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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE DIREITO

A VOZ-OFF NAS ESCUTAS TELEFÓNICAS

José Carlos Marques Carmim de Matos

MESTRADO EM DIREITO
CIÊNCIAS JURÍDICO-CRIMINAIS

ANO: 2012/2013
ÍNDICE

Introdução

1. As intercepções telefónicas enquanto meio de obtenção de prova


1.1. Delimitação conceptual
1.2. A técnica ou a execução material das escutas telefónicas

2. A voz-off das escutas telefónicas


2.1. Tipos de voz-off
2.1.1. A voz-off antes da comunicação telefónica
2.1.2. A voz-off no decurso da comunicação telefónica
2.1.3. A voz-off após a comunicação telefónica

3. Voz-off que regime: escuta telefónica ou escuta ambiental?


4.1. A extensão do regime das escutas telefónicas pelo art.º 189.º do CPP

4. O surgimento do problema jurídico da voz-off na jurisprudência portuguesa


4.1. O Acórdão da 5.ª Vara Criminal de Lisboa – Proc.º 1015/07.3PULSB
4.2. O Acórdão do Tribunal do Seixal – Proc.º 137/08.8SWLSB

5. A voz-off e as proibições de prova


5.1. A voz-off como notícia do crime à luz da obrigatoriedade constante do art.º 248.º
do CPP.

Conclusões

Bibliografia
Introdução

No trabalho que agora iniciamos propomo-nos debater um tema até agora pouco
debatido mas que de futuro será alvo, com certeza, de imensa discussão e polémica, o
problema específico da voz-off nas escutas telefónicas.
A escuta telefónica é em abstracto a intercepção das conversas levadas a cabo entre
um emissor e um receptor, mediante a utilização de um meio telefónico, sendo a voz-off
dessa intercepção as conversas presenciais tidas entre o emissor ou o receptor e um terceiro
interlocutor que junto a qualquer um deles se encontre, podendo estas ser também
denominadas de conversas entre presentes ou conversas cara a cara.
O problema jurídico que se nos coloca apreciar é então saber se, aquando da
intercepção telefónica, devidamente autorizada judicialmente, essas conversas entre
presentes ou cara a cara se regem sob o regime jurídico das escutas telefónicas ou deverão
as mesmas ser enquadradas num regime jurídico diferente, o das escutas ambientais.
Tendo presente que este trabalho está a ser realizado sob o manto das proibições de
prova cabe-nos então verificar se não estaremos aqui perante um caso de proibição de
produção de prova em processo penal.
Se a nível doutrinal o caso específico da voz-off nas escutas telefónicas não é ainda
muito debatido também a nível jurisprudencial só agora o problema começa a ser
levantado, sendo disso exemplo as questões suscitadas pelos causídicos em mediáticos
processos recém-julgados e que ficaram conhecidos na comunicação social como os
processos dos “No Name Boys” e da “Máfia Brasileira”, onde a validação de prova obtida
na voz-off das escutas telefónicas foram fundamento para os recursos apresentados pelos
advogados dos arguidos, dando-se conta neste texto dos argumentos ali esgrimidos.

1. As intercepções telefónicas enquanto meio de obtenção de prova

As intercepções telefónicas ou, como usualmente são tratadas e conhecidas, as


escutas telefónicas são um meio de obtenção de prova dos mais invasivos e intrusivos dos
direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. Põem-se em causa valores constitucionais
como o direito à palavra, o direito à privacidade, o direito à intimidade e o direito ao sigilo
das telecomunicações1, motivo pelo qual a salvaguada desses valores só pode ser posta em
causa por motivos excepcionais e também sob o aval constitucional, tal como decorre do
Art.º 34.º, n.º 4 da CRP, onde se prevê que a ingerência das autoridades públicas nas
telecomunicações só possa ocorrer nos casos previstos em lei e relativos a matéria de
processo criminal (princípio da legalidade e reserva de lei).

A excepcionalidade da utilização das escutas telefónicas enquanto meio de obtenção


de prova leva a que a lei faça depender essa utilização de um conjunto deveras exigente de
pressupostos materiais e formais.

Dessa exigência nos damos conta nos Art.º 187.º e 188.º do CPP, relativos à
admissibilidade e à formalidade das operações de escutas telefónicas, de onde se destaca:
i) que só um juiz pode determinar a intercepção telefónica, apenas a requerimento
do Ministério Público e conquanto fundamente a sua decisão2;
ii) a medida está limitada à fase de inquérito, de onde decorre que está vedada a sua
utilização na fase de instrução e julgamento3, assim como não pode ser
autorizada em fase pré ou extra-processual;
iii) as escutas telefónicas são admissíveis apenas quanto a um catálogo restrito de
crimes4;
iv) é exigida a verificação de uma suspeita fundada da prática de um crime5 de
catálogo, não estando as escutas telefónicas legitimadas em caso de mera
suspeita de crime, ou seja, não basta apenas a notícia do crime ou uma denúncia
anónima é necessário que a isso se some já um certo nível de indícios;


1
Por todos ....
2
A decisão pode ser fundamentada na promoção do MP, reproduzindo os fundamentos da mesma, e
mesmo que o MP tenha subscrito as razões invocadas pelo OPC na informação que antecede a promoção do
MP – Ac TRC (ver p. 508, nota 2 do P.P. Albuquerque)
3
Cfr. Damião da cunha – O regime legal das escutas telefónicas. revista do CEJ – p. 209
4
P.P. Albuquerque considera inconstitucional o art.º 187.º, n.º1, al. g) por violar o art.º 32.º, n.º 4,
conjugado com o art.º 18.º ambos da CRP, quanto ao crime de evasão, p. 508
5
Costa Andrade acrescenta: “não deve ser lançada a escuta para ver há uma suspeita da prática de crime” –
C. Andrade – Das escutas telefónicas – I Congresso de P. Penal – p. 218
v) exige-se um maior grau de ponderação, no caso concreto, sobre a necessidade, a
proporcionalidade e a adequação na determinação deste meio de obtenção de
prova, pois o mesmo só deve ser autorizado quando for “indispensável para a
descoberta da verdade” ou no caso da prova ser, de outra forma, “impossível ou
muito difícil de obter”
vi) a limitação a um círculo restrito de potenciais visados, estabelecendo a lei como
que, a par de um “catálogo de crimes”, um “catálogo de pessoas”6 que podem
ser alvo de escutas telefónicas, incluindo neste a vítima, mediante o seu
consentimento;
vii) a fixação de um prazo máximo para cada intercepção telefónica (3 meses),
sendo que esse prazo pode ser renovado por igual período até ao limite do prazo
do inquérito, desde que se mantenham os requisitos de admissibilidade inicial7;
viii) a exigência de controlo efectivo e contínuo das escutas por parte do juiz, que se
consubstancia na fiscalização quinzenal das conversações telefónicas entretanto
interceptadas, sendo que as mesmas lhe são levadas por parte do M.P., que as
recebeu do OPC, efectuando o juiz o controlo da legalidade da execução da
medida e da necessidade de continuação da mesma.

Mormente as escutas telefónicas se relevarem fundamentais na luta contra a


criminalidade grave, complexa, organizada e muitas vezes transnacional8, as mesmas
devem assim ser aplicadas de forma restrita, sobressaindo da lei o seu carácter excepcional
e subsidiário de outros meios de obtenção de prova disponíveis9.


6
Cf. também Carlos A. Teixeira - Escutas telefónicas: a mudança de paradigma e os velhos e os novos
problemas – Revista do CEJ – PÁG.ª 246
7
Benjamim S. Rodrigues – considera fundamental que para a prorrogação de prazo o juiz de instrução leve a
cabo uma diferente e autónoma valoração fundamentadora verificando …. – A Monitorização dos fluxos
informacionais e Comunicacionais – Volume I – p. 329.
8
Costa Andrade refere um “estado de necessidade investigatório que o legislador terá arquetipicamente
representado como fundamento da legitimação (excepcional) das escutas telefónicas” – Costa Andrade –
Sobre o Regime Processual Penal das Escutas Telefónicas, In RPCC, Ano I, Jul/Set 1991, p. 369 a 408.
9
Cf. Costa Andrade – que refere que só é admissível o recurso a este meio intrusivo se não for possível
alcançar “a mesma eficácia probatória à custa de meios menos gravosos” - Costa Andrade, “Das Escutas
Telefónicas” in I Congresso de Processo Penal, Almedina, 2005, p. 218.
Como meio de obtenção de prova as escutas telefónicas devem cingir-se ao
estritamente necessário pois têm um âmbito subjectivo demasiado alargado, por
conseguinte, para além de serem atentatórias de inúmeros direitos constitucionalmente
consagrados das pessoas visadas, põem em causa direitos e liberdades fundamentais de
muitas outras pessoas que com aquelas se relacionam mediante a utilização das
comunicações telefónicas.

Através de uma intercepção telefónica descobre-se a vida da pessoa escutada, a vida das
pessoas que com aquela falam e ainda a vida de outras pessoas sobre as quais aquelas
entendam falar10, advindo daqui um mancha de danosidade social que alastra de forma
incontrolável e de difícil contenção.

1.1 Delimitação conceptual

O que são então as intercepções telefónicas?

Não há na nossa lei uma definição daquilo que são ou devam ser as intercepções ou
escutas telefónicas11.

Na sequência do Parecer n.º 92/91 do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral


da República, o Procurador-Geral da República exarou a Circular n.º 07/92 onde concebeu
que o procedimento de intercepção telefónica ou similar consubstancia-se na captação de


10
Cf. Costa Andrade - “Das Escutas Telefónicas” in I Congresso de Processo Penal, Almedina, 2005, p. 216.
11
Sobre o assunto pode ler-se no Ac. do TRC de 29/03/2006, in CJ, Ano XXXI, Tomo II/2006, p. 45, que: “A lei
não define o que são “intercepções telefónicas”, ou mais vulgarmente designadas “escutas telefónicas”,
pelo que nos socorremos da definição ensaiada pelo Tribunal Supremo espanhol, que define intervenções
nas comunicações telefónicas “como medidas instrumentais que supõem uma restrição do direito
fundamental do segredo das comunicações e que aparecem ordenadas por juiz de instrução em fase de
instrução ou sumariado procedimento penal, não só (bien) frente ao imputado, como também (bien) frente
a outros com os quais este se comunique, com a finalidade de captar o conteúdo das conversações para a
investigação de concretos delitos e para a aportação, no caso concreto (en su caso), de determinados
elementos probatórios”.
uma comunicação entre pessoas diversas do interceptor por meio de um processo
mecânico, sem conhecimento de, pelo menos, um dos interlocutores12.

Tomando como ponto de discussão apenas a questão relativa à palavra falada, uma
vez que as escutas telefónicas incidem ainda sobre a palavra escrita e sobre os dados de
tráfego13, interessa atender a alguns conceitos para melhor compreensão desta realidade.

Em primeiro lugar interessa termos presente o que se entende por “conversação”,


que será o acto ou a acção de conversar14, de estabelecer diálogo entre duas ou mais
pessoas, sobressaindo daqui a ideia de convivência, de intimidade entre pessoas.

Assim, essa conversa vai ser estabelecida através de operadores de comunicações da


rede fixa, da rede móvel GSM e por computadores, através de programas VoIP (Voice over
Internet Protocol), seja por intermédio de cabo eléctrico ou óptico ou rede móvel GSM,
podendo vir a ser então “interceptada” e “gravada” no âmbito das escutas telefónicas.

A referência, no início do n.º1 do Art. 187.º do Código de Processo Penal (CPP), à


“intercepção” das conversações telefónicas não é a mais correcta do ponto de vista dos
conceitos15, uma vez que etimologicamente “interceptar” quer dizer “interromper o curso
de”, “ficar com (o que vai dirigido a outrem)” ou ainda “fazer parar; impedir”16, o que
nos pode levar a entender que a intercepção telefónica corresponde à interrupção ou
cessação do curso ou ainda à apropriação de uma conversação ou comunicação telefónica, o
que é manifestamente incorrecto17, pois tal não se verifica.


12
Cf. 3.ª conclusão da Circular. Acedida e consultada, em 06/07/13, no link: http.//www.pgr.pt/Circula-
res/textos/1992/1992_07.pdf
13
Tomando como exemplo uma carta escrita, os dados de tráfego correspondem ao Destinatário e ao
Remetente, enquanto a palavra interceptada (falada ou escrita) corresponde ao conteúdo da carta.
14
Cf. Infopédia [On-line]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Acedido e consultado, em 06/07/13, no link:
http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa-aao/conversação
15
Cf. Benjamin S. Rodrigues - A Monitorização dos fluxos informacionais e Comunicacionais, Volume I, p. 85.
16
Cf. Infopédia [On-line]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Acedido e consultado, em 06/07/13, no link:
http://www.infopedia.pt/ lingua-portuguesa-aao/interceptar
17
Benjamin S. Rodrigues refere que “a limitação do direito ao segredo nas comunicações telefónicas “não
pode consistir em impedir a comunicação, isto é, em que o imputado/suspeito/arguido não possa fazer ou
receber chamadas de telefone”. Porque, se assim for, estaremos perante uma restrição ilegítima de um
direito fundamental, dificilmente concebível no contexto do artigo 18.º, n.º 2 da CRP, por violação do
princípio da proporcionalidade. Benjamin S. Rodrigues - A Monitorização dos fluxos informacionais e
Comunicacionais, Volume I, p. 85/86.
Efectivamente, o que se verifica é que essas conversações são ser escutadas e
gravadas (ou vice-versa) por um Órgão de Polícia Criminal (OPC), por forma àquele aferir
da necessidade de adoptar medidas cautelares18, no âmbito do delito em investigação, e
igualmente se aperceber do eventual conteúdo probatório das mesmas, posto o que as envia
ao M.P. que posteriormente as remete ao juiz de instrução para que este proceda ao
respectivo controlo.

E que tipo de conversas, que tipo de comunicação vai ser escutada e gravada pelos
OPC´s e que merece a salvaguarda constitucional constante dos Art.s 26.º e 34.º, n.º 1 da
CRP?

É óbvio que estamos no campo da comunicação fechada, ou seja, aquela que diz
respeito à comunicação que se realiza dentro de um número certo, preciso e determinado de
pessoas, que contam que o Estado seja o garante desse círculo comunicacional que se limita
àquele número restrito de intervenientes19.

Identificado o tipo de comunicação e o canal20 por onde se efectua essa


comunicação falta ainda enunciar outros elementos imprescindíveis de qualquer conversa
ou acto comunicativo, são eles: i) o emissor - que é quem produz a mensagem; ii) a
mensagem – que é a informação produzida e transmitida pelo emissor; iii) o receptor – que
é quem recebe, descodifica e interpreta a mensagem. De salientar que em cada acto
comunicacional em concreto, a posição do emissor e do receptor é bilateral e reversível,
não olvidando que em situações esporádicas poderá haver mais que dois
emissores/receptores, caso das comunicações telefónicas mantidas pela função
“conferência”, em que os interlocutores dialogam como que em “rede”.

Em conclusão diremos que, em abstracto, as “escutas telefónicas” são a audição e


gravação das conversações estabelecidas em circuito fechado entre um emissor e um

18
Por força do n.º 2 do art.º 188.º do CPP o OPC que proceder à investigação pode tomar previamente
conhecimento do conteúdo da comunicação interceptada, com a finalidade de poder praticar os actos
cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de prova. Permite-se assim, que a polícia ouça e
possa intervir de imediato, por exemplo para fazer uma apreensão de droga combinada telefonicamente e
conseguir o “flagrante”. Cf. CPP Comentários e notas práticas, Magistrados do Ministério Público do Distrito
Judicial do Porto, Coimbra Editora, 2009, p. 498.
19
Cf. José Faria da Costa – Direito Penal da Comunicação – Alguns escritos, Coimbra Editora, 1998, p. 85.
20
Cf. indicado supra, será via telefone fixo, telemóvel e computador.
receptor, levadas a cabo por via de telefone e/ou computador, e efectuadas pelo Estado no
âmbito da prossecução penal.

1.2 A técnica ou a execução material das escutas telefónicas

Questão importante é a forma prática como as escutas telefónicas são efectuadas.


Tal método, porque desconhecido da maior parte, pode levar à ideia de pouco rigor ou pelo
menos de ligeireza de procedimentos que ponham em causa a integridade e idoneidade da
medida excepcionalmente admitida pela Constituição enquanto limitadora do direito ao
sigilo das telecomunicações.

Tomando como exemplo uma chamada telefónica entre duas pessoas munidas cada
uma com um telemóvel de operadoras de telecomunicações diferentes, o que vai acontecer
é que quando uma delas pretender efectivar uma chamada para a outra vai digitar um
número e activar a tecla de chamada do seu aparelho (a tecla verde do telemóvel) e a sua
operadora de telecomunicações vai receber uma informação (na sua central telefónica) de
que um seu assinante quer estabelecer uma ligação com um assinante de outra operadora,
estabelecendo, por isso, uma interconexão com essa operadora. Assegurado que existe
canal disponível é então enviado, pela segunda operadora, um sinal ao seu assinante, altura
em que o telemóvel dessa pessoa acciona o mecanismo sonoro indicativo de “chamada em
linha” e se aquela atender estabelece-se um canal de comunicação (de bilateralidade e
alternatividade de emissor/receptor).

Se fossem da mesma operadora a informação era toda processada na central da


mesma operadora e o envio de sinal para o n.º pretendido era efectuado, só que tudo dentro
da mesma rede.

De cada lado deste circuito e em cada um dos aparelhos que permitem a


comunicação existem dois componentes fundamentais, um microfone, que vai transformar
as vibrações sonoras em oscilações eléctricas para permitir a sua propagação e, um
altifalante, que converte a energia eléctrica propagada em energia sonora, permitindo assim
ampliar e difundir os sons, emitidos pelo microfone, para serem perceptíveis ao ouvido
humano.

Nas escutas telefónicas, a operadora, cujo n.º está interceptado, vai estabelecer um
canal21 para a Unidade de Telecomunicações e Informática da Polícia Judiciária22 em cujo
sistema será gravada e armazenada uma cópia (réplica) dessa comunicação originada ou
terminada no alvo, motivo de intercepção judicial.

Assim, aquando de intercepções telefónicas autorizadas judicialmente, o OPC com


competência investigatória para o inquérito ao abrigo do qual aquelas foram decretadas
remete cópia do despacho exarado pelo juiz à UTI-PJ, ficando aquela Unidade com a
incumbência de o encaminhar para a(s) operadora(s) a cujo(s) número(s) de telefone
pertencem os números a que foram autorizadas as escutas, sejam fixos, móveis ou clientes
de dados de Internet.

Nesta primeira fase a UTI-PJ procede às necessárias definições no seu sistema e


atribui um código (LIID – Lawfull Interception Idenfier) para que os operadores
procederem à segunda fase técnica que é a definição nas suas redes de comunicações, dos
dados relativos à intercepção, para que sejam compatíveis com as definições já efectuadas
no sistema da PJ.

Seguidamente a UTI-PJ informa o OPC, responsável pelo inquérito crime em


investigação, de que as intercepções telefónicas vão ter início, ou seja, vai, a partir daquele
momento, ser possível ouvir as conversações telefónicas levadas a cabo pelo(s) “alvo(s)”
daquela investigação assim como proceder à sua gravação.


21
Tal como estipula a Lei das Comunicações Electrónicas, Lei 5/2004 de 10 de Fevereiro, na alínea n) do n.º 1
do artigo 27.º, “Sem prejuízo de outras condições previstas na lei geral, as empresas que oferecem redes e
serviços de comunicações electrónicas apenas podem estar sujeitas na sua actividade às seguintes
condições: (…) Instalação, a expensas próprias, e disponibilização de sistemas de intercepção legal às
autoridades nacionais competentes bem como fornecimento dos meios de desencriptação ou decifração
sempre que ofereçam essas facilidades, em conformidade com a legislação aplicável à protecção de dados
pessoais e da privacidade no domínio das comunicações electrónicas; (…)”
22
A Polícia Judiciária tem a competência exclusiva para a execução do controlo das comunicações mediante
autorização judicial, cf. Art.º 27.º da Lei 53/2008, de 29 de Agosto, Lei da Segurança Interna.
Sequentemente o OPC lavra um Auto de Início de Intercepção23, onde constam a
data e hora exactas em que passou a ser possível ouvir as conversas mantidas pelo(s)
“alvo(s)”, o número de telefone interceptado e o respectivo número de Alvo (o código LIID
atribuído previamente pela UTI-PJ) e envia-o ao M.P. titular do inquérito, que por sua vez o
fará chegar ao juiz.

2. A voz-off das escutas telefónicas

Aquando de uma chamada telefónica estabelecida entre um emissor e um receptor o


microfone do aparelho de cada um dos intervenientes nessa comunicação pode captar
outros sons que não apenas os emitidos por aqueles interlocutores no âmbito da conversa,
ou acto comunicativo, que estão a manter.

Imaginemos que um A, aquando de uma conversa telefónica, se encontra numa sala


de espera das urgências de um hospital, o microfone do seu telefone vai captar o som
emitido pelo sistema sonoro do hospital aquando da chamada dos doentes para se
deslocarem para tratamento médico, pois tal chamada, para ser audível por todos aqueles
que se encontram na sala de espera, é feita num tom alto, permitindo assim que o microfone
do telefone de A o capte e o envie para o altifalante do telefone da pessoa que se encontra
do outro lado da linha.

Da mesma maneira acontecerá quando um B que está num jardim público, sentado
ao lado de um casal que fala distraidamente da sua vida conjugal, estabelece uma
comunicação telefónica com outrem. Nessa situação, pela proximidade, pela distracção e
pelo tom não secretista com que o casal mantém a sua conversa, o microfone do telefone de

23
Armando Veiga sustenta que embora não previsto em Lei expressa este Auto será uma imposição
constitucional, porquanto “(…) por força do artigo 18.º, n.ºs 2 e 3 da CRP, devem indicar-se o momento em
que se inicia a medida de restrição do direito fundamental, por quem preside à mesma. Tais elementos
serão imprescindíveis para que a autoridade judicial possa aferir do uso não abusivo da medida,
nomeadamente, assim se evitando que a autorização judicial surja como um “mandado em branco” que o
órgão de polícia criminal “oportunamente” preencheria segundo os seus particulares interesses
investigatórios.”. Armando Veiga e Benjamin S. Rodrigues – Escutas Telefónicas – Rumo à Monitorização dos
Fluxos Informacionais e Comunicacionais Digitais, Coimbra, 2006, p. 233/234
B irá captar a conversa mantida entre o casal e enviá-la-á para o altifalante do telefone do
seu interlocutor, ficando esse a ter conhecimento do conteúdo da conversa mantida entre
aquele distraído casal.

Considere-se ainda um C, que estando no resguardo do seu lar e acompanhado pelos


restantes membros da sua família, atende um telefonema de alguém conhecido. Durante
esse telefonema, se o C se mantiver próximo dos seus parentes, que emotivamente discutem
entre si assuntos ligados à intimidade da vida privada familiar, o seu interlocutor ficará
também a conhecer os segredos daquele agregado familiar, pois os mesmos serão captados
pelo microfone do telefone de C e enviados para aquele que consigo mantinha uma
conversa telefónica.

Muitos mais exemplos poderíamos encontrar de outras conversas mantidas entre


alguém que está próximo a um participante numa comunicação telefónica e cuja conversa
vai ser captada pelo microfone desse telefone e revelada à pessoa que está do outro lado da
linha.

Tais conversas, que são inadvertidamente captadas pelos microfones de um


qualquer telefone que se encontre activo nas proximidades do local onde as mesmas estão a
decorrer, são as chamadas conversas entre presentes ou conversas cara a cara e
correspondem à voz-off de uma comunicação telefónica e por conseguinte à voz-off das
escutas telefónicas.

Tal como consta do dicionário on-line Infopédia, da Porto Editora, “voz-off” é a voz
exterior à cena, ou seja, aquela que não pertence à cena, que, no caso das
telecomunicações, não pertence à conversação telefónica, esta última é aquela que é
mantida entre o emissor e o receptor, sendo a primeira algo que vem “a mais”, foi apanhada
na rede telefónica mas dela não faz parte.

De salientar que para além dos exemplos de voz-off já citados, nomeadamente,


casos em que terceiros exteriores a uma comunicação telefónica mantêm uma conversa
presencial e essa conversa vem a ser “apanhada” pelo microfone de um telefone e a ser
inserida num fluxo comunicacional telefónico, há ainda um outro tipo de voz-off, que é
aquela que corresponde às conversas presenciais, cara a cara, mantidas entre um qualquer
dos interlocutores de uma conversação telefónica e um terceiro que junto a ele se encontre.

Neste caso um dos interlocutores da comunicação telefónica mantém duas


conversas ao mesmo tempo, uma telefónica, à distância, e outra presencial, cara a cara,
sendo esta última a voz-off da primeira.

2.1 Tipos de voz-off

2.1.1 A voz-off antes da comunicação telefónica

A voz-off no contexto das escutas telefónicas pode verificar-se antes do


estabelecimento de qualquer comunicação ou conversação telefónica efectuada entre dois
interlocutores.

Assim, imaginemos que A, que está a ser alvo de escutas telefónicas, tenta ligar
para B, mas este não atende. A para dar inicio à chamada, digita o número de B e activa a
tecla de chamada (a tecla verde do seu telemóvel), pelo que o microfone do seu aparelho é
accionado e começa a gravar o áudio, ou seja, a gravar os sons que apanha à sua volta.

Junto a A encontram-se C e D que conversam descontraidamente, a determinada


altura, A, porque B não atende, junta-se à conversa. Estas conversas, tidas entre A, C e D,
estão já a ser captadas pela operadora de telecomunicações e, por via disso, estão a ser
gravadas pelo sistema da UTI-PJ e disponíveis para serem ouvidas pelo OPC.

Ou seja, durante aquele período de espera, para que B atendesse, as conversas


mantidas junto ao telefone móvel de A foram já gravadas e representam a voz-off das
escutas telefónicas.
Veja-se que B pode nem sequer atender, pelo que durante o tempo que A julgar por
bem aguardar, apenas as conversas mantidas por A, C e D, junto ao telefone do primeiro,
vão ser interceptadas, não se realizando neste exemplo qualquer comunicação telefónica.

De referir que esta voz-off só pode ocorrer nas situações em que quem inicia, ou
deseja iniciar, uma comunicação é o alvo da escuta telefónica, pois caso fosse ele a receber
a chamada, enquanto não atendesse (e por isso accionasse o microfone do seu aparelho) não
seria captado qualquer áudio pelo seu telefone e como tal nada seria interceptado.

2.1.2 A voz-off no decurso da comunicação telefónica

Tomemos como referência o exemplo anterior, em que A telefona para B, enquanto


tem ao seu lado C e D a conversar entre si. Quando B atende inicia-se então uma
comunicação telefónica entre A e B (que funcionam como emissor/receptor em regime de
alternatividade), mas como C e D continuam a conversar (cara a cara) junto do telefone de
A, vão ser captadas quer a conversação telefónica de A e B, mas também a conversação
presencial mantida entre C e D, sendo esta a voz-off, pois não faz parte, não diz respeito à
comunicação telefónica mantida entre A e B.

Neste caso podemos ainda complicar um pouco mais e colocar junto a B um E e um


F, que conversam entre si, sendo esta conversa, em voz-off, captada agora pelo microfone
do aparelho de B e como tal interceptada pela operadora de telecomunicações e enviada
para o OPC.

Aqui, como temos o estabelecimento efectivo da conversação telefónica a voz-off


pode surgir quer do lado do alvo, quer do lado daquele com quem ele se comunica, pois
ambos os aparelhos telefónicos têm os microfones activos e como tal a captar os sons que
estão a ser emitidos junto a si.

2.1.3 A voz-off após a comunicação telefónica


Se no decurso duma conversação telefónica é possível ser captada voz-off de cada
um dos lados dessa mesma conversação, quando um dos interlocutores decide pôr termo à
comunicação e desliga o seu aparelho, interrompendo assim o canal de comunicação a
intercepção telefónica cessa de imediato, ou seja, já não vai ser possível captar mais
qualquer som, já não vai ser possível interceptar voz-off24.

Em abstracto, será ainda possível interceptar e gravar conversas em voz-off após o


términus de uma conversação telefónica.
Será quando os interlocutores da conversação decidem pôr-lhe fim, mas nenhum
deles desliga o seu aparelho, ficando os respectivos microfones activos e como tal a
captarem e transmitirem as conversas presenciais que se façam junto a eles. Mas, repete-se,
têm de ficar ligados ambos os aparelhos, pois assim que um for desligado é “cortada” a
chamada e como tal a escuta telefónica àquela conversa termina.

3. Voz-off que regime: escuta telefónica ou escuta ambiental?

As escutas telefónicas são uma restrição excepcional face a direitos


constitucionalmente consagrados. Tal restrição põe em causa, de forma mais incisiva, o
direito ao sigilo das telecomunicações, previsto no Art.º 34.º, n.º 1 da CRP, o direito à
palavra e o direito à reserva da intimidade da vida privada, constantes do Art.º 26.º, n.º 1 da
CRP.

Quanto à restrição do direito ao sigilo das telecomunicações ela é perpetrada pela


devassa que é feita às comunicações ou conversações realizadas por intermédio dos meios
de telecomunicações, ou seja, é permitido às autoridades estatais, mediante rígidos
pressupostos, ter acesso às conversações que os cidadãos levam a cabo utilizando um meio

24
Tal verifica-se devido às redes de telecomunicações serem agora digitais, não podendo, por isso,
actualmente verificar-se o exemplo casuístico que Costa Andrade explana na pág. 341 do n.º 3951 da RLJ,
Ano 137, Jul/Ago 08, Coimbra Editora, no artigo. “Bruscamente no Verão Passado” a Reforma do Código
Processo Penal – Observações críticas sobre uma Lei que podia e devia ter sido diferente.
de telecomunicações, em suma, é-lhe permitido quebrar o lacre que protege as
conversações efectuadas à distância e que só com o auxílio desses meios são possíveis de
estabelecer.

Poder-se-á dizer que face à faculdade legal de quebra do sigilo das


telecomunicações, os cidadãos só têm uma forma de se defender de tal flagelo, é não
comunicar utilizando meios de telecomunicações, não efectuar conversas à distância,
optando apenas por encetar conversas presenciais, cara a cara, em que os interlocutores
estejam frente a frente, não necessitando, por isso, de qualquer meio de telecomunicação.

Nas escutas telefónicas é igualmente posto em causa o direito à palavra dos


cidadãos, mas temos que nos interrogar a qual palavra nos referimos. É à palavra utilizada
para estabelecer conversações através de um meio de telecomunicações. E terá essa alguma
particularidade ou especificidade? Essa é a palavra que quando a proferimos sabemos
sempre que há um risco da mesma ser posta a descoberto, pois está a ser mantida através
dum meio sobre o qual há sempre a hipótese de ocorrer uma qualquer falha técnica e da
nossa palavra ser exposta, por outro lado não vemos a cara do nosso interlocutor e como tal
poderemos estar a enviar a nossa palavra para quem não queiramos, por tudo isso
proferimo-la com reservas25.

De igual forma é ainda posto em causa o direito à reserva da intimidade da vida


privada. Mas que parcela da vida privada vêm os cidadãos colocada em risco? É a parcela
que cada um de nós está disposto a partilhar nas conversações à distância, por isso feitas
por intermédio de um meio de telecomunicações, e que dadas as vicissitudes acima
expostas leva a que nos defendamos e que essa parcela seja evidentemente reduzida.

Urge então apreciar se as conversas em voz-off fazem ainda parte e são regidas pelo
regime das escutas telefónicas, uma vez que ao contrário das conversações telefónicas,
efectuadas à distância, onde é imprescindível um meio de telecomunicações, aquelas são
conversas presenciais, em que os interlocutores estão cara a cara, são conversas mantidas


25
Cf. Costa Andrade, que refere: “quando falamos ao telefone atiramos com a palavra, não sabemos para
onde. Corremos um pouco por risco próprio, isto é, temos de ter cuidado. A palavra que proferimos ao
telefone é como a pedra que atiramos, sabe-se lá onde vai cair, temos de ter cuidado.” – Costa Andrade,
“Das Escutas Telefónicas” in I Congresso de Processo Penal, Almedina, 2005, p. 217.
por pessoas que estão frente a frente, não necessitando de qualquer meio de propagação da
palavra para comunicarem.

Entendemos que as conversas em voz-off, por serem conversas entre presentes, não
são conversas telefónicas.

A ingerência nas conversas entre presentes põe em causa a violação do direito à


palavra e do direito à reserva da intimidade da vida privada de uma forma muito mais grave
que a intromissão nas conversações telefónicas. Nas conversas entre presentes os
interlocutores já não têm os pruridos comunicacionais que patenteiam aquando das
conversas efectuadas através de um qualquer meio de telecomunicações, há uma maior
intimidade entre ambos, expondo-se, por isso, muito mais, revelando muito mais de si,
dando-se a conhecer de uma forma mais profunda26.

Por outro lado para se levar a cabo a devassa das conversas entre presentes, ou cara
a cara, não é necessário pôr em causa o sigilo das telecomunicações, pois as mesmas não
necessitam de qualquer meio de telecomunicações para serem realizadas27.

Assim a intercepção das conversações estabelecidas entre duas ou mais pessoas que
se encontram frente a frente, cara a cara, não são escutas telefónicas mas sim dizem
respeito às escutas ambientais

A voz-off é efectivamente conversa entre presentes, só que por ser realizada perto
do microfone de um aparelho de telecomunicações que está activado, vem a ser captada e
interceptada no âmbito da medida das escutas telefónicas, não tendo nada a ver com o
regime das escutas telefónicas mas sim com o das escutas ambientais.

26
Cf. Benjamim Silva Rodrigues refere: “(…) há uma maior desenvoltura comunicacional entre os
interlocutores, visto que atenuam as cautelas e, ao olharem o outro nos olhos, sente-lhe a confiança e
ganham a confiança para lhes dizer coisas que, doutro jeito, nunca atirariam para dentro das redes de
comunicações electrónicas no âmbito das comunicações à distância.” Benjamim S. Rodrigues, Da Prova
Penal – Tomo II – Bruscamente … A(s) Face(s) Ocultas dos Métodos Ocultos de Investigação Criminal, Lisboa:
Editora Rei dos Livros, 2010, p. 477.
27
Cf. Costa Andrade, que alega: “Também as conversas-ambiente (Raumgesprache) caem fora da área de
tutela e do regime material e adjectivo das telecomunicações. Temos agora em vista as conversas travadas
entre presentes, não destinadas a serem transmitidas por telecomunicação mas que, sendo produzidas na
proximidade de um aparelho (v.g., um telefone) activado, são por este captadas e transmitidas e podem ser
interceptadas e gravadas.” ANDRADE, Manuel da Costa, “Bruscamente no Verão Passado” a Reforma do
Código Processo Penal – Observações críticas sobre uma Lei que podia e devia ter sido diferente, in Revista
de Legislação e de Jurisprudência, Ano 137, n.º 3951, Jan/Ago 08, Coimbra: Coimbra Editora, p.341.
Elucidativo que as conversações em voz-off não se integram nas escutas telefónicas
é o gesto muitas vezes repetido pelos interlocutores de uma chamada telefónica, quando
falam com alguém presencialmente e ao mesmo tempo ao telefone, que é o de colocar a
mão no auscultador, junto ao microfone do aparelho, por forma a que quem está do outro
lado da linha telefónica não ouça o que se está a conversar com a pessoa que está ao nosso
lado, pois quer-se manter essa conversa fora da rede de telecomunicações, apenas limitada
ao espaço ambiental em que a mesma está a decorrer, seja um domicílio, seja um espaço
público.

Assim somos da opinião que a voz-off, enquanto conversa entre presentes, não se rege pelo
regime das escutas telefónicas mas sim pelo regime das escutas ambientais28.

3.1 A extensão do regime das escutas telefónicas pelo Art.º 189.º do CPP

O legislador veio, a partir de 1998, a equiparar às intercepções e gravações das


conversações e comunicações levadas a cabo por telefone as intercepções das
comunicações entre presentes (art.º 189.º, n.º 1, “in fine” do CPP).

Esta extensão foi uma medida legislativa imperfeita29, porquanto mistura duas
realidades que não têm similitude entre si, uma coisa é a intercepção de conversas
telefónicas outra coisa é a intercepção de conversas entre presentes.


28
Igual doutrina defende BENJAMIM S. RODRIGUES: “As captações e gravações de conversações ou
comunicações, a partir de um aparelho sobre vigilância ou monitorização, por decisão judicial, fora das
redes de comunicações electrónicas, mas a partir das mesmas – como ocorre com o microfone do telemóvel
que capta voz-off -, não se rege pelo regime específico das escutas telefónicas, mas outrossim por essoutro
das denominadas “gravações ambientais” ou “face to face”, com a especificidade que, aqui, se aproveita o
microfone do telemóvel e não se coloca o mesmo, de modo autónomo, na habitação ou espaços
frequentados pelo sujeito: e, ainda, com a outra especificidade de se tratar de uma captação que é
“comunicada” ou “transmitida” a partir da rede de comunicações electrónicas, funcionando,
involuntariamente, nesse espaço de “stand-by”, inconscientemente e sem vontade do titular, o seu
telemóvel como meio de propagação de conversações que se encontra a ter e que não pretende
comunicar.” Rodrigues, Benjamin Silva, Da Prova Penal – Tomo VI – Novos Métodos “Científicos" de
Investigação Criminal nas Fronteiras das Nossas Crenças, Lisboa: Editora Rei dos Livros, 2011, p. 470.
29
ARMANDO VEIGA E OUTRO consideram que se “trata de uma equiparação altamente censurável visto que
se impunha, numa autónoma valoração, a consagração de um regime diferenciado, tendo em conta o
contexto em que estas intervenções são levadas a cabo”. Armando Veiga e Benjamin S. Rodrigues – Escutas
Telefónicas – Rumo à Monitorização dos Fluxos Informacionais e Comunicacionais Digitais, Coimbra, 2006, p.
As conversas entre presentes por serem muitas vezes efectuadas em espaço fechado,
no domicílio, último reduto da intimidade da vida pessoal e familiar e porque muitas vezes
efectuadas debaixo de um clima de elevada intimidade entre os interlocutores, propiciam a
revelação de aspectos da vida das pessoas, como as suas tendências sexuais, ideológicas,
religiosas, questões sentimentais e de saúde, que põem em causa a núcleo mais íntimo de
cada um, pelo que, sendo expostas, por via da voz-off como uma vulgar escuta telefónica,
podem ser inconstitucionais por atentatórias da dignidade humana30.

Assim, pelo simples facto de no Art.º 189.º do CPP o legislador referir que o regime
das escutas telefónicas é correspondentemente aplicável à intercepção das comunicações
entre presentes, não legitima a admissibilidade da interceptação e gravação da voz-off no
contexto das escutas telefónicas31.

Não olvidemos ainda que as intercepções das conversações entre presentes, por via
da voz-off das escutas telefónicas, iriam provocar uma dispersão do âmbito subjectivo para
lá do inaceitável, pois toda e qualquer pessoa que estabelecesse uma conversa presencial
junto a um qualquer telefone que se encontrasse sobre escuta passaria a ser interceptada por
via da voz-off, ou seja, passava a ser um alvo da escuta telefónica, ora, como é que a
extensão do art.º 189.º do CPP viabiliza todos estes novos “alvos” de escuta32. Não
viabiliza.


291. Também COSTA ANDRADE defende ideia igual, pois considera que: “A lei em 1998 faz uma
equiparação, que do meu ponto de vista não merece ser apoiada, das escutas às conversas face a face. (…)
Aqui entrou-se num campo que não devia obedecer ao regime das escutas telefónicas, mas a um regime
diferente. Não tem comparação possível. Uma coisa é uma escuta, outra coisa é a escuta das pessoas cara a
cara. (…) Isto é uma solução orwelliana de Big Brother em toda a parte e em todo o canto. Do meu ponto de
vista, este alargamento não se justificava. (…) Esta é uma equiparação, do meu ponto de vista, indesejável.”
Costa Andrade, Das escutas telefónicas, in I Congresso de Processo Penal, Coord. Guedes Valente, Coimbra,
Livraria Almedina, 2005, p. 217/218
30
No mesmo sentido LEITE, André Lamas, Entre Péricles e Sísifo: o novo regime legal das escutas telefónicas,
in Revista Portuguesa de Ciência Criminal, Ano 17, 2007, p. 615.
31
Defendendo o mesmo RODRIGUES, Benjamin Silva, Da Prova Penal – Tomo VI – Novos Métodos
“Científicos" de Investigação Criminal nas Fronteiras das Nossas Crenças, Lisboa: Editora Rei dos Livros,
2011, p. 470.
32
Em sentido concordante BENJAMIM S. RODRIGUES quando diz: “Até porque, não se esqueça, os “alvos
passivos”, chamamos-lhe assim, são alargados até ao infinito, já que “em voz-off” poderia captar-se e
gravar-se as conversações de todas as pessoas que se encontram dentro do metro junto do criminoso que se
vangloria dos seus feitos antes ou enquanto efectua uma ligação telefónica. A captação de “voz-off”, não se
encontra abrangida na “autorização judicial” para a respectiva “escuta telefónica”, nem fica autorizada uma
qualquer extensão daquela autorização para todos os novos “alvos” que vão sendo apanhados por via de tal
Como tal entendemos que a intromissão nas conversações entre presentes, cara a
cara, mas apenas em espaço aberto, isto é, em espaços púbicos, encontra-se sujeita às regras
constantes do art.º 189.º, n.º 2 do CPP, aplicando-se-lhe a quase totalidade das regras
típicas do regime geral das escutas (quanto à admissibilidade e formalismos) não quanto às
conversas em voz-off que são apanhadas nas comunicações telefónicas, mas sim as que são
apanhadas por meio de microfones colocados exclusivamente para o efeito.

Assim, se quisermos que os microfones dos telefones actuem como microfones


captadores de escutas ambientais (voz-off) é necessário uma autorização judicial
específica33.

4. O surgimento do problema jurídico da voz-off na jurisprudência portuguesa

Se a nível doutrinal o caso específico da voz-off nas escutas telefónicas é já hoje


debatido, ainda que de forma tímida, a nível jurisprudencial só agora o problema começa a
ser levantado, sendo disso exemplo as questões suscitadas pelos causídicos em mediáticos
processos ainda em fase de decisão e que ficaram conhecidos na comunicação social como
os processos dos “No Name Boys” e da “Máfia Brasileira”.

4.1. O acórdão da 5.ª Vara Criminal de Lisboa – Proc.º 1015/07.3PULSB

Neste processo34, o então denominado “Processo dos No Name Boys”, três arguidos
vêm a requerer, a nulidade das escutas telefónicas constantes dos autos das quais constem


técnica. A interpretação extensiva ou analógica, em matéria de escutas telefónicas é inconstitucional, por
violação do princípio da proporcionalidade ou proibição de excesso (artigo 18.º, n.º 2 da CRP de 1976), já
que na captação das conversações face-to-face há um outro paradigma constitucional e legal a ser
respeitado.” RODRIGUES, Benjamin Silva, Da Prova Penal – Tomo VI – Novos Métodos “Científicos" de
Investigação Criminal nas Fronteiras das Nossas Crenças, Lisboa: Editora Rei dos Livros, 2011, p. 471.
33
Cf. RODRIGUES, Benjamin Silva, Da Prova Penal – Tomo VI – Novos Métodos “Científicos" de Investigação
Criminal nas Fronteiras das Nossas Crenças, Lisboa: Editora Rei dos Livros, 2011, p. 472.
34
Consultado na Campus da Justiça – 5.ª Vara Criminal de Lisboa
a gravação da chamada voz-off, por se tratar de prova proibida, ao abrigo das disposições
combinadas dos Artsº 118 nº3, 126 nº3, 188 nº6 e 190, todos do CPP e 26 nº1, 32 nº8 e 34
nsº1 e 4, todos da Constituição. Alegaram, que a captação das conversas de alguns
arguidos, que estavam a ser alvo de intercepção telefónica, antes de serem atendidas as
chamadas por estes efectuadas, não consubstancia uma efectiva intercepção e gravação de
uma conversa ou comunicação telefónica, seja a que título for, na medida em que nem
sequer está identificado o destinatário a que tal conversa se dirige. Nessa medida, tal
gravação não está coberta pelo estatuído no Art.º 187 nº1 do CPP, nem pela extensão
prevista no Art.º 189 do mesmo Código, pois esta não se aplica às gravações nem às
conversações entre presentes, devendo a prova assim obtida ser considerada nula, não
podendo ser utilizada pelo Tribunal.

O que estava aqui em causa eram precisamente conversas entre presentes, ou seja
voz-off, levada a cabo antes da efectivação da comunicação telefónica, e que foram tidas
como escutas telefónicas.

Perante tal pretensão dos arguidos, veio o Tribunal a proferir a seguinte decisão:
Quando um juiz autoriza uma intercepção telefónica a uma determinada pessoa em
concreto, essa autorização cobre a gravação da voz-off dessa mesma pessoa, quando
captada por via do microfone do aparelho que está a ser objecto de escuta, sendo essa
extensão legitimada pelo Art.º 189 nº1 in fine do CPP. Ora, parece não haver motivo,
sempre e apenas em relação à pessoa que está a ser escutada, para fazer qualquer
distinção entre a gravação de uma intercepção telefónica e a gravação de palavras que
tenha proferido enquanto aguardava pelo estabelecimento de uma comunicação telefónica,
sendo que a gravação de tal comunicação é efectuada precisamente pelo meio
judicialmente autorizado, ou seja, o telefone que estava a ser escutado e a pessoa em causa
foi o alvo de tal autorização. Com efeito, aqui reside, na perspectiva do Tribunal, o fundo
da questão. As conversas em voz-off apenas podem ser admitidas como prova em relação
ao alvo em causa, ou seja, se as palavras ou expressões que assim são gravadas tiverem
sido proferidas pela pessoa que estava a ser escutada por aquele telefone, pois só assim
pode operar a extensão da autorização judicial permitida pela parte final do nº1 do Artº
189 do CPP.
A determinada altura é referido no acórdão: Quando um determinado telefone, que
está a ser alvo de uma escuta, é accionado para fazer uma chamada telefónica, dá-se desde
logo início ao processo técnico da sua intercepção, pelo que a gravação da voz-off da
pessoa em causa – que fala com alguém que está ao seu lado enquanto espera que do
número para o qual ligou lhe atendam a chamada – sempre se enquadrará sob o manto
jurídico da intercepção telefónica, até porque o meio pelo qual a mesma é gravada mais
não é do que o telefone que está a ser escutado.

Desta decisão retiram-se duas ideias, a primeira é que o Tribunal entende que
quando um juiz autoriza uma intercepção telefónica a um determinado alvo em concreto,
essa autorização cobre a gravação da voz-off desse mesmo alvo, mas apenas quanto a ele e
não quanto às pessoas com quem ele estabeleceu a conversa em off (cara a cara).

Concordamos, pelos motivos já expostos, com as alegações dos arguidos, porquanto


efectivamente a voz-off não cabe no regime das escutas telefónicas e assim a sua gravação
consubstanciou-se em prova ilícita.

Por outro lado, querendo aderir à resolução tomada pelo Tribunal não podemos
deixar então de criticar o mesmo quanto ao rejeitar da prova relativamente aos
interlocutores que mantinham a voz-off com o alvo, pois se o Tribunal considerou quanto
ao alvo que a voz-off diz respeito a conversas telefónicas o mesmo deveria fazer quanto aos
outros independentemente deles serem ou não alvos da investigação e como tal das escutas.
Tratar-se-ia de uma normal ampliação subjectiva35 da medida de intervenção nas
comunicações telefónicas, ou seja, um alargar do número de pessoas que, em função de
indícios e provas relevantes36 entretanto apurados passam também a ser alvo da intercepção
nas suas comunicações.

Quanto à segunda ideia a reter desta decisão judicial, ela diz respeito ao argumento
segundo o qual a voz-off enquadrar-se-á no regime jurídico da intercepção telefónica


35
No mesmo sentido ARMANDO VEIGA e BENJAMIN S. RODRIGUES – Escutas Telefónicas – Rumo à
Monitorização dos Fluxos Informacionais e Comunicacionais Digitais, Coimbra, 2006, p.209 e 210.
36
Trata-se de uma consequência necessária da “investigação aberta”, cf. pode ler-se no Ac. do TRC de
29/03/2006, in CJ, Ano XXXI, Tomo II/2006, p. 46.
apenas porque o meio através da qual a mesma foi captada não é mais do que o telefone que
tinha sido interceptado ao abrigo escutas telefónicas.

Esta ideia não colhe aceitação, pois é demasiado simplista querer enquadrar a voz-
off no regime das escutas telefónicas apenas porque foram captadas por um telefone, além
do mais a actuar fora daquilo para o qual foi concebido, captar conversações telefónicas,
não é o como (o meio) que determina o quê (o regime jurídico).

4.2. O acórdão do Tribunal do Seixal – Proc.º 137/08.8SWLSB

No semanário Expresso de Sábado de 08 de Janeiro de 2011, e relativamente ao


Proc.º 137/08.8SWLSB37, que ficou conhecido na comunicação social como o processo da
máfia brasileira, foi escrito um artigo onde podia ler-se o seguinte: Quando se carrega na
tecla verde do telemóvel nunca se sabe se a outra pessoa vai atender. Mas há uma certeza:
tudo o que disser enquanto espera que atendam vai ser ouvido pela PJ. Se estiver sob
escuta, claro. Já aconteceu no caso Sandro Bala: Artur pegou no telemóvel e ligou para
um brasileiro, o Paraíba. Enquanto esperava que atendesse a chamada, debatia com os
amigos presentes na sala um assunto animado: o número exacto de tiros que cada um tinha
acertado em Fábio, um segurança de um grupo rival. A vítima ficou gravemente ferida,
mas escapou com vida. E Miguel B., que nem estava ao telefone, mas assumiu
entusiasticamente a autoria de alguns disparos, ficou em prisão preventiva por causa da
fanfarronice. O microfone dos telemóveis é accionado assim que se carrega na tecla para
ligar. E a conversa, apesar de não fazer parte da chamada telefónica, ficou gravada e foi
usada pelo Ministério Público como motivo grave e sério para decretar a prisão
preventiva. O advogado de Miguel, Sérgio Machado, ainda alegou que se tratava de uma
escuta ambiental encapotada não autorizada e tentou anulá-la. “Foi complicado, porque
não há jurisprudência na matéria e a lei não é absolutamente clara”, admite. O pedido do
MP e da Judiciária foi confirmado pelo juiz Carlos Alexandre, no despacho que confirma a
prisão preventiva do homem suspeito de pertencer ao bando de Sandro Bala, um instrutor

37
Aguarda-se decisão judicial sobre o pedido de consulta ao referido Acórdão, a efectuar no Tribunal do
Seixal
de jiu-jitsu acusado de dirigir um negócio de extorsão na margem sul do Tejo: “Quando
um juiz autoriza uma intercepção telefónica a uma determinada pessoa em concreto, essa
autorização cobre a gravação de voz-off dessa pessoa, quando captada por via do
microfone de um aparelho que está a ser alvo de escuta”, explica o juiz no despacho.

Depois, no mesmo artigo, pode ler-se: (…) Um juiz do Tribunal da Relação de


Lisboa desvaloriza: “Se o juiz autoriza que um telefone seja escutado, qualquer conversa
captada por esse telefone é válida e legal. Não vejo onde está o problema.” Nem Carlos
Alexandre: “A gravação da voz-off enquadra-se na autorização de intercepção telefónica,
mesmo porque o meio pelo qual a conversa é gravada mais não é do que o telefone.”
Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, não está de acordo: “Conversas em
off não são escutas telefónicas.” O bastonário recorda que conversas telefónicas só se
fazem de um aparelho para o outro. “O resto são conversas de café.”

Decorre deste outro caso judicial que mais uma vez uma escuta de voz-off, isto é,
uma conversa entre presentes, captada por um aparelho telefónico que se encontrava
interceptado, foi usada como se de uma conversa telefónica se tratasse, vindo o arguido a
arguir a sua nulidade enquanto o juiz considerou que efectivamente se tratava de uma
chamada telefónica porque foi captada por um telefone. Ou seja, mais uma vez o argumento
do meio através do qual a voz-off foi interceptada veio a determinar o seu regime jurídico.

Mais uma vez reiteramos que não é o meio que convalida uma conversa de voz-off
em conversa telefónica, a conversa em voz-off é uma conversa ambiental e como tal não
deveria ter sido validada, devendo o Tribunal ter admitido os argumentos do arguido e
determinado a nulidade da mesma.

5. A voz-off e as proibições de prova


As conversas entre presentes, ou cara a cara, que consubstanciam a escuta de voz-
off captada por intermédio das intercepções telefónicas são ilicitamente recolhidas e como
tal estamos perante uma proibição de produção de prova38.

Casuisticamente poder-se-ão fazer determinadas ponderações para aferir da


possibilidade da valoração da escuta de voz-off, mormente a mesma consubstanciar prova
proibida39.

5.1. A voz-off como notícia do crime à luz da obrigatoriedade constante do


art.º 248.º do CPP.

A voz-off, porque escuta ambiental, interceptada via escuta telefónica acarreta uma
proibição de valoração, contudo face ao Art.º 248 do CPP, o OPC que tiver dela
conhecimento e caso na mesma sejam revelados factos que consubstanciem um crime tem
que informar o M.P., no mais curto prazo de tempo, para que aquele dê inicio a um
eventual procedimento criminal.

Assim, aquilo que não podia inicialmente ser valorado, vem no entanto a sê-lo por
via da notícia do crime40


38
Matéria a desenvolver
39
Matéria a desenvolver
40
Matéria a desenvolver
BIBLIOGRAFIA

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Universidade Católica, 2009.


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