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Para Agamben a única forma de mudança é por meio da profanação, indo um passo
além da secularização em seu sentido clássico, onde o processo era de
‘desencantamento’ e ‘desteleogização’ do mundo moderno, tentando devolver ao sujeito
o conceito de soberania e de vida plena. Para Agamben secularização e profanação são
tarefas distintas, embora sendo operações políticas, entende ele que secularização tem a
ver com o exercício do poder, que sempre será assegurado remetendo a um modelo
religioso. Para o filósofo italiano a profanação é a destituição do sagrado como política.
É a possibilidade de novas formas de dispositivos de poder que não sejam os
tradicionais, pois - a profanação é a neutralização daquilo que profana, e depois de
profanado, o que estava indisponível e separado no bojo do estado perde a sua aura de
sagrado e fica restituído ao seu uso: - a secularização é então política com conceitos
teológicos (observando sempre que o uso da transcendência de Deus é uma marca
paradigmática). Assim a questão para Agamben, de maneira definitiva, diz respeito ao
capitalismo acima de todas as coisas, tal como Trindade, no conceito cristão, onde a
regulação se dá em todas as dimensões da vida, uma política de existência
monopolizada.
Profanação então é abolir esta fronteira entre sagrado e vida comum e depois que isso
acontece, o profanado passa a ter um novo uso na vida comum, sendo colocado em uma
nova relação de uma forma livre, - a destituição: - onde o Estado soberano e o Deus
capital, sendo profanado, sobra somente o nada, e ao mesmo tempo tudo que estava
separado em nós por ser sagrado, agora ao não haver mais esta mediação pela força,
dizendo Agamben que o comum passa a dar novas formas de vida com utilidade em
dimensões de vida. Assim a tarefa da profanação é tornar o poder improdutivo,
inoperante, uma potência destituinte, - é então um contato que é definido por uma
ausência de representação, onde a relação é a nulidade de símbolo, ou seja, vida simples
e nua, com sentido de si, em potência livre. Para Agamben, tudo o que volta ao âmbito
comum, volta como potência, isso no evangelho fica bem claro quando o jovem rico
interpela Jesus e é instado a fazer um sacrifício de suas riquezas, ou seja, uma
profanação ou em outras palavras um desprezo do que era sagrado para ele. Finalizando
o pensamento do elogio da profanação podemos dizer que essa abertura para novas
formas de vida, não é destruir o que existe, mas sim destituir por meio da profanação do
Estado Soberano e do Deus capital, evidenciando este destituir como sendo o
rompimento que cria sem planejar um futuro, é deixar livre o existir, onde o sagrado e o
muito comum devem ser um só.