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Tese apresentada à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa do Instituto

Tecnológico de Aeronáutica, como parte dos requisitos para obtenção do título


de MESTRE EM CIÊNCIAS no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de
Infra-Estrutura Aeronáutica, Área de Infra-Estrutura Aeroportuária.

Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva

SIMULAÇÕES NUMÉRICAS PARA ESCAVAÇÕES

SUBTERRÂNEAS

Tese aprovada em sua versão final pelos abaixo assinados:

Prof. Flávio Massayuki Kuwajima


Orientador

Prof. Dr. Homero Santiago Maciel


Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa

Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2008
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) falso
Divisão de Informação e Documentação falso
Silva, Marco Aurélio Abreu Peixoto da
Simulações Numéricas para Escavações Subterrâneas / Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva.
São José dos Campos, 2008.
133f.

Tese de mestrado – Curso de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica, Área de Infra-Estrutura Aeroportuária. –


Instituto Tecnológico de Aeronáutica, 2008. Orientador: Prof. Flávio Massayuki Kuwajima, Ph.D.

1. Túneis. 2. Simulações Numéricas. 3. Método dos Elementos Finitos. I. Comando-Geral de Tecnologia


Aeroespacial. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Divisão de Engenharia Civil. II.Título

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, Marco Aurélio Abreu Peixoto da. Simulações Numéricas para Escavações
Subterrâneas. 2008. 133f. Tese de mestrado – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos
Campos.

CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva
TÍTULO DO TRABALHO: Simulações Numéricas para Escavações Subterrâneas
TIPO DO TRABALHO/ANO: Tese / 2008

É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta tese e
para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva
outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida sem a sua autorização
(do autor).

___________________________
Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva
Rua Heitor Penteado nº1929, apto. 74. São Paulo/SP – Brasil.
III

SIMULAÇÕES NUMÉRICAS PARA ESCAVAÇÕES

SUBTERRÂNEAS

Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva

Composição da Banca Examinadora:

Profa. Maryangela Geimba de Lima Presidente ITA


Prof. Flávio Massayuki Kuwajima Orientador ITA
Prof. Paulo Ivo Braga de Queiroz ITA
Prof. Tarcisio Barreto Celestino EESC-USP
Prof. André Pacheco de Assis UNB

ITA
IV

À Flavia,

minha esposa e eterna namorada.


V

AGRADECIMENTOS

Ao amigo e orientador Flávio Massayuki Kuwajima, pela amizade, pela minuciosa e

dedicada orientação, pelo incentivo, apoio e paciência ao longo destes anos de convívio.

À Companhia do Metropolitano de São Paulo, nas pessoas do Engenheiro Ricardo L.

L. Leite, Engenheiro Argimiro A. Ferreira e da Engenheira Cybele A. de Vasconcellos, pelo

incentivo e acesso às informações da Companhia aqui apresentadas.

Ao Geólogo Hugo, pela amizade, pelo incentivo e pelos preciosos ensinamentos sobre

a geologia da Bacia Sedimentar de São Paulo.

Aos amigos e companheiros de trabalho Francisco, Wilson, Getúlio, Nelson, Audrey,

Fabrícia, Paula, Rafaelle e Dalva, pela amizade e companheirismo.

Aos Professores Tarcisio Barreto Celestino e Paulo Ivo Braga de Queiroz, pelas ricas

contribuições dadas para o aprimoramento deste trabalho.

Aos amigos Gabriel, Mônica, Tuta, Jú, Luiz, Ana, My, Jabur, Victor, Chuchu, Telma,

Carol, Bel, Martha, Sérgio e Rita pela amizade ao longo destes anos.

Ao meu Pai, pelo exemplo de vida, de profissionalismo e dedicação à família.

À minha mãe, Doutora em Letras pela FFLCH/USP, pelo amor e carinho que só a mãe

tem pelo filho, e pela preciosa contribuição através da revisão deste texto.

Ao meu irmão, pela amizade eterna, companheirismo e cumplicidade ao longo de toda

a nossa vida. A você, o meu muito obrigado.

Ao Pérsio e à Dirce, pelo carinho e por me acolherem tão bem nesta linda família.

À Flavia, pela sua compreensão e incentivo, e por todo o seu amor.

A Deus, meu Guia e meu maior Professor.


VI

RESUMO

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos e diretrizes para a modelagem de túneis e

estruturas subterrâneas pelo Método dos Elementos Finitos. Secundariamente, existe a

proposta de se verificar a adequabilidade do programa TOCHNOG como uma ferramenta

computacional para a resolução de problemas de natureza geotécnica. Uma revisão

bibliográfica sobre as práticas correntes de previsão de comportamento do solo frente às

escavações é apresentada com o intuito de subsidiar as análises numéricas. São abordadas

questões sobre o comportamento do suporte da escavação e métodos de obtenção de esforços

solicitantes, bem como sobre modelos constitutivos comumente utilizados em análises

numéricas. Simulações numéricas são realizadas com o intuito de fornecer subsídios para a

modelagem e o refinamento de uma malha de elementos finitos, além de critérios para

utilização de elementos sólidos e de viga. O fluxo de tensões principais no suporte da

escavação é estudado com o objetivo de subsidiar a concepção da geometria de uma

escavação e dirimir dúvidas quando ao emprego do arco invertido provisório em túneis em

solos. Por fim, uma retro-análise do Túnel Paraíso do Metrô de São Paulo é realizada,

empregando-se os modelos constitutivos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay Modificado para

representar o solo e a técnica de amolecimento de miolo para reproduzir o efeito

tridimensional do arqueamento de tensões. Comentários são realizados com o objetivo de

fomentar futuras pesquisas na área.


VII

ABSTRACT

This work presents guidelines for 2D Finite-Element analyses of Tunnel excavations. Also

this work intends to verify the capacity of the Tochnog program as a numerical skill to

Geotechnical Engineering problems solution. Numerical simulations have been made in order

to evaluate the necessary mesh geometry and refinement. A review of current models for

prevision of tunnel behavior is presented with the purpose to give validity to the numerical

analysis. A study of the main stress in a soft soil and in a tunnel support is made in order to

provide guidelines for the definition of the tunnel geometry. Also, a numerical study of the

use of the inverted arch in large sections has been made and it is shown how its absence can

be dangerous for the stability of tunnel excavation. Finally, a study of the influence of two

traditional constitutive models (Mohr-Coulomb and Modified Cam-Clay) on numerical

predictions is evaluated and compared with field data of a tunnel in tertiary soil. Comments

are made with the purpose of encourage future researches.


VIII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Arqueamento tridimensional de tensões (adaptado de Kuwajima, 1991) .................5

Figura 2 – Fator de Estabilidade Tc (adaptado de Atkinson e Mair, 1981) ................................9

Figura 3 – Relação de Tγ e Ts com o ângulo de atrito (adaptado de Atkinson e Potts, 1977) ..10

Figura 4 – Ábacos para determinação do ponto de inflexão da curva de Gauss (adaptado de

Peck, 1969; e Celestino e Ferreira, 1996) ..............................................................14

Figura 5 – Curva de interação maciço-suporte (adaptado de Schwartz e Einstein, 1980)........20

Figura 6 – Sólido deformável submetido a forças de superfícies {t} e de volume {f} ............24

Figura 7 – Superfícies de escoamento da Teoria da Plasticidade .............................................30

Figura 8 – Adensamento sob compressão isotrópica (adaptado de Britto e Gunn, 1987) ........35

Figura 9 – Posição relativa da CEC no espaço V x ln p’ (adaptado de Britto e Gunn, 1987) ..36

Figura 10 – Superfícies de escoamento de Cam-Clay (CC) e Cam-Clay Modificado (CCM)

(adaptado de Britto e Gunn, 1987).........................................................................38

Figura 11 – Superfície Envoltória dos Estados Estáveis no espaço V x p′x q (adaptado de

Britto e Gunn, 1987) ..............................................................................................38

Figura 12 – Evolução da superfície de escoamento para o estado subcrítico do modelo CCM

sob condições de cisalhamento puro (adaptado de Britto e Gunn, 1987) ..............39

Figura 13 – Resposta típica de argilas ligeiramente sobre-adensadas e areias fofas quando

cisalhadas em ensaios triaxiais (adaptado de Britto e Gunn, 1987).......................40

Figura 14 – Evolução da superfície de escoamento para o estado supercrítico do modelo CCM

sob condições de cisalhamento puro (adaptado de Britto e Gunn, 1987) ..............40

Figura 15 – Resposta típica de argilas muito sobre-adensadas e areias densas quando

cisalhadas em ensaios triaxiais (adaptado de Britto e Gunn, 1987).......................41

Figura 16 – Túnel circular em meio elástico-linear ..................................................................45


IX

Figura 17 – Influência dos bordos nos resultados de tensões para Ko = 1,0 ............................48

Figura 18 – Influência dos bordos nos resultados de deslocamentos para Ko = 1,0 ................48

Figura 19 – Tensões esperadas e obtidas para Ko=1,0; L = 3,5D e θ = 0o ...............................49

Figura 20 – Deslocamentos esperados e obtidos para Ko=1,0; L = 3,5D e θ = 0o ...................49

Figura 21 – Influência dos bordos nos resultados de tensões para Ko = 0,5 ............................50

Figura 22 – Influência dos bordos nos resultados de deslocamentos para Ko = 0,5 ................50

Figura 23 – Tensões esperadas e obtidas para Ko=0,5; L = 3,5D e θ = 0o ...............................51

Figura 24 – Deslocamentos esperados e obtidos para Ko=0,5; L = 3,5D e θ = 0o ...................51

Figura 25 – Influência das dimensões do elemento de contorno nos resultados numéricos.....54

Figura 26 –Momentos fletores obtidos numericamente e por Schwartz e Einstein (1980) ......55

Figura 27 – Forças normais obtidos numericamente e por Schwartz e Einstein (1980)...........55

Figura 28 – Seções analisadas a 0º, 45º e 90º no suporte da escavação ...................................56

Figura 29 – Tensões em seção analisada a 0º ...........................................................................57

Figura 30 – Tensões em seção analisada a 45º .........................................................................58

Figura 31 – Tensões em seção analisada a 90º .........................................................................58

Figura 32 – Tensões no suporte obtidas de simulações do suporte com uma única linha de

elementos triangulares, simples e isoparamétricos ................................................59

Figura 33 – Ilustração da lei de fluxo associado com superfície de Mohr-Coulomb ...............63

Figura 34 – Resultados de tensões para Fluxo Associado ........................................................64

Figura 35 – Resultados de deslocamentos para Fluxo Associado ............................................65

Figura 36 – Resultados de tensões para fluxo não associado com ψ = 0º ................................66

Figura 37 – Resultados de deslocamentos para fluxo não associado com ψ = 0º ....................66

Figura 38 – Etapas da técnica das cargas fictícias: (a) estado inicial de tensões; (b) aplicação

de cargas de equilíbrio; (c) aplicação do fator de alívio e (d) aplicação do suporte

................................................................................................................................69
X

Figura 39 – Considerações para simulação do alívio de frente pela técnica da redução

progressiva da rigidez do núcleo da escavação (adaptado de Ohnish et al., 1982)70

Figura 40 – Histórico de deformações em relação ao avanço da frente de escavação (adaptado

de Ohnish et al., 1982) ...........................................................................................71

Figura 41 –Geométricas da seção de escavação da calota do Túnel Luminárias .....................72

Figura 42 – Seção geológica considerada para o Túnel Luminárias ........................................73

Figura 43 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)...................................75

Figura 44 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa...........................75

Figura 45 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa..............................76

Figura 46 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)...........................76

Figura 47 – Tensões de cisalhamento e deformações plastificas desenvolvidas ......................77

Figura 48 – Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da escavação .......77

Figura 49 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da

escavação ...............................................................................................................78

Figura 50 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)...................................78

Figura 51 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa...........................79

Figura 52 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa..............................79

Figura 53 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)...........................80

Figura 54 – Tensões de cisalhamento (em kPa) e deformações plastificas específicas

desenvolvidas .........................................................................................................80

Figura 55 – Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte em kPa..................81

Figura 56 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte ........81

Figura 57 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)...................................82

Figura 58 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa...........................82

Figura 59 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa..............................83


XI

Figura 60 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)...........................83

Figura 61 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plastificas (b) desenvolvidas...........84

Figura 62 –Direções e Magnitudes das tensões principais maior (σI, a e c) e menor (σIII, b e d)

mobilizados no suporte da escavação ....................................................................84

Figura 63 – Previsões numéricas de recalques para diferentes geometrias de escavação ........85

Figura 64 – Plastificações desenvolvidas e vetor deslocamento ..............................................86

Figura 65 – Seção Transversal do Túnel Paraíso......................................................................89

Figura 66 – Seqüência Executiva empregada ...........................................................................90

Figura 67 – Perfil Geológico local (adaptado de Parreira, 1991) .............................................91

Figura 68 – Malha de elementos finitos empregada nas retroanálises do Túnel Paraíso .........94

Figura 69 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plásticas (b) desenvolvidas sob o

modelo de Mohr-Coulomb.....................................................................................95

Figura 70 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plásticas (b) desenvolvidas pelo

modelo de Cam-Clay Modificado..........................................................................96

Figura 71 – Recalques segundo modelos de Mohr-Coulomb (a) e Cam-Clay Modificado (b) 97

Figura 72 – Movimentos Horizontais obtidos pelos modelos de Mohr-Coulomb (a) e Cam-

Clay Modificado (b)...............................................................................................97

Figura 73 – Seção de instrumentação analisada (adaptada de França, 2006)...........................99

Figura 74 – Recalques sub-verticais em a 1,20 do eixo do túnel: Dados da instrumentação e

resultados numéricos obtidos para os modelos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay

Modificado ...........................................................................................................100

Figura 75 – Recalques sub-verticais em a 6,00 do eixo do túnel: Dados da instrumentação e

resultados numéricos obtidos para os modelos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay

Modificado ...........................................................................................................100

Figura 76 – Recalques superficiais obtidos por diferentes modelos constitutivos .................101


XII

Figura 77 – Deslocamentos horizontais obtidas por diferentes modelos constitutivos ..........102


XIII

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Relação entre ocorrências e o número de estabilidade N (Peck, 1969) ....................8

Tabela 2 – Propostas para determinação do ponto de inflexão da bacia de recalques..............15

Tabela 3 – Valores de α obtidos de modelos físicos (adaptado de Atkison e Potts, 1977) ......18

Tabela 4 – Propriedades utilizadas na análise para Ko=1,0......................................................46

Tabela 5 – Diferenças entre resultados numéricos e analíticos para Ko=1,0 e σv=1000KPa..47

Tabela 6 – Valores dos módulos das diferenças para Ko=0,5 e σv=1000KPa .........................50

Tabela 7 – Propriedades utilizadas para análise com elementos de viga..................................52

Tabela 8 – Médias e máximas diferenças de resultados para esforços solicitantes ..................54

Tabela 9 – Parâmetros utilizados na análise elasto-plástica com fluxo associado ...................64

Tabela 10 – Diferenças entre resultados analíticos e numéricos para fluxo associado ............64

Tabela 11 – Diferenças entre resultados analíticos e numéricos para fluxo não associado......66

Tabela 12 – Características dos Materiais empregados na análise (RT-4.10.00.00/4C3-002) .73

Tabela 13 – Descrição das Etapas de Processamento...............................................................74

Tabela 14 – Caracterização dos solos na região do Túnel Paraíso (Parreira, 1991).................91

Tabela 15 – Parâmetros utilizados nas simulações com Mohr-Coulomb .................................92

Tabela 16 – Correlações empregadas para obtenção do índice de compressão do material.....93

Tabela 17 – Parâmetros utilizados nas simulações com Cam-Clay Modificado ......................93


XIV

SUMÁRIO

1 Introdução ..................................................................................................1

1.1 Motivação e Objetivos ..................................................................................................1

1.2 Escopo do Trabalho ......................................................................................................2

2 Revisão Bibliográfica ................................................................................4

2.1 O NATM (“New Austrian Tunnelling Method”) e o método de escavação com

aplicação de concreto projetado ..................................................................................4

2.2 Análise de estabilidade de escavações subterrâneas ..................................................7

2.3 Deformações induzidas no maciço.............................................................................13

2.4 Ações sobre o revestimento e obtenção de esforços solicitantes..............................18

2.5 Emprego do Método dos Elementos Finitos em Simulações Numéricas................23

2.5.1 Breve Revisão do Método.........................................................................................23

2.5.2 Panorama do emprego do MEF em obras subterrâneas............................................28

2.6 Modelos Constitutivos da Teoria da Plasticidade ....................................................29

2.6.1 Revisão dos principais modelos da teoria da plasticidade ........................................29

2.6.2 Os Modelos de Estado Crítico: o Cam-Clay e o Cam-Clay Modificado..................33

3 Diretrizes para uma Simulação Numérica............................................44

3.1 Introdução....................................................................................................................44

3.2 Orifício circular em meio elástico-linear previamente carregado..........................44

3.2.1 Metodologia empregada............................................................................................44

3.2.2 Simulação em meio com Ko = 1,0............................................................................46

3.2.3 Simulação em meio com Ko=0,50............................................................................49

3.3 Esforços solicitantes em túnel circular em meio elástico-linear .............................51


XV

3.4 Utilização de elementos triangulares simples e isoparamétricos ............................56

3.4.1 Metodologia empregada............................................................................................56

3.4.2 Utilização de elementos triangulares simples ...........................................................57

3.4.3 Utilização de elementos isoparamétricos..................................................................59

3.5 Orifício circular em meio elasto-plástico previamente carregado..........................60

3.5.1 Metodologia empregada............................................................................................60

3.5.2 Análise com fluxo associado ....................................................................................62

3.5.3 Análise com fluxo não associado..............................................................................65

4 Aplicações do MEF em Túneis...............................................................67

4.1 Técnicas de simulação bidimensional de uma frente de escavação ........................67

4.1.1 Introdução .................................................................................................................67

4.1.2 Método das Cargas Fictícias .....................................................................................68

4.1.3 Método do Amolecimento de Núcleo .......................................................................69

4.2 Influência da geometria da escavação no comportamento geomecânico de

maciços em solo ...........................................................................................................72

4.2.1 Introdução .................................................................................................................72

4.2.2 Simulação de túnel circular executado por máquina tuneladora sem couraça..........75

4.2.3 Túnel convencional não circular com emprego de suporte em concreto projetado no

arco invertido da escavação ......................................................................................................78

4.2.4 Túnel convencional não circular sem emprego de suporte no arco invertido...........82

4.2.5 Análises dos resultados .............................................................................................85

5 Estudo de Caso.........................................................................................88

5.1 Introdução....................................................................................................................88

5.2 Caracterização Geológica e Geotécnica ....................................................................90

5.2.1 Parâmetros para as simulações com Mohr-Coulomb ...............................................91


XVI

5.2.2 Parâmetros para as simulações com Cam-Clay Modificado.....................................92

5.3 Resultados Numéricos.................................................................................................94

5.4 Verificação dos Resultados com a Instrumentação Local .......................................98

5.5 Análises Finais dos Resultados.................................................................................103

6 Conclusões e Considerações Finais......................................................105

Referências Bibliográficas ..............................................................................110


1

1 Introdução

1.1 Motivação e Objetivos

O processo de urbanização e a conseqüente diminuição dos espaços físicos nos

grandes centros urbanos têm sido, ou deveriam ser, as razões para o maior emprego de

soluções subterrâneas para o transporte público.

A urbanização requer a instalação de redes de utilidade pública cujos remanejamentos,

porventura necessários, transformam-se em atividades caras e complexas. Da mesma forma,

as desapropriações para a implantação das redes de transporte têm gerado custos e impactos

ambientais e sociais cada vez maiores, conforme descrição de Ribeiro Neto et al. (2004) em

trabalho sobre o mapeamento dos impactos ambientais para a construção da Linha 4 –

Amarela do Metrô de São Paulo.

Tais evidências nortearam o Metrô de São Paulo a priorizar e investir em estudos e em

soluções subterrâneas para a expansão de seu sistema, como pode ser observado em Leite et

al. (2004); Rocha et al. (2006) e Silva et al. (2006). Essa postura resultou em projetos mais

detalhados, com menores simplificações de cálculo e com um maior emprego de ferramentas

computacionais, como as simulações numéricas pelo Método dos Elementos Finitos. Como

reportado por Negro (2006), essas simulações ganharam notável destaque nos últimos anos,

ao passo que soluções analíticas e semi-empíricas têm sido cada vez menos utilizadas.

Não há, no entanto, um consenso no meio técnico sobre a previsão do comportamento

geológico e estrutural do maciço e do suporte da escavação. Tampouco há um consenso sobre

as metodologias de análise empregando-se as simulações numéricas para obras subterrâneas.


2

Nesse sentido, o presente trabalho pretende desenvolver um estudo sobre simulações

numéricas pelo método dos elementos finitos, além de abordar aspectos relevantes e, até certo

ponto, polêmicos sobre o assunto. Pretende-se mostrar que uma simulação numérica deve ser

acompanhada de preceitos e diretrizes e não ser meramente um exercício computacional.

Secundariamente, existe a proposta de se verificar a adequabilidade do programa

Tochnog como uma ferramenta computacional para resolução de problemas de natureza

geotécnica. O Tochnog foi desenvolvido originalmente por Roddeman (2001), na

Universidade de Twente, e apresenta licença publica do tipo GNU (“General Public

License”).

Trata-se de um programa com uma extensa biblioteca de elementos e modelos

constitutivos, e que tem sido testado e aprimorado por colaboradores de centros de pesquisas

de vários países. Atualmente, esse programa tem sido utilizado como ferramenta para a

concepção e análises de projetos para o Metrô de São Paulo.

Por fim, é importante frisar que o presente trabalho poderá servir de subsídio para a

área de Infraestrutura Aeronáutica, se o sistema metro-ferroviário for considerado como parte

integrante dessa, como apresentado por Rocha et al. (2005), ou ainda, se as alternativas

subterrâneas forem vistas como soluções para acesso a terminais remotos.

1.2 Escopo do Trabalho

O trabalho divide-se em seis capítulos, a contar por este introdutório.

No Capítulo 2 é apresentada uma pesquisa bibliográfica abordando temas tais como:

estabilidade, deformações, carga no suporte, o método dos elementos finitos e seu emprego

em simulações em túneis, além de modelos constitutivos da Teoria da Plasticidade. Não se


3

pretende esgotar o assunto com a revisão, e sim apresentar pontos de vistas que possam

subsidiem as análises numéricas realizadas e seus resultados.

No Capítulo 3 são avaliadas as influências das características de uma malha de

elementos finitos nos resultados de um processamento numérico, confrontando esses com os

de soluções analíticas consagradas.

No Capítulo 4 é desenvolvido um estudo sobre tensões no maciço e no suporte, e sobre

a forma geométrica de uma seção de escavação a partir do fluxo de tensões ao longo do

suporte. Ainda, procura-se entender o emprego de um arco invertido de um túnel em solo.

No Capítulo 5 são retro-analisados dados da instrumentação da obra do Túnel Paraíso

do Metrô de São Paulo, utilizando os modelos constitutivos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay

Modificado para representar o solo. Objetiva-se verificar a diferença da resposta do maciço.

O Capítulo 6 apresenta conclusões sobre os temas abordados na pesquisa além de

apresentar sugestões para estudos futuros.


4

2 Revisão Bibliográfica

2.1 O NATM (“New Austrian Tunnelling Method”) e o método de escavação com

aplicação de concreto projetado

Rabcewicz (1964 e 1965) descreve o NATM como um novo método de escavação de

túneis para maciços rochosos, baseado na aplicação de uma fina camada de concreto

projetado e no fechamento de um arco invertido próximo à frente de escavação. O autor

define o NATM como um método austríaco, uma vez que engenheiros daquele país teriam

tido papel fundamental em seu desenvolvimento.

Pelo NATM, o concreto projetado atua como um suporte para o maciço de modo a

prevenir perdas de solo durante as escavações. Deve, portanto, apresentar rápida capacidade

de auto-sustentação, sendo desejável alguma maleabilidade para permitir e acompanhar

alguma deformação do maciço rochoso.

O conceito por detrás do “novo” método reside na consideração do maciço geológico

como um elemento estrutural auto-portante, ativado a partir de pequenas deformações no

maciço. Tais deformações, segundo o mesmo, geram um anel resistente no entorno da

escavação, que absorve parte das tensões antes projetadas diretamente sobre o suporte, e são

medidas segundo uma relação temporal entre o ganho de resistência do concreto projetado e o

alívio de tensões gerado. Dessa forma, há uma diminuição dos esforços solicitantes no

revestimento, o que possibilita estruturas mais esbeltas e uma economia para a obra.

Atualmente, o conceito aceito é de que as tensões junto à face de escavação

rearranjam-se tridimensionalmente a partir de deformações admissíveis no entorno da

escavação. A esse fenômeno dá-se o nome de arqueamento de tensões, o que foi referenciado
5

pelo Comitê Austríaco para Construções Subterrâneas em 1980 (KOVARI, 1994). A Figura 1

ilustra o conceito hoje aceito.

ARQUEAMENTO TRANSVERSAL ARQUEAMENTO LONGITUDINAL

Y Y
SUPORTE
X Z

SEÇÃO TRANSVERSAL CORTE LONGITUDINAL

ARQUEAMENTO HORIZONTAL

SUPORTE
Z
X

CORTE EM PLANTA

Figura 1 – Arqueamento tridimensional de tensões (adaptado de Kuwajima, 1991)

Para Rabcewicz (1964, 1965), um projeto de túneis deve ser precedido de uma exímia

investigação geológica e o suporte da escavação deve ser visto como um elemento provisório.

As cargas hidrostáticas podem não ser consideradas para o seu dimensionamento, mas o

maciço deve ser continuamente drenado até que o revestimento final seja executado. A

tendência de estabilização do meio deve ser verificada a partir de medidas sistemáticas de

deformação. Essas premissas são ainda hoje consideradas em projetos de túneis.

Uma das vantagens do emprego do concreto projetado em obras subterrâneas é a

possibilidade de adequar a seqüência executiva das escavações às características do maciço


6

geológico, da magnitude e forma da seção de escavação, da profundidade em que o túnel é

escavado e das condições de drenagem da frente.

Por conta dessa flexibilidade, freqüentemente o NATM tem sido empregado de forma

errônea como método de escavação de obras subterrâneas, ou é empregado sob outras

denotações, como escavações suportadas em concreto projetado (Müller e Fecker, 1978).

Para Müller e Fecker (op. cit.), o NATM deve ser visto como um conceito e não um

método de escavação de túneis, uma vez que seus princípios não são rotinas a serem seguidas

e sim um conjunto de idéias e conceitos a respeito de escavações subterrâneas.

Para Schmidt (1969), Heinz (1988) e Kovari (1994), a definição criada por Rabcewicz

é uma compilação de métodos mais antigos e não deve ser entendida como um método

construtivo propriamente dito. Conforme Kovari (1994), o NATM clama para si uma teoria

inerente a todos os métodos de escavação de túneis sendo, portanto, uma coleção de

conhecimentos e habilidades na arte de escavação de túneis. Kovari (op. cit.) embasa seu

parecer nos estudos de Ritter (1879), Engesser (1882) e Wiesmann (1912), que teriam

apresentado teorias e observações a respeito, anteriores às propostas por Rabcewicz.

Sauer (1988) introduz um novo conceito para o NATM, pelo qual o NATM é um

método de criação de espaços subterrâneos a partir da utilização de soluções técnicas

disponíveis, capazes de mobilizar a máxima capacidade de auto-suporte da rocha ou do solo,

para assim garantir a estabilidade da abertura subterrânea. Para Sauer (op. cit.), em um túnel

escavado em maciço rochoso instável, o anel resistente deve estar formado a uma distância

máxima de uma vez e meia o diâmetro equivalente da escavação. No entanto, para solos

pouco coesivos ou não coesivos, o efeito tridimensional do campo de tensões deve estar

suportado por uma extensão de uma “concha” à frente da escavação.

De fato, face aos condicionantes geológicos e geotécnicos do maciço escavado, e

mesmo políticos e/ ou contratuais de uma obra, as escavações subterrâneas são


7

freqüentemente modificadas para melhor se adequarem às realidades da obra. Essa

flexibilidade de adaptação, conforme o progresso da obra, constitui um dos princípios do

método observacional apresentado por Peck (1969a), em que o acompanhamento e avaliação

do desempenho da obra são fundamentais para o sucesso do empreendimento, tanto em

termos de segurança quanto em termos financeiros.

O sucesso de uma obra subterrânea está associado à instrumentação e interpretação

adequadas de seus dados, já que a negligência ou o não entendimento do comportamento do

maciço geológico pode trazer conseqüências extremamente danosas à obra ou mesmo à

sociedade. A relevância do procedimento adequado é observada por Celestino et al. (1990),

para quem a interpretação e manipulação rápida dos dados são essenciais para a segurança da

obra e mesmo para a otimização da seqüência executiva empregada.

Em relação à segurança e ao sucesso de uma obra subterrânea, Ribeiro Neto (1999)

apresenta diretrizes voltadas para a avaliação da segurança de uma frente de escavação, tanto

em fase de projeto quanto em fase de construção. Ribeiro Neto (op. cit.) reporta casos de

ruptura ou colapso de túneis e apresenta prováveis causas de tais incidentes. Grande parte

delas estariam em desacordo com os conceitos inicialmente estabelecidos para o NATM, em

uma evidência clara de como o NATM é muitas vezes utilizado incorretamente.

2.2 Análise de estabilidade de escavações subterrâneas

A escavação de uma obra subterrânea altera o estado inicial de tensões no maciço

geológico para uma condição que pode não ser a de equilíbrio. Através de estudos de casos de

túneis e galerias estáveis e instáveis e ensaios em laboratórios, Broms e Bennermark (1967)

estabeleceram um critério de estabilidade da frente de escavação de túneis em argilas plásticas

a profundidades não menores do que dois diâmetros. Tal critério é verificado por um
8

adimensional denominado número de estabilidade, N, que indica condições de instabilidade

para valores superiores a seis. O número de estabilidade é apresentado na Equação 2.1.

σ v − σi
N= (2.1)
Cu

Com: σv = Tensão vertical total na profundidade z do eixo do túnel;

σi = Pressão aplicada internamente ao túnel contra o maciço;

Cu = Coesão não drenada do solo.

Para Peck (1969b), as condições de segurança da escavação em argilas plásticas

saturadas estão garantidas para valores de N inferiores a cinco, conforme análise de registros

de ocorrências nesse tipo de material, apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 – Relação entre ocorrências e o número de estabilidade N (Peck, 1969)


N Registros de Ocorrências em Frente de Túneis Reportados
<4 Sem registros de ocorrências.
4<N<5 Instabilidades de teto e parede lateral a menos de avanços curtos; Formação de talude a
45o na face da escavação.
5 < N < 6 Possibilidade de extrusãode material para o interior da escavação; Estabilidade garantida
com aplicação de ar comprimido
N>6 Rupturas na frente e extrusão de material para o interior da escavação; Dificuldade em se
manter a pressão hidrostática na frente da escavação; Operação de Shield em condições
submersas.

O valor do adimensional N depende da profundidade em que o túnel se encontra,

podendo assumir valores de estabilidade entre 5 e 7 para coberturas relativas iguais a 1,5,

segundo Davis et. al. (1980). Os autores ainda apresentam uma série de soluções baseadas no

teorema da análise limite para o estado plano de deformações para túneis circulares não

suportados, escavados em solos coesivos não drenados. Ainda, Davis et. al. (op. cit.) e

Atkinson e Mair (1981) reescrevem a formulação proposta por Broms e Bennermark (op. cit.)
9

de modo a determinar uma pressão interna, σT, necessária para manter a estabilidade na frente

da escavação em situações não drenadas, conforme apresentado na Equação 2.2.

Cu 1  H
σt = σs - Tc + γ D 1 + 2  (2.2)
FS 2  D

Onde H = cobertura de solo sobre a geratriz superior do túnel

D = diâmetro equivalente da escavação

γ = peso específico do solo

Tc = adimensional de estabilidade

Atkinson e Mair (1981) apresentam valores de Tc obtidos de análises teóricas e

resultados de ensaios em centrífugas, os quais são reproduzidos na Figura 2.

Figura 2 – Fator de Estabilidade Tc (adaptado de Atkinson e Mair, 1981)

Para solos granulares drenados, Atkinson e Mair (1981) propõem as Equações 2.3 e

2.4 para a estabilidade na frente em casos sem e com aplicação de uma sobrecarga, σs, na

superfície, respectivamente. Nessas equações são apresentados os adimensionais de


10

estabilidade, Tγ e Ts, os quais são obtidos da Figuras 3. Esses parâmetros são dependentes da

resistência do solo e independem da profundidade do túnel, a não ser que esse seja

extremamente raso. Atkinson e Potts (1977) obtêm valores de Tγ e Ts a partir de análises

teóricas ratificadas por ensaios reduzidos.

σ t = γ D Tγ (2.3)

σ t = σ s Ts (2.4)

Figura 3 – Relação de Tγ e Ts com o ângulo de atrito (adaptado de Atkinson e Potts, 1977)

Kimura e Mair (1981), através de ensaios em centrífugas com argilas reconsolidadas,

concluem que o adimensional de estabilidade, N, pode assumir valores entre 5 e 10 conforme

a profundidade da escavação, mostrando uma boa coerência desses resultados para os obtidos

por Davis et al. (op. cit.) e Atkinson e Mair (1981).

Para Mülhaus (1985) e, posteriormente, Heinz (1988), o critério de estabilidade

definido por Broms e Bennermark (op. cit.) é conservador para distâncias relativas de

fechamento do arco invertido (na Figura 2 apresentado como L/D), menores do que 0,5, sendo

somente válida para altos valores de H/D e L/D igual a zero. Em túneis rasos, H/D variando
11

entre um e três, o número de estabilidade no colapso pode variar entre três e oito dependendo

da relação L/D, o que mostra que N não pode ser definido como apresentado.

Mülhaus (op. cit.) apresenta um critério baseado no limite inferior da plasticidade

para determinar a máxima distância do avanço da escavação tanto em condições drenadas

quanto em condições não drenadas. Heinz (op. cit.) estende a solução de Mülhaus (op. cit.)

para também incluir o efeito de uma pressão interna. Em ambos os casos, a ação da gravidade

é desconsiderada e o carregamento atuante provém da aplicação de uma sobrecarga na

superfície distribuída uniformemente.

Negro Jr (1994) apresenta a modificação feita por L. E. Sozio à solução de Mülhaus

(op. cit.), em que forças volumétricas axissimétricas são aplicadas radialmente em direção à

cavidade para simular um campo gravitacional. O método consiste na determinação de uma

pressão interna limite que, mobilizada, causa o colapso de uma abertura esférica fictícia no

interior do maciço, que simula a frente de escavação do túnel.

Negro (1988) apresenta o parâmetro adimensional U de estabilidade que correlaciona

o fator de segurança às deformações na geratriz superior da calota de um túnel. Estudos de

casos revelaram que valores do adimensional U superiores a 1,8 podem indicar condições

próximas do colapso e elevadas deformações plásticas no maciço. Para boas condições de

escavação com pequenas deformações notadas, o adimensional apresentou valores próximos

ou inferiores a um. O adimensional U é reproduzido na Equação 2.5.

u × Eo
U= (2.5)
D × σ ro

Com: u = deslocamento radial na calota do túnel;

Eo = Módulo de Elasticidade Tangente inicial;


12

σro = Tensão radial inicial na calota do túnel.

Partindo de Davis et al. (op. cit) e Atkinson e Mair (op. cit.), Augarde et al. (2003)

investigam a estabilidade de uma frente de escavação idealizada em solos não drenados com o

auxílio numérico pelo método dos elementos finitos. As análises são realizadas partindo da

premissa de que uma ruptura na frente de escavação inicia-se a partir de uma sobrecarga

aplicada na superfície atuando simultaneamente com o peso próprio do solo. Os autores

apresentam soluções numéricas para condições de carregamentos constantes e carregamentos

crescentes com a profundidade e concluem que o emprego do adimensional N não deve ser

considerado unicamente como uma previsão de estabilidade da frente de escavação.

A estabilidade na frente de escavação em túneis em solos também foi objeto de estudo

de Leca e Panet (1988) e Leca e Dormieux (1990). Os primeiros investigam a estabilidade da

frente de escavação em solos puramente argilosos, adotando como critério de resistência a

superfície de escoamento de Tresca. Já Leca e Dormieux (op. cit.) estudam a estabilidade da

frente de escavação em solos arenosos drenados utilizando como critério de resistência

superfície de Mohr-Coulomb. Em ambos os casos, são estabelecidos critérios de ruptura,

baseados na aplicação de uma pressão de frente, σT.

Para Sozio (2004), a seqüência executiva e o faseamento da seção de escavação devem

ser definidos através de análises de estabilidade para redução dos riscos de ruptura. Em seu

trabalho, Sozio (op. cit.) apresenta adaptações de soluções analíticas propostas por Mühlhaus

(1985) e Negro e Queiroz (2000, apud Sozio, 2004), para incluir pressões neutras de rede de

percolação em aplicações envolvendo solo coesivo e com ângulo de atrito.

No entanto, embora originárias de soluções baseadas nos teoremas limites da

plasticidade, as modificações introduzidas não devem ser vistas como soluções de limite

superior ou inferior (Sozio, op. cit.). O próprio autor apresenta limitações que podem distorcer
13

ou mesmo invalidar os resultados das análises. Dentre elas, a adoção de um meio homogêneo

e isotrópico e adoção de uma superfície de ruptura plana retangular na frente de escavação.

2.3 Deformações induzidas no maciço

Ao alterar o estado inicial de tensões no maciço geológico, a construção de uma obra

subterrânea induz deformações que podem resultar em danos nas edificações e redes de

utilidade pública, situadas na área de influência das escavações.

Dentre as variáveis que intervêm na magnitude e na forma como essas deformações se

pronunciam na superfície, destacam-se a reologia do maciço escavado e do suporte da

escavação; a geometria da seção de escavação e a profundidade em que acontece, além da

seqüência construtiva empregada. É intuitivo afirmar que quanto melhores forem as

características de resistência e deformabilidade do maciço, menores serão as deformações

pronunciadas na superfície.

Várias são as metodologias existentes para estimar os deslocamentos induzidos pelas

escavações subterrâneas. Para Negro Jr. e Eisenstein (1991), os métodos que se enquadram

neste grupo diferem entre si quanto às hipóteses simplificadoras e aos parâmetros necessários

à sua aplicação. As técnicas mais aceitas e empregadas atualmente são baseadas na solução

empírica proposta por Peck (1969a) e Schimidt (1969), baseada na curva de Gauss, cuja

adeqüabilidade foi mostrada por diversos autores como, por exemplo, O’Reilly e New (1982),

Lee e Rowe (1991), Ng (1991), Teixeira e Assis (1994) e Prandina e Assis (2004). A

formulação proposta por Peck (op. cit.) e Schimidt (op. cit.) é apresentada pela Equação 2.6:
14

 -x2 
 
 2i2  (2.6)
ρ= ρmax e  

Onde: ρ é o recalque a distância x do eixo da bacia de recalques;

ρmax é o recalque máximo calculado para x = 0;

i é a distância de inflexão da curva gaussiana, medida a partir do

ponto de recalque máximo até o ponto onde ρ ≅ 0,606ρmax

A partir da análise de dados de instrumentação de alguns casos estudados, Peck (op.

cit.) apresenta um ábaco para determinação da distância de inflexão da curva gaussiana,

apresentado na Figura 4a. Celestino e Ferreira (1996) apresentam uma adequação para os

solos da cidade de São Paulo a partir de dados de instrumentação obtidos de obras do Metrô

de São Paulo, apresentada na Figura 4b. Na Figura 4, Z é a profundidade até o eixo do túnel.

(a) (b)
Figura 4 – Ábacos para determinação do ponto de inflexão da curva de Gauss (adaptado de Peck,
1969; e Celestino e Ferreira, 1996)
15

Schmidt (op. cit.) apresenta ainda uma relação entre a largura da bacia de recalques

com a relação entre a profundidade e largura do túnel, e mostra evidências que tal relação é

válida principalmente para argilas. A relação é apresentada pela Equação 2.7:

n
i  z 
= k  (2.7)
a  2a 

Onde: z é a profundidade até o eixo do túnel;

a é o raio do túnel;

k é um coeficiente próximo à unidade;

n é um coeficiente de ajuste, aproximadamente igual a 0,8

Mair et al. (1981) sugerem valores de k=1,0 e n=0,8 mas alertam para a possibilidade

de uma superestimativa da largura da bacia, no caso de argilas duras, e uma subestimativa, no

caso de argilas moles, utilizando os mesmos parâmetros.

A partir da observação de dados de campo, Atkinson e Potts (1977) e O’Reilly e New

(1982) apresentam novas propostas para determinação da distância de inflexão da bacia para

solos granulares e para solos argilosos. Essas formulações estão apresentadas na Tabela 2:

Tabela 2 – Propostas para determinação do ponto de inflexão da bacia de recalques


Referência i Material
−n
i  z 
Schmidt (1969) = k  Solos argilosos
a  2a 
i = 0,25(H + D ) Solos arenosos
Atkinson e Potts (1977)
i = 0,25(1,5H + D )
Areias compactas e argilas
préadensadas
i = 0,43z + 1,1 ; (3 < z < 34m) Solos argilosos
O’Reilly e New (1982)
i = 0,28z − 0,1 ; (6 < z < 10m) Solos arenosos
16

Peck (op. cit.) e Schimidt (op. cit.) ainda relacionam o volume da bacia de recalques

por metro de túnel, Vs, com i e ρmax, conforme apresentado na Equação 2.8.

 -x2 
∞  
 2i 2 
Vs = ρ max

-∞
e  dx = 2π i ρ max ≈ 2,5 i ρ max
(2.8)

Para a determinação do volume da bacia de recalques, é corrente relacionar a bacia

com o volume de solo perdido, Vp, normalmente expresso como uma porcentagem do volume

de escavação por metro de túnel. Lee e Rowe (1991) associam a perda de solo a recalques e

apresentam um procedimento para previsão transversal de recalques superficiais para túneis

em solo. Considerando uma configuração simétrica de distribuição dos recalques, os autores

estendem a solução para avaliar tridimensionalmente as deformações na face da escavação.

Assumindo a função de erro apresentada na Equação 2.9 para representar a bacia de

recalques, Celestino e Ferreira (1996) analisaram os recalques ocorridos em treze túneis do

Metrô de São Paulo e os relacionaram aos danos e custos de reparo associados. Os autores

puderam verificar que em mais de 70% dos casos a perda de solo foi inferior a 1,5% e com

média de custos de reparos inferiores a US$70 por metro de túnel.

2 i ρmax
Vs =
Vp π a2 (2.9)

A partir de dados de recalques decorrentes da escavação dos túneis do Metrô de

Brasília e do Metrô de São Paulo, Celestino e Ruiz (1998) concluem que uma curva do tipo

“yield density” apresenta maior capacidade para ajustar os resultados da instrumentação do


17

que a curva gaussiana. A formulação proposta por Celestino e Ruiz (op. cit.) é apresentada na

Equação 2.10

ρ max
ρ= b
 x  (2.10)
1 +  
 a* 

Onde a* é um parâmetro relacionado com a largura da bacia e que varia conforme a

profundidade do túnel, e b um adimensional que varia entre dois e três quando no caso de

argilas porosas, e entre 2 e 2,8 no caso de argilas duras. Conforme apresentado, quanto maior

o valor de b, mais concentrada é a bacia ao longo do eixo da escavação. Quanto ao parâmetro

a*, Celestino e Ruiz (op. cit.) estimam seu valor a partir das Equações 2.11 para o caso de

argilas porosas e 2.12 para o caso de argilas duras.

a* H
= 0,46 x + 0,37 (2.11)
D D

a* H
= 0,39 x + 0,31 (2.12)
D D

A partir de modelos físicos, Atkinson e Potts (1977) ainda relacionam o máximo

recalque medido em superfície e o deslocamento vertical na calota do túnel em função da

cobertura relativa (H/D) e do tipo de maciço existente conforme a Equação 2.13:

ρ H
=1−α
ρ max D (2.13)
18

Valores de α são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Valores de α obtidos de modelos físicos (adaptado de Atkison e Potts, 1977)


Material α
Areia compacta sob pequena sobrecarga superficial 0,57
Areia fofa ou areia compacta sob grande carregamento 0,40
Argila pré-adensada 0,13

A partir da análise de casos de túneis escavados em argilas moles, Ng (1991) apresenta

um procedimento para verificação de recalques em túneis escavados nestes materiais. A

metodologia é baseada a partir das deformações ocorridas na geratriz superior da escavação.

O autor verificou que a relação entre o recalque máximo medido no eixo do túnel e o

deslocamento vertical na geratriz superior varia entre 0,25 e 0,35, e a razão entre i 2a e H 2aN

é da ordem de 1, sendo H a profundidade da escavação, a o raio do túnel e N o número de

estabilidade definido por Broms e Bennermark (1967). Conforme descrito, em argilas duras e

rijas, a relação decresce conforme aumenta o adimensional H 2aN . Nesses casos, as relações

variaram entre 0,1 e 0,7. Em geral, as magnitudes absolutas dos recalques associados às

argilas rijas e duras são pequenas.

2.4 Ações sobre o revestimento e obtenção de esforços solicitantes

Um projeto de túneis é um típico problema de interação solo-estrutura em que não

somente o maciço deve ser analisado, como também a capacidade resistiva do suporte ao

longo do tempo.

O suporte, assim que aplicado, deve apresentar rápido ganho de resistência para evitar

perdas de material e permitir a estabilização das deformações do maciço. Caso seja aplicado
19

também como revestimento final do túnel, o suporte deve apresentar características tais que

permitam ao revestimento equilibrar as cargas potenciais atuantes.

Percebe-se que o carregamento atuante sobre o suporte da escavação é influenciado

pelas condições geológicas e geotécnicas do maciço; pelas características geométricas e

construtivas da escavação; pelo tempo em que o suporte leva para ganhar resistência; e pela

rigidez do suporte e do maciço. Essa interação maciço-suporte tem sido objeto de análise de

diversos autores, como Peck (1969a); Einstein e Schwartz (1979); Schwartz e Einstein (1980);

Negro Jr (1988); e Kuwajima (1991), por exemplo.

Conforme o apresentado em 2.1, do instante em que o túnel é escavado até o instante

em que o suporte tenha a devida capacidade resistente, o maciço redistribui suas tensões

internamente, deforma-se e carrega o suporte. A utilização de um suporte muito rígido ou de

maior resistência a poucas idades implicará na menor mobilização da capacidade resistiva do

maciço em que se insere. Ainda maior será o carregamento atuante e maiores serão, por

conseqüência, os esforços solicitantes, gerando armaduras mais pesadas e maiores custos.

Da mesma forma, um suporte muito flexível permite grandes deformações do maciço,

que podem gerar um mecanismo progressivo de ruptura do maciço. Por não ter resistência e

rigidez suficiente para estabilizar as deformações e suportar as cargas atuantes, o suporte se

deforma gerando novas deformações no maciço e um aumento de carregamento, em

mecanismo contínuo e progressivo até o colapso final da estrutura.

Assim, o suporte ideal é aquele que com menor rigidez se mantém estável e mobiliza a

máxima capacidade portante do maciço sem gerar grandes deformações ou perdas de material.

A Figura 5 apresenta a relação entre a reação do maciço e a capacidade resistiva do suporte

para o mecanismo de interação solo-estrutura em túneis, explicada detalhadamente por

Einstein e Schwartz (1979) e Schwartz e Einstein (1980).


20

Figura 5 – Curva de interação maciço-suporte (adaptado de Schwartz e Einstein, 1980)

As previsões de carregamento e esforços atuantes não são facilmente determinadas,

dadas as inúmeras incertezas e variações que cercam uma obra subterrânea. A previsão ou

definição das cargas atuantes é, portanto, uma das maiores questões a serem definidas em um

projeto de túneis. Por exemplo, grande parte dos modelos existentes não considera

importantes aspectos e detalhes construtivos e tampouco a variação geológica ao longo das

seções do túnel. (Kim e Eisenstein, 1998).

Kim e Eisenstein (op. cit.) analisam e comparam resultados de carregamentos medidos

em obras subterrâneas instrumentadas de Edmonton, no Canadá, com o estimado pelos

métodos de Peck et al. (1972); Müir Wood (1975) e Einstein & Schwartz (1979), além do

proposto por Eisenstein e Negro (1990).

Conforme apresentado, o método proposto por Peck et al. (1972) resulta em cargas

muito superiores às de fato atuante, em resultados já esperados pelo fato do método considerar

a aplicação do carregamento após a escavação e aplicação do revestimento do túnel.

O método de Einstein e Schwartz (1979) também resulta em carregamentos superiores,

embora mais próximos das medidas em campo do que os obtidos por Peck et al. (1972). O

método considera a execução de um túnel em um maciço previamente carregado, ou seja, o


21

túnel é escavado e revestido após aplicação de um carregamento. Por conseqüência, há uma

consideração de redistribuição de tensões induzida pela escavação. O túnel é simultaneamente

escavado e suportado em uma única etapa, sem considerar o alívio de tensões que ocorre antes

da instalação do suporte.

Müir Wood (1975, apud Kim e Eisenstein, 1998) sugere adoção de apenas 50% do

carregamento atuante decorrente do alívio de tensões no maciço no entorno da escavação

antes da instalação do suporte. Em comparação com os dois métodos anteriores, o método de

Müir Wood (1975) foi o que mais se aproximou das medidas de campo, com uma

superestimativa média de carregamento de 37%. Kim e Eisenstein (1998) ressaltam, no

entanto, que a adoção de 50% do carregamento foi adequada para os solos da cidade de

Edmonton, mas podem induzir a erros em outros contextos geológicos.

Para Kim e Eisenstein (op. cit.), a característica comum aos três métodos, com

reflexos diretos nos resultados, é a consideração do maciço como um meio elástico-linear,

além das incertezas envolvendo a redução de carregamento.

Eisenstein e Negro (1990, apud Kim e Eisenstein, 1998) efetuam uma análise

paramétrica tridimensional por elementos finitos, para estimar das deformações radiais no

local em que o suporte é instalado, sem considerar sua presença e a relação não linear tensão-

deformação do maciço. São obtidas curvas de convergência por meio de análises paramétricas

bidimensionais em que se assume um modelo elástico-hiperbólico para o maciço.

Nas análises de Kim e Eisenstein (op. cit.), esse método foi o que melhor se

aproximou das cargas atuantes. Alguns resultados, no entanto, foram inferiores aos medidos

em campo. As análises mostraram que o alívio de tensões variou entre 43% e 66% e, em

média de 59%. Os autores então propõem um método em que o fator de alívio de tensões

obtido de Eisenstein e Negro (1990, apud Kim e Eisenstein, 1998) é empregado

conjuntamente com a solução analítica de Einstein e Schwartz (op. cit.) para determinar o
22

carregamento final sobre o túnel. Fazem a ressalva, no entanto, de que o método é aplicado

para casos em que pouca deformação ocorre. Assim sendo, o método deve ser considerado

como uma proposta aproximada devendo ser confirmada a partir da instrumentação de campo.

Schwartz e Einstein (1980) revisam Einstein e Schwartz (1979) e apresentam uma

metodologia para considerar o atraso da instalação do arco invertido do túnel e uma

plastificação do maciço por fatores de correção respectivos. Esses fatores são utilizados para

determinação dos esforços solicitantes finais do suporte a partir daqueles calculados para o

meio elástico inicialmente apresentado em Einstein e Schwartz (1979).

Com relação ao carregamento final do túnel, grande parte deste provem de cargas

hidrostáticas que atuam após o período de obras, quando as condições hidrogeológicas

originais são recuperadas. Sua consideração nos cálculos tem impacto nos custos de

construção (espessura do revestimento, armação, etc) e de manutenção da obra, que serão

maiores ou menores conforme as considerações sobre a permeabilidade do revestimento.

Através da aplicação dos conceitos sobre tensões efetivas e leis de fluxo, Atkinson e

Mair (1983) mostram que as cargas atuantes no revestimento em túneis abaixo do nível

d’água não são afetadas pelo fato do revestimento ser impermeável ou não. Tal consideração

feita somente é valida para os casos em que o nível d’água original é pouco afetado pela

drenagem e pelo revestimento, e onde a rede de fluxo pode ser considerada de forma radial ao

túnel. Para os autores, é temeroso considerar uma redução do carregamento em se permitindo

a drenagem do maciço pelo revestimento do túnel, uma vez que as forças de percolação se

contrapõem ao alívio gerado pela drenagem.

Ressalta-se que tais resultados devem ser vistos com ressalva, uma vez que as

premissas adotadas não consideram a rigidez do solo e do suporte e nem a influência das

diferentes permeabilidades entre as camadas geológicas e entre essas e o suporte do túnel.


23

Essas considerações são discutidas por Negro Jr. (1994); Franzén e Celestino (2002) e

Bilfinger (2005a; e 2005b). Para este, os revestimentos ditos impermeáveis devem ser

projetados para todo o carregamento hidrostático existente. Nos revestimentos permeáveis,

fatores como a rigidez solo/ suporte; a permeabilidade relativa solo-revestimento; a

profundidade abaixo do nível d’água e a forma das linhas de fluxo afetam os carregamentos

hidrostáticos, sendo possível considerar uma redução do carregamento desde que a

permeabilidade relativa solo-revestimento varie entre 1 e 10. Na prática, a permeabilidade

relativa é superior a 100, o que torna o revestimento impermeável, conforme o autor.

2.5 Emprego do Método dos Elementos Finitos em Simulações Numéricas

2.5.1 Breve Revisão do Método

O Método dos Elementos Finitos é uma técnica para resolver equações diferenciais

parciais e consiste na divisão do domínio do problema em subdomínios de formas simples

(quadriláteros, triângulos, tetraedros, cubos, etc.), dos quais se pode aproximar seu

comportamento mecânico por funções conhecidas. Esses subdomínios são chamados de

elementos finitos e os vértices desses elementos são chamados de nós. A forma e o tipo dos

elementos dependem do tipo de problema envolvido. Ao conjunto desses subdomínios

denomina-se malha de elementos finitos. Zienkiewicz e Taylor (2000) e Felippa (2007)

apresentam o método de forma detalhada, enquanto que no presente trabalho, apenas uma

breve revisão é apresentada. Seja o problema definido na Figura 6, em que forças de massa,

{f}, e de superfície, {t}, atuam no sólido definido de domínio Ω.


24

sólido em corte
{f}

{u}
y

x {t}

z
Figura 6 – Sólido deformável submetido a forças de superfícies {t} e de volume {f}

A Mecânica dos Sólidos define o campo de deslocamentos {u} = {ux uy uz}T como

uma função vetorial de três componentes, e as tensões e deformações como tensores de

segunda ordem, respectivamente [σ] e [ε]. A relação entre esses tensores é definida pelo

tensor de quarta ordem [C], definido como tensor constitutivo do material.

Define-se Ni como uma função de interpolação definida para cada nó i da malha de

modo a relacionar uma aproximada solução polinomial de grau n do problema, {û} = {ûx ûy

ûz}T, com a solução exata, {u}, conforme a Equação 2.14:

n Ni 0 0  uix 
{û} = ∑  00
i=1 
 
Ni 0  uiy 
0 Ni  uiz 
(2.14)
 

Da mesma forma, define-se Bi como o operador diferencial aplicado às funções de

interpolação Ni, conforme Equação 2.15:


25

 ∂Ni 
 ∂x 0 0 
 ∂Ni 
 0 0 
 ∂y 
 ∂Ni 
 0 0
∂z 
[Bi] = ∇Ni = 
 ∂Ni ∂Ni (2.15)
0 
 ∂y ∂x 
 ∂Ni ∂Ni 
 0 
 ∂z ∂y 
 ∂Ni 0
∂Ni 
 ∂z ∂x 

Pelas relações de equilíbrio, é possível verificar que:

∑ ∫ [B ] [C] [B ] dΩ {u } = ∫ N {f} dΩ + ∫ N {t} dS


j =1 Ω
i
T
j
T
j i i (i = 1,...., n)
(2.16)

Sendo equivalente à Equação 2.17:

∑k
j =1
ij {û j } = {fi* } (i = 1,..., n)
(2.17)

Os coeficientes constantes kij e os termos independentes {fi* } são dados pelas Equações

2.18 e 2.19:

k ij =
∫ [B ] [C] [B ] dΩ

i
T
j
T
(2.18)
26

{fi* } =
∫ N {f} dΩ + ∫ N {t} dS

i i
(2.19)

De forma mais compacta, pode-se escrever a Equação 17 como:

[K][U] = [F] (2.20)

k11 L k1n 
Onde: [K] =  M O M 
k n1 L k nn 

 {u1} 
 
[U] =  M 
{u } 
 n 

{f * } 
 1 
[F] =  M 
{f * } 
 n 

A matriz [K] é denominada de matriz de rigidez do sistema e tem como característica

o fato de ser simétrica. Para o cálculo dos coeficientes de [K] e dos termos independentes

{fi* } torna-se necessário efetuar integrações ao nível de elemento no interior do domínio Ω e

na sua superfície.

Os deslocamentos em cada ponto do elemento são descritos por funções aproximadas,

que são resolvidas impondo-se as condições de equilíbrio em função dos deslocamentos

nodais (graus de liberdade). Uma vez determinadas, as deformações são obtidas a partir das

relações deslocamentos – deformações, e as tensões a partir das relações tensão – deformação.


27

Para a convergência do método é necessário garantir que os deslocamentos de todos os

elementos ligados por um mesmo nó sejam o mesmo nesse ponto e que a soma das forças

exercidas por esses elementos equilibrem a força externa aplicada ao nó.

Os elementos finitos costumam ser classificados conforme a ordem do polinômio

associado, a saber “Simplex”; “Complex” e “Multiplex”. Exemplos de polinômio “Simplex” e

“Complex” para elementos triangulares são apresentados nas Equações 2.21 e 2.22:

Φ = α1 + α2x + α3y (2.21)

Φ = α1 + α2x + α3y + α4x2 + α5xy + α4y2 + ... + αnxm +... + αnym (2.22)

Onde αi = constantes

x = abscissa definida em um sistema local de eixos do elemento

y = ordenada definida em um sistema local de eixos do elemento

Observa-se que os polinômios do tipo “Simplex” apresentam uma função de

interpolação do tipo linear, correspondendo a um elemento triangular de três nós. Já os

polinômios do tipo “Complex” apresentam uma função de interpolação de ordem superior e

correspondem a elementos triangulares com nós intermediários, que podem, inclusive, serem

internos ao elemento.

Os elementos do tipo “Multiplex” também apresentam polinômios de ordem superior,

mas apresentam a restrição de terem de apresentar seus bordos paralelos ao sistema de eixo de

coordenadas para executar a condição de continuidade entre os elementos. Os elementos

retangulares alinhados aos eixos de coordenadas são exemplos de elementos “Multiplex”.

Esses elementos não serão utilizados no presente trabalho.


28

2.5.2 Panorama do emprego do MEF em obras subterrâneas

Até alguns anos atrás, a construção de túneis era realizada basicamente através da

experiência de profissionais ligados à área. No entanto, a rápida evolução da informática na

última década fez com que as simulações numéricas computacionais ganhassem notável

destaque. Hoje, o método dos elementos finitos (MEF) é uma das principais ferramentas

utilizadas em projeto de túneis para avaliação das tensões, deslocamentos e deformações,

tanto no maciço quanto no suporte e revestimento final do túnel.

A questão a ser debatida atualmente é se os métodos numéricos já alcançaram um

estágio de desenvolvimento superior às aproximações convencionais, a ponto de substituí-las

em análises geotécnicas. É inegável que as análises numéricas em muito contribuíram para o

entendimento (ou previsão) do mecanismo de comportamento do maciço frente à escavação, e

que as simulações numéricas modelam casos dos mais simples até os de extrema

complexidade (Potts, 2003). Inúmeros trabalhos têm abordado e discutido vantagens em

efetuar análises numéricas em obras subterrâneas, como pode ser observado, por exemplo, em

Swoboda (1982); Lee e Rowe (1991); Gioda e Swoboda (1999), Potts e Zdravkovic (1999 e

2001, apud Franzius e Potts, 2005) e Franzius e Potts (2005).

No entanto, ainda existem pontos que merecem atenção. Potts (2003) atenta para as

limitações dos modelos constitutivos usualmente empregados, que muitas vezes não são

capazes de representar o real comportamento dos solos. O autor ainda aborda questões que

envolvem incertezas inerentes aos algoritmos numéricos utilizados, principalmente os

empregados em programas comerciais, onde os códigos fontes são inacessíveis para apuração.

Existe também a questão quanto à dependência do método em termos de utilização (ou

manipulação) dos dados de entrada, modelagem e interpretação dos resultados, muitas vezes

realizados sem critérios e sem os cuidados devidos, como observado por Franzius e Potts
29

(2005). Atenta-se ainda para as simulações que empregam o método em um contexto tal que o

a Mecânica do Contínuo não seja a mais indicada. Todas essas questões podem induzir a

soluções não condizentes com a realidade e com conseqüências maiores para a obra.

Talvez a principal desvantagem do MEF em análises geotécnicas esteja relacionada ao

emprego de softwares específicos, tanto em nível de pré e pós-processamento quanto em nível

de processamento. E, em menor escala, quanto às necessidades relativas à capacidade física

de memória e de armazenamento de dados.

2.6 Modelos Constitutivos da Teoria da Plasticidade

2.6.1 Revisão dos principais modelos da teoria da plasticidade

As equações fundamentais da Mecânica dos Sólidos são caracterizadas pelas equações

de equilíbrio; pelas relações de compatibilidade ou deformação-deslocamento; e pelas

equações constitutivas ou relações tensão-deformação de um material. Quanto a estas, os

materiais podem apresentar características elásticas, plásticas, viscosas, ou uma combinação

destas. Materiais ditos elásticos e plásticos têm em comum a característica de serem não-

viscosos, ou seja, seus estados de tensão independem da taxa de deformação. Diferem, no

entanto, quanto à reversibilidade de suas deformações, já que as deformações elásticas são

reversíveis e as plásticas não o são.

A Teoria da Plasticidade comumente utilizada em problemas geotécnicos é elasto-

plástica e incorpora a teoria linear da elasticidade. A caracterização da transição do regime

elástico para o plástico é realizada pela definição de uma função de escoamento que seja

invariante do estado de tensão do material. Essas funções definem superfícies geométricas no

espaço de tensões, e diz-se que um material plastifica, ou escoa, sempre que seu estado de
30

tensão pertença a uma de tais superfícies. As superfícies de escoamento mais comumente

empregadas são as de Tresca, von Mises, Mohr-Coulomb e Drucker-Prager.

Nas superfícies de Tresca e von Mises, o escoamento independe da componente

hidrostática do estado de tensão. As superfícies são, portanto, cilíndricas ou prismáticas com

geratriz paralela ao eixo hidrostático. Nas superfícies de Mohr-Coulomb e Drucker-Prager, o

escoamento é dependente da componente hidrostática, e as superfícies assumem,

respectivamente, as formas piramidal e cônica no espaço de tensões. São superfícies típicas de

materiais que apresentam ângulo de atrito interno como o solo e o concreto. Para o caso

particular de ângulo de atrito igual a zero, as superfícies de Mohr-Coulomb e Drucker-Prager

reduzem-se às superfícies de Tresca e von Mises respectivamente. A Figura 7 apresenta as

superfícies de escoamento mais comumente utilizadas na Mecânica dos Sólidos.

σΙΙΙ Drucker-Prager σΙΙΙ

eixo Mohr-Coulomb
hidrostático eixo
hidrostático

von-Mises Tresca

σΙΙ σΙΙ

σΙ σΙ
Figura 7 – Superfícies de escoamento da Teoria da Plasticidade

Direcionando o assunto para a Mecânica dos Solos, estudos e análises de ensaios

laboratoriais e de campo comprovaram comportamento diferenciado dos solos, conforme a

direção em que são solicitados, evidenciando uma anisotropia intrínseca desses materiais.

Decorre naturalmente que os solos devam apresentar distintas superfícies de escoamento em

direções distintas. Com isto, a utilização de modelos elasto-plástico perfeitos não podem
31

refletir adequadamente o comportamento real dos solos. De fato, por meio de ensaios

laboratoriais, pode-se observar que os modelos que consideram o enrijecimento ou

amolecimento da superfície de escoamento oferecem melhores resultados de comportamento

dos solos (Atkinson, 1993).

De posse desses conhecimentos, diversos estudos foram desenvolvidos a partir da

segundo metade do Século XX. Destacam-se a Teoria do Estado Crítico e a proposição da

existência de uma superfície limite de estado, que possibilitaram a formulação original do

modelo de Cam-Clay por Roscoe e Schofield (1963, apud Queiroz, 1996). Roscoe e Burland

(1969, apud Queiroz, 1996) propuseram o modelo Cam-Clay modificado a partir da alteração

da geometria da superfície de escoamento original. Adicionalmente a esta nova proposta, foi

considerada uma superfície baseada no critério de Mohr-Coulomb.

Desde então, outras superfícies de ruptura foram e continuam sendo propostas em

substituição à superfície de Mohr-Coulomb. Como exemplo, cita-se a superfície proposta por

Lade em 1977 para solos não coesivos, posteriormente generalizada para considerar o

comportamento de argilas normalmente adensadas, em 1979.

Pela proposta de Lade, a componente plástica do incremento de deformação é dividida

em uma componente colapsível e outra expansível, cada qual com a sua respectiva função de

plastificação ou escoamento, lei de fluxo e lei de endurecimento. A componente colapsível é

obtida a partir da lei de fluxo associada, enquanto que a componente expansível é obtida da lei

de fluxo não associada e é a responsável pela ruptura do material.

Quanto à aplicação desses modelos para previsão de análise de comportamento em

obras subterrâneas, o desenvolvimento computacional permitiu diversos estudos na área e as

simulações numéricas possibilitaram o emprego de modelos mais realistas e mais

representativos do comportamento dos solos.


32

No âmbito nacional, Almeida (1978) utiliza o modelo de Drucker-Prager sem

endurecimento para simular a execução de um túnel pelo MEF. O autor mostra que a

utilização de modelos elasto-plásticos, mesmo que simples, podem conduzir a bons

resultados. Ainda, a obtenção de seus parâmetros é mais simples e rápida do que para modelos

elásticos não-lineares mais elaborados, como o hiperbólico.

Parreira et al. (1990) utilizam o modelo de Lade na previsão do comportamento das

argilas terciárias da região da Avenida Paulista. Através do MEF, são simulados ensaios

triaxiais com adequadas reproduções do comportamento do solo em trajetórias de compressão

axial e de compressão hidrostática, mas com razoáveis resultados nas simulações dos ensaios

de descarregamento lateral e axial.

De posse desses resultados, Parreira (1991) e Azevedo et al. (2002) apresentam retro-

análises pelo MEF da obra do Túnel Paraíso do Metrô de São Paulo. Os autores utilizam o

modelo de Lade e obtêm uma adequada concordância de resultados com a instrumentação

local. Já França (2006) emprega o MEF para estudar o mesmo caso sob os modelos

constitutivos de Mohr-Coulomb e “Hardening Soil” e decide-se pelo segundo modelo para

melhor descrever o comportamento desse maciço.

Queiroz (1996) analisa conceitualmente os modelos de Cam-Clay Modificado e Mohr-

Coulomb a partir dos resultados de simulações numéricas pelo MEF de um túnel de via do

Metrô de Brasília, executado em solo normalmente adensado. O autor conclui pelo modelo de

estado crítico como o mais representativo para esse tipo de material.

É importante frisar que dificilmente um modelo será capaz de reproduzir todos os

aspectos do comportamento real dos solos. A escolha do modelo reológico dependerá

primordialmente do tipo de material analisado (rocha, argila ou areia, por exemplo) e do

volume de informações disponíveis, dos quais os parâmetros do modelo serão derivados.


33

2.6.2 Os Modelos de Estado Crítico: o Cam-Clay e o Cam-Clay Modificado

O modelo de Cam-Clay (CC) e o Cam-Clay Modificado (CCM) são modelos

constitutivos elasto-plásticos pertencentes ao ramo da Teoria da Plasticidade denominada de

Teoria do Estado Crítico. Os modelos foram desenvolvidos respectivamente por Schofield e

Wroth (1968) e Roscoe e Burland (1968) para descrever solos de comportamento tipicamente

argilosos (Queiroz, 1996).

Pela Teoria do Estado Crítico, quando uma amostra de solo é submetida a um ensaio

triaxial de compressão hidrostática, existe um momento em que grandes deformações

cisalhantes ocorrem sem haver alteração do volume ou do estado de tensões da amostra.

Nessa condição, denominada de Estado Crítico, o solo distorce sob um estado de tensão

constante, o qual é caracterizado pela Curva de Estado Crítico (CEC) (ou na forma

originalmente apresentada: “Critical State Line”) no espaço das tensões médias efetivas, p’,

pelas tensões desviadoras, q.

Os modelos de estado crítico descrevem três importantes aspectos do comportamento

desses solos: sua resistência ao cisalhamento, a compressão ou dilatância do material

(alteração de volume que ocorre durante o cisalhamento), e o estado crítico no qual cada

elemento do solo pode apresentar deformações ilimitadas sem alteração de seu estado de

tensões ou de volume.

Sabe-se que uma grande parte do volume do solo é ocupado por vazios que podem

estar preenchidos por ar ou água. Como resultado, as deformações que ocorrem são

acompanhadas de alterações de volume significativas, muitas vezes de forma irreversível. A

principal vantagem de modelos plásticos do tipo “cap”, classe a qual os modelos de CC e

CCM se inserem, é a capacidade de modelar a alteração de volume de forma mais precisa.


34

As principais considerações dos modelos de CC e CCM serão descritas adiante. Nos

modelos de estado crítico, a caracterização de um dado solo é determinada pela Tensão

Octaédrica Efetiva (p’), Tensão Desviadora (q), e pelo Volume Específico (V)

A tensão média efetiva, ou tensão efetiva octaédrica, e a tensão desviatória podem ser

determinadas pelas Equações 2.23 e 2.24 respectivamente, a partir das tensões principais σ’I;

σ’II e σ’III atuantes no ponto considerado.

p' =
1 '
3
(
σI + σII' + σIII
'
) (2.23)

q=
1
2
(σI' − σII' )2 + (σII' − σIII' )2 + (σIII' − σI' )2 (2.24)

O volume específico pode ser definido como o volume de solo que contem um volume

unitário de material sólido, relacionando-se com o índice de vazios conforme a Equação 2.25.

V = 1+e (2.25)

Ambos os modelos consideram que, quando um dado solo é lentamente carregado sob

condições isotrópicas de tensão (isto é: σ’I = σ’II = σ’III = p’) e sob condições ideais de

drenagem, a relação entre o volume específico, V, e o logaritmo neperiano de p’ é linear,

também denominada de reta de compressão normal, linha de compressão isotrópica virgem,

ou adensamento normal isotrópico. A Figura 8 apresenta esquematicamente esta relação.


35

Figura 8 – Adensamento sob compressão isotrópica (adaptado de Britto e Gunn, 1987)

O comportamento do solo sob condições de carregamento e descarregamento pode ser

visto na Figura 8. Quando um elemento do solo é inicialmente carregado sob uma condição

isotrópica p’b, a relação entre o volume específico V e ln p’ descreve a relação linear definida

entre os pontos A e B, sendo essa a reta de compressão normal.

Se esse elemento for agora descarregado até a condição inicial, a relação volume

específico – tensão média descreve a trajetória linear do ponto B até o ponto C. Sob um novo

carregamento, a relação percorre o segmento de reta CB até a condição de carregamento p’b.

Caso essa condição seja excedida, a relação novamente descreve a trajetória da reta de

compressão normal até uma condição p’d. Se o solo novamente for descarregado, a relação

descreve a trajetória definida entre os pontos D e E. As retas de compressão normal e de

descompressão podem ser definidas através das Equações 2.26 e 2.27:

V = N - λ ln p’ (2.26)

V = Vk – κ ln p’ (2.27)
36

Onde: N = volume específico sob carregamento unitário

λ = Ângulo da reta de compressão normal

κ = Ângulo da reta de descompressão

Vk = Volume específico sob uma dada condição de

carregamento (depende do histórico de carregamento)

Os parâmetros λ, κ e N são propriedades características de cada solo. Caso o estado

corrente de tensões se encontre sobre a reta virgem, o solo é descrito como normalmente

adensado. Caso haja um descarregamento, esse solo torna-se sobre-adensado.

A Figura 9 apresenta a posição relativa da Curva de Estado Crítico (CEC) para com a

linha de compressão isotrópica virgem no espaço V – ln p’. Nota-se que a CEC é paralela à

reta de compressão virgem nesse espaço.

Figura 9 – Posição relativa da CEC no espaço V x ln p’ (adaptado de Britto e Gunn, 1987)

O parâmetro Γ é o correspondente volume específico da CEC sob carregamento

unitário, sendo uma constante de cada solo em particular. A relação entre Γ e N são

apresentadas nas Equações 2.28 e 2.29, respectivamente para os critérios de CC e CCM.


37

Γ = N - ( λ - κ) (2.28)

Γ = N - (λ - κ) ln2 (2.29)

Em carregamento cisalhante triaxial, o solo se comporta de forma elástica até que o

limite plástico de q é atingido. As superfícies de escoamento dos modelos de CC e CCM são

respectivamente apresentadas nas equações 2.30 e 2.31:

 p' 
q + M p' ln  = 0 (2.30)
 p' 
 c

q2  p' 
+ M2 1 − c  = 0 (2.31)
p'2  p' 

Sendo M = Ângulo da CEC no espaço p’x q.

p'c = pressão isotrópica de pré-adensamento para uma amostra

A Figura 10 apresenta as superfícies de escoamento no espaço p’x q. Nesse espaço a

superfície plástica de CC é uma curva logarítmica e a superfície de CCM é uma curva elíptica.

O parâmetro p'c determina a dimensão da superfície de escoamento. Uma característica da

CEC é que ela intersecta a superfície de escoamento no ponto de máxima tensão de

cisalhamento.
38

Figura 10 – Superfícies de escoamento de Cam-Clay (CC) e Cam-Clay Modificado (CCM) (adaptado


de Britto e Gunn, 1987)

No espaço tridimensional V x p’ x q, a superfície de escoamento definida pelas

formulações de CC ou CCM é conhecida como Superfície de Envoltória dos Estados Estáveis

(“Stabel State Boundary Surface”). Quando o estado de uma amostra puder ser representado

por um ponto abaixo dessa superfície, essa amostra se encontra em regime elástico. Estados

descritos por pontos sobre a superfície indicam escoamento do material. São impossíveis

estados equivalentes a pontos acima da superfície. A Figura 11 apresenta essa superfície no

espaço V x p’ x q.

Figura 11 – Superfície Envoltória dos Estados Estáveis no espaço V x p′x q (adaptado de Britto e
Gunn, 1987)
39

Diz-se que um dado solo encontra-se sob estado crítico, quando esse solo está

plastificando sob um estado de tensões em que a razão entre a tensão desviatória e a tensão

efetiva média, η, é igual ao coeficiente M da CEC no espaço p’xq. Em outras palavras, o

estados críticos representa o estado final de tensões em que é possível continuar a cisalhar

uma amostra de solo sem que haja mudança nas tensões impostas ou no volume da amostra.

Caso o escoamento do material ocorra à direita da CEC, há um endurecimento da

superfície de escoamento acompanhada de uma compressão e redução de volume. Esse lado

da superfície caracteriza o estado subcrítico, ou lado “úmido”.

A Figura 12 ilustra o comportamento de um solo no estado subcrítico para um caso de

cisalhamento puro. Quando o carregamento é imposto, o solo se comporta elasticamente até

que o carregamento gere um estado de tensões que pertença à superfície de escoamento.

Desse ponto em diante, a superfície de escoamento se expande, denotando um endurecimento

do material. O escoamento e a deformação plástica são acompanhados por um aumento da

tensão de escoamento. A partir do ponto C, indicado na Figura 12, a superfície de escoamento

intersecta o estado crítico.

Figura 12 – Evolução da superfície de escoamento para o estado subcrítico do modelo CCM sob
condições de cisalhamento puro (adaptado de Britto e Gunn, 1987)
40

A Figura 13 apresenta uma resposta típica de argilas ligeiramente sobre-adensadas e

areias fofas quando cisalhadas, que tendem a apresentar este comportamento.

Figura 13 – Resposta típica de argilas ligeiramente sobre-adensadas e areias fofas quando cisalhadas
em ensaios triaxiais (adaptado de Britto e Gunn, 1987)

Se o escoamento ocorre do lado esquerdo da intersecção da CEC com a superfície de

escoamento, o material apresenta uma descompressão acompanhada de uma expansão de seu

volume. Este estado recebe o nome de estado supercrítico, ou estado “seco”. Nessas

condições, a superfície de escoamento decresce após o estado de tensão intersectar a

superfície inicial de escoamento. Esse comportamento é ilustrado na Figura 14.

Figura 14 – Evolução da superfície de escoamento para o estado supercrítico do modelo CCM sob
condições de cisalhamento puro (adaptado de Britto e Gunn, 1987)
41

Em condições intermediárias, o carregamento imposto e a resistência ao cisalhamento

decrescem até tangenciar a superfície de estado crítico. A resposta típica de argilas muito

sobre-adensadas e areias densas, quando cisalhadas em ensaios triaxiais, em termos de tensão-

deformação e de deformação volumétrica, é apresentada na Figura 15.

Figura 15 – Resposta típica de argilas muito sobre-adensadas e areias densas quando cisalhadas em
ensaios triaxiais (adaptado de Britto e Gunn, 1987)

Na análise de problemas geotécnicos, os parâmetros elásticos comumente

especificados para relacionar as relações tensão-deformação são o módulo de Young, E, ou o

Módulo de Cisalhamento, G, o coeficiente de Poison, ν, ou ainda o Módulo de Elasticidade

Volumétrico, K. Apenas dois desses parâmetros são necessários em uma análise.

Para os modelos de CC e CCM o módulo de Elasticidade Volumétrico não é

constante, sendo dependente da tensão média, p’, do volume específico, V, e ângulo da reta de

descompressão, κ. A Equação 2.32 apresenta a forma como o módulo de Elasticidade

Volumétrico pode ser determinado a partir desses parâmetros.

V
K= p' (2.32)
κ
42

Os modelos de CC e CCM requerem a especificação do módulo de cisalhamento ou do

coeficiente de Poison, mas não necessariamente ambos. A Equação 2.33 apresenta a forma

como a qual o módulo de cisalhamento pode ser determinado a partir do Módulo de Young e

do coeficiente de Poison. Caso o módulo volumétrico seja especificado, o módulo de

cisalhamento pode ser determinado conforme a Equação 2.34.

E
G=
2(1 + ν )
(2.33)

K (3 − 6ν )
G=
2(1 + ν )
(2.34)

O estado de tensões corrente do solo pode ser descrito através da sua tensão média

efetiva, p’, volume específico, V, e a tensão de pré-adensamento, p’o. A razão de

sobreadensamento, OCR, relaciona o estado atual de tensões do solo com a tensão de pré-

adensamento, como apresentado em 2.35.

p'
OCR = 0 (2.35)
p'

Quando OCR é igual à unidade, o solo se encontra em estado normalmente adensado,

no qual a máxima tensão experimentada pelo solo não é superior à tensão atual. Para valores

de OCR superiores a unidade, o solo se encontra sobreandensado e indica que, no passado, o

solo experimentou tensões superiores as atuais.

A Equação 2.36 permite determinar o coeficiente M a partir do ângulo de atrito interno

do material, ϕ’, determinado para o critério de escoamento de Mohr-Coulomb.


43

6 sin ϕ '
M= (2.36)
3 − sin ϕ '

Os parâmetros λ e k das curvas de compressão e descompressão no espaço V’ – ln σ’

podem ser definidos a partir do índice de compressão do solo, Cc, e do índice de

descompressão do solo respectivamente, conforme apresentado nas Equações 2.37 e 2.38.

Usualmente, costuma-se empregar valores de κ variando entre 1 λ e 1 λ .


5 3

Cc
λ= (2.37)
ln10

Cr
κ= (2.38)
ln10

Conforme Britto e Gunn (1987), os parâmetros do estado crítico devem ser

determinados diretamente a partir de ensaios convencionais de resistência e deformabilidade.

No entanto, esses ensaios muitas vezes podem não estar disponíveis durante a elaboração de

um projeto, o que obriga à recorrência de correlações e relações teóricas. Queiroz (1996)

discorre sobre a obtenção desses parâmetros e apresenta um resumo dos métodos disponíveis.
44

3 Diretrizes para uma Simulação Numérica

3.1 Introdução

Este trabalho desenvolve um estudo sobre as influências de uma malha de elementos

finitos nos resultados de um processamento numérico, comparando os mesmos com

resultados de soluções analíticas. São vistos casos sobre a influência dos bordos e o

refinamento de uma malha; utilização de elementos sólidos e elementos de viga, obtenção de

esforços solicitantes, e análises elasto-plásticas com fluxo associado e não associado. O

objetivo dessa primeira etapa é fornecer diretrizes para uma simulação numérica segura.

Como objetivo secundário, pretende-se verificar a adequabilidade do programa

Tochnog como uma ferramenta numérica computacional para resolução de problemas de

natureza geotécnica. O Tochnog é um programa de elementos finitos com licença pública do

tipo GNU (“General Public License”) que apresenta uma extensa biblioteca de elementos e

modelos constitutivos, além de permitir a simulação seqüencial de eventos

construtivos.Gomes (2006), em seu trabalho sobre a influência do tempo na interação solo-

estrutura, realiza algumas verificações com o programa. As análises aqui apresentadas visam

complementar o trabalho de Gomes (2006).

3.2 Orifício circular em meio elástico-linear previamente carregado

3.2.1 Metodologia empregada

Nessa primeira parte é estudada a influência dos bordos de uma malha nos resultados

de um processamento para meios do tipo elástico linear. O problema a ser resolvido é o da


45

execução de um túnel circular de raio a em meio homogêneo do tipo elástico linear,

submetido a um carregamento inicial de tensões σv e σh = Ko x σv. A simulação analisada é

bidimensional no estado plano de deformações para as condições de carregamento com

Ko=1,0 e Ko=0,5. A Figura 16 ilustra o problema simulado. A dupla simetria do problema

permite que apenas um quarto da situação seja simulado.

Figura 16 – Túnel circular em meio elástico-linear

Timoshenko e Goodier (1970) apresentam a formulação desenvolvida por Kirsch

(1898), a qual fornece a solução exata do problema em coordenadas polares. A solução de

Kirsch (1898) é apresentada pelas equações 3.1; 3.2; 3.3; 3.4 e 3.5.

σv + σh  a2  σv − σh  a4 a2 
σr = × 1− + × 1+ 3 × − 4× × cos2θ
2  2  2  4 2  (3.1)
 r   r r 

σv + σh  a2  σv − σh  a 4 
σθ = × 1+ − × 1+ 3 × × cos2θ
2  r 2  2  4  (3.2)
  r 
46

σh − σv  a4 a 2 
τ rθ = × 1− 3 × + 2× × sen 2θ
2  4 2  (3.3)
 r r 

0,5 × (1 + υ ) × (σv + σh ) ×  a  − (σv − σh ) × (1 − υ ) × 4a 2 − a 4   × cos 2θ


2

  r   r r  
Ur = (3.4)
E

 2 
2 × (1 + υ) × (σv − σh ) ×  2a
4
+ a 3 sen2θ
 r r  (3.5)
Uθ =
E

Onde: σr = tensão radial

σθ = tensão tangencial

∆τrθ = tensão de cisalhamento

Ur = deslocamento radial

Uθ = deslocamento tangencial

E = módulo de elasticidade

ν = coeficiente de Poison

(r,θ) = coordenadas polares do ponto analisado

3.2.2 Simulação em meio com Ko = 1,0

Os parâmetros utilizados nessa análise são apresentados na Tabela 4:

Tabela 4 – Propriedades utilizadas na análise para Ko=1,0


Parâmetro Magnitude
Raio da escavação (a) 2,5 m
Sobrecarga vertical aplicada (σv) 1.000 kPa
Sobrecarga horizontal aplicada (σh) 1.000 kPa
Módulo de Elasticidade (E) 10.000 kPa
Coeficiente de Poison (ν) 0,25
47

Para cada nó da malha foram determinados as tensões e os deslocamentos

correspondentes pela solução de Kirsch (1898). As diferenças entre resultados numéricos e

analíticos, em termos absolutos, foram adimensionalizadas pela sobrecarga vertical aplicada

para o caso das tensões, e pelo raio do túnel para o caso dos deslocamentos. Os resultados

estão apresentados na Tabela 5 em função da distância do bordo para o centro do túnel, L,

adimensionalizada pelo seu diâmetro, D.

Tabela 5 – Diferenças entre resultados numéricos e analíticos para Ko=1,0 e σv=1000KPa


Tensões Deslocamentos
L/D |∆σr| |∆σθ| |∆τrθθ| | ∆ Ur | | ∆ Uθ |
Média Max. Média Max. Média Max. Média Max. Média Max.
1,5 4,5% 12,4% 17,5% 24,7% 0,8% 6,0% 2,0% 3,1% 0,0% 0,1%
2,5 2,1% 4,5% 5,3% 8,3% 0,5% 4,1% 0,7% 1,6% 0,0% 0,0%
3,5 1,4% 3,5% 2,3% 4,2% 0,4% 3,2% 0,4% 1,1% 0,0% 0,0%
4,5 1,1% 3,2% 1,2% 3,4% 0,4% 2,8% 0,2% 0,9% 0,0% 0,0%
6,5 0,8% 3,2% 0,5% 2,1% 0,4% 3,3% 0,1% 0,6% 0,0% 0,0%
8,5 0,7% 3,2% 0,4% 2,8% 0,4% 2,7% 0,1% 0,4% 0,0% 0,0%

Pelas Figuras 17 e 18 fica clara a influência dos bordos da malha nos resultados de

tensões e deslocamentos até uma distância equivalente a 3,5 diâmetros equivalentes,

aproximadamente.
48

20%
∆σr / σv

Resultados em termos relativos 15% ∆σθ / σv

∆τrθ / σv
10%

5%

L/D
0%
0 2 4 6 8 10

Figura 17 – Influência dos bordos nos resultados de tensões para Ko = 1,0

2,5%
∆Ur / a
∆Uθ / a
Resultados em termos relativos

2,0%

1,5%

1,0%

0,5%

L/D
0,0%
0 2 4 6 8 10

Figura 18 – Influência dos bordos nos resultados de deslocamentos para Ko = 1,0

As Figura 19 e 20 apresentam respectivamente os resultados numéricos e analíticos

para tensão e deslocamento para a situação particular L = 3,5D e θ = 0o, adimensionalizados

pela tensão vertical aplicada e pelo raio da escavação, respectivamente. Os resultados

mostram boa concordância entre a solução exata e a numérica.


49

σr σθ σ r (analítico)
σ v ;σ v
2
σ r (numérico)
1,5
σ θ (analítico)
σ θ (numérico)
1

0,5

r/a
0
0 2 4 6 8 10

Figura 19 – Tensões esperadas e obtidas para Ko=1,0; L = 3,5D e θ = 0o

0,15
Ur/a (analítico)
0,12 Ur/a (analítico)
0,09 Uθ /a (analítico)
Uθ /a (analítico)
0,06

0,03
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10

Figura 20 – Deslocamentos esperados e obtidos para Ko=1,0; L = 3,5D e θ = 0o

3.2.3 Simulação em meio com Ko=0,50

Foram utilizados os mesmos dados da análise anterior e o mesmo procedimento de

análise. Somente a sobrecarga horizontal foi alterada para 500 kPa, para simular uma

condição com Ko=0,50. A Tabela 6 apresenta valores médios e máximos dos módulos das

diferenças entre resultados analíticos e numéricos para a situação analisada.


50

Tabela 6 – Valores dos módulos das diferenças para Ko=0,5 e σv=1000KPa


Tensões Deslocamentos
L/D |∆σr| |∆σθ| |∆τrθθ| | ∆ Ur | | ∆ Uθ |
Média Max. Média Max. Média Max. Média Max. Média Max.
1,5 3,4% 26,5% 23,4% 70,4% 6,7% 65,4% 3,2% 6,5% 7,2% 10,8%
2,5 1,6% 10,2% 7,7% 27,1% 4,1% 25,2% 0,9% 3,4% 5,2% 5,7%
3,5 1,3% 5,9% 3,5% 12,4% 3,5% 11,5% 0,4% 0,8% 4,0% 1,3%
4,5 1,1% 5,8% 2,8% 10,3% 3,4% 9,6% 0,2% 0,4% 3,4% 0,7%
6,5 1,0% 5,8% 1,7% 7,8% 3,2% 7,3% 0,1% 0,2% 2,6% 0,3%
8,5 1,0% 5,8% 1,3% 6,8% 3,1% 6,3% 0,1% 0,3% 2,5% 0,5%

As Figuras 21 e 22 apresentam as relações entre a dimensão da malha e as diferenças

de resultados em termos absolutos para a situação analisada.

25%
∆σr / σv
Resultados em termos relativos

20%
∆σθ / σv

15% ∆τrθ / σv

10%

5%

L/D
0%
0 2 4 6 8 10
Figura 21 – Influência dos bordos nos resultados de tensões para Ko = 0,5

8%
∆Ur / a
∆Uθ / a
Resultados em termos relativos

6%

4%

2%

L/D
0%
0 2 4 6 8 10
Figura 22 – Influência dos bordos nos resultados de deslocamentos para Ko = 0,5
51

Os resultados mostram que uma relação L/D maior ou igual a 3,5 também é suficiente

para minimizar a influência dos bordos da malha nos resultados. As Figura 23 e 24

apresentam respectivamente os resultados para a situação particular L = 3,5D e θ = 0o.

σ r (analítico)
σr ;σθ;τrθ
σv σv τoct σ r (numérico)
3

2,5 σ θ (analítico)
σ θ (numérico)
2
τ rθ (analítico)
1,5 τ rθ (numérico)
1

0,5
r/a
0
0 2 4 6 8 10

Figura 23 – Tensões esperadas e obtidas para Ko=0,5; L = 3,5D e θ = 0o

0,04
Ur/a (analítico)
0,03 Ur/a (analítico)
Uθ /a (analítico)
0,02
Uθ /a (analítico)
0,01

r/a
0,00
0 2 4 6 8 10

Figura 24 – Deslocamentos esperados e obtidos para Ko=0,5; L = 3,5D e θ = 0o

3.3 Esforços solicitantes em túnel circular em meio elástico-linear

A utilização de elementos de vigas permite obter diretamente os esforços solicitantes

atuantes no suporte. Nessa parte, verifica-se a influência da máxima dimensão desses

elementos, l, nos resultados de esforços solicitantes. Os elementos de viga são simulados


52

como materiais de comportamento elástico-linear e com inércia definida por sua seção

transversal retangular, de largura b e espessura h. Apenas um quarto da malha é simulado por

decorrência da dupla simetria do problema. Para garantir a transmissão de esforços

solicitantes nos bordos do problema, os elementos de viga têm a liberdade à rotação

restringida em seus extremos. A Tabela 7 apresenta as propriedades dos materiais utilizadas

nas análises.

Tabela 7 – Propriedades utilizadas para análise com elementos de viga


Parâmetro Magnitude
Raio da escavação (a) 2,5 m
Sobrecarga vertical aplicada (σv) 1.000 KPa
Sobrecarga horizontal aplicada (σh) 500 KPa
Módulo de Elasticidade do maciço (E) 10.000 KPa
Coeficiente de Poison do maciço (ν) 0,25
Módulo de elasticidade do suporte (Es) 10.000.000 KPa
Largura do suporte (b) 1,00 m
Espessura do suporte (h) 0,30 m

Os resultados obtidos são confrontados com os da solução exata de Schwartz e

Einstein (1980) para a condição de deslocamento restringido entre o meio e o suporte (“no-

slip case”). As Equações 3.6 e 3.7 fornecem a solução exata para o problema.

N=
σv × a
2
[ ( ) ( )
× (1 + Ko ) × 1 − a0* + (1 − Ko ) × 1 + 2 × a*2 × cos(2θ ) ] (3.6)

M=
σ v × a2
4
[ ( )
× (1 − Ko ) × 1 − 2 × a*2 + 2 × b*2 × cos(2θ ) ] (3.7)

C* × F* × (1 − υ )
Onde: a0* =
C* + F* + C* × F* × (1 − υ )

a*2 = β × b*2
53

C* × (1 − υ )
b*2 =
[ ]
2 × C* × (1 − υ ) + 4 × υ − 6 × β − 3 × β × C* × (1 − υ )

β=
(6 + F* )× C* × (1 − υ ) + 2 × F* × υ
3 × F* + 3 × C* + 2 × C* × F* × (1 − υ )

(
E × a × 1 − υs2 )
C* =
(
Es × A s × 1 − υ 2 )
*
F =
(
E × a3 × 1 − υs2 )
Es × Is × (1 − υ )

Sendo C* = Taxa de compressibilidade

F* = Taxa de flexibilidade

E = Módulo de elasticidade do maciço

Es = Módulo de elasticidade do suporte

Is = Módulo de Inércia do suporte

As = Área da seção transversal do suporte

a = Raio da escavação

ν = Coeficiente de Poison do maciço

νs = Coeficiente de Poison do suporte


54

A Tabela 8 apresenta as diferenças observadas entre a solução exata e a numérica.

Tabela 8 – Médias e máximas diferenças de resultados para esforços solicitantes


Tamanho do Média das diferenças Máximas diferenças
elemento de viga
(l) em função do ∆N  ∆M  ∆N  ∆M 
raio (a)
2 10,37% 1,44% 16,86% 3,23%
4 5,32% 2,12% 8,91% 2,80%
6 3,56% 1,90% 5,95% 2,03%
10 2,01% 1,94% 3,29% 2,51%
15 1,36% 1,06% 2,30% 1,73%
20 1,06% 1,17% 1,86% 1,95%
25 0,85% 1,15% 1,57% 1,80%

A Figura 25 apresenta uma relação entre as diferenças de resultados e a máxima

dimensão do elemento no contorno da escavação.

18%
Média das difererenças para esforços normais
Média das difererenças para esforços de momento fletor
15%
Máximas difererenças para esforços normais
Resultados em termos relativos

Máximas difererenças para esforços de momento fletor


12%

9%

6%

3%

a/l
0%
0 5 10 15 20 25 30
Figura 25 – Influência das dimensões do elemento de contorno nos resultados numéricos

Os resultados mostram que um refinamento adequado da malha é obtido com

elementos cuja dimensão máxima na região da escavação seja da ordem de 5 a 10% do valor

do raio equivalente do túnel. A aparente pouca sensibilidade dos resultados para momento

fletor deve-se à forma circular da geometria da escavação e à pequena variação do


55

carregamento radial sobre o suporte. As Figuras 26 e 27 apresentam os esforços de momento

fletor e força normal no suporte da escavação. Os resultados mostram boa concordância entre

a solução exata de Schwartz e Einstein (1980) e a numérica, capacitando a utilização destes

elementos nas simulações.

σ v = Po

600
σ h = KoPo

400
Momento Fletor (KNm)

θ
200 O
a

Ângulo θ (graus)
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
-200 M (analítico/ "no-slip case")
a/2
a/4
-400
a/6
a/10
-600 a/15

Figura 26 –Momentos fletores obtidos numericamente e por Schwartz e Einstein (1980)

-3000
N (analítico/ "no-slip case")
a/2
-2500 a/4
a/6
a/10
a/15
Força Nornal (KN)

-2000

σ v = Po
-1500

σ h = KoPo
-1000

-500 θ
O
a
Ângulo θ (graus)
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Figura 27 – Forças normais obtidos numericamente e por Schwartz e Einstein (1980)


56

3.4 Utilização de elementos triangulares simples e isoparamétricos

3.4.1 Metodologia empregada

O objetivo desse estudo é criar um critério para utilização de elementos sólidos para

simular o suporte em análises bidimensionais e, principalmente, em análises tridimensionais.

O suporte é simulado com elementos sólidos de rigidez equivalente aos dos elementos de viga

utilizados em 3.3. A metodologia empregada consiste em determinar as tensões atuantes no

suporte a partir dos esforços normais e de momento fletor, obtidos da solução de Schwartz e

Einstein (1980), e confrontá-las com os resultados das simulações com elementos sólidos. São

estudadas apenas três seções ao longo do suporte, mostradas na Figura 28.

a θ=90º
θ=45 º
O θ=0º

Figura 28 – Seções analisadas a 0º, 45º e 90º no suporte da escavação

Para cada seção analisada, as tensões são adimensionalizadas pelo módulo de

elasticidade inicial do material, na forma σθ , e analisadas ao longo da espessura do


Es

suporte. Esses resultados são apresentados no eixo das ordenadas das figuras subseqüentes.

Valores positivos de σθ indicam tensões tangenciais de tração na seção analisada e valores


Es

negativos de σθ indicam tensões tangenciais de compressão. A espessura do suporte, por


Es
57

sua vez, é representada no eixo das abscissas como uma fração da espessura do suporte, h, e

representam as ordenadas da seção geométrica de análise. Valores negativos correspondem ao

intradorso da seção, enquanto que valores positivos indicam seu extradorso.

3.4.2 Utilização de elementos triangulares simples

Nessa primeira parte são estudados elementos triangulares simples, com nós

localizados apenas nos vértices de cada elemento. As Figuras 29, 30 e 31 apresentam as

tensões no suporte para uma situação simulada com Ko=0,5.

θ = 0º 3 σθ
y 1000x
h = 0,3 m

Es
x
2

b = 1,0m 1
Es = 10 GPa
0
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
-1 y (h)

-2 Teórico
11 nós
-3 7 nós
5 nós
-4 4 nós
3 nós
-5 2 nós

Figura 29 – Tensões em seção analisada a 0º


58

θ = 45º -1 σθ
y 1000x

h = 0,3 m
Es
x

-0,8
b = 1,0m
Es = 10 GPa
-0,6

Teórico
11 nós
-0,4
7 nós
5 nós
4 nós
3 nós -0,2
2 nós
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
0
y (h)
Figura 30 – Tensões em seção analisada a 45º

θ = 90º
4 y
σθ

h = 0,3 m
1000x
3 Es x

2
b = 1,0m
1 Es = 10 GPa

0
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
-1
y (h)
Teórico
11 nós -2
7 nós
5 nós
-3

4 nós
-4
3 nós
2 nós -5

Figura 31 – Tensões em seção analisada a 90º

Todos os resultados mostram que são necessários ao menos quatro nós ao longo do

plano analisado da seção para uma adequada obtenção de resultados. Ainda, os nós extremos

sofrem influência dos elementos externos ao suporte, devendo, pois, serem desconsiderados

das análises. A supressão desses nós externos pode ser contornada extrapolando os resultados

obtidos dos nós internos para os extremos. Outra forma de contornar o problema seria a

adoção de uma delgada linha de elementos de “sacrifício” na região de fronteira, cuja

dimensão seja pequena, a ponto de se poder desprezar os resultados do nó extremo do suporte.


59

É muito provável que os resultados de tensões e esforços solicitantes de análises

tridimensionais que empregam um único elemento tetraédrico simples para representar o

suporte sejam bem diferentes dos que realmente ocorrem.

3.4.3 Utilização de elementos isoparamétricos

Conforme o apresentado no Capítulo 2, os elementos isoparamétricos apresentam nós

intermediários e funções de interpolação, representados por um polinômio de segundo grau.

São esperados, portanto, resultados melhores em simulações que empregam esse tipo de

elemento. A Figura 32 apresenta as tensões obtidas da simulação com elementos simples e

isoparamétricos para as mesmas seções anteriores. Em ambas as análises apenas um único

elemento foi empregado para simular o suporte.

y
h = 0,3 m

4 σθ
x 1000x
Es
3 θ = 0º

b = 1,0m 2
Es = 10 GPa
1

0
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
-1 θ = 45º y (h)
-2

-3
θ = 90º
-4
Teórico
-5 Triangular isoparamétrico
Triangular simples

Figura 32 – Tensões no suporte obtidas de simulações do suporte com uma única linha de elementos
triangulares, simples e isoparamétricos

Os resultados mostram que a utilização de elementos isoparamétricos, além de

conduzir a resultados mais precisos, permite a redução do número de elementos em estruturas


60

como o suporte da escavação. É possível observar que a utilização de um único elemento

isoparamétrico para simular o suporte equivale à utilização de dois elementos simples (três

nós ao longo da espessura do suporte). No entanto, mesmo com elementos isoparamétricos, os

resultados são influenciados pelos elementos externos ao suporte.

3.5 Orifício circular em meio elasto-plástico previamente carregado

3.5.1 Metodologia empregada

No presente sub-capítulo simula-se a execução de um orifício circular de raio a em um

meio elástico-linear perfeitamente plástico, com escoamento definido pela superfície de

Mohr-Coulomb. São estudados os casos de fluxo associado e fluxo não associado.

Para o problema, é assumido que o maciço esteja inicialmente submetido a um campo

de tensões hidrostáticas, PZ. A formulação desenvolvida por Salençon (1969) fornece a

solução exata do problema. Por essa, a magnitude da região plastificada, R0, é determinada

analiticamente a partir da Equação 3.8:

1
 Pz + c × cotϕ  Kp −1
Ro = a × (1 − senϕ ) × (3.8)
 Pi + c × cotϕ 

Onde: a = raio da escavação

Pi = pressão interna aplicada na cavidade

c = coesão do material

ϕ = ângulo de atrito interno do material


61

1 + sen ϕ
Kp=
1 − sen ϕ

A tensão radial na interface da zona plástica com a elástica é dada pela Equação 3.9:

2 × Pz − σc
σcp = (3.9)
Kp + 1

Onde: PZ = Pressão hidrostática considerada

σc = 2 × c × tan  π + ϕ 
 4 2

Quanto às tensões radiais, tangenciais e a deformação radial na zona elástica, essas são

determinadas pelas Equações 3.10, 3.11 e 3.12.

2
 Ro 
σr = −Pz + (Pz − σcp ) ×   (3.10)
 r 

  Ro  
2
σθ = − Pz + (Pz − σcp ) ×    (3.11)
  r  

Ur = −
(1 + υ ) × (Pz − σcp ) Ro2
× (3.12)
E r

Na zona plástica, as tensões radiais, tangenciais e a deformação radial são definidas

pelas Equações 3.13, 3.14 e 3.15.


62

Kp −1
r
σr = ρ − (Pi + ρ) ×   (3.14)
a

Kp −1
r
σθ = ρ − Kp × (Pi + ρ) ×   (3.15)
a

χ × (1 + υ )
Ur = − ×r (3.16)
E

σc
Onde: ρ=
Kp − 1

(Kps +1) (Kp −1)


 Ro  r
χ = A1 + A2 ×   + A3 ×  
 r  a

Com : A1 = (2υ - 1)×(Pz + ρ)

(1 - υ ) ×  Kp2 − 1 K −1
A2 =   × (P + ρ) ×  Ro  p
Kp + Kps i  a 
 


A3 = (1 − υ ) ×
(
K p × K ps + 1  )
− υ  × (Pi + ρ)
 K p + K ps 

1 + senψ
Kps = ; sendo ψ = ângulo de dilatância do material
1 − senψ

3.5.2 Análise com fluxo associado

Na Teoria da Plasticidade, a descrição completa do comportamento de materiais com

propriedades elasto-plásticas requer o conhecimento das relações tensão-deformação em

regime elástico, uma superfície de escoamento que delimita os estados de tensão do regime
63

elástico daqueles do regime plástico, e as relações incrementais tensão-deformação, que

descrevem o comportamento do material após o seu escoamento.

As principais superfícies de escoamento foram apresentadas no Capítulo 2. Quando o

estado de tensão do sólido pertence a uma dessas superfícies no espaço das tensões, diz-se que

esse material escoa ou plastifica. As relações incrementais tensão-deformação passam a ser

regidas pelo escoamento plástico, que especifica o incremento de deformação plástica, {dεp},

com as componentes de tensão.

Os incrementos de deformação plástica são derivados de uma função escalar do tensor

de tensões, denominada de função potencial plástica e serão sempre perpendiculares a essa

função. Quando a superfície de escoamento confunde-se com a superfície potencial plástica,

o incremento de deformação plástica também apresenta direção perpendicular à superfície de

escoamento, e diz-se que o fluxo é associado. Para a superfície de Mohr-Coulomb é possível

observar geometricamente que ψ coincide com o ângulo de atrito do material, φ’, conforme

pode ser observado na Figura 33.

ψ
{dεp} φ'

c'

σΙΙΙ σΙΙ σΙ σ

Figura 33 – Ilustração da lei de fluxo associado com superfície de Mohr-Coulomb


64

Para o problema, foram empregados os parâmetros apresentados na Tabela 9.

Tabela 9 – Parâmetros utilizados na análise elasto-plástica com fluxo associado


Parâmetro Magnitude
Módulo de Elasticidade do maciço (E) 100.000 KPa
Coeficiente de Poison do maciço (ν) 0,25
Ângulo de atrito (φ’) 30º
Coesão efetiva (c’) 200 KPa
Ângulo de dilatância (ψ) 30º

As diferenças entre os resultados numéricos e analíticos de tensão e deslocamento

foram adimensionalizadas pela tensão hidrostática e pelo raio da escavação, sendo

apresentados na Tabela 10.

Tabela 10 – Diferenças entre resultados analíticos e numéricos para fluxo associado


|∆σr| / Pz |∆σθ| / Pz |∆Ur| / a
Média das diferenças (%) 1,40 8,31 0,35
Máxima diferença (%) 6,96 34,67 1,41

As Figuras 34 e 35 apresentam os resultados encontrados.

σr /PZ (analítico)
2,00
σθ /PZ (analítico)
σr /PZ (numérico)
1,50
σθ/PZ (numérico)
1,00

0,50

r/a
0,00
0 2 4 6 8 10

Figura 34 – Resultados de tensões para Fluxo Associado


65

-0,05
U r / a (analítico)
-0,04
U r / a (numérico)
-0,03

-0,02

-0,01
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10

Figura 35 – Resultados de deslocamentos para Fluxo Associado

Na Figura 35 é possível observar que os deslocamentos obtidos numericamente são

superiores aos resultados da solução de Salençon (1969). A adoção do fluxo associado nas

análises justifica essa diferença, uma vez que os incrementos de deformação plástica são

perpendiculares à superfície de escoamento e, portanto, tendem a provocar uma variação

positiva do volume, gerando maiores deslocamentos. Resultados práticos corroboram com os

resultados aqui observados, conforme observado por Mendonça (2005).

3.5.3 Análise com fluxo não associado

Quando o fluxo é não associado, a superfície potencial plástico não coincide com a

superfície de escoamento, e o incremento de deformação plástica não é perpendicular a essa

superfície. Para a superfície de escoamento de Mohr-Coulomb, são esperados resultados

numéricos mais próximos dos resultados da solução exata de Salençon (1969). Para esse

estudo o ângulo de dilatância, ψ, foi considerado igual a zero.

As diferenças entre os resultados numéricos e analíticos adimensionalizadas são

apresentados na Tabela 11.


66

Tabela 11 – Diferenças entre resultados analíticos e numéricos para fluxo não associado
|∆σr| / Pz |∆σθ| / Pz |∆Ur| / a
Média das diferenças (%) 0,85 0,03 0,07
Máxima diferença (%) 0,72 6,42 0,11

As Figuras 36 e 37 apresentam os resultados encontrados.

σr /PZ (analítico)
2,00
σθ /PZ (analítico)
σr /PZ (numérico)
1,50
σθ/PZ (numérico)
1,00

0,50

r/a
0,00
0 2 4 6 8 10

Figura 36 – Resultados de tensões para fluxo não associado com ψ = 0º

-0,03
U r / a (analítico)

U r / a (numérico)
-0,02

-0,01

r/a
0,00
0 2 4 6 8 10
Figura 37 – Resultados de deslocamentos para fluxo não associado com ψ = 0º

Como esperado, para a superfície de Mohr-Coulomb com fluxo não associado, os

resultados obtidos numericamente são mais próximos dos resultados obtidos da solução

analítica de Salençon (1969).


67

4 Aplicações do MEF em Túneis

4.1 Técnicas de simulação bidimensional de uma frente de escavação

4.1.1 Introdução

Em análises numéricas, o avanço de uma frente de escavação é usualmente simulado

como um problema no estado plano de deformação, ainda que este seja de natureza

essencialmente tridimensional. Para tanto, hipóteses e artifícios numéricos são introduzidos

para que o fenômeno de arqueamento de tensões possa ser razoavelmente tratado como uma

sucessão de seções bidimensionais.

Ainda que essa aproximação não seja de teoricamente correta, uma vez que não

considera tensões de cisalhamento entre seções, essa técnica tem sido empregada com sucesso

em inúmeros projetos e estudos.

Antes de apresentar algumas das técnicas mais empregadas em projetos de túneis,

convém apresentar o conceito de “simulação seqüencial”, utilizado neste trabalho. Aqui, os

resultados de uma etapa são utilizados em uma nova condição de contorno de uma etapa

subseqüente, caracterizada pela inserção ou remoção de elementos no sistema. Esse

procedimento pode ser repetido quantas vezes forem as fases de construção da obra.

No caso de um projeto de túneis, a primeira fase da simulação é caracterizada pela

determinação do estado de tensões inicial do maciço geológico. Ao término dessa etapa,

emprega-se a matriz de rigidez resultante do processamento em uma nova condição de

contorno, e verifica-se como o maciço reage sob a nova configuração.

Em um projeto de túneis são usualmente empregadas etapas de processamento para

determinação das tensões iniciais do maciço, alívio de tensões e aplicação do suporte e


68

determinação de seus esforços solicitantes. Dependendo da seqüência executiva da obra,

outras etapas de processamento podem ser incorporadas às mesmas.

4.1.2 Método das Cargas Fictícias

A primeira técnica usual de simulação bidimensional do avanço da frente de escavação

consiste em remover o núcleo e aplicar forças nodais no contorno da escavação, de modo a

equilibrar as tensões iniciais do maciço (Figuras 38a e 38b). Nenhuma perturbação é

introduzida no estado inicial de tensões. Essa etapa reproduz uma situação em que a frente de

escavação encontra-se muito distante da seção analisada.

À medida que a frente de escavação aproxima-se dessa seção, as tensões no maciço

são redistribuídas, como o apresentado no Capítulo 2. Essa etapa de processamento é

realizada aplicando-se um fator de redução gradativo às forças nodais aplicadas no contorno,

até resultar em forças nulas para o caso da escavação ter passado por esta seção, instante em

que ocorre toda dissipação de tensões devido à construção do túnel (Figura 38c).

Em algum momento durante a aplicação do fator de redução, o suporte é aplicado

contra o contorno da escavação (Figura 38d). Essa etapa é simulada inserindo-se no sistema

elementos para simularem o suporte da escavação. Percebe-se que quanto maior for o atraso

da instalação do suporte, maiores as deformações e as tensões de cisalhamento no maciço, até

o instante em que o suporte se mostra apto a suportar as cargas. Na prática, adota-se um fator

de redução ou fator de alívio às cargas nodais para, simultaneamente, inserir o suporte da

escavação e anular as cargas nodais reduzidas em uma etapa seguinte do processamento.

Usualmente, condiciona-se o fator de alívio ao atraso do fechamento do arco invertido do

túnel, o qual é determinado através das condições de estabilidade e da seqüência construtiva

empregada.
69

σ v = Po σ v = Po

σ h = KoPo σ h = KoPo

(a) (b)

σ v = Po σ v = Po

σ h = KoPo σ h = KoPo

(1−α) f

(c) (d)
Figura 38 – Etapas da técnica das cargas fictícias: (a) estado inicial de tensões; (b) aplicação de cargas
de equilíbrio; (c) aplicação do fator de alívio e (d) aplicação do suporte

4.1.3 Método do Amolecimento de Núcleo

Outra técnica usual para simulação de uma frente de escavação consiste na redução

progressiva da rigidez do núcleo da escavação, também denominada de amolecimento de

núcleo (“core”). Aqui, a zona escavada encontra-se “preenchida” por elementos cuja rigidez

varia de um estado inicial de tensões até zero. Essa técnica permite simular o processo

tridimensional de arqueamento de tensões no maciço.


70

A chave para a aplicação do método consiste na utilização de algumas camadas de

elementos sobrepostas uma as outras, compartilhando os mesmos pontos nodais da região a

ser escavada. A rigidez total do conjunto dessas camadas é dada pela soma algébrica da

rigidez de cada camada, equivalendo à rigidez original do maciço circundante, conforme pode

ser observado na Figura 39. A escavação do túnel é simulada removendo-se gradativamente

cada uma das camadas até a completa remoção das mesmas, ou seja, a redução da rigidez do

maciço na região a ser escavada é simulada removendo-se seqüencialmente cada camada em

cada estádio de simulação. A técnica de manipulação da rigidez do núcleo da escavação

permite simular a terceira dimensão ausente em uma análise bidimensional.

Figura 39 – Considerações para simulação do alívio de frente pela técnica da redução progressiva da
rigidez do núcleo da escavação (adaptado de Ohnish et al., 1982)

Para a correta aplicação do método, torna-se necessário estabelecer uma relação entre

o histórico de deslocamentos com o avanço da frente de escavação e definir uma função

normalizada para essa relação. Em Ohnish et al. (1982), um histórico de deslocamentos

ocorridos em uma escavação não suportada foi normalizado a partir de dados da

instrumentação de campo e de uma simulação elástica tridimensional por elementos finitos.


71

Uma simulação axi-simétrica do problema foi realizada a posteriori e os resultados indicaram

uma adequada concordância. A Figura 40 apresenta os resultados das análises.

Figura 40 – Histórico de deformações em relação ao avanço da frente de escavação (adaptado de


Ohnish et al., 1982)

Ohnishi et al. (1982) assumem que, uma vez definida a curva normalizada de rigidez

do sistema para o caso de uma escavação não suportada, a mesma curva pode ser utilizada

para o caso de uma escavação suportada.

Aplicando-se o método, torna-se possível determinar o quanto da rigidez inicial do

maciço deve ser removida para simular deslocamentos a partir da frente de escavação até uma

determinada distância adiante da escavação.


72

4.2 Influência da geometria da escavação no comportamento geomecânico de maciços

em solo

4.2.1 Introdução

Nesse capítulo é realizado um estudo sobre a influência da geometria da escavação na

distribuição de tensões e deformações em um maciço em solo e em seu suporte. A

metodologia consiste em simular numericamente diferentes soluções de geometrias para uma

seção de escavação, mantendo-se as condições iniciais de carregamento e de contorno.

A seção utilizada como referência para as análises é a calota do Túnel Luminárias da

Linha 2 – Verde do Metrô de São Paulo. Esta seção apresenta aproximadamente 55m2 e

apresenta uma relação Largura/ Altura (L/H) próxima a dois. O túnel apresenta uma cobertura

aproximada de 12m, o que o enquadra na categoria de túnel raso (cobertura inferior a dois

diâmetros equivalentes). A Figura 41 apresenta a seção utilizada como referência.

Figura 41 –Geométricas da seção de escavação da calota do Túnel Luminárias

A geologia local é formada por sedimentos terciários da Formação São Paulo, que

apresenta alternâncias aleatórias de camadas argilosas e arenosas. A Figura 42 apresenta a

geologia considerada para o trecho estudado.


73

SPT
N-valores 0,00
2
Argila siltosa média vermelha 6
7
NA= -5m 7 -4,50
9
10
11
Areia fina a média argilosa 12
14
medianamente compacta 18
18 -11,80
20
22
25
17
20
28
30
32
Argila siltosa rija e dura, variegada 30
21
com lentes de areia de ocorrência difusa 22
28
30
34
35
36
40 -28,00
Figura 42 – Seção geológica considerada para o Túnel Luminárias

O modelo constitutivo adotado para o maciço é do tipo elasto-plástico perfeito, com

fluxo não associado e critério de escoamento definido pela superfície de Mohr-Coulomb. O

suporte da escavação é simulado como um material do tipo elástico linear. A Tabela 12

apresenta as propriedades dos materiais utilizadas nessa análise.

Tabela 12 – Características dos Materiais empregados na análise (RT-4.10.00.00/4C3-002)


Parâmetro 3Ag1 3Ar1 3Ag2 Suporte

Nspt s nas camadas (golpes) 5-8 10-20 25-40 -
Módulo de Elasticidade Tangencial (Eo) 15 MPa 30 MPa 65 MPa 10 GPa
Coeficiente de Poison (ν) 0,30 0,30 0,30 0,25
Peso específico (γ) 18 KN/m3 19 KN/m3 20 KN/m3 25 KN/m3
Ângulo de atrito (φ’) 25º 32º 21º -
Coesão efetiva (c’) 30 KPa 3 KPa 100 KPa -
Ângulo de dilatância (ψ) 0 0 0 -
Coeficiente de empuxo em repouso (Ko) 0,80 0,80 0,80 -
74

As simulações são realizadas em três etapas seqüenciais, impondo-se restrições de

deslocamento horizontal nos bordos laterais da malha de elementos finitos.

Na primeira etapa da simulação, as tensões iniciais, σv e σh, são impostas no maciço

geológico através do artifício numérico de aplicar o coeficiente de empuxo em repouso, Ko, a

partir do ajuste do coeficiente de Poisson pela solução elástica de Ko = ν . Ao término


1 −ν

desta etapa, os deslocamentos e as deformações decorrentes são anulados.

Tendo estabelecido o campo de tensões no maciço, reajusta-se o coeficiente de

Poisson para o seu valor real no início da segunda etapa da simulação, o que permite avaliar

corretamente os deslocamentos e as deformações das etapas seguintes de simulação.

As duas etapas seguintes simulam o fenômeno tridimensional de arqueamento de

tensões, escavação e instalação do suporte. O efeito tridimensional do avanço da face é

simulado pela técnica de amolecimento de núcleo de Ohnish et al. (1982), assumindo duas

camadas sobrepostas de elementos na região da malha que simula a área a ser escavada. A

relação entre as rigidezes destas camadas é obtida da Figura 39, assumindo que a face de

escavação esteja a um diâmetro equivalente de distância para o ponto onde o suporte esteja

efetivamente trabalhando. A camada de maior rigidez é removida da análise na segunda etapa

da simulação, enquanto que a segunda camada é removida na terceira etapa. A inserção da

camada de elementos que simula o suporte da escavação é realizada nesta etapa. As etapas de

processamento são resumidas na Tabela 13.

Tabela 13 – Descrição das Etapas de Processamento


Etapa Descrição Característica
 Imposição das tensões iniciais (σv e σh)
1 Imposição das tensões in-situ
 Anulação das deformações e dos deslocamentos
 Reajuste do coeficiente de Poisson
2 Amolecimento de núcleo
 Remoção da primeira camada de elementos do núcleo
Escavação e instalação do  Remoção da segunda camada de elementos do núcleo
3
suporte  Inserção da camada de elementos do suporte
75

4.2.2 Simulação de túnel circular executado por máquina tuneladora sem couraça

A seção de referência é primeiramente aproximada por um túnel circular de 8,36m de

diâmetro, para simular uma escavação hipotética de um túnel por uma máquina tuneladora,

com montagem do revestimento acontecendo fora da couraça. A Figura 43 apresenta a

geometria da malha utilizada nesta simulação.

(a) (b)
Figura 43 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)

O maciço está inicialmente submetido ao campo de tensões indicado na Figura 44:

(a) (b)
Figura 44 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa

Na configuração final, ou seja, após a remoção das camadas que constituem o núcleo e

inserção da camada que simula o suporte da escavação, a redistribuição de tensões gera o

campo de tensões indicado na Figura 45, ao qual o suporte da escavação estará submetido:
76

(a) (b)
Figura 45 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa

Pela Figura 45, observa-se um acréscimo de tensões verticais nas laterais da escavação

e também um acréscimo de tensões horizontais na calota superior e no “invert” da escavação,

denotando o arqueamento de tensões.

A Figura 46 apresenta as direções das tensões principais no maciço, σI e σIII. Como

esperado, as tensões principais menores, σIII, induzem uma convergência da seção de

escavação, enquanto que as tensões principais maiores, σI, evidenciam o arqueamento das

tensões no plano da escavação.

(a) (b)
Figura 46 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)

As tensões de cisalhamento e as deformações plásticas mobilizadas são apresentadas

na Figura 47. Nesta, é possível notar que as plastificações no maciço ocorrem em pontos

localizados no entorno da escavação e na camada de areia sobrejacente. Não há, no entanto,

indícios de formação de um mecanismo cinemático de ruptura.


77

(a) (b)
Figura 47 – Tensões de cisalhamento e deformações plastificas desenvolvidas

As magnitudes as tensões principais no suporte da escavação são apresentadas na

Figura 48, onde se observam tensões de compressão ao longo de todo o suporte. Suas direções

principais são apresentadas na Figura 49, e mostram que as excentricidades decorrentes são

mínimas a ponto de não gerar tensões de tração no suporte.

(a) (b)
Figura 48 – Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da escavação
78

(a) (b)
Figura 49 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da escavação

4.2.3 Túnel convencional não circular com emprego de suporte em concreto projetado no

arco invertido da escavação

Neste capítulo, adota-se a seção do túnel de referência para simular a execução de um

túnel convencional com aplicação de concreto projetado e arco invertido. A Figura 50

apresenta a geometria da malha empregada na análise.

(a) (b)
Figura 50 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)

O maciço está inicialmente submetido ao campo de tensões indicado na Figura 51:


79

(a) (b)
Figura 51 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa

Na configuração final, ou seja, após a remoção das camadas que constituem o núcleo e

inserção da camada que simula o suporte da escavação, a redistribuição de tensões gera o

campo de tensões indicado na Figura 52. Mesmo com uma relação Largura/ Altura (L/H)

desfavorável, o fenômeno de carregamento e alívio de tensões no maciço geológico também é

observado neste caso.

(a) (b)
Figura 52 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa

A Figura 53 apresenta as direções das tensões principais maior, σI, e menor, σIII,

atuantes no maciço. Também sob esta geometria observa-se que as tensões principais menores

induzem convergências na seção, enquanto que as tensões principais maiores evidenciam o

arqueamento das tensões no plano da escavação. Na Figura 53 (b), as indicações em vermelho

significam tensões de tração que aparecem no contato entre o maciço e o suporte por

decorrência de tensões de tração que ocorrem no suporte, nestes locais. Obviamente, tais

tensões não são resistidas pelo maciço, o que pode denotar um “escorregamento” relativo do

maciço com o suporte.


80

(a) (b)
Figura 53 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)

As tensões de cisalhamento e as deformações plásticas são apresentadas na Figura 54.

Nota-se que as plastificações continuam controladas, sem haver indícios para a formação de

um mecanismo de ruptura. Como observado, as plastificações concentram-se na região de

apoio da cambota e na camada de areia sobrejacente. Também é possível notar que a

magnitude e a abrangência das tensões de cisalhamento mobilizadas no maciço são maiores

do que a magnitude e a abrangência dessas na simulação da seção circular.

(a) (b)
Figura 54 – Tensões de cisalhamento (em kPa) e deformações plastificas específicas desenvolvidas

As magnitudes das tensões principais no suporte da escavação são apresentadas na

Figura 55. Nesta, é possível observar excentricidades das tensões que geram flexões em

determinados pontos do suporte. Há, inclusive, tensões de tração por decorrência, mas que
81

não chegam a ser relevantes pela sua magnitude, e pelo fato do suporte ser normalmente

reforçado com elementos metálicos neste tipo de escavação (escavação rasa em maciço

terroso com Ko<1).

(a) (b)
Figura 55 – Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte em kPa

As direções das tensões principais maior (σI) e menor (σIII) no suporte da escavação

são indicadas na Figura 56 e evidenciam a excentricidade das tensões e as decorrentes tensões

de tração em determinados pontos do suporte.

(a) (b)
Figura 56 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte

Como é possível inferir, para este caso, a forma geométrica é a responsável pelo

aparecimento das tensões de tração no suporte da escavação. Também é possível observar que

a forma em tubo permite com que a seção esteja praticamente toda comprimida aponto de não

haver grandes flexões na calota e no arco invertido do túnel.


82

4.2.4 Túnel convencional não circular sem emprego de suporte no arco invertido

Nessa etapa é simulada uma escavação que não emprega o suporte na região do arco

invertido, para mostrar como as tensões mobilizadas no suporte carregam o maciço. Esta

geometria é muito utilizada em maciços rochosos, pouco fraturados, e que apresentam elevada

rigidez. A Figura 57 apresenta a malha utilizada nesta análise.

(a) (b)
Figura 57 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)

O maciço está inicialmente submetido ao campo de tensões indicado na Figura 58:

(a) (b)
Figura 58 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa

Após a fase de amolecimento de núcleo, em uma fase imediatamente anterior à

aplicação do suporte das escavações, a redistribuição de tensões gera o campo de tensões

indicado na Figura 59, ao qual o suporte da escavação estará submetido. Também para essa

seção é possível observar os fenômenos de carregamentos e alívios de tensões no maciço.


83

Estes resultados mostram que as tensões sempre buscam as direções que conferem o

equilíbrio para as escavações. Em outras palavras, os resultados mostram que o maciço

geológico, quando escavado, sempre busca a sua auto-sustentação.

(a) (b)
Figura 59 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa

As direções principais dessas tensões são apresentadas na Figura 60 e corroboram para

as hipóteses de arqueamento de tensões no plano da escavação e convergência da seção.

(a) (b)
Figura 60 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)

As tensões de cisalhamento e as deformações plásticas desenvolvem-se em uma maior

extensão no maciço, como apresentado na Figura 61. Devido à forma como as tensões no

suporte são descarregadas no maciço, notam-se deformações plásticas abaixo da região de

apoio do suporte, evidenciando um comportamento diferente das simulações anteriores.


84

(a) (b)

Figura 61 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plastificas (b) desenvolvidas

O campo de tensões gerado no maciço mobiliza, no suporte da escavação, as tensões

indicadas na Figura 62. As Figuras 62(a) e 62(b) apresentam as direções principais das

tensões no suporte, respectivamente σI e σIII, enquanto que as Figuras 62(c) e 62(d)

apresentam suas magnitudes. Pela Figura 62 é possível comprovar que o suporte da escavação

em forma de arco busca o maciço como apoio, e que esta faz com que as tensões mobilizadas

gerem grandes flexões no suporte, inclusive com tensões de tração.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 62 –Direções e Magnitudes das tensões principais maior (σI, a e c) e menor (σIII, b e d)
mobilizados no suporte da escavação
85

4.2.5 Análises dos resultados

Inicialmente, pode-se observar que a pequena proximidade entre o túnel e a superfície

do terreno faz com que a relação largura/ altura da seção exerça grande influência na resposta

do maciço. Conseqüentemente, critérios semi-empíricos de estabilidade e previsão de

recalques baseados na adoção de parâmetros geotécnicos médios para o maciço e no diâmetro

equivalente da seção podem não refletir o real comportamento do solo.

A Figura 63 ilustra esta hipótese apresentando os resultados de recalques superficiais

para as três seções simuladas. Nela, é possível observar que as previsões são muito mais

pessimistas para as seções não circulares.

Distância para o centro do túnel (m)


0
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50
-5

-10

-15

-20

-25

-30

-35
Túnel Circular em 'Shield'
Túnel Convencional Luminárias -40
Túnel Convencional em arco Recalques (mm)
-45

Figura 63 – Previsões numéricas de recalques para diferentes geometrias de escavação

As direções principais das tensões no maciço mostram que as tensões principais

menores no maciço, σIII, são as responsáveis pela convergência da seção de escavação,

enquanto que as tensões principais maiores, σI, evidenciam o arqueamento das tensões no

plano da escavação.
86

As tensões de cisalhamento e as deformações plásticas mobilizadas foram menores na

seção circular e maiores na seção em arco, corroborando para um dos postulados de Müller e

Fecker (1978) para o NATM, segundo o qual as formas mais circulares são as que melhor

contribuem para a distribuição de tensões no maciço e no suporte.

A Figura 64 apresenta as deformações plásticas e o campo de deslocamentos

resultantes da simulação da seção em arco. Em teoria, a concentração de tensão faz ocorrer

deformações plásticas na extremidade do apoio do suporte para qualquer valor de

carregamento. No entanto, observa-se que a área plastificada ocorre além das extremidades

deste. Um mecanismo cinemático de colapso pode ser identificado, ainda que com

deformações plásticas controladas. Para maiores deformações plásticas, o solo adjacente ao

suporte pode mover-se segundo o campo de velocidades indicado. Deluzarche et al. (2002)

propõem um modelo para calcular a estabilidade de taludes em situações similares.

Figura 64 – Plastificações desenvolvidas e vetor deslocamento

Na seção que emprega o suporte no arco invertido, este não somente contribui para o

confinamento do material sob a escavação como também impede a tendência de


87

movimentação do maciço segundo o campo de deslocamentos indicado. Este suporte deve,

portanto, ser devidamente dimensionado para os esforços solicitantes resultantes.

Com relação às tensões desenvolvidas no suporte, estas sempre buscam a direção de

maior rigidez para conferir o menor gasto energético para a estrutura. Na simulação da seção

de referência, mostra-se que as tensões migram para o arco invertido, enquanto que na

simulação do túnel em arco, as tensões são descarregadas diretamente no maciço. Isto

corrobora para as deformações plásticas serem maiores na simulação da seção em arco.

Na simulação da seção de referência, as tensões de tração no extradorso do túnel,

embora pequenas, são decorrentes da grande excentricidade do fluxo de tensões normais nessa

região. A condição de carregamento com Ko inferior à unidade contribui para este resultado,

uma vez que a direção de maior rigidez do tubo é perpendicular à direção do maior

carregamento. Uma melhor condição de carregamento do suporte é obtida conferindo uma

forma mais circular para a escavação.

Outra forma de melhor redistribuir as tensões no maciço e no suporte seria melhorar as

propriedades de seus materiais. Isso pode ser conseguido dutilizando-se o suporte da

escavação com uma tela metálica ou empregando-se concreto com fibras metálicas. A

dutilização do suporte da escavação permite aproximar a estrutura do túnel ao ideal postulado

por Peck (1969), em que o suporte deforma mais e redistribui melhor as tensões no maciço.

Ishitani (1990) apresenta um modelo de redistribuição de esforços no suporte,

considerando a não linearidade física do concreto e na não linearidade geométrica da

estrutura. Essa metodologia pode ser incorporada para considerar a dutilização do suporte,

inserindo limites aceitáveis de plastificação na estrutura. Atenta-se somente para o fato de que

uma dutilização da estrutura tende a gerar deslocamentos e deformações maiores.


88

5 Estudo de Caso

5.1 Introdução

Neste capítulo é realizado um estudo da obra do Túnel Paraíso da Linha 2 – Verde do

Metrô de São Paulo. A metodologia da análise consiste em simular a escavação do túnel

considerando, para o maciço geológico, os modelos constitutivos de Mohr-Coulomb e Cam-

Clay modificado. O efeito tridimensional do arqueamento de tensões será simulado segundo a

técnica de alívio de miolo proposta por Ohnish et al. (1982). O objetivo é analisar

conceitualmente as diferenças obtidas nos resultados das simulações com os dois modelos.

Esse túnel já foi objeto de análise por Sousa (1998, apud França, 2006), Parreira

(1991), Azevedo et al. (2002) e França (2006). Os três primeiros autores empregam o modelo

de Lade (1977, 1979) para representar o maciço geológico, enquanto França (2006) estuda o

Túnel Paraíso sob o modelo de “Hardening Soil”. Todos estes estudos simularam o efeito

tridimensional da escavação pela técnica das cargas fictícias.

O Túnel Paraíso está situado nas intermediações da Estação Paraíso, entre o Poço

Paraíso e o Poço IOB. O túnel foi escavado pelo método do NATM e apresenta

aproximadamente 103 metros de extensão. Sua altura máxima é de 8,40 metros, e sua largura

máxima de 11,40 metros, totalizando uma seção de escavação de 76,4 m2. O suporte da

escavação consiste numa camada de concreto projetado de 20cm de espessura, sendo

posteriormente revestida com outra camada de 15cm de concreto projetado. A Figura 65

apresenta os dados geométricos do túnel simulado.


89

2
0,
5
R5

0,1
27°

,97
8,41

R3,27

56°
52°

7
,4

°
45
R2 9
R8,8

11,5
Figura 65 – Seção Transversal do Túnel Paraíso

A cobertura de solo existente no local varia entre 6 a 9 metros, o que enquadra o túnel

na categoria de túneis rasos. No presente estudo, a cobertura de solo sobre o túnel totaliza

7,60 metros, coincidindo com uma seção de instrumentação local.

A escavação do túnel obedeceu aos princípios do NATM e foi seqüenciada em três

fases. Inicialmente, a calota era escavada em dois lances consecutivos de 80cm, sendo

mantido o núcleo central. Em seguida, dois perfis metálicos do tipo I5” eram posicionados

contra o solo, e uma camada de 20cm de concreto era projetada sobre esses. A segunda fase

consistia na escavação do núcleo central após a consolidação do suporte. Essas fases eram

repetidas até um avanço máximo de 6,40 metros da frente de escavação. Finalmente a

bancada inferior era escavada em passos de 1,60 metros, seguida da instalação de uma tela

metálica e aplicação de 20cm de concreto projetado. A Figura 66 apresenta, de forma

simplificada, a seqüência executiva do túnel.


90

Seção Transversal Seção Longitudinal

4,8

6,4 1,6 1,6 1,6

Figura 66 – Seqüência Executiva empregada

5.2 Caracterização Geológica e Geotécnica

A obra está inserida no contexto geológico da Bacia Sedimentar de São Paulo, na cota

aproximada de 814m acima do nível do mar. A geologia local é formada predominantemente

por sedimentos argilosos de origem terciária, que apresentam uma uniformidade geológica e

geotécnica ao longo dessa cota. Esses sedimentos ocorrem ao longo de todo o espigão da

Avenida Paulista e também no trecho da obra. As camadas mais superficiais desses

sedimentos sofreram intenso processo de laterização, o que lhes conferiu uma estrutura porosa

e uma coloração característica, de cor vermelha acastanhada. São as chamadas argilas porosas

vermelhas da cidade de São Paulo (3AgP1), e suas propriedades e características geotécnicas

podem ser observadas em Cozzolino (1972), Massad et al. (1992) e Vargas (2002).

Na ocasião da obra, o lençol freático situava-se aproximadamente a 12,0m de

profundidade, coincidindo com o início de uma camada de argila siltosa variegada (3Ag1), de

consistência rija a dura, e de menor porosidade em relação às camadas mais superficiais.

Abaixo dessa, ocorre uma camada de areia argilosa compacta, de pouca relevância para o

presente estudo. A Figura 67 apresenta a seção geológica local utilizada nessa análise.
91

SPT
N-valores
0,00
Aterro 2
2 -2,00
4
4
Argila porosa siltosa
4
Média a Mole
6 -6,00
6
7
Argila porosa siltosa 9
Média a Rija 8
11 -11,00
NA= -12m
9
16
16
17
20
12
Argila siltosa
13
Variegada, Rija a Dura 19
22
21
22 -22,00
Areia argilosa variegada 28
Compacta a muito Compacta 23
35/25 (m)
Figura 67 – Perfil Geológico local (adaptado de Parreira, 1991)

A Tabela 14 apresentada alguns índices físicos para os solos locais obtidos por

Parreira (1991) a partir de dados experimentais do Poço Gazeta, localizado na região do

número 901 da Avenida Paulista. Atenta-se para os dados de índices de vazios e tensões de

pré-adensamento, que evidenciam a diferenciação estrutural desses solos.

Tabela 14 – Caracterização dos solos na região do Túnel Paraíso (Parreira, 1991)


Prof ρ ρs LL Areia Silte Argila po
W (%) eo Sr (%) IP (%)
(m) (g/cm3) (g/cm3) (%) (%) (%) (%) (KPa)
3,5 41,5 1,62 69,6 1,47 2,72 78,8 29,3 5 16 79 127,5
6,5 41,0 1,52 72,4 1,50 2,68 73,8 25,7 5 28 67 196,0
9,5 36,5 1,04 92,2 1,76 2,63 89,5 42,1 3 3 94 760,0
12,5 37,1 1,02 96,8 1,81 2,65 90,8 43,4 10 1 89 814,0

5.2.1 Parâmetros para as simulações com Mohr-Coulomb

Na Tabela 15 são apresentados os dados de resistência e deformabilidade, utilizados

nas análises com o modelo de Mohr-Coulomb com fluxo não associado e dilatância nula.
92

Tabela 15 – Parâmetros utilizados nas simulações com Mohr-Coulomb


γnat N spt Eo ϕ’ c’
Camada OCR Ko ν
(kN/m3) (golpes) (MPa) (º) (kPa)
Aterro 16 2,0 10,0 20,0º 10,0 1,00 0,66 0,30
3AgP1 mole a média 16 4,5 22,5 23,3º 35,4 1,10 0,64 0,30
3AgP1 media a rija 16 8,2 41,0 27,2º 39,8 1,50 0,68 0,30
3Ag1 20 17,0 85,0 25,0º 66,2 1,75 0,80 0,30

Os parâmetros de resistência (coesão e ângulo de atrito) foram obtidos de ensaios

triaxiais de compressão e de extensão lateral realizados por Parreira (1991). Para o módulo

tangente inicial, Eo, assumiu-se um valor médio para cada camada, utilizando-se o limite

superior da correlação apresentada por Negro et al. (1992), Eo = 5x N spt, sendo N spt a média

dos Nspt’s ao longo de cada camada. O coeficiente de empuxo em repouso, Ko, foi obtido da

correlação empíria de Schmidt (1966, apud. Pinto, 1998), Ko= (1-sen ϕ’)xOCRsen ϕ’.

Os parâmetros de resistência da camada de aterro foram extraídos do Relatório

Técnico do Metrô de São Paulo para a Linha 4 – Amarela, RT-4.10.00.00/4C3-002-A (1994),

sendo adotado o valor de 0,3 para o coeficiente de Poisson.

5.2.2 Parâmetros para as simulações com Cam-Clay Modificado

O módulo cisalhante, G, de cada camada foi obtido a partir de Eo e ν adotados para o

Modelo de Mohr-Coulomb, conforme a Equação 2.34. A componente de atrito do modelo de

Cam-Clay Modificado, M, foi determinada a partir do ângulo de atrito assumido para o

modelo de Mohr-Coulomb, conforme a Equação 2.36.

Para cada camada geológica, o correspondente coeficiente angular do trecho de

compressão normal da curva de adensamento isotrópica, λ, foi obtido da relação que este

guarda com o índice de compressão do material, Cc, conforme apresentado na Equação 2.37.
93

Já o coeficiente angular do trecho de recompressão/descompressão, κ, foi assumido como a

média entre 1/5 e 1/3 do valor de λ, conforme apresentado no Capítulo 2.6.2.

O índice de compressão, Cc, para as camadas terciárias foi determinado a partir da

relação com o índice de vazios do solo, apresentada para os solos da cidade de São Paulo por

Massad et al (1992). Já para a camada de aterro, empregou-se a correlação proposta no

Relatório Técnico do Metrô, RT-4.10.00.00/4C3-002-A (1994), em que se adota o limite

inferior da correlação existente para as argilas siltosas aluvionares quartenárias dos córregos

do Pirajussara e do Guarapiranga. A Tabela 16 apresenta as correlações empregadas e os

valores do índice de compressão obtidos.

Tabela 16 – Correlações empregadas para obtenção do índice de compressão do material


Camada eo Correlação empregada Cc Cc/(1+eo)

(1 + eo ) = 0,07
Aterro 1,85 Cc (RT-4.10.00.00/ 4C3-002, 1994) 0,20 0,07
3AgP1
1,62 Cc = 0,40 eo – 0,09 ± 0,06 (Massad et al., 1992) 0,56 0,21
mole a média
3AgP1
1,52 Cc = 0,54 eo – 0,13 ± 0,06 (Massad et al., 1992) 0,69 0,27
media a rija
3Ag1 1,02 Cc = 0,40 eo – 0,05 ± 0,07 (Massad et al., 1992) 0,36 0,18

Os parâmetros obtidos para a simulação pelo modelo de Cam-Clay Modificado são

então apresentados na Tabela 17.

Tabela 17 – Parâmetros utilizados nas simulações com Cam-Clay Modificado


γnat G po
Camada M λ κ eo
(kN/m3) (MPa) (KPa)
Aterro 16 3,6 0,7721 0,0866 0,0231 1,85 1,0
3AgP1 mole a média 16 8,1 0,9112 0,2423 0,0646 1,62 127,5
3AgP1 media a rija 16 14,6 1,0785 0,3000 0,0800 1,52 196,0
3Ag1 20 29,4 0,9838 0,9838 0,0419 1,04 814,0
94

5.3 Resultados Numéricos

As simulações numéricas foram seqüenciais e realizadas em três etapas, segundo a

metodologia apresentada no Capítulo 4. A simulação do efeito tridimensional do arqueamento

das tensões foi realizada em duas etapas pelo método de alívio de núcleo, segundo proposta

de Ohnish et al. (1982). Para tanto, foram empregadas duas camadas de elementos

sobrepostas para simular a escavação do túnel. A relação entre suas rigidezes foi obtida a

partir da Figura 39, para o atraso de frente de 6,40m, conforme apresentado na Figura 66.

O suporte da escavação foi simulado com elementos de viga e suas propriedades

geométricas definidas a partir dos dados apresentados na Figura 65. Para o módulo de

elasticidade do suporte foi assumido um valor médio de 10GPa, conforme Kuwajima (1991).

Na primeira etapa de simulação, foram determinadas as tensões in-situ no maciço, e na

segunda etapa, a camada de elementos de maior rigidez da região do núcleo foi removida para

simular o seu efeito de amolecimento. Na etapa final, removeu-se a segunda camada de

elementos ao mesmo tempo em que se inseriu a camada de elementos que simula o suporte.

A Figura 68 apresenta a malha de elementos finitos utilizada nas simulações. A

dimensão da malha sob a região do túnel foi fixada em meio diâmetro equivalente, conforme

critério estabelecido por Hartmann (1970, apud Kuwajima, 1991), para minimizar o efeito de

soerguimento da malha decorrente da remoção de elementos durante as análises.

Figura 68 – Malha de elementos finitos empregada nas retroanálises do Túnel Paraíso


95

Somente os resultados da etapa final da simulação numérica são apresentados, e

somente aqueles que servirão de base para as análises das diferenças de comportamento entre

os modelos utilizados.

As tensões de cisalhamento e as deformações plásticas mobilizadas após a etapa da

simulação da escavação do túnel são apresentadas nas Figuras 69 e 70.

(a)

(b)
Figura 69 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plásticas (b) desenvolvidas sob o modelo de
Mohr-Coulomb
96

(a)

(b)
Figura 70 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plásticas (b) desenvolvidas pelo modelo de
Cam-Clay Modificado

Nas Figuras 69 e 70, observa-se que as deformações plásticas desenvolvidas na calota

do túnel abrangem uma maior extensão com o modelo de Cam-Clay Modificado enquanto que

no modelo de Mohr-Coulomb, as deformações plásticas ficam restritas ao contorno da

escavação. No entanto, enquanto as deformações plásticas no modelo de Mohr-Coulomb

podem indicar mecanismos de ruptura, as deformações plásticas no modelo de Cam-Clay

Modificado indicam uma alteração da superfície de escoamento.

No modelo elasto-plástico perfeito de Mohr-Coulomb, a superfície de escoamento

permanece fixa no espaço das tensões, independente do nível de deformação plástica

ocorrido. Ou seja, não há endurecimento do material. Já no modelo de Cam-Clay Modificado,

a superfície de escoamento se altera conforme o nível de deformações plásticas. Ou seja, há

endurecimento e a resistência do material ao escoamento aumenta ou diminui com a

deformação plástica. Apenas um estudo sobre as deformações volumétricas permitirá dizer se

a resistência do material aumentou com a deformação plástica.

As Figuras 71 e 72 apresentam as deformações verticais e horizontais resultantes.


97

(a)

(b)
Figura 71 – Recalques segundo modelos de Mohr-Coulomb (a) e Cam-Clay Modificado (b)

(a)

(b)
Figura 72 – Movimentos Horizontais obtidos pelos modelos de Mohr-Coulomb (a) e Cam-Clay
Modificado (b)

Nota-se que nas 71 e 72, os recalques superficiais obtidos pelo modelo de Mohr-

Coulomb abrangem uma extensão maior do que os recalques obtidos pelo modelo de Cam-
98

Clay Modificado. Quanto aos recalques subsuperficiais, pelo modelo de Mohr-Coulomb, as

deformações verticais nas camadas inferiores ao longo do eixo do túnel são sempre maiores

do que as registradas nas camadas mais superficiais. Já pelo modelo de Cam-Clay

Modificado, os maiores recalques ocorrem na camada de argila porosa mole.

Essa diferença de comportamento está associada ao fato do modelo de Mohr-Coulomb

não considerar os efeitos de alteração de volume do material quando de sua plastificação, fato

que ocorre com o modelo de Cam-Clay Modificado.

Conforme Britto e Gunn (1987), para materiais sobreadensados o modelo de Cam-

Clay Modificado prevê uma descompressão acompanhada de uma dilatação de material após

a sua plastificação. Para materiais pouco sobreadensados ou normalmente adensados, o

modelo de Cam-Clay Modificado prevê uma compressão acompanhada de uma redução de

volume.

À exceção da camada de aterro, simulada como um material normalmente adensado,

todas as camadas são sobreadensadas. O fato da camada de argila porosa mole ser menos

sobreadensada talvez possa explicar os maiores recalques aí registrados, uma vez que sua

dilatância é menor do que a ocorrida nos materiais das camadas mais inferiores.

A dilatância dos materiais também explica o fato das deformações horizontais se

concentrarem nas camadas mais superficiais e o porquê da bacia de recalques superficiais ser

mais concentrada na região da escavação, nos resultados obtidos com o modelo de Cam-Clay

Modificado.

5.4 Verificação dos Resultados com a Instrumentação Local

A Figura 73 apresenta a seção de instrumentação analisada, situada à Rua Paraíso,

entre as Ruas Maestro Cardim e Abílio Soares. Esta seção consta de sete marcos superficiais,
99

um inclinômetro instalado a seis metros do eixo do túnel, além de duas linhas de tassômetros

múltiplos instalados a 1,2m e 6,m do eixo do túnel.

Para a análise dos resultados numéricos com a instrumentação de campo, foi

necessário considerar a camada de pavimento existente no local nas simulações como uma

estronca superficial de inércia equivalente a 40cm de espessura e módulo de elasticidade de

1GPa, como sugerido por Parreira (1991) e França (2006). A sua inclusão deve-se ao fato da

camada de pavimento restringir a mobilidade horizontal não somente da camada de aterro

como também do inclinômetro instalado no campo.

Figura 73 – Seção de instrumentação analisada (adaptada de França, 2006)

Nas Figuras 74 e 75, são apresentados os recalques sub-verticais obtidos das

simulações numéricas e os registrados pelos tassômetros da instrumentação local.


100

Recalques subsuperficiais a 1,20m do eixo do túnel (mm)


0
-140 -120 -100 -80 -60 -40 -20 0
-1

-2

-3

-4

-5

-6
Resultados Morh-Coulomb

Resultados Cam-Clay Modificado -7


Profundidade
Instrumentação (m)

Figura 74 – Recalques sub-verticais em a 1,20 do eixo do túnel: Dados da instrumentação e resultados


numéricos obtidos para os modelos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay Modificado

Recalques subsuperficiais a 6,00m do eixo do túnel (mm)


0
-80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10

-5

-10

-15

-20

-25
Resultados Morh-Coulomb

Resultados Cam-Clay Modificado -30


Profundidade
Instrumentação (m)

Figura 75 – Recalques sub-verticais em a 6,00 do eixo do túnel: Dados da instrumentação e resultados


numéricos obtidos para os modelos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay Modificado
101

De imediato é possível notar que o modelo Cam-Clay Modificado forneceu resultados

mais condizentes com o comportamento do maciço do que o modelo de Mohr-Coulomb.

Percebe-se da Figura 74, que pelo modelo de Cam-Clay Modificado foi possível reproduzir a

tendência de recalques decrescentes com a profundidade até a profundidade de 4,0m na

camada de argila porosa mole. Pelo modelo de Mohr-Coulomb, estes recalques foram

crescentes com a profundidade.

Analisando a Figura 75, também é possível notar que o modelo Cam-Clay Modificado

mostrou tendências de recalques verticais fora do eixo do túnel muito mais condizentes com

os dados registrados pela instrumentação, principalmente nas camadas pouco sobreadensadas

das argilas porosas moles.

As Figuras 76 e 77 apresentam os recalques superficiais e as deformações horizontais

obtidos da instrumentação por marcos superficiais e o inclinômetro instalado a 6,0m do eixo

do túnel, e os correspondentes resultados numéricos.

Distância ao centro do túnel


0
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50

-0,02

-0,04

-0,06

-0,08

-0,1
Instrumentação
Resultados Mohr-Coulomb Recalques
-0,12
Resultados Cam-Clay Superficiais (m)

Figura 76 – Recalques superficiais obtidos por diferentes modelos constitutivos


102

Movimentos Horizontais a 6,00m do eixo do túnel (mm)


0
-5 0 5 10 15 20 25 30 35

-5

-10

-15

-20

Resultados Morh-Coulomb
-25 Resultados Cam-Clay Modificado
Profundidade
(m) Instrumentação

Figura 77 – Deslocamentos horizontais obtidas por diferentes modelos constitutivos

Da análise das deformações, é possível inferir que o modelo Mohr-Coulomb é o que

menos apresenta sensibilidade para reproduzir os resultados da instrumentação de campo em

simulações numéricas.

O modelo de Cam-Clay Modificado apresenta sensibilidade suficiente para reproduzir

as tendências de deformações horizontais registradas pelo inclinômetro. Adicionalmente, os

resultados obtidos para deformações verticais foram muito próximos aos observados em

campo, principalmente os registrados a distâncias superiores a 10m. Pelo modelo de Cam-

Clay Modificado, foi possível reproduzir a bacia de recalques de forma mais concentrada na

região central da escavação.

Os elevados resultados numéricos para deslocamentos horizontais junto ao contato da

camada de aterro com a camada de argila porosa mole podem ser atribuídos aos parâmetros

do modelo de Cam-Clay Modificado, estimados para a camada de aterro. A consideração de


103

algum sobreadensamento para a camada e uma melhor estimativa para o seu índice de vazios

podem resultar em melhores resultados nas análises numéricas.

5.5 Análises Finais dos Resultados

De início, é possível inferir que o modelo de Cam-Clay Modificado é capaz de

fornecer boas previsões de deslocamentos verticais e horizontais no solo, mesmo em solos

medianamente sobreadensados. Compete ainda lembrar que Queiroz (1996) já concluíra pela

adequabilidade do modelo para solos normalmente adensados ou pouco sobreadensados. Os

estudos aqui realizados reforçam essas conclusões.

As correlações de Massad et al. (1992), empregadas neste trabalho, são suficientes

para estimar os parâmetros do modelo, a menos dos adotados para as camadas de aterro.

Ainda sim, todos os parâmetros necessários para o modelo de Cam-Clay Modificado podem

ser facilmente obtidos através de ensaios triaxiais de compressão isotrópica, ou a partir de

correlações com resultados de ensaios triaxiais convencionais ou de ensaios de adensamento.

Dos resultados obtidos, verificou-se a influência do comportamento do material após

sua plastificação nos resultados finais de deformação. O modelo de Cam-Clay Modificado,

que considera a dilatância do material após sua plastificação, reproduziu melhor o

comportamento dos solos nas análises. Os resultados mostraram boa concordância com os

dados da instrumentação do túnel, além de mostrar que a dilatância do material após sua

deformação tem influência direta nas deformações finais. O modelo elasto-plástico perfeito de

Mohr-Coulomb não foi capaz de reproduzir o mesmo comportamento.

Dos resultados obtidos e dos dados de instrumentação obtidos, é possível inferir que o

índice de vazios do solo e sua história de carregamento são informações muito importantes

para entendimento ou previsão do comportamento. Tais informações não são consideradas


104

pelos modelos de Mohr-Coulomb e de Hardening Soil. Portanto, fica a recomendação para

que as investigações geotécnicas sejam conduzidas de modo a obter tais parâmetros.

Por fim, as simulações mostraram ser viável aplicar a proposta de Ohnish et al. (1982),

para simular o efeito tridimensional do arqueamento de tensões pelo método de alívio de

miolo em análises elasto-plásticas. Os resultados obtidos comprovam esta viabilidade.


105

6 Conclusões e Considerações Finais

No Capítulo 3 foi possível verificar a influência das características de uma malha de

elementos finitos nos resultados numéricos. Conforme apresentado, distâncias dos bordos da

malha para o centro da escavação, superiores a quatro diâmetros equivalentes, pouco influem

nos resultados das simulações. Em termos práticos, são até aceitáveis resultados numéricos

com malhas cujos bordos estejam, no mínimo, a dois diâmetros equivalentes do centro da

escavação. No entanto, este recurso é desaconselhável diante da capacidade de processamento

dos microcomputadores atualmente disponíveis no mercado.

Com relação ao refinamento da malha junto ao contorno da escavação, verificou-se

que os resultados numéricos são pouco influenciados quando se dispõe de elementos cuja

dimensão máxima seja da ordem de 5 a 10% do valor do raio equivalente do túnel. São

aceitáveis resultados com elementos de dimensão máxima equivalente a 20% do valor do raio

da escavação. Para este caso, no entanto, o erro obtido pode ser de até 10%.

Com vistas às simulações tridimensionais, este capítulo ainda mostrou que a utilização

de elementos triangulares simples para simular o suporte da escavação somente é válida

quando se dispõe de três linhas de elementos ao longo da espessura do suporte. Esta

conclusão foi baseada na constatação da influência dos elementos que simulam o maciço, e

que compartilham um mesmo nó de um elemento que simula o suporte.

A utilização de elementos isoparamétricos pode minimizar o problema. Ainda assim,

para este caso, fica a recomendação da utilização de duas linhas de elementos

isoparamétricos, uma vez que persiste a influência dos elementos externos vizinhos ao

suporte. Em simulações bidimensionais, a recomendação é pela utilização de elementos de

viga para representar o suporte.


106

Ainda neste capítulo simulou-se uma escavação não suportada em maciço do tipo

elasto-plástico perfeito, com critério de escoamento definido pela superfície de Mohr-

Coulomb. Foram realizadas simulações com leis de fluxo associado e não associado. Para a

superfície de escoamento adotada, os resultados para a lei de fluxo não associada

apresentaram uma melhor concordância para com os resultados obtidos pela solução analítica

de Salençon (1969).

Todos os resultados do Capítulo 3 serviram para mostrar a adequabilidade do

programa Tochnog como uma ferramenta numérica computacional

O Capítulo 4 apresentou a influência das características geométricas de uma seção de

escavação nas deformações e no quadro de estabilidade e segurança das escavações.

Mostrou-se que, em escavações rasas, a relação largura/ altura da seção influencia na

resposta de maciços em solo, principalmente quando esta relação é muito diferente da

unidade. Nestes casos, os critérios semi-empíricos de estabilidade e previsão de recalques

baseados no diâmetro equivalente da seção podem não refletir o real comportamento do solo.

As conclusões reforçam o conceito de que as formas mais circulares são as que melhor

contribuem para a distribuição de tensões no maciço e no suporte, como postulado por Müller

e Fecker (1978).

Também foi apresentada uma análise entre seções que empregam arco invertido e os

que não o empregam. Sobre o assunto, foi discutido como as seções que não empregam o arco

invertido podem ser mais inseguras para a escavação.

Esta discussão foi realizada com base na rigidez relativa entre suporte e maciço.

Mostrou-se que as tensões desenvolvidas no suporte sempre buscam a direção de maior

rigidez para conferir o menor gasto energético para a estrutura. Nas seções que empregam o

arco invertido, verificou-se que as tensões migram para este, enquanto que nas seções sem o

arco invertido, as tensões são descarregadas diretamente no maciço. É bem provável que em
107

túneis em rochas, ou em solos de rigidez elevada, esse fenômeno seja pouco significativo. No

entanto, em solos de menor rigidez, as tensões desenvolvidas no suporte buscam, sempre, o

caminho do arco invertido por ser este mais rígido.

Um assunto importante que, infelizmente, não foi possível ser abordado neste

Capítulo, envolve o estudo das tensões de cisalhamento no suporte da escavação,

principalmente no encontro da calota com o arco invertido. Nesta região, as tensões principais

no suporte costumam apresentam grande excentricidade em relação à linha média do suporte,

e as máximas tensões cisalhantes podem apresentar magnitude superior à capacidade resistiva

do suporte a este esforço. O problema pode ser mais acentuado nos casos em que são

empregados arcos invertidos provisórios que resultam em uma relação largura/ altura da

escavação diferente da unidade. Estudos específicos sobre o tema são sugeridos.

No Capítulo 5, o Túnel Paraíso do Metrô de São Paulo foi analisado empregando-se os

modelos constitutivos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay Modificado para o maciço geológico.

Foi possível inferir que, em túneis rasos, o critério de deformação plástica volumétrica

apresenta grande influência sobre os resultados esperados. Foram apresentadas as razões pelas

quais as escavações em argilas moles normalmente adensadas ou em areias fofas geram

recalques maiores, enquanto que em argilas sobreadensadas ou areias muito compactas as

escavações geram recalques menores. Materiais pouco sobreadensados ou normalmente

adensados tendem à contração quando se deformam, enquanto que materiais sobreadensados

tendem a dilatar-se.

O índice de vazios do solo e sua história de carregamento são informações muito

importantes para o entendimento ou previsão do comportamento dos materiais. As correlações

empregadas neste trabalho de Massad et al. (1992) são, a princípio, suficientes para estimar os

parâmetros do modelo de Cam-Clay Modificado para os solos terciários da Formação São

Paulo da Bacia Sedimentar de São Paulo. Ainda sim, estes parâmetros podem ser facilmente
108

obtidos de ensaios triaxiais de compressão isotrópica, ou de retroanálises de resultados de

ensaios triaxiais convencionais ou de adensamento. Fica, portanto, a recomendação para que

as investigações geotécnicas sejam sempre conduzidas de modo a fornecer tais parâmetros.

Mostrou-se que o modelo de Cam-Clay Modificado é capaz de fornecer boas previsões

de deslocamentos verticais e horizontais no solo, mesmo em solos sobreadensados. Os

estudos aqui realizados estendem as conclusões obtidas por Queiroz (1996) para solos

sobreadensados.

Por fim, as simulações mostraram ser viável aplicar a proposta de Ohnish et al. (1982)

para simular o efeito tridimensional do arqueamento de tensões pelo método de alívio de

miolo em análises elasto-plásticas. Os resultados obtidos comprovam esta viabilidade.

Como sugestões para desenvolvimento de trabalhos futuros, fica a indicação para o

estudo do suporte da escavação como um material dútil. A dutilização do suporte da

escavação permitiria aproximar a estrutura do túnel ao ideal postulado por Peck (1969) e

Müller e Fecker (1978), em que o suporte deforma mais e distribui melhor as tensões.

Ainda que Ishitani (1990) tenha apresentado um modelo de cálculo baseado na

redistribuição de tensões no suporte, existe a carência por um modelo constitutivo que de fato

modele o comportamento do concreto após a sua fissuração. A carência é ainda maior se

considerado o compósito concreto projetado com fibras metálicas.

Estudos do mesmo caso analisado com outros modelos constitutivos são ainda

recomendados. Os resultados numéricos aqui apresentados para o Túnel Paraíso nos solos

terciários da Bacia Sedimentar de São Paulo mostraram que uma previsão mais realista do

comportamento do material frente a uma escavação somente é possível se o modelo

constitutivo utilizado para modelar os solos considerar comportamentos anisotrópicos do

material segundo diferentes direções. São sugeridos modelos baseados na teoria do estado

crítico como o MIT-S1 (Pestana e Whittle, 1995, apud Queiroz, 1996) e o 3-SKH modificado
109

por Mašín (2003), que acrescenta um endurecimento cinemático no modelo de Cam-Clay

Modificado.

Em Mašín e Herle (2005) são ainda observadas análises de um túnel escavado nas

argilas de Londres com o modelo AI NLE, modelo elástico não-linear combinado com uma

anisotropia cruzada entre as deformações volumétricas e a tensão de cisalhamento, um

modelo elástico não-linear acoplado ao critério de escoamento de Mohr-Coulomb e o modelo

hipoplástico, Hypo IS, destinado a solos com baixo ângulo de atrito. Em Mašín e Desrues

(2005) é apresentada uma modificação para o modelo hipoplástico CloE, e em Mašín (2005) é

apresentado um modelo hipoplástico baseado na combinação da teoria do estado crítico com

os princípios básicos da hipoplasticidade.


110

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Butterworth-Heinemann, 2000. v.1
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA DOCUMENTO N° N° DE PÁGINAS

DM 12 de março de 2008 CTA/ITA/DM-002/2008 133


5.
TÍTULO E SUBTÍTULO:
Simulações Numéricas para Escavações Subterrâneas
6.
AUTOR(ES):

Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva


7
. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA
8.
PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:

Túneis/ Simulações Numéricas/ Métodos dos Elementos Finitos/ Modelo de Cam-Clay Modificado
9.
PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:

Túneis (escavação); Análise numérica; Método de elementos finitos; Simulação computadorizada;


Estruturas subterrâneas; Mecânica dos solos; Geotecnia; Engenharia geotécnica; Engenharia estrutural
10.
APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA , São José dos Campos. Curso de Engenharia de Infra-Estrutura Aeronáutica. Área de Infra-Estrutura
Aeroportuária. Orientador: Flávio Massayuki Kuwajima. Defesa em 22/02/2008. Publicada em 2008
11.
RESUMO:

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos e diretrizes para a modelagem de túneis e estruturas
subterrâneas pelo Método dos Elementos Finitos. Secundariamente, existe a proposta de se verificar a
adequabilidade do programa TOCHNOG como uma ferramenta computacional para a resolução de
problemas de natureza geotécnica. Uma revisão bibliográfica sobre as práticas correntes de previsão de
comportamento do solo frente às escavações é apresentada com o intuito de subsidiar as análises
numéricas. São abordadas questões sobre o comportamento do suporte da escavação e métodos de
obtenção de esforços solicitantes, bem como sobre modelos constitutivos comumente utilizados em
análises numéricas. Simulações numéricas são realizadas com o intuito de fornecer subsídios para a
modelagem e o refinamento de uma malha de elementos finitos, além de critérios para utilização de
elementos sólidos e de viga. O fluxo de tensões principais no suporte da escavação é estudado com o
objetivo de subsidiar a concepção da geometria de uma escavação e dirimir dúvidas quando ao emprego
do arco invertido provisório em túneis em solos. Por fim, uma retro-análise do Túnel Paraíso do Metrô de
São Paulo é realizada, empregando-se os modelos constitutivos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay
Modificado para representar o solo e a técnica de amolecimento de miolo para reproduzir o efeito
tridimensional do arqueamento de tensões. Comentários são realizados com o objetivo de fomentar futuras
pesquisas na área.

12.
GRAU DE SIGILO:

(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO

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