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Bonga A.

Merace1

O papel da universidade: evolução e obstáculos

Desde os primórdios da humanidade o homem sempre se interessou em saber. É de natureza


humana questionar, indagar, estar na busca incessante do saber, e não aceitar como óbvias e
naturais as representações do quotidiano. O conhecimento do homem atravessou várias fases da
sua evolução, desde o estado primitivo até ao civilizacional. E este processo foi concretizado
através do espírito (razão) o substrato epistémico, inalienável e despertador do conhecimento.

Desde o período humanístico, atravessando a idade media, até aos dias de hoje, o
saber/conhecimento sempre constituiu o epicentro das visões e cosmo-visões de toda forma de
busca das causas e origens de tudo quanto existe. Com efeito, a educação serviria de principal
instrumento como via legal e racional para a sistematização do saber. Para este propósito, as
escolas e em particular, as universidades constituíram principais espaços onde estas questões da
busca de saber seriam debatidas. Várias escolas de pensamento foram estabelecidas, com
diferentes métodos de estudo empregues a volta do mesmo objecto do estudo, que mais tarde foi
apelidado de fenómeno social total por Marcel Mousse.

Nesta senda, encetou-se o carácter inter-disciplinar e multi-disciplinar das ciências como a única
via de proclamar a universalização do saber, porém, nunca se distanciar dos parâmetros do
raciocínio lógico objectivo, e não da apropriação de qualquer forma de conhecimento científico.
Facto que a ciência teve uma das suas principais características: a falibilidade do saber. A ciência
incumbiu-se o papel de proceder de forma objectiva, precisa e sistemática, estabelecendo-se
como a única via de iluminar a razão. Pois bem, este espírito humanista - como propugna Rafael
Gambra - libertou o pensamento da armadura irracional e tornou possível uma reflexão
puramente filosófica.

Contudo, o trabalho da razão que se propunha concretizar, não só se materializaria com


surgimento das universidades mas também, através da formação de homens capazes de
transmitir esses conhecimentos. Idealmente, através dos homens que conceberiam a ciência
como vocação, tal como Max Weber a concebia, que se engajariam no papel árduo, permanente
e incessante da formação do espírito científico tal como Gaston Bachelard se incumbiu.

Por conseguinte, é indubitável que este processo ao longo dos anos não tenha evoluído. Pois é
inegável que não existiram homens que se comprometeram com esta tarefa. Portanto, é também
legítimo reconhecermos que há homens que ainda dedicam as suas vidas, e se comunicam com o
mundo através do saber e ideias, que se consagram nos livros, artigos, e de várias maneiras. Eu
próprio reconheço.

Contudo, em certos contextos, colidimo-nos com o reverso, com os contrários. Com aqueles
opressores que não instauram outra vocação senão a de serem menos. Que se elevam acima do
ridículo, do qual não se libertam. Daqueles que distorcem o papel da ciência: de informar e
formar, questionar, julgar, despertar com conhecimento. Daqueles que caminham em direcção
contrária proposta inicialmente pela ciência. Que são imputados de papel de libertar, aqueles os
que presumivelmente ainda não se libertaram.

1 Centro para Defesa dos Direitos da Cidadania – CPDC 26 de Março de 2016

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Todavia, os que precisam de ser libertos não são somente aqueles que nem consciência de
liberdade têm, mas, aqueles que têm a consciência do que é liberdade e ainda se prendem na
ignorância. São opressores oprimidos pela “ignorância”, que fazem do saber uma propriedade
sua, se consideram os deuses do saber, da razão. Caminha cada vez mais pela dogmatização do
saber, como os tais Senhores, detentores do conhecimento. Alguns professores se colocaram do
lado dos opressores do saber, apropriam-se das suas posições de docência para oprimir os
estudantes, ao invés de emancipa-los do seu estado inferior da falta de saber (científico). Mas
pelo, contrário, estes são os déspotas do saber. Ora, o conhecimento não oprime, liberta.

Os estudantes não são ensinados a questionar, a avaliar, e contemplar, mas, a temer das
represálias dos professores quando discordam das suas proposições, pensamentos, ideias através
dos instrumentos da razão, do raciocínio lógico, ou seja, do pensamento crítico. Já dizia Edgar
Morin “é preciso educar os educadores.”

Os professores precisam de sair das suas disciplinas para dialogar com outros campos de
conhecimento, o professor possui uma missão social, intelectual e objectiva. A universidade não
deve ser visto como um lugar de prestígios, da tirania epistemológica. A universidade não
necessita de instrumentalização dos déspostas do saber. Estes, pelo contrário, submergem-se
lentamente à uma crise epistemológica. A universidade é um espaço de debate de ideias, do
conhecimento objectivo, constitui um espaço emancipatório da prisão da falta de saber
contextual e universal. E não espaço do epistemicídio, ou seja, daqueles que assassinam as
maneiras de conhecer e agir.

Já dizia Pitágoras:

“O filósofo não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa para ser comprada e
vendida no mercado, também não é movido pelo desejo de competir, não faz das ideias e dos
conhecimentos uma habilidade para vencer competidores ou “atletas intelectuais”; mas é movido
pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as acções, a vida: em suma, é
movido pelo desejo de saber. ”

O que Pitágoras pretendia dizer é que o campo científico - diferentemente do campo das
opiniões pessoais, do quotidiano - é um campo de imparcialidade. A verdade não pertence a
ninguém, não se monopoliza, não nascemos com ela, não a usamos para destruir as acções
cognitivas de outrem. A verdade não é subjectiva, ela é o que buscamos e que está diante de nós
para ser contemplada e vista.

O conhecimento se realiza de forma sistemática, percorre a enunciados precisos e rigorosos,


busca encadeamentos lógicos entre enunciados. Opera com conceitos ou ideias obtidos por
procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentação racional do que é enunciado e
pensado. Portanto, este é o papel da universidade. A universidade visa incutir o homem desses
preceitos supracitados. Na universidade não somos ensinados a debater pessoas, a sermos
subjectivistas, mas sim a debater ideias, proposições através de argumentação, demonstração e
prova. É, portanto, para este propósito pelo qual foi criada a universidade.

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