Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
A palavra patrimônio possui uma vasta literatura acadêmica em torno de sua trajetória e
conceitualização, o seu estudo e teorização vem ganhando força desde os anos 2000
enquanto tema-chave dentro dos estudos da Museologia, História, Arqueologia, e tantas
outras áreas do conhecimento contidas dentro das denominadas ciências humanas e
ciências sociais aplicadas. Se o conceito de patrimônio, vinculado intimamente ao
conceito de museu enquanto reduto de excelência, tem sua origem e parte de atual
significado através dos espólios feitos contra as civilizações americanas e africanas a
comporem acervos dos grandes museus nacionais europeus no chamado imperialismo
colonial, esse conceito de bem para a conformação de “ideia de nação” (DAMASCENO,
2013) perdeu na atualidade seu monopólio e tem sido profundamente combatido e
questionado.
No Brasil, diversos acadêmicos vem destinando uma produção científica sobre o tema, a
exemplo de uma grande coletânea - Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos
(2003) - organizada pelos doutores Mário Chagas e Regina Abreu, dessa coletânea,
diversos autores ressignificam e questionam os moldes tradicionais que a palavra
patrimônio ainda carrega no imaginário dos próprios profissionais da área, que lidam
diretamente com o patrimônio. Porém, a palavra ainda continua sendo uma categoria
quase exclusivamente contida e utilizada por acadêmicos, intelectuais e profissionais,
num nicho muito específico e limitado, resultando em uma categoria quase impositiva
quando empregada para atividades às comunidades, por não se apropriarem da palavra,
ainda que, façam uso extensivo dos conceitos que a palavra em si possua.
Vera Beatriz Siqueira já nos traz questões pertinentes ao exercício da curadoria, em seu
artigo - Curadoria como tarefa crítica (2015). Neste artigo, vemos um conjunto de
situações da atualidade envolvendo a curadoria e seus vários usos e práticas, tendo como
mais expressiva situação descrita a curadoria de caverna, ao qual a autora inicia e se
debruça em análise. Essa curadoria de caverna2, praticado por uma arqueóloga francesa
renomada Dominique Baffier, carrega elementos a se analisar sobre um “lugar” que em
sua completude (a caverna) é o próprio patrimônio para além da expressão (a arte
rupestre) lá contida.
1
Publicado originalmente em: MARMO, Alena. R.; LAMAS, Nadja. C. O Curador e a Curadoria. In: MARMO,
Alena Rizi; LAMAS, Nadja de Carvalho. (Org.). Investigações sobre arte, cultura, educação e memória -
Coletânea. Joinville: UNIVILLE, 2012, p. 19-29.
2
Curadoria de caverna é descrito no filme documentário de Werner Herzog, na obra - Caverna dos sonhos
esquecidos (2010).
campo da curadoria aqui já apresentados podem nos ensinar para uma prática ética e
qualificada dessa mediação?
Referência bibliográfica:
MARMO, Alena Rizi; LAMAS, Nadja de Carvalho. (Org.). Investigações sobre arte, cultura,
educação e memória - Coletânea. Joinville: UNIVILLE, 2012, p. 19-29.