bens, de maneira a que todos tenham acesso à produção e usufruto do que é
produzido pelo trabalho humano. Urbanismo enquanto ciência afeta às relações do homem
com seus locais de práticas culturais, e –portanto- um campo de estudo articulado à História, à
Sociologia e à Antropologia. Produção, recepção e percepção dos espaços e das relações que
neles se dão; ou seja, enquanto estudos capazes de reforçar a sociabilidade e os elos de coesão
humana. Entendendo a produção dos lugares tanto em sua dimensão física quanto simbólica
(RODRIGUES, 2009).
Diz ainda que “gestor da cultura é alguém que estabelece com seu objeto e com os
sujeitos nele envolvidos relações de compartilhamento de gestão e de responsabilidades, e os
entende como processos – dinâmicos, ambíguos e sujeitos a significações diversas.”
Resumindo objetivamente, ele completa dizendo que o gestor “articula planejamento,
operacionalização e mediação” de: eventos, programas, ações, processos e políticas em
cultura, além da operacionalização técnica, financeira, física, humana, da mediação de agentes
diversos, tais como esferas governamentais, não governamentais, comunitárias, empresariais,
cooperativadas, informais, produtores, viabilizadores e fruidores.33
Villas-Boas (2005), restringe o conceito ao campo da gestão de equipamentos culturais
e de projetos culturais, pois a realidade da cultura no Brasil não é de grandes empresas,
alegando que o país pensa e age em relação à cultura de modo bastante restrito, “como se o
habitante único e natural desse campo fossem os criadores”, uma visão de cultura para os
artistas, onde parece não ter lugar para empreendedores. Diz ainda que trabalhar nessa área
exige uma série de conhecimentos especializados, que proporcione uma visão crítica e
reflexiva, não somente sobre cultura ou entretenimento, mas de “ferramentas de gestão que
devem ser usadas para o planejamento, controle e avaliação das ações, evitando-se o desvio
33
Luiz Augusto Rodrigues é professor do Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, onde
foi coordenador do Bacharelado em Produção Cultural e atualmente é docente do Programa de Pós-graduação em Cultura e
Territorialidades (PPCULT), na mesma instituição. Disponível em: http://gestaoemcultura.blogspot.com.br/2009/04/conceito-
de-gestao-cultural.html. Acesso em: 17 jul.2013.
44
dos objetivos e o desperdício na utilização dos recursos.” Complementa que a maioria dos
projetos, inclusive os projetos de espaços culturais:
é gerida “naturalmente”, na “marra”, “no improviso”, “apagando incêndios”, “de última hora”
e mais tantos outros termos pejorativos que não só traduzem um estigma sobre este setor,
como também expressam a baixa credibilidade daqueles que trabalham com a cultura. Há uma
constante tensão em torno da tradicional visão de que cultura não é prioridade e dos poucos
recursos destinados a esse campo. (VILLAS-BOAS, 2005, p.101).
As modernas formas de gestão buscam otimizar o potencial humano, estimulando cada vez
mais uma ampla participação. Elas procuram somar conhecimentos, promover a interação e a
cooperação, através do trabalho em grupo, na busca de parcerias, na integração das partes
interessadas, a exemplo do público, fornecedores, consumidores, comunidade, mantenedores,
patrocinadores, etc. (VILLAS-BOAS, 2005, p.102-103)
Com a globalização, é necessário que o setor cultural busque novas formas de gestão,
atualizando suas tecnologias e instrumentos de trabalho, que o setor empresarial já faz uso e
que também “haja uma disposição e a disponibilidade por parte de dirigentes culturais para
repensar o processo de gerenciamento de seus espaços e projetos.” (VILLAS-BOAS, 2005,
p.103)
A Gestão da Qualidade, de técnicas e metodologias empresariais já amplamente disseminadas
no país, deverá ter sua efetiva implementação no setor cultural. Os objetivos desse
instrumento são atingir o melhor desempenho com o menor custo e maior relevância para a
sociedade. Ele pode realizar um trabalho que integra os diversos processos da atividade de
cultura, a exemplo da pesquisa, do planejamento, da comunicação, da captação e da produção.
(VILLAS-BOAS, 2005, p.103).
Com isso, percebe-se então que o conceito de gestão cultural está ainda muito distante
do campo do gerenciamento de projetos.
45
3 CRIAÇÃO DA BASE DE DADOS
3.1 Introdução
A seguir, serão apresentadas as perguntas que foram adaptadas a partir das questões a
serem respondidas no presente estudo e que orientaram o estudo de caso:
- Por que há pouco interesse, por parte dos profissionais da produção cultural em
utilizar métodos e técnicas em gerenciamento de projetos?
- Por que apesar do fortalecimento dos termos engenharia do entretenimento,
economia da cultura, entre outros nos últimos anos, a cultura como objeto de
investigação ainda suscita pouco interesse por parte da engenharia?
- Qual o benefício da aproximação das áreas? Como elas se relacionam?
46
3.3 Tipos de pesquisa
Por fim foi realizada uma crítica, que Lakatos e Marconi (1991) denominam "interna".
Consiste na crítica de interpretação, ou seja, compreender os autores a ponto de formar um
juízo sobre o trabalho e o valor das ideias, relacionando-as com o tema abordado e com as
posições de outros autores, estabelecendo assim uma reflexão ampla e integradora.
47
O objetivo da coleta de dados é obter informações sobre a realidade. Além do
mapeamento bibliográfico, feito em base de dados disponíveis pela internet e através de
bibliografias relacionadas as ementas das disciplinas do curso de graduação em Produção
Cultural, da Universidade Federal Fluminense e das apostilas e notas de aula da
especialização em Gestão de Projetos da Engenharia de Produção, da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro e da especialização em Educação Tecnológica, do Centro Federal de
Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), destaca-se a participação do
VIII Congresso de Engenharia do Entretenimento34, além da participação ativa em grupos de
estudos e pesquisas no Laboratório de Engenharia do Entretenimento, sob a coordenação do
prof. José Augusto Nogueira Kamel.
Após a seleção das obras para o desenvolvimento do assunto, foram realizadas,
primeiramente, uma leitura prévia, buscando o índice ou sumário, o prefácio, a contracapa, as
orelhas do livro, os títulos e subtítulos, para pesquisar a existência das informações desejadas.
Após, foram selecionadas obras a serem examinadas mais detidamente e então, se deu a
leitura seletiva, crítica/analítica e interpretativa, esta última, a fim de estabelecer relações,
confrontar ideias, refutar ou confirmar opiniões, realizando uma crítica que, de acordo com
Lakatos e Marconi (1991) denominam "interna", isto é, onde se estabelece uma reflexão
ampla e integradora, que consiste na crítica de interpretação, compreendendo os autores a
ponto de formar um juízo sobre o trabalho e o valor das ideias, que são relacionadas com o
tema abordado e com as posições de outros autores.
Segundo Gil (2008), pesquisa exploratória tem como objetivo familiarizar-se com um
assunto ainda pouco conhecido, pouco explorado. Ao fim de uma pesquisa exploratória,
adquire-se maior conhecimento sobre o determinado assunto, o que possibilita ao pesquisador
estar apto a construir hipóteses. A pesquisa exploratória depende da intuição do explorador,
isto é, do pesquisador. A análise dos dados foi feita à luz do mapeamento bibliográfico e da
pesquisa documental, com objetivo de responder às perguntas do estudo e traçar um paralelo
entre produção cultural e engenharia do entretenimento, tendo como base a teoria apresentada
na revisão de literatura, analisando o uso de técnicas e ferramentas em gestão de projetos no
setor cultural, identificando as causas da lacuna existente em alguns profissionais em relação
34
A programação do VIII Congresso de Engenharia do Entretenimento está disponível em:
<http://www.lee.ufrj.br/index.php?option=com_content&view=article&id=36&Itemid=55> Acesso em: 12 jul. 2013.
48
ao gerenciamento de projetos. Este diagnóstico é o subsídio para mostrar que há uma
deficiência na formação destes profissionais e indica falhas nas habilidades exigidas para o
desenvolvimento da área.
49
4 APLICABILIDADE E ANÁLISE DE TÉCNICAS E FERRAMENTAS
35
Citado por Rodrigues (2011), de acordo com o trabalho de Maria de Fátima Tardin Costa, “A Utopia na Perspectiva de
Ernst Bloch”: “Bloch destaca uma diferença fundamental entre sonhos diurnos e sonhos noturnos: ‘o sonho noturno é a
realização secreta de desejos antigos e circula no campo do reprimido e esquecido, já os sonhos diurnos são antecipadores do
realmente possível, proativos na satisfação de desejos e alterações de necessidades futuras e circulam naquilo que nunca
havia sido experimentado como presente’ (in BLOCH, Ernst. O Princípio Esperança; tradução Nelio Schneider. Rio de
Janeiro. Contraponto Editora. 2005. v1, p.116).”
36
MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo II: necrose; tradução Agenor Soares Santos. Rio de
Janeiro: Forense – Universitária. 1986. 206p. p. 103.
37
BARBOSA, Jorge Luiz. Considerações sobre a relação entre cultura, território e identidade. In.
Interculturalidades/ Leonardo Guelman e Vanessa Rocha (organizadores) – Niterói: EDUFF, 2004.p. 100.
51
Com isso, Rodrigues (2011) classifica que “o trabalho do produtor se aproxima ao de
uma modelagem que toma a matéria cultural conferindo-a novos sentidos e materialidades” e,
ao mesmo tempo, diz que o projeto, ao convergir com essa visão, “deve fazê-lo considerando
essa forma dinâmica e maleável, que se transforma e se molda a cada nova situação, e que não
se estabiliza como uma fôrma, rígida e impositiva”.
O autor, prossegue dizendo que “a forma a ser alcançada na modelagem de um projeto
se opõe a fôrma, que viesse a restringir a sua dimensão, uma vez que busca moldar a ideia
expressiva, que desdobra continuamente sua matéria de acordo com os extratos que utiliza.”
Ainda, entende que, de acordo com a visão de Morin: “esse plasma existencial da cultura, rico
em expressividade e inventividade, é o material criativo, a argila do produtor. Ele deve buscar
conhecer esta matéria, lançando-se ao exercício plástico de moldá-la e remodelá-la.”
(RODRIGUES, 2011).
Com isso, o autor prossegue dizendo que “qualquer coisa pode ser um objeto cultural”
e o que o torna, de fato, “cultural” é o valor atribuído a um determinado objeto por uma
comunidade ou cultura. E, assim, chega a uma primeira aproximação sobre o que se pode
considerar “um produto de projetos culturais: a invenção, a descoberta, a preservação etc. dos
objetos reais ou ideais que tem valor para determinado grupo humano”. (THIRY-
CHERQUES, 2008, p.26).
Portanto, chega a definição operacional sobre projetos culturais: “são iniciativas
voltadas para a ação sobre objetos reais e ideais que expressam valores espirituais –
sentimentos e conhecimentos – significativos para determinado grupo social”. (THIRY-
CHERQUES, 2008, p.28).
É possível perceber que, se faz necessário utilizar instrumentos específicos para
projetos culturais. Conforme visto anteriormente, a gestão de projetos está para a engenharia,
enquanto a produção cultural pode ser considerada que está para o empreendedorismo, como
por exemplo, a afirmação de Sabbag (2009), citando que coragem, determinação e ousadia
são características culturais associadas à figura do empreendedorismo, que se assemelha à
figura do produtor cultural em relação aos seus projetos.
Mas é preciso ter presente que um projeto técnico não é um querer difuso, uma vontade de
fazer, uma boa intenção. Encontramos repetidas vezes, principalmente no campo das artes,
propostas que se resumem a afirmativas do tipo: “o que pretendemos é evidenciar o caráter
simbólico, ... histórico, ... cultural, ...” ou ainda, “temos o projeto de colocar à disposição do
público...”. Essas classes de assertivas, ainda que muito bem-intencionadas, muito articuladas,
não bastam para constituir um projeto. Não passam de vontades articuladas, de intenções,
sobre as quais pode-se ou não constituir um ou vários projetos. Mas não são projetos. São
ambições. (THIRY-CHERQUES, 2008, p.17).
O autor ainda prossegue dizendo que “são apenas ideias bem-arrumadas, descrições de
tarefas, por vezes expressas em documentos, mas que ainda estão longe de ser projetos na
acepção técnica do termo. São intenções.” Ainda, complementa dizendo que os projetos
53
culturais diferem de outros projetos em geral “por envolverem insumos de alta qualidade,
difíceis de gerir, e por terem retorno financeiro imprevisível, reduzido ou inexistente”. Para
ele, os instrumentos comuns aos manuais de projetos “encontram pouco ou nenhum uso na
área cultural”. São várias as razões que levam os produtores culturais à não utilização desses
instrumentos em seus projetos, dentre eles, destacam-se os que envolvem cálculos
matemáticos e estatísticos sofisticados, os que recomendam formas-padrão de condutas e os
de operacionalização dispendiosa, além de dificuldades metodológicas. (THIRY-
CHERQUES, 2008, p.18).
O autor também relata que as técnicas quantitativas requerem recursos humanos
altamente qualificados – tanto para modelagem quanto para a análise, sendo aplicados apenas
a alguns projetos raros de grande porte – que, obviamente, possuem alto custo. Isso se dá
porque os projetos dessa área sempre contam com pouco investimento, oriundo geralmente de
patrocínios/editais com restrições orçamentárias e, com isso, os produtores preferem não
investir e economizar, mostrando a falta de foco para o lucro e para a visão de cultura como
negócio, não somente com a visão limitada aos editais e leis de incentivo fiscais.
Prossegue dizendo que “geralmente, iniciativas que requerem cálculos sofisticados são
projetos de engenharia, (...) ou projeto de megaeventos, como shows ao ar livre”. E, ainda,
define também que “o papel do especialista no setor cultural – do antropólogo, do arqueólogo,
do diretor musical ou artístico – é orientar, dirigir e monitorar as atividades, e não detalhar a
modelagem do projeto”. E que “os instrumentos de operacionalização dispendiosa são
descartados porque os benefícios prováveis de sua utilização no setor cultural estão, ou
parecem estar – o que é indiferente no caso – situados aquém dos custos
correspondentes.”(THIRY-CHERQUES, 2008, p.18).
Voltando ao empreendedorismo, Sabbag (2009) diz que “o empreendedor não é
heroico, é um gestor cujos métodos e técnicas, mesmo quando não sistemáticos, mas
intuitivos”, são muito diferentes de quem administra tradicionalmente, baseados em processos
contínuos. Ele propõe internalizar os porquês para selecionar facilmente os métodos, técnicas
e sistemas informatizados adequados ao perfil de competências do produtor, assim como ao
perfil dos projetos, deixando de lado o pragmatismo excessivo e as necessidades
momentâneas, para desenvolver a perícia, no nível do “estado de arte”, em projetos.
Portanto, percebe-se quando o autor cita a não sistematização dos métodos e a forma
intuitiva de gestão do empreendedor, o quão é semelhante à figura do produtor cultural.
54
Muitos produtores reconhecem a importância do planejamento. Ricardo Veríssimo
relata, no blog “Radar da Produção”, que “o empreendedor é feito de comportamento e
atitudes e o gestor é forjado na disciplina e na técnica administrativa”. Ainda, continua
dizendo que “o empreendedor é motivado pelo comportamento e atitude, é alguém que gosta
do imprevisto, do risco, da instabilidade de empreender”38.
Outra questão importante levantada por Thiry-Cherques (2008) são que as
recomendações sobre princípios de conduta que figuram na maioria dos manuais de projetos
pecam por desconhecer as diferenças culturais, pois o autor afirma que “provocaram, e ainda
provocam imenso descrédito sobre a gestão de projetos enquanto conjunto de técnicas
fundamentadas”.
Thiry-Cherques (2008) diz ainda que existem muitos os projetos culturais com
objetivos difusos e que se faz necessário insistir nesse ponto, analisando alguns
desdobramentos, como por exemplo, “alvos múltiplos forçam a segmentação”, aplicam-se
recursos em várias direções, que consequentemente empobrece o projeto, deixando-os a meio
caminho da conclusão, que faz o projeto perder-se em si mesmo, que faz com que os gestores
comprometam um esforço inteiro na impossibilidade de alcançar uma das metas. O autor
afirma que os projetos com esse tipo de deficiência podem fazer sentido para quem os
propõem, mas resulta num “esforço imenso que não leva a lugar nenhum”, dizendo ainda que:
a) concorrência predatória: estas são as pessoas que seguem à risca as ideias de Darwin. Se
comportam o tempo todo como Vikings ou gladiadores; b) concorrência "disfarçada": pessoas
que dizem que "não estão preocupadas em competir", mas sempre que possível, tomam
atitudes predatórias em relação aos colegas e fornecedores; c) negação da realidade: pessoas
que acham que "o bom trabalho não tem concorrência que impeça de ser bem sucedido".
(BARRETO, 2012).39
Barreto (2012), cita também que muitas pessoas que trabalham com produção “se
perdem no meio do caminho e nunca mais conseguem organizar o tempo de seu trabalho e de
sua vida pessoal”. Ele diz isso em relação à contratações emergenciais muito recorrentes na
área, onde compara que trabalhar com produção “é sinônimo de trabalhar num serviço de
emergência”, afirmando que muitos aceitam tais condições por medo de não serem chamados
para futuros projetos, uma vez que a maioria trabalha como autônomo, nos chamados
39
Disponível em: http://produtorindependente.blogspot.com.br/search/label/competi%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 27 jul.
2013.
56
freelances. Sobre esse ponto, a produtora cultural Beatriz Pimentel, em sua coluna no blog
“Radar da Produção”, diz que esse tipo de trabalho cumpre um papel importante para quem
decide ou precisa trabalhar e estudar, classificando-os como trabalhos de curta duração e
muita exigência: “física, emocional e, sobretudo, temporal”, (...) “onde se há de sacrificar
horas de sono, lazer, família e aulas.”40
A falta de treinamento e entendimento do integrante do projeto impacta diretamente na
qualidade dos serviços do projeto, sendo que o mau comportamento é uma das principais
causas de desarmonia em equipes. Há uma grande deficiência por parte dos líderes de projetos
culturais em relação ao investimento em recursos humanos, entendendo que o treinamento, as
recompensas e as avaliações de desempenho estimulam o empoderamento do integrante,
fazendo com que seu rendimento e pertencimento ao projeto resultem em qualidade.
Como visto na revisão de literatura, de acordo com o PMBOK (2008), conforme
ilustra a figura 1, grupos de processos são divididos em: iniciação, planejamento,
monitoramento/ controle e encerramento. No caso dos projetos culturais, a divisão das etapas
se resumem a: pré-produção, execução e pós-produção. Assim como afirma Girardi,
Gonçalvez e Girardi (2012), que “a expressão “produção cultural” parece ter se originado pela
necessidade de dividir a atividade artística ou cultural em etapas definidas de pré-produção,
produção e pós-produção.” Definem ainda os problemas na gestão do setor da Produção
Cultural, que são comuns e conhecidos, sendo apontados no painel de Geber Ramalho:
Economia Criativa: Parcerias, mercado, formatos e a experiência Delta Zero:
40
Disponível em: http://blog.radardaproducao.com.br/procult/3123/eu-sou-de-ninguem-eu-sou-de-todo-mundo/. Acesso em:
27 jul. 2013.
57
que se percebe, a área de gestão de projetos culturais ainda se limita ao campo das
subjetividades e dos conhecimentos empíricos41 e intuitivos42.
Com isso, é possível perceber que a produção cultural é um eixo de grande
importância para a economia criativa e que atua na dimensão do simbólico43, que está
presente das artes do circo à games, na construção de uma nova economia, de éticas e
estéticas. É um setor que precisa de bastante investimento e atenção do poder público, com
uma nova visão de fomento para o setor criativo. Não existem legislações trabalhistas para o
setor, a maioria dos profissionais da área ainda estão na informalidade. As dimensões
simbólicas e cidadã avançaram, mas a dimensão econômica carece de políticas públicas. É
importante destacar a criação de marcos legais para os setores criativos, em especial para a
produção cultural. Além disso, é necessário criar mecanismos para que o setor vá além dos
editais e leis de incentivo – é imprescindível o apoio a incubadoras, o investimento em
formação específica, principalmente visando solucionar as questões burocráticas e
economicistas do setor – o que não significa a extinção, mas reduzir o abismo entre o
profissional e as exigências, isto é, além da formação, se faz necessária uma reformulação do
setor, que seja adequado às demandas atuais.
41
Os conhecimentos empíricos são aqueles que têm como base a experiência e a observação metódica ou não. Constituem na
maior parte do conhecimento de um ser humano. Conhecimentos ligados à vivência, a ação e a percepção.
42
Conhecimentos intuitivos são aqueles que descrevem as verdades auto-evidentes.
43
A economia criativa é, portanto, a economia do intangível, do simbólico. Para saber mais, veja o Plano da Secretaria da
Economia do Ministério da Cultura – SEC/MinC: Disponível em:
http://www.cultura.gov.br/documents/10913/636523/PLANO+DA+SECRETARIA+DA+ECONOMIA+CRIATIVA/81dd57
b6-e43b-43ec-93cf-2a29be1dd071. Acesso em: Acesso em: 27 jul. 2013.
58
Vários artigos sobre o uso de tais ferramentas na área foram publicados nos meios
acadêmicos, como por exemplo, “O uso da Lógica Fuzzy em Mega Eventos de Esportes”,
“Avaliação de desempenho: o desafio das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de
Janeiro”, “Indústria do Carnaval e Logística Reversa: Estudo de Caso do Carnaval Carioca e
da Cidade do Samba”44, entre outros diversos trabalhos, como também, por exemplo, na
monografia “Oikonomia das economias: cultura, entretenimento, criatividade e engenharia de
produção”, onde Friques e Oliveira (2012) sugerem o uso da Matriz do Impacto do
Entretenimento, como ferramenta inédita a ser testada no setor cultural.
Além disso, Friques e Oliveira (2012) constatam que as artes, como objeto de
investigação, suscitam bastante interesse por parte de engenheiros e economistas, como
também falam que as áreas da economia da cultura e da economia do entretenimento, de
44
Os artigos constam no livro: KAMEL, José Augusto Nogueira (org). Engenharia do Entretenimento II: Rio o ano todo. Rio
de Janeiro: Editora E-papers, 2007.
59
forma mais sistematizada, podem revelar um caminho à consolidação da engenharia do
entretenimento, citando até o termo engenharia cultural.
Talvez o campo esteja realmente evoluindo, como é possível ver através da criação do
curso de Engenharia de Produção com ênfase em Produção Cultural da UNIRIO, no ano de
2008. O perfil profissiográfico desse novo engenheiro é amplo na área de cultura e do
entretenimento, principalmente em relação aos chamados megaeventos.
Para Gonçalves (2013), a iniciativa da criação do novo curso é inovadora, está em
operacionalização e trará contribuições para preencher a lacuna existente na área da indústria
criativa, com a falta de engenheiros de produção nesse setor. Define o conceito do novo curso
da seguinte maneira:
Para tal, sua estrutura curricular (vide apêndice 2) tem a intenção de estar alinhada
com a metodologia de ensino-aprendizagem “capaz de formar indivíduos criativos e providos
de uma sólida fundamentação, particularmente em Matemática, Física, Química e Estatística
visando a solução de problemas relacionados a área”. (GIRARDI, GONÇAVES E GIRARDI,
2012, p.4)
O setor possui mão de obra intensiva, permitindo a inserção estratégica no processo
socioeconômico brasileiro como parte de uma política de ofertas de empregos – avalia
Consenza e Barros (2006) em seu artigo que objetiva o emprego de conceitos da Lógica
60
Fuzzy nos métodos de avaliação de impactos em megaeventos esportivos, como meio para
modelar a incerteza da linguagem natural e a imprecisão do raciocínio possibilitando a
dedução de uma resposta aproximada a uma questão baseada em conhecimento incompleto ou
impreciso.
Em relação às demandas do estado, em especial ao município do Rio de Janeiro,
recentemente as experiências em relação aos megaeventos realizados como a Copa das
Confederações e a Jornada Mundial da Juventude, mostraram despreparo e falhas de
planejamento. Como exemplo, é possível citar, na JMJ, a montagem do ‘Campus Fidei’ sobre
um aterro clandestino, em cima de um manguezal, numa área considerada de riscos em
relação à alagamentos. Às vésperas do evento, por conta de alagamentos no terreno devido a
chuva que atingiu a cidade, (onde estima-se o gasto desnecessário de aproximadamente R$
500 mil reais – além de mais de R$ 30 milhões de investimentos em infraestrutura no terreno
no bairro de Guaratiba) foi realizada a transferência do evento para a praia de Copacabana,
que bateu um recorde de público, de 3,5 milhões de pessoas – maior que o réveillon, com
diversas falhas sendo admitidas, colocando o Papa em situação vulnerável em vários aspectos,
em destaque a falta de planejamento em relação aos riscos. Outro exemplo é o fato de o
Pontífice enfrentar um congestionamento em sua chegada à cidade, assim como afirmou o
coronel do Exército Diógenes Dantas, Doutor em Aplicações e Planejamento de Segurança de
Grandes Eventos ao jornal O Globo. 45
Outros exemplos da importância da atuação de profissionais com expertise no ramo da
engenharia do entretenimento, principalmente no campo do gerenciamento de riscos, é o caso
do incêndio na Boate Kiss46, ocorrido em Janeiro de 2013. Especialistas dizem que, pela ótica
do gerenciamento de projetos, outros casos semelhantes já ocorreram anteriormente e
tragédias como essa podem ser evitadas. Como também, é possível destacar o caso do bloco
de carnaval Bola Preta, que desfilou sem o aval do Corpo de Bombeiros. Foi constatado que a
corporação não analisou o evento. Além disso, a prefeitura acusou a Polícia Militar de
obstruir a passagem. Os organizadores do evento não se reuniram com as autoridades, o que
mostra a falta de integração das ações e de gerenciamento das partes interessadas, além de
falhas – ou ausência do plano de gerenciamento de riscos47 e qualidade.48
45
Disponível em: http://oglobo.globo.com/rio/papa-ficou-vulneravel-em-avenida-do-rio-dizem-especialistas-9136957.
Acesso em: 27 jul. 2013.
46
Disponível em: http://www.ricardo-vargas.com/pt/podcasts/the-tragedy-in-santa-maria/. Acesso em: 27 jul. 2013.
47
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1317951-campus-fidei-foi-montado-sobre-aterro-clandestino-
diz-ministerio-publico.shtml. Acesso em: 27 jul. 2013.
61
Os megaeventos deixam um impacto nas cidades sedes49, pois geralmente estimulam
programas de revitalização e melhoria urbana, além do reconhecimento através da mídia 50, do
desdobramento mercadológico e de novos negócios. Como também, pressupõe o
desenvolvimento de competências para futuros eventos de grande porte, podendo servir até de
instrumento para políticas de desenvolvimento local, com a provisão de infraestrutura e os
impactos econômicos sociais. Refletem, também, no campo do turismo – de modo positivo ou
negativo51 – como as falhas perceptíveis52, conforme visto anteriormente, o grau de
intervenção urbano, na construção e investimento em infraestrutura de apoio logístico – que
reflete no mercado imobiliário53, nas desapropriações54, na mobilidade urbana55, etc.
Atualmente, há um grande número de pesquisas acadêmicas sobre os efeitos negativos dos
megaeventos pelo ponto vista econômico e social.
Com isso, o presente capítulo se encerra, rumo às conclusões do presente estudo,
mostrando o grande crescimento do setor cultural e da importância de recursos humanos
capacitados em gerenciamento de projetos, definindo ainda os papéis do produtor cultural e
do engenheiro de produção – este agora, que ao final deste capítulo, também pode ser
chamado de engenheiro de produção cultural. Novos desafios em relação aos megaeventos
estão por vir, como a Copa do Mundo, em 2014 e as Olimpíadas, em 2016. Espera-se que as
lições aprendidas não sejam “arquivadas” e que o setor “desperte” para o investimento em
planejamento e gerenciamento.
48
Disponível em: http://oglobo.globo.com/blocos-de-carnaval/bola-preta-desfilou-sem-aval-dos-bombeiros-7546762. Acesso
em: 27 jul. 2013
49
Disponível em: http://oglobo.globo.com/rio/prefeito-quer-centralizar-comando-de-megaeventos-9227779. Acesso em: 27
jul. 2013.
50
Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,mensagens-do-papa-e-numeros-da-jmj-sao-destaque-na-
imprensa-internacional,1058238,0.htm . Acesso em: 27 jul. 2013.
51
Disponível em: http://odia.ig.com.br/noticia/observatorio/2013-07-28/problemas-da-jmj-sao-licoes-para-copa-de-
2014.html. Acesso em: 27 jul. 2013.
52
Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/07/130729_balanco_visita_papa_lgb.shtml. Acesso em: 27
jul. 2013.
53
Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/copa-e-olimpiadas-estimulam-mercado-imobiliario-brasileiro.
Acesso em: 27 jul. 2013.
54
Disponível em: http://esportes.terra.com.br/jogos-olimpicos/2012/jornal-americano-expoe-desapropriacoes-pela-olimpiada-
de-2016,d43ef1729453d310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html. Acesso em: 12 ago 2013.
55
Disponível em: http://economia.uol.com.br/noticias/afp/2013/07/23/rio-fica-sem-metro-por-pane-eletrica-antes-da-missa-
de-abertura-da-jmj.htm. Acesso em: 12 ago. 2013.
62
5 ANÁLISE E CONCLUSÃO
Introdução
63
abordagem específica para o gerenciamento de eventos.
Gestão Cultural, onde seu conceito é exposto relevando as restrições existentes
do setor e o distanciamento das práticas de gestão associadas ao meio empresarial,
além de seu caráter subjetivo , simbólico e artístico.
b) É possível afirmar que, dentre tantos erros encontrados no setor pelo presente estudo,
um dos erros mais comuns no planejamento e nos gerenciamentos dos projetos
implementados pelo produtor cultural se encontra na gestão de pessoas, conforme diz
Barreto (2013), que cargos de direção de produção, produção executiva e coordenação
de projetos algumas vezes são ocupados por pessoas sem preparo, com pouca
experiência e submetidas a grandes tensões. Sobre isso, complementa:
Sobre isso, o autor faz um apelo ao Ministério da Cultura, para que esteja aberto para
inclusão e que isso seja previsto em orçamentos de projetos via lei Rouanet, audiovisual e
64
editais em geral, recursos para a contratação de profissionais que trabalhem o gerenciamento
de recursos humanos , pois mesmo tendo gestores sem preparo, existirá um profissional que
poderá ajudar a pensar os processos de trabalho e trabalhar para melhoria das condições de
trabalho.
Ainda sobre o tema, Barreto (2013) sugere que se pense e planeje o papel de cada
indivíduo no projeto, “ao invés de apenas nomear funções e pensar num valor para uma
planilha de orçamento a ser encaminhada para um edital.” O autor apresenta a seguinte
constatação:
Estudos sobre o sofrimento do trabalhador apontam a forma como o trabalho é organizado
como um dos principais fatores. Vou mais além: tenho certeza que a organização "caótica" do
trabalho tem levado muita gente a ter doenças ocupacionais, tais como a depressão. Agora
imaginem: existem atualmente no Brasil pessoas "louvando" a desorganização, achando que o
bacana dos novos tempos no setor cultural é a o movimento dos desorganizados. Isso é bacana
para quem optou realizar ações culturais apenas com o objetivo de fruição de seus direitos
culturais. Quem trabalha com arte, comunicação, cultura e entretenimento e tira o seu sustento
desta atividade, sabe o quanto é importante ser organizado. (BARRETO, 2013).
66
ferramentas de gerenciamento da qualidade, como o Diagrama de Ishikawa, por exemplo, que
visa identificar causas e efeitos.
Como um possível apontamento para mudanças e novas perspectivas na área, surge a
graduação em Engenharia de Produção com ênfase em Produção Cultural que pode ter a
pretensão de preencher essa lacuna existente no mercado. Porém, começando pela análise da
grade curricular da mesma (vide anexo 2), percebe-se que ainda há muito que se fazer, pois
ainda não está satisfatória para tal formação inovadora, que mescla os cálculos da engenharia
com a sensibilidade, estética e as subjetividades da produção cultural, além de outros setores
da economia criativa.
O setor está crescendo cada vez mais e o olhar estratégico dos gerentes de projetos
deve estar atento a este acontecimento, o que inclui preparo para exercer tal atividade de
maneira satisfatória. Se faz necessário realizar uma pesquisa sobre a formação e qualificação
em gerenciamento de projetos dos profissionais da indústria criativa – em especial os
produtores culturais, pois conforme afirma a secretária da Economia Criativa do MinC,
Cláudia Leitão, uma grande dificuldade encontrada pelo setor é a falta de cursos com foco na
gestão de empreendimentos criativos e gestão da produção cultural. "A formação é um dos
gargalos da economia criativa e um dos desafios a que nos propusemos na SEC é estimular a
formulação de cursos de gestão específicos para os profissionais criativos".56 Essa afirmação
reforça que os projetos deste porte necessitam de uma gestão profissional e não somente
baseada em experiências individuais e empíricas.
56
Declaração dada no site do MinC em relação ao lançamento de editais de Economia Criativa. Disponível em:
goo.gl/0B0Hf6. Acesso em: 27 jul. 2013.
67
E por fim, uma pesquisa mais detalhada e atual sobre a cultura de
gerenciamento de projetos por produtores culturais com nível superior e por
produtores autodidatas, com recorte específico para o estado do Rio de Janeiro,
por se tratar de uma cidade sede de futuros megaeventos.
68
REFERÊNCIAS
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69
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Cultura. Salvador: Edufba, 2005.
Eletrônicas:
72
ANEXO 1: DISCIPLINAS E RESPECTIVAS EMENTAS DO CURSO DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UFRJ
FONTE: FRIQUES, Manoel Silvestre; OLIVEIRA, Mônica Xavier de. Oikonomia das Economias: cultura, entretenimento,
criatividade e engenharia de produção / Manoel Silvestre Friques e Mônica Xavier de Oliveira. - Rio de Janeiro: UFRJ/
Escola Politécnica, 2012.
ANEXO 2: FLUXOGRAMA DO BACHARELADO EM ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO COM ÊNFASE EM PRODUÇÃO CULTURAL – UNIRIO
73
ANEXO 3: FLUXOGRAMA – BACHARELADO EM PRODUÇÃO CULTURAL –
UFF/PURO
74
75
ANEXO 4: FLUXOGRAMA ATUALIZADO – BACHARELADO EM PRODUÇÃO
CULTURAL – UFF/IACS
76
ANEXO 5: FLUXOGRAMA BACHARELADO EM PRODUÇÃO CULTURAL – UFF
(ATÉ 2012)
77
ANEXO 6: FLUXOGRAMA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM
PRODUÇÃO CULTURAL - IFRJ
78
ANEXO 7: FLUXOGRAMA BACHARELADO EM PRODUÇÃO CULTURAL - IFRJ
79