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ESTADO DO CEARÁ.
AGRAVO DE INSTRUMENTO
AUTOS:0702736-08.2000.8.06.0001
Maria de Lurdes Dahne de Sousa, nacionalidade,[...], estado civil[...], profissão[...], inscrito no CPF
sob n.[...], residente e domiciliado na Rua [...] CEP [...], Fortaleza/Ce, vem, por seu procurador infra
assinado, perante Vossa Excelência, inconformado com a decisão interlocutória proferida no
processo acima identificado, apresentar o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO, com base nos
artigos 522 e seguintes do Código de Processo Civil, de acordo com a exposição dos fatos, do
direito e das razões do pedido de reforma da decisão que seguem em peça anexa.
A Agravante deixa de efetuar o preparo, requerendo lhe seja concedido o benefício da Justiça
Gratuita.
Juntam-se:
a) Cópia da petição inicial e da Declaração de Pobreza firmada pela Agravante;
b) Cópia da decisão Agravada;
c) Certidão da respectiva intimação;
d) Cópia da Procuração AD Judicia outorgada ao advogado da Agravante;
e) Por não terem sido ainda citados, os Agravados não possuem Advogados Constituídos nos
Autos;
f) Pedido de Justiça Gratuita, com Fulcro no Art. 5° Inciso LXXIV DA CF/88, e nos termos da Lei
1.060/50 em seus Artigos 2°, §2°, 3° e 5° § 4°, e Leis 7.115/83 e 7.510/86, feitos no Preâmbulo da
Inicial;
g) DEIXA DE JUNTAR O COMPROVANTE DE PREPARO PRÉVIO, TENDO EM VISTA SER O PEDIDO DE
JUSTIÇA GRATUITA OBJETO DO AGRAVO.
Nestes Termos,
Pede e Espera Provimento.
______________________________________
José Humberto Melo de Arruda Filho
OAB/CE [...]
Matrícula: 201509827811
RAZÕES DO RECURSO
EGRÉGIO TRIBUNAL,
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES,
COLENDA CÂMARA,
A Respeitável Decisão Interlocutória agravada merece integral reforma posto proferida em franco
confronto com que determina o Artigo 5°, Inciso LXXIV da CF/88, C/C o Artigo 4°, caput, e seu § 4°
da Lei 1.060/50 com redação dada pelas Leis 7.115/83 e 7.510/86.
Nos termos em que foi proferida, a R. Decisão Interlocutória consubstanciará para a Agravante
uma situação de flagrante e inaceitável injustiça, se não for, de imediato, objeto de reforma.
A Agravante propôs contra aos Agravados AÇÃO DE REAPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS COM
DANOS MORAIS.
Contra essa decisão insurge a Agravante, através do presente recurso fulcrando a inconformidade
no que dispõe a Legislação que regulamenta a Matéria, e na imensa gama de decisões em sentido
oposto:
A Lei nº 7.115 DE 29.08.1983, publicada no DOU 30.08.1983, e que trata de provas documentais
relativos à residência, bons antecedentes, pobreza, dependência econômica, e outras, prescreve
em seu Artigo 1°, que a declaração sob as penas da lei, quando firmada pelo interessado ou por
seu procurador, goza da presunção de veracidade, ressalvada a impossibilidade dessa declaração
fazer prova em Processo Penal.
A título de comprovação do alegado retro transcrevemos na íntegra o texto legal (com grifos
nossos) em vigor, e que corrobora as afirmações retro exaradas.
Está ainda o procedimento da Agravante em perfeita consonância com a disposição legal, quando
confrontados o seu requerimento junto com os documentos que disponibiliza no processo, bem
como com o próprio objeto que constitui a causa pretendida nos autos, e as disposições da Lei n°
1.060/50, com a nova redação dada pela Lei nº 7.510, de 04.07.1986, que funciona tanto como
regulamentação quanto como dispositivo legal (em vigor) que pacifica o entendimento do Inciso
LXXIV do Art. 5° da CF/88, em relação ao requisito da comprovação de insuficiência de recursos, e
cujo trecho transcrevemos na íntegra (com Grifos Nossos)
“LEI Nº 1.060 DE 05.02.1950 - DOU 13.02.1950, com nova redação dada pela Lei nº 7.510, de
04.07.1986, DOU 07.07.1986, em vigor desde sua publicação.
Estabelece normas para a concessão de Assistência Judiciária aos necessitados.
Lei da Justiça Gratuita.
Dispõe o Artigo 5° desta lei, que estando o pedido em conformidade com o que dispõe o Artigo 4°
e seu § 1°, somente poderá ser indeferido se tiver o Juiz fundadas razões para motivar o
indeferimento.
“Art. 5º O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano,
motivando ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas horas.” (grifamos).
Não há na legislação pátria, nenhum parâmetro que possa medir o nível de pobreza do cidadão e
que determine quem deve receber o benefício e a quem deve ser este negado.
Sem prejuízo do até aqui exposto, a Legitimidade para contestar o pedido de justiça gratuita é
prerrogativa exclusiva da parte contrária, que terá o ônus de provar, que a Agravante não preenche
os requisitos da Lei para a obtenção do benefício, senão vejamos:
“Art. 7º. A parte contrária poderá, em qualquer fase da lide, requerer a revogação dos benefícios
de assistência, desde que prove a inexistência ou o desaparecimento dos requisitos essenciais à
sua concessão.” (sem grifos no original).
Assim o Requerimento para que a Agravante comprove ser pobre no sentido legal, NÃO
ENCONTRA AMPARO NA LEI, estando a Agravante desobrigado de atender ao Requerimento
Judicial, pelo que dispõe o Art. 5°, Inciso II da Constituição Federal.
Este é o Sentido em que emergem as decisões das Cortes Estaduais, como por exemplo, o Eg.
TRIBUNAL DE ALÇADA DE MINAS GERAIS:
(TAMG-027273) AÇÃO ORDINÁRIA - NULIDADE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS - ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA PARA SUSPENSÃO DE AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - IMPOSSIBILIDADE - JUSTIÇA
GRATUITA - CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
A assistência judiciária, pelo cunho social e humanitário de que está revestida, pode ser requerida
e deferida a qualquer tempo e grau de jurisdição, bastando a simples afirmação de sua pobreza,
levada a efeito pela própria parte ou por seu procurador, não dependendo de prova pré-
constituída, pois goza a anunciada necessidade de presunção legal, pelo que, só pode ser
indeferido ou revogado o benefício mediante comprovação cabal da inexistência ou
desaparecimento dos requisitos essenciais à sua concessão ou manutenção, por provocação de
parte adversa. Para a Agravante pretender a antecipação da tutela é de se anexar prova que, por
sua própria natureza e estrutura gere a convicção plena dos fatos e juízo de certeza na definição
jurídica respectiva, não sendo possível seu deferimento quando para o Juiz depender da coleta de
outros elementos probatórios, e, em não havendo fundado receio de dano grave à parte e risco de
ineficácia da medida, não há de suspender a ação de busca e apreensão de máquina agrícola,
contra ele aviada, com fulcro no contrato que se discute, até a apreciação do direito material em
discussão. Recurso a que se dá parcial provimento. Decisão: Dar parcial provimento. (Agravo de
Instrumento Cível nº 0328469-3/2000, Proc. Princ.: 98.005463-9 3ª Câmara Cível do TAMG,
Carandaí, Rel. Juiz Duarte de Paula. j. 02.05.2001, unânime) (sem negrito em original).
Possibilidade de a parte ser assistida por advogado que aceite o encargo. Questão a ser resolvida
entre os interessados sem intervenção do Juízo, nesta fase procedimental. Orientação da
Jurisprudência, no sentido de que a fixação do dano moral é submetida ao prudente arbítrio do
Juiz. Provimento do recurso. Decisão unânime. (FLMM) (Agravo de Instrumento nº
2000.002.16766, 15ª Câmara Cível do TJRJ, Des. José Mota Filho. j. 21.02.2001, um.) (grifamos).
Desta forma, verifica-se que a decisão do MM. Juiz é arbitrária, uma vez que a própria legislação
atinente à matéria bem como o pensamento uníssono da jurisprudência pátria convergem para a
orientação de que para o deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita basta a
simples afirmação da parte requerente.
02 - DO PEDIDO
Pelo exposto, requer que o presente Agravo seja conhecido e provido, para Reformar a respeitável
Decisão Interlocutória e, por conseguinte, deferir à Agravante o beneficio da Justiça Gratuita, posto
ser uma questão de Direito e Justiça!
Termos em que,
Pede e espera Deferimento.
Matrícula: 201509827811