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SUBTERRÂNEAS
Campo Montenegro
São José dos Campos, SP – Brasil
2008
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) falso
Divisão de Informação e Documentação falso
Silva, Marco Aurélio Abreu Peixoto da
Simulações Numéricas para Escavações Subterrâneas / Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva.
São José dos Campos, 2008.
133f.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, Marco Aurélio Abreu Peixoto da. Simulações Numéricas para Escavações
Subterrâneas. 2008. 133f. Tese de mestrado – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos
Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DO AUTOR: Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva
TÍTULO DO TRABALHO: Simulações Numéricas para Escavações Subterrâneas
TIPO DO TRABALHO/ANO: Tese / 2008
É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias desta tese e
para emprestar ou vender cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva
outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida sem a sua autorização
(do autor).
___________________________
Marco Aurélio Abreu Peixoto da Silva
Rua Heitor Penteado nº1929, apto. 74. São Paulo/SP – Brasil.
III
SUBTERRÂNEAS
ITA
IV
À Flavia,
AGRADECIMENTOS
dedicada orientação, pelo incentivo, apoio e paciência ao longo destes anos de convívio.
Ao Geólogo Hugo, pela amizade, pelo incentivo e pelos preciosos ensinamentos sobre
Aos Professores Tarcisio Barreto Celestino e Paulo Ivo Braga de Queiroz, pelas ricas
Aos amigos Gabriel, Mônica, Tuta, Jú, Luiz, Ana, My, Jabur, Victor, Chuchu, Telma,
Carol, Bel, Martha, Sérgio e Rita pela amizade ao longo destes anos.
À minha mãe, Doutora em Letras pela FFLCH/USP, pelo amor e carinho que só a mãe
tem pelo filho, e pela preciosa contribuição através da revisão deste texto.
Ao Pérsio e à Dirce, pelo carinho e por me acolherem tão bem nesta linda família.
RESUMO
numéricas. Simulações numéricas são realizadas com o intuito de fornecer subsídios para a
solos. Por fim, uma retro-análise do Túnel Paraíso do Metrô de São Paulo é realizada,
ABSTRACT
This work presents guidelines for 2D Finite-Element analyses of Tunnel excavations. Also
this work intends to verify the capacity of the Tochnog program as a numerical skill to
Geotechnical Engineering problems solution. Numerical simulations have been made in order
to evaluate the necessary mesh geometry and refinement. A review of current models for
prevision of tunnel behavior is presented with the purpose to give validity to the numerical
analysis. A study of the main stress in a soft soil and in a tunnel support is made in order to
provide guidelines for the definition of the tunnel geometry. Also, a numerical study of the
use of the inverted arch in large sections has been made and it is shown how its absence can
be dangerous for the stability of tunnel excavation. Finally, a study of the influence of two
predictions is evaluated and compared with field data of a tunnel in tertiary soil. Comments
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3 – Relação de Tγ e Ts com o ângulo de atrito (adaptado de Atkinson e Potts, 1977) ..10
Figura 6 – Sólido deformável submetido a forças de superfícies {t} e de volume {f} ............24
Figura 8 – Adensamento sob compressão isotrópica (adaptado de Britto e Gunn, 1987) ........35
Figura 9 – Posição relativa da CEC no espaço V x ln p’ (adaptado de Britto e Gunn, 1987) ..36
Figura 17 – Influência dos bordos nos resultados de tensões para Ko = 1,0 ............................48
Figura 18 – Influência dos bordos nos resultados de deslocamentos para Ko = 1,0 ................48
Figura 21 – Influência dos bordos nos resultados de tensões para Ko = 0,5 ............................50
Figura 22 – Influência dos bordos nos resultados de deslocamentos para Ko = 0,5 ................50
Figura 26 –Momentos fletores obtidos numericamente e por Schwartz e Einstein (1980) ......55
Figura 32 – Tensões no suporte obtidas de simulações do suporte com uma única linha de
Figura 38 – Etapas da técnica das cargas fictícias: (a) estado inicial de tensões; (b) aplicação
................................................................................................................................69
X
Figura 46 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)...........................76
Figura 48 – Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da escavação .......77
Figura 49 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da
escavação ...............................................................................................................78
Figura 53 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)...........................80
desenvolvidas .........................................................................................................80
Figura 56 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte ........81
Figura 60 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)...........................83
Figura 62 –Direções e Magnitudes das tensões principais maior (σI, a e c) e menor (σIII, b e d)
Figura 68 – Malha de elementos finitos empregada nas retroanálises do Túnel Paraíso .........94
modelo de Mohr-Coulomb.....................................................................................95
Modificado ...........................................................................................................100
Modificado ...........................................................................................................100
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3 – Valores de α obtidos de modelos físicos (adaptado de Atkison e Potts, 1977) ......18
Tabela 6 – Valores dos módulos das diferenças para Ko=0,5 e σv=1000KPa .........................50
Tabela 10 – Diferenças entre resultados analíticos e numéricos para fluxo associado ............64
Tabela 11 – Diferenças entre resultados analíticos e numéricos para fluxo não associado......66
SUMÁRIO
1 Introdução ..................................................................................................1
3.1 Introdução....................................................................................................................44
4.2.2 Simulação de túnel circular executado por máquina tuneladora sem couraça..........75
4.2.3 Túnel convencional não circular com emprego de suporte em concreto projetado no
4.2.4 Túnel convencional não circular sem emprego de suporte no arco invertido...........82
5 Estudo de Caso.........................................................................................88
5.1 Introdução....................................................................................................................88
1 Introdução
grandes centros urbanos têm sido, ou deveriam ser, as razões para o maior emprego de
as desapropriações para a implantação das redes de transporte têm gerado custos e impactos
ambientais e sociais cada vez maiores, conforme descrição de Ribeiro Neto et al. (2004) em
soluções subterrâneas para a expansão de seu sistema, como pode ser observado em Leite et
al. (2004); Rocha et al. (2006) e Silva et al. (2006). Essa postura resultou em projetos mais
computacionais, como as simulações numéricas pelo Método dos Elementos Finitos. Como
reportado por Negro (2006), essas simulações ganharam notável destaque nos últimos anos,
ao passo que soluções analíticas e semi-empíricas têm sido cada vez menos utilizadas.
numéricas pelo método dos elementos finitos, além de abordar aspectos relevantes e, até certo
ponto, polêmicos sobre o assunto. Pretende-se mostrar que uma simulação numérica deve ser
License”).
constitutivos, e que tem sido testado e aprimorado por colaboradores de centros de pesquisas
de vários países. Atualmente, esse programa tem sido utilizado como ferramenta para a
Por fim, é importante frisar que o presente trabalho poderá servir de subsídio para a
integrante dessa, como apresentado por Rocha et al. (2005), ou ainda, se as alternativas
estabilidade, deformações, carga no suporte, o método dos elementos finitos e seu emprego
pretende esgotar o assunto com a revisão, e sim apresentar pontos de vistas que possam
2 Revisão Bibliográfica
túneis para maciços rochosos, baseado na aplicação de uma fina camada de concreto
define o NATM como um método austríaco, uma vez que engenheiros daquele país teriam
Pelo NATM, o concreto projetado atua como um suporte para o maciço de modo a
prevenir perdas de solo durante as escavações. Deve, portanto, apresentar rápida capacidade
escavação, que absorve parte das tensões antes projetadas diretamente sobre o suporte, e são
medidas segundo uma relação temporal entre o ganho de resistência do concreto projetado e o
alívio de tensões gerado. Dessa forma, há uma diminuição dos esforços solicitantes no
revestimento, o que possibilita estruturas mais esbeltas e uma economia para a obra.
escavação. A esse fenômeno dá-se o nome de arqueamento de tensões, o que foi referenciado
5
pelo Comitê Austríaco para Construções Subterrâneas em 1980 (KOVARI, 1994). A Figura 1
Y Y
SUPORTE
X Z
ARQUEAMENTO HORIZONTAL
SUPORTE
Z
X
CORTE EM PLANTA
Para Rabcewicz (1964, 1965), um projeto de túneis deve ser precedido de uma exímia
investigação geológica e o suporte da escavação deve ser visto como um elemento provisório.
As cargas hidrostáticas podem não ser consideradas para o seu dimensionamento, mas o
maciço deve ser continuamente drenado até que o revestimento final seja executado. A
Por conta dessa flexibilidade, freqüentemente o NATM tem sido empregado de forma
Para Müller e Fecker (op. cit.), o NATM deve ser visto como um conceito e não um
método de escavação de túneis, uma vez que seus princípios não são rotinas a serem seguidas
Para Schmidt (1969), Heinz (1988) e Kovari (1994), a definição criada por Rabcewicz
é uma compilação de métodos mais antigos e não deve ser entendida como um método
construtivo propriamente dito. Conforme Kovari (1994), o NATM clama para si uma teoria
conhecimentos e habilidades na arte de escavação de túneis. Kovari (op. cit.) embasa seu
parecer nos estudos de Ritter (1879), Engesser (1882) e Wiesmann (1912), que teriam
Sauer (1988) introduz um novo conceito para o NATM, pelo qual o NATM é um
para assim garantir a estabilidade da abertura subterrânea. Para Sauer (op. cit.), em um túnel
escavado em maciço rochoso instável, o anel resistente deve estar formado a uma distância
máxima de uma vez e meia o diâmetro equivalente da escavação. No entanto, para solos
pouco coesivos ou não coesivos, o efeito tridimensional do campo de tensões deve estar
para quem a interpretação e manipulação rápida dos dados são essenciais para a segurança da
apresenta diretrizes voltadas para a avaliação da segurança de uma frente de escavação, tanto
em fase de projeto quanto em fase de construção. Ribeiro Neto (op. cit.) reporta casos de
ruptura ou colapso de túneis e apresenta prováveis causas de tais incidentes. Grande parte
geológico para uma condição que pode não ser a de equilíbrio. Através de estudos de casos de
a profundidades não menores do que dois diâmetros. Tal critério é verificado por um
8
σ v − σi
N= (2.1)
Cu
saturadas estão garantidas para valores de N inferiores a cinco, conforme análise de registros
podendo assumir valores de estabilidade entre 5 e 7 para coberturas relativas iguais a 1,5,
segundo Davis et. al. (1980). Os autores ainda apresentam uma série de soluções baseadas no
teorema da análise limite para o estado plano de deformações para túneis circulares não
suportados, escavados em solos coesivos não drenados. Ainda, Davis et. al. (op. cit.) e
Atkinson e Mair (1981) reescrevem a formulação proposta por Broms e Bennermark (op. cit.)
9
de modo a determinar uma pressão interna, σT, necessária para manter a estabilidade na frente
Cu 1 H
σt = σs - Tc + γ D 1 + 2 (2.2)
FS 2 D
Tc = adimensional de estabilidade
Para solos granulares drenados, Atkinson e Mair (1981) propõem as Equações 2.3 e
2.4 para a estabilidade na frente em casos sem e com aplicação de uma sobrecarga, σs, na
estabilidade, Tγ e Ts, os quais são obtidos da Figuras 3. Esses parâmetros são dependentes da
resistência do solo e independem da profundidade do túnel, a não ser que esse seja
σ t = γ D Tγ (2.3)
σ t = σ s Ts (2.4)
a profundidade da escavação, mostrando uma boa coerência desses resultados para os obtidos
definido por Broms e Bennermark (op. cit.) é conservador para distâncias relativas de
fechamento do arco invertido (na Figura 2 apresentado como L/D), menores do que 0,5, sendo
somente válida para altos valores de H/D e L/D igual a zero. Em túneis rasos, H/D variando
11
entre um e três, o número de estabilidade no colapso pode variar entre três e oito dependendo
da relação L/D, o que mostra que N não pode ser definido como apresentado.
quanto em condições não drenadas. Heinz (op. cit.) estende a solução de Mülhaus (op. cit.)
para também incluir o efeito de uma pressão interna. Em ambos os casos, a ação da gravidade
(op. cit.), em que forças volumétricas axissimétricas são aplicadas radialmente em direção à
pressão interna limite que, mobilizada, causa o colapso de uma abertura esférica fictícia no
casos revelaram que valores do adimensional U superiores a 1,8 podem indicar condições
u × Eo
U= (2.5)
D × σ ro
Partindo de Davis et al. (op. cit) e Atkinson e Mair (op. cit.), Augarde et al. (2003)
investigam a estabilidade de uma frente de escavação idealizada em solos não drenados com o
auxílio numérico pelo método dos elementos finitos. As análises são realizadas partindo da
premissa de que uma ruptura na frente de escavação inicia-se a partir de uma sobrecarga
crescentes com a profundidade e concluem que o emprego do adimensional N não deve ser
ser definidos através de análises de estabilidade para redução dos riscos de ruptura. Em seu
trabalho, Sozio (op. cit.) apresenta adaptações de soluções analíticas propostas por Mühlhaus
(1985) e Negro e Queiroz (2000, apud Sozio, 2004), para incluir pressões neutras de rede de
plasticidade, as modificações introduzidas não devem ser vistas como soluções de limite
superior ou inferior (Sozio, op. cit.). O próprio autor apresenta limitações que podem distorcer
13
ou mesmo invalidar os resultados das análises. Dentre elas, a adoção de um meio homogêneo
subterrânea induz deformações que podem resultar em danos nas edificações e redes de
pronunciadas na superfície.
escavações subterrâneas. Para Negro Jr. e Eisenstein (1991), os métodos que se enquadram
neste grupo diferem entre si quanto às hipóteses simplificadoras e aos parâmetros necessários
à sua aplicação. As técnicas mais aceitas e empregadas atualmente são baseadas na solução
empírica proposta por Peck (1969a) e Schimidt (1969), baseada na curva de Gauss, cuja
adeqüabilidade foi mostrada por diversos autores como, por exemplo, O’Reilly e New (1982),
Lee e Rowe (1991), Ng (1991), Teixeira e Assis (1994) e Prandina e Assis (2004). A
formulação proposta por Peck (op. cit.) e Schimidt (op. cit.) é apresentada pela Equação 2.6:
14
-x2
2i2 (2.6)
ρ= ρmax e
apresentado na Figura 4a. Celestino e Ferreira (1996) apresentam uma adequação para os
solos da cidade de São Paulo a partir de dados de instrumentação obtidos de obras do Metrô
de São Paulo, apresentada na Figura 4b. Na Figura 4, Z é a profundidade até o eixo do túnel.
(a) (b)
Figura 4 – Ábacos para determinação do ponto de inflexão da curva de Gauss (adaptado de Peck,
1969; e Celestino e Ferreira, 1996)
15
Schmidt (op. cit.) apresenta ainda uma relação entre a largura da bacia de recalques
com a relação entre a profundidade e largura do túnel, e mostra evidências que tal relação é
n
i z
= k (2.7)
a 2a
a é o raio do túnel;
Mair et al. (1981) sugerem valores de k=1,0 e n=0,8 mas alertam para a possibilidade
(1982) apresentam novas propostas para determinação da distância de inflexão da bacia para
solos granulares e para solos argilosos. Essas formulações estão apresentadas na Tabela 2:
Peck (op. cit.) e Schimidt (op. cit.) ainda relacionam o volume da bacia de recalques
por metro de túnel, Vs, com i e ρmax, conforme apresentado na Equação 2.8.
-x2
∞
2i 2
Vs = ρ max
∫
-∞
e dx = 2π i ρ max ≈ 2,5 i ρ max
(2.8)
com o volume de solo perdido, Vp, normalmente expresso como uma porcentagem do volume
de escavação por metro de túnel. Lee e Rowe (1991) associam a perda de solo a recalques e
Metrô de São Paulo e os relacionaram aos danos e custos de reparo associados. Os autores
puderam verificar que em mais de 70% dos casos a perda de solo foi inferior a 1,5% e com
2 i ρmax
Vs =
Vp π a2 (2.9)
Brasília e do Metrô de São Paulo, Celestino e Ruiz (1998) concluem que uma curva do tipo
que a curva gaussiana. A formulação proposta por Celestino e Ruiz (op. cit.) é apresentada na
Equação 2.10
ρ max
ρ= b
x (2.10)
1 +
a*
profundidade do túnel, e b um adimensional que varia entre dois e três quando no caso de
argilas porosas, e entre 2 e 2,8 no caso de argilas duras. Conforme apresentado, quanto maior
a*, Celestino e Ruiz (op. cit.) estimam seu valor a partir das Equações 2.11 para o caso de
a* H
= 0,46 x + 0,37 (2.11)
D D
a* H
= 0,39 x + 0,31 (2.12)
D D
ρ H
=1−α
ρ max D (2.13)
18
O autor verificou que a relação entre o recalque máximo medido no eixo do túnel e o
deslocamento vertical na geratriz superior varia entre 0,25 e 0,35, e a razão entre i 2a e H 2aN
estabilidade definido por Broms e Bennermark (1967). Conforme descrito, em argilas duras e
rijas, a relação decresce conforme aumenta o adimensional H 2aN . Nesses casos, as relações
variaram entre 0,1 e 0,7. Em geral, as magnitudes absolutas dos recalques associados às
somente o maciço deve ser analisado, como também a capacidade resistiva do suporte ao
longo do tempo.
O suporte, assim que aplicado, deve apresentar rápido ganho de resistência para evitar
perdas de material e permitir a estabilização das deformações do maciço. Caso seja aplicado
19
também como revestimento final do túnel, o suporte deve apresentar características tais que
construtivas da escavação; pelo tempo em que o suporte leva para ganhar resistência; e pela
rigidez do suporte e do maciço. Essa interação maciço-suporte tem sido objeto de análise de
diversos autores, como Peck (1969a); Einstein e Schwartz (1979); Schwartz e Einstein (1980);
em que o suporte tenha a devida capacidade resistente, o maciço redistribui suas tensões
maciço em que se insere. Ainda maior será o carregamento atuante e maiores serão, por
que podem gerar um mecanismo progressivo de ruptura do maciço. Por não ter resistência e
Assim, o suporte ideal é aquele que com menor rigidez se mantém estável e mobiliza a
máxima capacidade portante do maciço sem gerar grandes deformações ou perdas de material.
dadas as inúmeras incertezas e variações que cercam uma obra subterrânea. A previsão ou
definição das cargas atuantes é, portanto, uma das maiores questões a serem definidas em um
projeto de túneis. Por exemplo, grande parte dos modelos existentes não considera
métodos de Peck et al. (1972); Müir Wood (1975) e Einstein & Schwartz (1979), além do
Conforme apresentado, o método proposto por Peck et al. (1972) resulta em cargas
muito superiores às de fato atuante, em resultados já esperados pelo fato do método considerar
embora mais próximos das medidas em campo do que os obtidos por Peck et al. (1972). O
escavado e suportado em uma única etapa, sem considerar o alívio de tensões que ocorre antes
da instalação do suporte.
Müir Wood (1975, apud Kim e Eisenstein, 1998) sugere adoção de apenas 50% do
Müir Wood (1975) foi o que mais se aproximou das medidas de campo, com uma
entanto, que a adoção de 50% do carregamento foi adequada para os solos da cidade de
Para Kim e Eisenstein (op. cit.), a característica comum aos três métodos, com
Eisenstein e Negro (1990, apud Kim e Eisenstein, 1998) efetuam uma análise
paramétrica tridimensional por elementos finitos, para estimar das deformações radiais no
local em que o suporte é instalado, sem considerar sua presença e a relação não linear tensão-
deformação do maciço. São obtidas curvas de convergência por meio de análises paramétricas
Nas análises de Kim e Eisenstein (op. cit.), esse método foi o que melhor se
aproximou das cargas atuantes. Alguns resultados, no entanto, foram inferiores aos medidos
em campo. As análises mostraram que o alívio de tensões variou entre 43% e 66% e, em
média de 59%. Os autores então propõem um método em que o fator de alívio de tensões
conjuntamente com a solução analítica de Einstein e Schwartz (op. cit.) para determinar o
22
carregamento final sobre o túnel. Fazem a ressalva, no entanto, de que o método é aplicado
para casos em que pouca deformação ocorre. Assim sendo, o método deve ser considerado
como uma proposta aproximada devendo ser confirmada a partir da instrumentação de campo.
plastificação do maciço por fatores de correção respectivos. Esses fatores são utilizados para
determinação dos esforços solicitantes finais do suporte a partir daqueles calculados para o
Com relação ao carregamento final do túnel, grande parte deste provem de cargas
originais são recuperadas. Sua consideração nos cálculos tem impacto nos custos de
Através da aplicação dos conceitos sobre tensões efetivas e leis de fluxo, Atkinson e
Mair (1983) mostram que as cargas atuantes no revestimento em túneis abaixo do nível
d’água não são afetadas pelo fato do revestimento ser impermeável ou não. Tal consideração
feita somente é valida para os casos em que o nível d’água original é pouco afetado pela
drenagem e pelo revestimento, e onde a rede de fluxo pode ser considerada de forma radial ao
a drenagem do maciço pelo revestimento do túnel, uma vez que as forças de percolação se
Ressalta-se que tais resultados devem ser vistos com ressalva, uma vez que as
premissas adotadas não consideram a rigidez do solo e do suporte e nem a influência das
Essas considerações são discutidas por Negro Jr. (1994); Franzén e Celestino (2002) e
Bilfinger (2005a; e 2005b). Para este, os revestimentos ditos impermeáveis devem ser
profundidade abaixo do nível d’água e a forma das linhas de fluxo afetam os carregamentos
O Método dos Elementos Finitos é uma técnica para resolver equações diferenciais
(quadriláteros, triângulos, tetraedros, cubos, etc.), dos quais se pode aproximar seu
elementos finitos e os vértices desses elementos são chamados de nós. A forma e o tipo dos
apresentam o método de forma detalhada, enquanto que no presente trabalho, apenas uma
breve revisão é apresentada. Seja o problema definido na Figura 6, em que forças de massa,
sólido em corte
{f}
{u}
y
x {t}
z
Figura 6 – Sólido deformável submetido a forças de superfícies {t} e de volume {f}
A Mecânica dos Sólidos define o campo de deslocamentos {u} = {ux uy uz}T como
segunda ordem, respectivamente [σ] e [ε]. A relação entre esses tensores é definida pelo
modo a relacionar uma aproximada solução polinomial de grau n do problema, {û} = {ûx ûy
n Ni 0 0 uix
{û} = ∑ 00
i=1
Ni 0 uiy
0 Ni uiz
(2.14)
∂Ni
∂x 0 0
∂Ni
0 0
∂y
∂Ni
0 0
∂z
[Bi] = ∇Ni =
∂Ni ∂Ni (2.15)
0
∂y ∂x
∂Ni ∂Ni
0
∂z ∂y
∂Ni 0
∂Ni
∂z ∂x
∑k
j =1
ij {û j } = {fi* } (i = 1,..., n)
(2.17)
Os coeficientes constantes kij e os termos independentes {fi* } são dados pelas Equações
2.18 e 2.19:
k ij =
∫ [B ] [C] [B ] dΩ
Ω
i
T
j
T
(2.18)
26
{fi* } =
∫ N {f} dΩ + ∫ N {t} dS
Ω
i i
(2.19)
k11 L k1n
Onde: [K] = M O M
k n1 L k nn
{u1}
[U] = M
{u }
n
{f * }
1
[F] = M
{f * }
n
o fato de ser simétrica. Para o cálculo dos coeficientes de [K] e dos termos independentes
na sua superfície.
nodais (graus de liberdade). Uma vez determinadas, as deformações são obtidas a partir das
elementos ligados por um mesmo nó sejam o mesmo nesse ponto e que a soma das forças
“Complex” para elementos triangulares são apresentados nas Equações 2.21 e 2.22:
Φ = α1 + α2x + α3y + α4x2 + α5xy + α4y2 + ... + αnxm +... + αnym (2.22)
Onde αi = constantes
correspondem a elementos triangulares com nós intermediários, que podem, inclusive, serem
internos ao elemento.
mas apresentam a restrição de terem de apresentar seus bordos paralelos ao sistema de eixo de
Até alguns anos atrás, a construção de túneis era realizada basicamente através da
última década fez com que as simulações numéricas computacionais ganhassem notável
destaque. Hoje, o método dos elementos finitos (MEF) é uma das principais ferramentas
que as simulações numéricas modelam casos dos mais simples até os de extrema
efetuar análises numéricas em obras subterrâneas, como pode ser observado, por exemplo, em
Swoboda (1982); Lee e Rowe (1991); Gioda e Swoboda (1999), Potts e Zdravkovic (1999 e
No entanto, ainda existem pontos que merecem atenção. Potts (2003) atenta para as
limitações dos modelos constitutivos usualmente empregados, que muitas vezes não são
capazes de representar o real comportamento dos solos. O autor ainda aborda questões que
empregados em programas comerciais, onde os códigos fontes são inacessíveis para apuração.
manipulação) dos dados de entrada, modelagem e interpretação dos resultados, muitas vezes
realizados sem critérios e sem os cuidados devidos, como observado por Franzius e Potts
29
(2005). Atenta-se ainda para as simulações que empregam o método em um contexto tal que o
a Mecânica do Contínuo não seja a mais indicada. Todas essas questões podem induzir a
soluções não condizentes com a realidade e com conseqüências maiores para a obra.
destas. Materiais ditos elásticos e plásticos têm em comum a característica de serem não-
elástico para o plástico é realizada pela definição de uma função de escoamento que seja
espaço de tensões, e diz-se que um material plastifica, ou escoa, sempre que seu estado de
30
materiais que apresentam ângulo de atrito interno como o solo e o concreto. Para o caso
eixo Mohr-Coulomb
hidrostático eixo
hidrostático
von-Mises Tresca
σΙΙ σΙΙ
σΙ σΙ
Figura 7 – Superfícies de escoamento da Teoria da Plasticidade
direção em que são solicitados, evidenciando uma anisotropia intrínseca desses materiais.
direções distintas. Com isto, a utilização de modelos elasto-plástico perfeitos não podem
31
refletir adequadamente o comportamento real dos solos. De fato, por meio de ensaios
modelo de Cam-Clay por Roscoe e Schofield (1963, apud Queiroz, 1996). Roscoe e Burland
(1969, apud Queiroz, 1996) propuseram o modelo Cam-Clay modificado a partir da alteração
Lade em 1977 para solos não coesivos, posteriormente generalizada para considerar o
em uma componente colapsível e outra expansível, cada qual com a sua respectiva função de
obtida a partir da lei de fluxo associada, enquanto que a componente expansível é obtida da lei
endurecimento para simular a execução de um túnel pelo MEF. O autor mostra que a
resultados. Ainda, a obtenção de seus parâmetros é mais simples e rápida do que para modelos
argilas terciárias da região da Avenida Paulista. Através do MEF, são simulados ensaios
axial e de compressão hidrostática, mas com razoáveis resultados nas simulações dos ensaios
De posse desses resultados, Parreira (1991) e Azevedo et al. (2002) apresentam retro-
análises pelo MEF da obra do Túnel Paraíso do Metrô de São Paulo. Os autores utilizam o
local. Já França (2006) emprega o MEF para estudar o mesmo caso sob os modelos
Coulomb a partir dos resultados de simulações numéricas pelo MEF de um túnel de via do
Metrô de Brasília, executado em solo normalmente adensado. O autor conclui pelo modelo de
Wroth (1968) e Roscoe e Burland (1968) para descrever solos de comportamento tipicamente
Pela Teoria do Estado Crítico, quando uma amostra de solo é submetida a um ensaio
Nessa condição, denominada de Estado Crítico, o solo distorce sob um estado de tensão
constante, o qual é caracterizado pela Curva de Estado Crítico (CEC) (ou na forma
originalmente apresentada: “Critical State Line”) no espaço das tensões médias efetivas, p’,
(alteração de volume que ocorre durante o cisalhamento), e o estado crítico no qual cada
elemento do solo pode apresentar deformações ilimitadas sem alteração de seu estado de
tensões ou de volume.
Sabe-se que uma grande parte do volume do solo é ocupado por vazios que podem
estar preenchidos por ar ou água. Como resultado, as deformações que ocorrem são
Octaédrica Efetiva (p’), Tensão Desviadora (q), e pelo Volume Específico (V)
A tensão média efetiva, ou tensão efetiva octaédrica, e a tensão desviatória podem ser
determinadas pelas Equações 2.23 e 2.24 respectivamente, a partir das tensões principais σ’I;
p' =
1 '
3
(
σI + σII' + σIII
'
) (2.23)
q=
1
2
(σI' − σII' )2 + (σII' − σIII' )2 + (σIII' − σI' )2 (2.24)
O volume específico pode ser definido como o volume de solo que contem um volume
unitário de material sólido, relacionando-se com o índice de vazios conforme a Equação 2.25.
V = 1+e (2.25)
Ambos os modelos consideram que, quando um dado solo é lentamente carregado sob
condições isotrópicas de tensão (isto é: σ’I = σ’II = σ’III = p’) e sob condições ideais de
visto na Figura 8. Quando um elemento do solo é inicialmente carregado sob uma condição
isotrópica p’b, a relação entre o volume específico V e ln p’ descreve a relação linear definida
Se esse elemento for agora descarregado até a condição inicial, a relação volume
específico – tensão média descreve a trajetória linear do ponto B até o ponto C. Sob um novo
Caso essa condição seja excedida, a relação novamente descreve a trajetória da reta de
compressão normal até uma condição p’d. Se o solo novamente for descarregado, a relação
V = N - λ ln p’ (2.26)
V = Vk – κ ln p’ (2.27)
36
corrente de tensões se encontre sobre a reta virgem, o solo é descrito como normalmente
A Figura 9 apresenta a posição relativa da Curva de Estado Crítico (CEC) para com a
linha de compressão isotrópica virgem no espaço V – ln p’. Nota-se que a CEC é paralela à
unitário, sendo uma constante de cada solo em particular. A relação entre Γ e N são
Γ = N - ( λ - κ) (2.28)
Γ = N - (λ - κ) ln2 (2.29)
p'
q + M p' ln = 0 (2.30)
p'
c
q2 p'
+ M2 1 − c = 0 (2.31)
p'2 p'
superfície plástica de CC é uma curva logarítmica e a superfície de CCM é uma curva elíptica.
cisalhamento.
38
(“Stabel State Boundary Surface”). Quando o estado de uma amostra puder ser representado
por um ponto abaixo dessa superfície, essa amostra se encontra em regime elástico. Estados
descritos por pontos sobre a superfície indicam escoamento do material. São impossíveis
espaço V x p’ x q.
Figura 11 – Superfície Envoltória dos Estados Estáveis no espaço V x p′x q (adaptado de Britto e
Gunn, 1987)
39
Diz-se que um dado solo encontra-se sob estado crítico, quando esse solo está
plastificando sob um estado de tensões em que a razão entre a tensão desviatória e a tensão
estados críticos representa o estado final de tensões em que é possível continuar a cisalhar
uma amostra de solo sem que haja mudança nas tensões impostas ou no volume da amostra.
Figura 12 – Evolução da superfície de escoamento para o estado subcrítico do modelo CCM sob
condições de cisalhamento puro (adaptado de Britto e Gunn, 1987)
40
Figura 13 – Resposta típica de argilas ligeiramente sobre-adensadas e areias fofas quando cisalhadas
em ensaios triaxiais (adaptado de Britto e Gunn, 1987)
volume. Este estado recebe o nome de estado supercrítico, ou estado “seco”. Nessas
Figura 14 – Evolução da superfície de escoamento para o estado supercrítico do modelo CCM sob
condições de cisalhamento puro (adaptado de Britto e Gunn, 1987)
41
decrescem até tangenciar a superfície de estado crítico. A resposta típica de argilas muito
Figura 15 – Resposta típica de argilas muito sobre-adensadas e areias densas quando cisalhadas em
ensaios triaxiais (adaptado de Britto e Gunn, 1987)
constante, sendo dependente da tensão média, p’, do volume específico, V, e ângulo da reta de
V
K= p' (2.32)
κ
42
coeficiente de Poison, mas não necessariamente ambos. A Equação 2.33 apresenta a forma
como a qual o módulo de cisalhamento pode ser determinado a partir do Módulo de Young e
E
G=
2(1 + ν )
(2.33)
K (3 − 6ν )
G=
2(1 + ν )
(2.34)
O estado de tensões corrente do solo pode ser descrito através da sua tensão média
sobreadensamento, OCR, relaciona o estado atual de tensões do solo com a tensão de pré-
p'
OCR = 0 (2.35)
p'
no qual a máxima tensão experimentada pelo solo não é superior à tensão atual. Para valores
6 sin ϕ '
M= (2.36)
3 − sin ϕ '
Cc
λ= (2.37)
ln10
Cr
κ= (2.38)
ln10
No entanto, esses ensaios muitas vezes podem não estar disponíveis durante a elaboração de
discorre sobre a obtenção desses parâmetros e apresenta um resumo dos métodos disponíveis.
44
3.1 Introdução
resultados de soluções analíticas. São vistos casos sobre a influência dos bordos e o
objetivo dessa primeira etapa é fornecer diretrizes para uma simulação numérica segura.
tipo GNU (“General Public License”) que apresenta uma extensa biblioteca de elementos e
estrutura, realiza algumas verificações com o programa. As análises aqui apresentadas visam
Nessa primeira parte é estudada a influência dos bordos de uma malha nos resultados
Kirsch (1898) é apresentada pelas equações 3.1; 3.2; 3.3; 3.4 e 3.5.
σv + σh a2 σv − σh a4 a2
σr = × 1− + × 1+ 3 × − 4× × cos2θ
2 2 2 4 2 (3.1)
r r r
σv + σh a2 σv − σh a 4
σθ = × 1+ − × 1+ 3 × × cos2θ
2 r 2 2 4 (3.2)
r
46
σh − σv a4 a 2
τ rθ = × 1− 3 × + 2× × sen 2θ
2 4 2 (3.3)
r r
r r r
Ur = (3.4)
E
2
2 × (1 + υ) × (σv − σh ) × 2a
4
+ a 3 sen2θ
r r (3.5)
Uθ =
E
σθ = tensão tangencial
Ur = deslocamento radial
Uθ = deslocamento tangencial
E = módulo de elasticidade
ν = coeficiente de Poison
para o caso das tensões, e pelo raio do túnel para o caso dos deslocamentos. Os resultados
Pelas Figuras 17 e 18 fica clara a influência dos bordos da malha nos resultados de
aproximadamente.
48
20%
∆σr / σv
∆τrθ / σv
10%
5%
L/D
0%
0 2 4 6 8 10
2,5%
∆Ur / a
∆Uθ / a
Resultados em termos relativos
2,0%
1,5%
1,0%
0,5%
L/D
0,0%
0 2 4 6 8 10
σr σθ σ r (analítico)
σ v ;σ v
2
σ r (numérico)
1,5
σ θ (analítico)
σ θ (numérico)
1
0,5
r/a
0
0 2 4 6 8 10
0,15
Ur/a (analítico)
0,12 Ur/a (analítico)
0,09 Uθ /a (analítico)
Uθ /a (analítico)
0,06
0,03
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10
análise. Somente a sobrecarga horizontal foi alterada para 500 kPa, para simular uma
condição com Ko=0,50. A Tabela 6 apresenta valores médios e máximos dos módulos das
25%
∆σr / σv
Resultados em termos relativos
20%
∆σθ / σv
15% ∆τrθ / σv
10%
5%
L/D
0%
0 2 4 6 8 10
Figura 21 – Influência dos bordos nos resultados de tensões para Ko = 0,5
8%
∆Ur / a
∆Uθ / a
Resultados em termos relativos
6%
4%
2%
L/D
0%
0 2 4 6 8 10
Figura 22 – Influência dos bordos nos resultados de deslocamentos para Ko = 0,5
51
Os resultados mostram que uma relação L/D maior ou igual a 3,5 também é suficiente
σ r (analítico)
σr ;σθ;τrθ
σv σv τoct σ r (numérico)
3
2,5 σ θ (analítico)
σ θ (numérico)
2
τ rθ (analítico)
1,5 τ rθ (numérico)
1
0,5
r/a
0
0 2 4 6 8 10
0,04
Ur/a (analítico)
0,03 Ur/a (analítico)
Uθ /a (analítico)
0,02
Uθ /a (analítico)
0,01
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10
como materiais de comportamento elástico-linear e com inércia definida por sua seção
nas análises.
Einstein (1980) para a condição de deslocamento restringido entre o meio e o suporte (“no-
slip case”). As Equações 3.6 e 3.7 fornecem a solução exata para o problema.
N=
σv × a
2
[ ( ) ( )
× (1 + Ko ) × 1 − a0* + (1 − Ko ) × 1 + 2 × a*2 × cos(2θ ) ] (3.6)
M=
σ v × a2
4
[ ( )
× (1 − Ko ) × 1 − 2 × a*2 + 2 × b*2 × cos(2θ ) ] (3.7)
C* × F* × (1 − υ )
Onde: a0* =
C* + F* + C* × F* × (1 − υ )
a*2 = β × b*2
53
C* × (1 − υ )
b*2 =
[ ]
2 × C* × (1 − υ ) + 4 × υ − 6 × β − 3 × β × C* × (1 − υ )
β=
(6 + F* )× C* × (1 − υ ) + 2 × F* × υ
3 × F* + 3 × C* + 2 × C* × F* × (1 − υ )
(
E × a × 1 − υs2 )
C* =
(
Es × A s × 1 − υ 2 )
*
F =
(
E × a3 × 1 − υs2 )
Es × Is × (1 − υ )
F* = Taxa de flexibilidade
a = Raio da escavação
18%
Média das difererenças para esforços normais
Média das difererenças para esforços de momento fletor
15%
Máximas difererenças para esforços normais
Resultados em termos relativos
9%
6%
3%
a/l
0%
0 5 10 15 20 25 30
Figura 25 – Influência das dimensões do elemento de contorno nos resultados numéricos
elementos cuja dimensão máxima na região da escavação seja da ordem de 5 a 10% do valor
do raio equivalente do túnel. A aparente pouca sensibilidade dos resultados para momento
fletor e força normal no suporte da escavação. Os resultados mostram boa concordância entre
σ v = Po
600
σ h = KoPo
400
Momento Fletor (KNm)
θ
200 O
a
Ângulo θ (graus)
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
-200 M (analítico/ "no-slip case")
a/2
a/4
-400
a/6
a/10
-600 a/15
-3000
N (analítico/ "no-slip case")
a/2
-2500 a/4
a/6
a/10
a/15
Força Nornal (KN)
-2000
σ v = Po
-1500
σ h = KoPo
-1000
-500 θ
O
a
Ângulo θ (graus)
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
O objetivo desse estudo é criar um critério para utilização de elementos sólidos para
O suporte é simulado com elementos sólidos de rigidez equivalente aos dos elementos de viga
suporte a partir dos esforços normais e de momento fletor, obtidos da solução de Schwartz e
Einstein (1980), e confrontá-las com os resultados das simulações com elementos sólidos. São
a θ=90º
θ=45 º
O θ=0º
suporte. Esses resultados são apresentados no eixo das ordenadas das figuras subseqüentes.
sua vez, é representada no eixo das abscissas como uma fração da espessura do suporte, h, e
Nessa primeira parte são estudados elementos triangulares simples, com nós
θ = 0º 3 σθ
y 1000x
h = 0,3 m
Es
x
2
b = 1,0m 1
Es = 10 GPa
0
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
-1 y (h)
-2 Teórico
11 nós
-3 7 nós
5 nós
-4 4 nós
3 nós
-5 2 nós
θ = 45º -1 σθ
y 1000x
h = 0,3 m
Es
x
-0,8
b = 1,0m
Es = 10 GPa
-0,6
Teórico
11 nós
-0,4
7 nós
5 nós
4 nós
3 nós -0,2
2 nós
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
0
y (h)
Figura 30 – Tensões em seção analisada a 45º
θ = 90º
4 y
σθ
h = 0,3 m
1000x
3 Es x
2
b = 1,0m
1 Es = 10 GPa
0
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
-1
y (h)
Teórico
11 nós -2
7 nós
5 nós
-3
4 nós
-4
3 nós
2 nós -5
Todos os resultados mostram que são necessários ao menos quatro nós ao longo do
plano analisado da seção para uma adequada obtenção de resultados. Ainda, os nós extremos
sofrem influência dos elementos externos ao suporte, devendo, pois, serem desconsiderados
das análises. A supressão desses nós externos pode ser contornada extrapolando os resultados
obtidos dos nós internos para os extremos. Outra forma de contornar o problema seria a
São esperados, portanto, resultados melhores em simulações que empregam esse tipo de
y
h = 0,3 m
4 σθ
x 1000x
Es
3 θ = 0º
b = 1,0m 2
Es = 10 GPa
1
0
- 3/5 - 2/5 - 1/5 0 1/5 2/5 3/5
-1 θ = 45º y (h)
-2
-3
θ = 90º
-4
Teórico
-5 Triangular isoparamétrico
Triangular simples
Figura 32 – Tensões no suporte obtidas de simulações do suporte com uma única linha de elementos
triangulares, simples e isoparamétricos
isoparamétrico para simular o suporte equivale à utilização de dois elementos simples (três
solução exata do problema. Por essa, a magnitude da região plastificada, R0, é determinada
1
Pz + c × cotϕ Kp −1
Ro = a × (1 − senϕ ) × (3.8)
Pi + c × cotϕ
c = coesão do material
1 + sen ϕ
Kp=
1 − sen ϕ
A tensão radial na interface da zona plástica com a elástica é dada pela Equação 3.9:
2 × Pz − σc
σcp = (3.9)
Kp + 1
σc = 2 × c × tan π + ϕ
4 2
Quanto às tensões radiais, tangenciais e a deformação radial na zona elástica, essas são
2
Ro
σr = −Pz + (Pz − σcp ) × (3.10)
r
Ro
2
σθ = − Pz + (Pz − σcp ) × (3.11)
r
Ur = −
(1 + υ ) × (Pz − σcp ) Ro2
× (3.12)
E r
Kp −1
r
σr = ρ − (Pi + ρ) × (3.14)
a
Kp −1
r
σθ = ρ − Kp × (Pi + ρ) × (3.15)
a
χ × (1 + υ )
Ur = − ×r (3.16)
E
σc
Onde: ρ=
Kp − 1
(1 - υ ) × Kp2 − 1 K −1
A2 = × (P + ρ) × Ro p
Kp + Kps i a
A3 = (1 − υ ) ×
(
K p × K ps + 1 )
− υ × (Pi + ρ)
K p + K ps
1 + senψ
Kps = ; sendo ψ = ângulo de dilatância do material
1 − senψ
regime elástico, uma superfície de escoamento que delimita os estados de tensão do regime
63
estado de tensão do sólido pertence a uma dessas superfícies no espaço das tensões, diz-se que
regidas pelo escoamento plástico, que especifica o incremento de deformação plástica, {dεp},
observar geometricamente que ψ coincide com o ângulo de atrito do material, φ’, conforme
ψ
{dεp} φ'
c'
σΙΙΙ σΙΙ σΙ σ
σr /PZ (analítico)
2,00
σθ /PZ (analítico)
σr /PZ (numérico)
1,50
σθ/PZ (numérico)
1,00
0,50
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10
-0,05
U r / a (analítico)
-0,04
U r / a (numérico)
-0,03
-0,02
-0,01
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10
superiores aos resultados da solução de Salençon (1969). A adoção do fluxo associado nas
análises justifica essa diferença, uma vez que os incrementos de deformação plástica são
Quando o fluxo é não associado, a superfície potencial plástico não coincide com a
numéricos mais próximos dos resultados da solução exata de Salençon (1969). Para esse
Tabela 11 – Diferenças entre resultados analíticos e numéricos para fluxo não associado
|∆σr| / Pz |∆σθ| / Pz |∆Ur| / a
Média das diferenças (%) 0,85 0,03 0,07
Máxima diferença (%) 0,72 6,42 0,11
σr /PZ (analítico)
2,00
σθ /PZ (analítico)
σr /PZ (numérico)
1,50
σθ/PZ (numérico)
1,00
0,50
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10
-0,03
U r / a (analítico)
U r / a (numérico)
-0,02
-0,01
r/a
0,00
0 2 4 6 8 10
Figura 37 – Resultados de deslocamentos para fluxo não associado com ψ = 0º
resultados obtidos numericamente são mais próximos dos resultados obtidos da solução
4.1.1 Introdução
como um problema no estado plano de deformação, ainda que este seja de natureza
para que o fenômeno de arqueamento de tensões possa ser razoavelmente tratado como uma
Ainda que essa aproximação não seja de teoricamente correta, uma vez que não
considera tensões de cisalhamento entre seções, essa técnica tem sido empregada com sucesso
resultados de uma etapa são utilizados em uma nova condição de contorno de uma etapa
procedimento pode ser repetido quantas vezes forem as fases de construção da obra.
introduzida no estado inicial de tensões. Essa etapa reproduz uma situação em que a frente de
até resultar em forças nulas para o caso da escavação ter passado por esta seção, instante em
que ocorre toda dissipação de tensões devido à construção do túnel (Figura 38c).
contra o contorno da escavação (Figura 38d). Essa etapa é simulada inserindo-se no sistema
elementos para simularem o suporte da escavação. Percebe-se que quanto maior for o atraso
o instante em que o suporte se mostra apto a suportar as cargas. Na prática, adota-se um fator
empregada.
69
σ v = Po σ v = Po
σ h = KoPo σ h = KoPo
(a) (b)
σ v = Po σ v = Po
σ h = KoPo σ h = KoPo
(1−α) f
(c) (d)
Figura 38 – Etapas da técnica das cargas fictícias: (a) estado inicial de tensões; (b) aplicação de cargas
de equilíbrio; (c) aplicação do fator de alívio e (d) aplicação do suporte
Outra técnica usual para simulação de uma frente de escavação consiste na redução
núcleo (“core”). Aqui, a zona escavada encontra-se “preenchida” por elementos cuja rigidez
varia de um estado inicial de tensões até zero. Essa técnica permite simular o processo
ser escavada. A rigidez total do conjunto dessas camadas é dada pela soma algébrica da
rigidez de cada camada, equivalendo à rigidez original do maciço circundante, conforme pode
cada uma das camadas até a completa remoção das mesmas, ou seja, a redução da rigidez do
Figura 39 – Considerações para simulação do alívio de frente pela técnica da redução progressiva da
rigidez do núcleo da escavação (adaptado de Ohnish et al., 1982)
Para a correta aplicação do método, torna-se necessário estabelecer uma relação entre
Ohnishi et al. (1982) assumem que, uma vez definida a curva normalizada de rigidez
do sistema para o caso de uma escavação não suportada, a mesma curva pode ser utilizada
maciço deve ser removida para simular deslocamentos a partir da frente de escavação até uma
em solo
4.2.1 Introdução
Linha 2 – Verde do Metrô de São Paulo. Esta seção apresenta aproximadamente 55m2 e
apresenta uma relação Largura/ Altura (L/H) próxima a dois. O túnel apresenta uma cobertura
aproximada de 12m, o que o enquadra na categoria de túnel raso (cobertura inferior a dois
A geologia local é formada por sedimentos terciários da Formação São Paulo, que
SPT
N-valores 0,00
2
Argila siltosa média vermelha 6
7
NA= -5m 7 -4,50
9
10
11
Areia fina a média argilosa 12
14
medianamente compacta 18
18 -11,80
20
22
25
17
20
28
30
32
Argila siltosa rija e dura, variegada 30
21
com lentes de areia de ocorrência difusa 22
28
30
34
35
36
40 -28,00
Figura 42 – Seção geológica considerada para o Túnel Luminárias
Poisson para o seu valor real no início da segunda etapa da simulação, o que permite avaliar
simulado pela técnica de amolecimento de núcleo de Ohnish et al. (1982), assumindo duas
camadas sobrepostas de elementos na região da malha que simula a área a ser escavada. A
relação entre as rigidezes destas camadas é obtida da Figura 39, assumindo que a face de
escavação esteja a um diâmetro equivalente de distância para o ponto onde o suporte esteja
camada de elementos que simula o suporte da escavação é realizada nesta etapa. As etapas de
4.2.2 Simulação de túnel circular executado por máquina tuneladora sem couraça
diâmetro, para simular uma escavação hipotética de um túnel por uma máquina tuneladora,
(a) (b)
Figura 43 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)
(a) (b)
Figura 44 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa
Na configuração final, ou seja, após a remoção das camadas que constituem o núcleo e
campo de tensões indicado na Figura 45, ao qual o suporte da escavação estará submetido:
76
(a) (b)
Figura 45 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa
Pela Figura 45, observa-se um acréscimo de tensões verticais nas laterais da escavação
escavação, enquanto que as tensões principais maiores, σI, evidenciam o arqueamento das
(a) (b)
Figura 46 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)
na Figura 47. Nesta, é possível notar que as plastificações no maciço ocorrem em pontos
(a) (b)
Figura 47 – Tensões de cisalhamento e deformações plastificas desenvolvidas
Figura 48, onde se observam tensões de compressão ao longo de todo o suporte. Suas direções
principais são apresentadas na Figura 49, e mostram que as excentricidades decorrentes são
(a) (b)
Figura 48 – Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da escavação
78
(a) (b)
Figura 49 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte da escavação
4.2.3 Túnel convencional não circular com emprego de suporte em concreto projetado no
(a) (b)
Figura 50 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)
(a) (b)
Figura 51 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa
Na configuração final, ou seja, após a remoção das camadas que constituem o núcleo e
campo de tensões indicado na Figura 52. Mesmo com uma relação Largura/ Altura (L/H)
(a) (b)
Figura 52 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa
A Figura 53 apresenta as direções das tensões principais maior, σI, e menor, σIII,
atuantes no maciço. Também sob esta geometria observa-se que as tensões principais menores
significam tensões de tração que aparecem no contato entre o maciço e o suporte por
decorrência de tensões de tração que ocorrem no suporte, nestes locais. Obviamente, tais
tensões não são resistidas pelo maciço, o que pode denotar um “escorregamento” relativo do
(a) (b)
Figura 53 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)
Nota-se que as plastificações continuam controladas, sem haver indícios para a formação de
(a) (b)
Figura 54 – Tensões de cisalhamento (em kPa) e deformações plastificas específicas desenvolvidas
Figura 55. Nesta, é possível observar excentricidades das tensões que geram flexões em
determinados pontos do suporte. Há, inclusive, tensões de tração por decorrência, mas que
81
não chegam a ser relevantes pela sua magnitude, e pelo fato do suporte ser normalmente
reforçado com elementos metálicos neste tipo de escavação (escavação rasa em maciço
(a) (b)
Figura 55 – Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte em kPa
As direções das tensões principais maior (σI) e menor (σIII) no suporte da escavação
(a) (b)
Figura 56 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b) no suporte
Como é possível inferir, para este caso, a forma geométrica é a responsável pelo
aparecimento das tensões de tração no suporte da escavação. Também é possível observar que
a forma em tubo permite com que a seção esteja praticamente toda comprimida aponto de não
4.2.4 Túnel convencional não circular sem emprego de suporte no arco invertido
Nessa etapa é simulada uma escavação que não emprega o suporte na região do arco
invertido, para mostrar como as tensões mobilizadas no suporte carregam o maciço. Esta
geometria é muito utilizada em maciços rochosos, pouco fraturados, e que apresentam elevada
(a) (b)
Figura 57 – Geometria da MEF utilizada no maciço (a) e no Túnel (b)
(a) (b)
Figura 58 – Campo inicial de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa
indicado na Figura 59, ao qual o suporte da escavação estará submetido. Também para essa
Estes resultados mostram que as tensões sempre buscam as direções que conferem o
(a) (b)
Figura 59 – Campo final de tensões verticais (a) e horizontais (b) em kPa
(a) (b)
Figura 60 – Direções das Tensões Principais Maior (σI, a) e Menor (σIII, b)
extensão no maciço, como apresentado na Figura 61. Devido à forma como as tensões no
(a) (b)
indicadas na Figura 62. As Figuras 62(a) e 62(b) apresentam as direções principais das
apresentam suas magnitudes. Pela Figura 62 é possível comprovar que o suporte da escavação
em forma de arco busca o maciço como apoio, e que esta faz com que as tensões mobilizadas
(a) (b)
(c) (d)
Figura 62 –Direções e Magnitudes das tensões principais maior (σI, a e c) e menor (σIII, b e d)
mobilizados no suporte da escavação
85
do terreno faz com que a relação largura/ altura da seção exerça grande influência na resposta
para as três seções simuladas. Nela, é possível observar que as previsões são muito mais
-10
-15
-20
-25
-30
-35
Túnel Circular em 'Shield'
Túnel Convencional Luminárias -40
Túnel Convencional em arco Recalques (mm)
-45
enquanto que as tensões principais maiores, σI, evidenciam o arqueamento das tensões no
plano da escavação.
86
seção circular e maiores na seção em arco, corroborando para um dos postulados de Müller e
Fecker (1978) para o NATM, segundo o qual as formas mais circulares são as que melhor
carregamento. No entanto, observa-se que a área plastificada ocorre além das extremidades
deste. Um mecanismo cinemático de colapso pode ser identificado, ainda que com
suporte pode mover-se segundo o campo de velocidades indicado. Deluzarche et al. (2002)
Na seção que emprega o suporte no arco invertido, este não somente contribui para o
maior rigidez para conferir o menor gasto energético para a estrutura. Na simulação da seção
de referência, mostra-se que as tensões migram para o arco invertido, enquanto que na
embora pequenas, são decorrentes da grande excentricidade do fluxo de tensões normais nessa
região. A condição de carregamento com Ko inferior à unidade contribui para este resultado,
uma vez que a direção de maior rigidez do tubo é perpendicular à direção do maior
escavação com uma tela metálica ou empregando-se concreto com fibras metálicas. A
por Peck (1969), em que o suporte deforma mais e redistribui melhor as tensões no maciço.
estrutura. Essa metodologia pode ser incorporada para considerar a dutilização do suporte,
inserindo limites aceitáveis de plastificação na estrutura. Atenta-se somente para o fato de que
5 Estudo de Caso
5.1 Introdução
técnica de alívio de miolo proposta por Ohnish et al. (1982). O objetivo é analisar
conceitualmente as diferenças obtidas nos resultados das simulações com os dois modelos.
Esse túnel já foi objeto de análise por Sousa (1998, apud França, 2006), Parreira
(1991), Azevedo et al. (2002) e França (2006). Os três primeiros autores empregam o modelo
de Lade (1977, 1979) para representar o maciço geológico, enquanto França (2006) estuda o
Túnel Paraíso sob o modelo de “Hardening Soil”. Todos estes estudos simularam o efeito
O Túnel Paraíso está situado nas intermediações da Estação Paraíso, entre o Poço
Paraíso e o Poço IOB. O túnel foi escavado pelo método do NATM e apresenta
aproximadamente 103 metros de extensão. Sua altura máxima é de 8,40 metros, e sua largura
máxima de 11,40 metros, totalizando uma seção de escavação de 76,4 m2. O suporte da
2
0,
5
R5
0,1
27°
,97
8,41
R3,27
56°
52°
7
,4
°
45
R2 9
R8,8
11,5
Figura 65 – Seção Transversal do Túnel Paraíso
A cobertura de solo existente no local varia entre 6 a 9 metros, o que enquadra o túnel
na categoria de túneis rasos. No presente estudo, a cobertura de solo sobre o túnel totaliza
fases. Inicialmente, a calota era escavada em dois lances consecutivos de 80cm, sendo
mantido o núcleo central. Em seguida, dois perfis metálicos do tipo I5” eram posicionados
contra o solo, e uma camada de 20cm de concreto era projetada sobre esses. A segunda fase
consistia na escavação do núcleo central após a consolidação do suporte. Essas fases eram
bancada inferior era escavada em passos de 1,60 metros, seguida da instalação de uma tela
4,8
A obra está inserida no contexto geológico da Bacia Sedimentar de São Paulo, na cota
por sedimentos argilosos de origem terciária, que apresentam uma uniformidade geológica e
geotécnica ao longo dessa cota. Esses sedimentos ocorrem ao longo de todo o espigão da
sedimentos sofreram intenso processo de laterização, o que lhes conferiu uma estrutura porosa
e uma coloração característica, de cor vermelha acastanhada. São as chamadas argilas porosas
podem ser observadas em Cozzolino (1972), Massad et al. (1992) e Vargas (2002).
profundidade, coincidindo com o início de uma camada de argila siltosa variegada (3Ag1), de
Abaixo dessa, ocorre uma camada de areia argilosa compacta, de pouca relevância para o
presente estudo. A Figura 67 apresenta a seção geológica local utilizada nessa análise.
91
SPT
N-valores
0,00
Aterro 2
2 -2,00
4
4
Argila porosa siltosa
4
Média a Mole
6 -6,00
6
7
Argila porosa siltosa 9
Média a Rija 8
11 -11,00
NA= -12m
9
16
16
17
20
12
Argila siltosa
13
Variegada, Rija a Dura 19
22
21
22 -22,00
Areia argilosa variegada 28
Compacta a muito Compacta 23
35/25 (m)
Figura 67 – Perfil Geológico local (adaptado de Parreira, 1991)
A Tabela 14 apresentada alguns índices físicos para os solos locais obtidos por
número 901 da Avenida Paulista. Atenta-se para os dados de índices de vazios e tensões de
nas análises com o modelo de Mohr-Coulomb com fluxo não associado e dilatância nula.
92
triaxiais de compressão e de extensão lateral realizados por Parreira (1991). Para o módulo
tangente inicial, Eo, assumiu-se um valor médio para cada camada, utilizando-se o limite
superior da correlação apresentada por Negro et al. (1992), Eo = 5x N spt, sendo N spt a média
dos Nspt’s ao longo de cada camada. O coeficiente de empuxo em repouso, Ko, foi obtido da
correlação empíria de Schmidt (1966, apud. Pinto, 1998), Ko= (1-sen ϕ’)xOCRsen ϕ’.
compressão normal da curva de adensamento isotrópica, λ, foi obtido da relação que este
guarda com o índice de compressão do material, Cc, conforme apresentado na Equação 2.37.
93
relação com o índice de vazios do solo, apresentada para os solos da cidade de São Paulo por
inferior da correlação existente para as argilas siltosas aluvionares quartenárias dos córregos
(1 + eo ) = 0,07
Aterro 1,85 Cc (RT-4.10.00.00/ 4C3-002, 1994) 0,20 0,07
3AgP1
1,62 Cc = 0,40 eo – 0,09 ± 0,06 (Massad et al., 1992) 0,56 0,21
mole a média
3AgP1
1,52 Cc = 0,54 eo – 0,13 ± 0,06 (Massad et al., 1992) 0,69 0,27
media a rija
3Ag1 1,02 Cc = 0,40 eo – 0,05 ± 0,07 (Massad et al., 1992) 0,36 0,18
das tensões foi realizada em duas etapas pelo método de alívio de núcleo, segundo proposta
de Ohnish et al. (1982). Para tanto, foram empregadas duas camadas de elementos
sobrepostas para simular a escavação do túnel. A relação entre suas rigidezes foi obtida a
partir da Figura 39, para o atraso de frente de 6,40m, conforme apresentado na Figura 66.
geométricas definidas a partir dos dados apresentados na Figura 65. Para o módulo de
elasticidade do suporte foi assumido um valor médio de 10GPa, conforme Kuwajima (1991).
segunda etapa, a camada de elementos de maior rigidez da região do núcleo foi removida para
elementos ao mesmo tempo em que se inseriu a camada de elementos que simula o suporte.
dimensão da malha sob a região do túnel foi fixada em meio diâmetro equivalente, conforme
critério estabelecido por Hartmann (1970, apud Kuwajima, 1991), para minimizar o efeito de
somente aqueles que servirão de base para as análises das diferenças de comportamento entre
os modelos utilizados.
(a)
(b)
Figura 69 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plásticas (b) desenvolvidas sob o modelo de
Mohr-Coulomb
96
(a)
(b)
Figura 70 – Tensões de cisalhamento (a) e deformações plásticas (b) desenvolvidas pelo modelo de
Cam-Clay Modificado
do túnel abrangem uma maior extensão com o modelo de Cam-Clay Modificado enquanto que
(a)
(b)
Figura 71 – Recalques segundo modelos de Mohr-Coulomb (a) e Cam-Clay Modificado (b)
(a)
(b)
Figura 72 – Movimentos Horizontais obtidos pelos modelos de Mohr-Coulomb (a) e Cam-Clay
Modificado (b)
Nota-se que nas 71 e 72, os recalques superficiais obtidos pelo modelo de Mohr-
Coulomb abrangem uma extensão maior do que os recalques obtidos pelo modelo de Cam-
98
deformações verticais nas camadas inferiores ao longo do eixo do túnel são sempre maiores
não considerar os efeitos de alteração de volume do material quando de sua plastificação, fato
Clay Modificado prevê uma descompressão acompanhada de uma dilatação de material após
volume.
todas as camadas são sobreadensadas. O fato da camada de argila porosa mole ser menos
sobreadensada talvez possa explicar os maiores recalques aí registrados, uma vez que sua
dilatância é menor do que a ocorrida nos materiais das camadas mais inferiores.
concentrarem nas camadas mais superficiais e o porquê da bacia de recalques superficiais ser
mais concentrada na região da escavação, nos resultados obtidos com o modelo de Cam-Clay
Modificado.
entre as Ruas Maestro Cardim e Abílio Soares. Esta seção consta de sete marcos superficiais,
99
um inclinômetro instalado a seis metros do eixo do túnel, além de duas linhas de tassômetros
necessário considerar a camada de pavimento existente no local nas simulações como uma
1GPa, como sugerido por Parreira (1991) e França (2006). A sua inclusão deve-se ao fato da
-2
-3
-4
-5
-6
Resultados Morh-Coulomb
-5
-10
-15
-20
-25
Resultados Morh-Coulomb
Percebe-se da Figura 74, que pelo modelo de Cam-Clay Modificado foi possível reproduzir a
camada de argila porosa mole. Pelo modelo de Mohr-Coulomb, estes recalques foram
Analisando a Figura 75, também é possível notar que o modelo Cam-Clay Modificado
mostrou tendências de recalques verticais fora do eixo do túnel muito mais condizentes com
-0,02
-0,04
-0,06
-0,08
-0,1
Instrumentação
Resultados Mohr-Coulomb Recalques
-0,12
Resultados Cam-Clay Superficiais (m)
-5
-10
-15
-20
Resultados Morh-Coulomb
-25 Resultados Cam-Clay Modificado
Profundidade
(m) Instrumentação
simulações numéricas.
resultados obtidos para deformações verticais foram muito próximos aos observados em
Clay Modificado, foi possível reproduzir a bacia de recalques de forma mais concentrada na
camada de aterro com a camada de argila porosa mole podem ser atribuídos aos parâmetros
algum sobreadensamento para a camada e uma melhor estimativa para o seu índice de vazios
medianamente sobreadensados. Compete ainda lembrar que Queiroz (1996) já concluíra pela
para estimar os parâmetros do modelo, a menos dos adotados para as camadas de aterro.
Ainda sim, todos os parâmetros necessários para o modelo de Cam-Clay Modificado podem
comportamento dos solos nas análises. Os resultados mostraram boa concordância com os
dados da instrumentação do túnel, além de mostrar que a dilatância do material após sua
deformação tem influência direta nas deformações finais. O modelo elasto-plástico perfeito de
Dos resultados obtidos e dos dados de instrumentação obtidos, é possível inferir que o
índice de vazios do solo e sua história de carregamento são informações muito importantes
Por fim, as simulações mostraram ser viável aplicar a proposta de Ohnish et al. (1982),
elementos finitos nos resultados numéricos. Conforme apresentado, distâncias dos bordos da
malha para o centro da escavação, superiores a quatro diâmetros equivalentes, pouco influem
nos resultados das simulações. Em termos práticos, são até aceitáveis resultados numéricos
com malhas cujos bordos estejam, no mínimo, a dois diâmetros equivalentes do centro da
que os resultados numéricos são pouco influenciados quando se dispõe de elementos cuja
dimensão máxima seja da ordem de 5 a 10% do valor do raio equivalente do túnel. São
aceitáveis resultados com elementos de dimensão máxima equivalente a 20% do valor do raio
da escavação. Para este caso, no entanto, o erro obtido pode ser de até 10%.
Com vistas às simulações tridimensionais, este capítulo ainda mostrou que a utilização
conclusão foi baseada na constatação da influência dos elementos que simulam o maciço, e
isoparamétricos, uma vez que persiste a influência dos elementos externos vizinhos ao
Ainda neste capítulo simulou-se uma escavação não suportada em maciço do tipo
Coulomb. Foram realizadas simulações com leis de fluxo associado e não associado. Para a
apresentaram uma melhor concordância para com os resultados obtidos pela solução analítica
de Salençon (1969).
baseados no diâmetro equivalente da seção podem não refletir o real comportamento do solo.
As conclusões reforçam o conceito de que as formas mais circulares são as que melhor
contribuem para a distribuição de tensões no maciço e no suporte, como postulado por Müller
e Fecker (1978).
Também foi apresentada uma análise entre seções que empregam arco invertido e os
que não o empregam. Sobre o assunto, foi discutido como as seções que não empregam o arco
Esta discussão foi realizada com base na rigidez relativa entre suporte e maciço.
rigidez para conferir o menor gasto energético para a estrutura. Nas seções que empregam o
arco invertido, verificou-se que as tensões migram para este, enquanto que nas seções sem o
arco invertido, as tensões são descarregadas diretamente no maciço. É bem provável que em
107
túneis em rochas, ou em solos de rigidez elevada, esse fenômeno seja pouco significativo. No
Um assunto importante que, infelizmente, não foi possível ser abordado neste
principalmente no encontro da calota com o arco invertido. Nesta região, as tensões principais
do suporte a este esforço. O problema pode ser mais acentuado nos casos em que são
empregados arcos invertidos provisórios que resultam em uma relação largura/ altura da
Foi possível inferir que, em túneis rasos, o critério de deformação plástica volumétrica
apresenta grande influência sobre os resultados esperados. Foram apresentadas as razões pelas
tendem a dilatar-se.
empregadas neste trabalho de Massad et al. (1992) são, a princípio, suficientes para estimar os
Paulo da Bacia Sedimentar de São Paulo. Ainda sim, estes parâmetros podem ser facilmente
108
estudos aqui realizados estendem as conclusões obtidas por Queiroz (1996) para solos
sobreadensados.
Por fim, as simulações mostraram ser viável aplicar a proposta de Ohnish et al. (1982)
escavação permitiria aproximar a estrutura do túnel ao ideal postulado por Peck (1969) e
Müller e Fecker (1978), em que o suporte deforma mais e distribui melhor as tensões.
redistribuição de tensões no suporte, existe a carência por um modelo constitutivo que de fato
Estudos do mesmo caso analisado com outros modelos constitutivos são ainda
recomendados. Os resultados numéricos aqui apresentados para o Túnel Paraíso nos solos
terciários da Bacia Sedimentar de São Paulo mostraram que uma previsão mais realista do
material segundo diferentes direções. São sugeridos modelos baseados na teoria do estado
crítico como o MIT-S1 (Pestana e Whittle, 1995, apud Queiroz, 1996) e o 3-SKH modificado
109
Modificado.
Em Mašín e Herle (2005) são ainda observadas análises de um túnel escavado nas
argilas de Londres com o modelo AI NLE, modelo elástico não-linear combinado com uma
hipoplástico, Hypo IS, destinado a solos com baixo ângulo de atrito. Em Mašín e Desrues
(2005) é apresentada uma modificação para o modelo hipoplástico CloE, e em Mašín (2005) é
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(Artigo Técnico 17)
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Butterworth-Heinemann, 2000. v.1
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. 2. 3. 4.
CLASSIFICAÇÃO/TIPO DATA DOCUMENTO N° N° DE PÁGINAS
Túneis/ Simulações Numéricas/ Métodos dos Elementos Finitos/ Modelo de Cam-Clay Modificado
9.
PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos e diretrizes para a modelagem de túneis e estruturas
subterrâneas pelo Método dos Elementos Finitos. Secundariamente, existe a proposta de se verificar a
adequabilidade do programa TOCHNOG como uma ferramenta computacional para a resolução de
problemas de natureza geotécnica. Uma revisão bibliográfica sobre as práticas correntes de previsão de
comportamento do solo frente às escavações é apresentada com o intuito de subsidiar as análises
numéricas. São abordadas questões sobre o comportamento do suporte da escavação e métodos de
obtenção de esforços solicitantes, bem como sobre modelos constitutivos comumente utilizados em
análises numéricas. Simulações numéricas são realizadas com o intuito de fornecer subsídios para a
modelagem e o refinamento de uma malha de elementos finitos, além de critérios para utilização de
elementos sólidos e de viga. O fluxo de tensões principais no suporte da escavação é estudado com o
objetivo de subsidiar a concepção da geometria de uma escavação e dirimir dúvidas quando ao emprego
do arco invertido provisório em túneis em solos. Por fim, uma retro-análise do Túnel Paraíso do Metrô de
São Paulo é realizada, empregando-se os modelos constitutivos de Mohr-Coulomb e Cam-Clay
Modificado para representar o solo e a técnica de amolecimento de miolo para reproduzir o efeito
tridimensional do arqueamento de tensões. Comentários são realizados com o objetivo de fomentar futuras
pesquisas na área.
12.
GRAU DE SIGILO: