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CONTRIBUIÇÕES 1
Resumo
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre o que pensa o professor ao ver a produção
de desenhos da criança e como os entende? Onde o professor deverá procurar informações
para entender esses desenhos?Busca-se imprimir um novo olhar sobre como o desenho poderá
proporcionar o desenvolvimento do pensamento e conhecimentos no processo de ensino e
aprendizagem na educação infantil? No ato de desenhar a criança age e interage com o meio,
um simples rabisco pode demonstrar os anseios e realidades da criança? Assim, o professor
observará que os desenhos devem ser criados pelas crianças e não estereotipados pelos
professores da escola em coleção nas paredes. Por meio de pesquisa bibliográfica verificou-se
que o desenho na Educação Infantil é de suma importância, pois a leitura de um simples
desenho pode revelar aspectos sobre a vida da criança até então desconhecido pelo professor.
Introdução
Ao desenhar, a criança conta sua história, seus pensamentos, suas fantasias, seus
medos, suas alegrias, suas tristezas. No ato de desenhar a criança age e interage com o meio,
seu corpo inteiro se envolve na ação, traduzida em marcas que ela mesma
produz, se transportando para o desenho, modificando-o e se modificando.
A presença do desenho no ambiente escolar é uma constante, mas cabe indagar o
que pensa o professor ao ver a produção de desenhos da criança e como os entende? Onde o
professor deverá procurar informações para entender esses desenhos? Busca-se imprimir um
novo olhar sobre como o desenho poderá proporcionar o desenvolvimento do pensamento e
conhecimentos no processo de ensino aprendizagem na educação infantil?
Tendo em vista a compreensão desse processo fez-se necessário explicitar a evolução
do desenho partindo do pressuposto que o mesmo compartilha do desenvolvimento infantil,
passando por etapas que caracterizam a maneira da criança se situar no mundo.
Para melhor compreendermos a relação da criança com a arte, é necessário
analisarmos os períodos de evolução na faixa etária de 0 a 6 anos que segundo Piaget (1976)
passa por três estágios do desenvolvimento cognitivo: período sensório-motor, pré-operatório
e operatório-concreto, cada um com subestágio.
No período sensório-motor que vai de 0 a 2 anos o bebê não diferencia o seu “eu”
do mundo exterior, ele vai construindo a noção de espaço, tempo, causa e objeto através da
experimentação. No primeiro mês de vida a criança não tem a noção de tempo, espaço e
comodidade, passa a maior parte do tempo dormindo ou cochilando. Na fase do 1º ao 4º mês
o bebê olha para o que ouve, constituindo o primeiro passo para construir a noção do objeto,
porém os objetos não existem, seu olhar não seguirá a bola que sai de seu campo visual,
porque caiu ou alguém levou. Do 4º ao 9º mês, a ação somente será repetida se desejada.
Os primeiros sinais de que a idéia de permanência dos objetos começa a ser
estruturada são dados quando a criança começa a procurar objetos escondidos parcialmente,
no entanto, se estiverem totalmente escondidos, não haverá procura. No estágio do 10º ao 12º
mês a criança procurará o objeto que saiu do seu campo de visão desde que tenha percebido
seu desaparecimento. Do 13º ao 18º a criança já consegue perceber os deslocamentos
sucessivos dos objetos, desde que os veja. Buscará o objeto onde estiver escondido. Do 18º ao
24º mês a criança já consegue efetuar ações sem grandes ensaios.
Cabe destacar que cada ser humano é único e seu desenvolvimento pode não
seguir linearmente as fases descritas por Piaget e, também reconhecer a contribuição de outros
estudiosos sobre o tema.
Nesse sentido, segundo Luquet (1979) as fases do desenho infantil passam do:
realismo fortuito - estágio que começa por volta dos dois anos e põe fim ao período chamado
de rabisco. A criança que começou por traçar signos sem desejos de representação descobre
por acaso uma analogia formal entre um objeto e o seu traçado. Então retrospectivamente, ele
dá um nome ao seu desenho.
Luquet (1990):
o desenho é uma íntima ligação do psiquismo e de moral. A intenção de desenhar tal
objeto não é senão a manifestação da sua representação mental; o objeto
representado é o que, neste momento ocupará no espírito do desenhador um lugar
exclusivo ou preponderante. (LUQUET, apud MERLEAU-PONTY, 1990, p.130).
Segundo Piaget (1976) as primeiras imagens mentais aparecem a partir dos dois
anos, na imitação diferida. Enquanto, na primeira, a criança precisa estar com o modelo para
imitar, na segunda já imita na ausência do modelo. É nesta fase que começam as brincadeiras
de faz-de-conta em que a crianças finge ser isto ou aquilo, o chamado jogo simbólico. Através
deste jogo, a criança reviverá situações de alegria, tristeza e as recriará de modo a superar
seus conflitos. Nesta fase, a criança começa a rabiscar, faz garatujas e reconhece nelas as
formas que desenhou, não havendo diferença entre o símbolo e o que ele representa. A
imitação, o jogo simbólico, o desenho e a linguagem demonstram a característica da criança
nessa fase é o egocentrismo.
Na faixa etária de 3 a 4 anos a criança justapõe os elementos e, não consegue
condensar o modelo, por exemplo, ao desenhar o corpo humano, põe boca, nariz e olhos fora
do lugar, é a fase do realismo que segundo Luquet identifica como falhado. Tendo descoberto
a identidade forma-objeto, a criança procura reproduzir esta forma, sobreviverá então uma
fase de aprendizagem pontuada de fracassos e de sucessos parciais, fase que começa
geralmente entre três e quatro anos.
Já na faixa etária de 5 anos a 8 anos a criança desenha o que se lembra do original
e não o que vê. Se desenhar um animal de perfil, colocará duas orelhas. Também não tem
noção de perspectiva, desenhando tudo no mesmo plano, é o chamado realismo intelectual
caracterizado pelo fato de que a criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que
sabe. Dai o recurso a dois processos: o plano deitado onde os objetos não são representados
em perspectivas, mas deitados em torno de um ponto ou um eixo central e, o outro ponto
chamado de transparência ou representação simultânea do objeto e seu conteúdo, porque a
criança mistura diversos pontos de vista.
Geralmente a criança começa a rabiscar papéis aos dois anos de idade. Este
período, como tudo quanto ocorre no desenvolvimento humano, varia de um individuo para
outro, a idade normal para os rabiscos estende-se dos dois aos quatro anos; de modo geral as
crianças deixam de agir assim aos quatro e cinco anos de idade, mas as que o faz até os seis
anos ainda pode alcançar, rapidamente o nível de desenvolvimento normal. Nesta fase de
garatujas os materiais devem ajudar e satisfazer as suas necessidades, na realidade o essencial
para a criança, quando faz seus rabiscos no papel, deve estar livre para movimentar-se e
controlar seus próprios movimentos, a criança começa com o que podemos chamar de
desenho informal.
De acordo com os Parâmetros Curriculares da Educação Infantil (1988):
Na garatuja, a criança tem como hipótese que o desenho é simplesmente uma ação
sobre uma superfície, e ela sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa ação
produziu. A percepção de que os gestos, gradativamente, produzem marcas e
representações mais organizadas permite à criança o reconhecimento dos seus
registros. (BRASIL, 1988, p.92)
O rabisco possui três fases de evolução: o primeiro estágio, por volta dos dezoito
meses, chamado de estágio vegetativo-motor, quando aparece o tipo de traçado próprio da
criança, mais ou menos arredondado, convexo ou alongado, o lápis não sai da folha. No
segundo estágio entre dois e três anos, os esboços, delineamentos de formas se caracterizam
essencialmente pelo aparecimento de formas isoladas, tornadas possíveis pelo levantamento
do lápis, a criança passa do traço contínuo para o traço descontinuo. O terceiro e último
estágio começa entre três e quatro anos, é o comunicativo, nele a imitação do adulto torna-se
mais manifesta e se traduz por uma vontade de “escrever” e comunicar-se com outros.
Através do desenho a criança desenvolve, em maior ou menor intensidade, os seus
sentimentos, pois quanto maior o envolvimento do sujeito em sua obra maior a possibilidade
de estarem ali presente as suas alegrias e tristezas, as experiências vivenciadas que lhe
provocaram prazer, desprazer, espanto, temor, entusiasmo e muitas outras emoções.
Assim de acordo com os RCNEI (1988) por meio do desenho, a criança cria e
recria individualmente formas expressivas, integrando percepção, imaginação, reflexão e
sensibilidade, que podem então serem apropriadas pelas leituras simbólicas.
Ao desenhar, modelar ou construir objetos a criança não expressa tudo o que viu, mas
fragmentos do real que lhe foram significativos. Isto justifica apresentar o boneco geralmente
com uma “cabeça”, com a presença dos olhos e bocas e saindo desta cabeça, linhas
representativas dos braços e das pernas, porque aos quatro anos uma criança conhece apenas
estas partes do corpo humano.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI)-
1998, para que as crianças possam criar suas produções, é preciso que o professor ofereça
oportunidades diversas para que se familiarizem com alguns procedimentos ligados aos
materiais utilizados, aos diversos tipos de suportes e para que possam refletir sobre os
resultados obtidos.
Nesse sentido, para se ter um bom trabalho com as produções artísticas das
crianças é necessário que os docentes disponibilizem os materiais didáticos de educação
artística e que a criança tenha livre acesso ao material. Este trabalho deve ser organizado para
fornecer as crianças a possibilidade de contato e explorar os materiais.
O desenho da criança deve ser feito livremente sem intervenções diretas, porém
poderá haver a intervenção indireta que contribuem para o desenvolvimento do desenho da
criança, sendo necessário para isso que o professor pesquise qual o melhor caminho e
procedimento há ser usado em cada intervenção para que não haja danos,
Nada mais coerente e atrativo aos olhos de uma criança que analisar o desenho
alheio. Observe em uma volta pela cidade com seu filho, ou com qualquer outra criança a
leitura que eles realizam de imagem, capta o que lhe é necessário e, muitas das vezes,
transmitem estas imagens daqueles desenhos na sala de aula, não necessariamente em uma
cópia fiel do que foi visto, mas na sua maneira de ver e se expressar, com isso é preciso que o
professor no término da atividade se sente e converse com seu aluno em um momento de
reflexão, pergunte a ele o que é aquele desenho, o que você quis desenhar? Onde você viu?
Assim ele será capaz de observar a leitura do mundo do seu aluno.
A criança é capaz de produzir basicamente o que observa em sua grande
maioria ela produz o seu medo, o que é de seu cotidiano, sua familiarização, nada mais
coerente a ela que realizar sua leitura de mundo expondo através de seus desenhos a sua
convivência diária.
Considerações Finais
Assim, após a pesquisa realizada para a elaboração desse artigo foi evidenciado
que não existe empobrecimento do desenho infantil, e sim que o desenho é uma forma de
linguagem pela qual a criança tem a oportunidade de representar sua cultura.
Nessas considerações deve-se ressaltar a necessidade de romper com a prática
estereotipada pela qual a arte de desenhar passeia pela mão do professor ou educador
retirando da criança o momento de ser o criador de sua obra, privando-a de expressar seus
sentimentos.
É importante mencionar que o conhecimento das fases do desenho infantil deve
contribuir para a construção do imaginário das crianças, sendo mais um recurso que o
professor poderá utilizar para melhor compreendê-las
Nesse sentido, deve-se refletir e observar que a arte na escola facilita o diálogo
entre o aluno e o professor, mesmo que a criança não dialogue com o professor, ela poderá
conversar com ele através dos desenhos, o que por sua vez, fará o professor compreender seus
anseios.
O desenho na Educação Infantil é de suma importância, pois a leitura de um
simples desenho pode revelar aspectos da vida de uma criança até então desconhecido pelo
professor.
Ao finalizar esta pesquisa reforça-se a necessidade do professor ser capaz de
analisar e reavaliar seus conceitos referentes aos desenhos das crianças e criar um novo olhar
para romper paradigmas ou idéias predeterminadas, e por outro substituí-las por esta nova
visão que tem por base a arte como forma de expressão de sentimentos e de compreensão do
mundo, podendo criar um espaço de abertura entre professor e aluno em que ambos crescerão
como seres humanos num processo de reciprocidade.
Referências
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LOWENFELD, Viktor. A Criança e sua Arte. 2 ed. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
MAGALHÃES, Zilpa. Ver além dos Rabiscos. In: Revista Avisalá, nº 35, Julho/2008. São
Paulo: Ziarte.
NUNES, Benedito. Introdução à Filosofia da Arte. 2 ed. São Paulo: Ática, 1989.
PIAGET, Jean. A equilibração das Estruturas Cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.