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ABRAÃO KUYPER: SEU LEGADO PARA A HISTÓRIA DAS TEOLOGIAS

1
Ruan Bessa da Silveira

O objetivo deste breve artigo é apontar para o legado do teólogo e político


holandês Abraão Kuyper para a história das teologias. Espera-se que este
texto também continue a incentivar a interação de estudantes de teologia com
o bom capital deixado pelo autor e a popularização de pensamento no cenário
teológico brasileiro. Diante da amplitude de temas tratados pelo autor e a sua
influência sobre diversas áreas do pensamento e esferas culturais, este texto
delimita-se a explorar o seu impacto na teologia cristã. Na primeira parte
apresenta-se uma breve biografia de Abraão Kuyper. Na segunda parte
aborda-se alguns dos seus principais conceitos teológicos. Na terceira parte,
aponta-se para o poder formativo do seu pensamento em áreas como
apologética, teologia sistemática, instituições de ensino, eclesiologia e teologia
pública, tomando como base o testemunho de alguns autores posteriores sobre
o legado de Kuyper.
PALAVRAS-CHAVES: Abraão Kuyper - História das Teologias - Tradição
Reformada – Legado

The aim of this article is to point out to the legacy of the Dutch theologian and
Statesman Abraham Kuyper to the history of theologies. It is also expected of
this text to encourage the interaction among theology students with the good
capital left by the author and the popularization of his thought in the Brazilian
theological scenario. In face of the amplitude of themes treated by the author
and his influence on many thinking fields and cultural spheres, this article is
delimitated to explore his impact on Christian theology. The first part gives a
biographic overview of Abraham Kuyper’s life. The second part deals with his
main theological concepts. The third part highlights the formative power of his
theological insights on disciplines like apologetics, systematic theology,
teaching institutions, ecclesiology and public theology taking the testimony of
some subsequent authors on Kuyper’s legacy.
KEY-WORDS: Abraham Kuyper - History of Theologies - Reformed Tradition -
Legacy

                                                                                                                       
1
Graduado em Teologia pelas Faculdades Batistas do Paraná. Mestrando em Estudos
Teológicos pelo Calvin Theological Seminary. e-mail: ruanito@icloud.com.
Introdução

A história das teologias é como um grande baú de tesouros. É sempre


fascinante entrar em contato com homens cuja riqueza de vida e obras tiverem
um poder formativo sobre a espiritualidade, a tradição e a teologia cristã. Nessa
vasta história, nota-se momentos onde certas pessoas parecem ser usadas por
Deus para dar orientação ao seu povo, despertar a vida de fé da sua Igreja e
enriquecer o desenvolvimento da cultura humana, anunciando e manifestando
de maneira palpável a realidade do Reino de Deus.
Um desses momentos remete a Holanda do século XIX quando a Igreja
Reformada Holandesa ainda era vinculada ao Estado. Esta experimentava o
esfriamento da fé e perda de seu vigor doutrinário diante do liberalismo
teológico, ao mesmo tempo em que a vida cultural do país passava por um
momento de crise diante do imperialismo bonapartista e dos frutos ideológicos
tardios da revolução francesa.2 É neste cenário que surge Abraão Kuyper
(1837-1920), uns dos principais articuladores do movimento de reforma
espiritual e cultural em sua nação que mais tarde ficaria conhecido como
Neocalvinismo.3

Abraão Kuyper: breve panorama biográfico.

Abraão Kuyper nasceu no dia 29 de outubro de 1837 em Maassluis na


Holanda. Filho do Rev. Jan Hendrik e sua esposa Heriette Huber Kuyper.
Kuyper cursou o ginásio em Middelburg e graduou-se em teologia na
Universidade de Leyden onde também recebeu o seu doutorado em teologia
em 1863. Incialmente, Kuyper esteve sobre forte influência da teologia liberal e
do racionalismo moderno4, experimentando uma mudança radical
principalmente durante seu ministério pastoral em Beesd durante o ano de

                                                                                                                       
2
CARVALHO, Guilherme Vilela Ribeiro de. Introdução Editorial. In.: DOOYEWEERD, Herman.
No Crepúsculo do Pensamento: estudos sobre a pretensa autonomia da razão. São Paulo:
Hagnos, 2010. p. 7ss.
3
Para uma breve introdução ao Neocalvinismo Holandês. Cf. RAMLOW, Rodomar Ricardo.
Neocalvinismo Holandês: Autores e Temas. In.: Anuais do Congresso Internacional da
Faculdade EST. São Leopoldo: EST, v. 1, 2012. p. 1701-1716.
4
BERG, Frank Vander. Abraham Kuyper: a Biography. Paideia Press: Ontario, 1978. pp. 16-18.
1864. Neste período pasosu verdadeira “conversão”, sendo posteriormente
chamado para atuar nas cidades de Utrecht e posteriormente Amsterdã.5
Em 1872, Kuyper tornou-se Editor-Chefe do jornal De Standaard (O
Estandarte) e posteriormente assumiu a função de editor do De Heraut (O
Arauto), jornal de caráter distintivamente cristão.6 Kuyper também atuou
oficialmente na esfera política como membro da Casa Baixa do Parlamento
Holandês7 entre os anos de 1874 e 1877.
Em 1880 Kuyper fundou a Universidade Livre de Amsterdã que tinha na
confissão do senhorio de Cristo como o fundamento do conhecimento. Foi no
discurso inaugural na Universidade Livre onde proferiu a sua famosa máxima:
“Não há sequer um centímetro em todas as esferas da vida humana sobre as
quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não afirme: “É meu””8.
Em 1898, em vista aos Estados Unidos, proferiu palestras no Seminário
Teológico de Princeton que mais tardes seriam conhecidas como Stones
Lectures (Palestras Stones)9. A partir da senhorio de Cristo sobre todas as
esferas da vida humana, Kuyper buscou rearticular o calvinismo nestas
palestras, não como um sistema teológico ou eclesiástico, mas primariamente
como uma cosmovisão integral capaz de combater o secularismo moderno nas
diversas esferas da vida cultural. Esta abordagem se tornou a chave para o
pensamento Kuyperiano. Nilson dos Santos comenta que “as Palestras Stone
se tornaram o principal instrumento no estabelecimento da escola internacional
de pensamento denominada kuyperianismo ou neocalvinismo”10.
Ao retornar para Holanda, Kuyper serviu como primeiro-ministro entre os
anos de 1901 e 1905. Nos anos que se sucederam, Kuyper continuou

                                                                                                                       
5
KUYPER, Abraham. Calvinismo: o canal em que se moveu a Reforma do século 16,
enriquecendo a vida cultural e espiritual dos povos que o adotaram. O sistema que hoje a igreja
cristã deve reconhecer como bíblico. São Paulo: Cultura Cristã 2002. p. 4.
6
KUYPER, 2002, p. 4.
7
Equivalente a câmara de deputados no Brasil.
8
KUYPER, Abraham. Sphere Sovereignity: a public adress delivered at Inauguration of Free
University on October 20th, 1880. p. 16.
9
KUYPER, 2002, p. 4.
10
SANTOS, Nilson Moutinho dos. Abraham Kuyper: um modelo de transformação integral. In.:
LEITE, Cláudio Antônio Cardoso; CARVALHO, Guilherme Vilela Ribeiro de; CUNHA, Maurício
José Silva [Orgs.]. Cosmovisão Cristã e Transformação: espiritualidade, razão e ordem social.
Viçosa: Ultimato, 2006. p. 86.
produzindo ativamente até que veio a falecer aos 82 anos de idade, em 8 de
novembro de 1920 em Haia.11

Abraão Kuyper: principais conceitos teológicos

Como dito acima, Kuyper buscou rearticular o calvinismo para o seu


tempo como uma cosmovisão com intuito de renovar a vida eclesiástica e
cultural da Holanda. Foi nessa tarefa de esboçar uma cosmovisão calvinista
que Kuyper desenvolveu seus principais conceitos teológicos. Com este pano
de fundo, explora-se abaixo alguns deles.

Esferas de Soberania

Kuyper vive e escreve num momento histórico no qual o Estado e os


princípios tardios da revolução francesa eram uma ameaça totalizante não
somente a igreja, mas as outras esferas culturais. Assim, retomando Calvino,
Kuyper procura articular a soberania de Deus, primariamente, como um
princípio cosmológico12. Ele comenta que

[...] a família, os negócios, a ciência, a arte e assim por diante, todas


são esferas sociais que não devem sua existência ao Estado, e que
não derivam a lei de sua vida da superioridade do Estado, mas
obedecem a uma alta autoridade dentro de seu próprio seio; uma
autoridade que governa pela graça de Deus, do mesmo modo como
13
faz a soberania do Estado.

A partir do reconhecimento que as diversas esferas de soberania


(família, Estado, Igreja e assim por diante) respondem diretamente a
autoridade de Deus, abre-se caminho para a apreciação e o desenvolvimento
de uma pluralidade social e confessional na esfera pública, bem como o
resistência a absolutização de uma esfera e abuso de seu poder sobre as
outras.

                                                                                                                       
11
KUYPER, 2002,p. 5.
12
KUYPER, 2002, p. 20.
13
KUYPER, 2002, p. 73.    
Graça Comum

Nas Stones Lectures em Princenton, retomando o que os reformadores


já tinham elaborado em princípio, Kuyper comenta que a graça comum seria
aquela graça estendida por Deus a toda humanidade e

[...] pela qual Deus, mantendo a vida do mundo, suaviza a maldição


que repousa sobre ele, suspende seu processo de corrupção, e
assim permite o desenvolvimento de nossa vida sem obstáculos, na
14
qual glorifica-se como Criador .

Segundo Klapwijk, com a doutrina da graça comum Kuyper “buscou


responder a questão a respeito do valor da cultura, ciência e da filosofia não-
cristã”.15 Ao enfatizar a graça comum, ele também encorajou a participação
cristã na vida pública e nas instituições modernas, bem como no
desenvolvimento dos potenciais embutidos por Deus na sua criação.

Fé e a relação entre a Natureza e a Graça

Segundo Herman Dooyeweerd, Kuyper “foi provavelmente o primeiro a


recuperar para a teologia [cristã] a visão bíblica de que a fé é uma função
exclusiva da nossa vida interior implantada na natureza humana na criação”.16
Ao retomar esse conceito, Kuyper rompe com o Escolasticismo tanto na
sua versão Católica como Protestante na forma de se relacionar a natureza
com a graça. Na primeira a graça é uma adição à natureza, de maneira que a
fé é um suplementado a razão natural. Na segunda, mais especificamente na
neo-Ortodoxia de Barth, a graça e natureza estão em oposição, de maneira
que não há ponto de contato entre elas.
Como alternativa Kuyper sugere que a graça restaura a natureza. O
coração, enquanto raiz religiosa do ser humano é regenerado pelo poder da
palavra-revelação de Deus, redirecionando a fé para Deus enquanto estrutura

                                                                                                                       
14
KUYPER, 2002, p. 26.
15
KLAPWIJK, Jacob. Antithesis and Common Grace In: Bringing Into Captivity Every Thought.
Lanham: UP of America, 1991.
16
DOOYEWEERD, 2012, p. 92.
formal da natureza humana. Esta ideia se torna fundamental para que o
conceito de antítese religiosa seja apreciado.

Antítese Religiosa

Segundo Klapwijk, para a tradição calvinista a religião não seria uma


parte da vida humana, mas o elemento todo-abrangente que permeia tudo o
que o ser humano faz17. Assim, a queda no pecado introduziu uma distorção
radical na direção religiosa do coração humano afetando de maneira integral as
estruturas criacionais (humanas e não humanas), de maneira que o
relacionamento do ser humano com Deus, consigo, com o próximo e com a
natureza foi radicalmente ferido. A religião, agora distorcida, de adoração se
tornou idolatria18.
A partir daí, Kuyper sugere que as esferas de soberania apresentam
uma antítese religiosa radical operando a partir do coração humano. Assim, fé
versus razão, cultura versus e assim por diante seriam falsas dicotomias. Elas
confundem as estruturas da criação com uma direção particular que elas
podem tomar. Aplicando esta ideia, particularmente a ciência, Kuyper afirma:

Portanto, nem a fé nem a ciência, mas dois sistemas científicos ou se


vocês preferirem, duas elaborações científicas são opostas uma a
outra, cada uma tendo sua própria fé. Nem pode ser dito que é aqui
que a ciência que se opõe a Teologia, pois temos de tratar com duas
formas absolutas de ciência, ambas as quais reivindicam o domínio
completo do conhecimento humano, e ambas as quais têm uma
sugestão acerca de seu próprio ser supremo como o ponto de partida
19
para sua cosmovisão .

Assim, na verdade o que estaria em jogo seria uma antítese radical entre
dois compromissos de fé. Em outras palavras, uma antítese entre duas
direções religiosas a partir do coração humano. Uma orientada pelo Espírito de
Cristo e outra pelo o espírito da apostasia. Entretanto, estas direções para
Kuyper não podem ser confundidas com dicotomias na estrutura da própria

                                                                                                                       
17
KLAPWIJK, Jacob. Abraham Kuyper on Science, Theology and University. In Philosophia
Reformata. Vol. 78, Issue 1, 2013. p. 4
18
Ibidem.
19
KUYPER, 2002, p. 107.
criação20. (ex. corpo versus alma, igreja versus Estado, etc). Com estes
conceitos apresentados busca-se abaixo sugerir o poder formativo de Kuyper
para a história das teologias.

Abraão Kuyper: seu legado para história das teologias

Em sua obra Let Christ Be King: Reflections on the Life and Times of
Abraham Kuyper, Praamsma comenta que a influência de Kuyper é sentida de
maneira especial na teologia reformada. “Ela foi renovada, a honestidade na
igreja foi proclamada, a confissão foi homenageada e a realeza de Cristo foi
professada”.21 Abaixo, busca-se ressaltar o poder formativo de Kuyper sobre
algumas áreas teológicas22.

Apologética

Primeiro, como comenta Naugle, “a abordagem de Kuyper ao


Cristianismo como uma cosmovisão integral proveu a ele um modelo
alternativa para apologética”23.

Kuyper mostrou que a razão não é neutra em suas operações, mas


funciona sob a influência de uma série de pressuposições
antecedentes que condicionam todo o pensamento e ação. Esta
realização promoveu uma poderosa crítica do ideal moderno de
neutralidade e objetividade científica. Considerando o
reconhecimento que toda teorização é fruto de compromissos a priori
de fé, isto também encorajou pensadores cristãos a assumirem seus
projetos acadêmicos na base de crenças teístas com confiança. É
difícil exagerar no profundo impacto que este insight proveu em
engendrar um renascimento da erudição cristã através das disciplinas
24
nos últimos dias .

                                                                                                                       
20
Para uma abordagem mais ampla sobre a distinção entre estrutura e direção. Cf. Albert
Wolters. Creation Regained: Biblical Basis for a Reformational Worldview. Eedermans
Publishing Company: Grand Rapids, 2006.
21
PRAAMSMA, L. Let Christ Be King: Reflections on the Life and Times of Abraham Kuyper.
Paideia Press: Ontario, 1985. p. 183-184.
22
Este recorte se faz necessário visto que Kuyper teve um poder formativo em áreas mais-do-
que teológicas.
23
NAUGLE, David. An Introduction to the Thought of Abraham Kuyper. Dallas Baptist
Univeristy, 2001. p. 10.
24
NAUGLE, 2001, p. 11.
Assim, diferente da apologética clássica ou evidencialista, a apologética
Kuyperiana sugere que a tarefa básica da apologética não seria buscar um
ponto de contato neutro ou, primariamente, dar evidências históricas a respeito
do cristianismo, mas sim, apontar para o compromisso de fé que,
invariavelmente, as pessoas sustentariam. Assim, com o terreno nivelado, uma
fé alternativa poderia ser apresentada como boas novas apontando para um
visão alternativa de florescimento humano.
Seja de maneira direta ou indireta, o pensamento de Kuyper foi
essencial no desenvolvimento da apologética pressuposicionalista por nomes
como Cornelius Van Til (1895-1987), Gordan Clark (1902-1985), Greg Bahnsen
(1948-1995) e John Frame (1939-?).

Teologia Sistemática

B. B. Warfield (1851-1921), famoso professor de teologia do Seminário


de Princenton, comentou em suas “palestras na Universidade Livre [de
Amsterdã]” que Kuyper moldou “uma geração de teólogos que são bem
versados em teologia histórica e sistemática”25. Kuyper articulou sua teologia
sistemática principalmente em sua obra Principles of Sacred Theology26.
Segundo Spykman, apesar de Kuyper não ter conseguido “trazer o
impacto renovador da sua cosmovisão reformacional completamente sobre sua
teologia sistemática”27, seu pensamento teve poder formativo em teólogos
como Hermann Bavinck (1854-1921), Louis Berkhof (1973-1957), G. C.
Berkouwer (1903-1996) e o próprio Gordon Spykman (1926-1993), sendo
refinado e aprofundado por eles.

Instituições de Ensino

O pensamento de Kuyper também influenciou instituições de ensino em


diversos países. Nos Estados Unidos, apenas para citar algumas delas, sua
vida e obra influenciaram lugares como o Calvin College, Dordt College e o
                                                                                                                       
25
PRAAMSMA, 1985, p. 126.
26
Princípio da Teologia Sagrada.
27
SPYKMAN, Gordan. Reformational Theology: A New Paradigm for Doing Dogmatics. Grand
Rapids: B. Eerdmans Publishing Co., 1995, p. 99.
Calvin Theological Seminary. No Canadá, o Institute for Christian Studies, o
Redeemer University College e o Kuyper College. Sem contar, obviamente, em
instituições na Holanda e outros países da Europa.

Eclesiologia e Teologia Pública

Por fim, dois assuntos centrais e inter-relacionados na teologia de


Kuyper foram a Igreja e a teologia pública. Indagado sobre a relevância de
Kuyper para esses dois temas, James Bratt, professor de História do Calvin
College afirma:

Cem anos atrás, ele [Kuyper] estava levantando questões que


evangélicos e protestantes em geral estão levantando hoje. Mais
importante, Kuyper respondeu a essas perguntas de maneira que
pudessem ser úteis para [...] as guerras culturais de hoje. Como
manter-se fiel à sua fé em uma sociedade multi-confessional? Como
relacionar a fé cristã e política de maneira coerente? Como ser
essencialmente cristão sem abandonar ou ceder? [...] Isso é o que faz
28
com que ele realmente valioso para o hoje .

Sua visão sobre a natureza da Igreja está exposta num sermão que
posteriormente se tornou a obra Rooted and Grounded: The Church as
Organism and Institution29. Sua articulação das esferas de soberania aplicada a
Igreja teve poder formativo em igrejas na Holanda e outros países da Europa,
bem como na América do Norte.
Como dito acima, a teologia pública estava intimamente ligada a
eclesiologia de Kuyper, fomentando a participação dos cristãos nos espaços
públicos em vista da graça comum. Apenas para citar o Canadá e os Estados
Unidos, instituições como o Cardus, The Kuyper Center for Public Theology,
The Coalition for Christian Outreach, The Center for Public Justice e a The
Washington Institute for Faith, Vocation, & Culture tem promovido teologias
públicas para o bem comum influenciadas pelo legado Kuyperiano. Gerald
Vanderzande, por exemplo, ex-diretor do Citizens for Public Justice30 em
Toronto, “trabalhou pela a justiça [...] deliberadamente à partir de uma

                                                                                                                       
28
Disponível em: http://www.socialtheology.com/kuyperiana.htm Acesso em 12 set 2014.
29
Enraizado e Firmado: A Igreja como Organismo e Instituição.
30
Cidadãos pela Justiça Pública
perspectiva Kuyperiana. Em 2001, ele foi premiado com a Ordem do Canadá
pelo Governador Geral do Canadá”31.
No Brasil, o poder formativo de Kuyper começa a ser percebido em livros
como Cosmovisão e Transformação Social, onde Maurício Cunha e Guilherme
de Carvalho buscam articular uma teologia pública e política a partir do bom
capital deixado por Kuyper e outros autores que desenvolveram seu
pensamento.

Considerações Finais

Este artigo procurou, ainda que brevemente, apresentar a vida, obras e


principais conceitos de Kuyper apontando para o seu legado para história das
teologias. Como visto, sua vida teve um poder formativo sobre a teologia cristã,
especialmente dentro da tradição reformada, principalmente nos Estados
Unidos, Canadá e Europa. Algumas áreas destacadas foram a apologética, a
teologia sistemática, instituições de ensino, a eclesiologia e a teologia pública.
Em terras tupiniquins, a Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares e
autores como Guilherme de Carvalho e Maurício da Cunha entre outros, tem
buscado articular para o público brasileiro uma cosmovisão cristã integral
sacando do bom capital deixado por Kuyper.
Espera-se que este breve artigo possa incentivar a interação e
aproximar a riqueza do pensamento de Kuyper aos estudantes de teologia de
qualquer tradição e corroborar para um futuro aprofundamento de seus insights
teológicos para os contextos brasileiros.

                                                                                                                       
31
Disponível em: http://www.socialtheology.com/kuyperiana.htm Acesso em 12 set 2014.
REFERÊNCIAS

BERG, F. VANDEN. Abraham Kuyper: a Biography. Ontario: Paideia Press,


1978.

DOOYEWEERD, Herman. Roots of Western Cuture: Pagan, Secular and


Christian Options. Grand Rapids: Paideia Press, 2012.

KLAPWIJK, J. Antithesis and Common Grace. Bringing Into Captivity Every


Thought, p. 1–24, 1991.

KLAPWIJK, J. Abraham Kuyper on Science, Theology and University.


Philosophia Reformata, v. 78, p. 18–46, 2013.

KUYPER, Abraham. Sphere Sovereignty: A public adress delivered at the


inauguration of the Free Universty. Amsterdam: 1880.

KUYPER, Abraão. Calvinismo: o canal em que se moveu a Reforma do


Século 16, enriquecendo a vida cultural e espiritual dos povos que o
adotaram. O sistema que hoje a Igreja Cristã deve reconhecer como
Bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.

NAUGLE, David. An Introduction to the Thought of Abraham Kuyper. Dallas


Baptist Univeristy, 2001.

PRAAMSMA, L. Let Christ Be King: Relfections on the Life and Times of


Abraham Kuyper. Ontario: Paideia Press, 1985.

SPYKMAN, Gordan. Reformational Theology: A New Paradigm for Doing


Dogmatics. Grand Rapids: B. Eerdmans Publishing Co., 1995.

Disponível em: http://www.socialtheology.com/kuyperiana.htm. Acessado em


12 set 2014.

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