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Temporalidade e Angústia
Na pesquisa desenvolvida pela autora no mestrado (Masson, 2006), sobre a
articulação do tempo na contemporaneidade, foi ressaltado que a noção freudiana de
inconsciente constitui uma contribuição fundamental no tocante à concepção psicológica
de tempo. A relevância do tema para Freud deve-se à relação da temporalidade com uma
das mais relevantes de suas concepções: o inconsciente. Não se trata de um tempo linear,
e sim, de uma articulação entre passado, presente e futuro. O sujeito experiencia um
tempo de outra lógica, no qual o futuro se antecipa e o passado marca presença em meio
a retornos, recalques, repetições e recordações. Para Freud (1915/1987):
Assim, está em causa a repetição, o passado que não passa, o que é impossível de
tramitar, o que é excessivo, é atualizado a todo momento. Trata-se do valor econômico
atribuído ao trauma. Em 1920, no texto Além do Princípio do Prazer, o desenvolvimento
do conceito de pulsão de morte e a compulsão à repetição, lançam novos rumos à
articulação entre trauma e angústia. Os sonhos dos soldados que voltaram da guerra
contribuíram para que Freud compreendesse que a angústia não seria a causa do trauma,
ao contrário, a angústia seria uma defesa, uma proteção diante do inesperado que ameaça
a vida.
Considerações Finais
Certamente, não foi por acaso que, ao final do percurso, em Análise terminável e
interminável, Freud (1937) evoca a figura da feiticeira para qualificar sua metapsicologia
e conceder-lhe um poder especulativo. Sendo assim, longe de permanecer identificada a
um arcabouço teórico fixo, a escuta do analista re-instaura, a cada vez, este pensar
metapsicológico, que, tal como a feiticeira, nos permite fantasiar metapsicologicamente
para poder pensar clinicamente (Fernandes, 2006, p.247).
Mais uma vez, esse é um laço possível para pensar a articulação entre a psicanálise
e a temporalidade em seus mais diferentes aportes. O analista também está mergulhado
em um tempo objetivo que, nesse momento histórico, privilegia o presente imediato. O
trabalho de análise convida ambos, analista e analisando a sustentar outra lógica, outra
forma de articulação temporal e o que se busca ao final refere-se a uma tentativa de lidar
com a finitude, que tem no tempo sua maior representante.
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