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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA

CIDADE.

JULIANA DE TAL, menor impúbere, neste ato representada


(CPC, art. 8º) por KARINE DE TAL, casada, universitária, inscrita no CPF(MF) sob o nº.
111.222.333-44 e PAULO DE TAL, casado, industrial, possuidor do CPF(MF) nº.
222.444.333-55, todos residentes e domiciliados na Rua da X, nº. 0000, CEP 44555-666
São Paulo(SP), vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio
de seu patrono que abaixo assina, com supedâneo no art. 5º, inc. X da Carta Política,
bem como art. 186 c/c art. 932, inc. I e IV e art. 949, estes do Código Civil e, ainda,
§ 1º, art. 25, do CDC, para ajuizar a presente

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS


( cumulado com “preceito cominatório” )

1
contra

COLÉGIO ZETA S/S LTDA , pessoa jurídica de direito privado, estabelida na Av. Y, nº.
0000, em São Paulo(SP) – CEP nº. 33444-555, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº.
33.444.555/0001-66,

e, solidariamente ,

FRANCISCO, casado, empresário, residente e domiciliado na Rua K, nº. 0000, em São


Paulo(SP) – CEP nº. 11222-444, inscrito no CPF(MF) sob o nº. 777.666.555-44;

CARLA, casada, dentista, residente e domiciliada na Rua K, nº. 0000, em São Paulo(SP) –
CEP nº. 11222-444, inscrito no CPF(MF) sob o nº. 777.666.555-44,

em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

(1) – SÍNTESE DOS FATOS

A menor, ora Autora, de apenas 9 anos, aqui representada por


seus genitores(doc. 01), estuda no Colégio Zeta, aqui Ré, desde o ano de 0000. Atualmente
está matriculada e frequentando o 4º ano do ensino fundamental, o que se observa do
documento ora carreado. (doc. 02)

9
No início do segundo semestre deste ano letivo, a Autora
passou a sofrer agressões físicas e verbais, maiormente xingamentos, chutes e
empurrões. E isso deu de forma mais acentuada e frequente por parte do filho dos
segundos Réus, chamado de Fernando. Tudo isso se deve ao fato da Autora ter uma
compleição física de uma menina franzina. Fora apelidada de “ Olívia Palito”, referindo-se a
uma personagem de um famoso desenho animado.

Almejando resolver tal problema a mãe da Autora, por inúmeras


vezes, procurou a direção da escola, sem, contudo, lograr êxito. Com total descaso com a
situação, sempre alegaram que “eram meras brincadeiras entre os alunos.” Fora afirmado,
mais, que os pais do aluno Fernando já haviam sido informados das referidas “ brincadeiras”
e que os mesmos haviam se comprometido em resolver o caso relatado.
Mas a verdade era outra !

Os pais da Autora já não suportaram mais acreditar em tamanho


descado da escola e, mais, observar o estado psicológico que dominou sua filha, em face do
desiderato em mira. Os ataques sofridos pela pequena menina, contínuos, verbais e físicos,
culminaram em fobia social e uma repentina queda em seu rendimento escolar . Isso
pode ser constatado por meio de laudo psicológico ora acostado e, ainda, por seu boletim de
notas.(docs. 03/04). Ademais, segundo outro laudo médico ora apresentado, de titularidade
do médico psiquiatra Dr. Fernando Fictício(CRM nº. 112233), a menina sofre, hoje, de
acentuada depressão.(doc. 05)

Como se observa do enredo fático aqui exposto, agregado aos


conteúdos dos documentos acostados, não há qualquer dúvida da existência do bullying.
9
É inarredável que há um dano psicológico e físico, decorrentes das atitudes inconvenientes
contra uma menor estudante no ambiente colegial, potencializado pelo alcance em ambiente
extra-colegial.

Com efeito, foram sérios os constrangimentos sofridos pela


Autora em razão dos aludidos acontecimentos, reclamando a condenação judicial pertinente
e nos limites de sua agressão(CC, art. 944).

HOC IPSUM EST

(2) – DO DIREITO

(2.1.) – DA LEGITIMIDA PASSIVA DA 1ª RÉ

De boa prudência que evidenciemos, de pronto, fundamentos


concernentes à legitimidade passiva da primeira Ré.

Delimitou-se que os episódios danosos foram perpetrados


dentro da instituição de ensino, a qual figura também no polo passivo desta querela. Cabia à
mesma, segundo a disciplina da Legislação Substantiva Civil, manter a incolumidade física e
moral de seus alunos enquanto sob sua guarda temporária:

CÓDIGO CIVIL

Art. 932 – São também responsáveis pela reparação civil:


(...)
9
Inc. IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação,
educação, pelos seus hóspedes,
moradores e educandos.
educandos.

Nesse passo são igualmente as considerações doutrinárias de


Sílvio de Salvo Venosa, o qual, tratando sobre o tema de responsabilidade por fato de
outrem, e, mais, tercendo consirações acerca da incidência do Código de Defesa do
Consumidor à hipótese, destaca que, verbis:

“ A responsabilidade dos estabelecimentos de educação está fixada de forma


não muito clara no esmos dispositivo que cuida dos donos de hotéis. O art. 932, IV,
estatui que a hospedagem para fins de educação faz com que o hospedeiro
responda pelos atos do educando.
Em princípio, deve ser alargado o dispositivo. Enquanto o aluno se encontra
no estabelecimento de ensino, este é responsável não somente pela incolumidade
física do educando, como também pelos atos ilícitos praticados por este a
terceiros. Há um dever de vigilância inerente ao estabelecimento de educação
que, modernamente, decorre da responsabilidade objetiva do Código de Defesa do
Consumidor. O aluno é consumidor do fornecedor de serviços, que é a instituição
educacional. Se o agente sofre prejuízo físico ou moral decorrente da atividade no
interior do estabelecimento, este é responsável. Responde, portanto, a escola, se o
aluno vem a ser agredido por colega em seu interior. “( In, Direito Civil:
Responsabilidade Civil.
Civil. 12ª Ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 98).

9
Na mesma trilha de entendimento:

“ Já no que concerne aos educadores, e também aqui ressalvada a incidência


da legislação do consumidor, há que ver que a respectiva responsabilidade civil
deve restringir-se ao período em que o educando está sob o poder de direação do
estabalecimento, ainda que e, atividade de recreação.” (Cezar Peluzo(coord.)
Peluzo(coord.)..
Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência.
jurisprudência. 4ª Ed. São Paulo: Manole,
2010, p. 930)

É altamente ilustrativo transcrever os seguintes julgados:

RESPONSABILIDADE CIVIL.
Ação de indenização por danos morais e obrigação de fazer. Aluna matriculada no
1º ano do ensino médio que após dois anos teve que retornar à 8ª série (9º ano)
do ensino fundamental. Erro do sistema. Dificuldade de aprendizado. Bullying.
Presença dos elementos da responsabilidade civil objetiva. Culpa concorrente.
Influência no quantum indenizatório fixado em R$ 3.000,00. Inexistência de
julgamento ultra petita. Educação. Adolescente. Matéria de ordem pública. Apelo
conhecido e improvido. Decisão unânime. Amanda, estudante do colégio estadual
roque José de Souza, cursava, em 2011, o primeiro ano do ensino médio, quando
fora comunicada, pela direção da escola, que teria que ser rematriculada na 8ª
série (atual nono ano), após ter sido constatado, por meio do sistema de dados,
que a aluna havia reprovado na 8ª série, nas disciplinas de inglês e ciências. O fato
9
de ter regredido na sua carreira escolar, após dois anos, findou por causar abalo
moral, até porque o requerido não disponibilizou material escolar, a justificar a
indenização fixada em R$ 3.000,00, já analisada a culpa concorrente da genitora da
adolescente. O direito à educação, insculpido na Constituição Federal e no Estatuto
da Criança e do Adolescente, é direito indisponível, em função do bem comum,
maior a proteger, derivado da própria força impositiva dos preceitos de ordem
pública que regulam a matéria (resp 790.175/sp). Na ordem jurídica brasileira, a
educação não é uma garantia qualquer que esteja em pé de igualdade com outros
direitos individuais ou sociais. Ao contrário, trata-se de absoluta prioridade, nos
termos do art. 227 da Constituição de 1988. A violação do direito à educação de
crianças e adolescentes mostra-se, em nosso sistema, tão grave e inadmissível
como negar-lhes a vida e a saúde (resp 440.502/sp). (TJSE; AC 201300218631; Ac.
18818/2015; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Ruy Pinheiro da Silva; Julg.
27/10/2015; DJSE 03/11/2015)

(2.2.) – DA LEGITIMIDA PASSIVA DOS PAIS

De outro contexto, segundo relatado pela direção da escola, os


pais do menor Fernando, autor de agressões físicas sofridas pela menor Autora, foram
devidamento informados dos atos praticados por seu filho. Apesar disso, os procedimentos
ilícitos tornaram a ser repetir, com a mesma frequência e intensidade. Houve, portanto,
omissão dos mesmos em estirpar tais procedimentos do seu filho.

Nesse diapasão reza o Código Civil que:


9
CÓDIGO CIVIL

Art. 932 – São também responsáveis pela reparação civil:


I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;

A culpa em ensejo, pois, diz respeito ao poder familiar e ao


poder-dever, que atrai para si o dever de indenizar.

Frise-se que mesmo havendo afastamento fático entre os


pais e o menor, como se sucedeu no caso em vertente, ainda assim a responsabilidade
civil desse remanesce porquanto aquele estava sob o poder de direção e guarda.

“ Reputa-se, a propósito, que deva responder o pai ou mãe no exercício do


poder familiar, portanto dele não destituído, que, no instante dos fatos, tenha o
menor sob o seu poder de direção. Ou seja, não poderá o pai ou mãe de quem, a
título jurídico, portanto não quando haja afastamento fático, e com freqüência
indevido, sobretudo porque é mal exercido o poder familiar, se tenha retirado o
poder de direção, por exemplo quando o menor esteja sob a direção do educador,
ou quando, separados os pais, esteja em companhia do detentor da guarda, mas
não destituído do poder familiar, estiver com o menor sob sua autoridade no
momento dos fatos, tal como quando esteja no período de visita do genitor
separado ou divorciado. Quer dizer, parece haver a lei, agora, ao aludir à
autoridade dos apais, e não a seu poder familiar, tencionado evidenciar que a
9
responsabilidade do genitor se funda em seu direto poder de direção e, pois, de
vigilância do filho menor, portanto quando esteja sob seu controle. “(Cezar
Peluzo(coord.)
Peluzo(coord.).. Código Civil Comentado: doutrina e jurisprudência.
jurisprudência. 4ª Ed. São
Paulo: Manole, 2010. Págs. 928-929)

Nessa mesma linha de entendimento:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS. DECISÃO


QUE INDEFERIU O PEDIDO DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO DOS GENITORES DO
RÉU, MENOR INCAPAZ. IRRESIGNAÇÃO DO AUTOR, QUE ADUZ SEREM OS PAIS
DO MENOR CAUSADOR DO DANO RESPONSÁVEIS CIVIS PELA INDENIZAÇÃO.
PEDIDO ACOLHIDO. RESPONSABILIDADE DOS GENITORES PELOS DANOS
CAUSADOS POR SEUS FILHOS É OBJETIVA.
Menor incapaz responde de forma subsidiária sempre que seus representantes
legais tiverem o dever de indenizar os danos por ele causados. Inteligência dos
artigos 928, 932, inciso I e 933 e 942, parágrafo único do Código Civil. Recurso
provido. (TJSP; AI 2107270-30.2015.8.26.0000; Ac. 8820554; Osasco; Terceira
Câmara de Direito Privado; Relª Desª Marcia Dalla Déa Barone; Julg. 18/09/2015;
DJESP 28/09/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. IMPUTAÇÃO


CALUNIOSA EM DESFAVOR DO DEMANDANTE. ABALO MORAL PRESENTE.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. PREFACIAL DE MÉRITO.

9
Arguição de nulidade, aduzida pelo representante do ministério público nesta
instância ao argumento de ausência de intervenção do parquet no processo.
Descabimento. Superveniência de sentença que exclui o menor de idade do polo
passivo da lide. Ausência de prejuízo. Decretação de nulidade que não satisfaz
interesse de incapaz, dada a possibilidade de ensejar piora em sua situação
processual. Prefacial afastada. Mérito. Recurso dos demandados. Pleito de reforma
da sentença ao argumento de terem agido no exercício regular do direito e de
inexistência de ato ilícito. Insubsistência. Elementos probatórios que evidenciam
ter sido o inquérito policial arquivado e posteriormente concedida remissão e
aplicada medida sócio-educativa ao filho dos apelantes por ato infracional
confessado de calúnia. Dano moral presumido (in re ipsa). Ofensa à integridade
moral caracterizada. Exegese do artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal e dos
artigos 189 e 927 do Código Civil. Responsabilidade objetiva dos pais pelos atos
praticados pelos filhos sob sua autoridade. Inteligência do artigo 932, inciso I, do
Código Civil. Dever de indenizar mantido. Recurso conhecido e desprovido. (TJSC;
AC 2013.055319-2; Brusque; Sexta Câmara de Direito Civil; Relª Desª Denise
Volpato; Julg. 01/09/2015; DJSC 09/09/2015; Pág. 194)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MENOR.


RESPONSABILIDADE DOS PAIS. INTELIGÊNCIA DO ART. 932, I DO CC.
ILEGITIMIDADE PASSIVA CARACTERIZADA. RECURSO NÃO PROVIDO.
Nos termos do art. 932, I do Código Civil de 2002, a responsabilidade por danos
causados por incapaz pertence aos pais, não sendo o menor parte legítima para
figurar no pólo passivo da lide. Recurso não provido. (TJMG; APCV

9
1.0694.09.051394-6/001; Rel. Des. Amorim Siqueira; Julg. 07/04/2015; DJEMG
30/04/2015)

(2.3.) – RELAÇÃO DE CONSUMO CONFIGURADA

Em se tratando de prestação de serviço cujo destinatário final


é o tomador, no caso da Autora, há relação de consumo nos precisos termos do que reza o
Código de Defesa do Consumidor :

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produtos ou serviço como destinatário final.
final.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.
§ 1° (...)
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remuneração,
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

9
Nesse enfoque temos destacamos os seguintes julgados:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ATO SEXUAL (SEXO ORAL)


PRATICADO POR ALUNA MENOR DE IDADE EM OUTRO MENOR DURANTE FESTA
JUNINA. PRÁTICA OCORRIDA NO BANHEIRO MASCULINO DA ESCOLA.
REPERCUSSÃO DO FATO PROPAGADO MEDIANTE DIVULGAÇÃO NA INTERNET.
SUSPENSÃO E TRANSFERÊNCIA DE ESCOLA. ENCAMINHAMENTO DA SITUAÇÃO
DE FORMA INADEQUADA. PROVA INDICIÁRIA QUANTO A ESSE ASPECTO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTABELECIMENTO DE ENSINO. OMISSÃO NO
DEVER DE VIGILÂNCIA E CUSTÓDIA. DEFEITO DO SERVIÇO CARACTERIZADO. ART.
14 DO CDC. INCOLUMIDADE FÍSICO-PSÍQUICA DO CONSUMIDOR. CULPA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA INDEMONSTRADA. RECONHECIMENTO DA CULPA
CONCORRENTE. ADMISSIBILIDADE, DIANTE DOS COMEMORATIVOS DO
PROCESSO E RELATOS ACERCA DO MODO COMO O EPISÓDIO OCORREU. DANOS
MORAIS CONFIGURADOS. REDUÇÃO DO MONTANTE INDENIZATÓRIO.
Na responsabilidade civil pelo fato do serviço, hipótese de que se cuida na
espécie, o ônus da prova da inexistência de defeito na prestação da atividade é
do fornecedor, conforme prevê o art. 14 do CDC. Inversão do ônus da prova ope
legis. Houve falha do serviço a cargo do estabelecimento de ensino, que
negligenciou no dever de guarda e vigilância dos participantes de festa junina
realizada nas dependências da escola, em evento não restrito aos alunos, no qual
se admitiu o acesso do público em geral. Culpa exclusiva da vítima não
configurada. Admissão da culpa concorrente, diante da conduta inadequada da
menor, que contribuiu decisivamente na causação do evento. Dano moral in re
ipsa. O dano moral decorre do próprio fato, verifica-se in re ipsa, dispensando a
9
prova do efetivo prejuízo. Arbitramento do quantum indenizatório. Valor reduzido.
Comemorativos do processo. Montante da indenização reduzido em atenção aos
critérios de proporcionalidade e razoabilidade, bem assim às peculiaridades do
caso concreto. Sucumbência recíproca. Inocorrência. Súmula nº 326 do STJ. Não há
sucumbência o recíproca quando o montante da indenização deferido na sentença
a título de dano moral é inferior ao do pedido, que contém mera estimativa.
Súmula nº 326 do STJ. Gratuidade judiciária. Suspensão da exigibilidade dos ônus
sucumbenciais. Apelo provido em parte. (TJRS; AC 0026797-81.2015.8.21.7000;
Carazinho; Nona Câmara Cível; Rel. Des. Miguel Ângelo da Silva; Julg. 30/09/2015;
DJERS 07/10/2015)

CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. ESCOLA. ALUNO


VÍTIMA DE AGRESSÕES NO INTERIOR DO ESTABELECIMENTO. DEVER DE
INDENIZAR. DANOS MORAIS CARACTERIZADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
RAZOABILIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
1. Demonstrado o ato lesivo, consubstanciado na agressão física sofrida pelo
Requerente no interior da Instituição de ensino Ré, impõe-se a essa a obrigação de
reparar os danos, nos termos dos artigos 932, IV, e 933 do Código Civil. 2. A Escola
Ré responde, ainda, de forma objetiva pelo fato do serviço, nos termos do artigo
14 do Código de Defesa do Consumidor, uma vez que o serviço foi prestado ao
Autor sem a segurança legitimamente esperada, o que gerou dano à sua
integridade física e psíquica. 3. Em se considerando a responsabilidade objetiva da
Escola Requerida, não se desincumbiu ela do ônus que lhe cabia quanto a
comprovar a inexistência do defeito, o fato exclusivo do consumidor, ou a
9
ocorrência de força maior ou culpa exclusiva da vítima. 4. Restou configurada
violação aos direitos da personalidade do Autor, à época menor de idade, pois foi
atingido em sua integridade física, impondo-se, por conseguinte, o dever de
indenizar. Apelações Cíveis desprovidas (TJDF; Rec 2011.03.1.010051-9; Ac.
877.693; Quinta Turma Cível; Rel. Des. Angelo Canducci Passareli; DJDFTE
10/07/2015; Pág. 306)

(2.3.) – DO DEVER DE INDENIZAR


RESPONSABILIDADE CIVIL: REQUISITOS CONFIGURADOS

Para a configuração do dever de indenizar, segundo as lições de


Caio Mário da Silva Pereira , faz-se necessário a concorrência dos seguintes fatores:

“ a) em primeiro lugar, a verificação de uma conduta antijurídica, que abrange


comportamento contrário a direito, por comissão ou por omissão, sem
necessidade de indagar se houve ou não o propósito de malfazer; b) em segundo
lugar, a existência de um dano, tomada a expressão no sentido de lesão a um bem
jurídico, seja este de ordem material ou imaterial, de natureza patrimonial ou não
patrimonial; c) e em terceiro lugar, o estabelecimento de um nexo de causalidade
entre um e outro, de forma a precisar-se que o dano decorre da conduta
antijurídica, ou, em termos negativos, que sem a verificação do comportamento
contrário a direito não teria havido o atentado ao bem jurídico.”(In,
jurídico.”(In, Instituições de
Direito Civil.
Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004, Vol. I. Pág. 661).

9
A propósito reza a Legislação Substantiva Civil que:

CÓDIGO CIVIL

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


voluntária, negligência ou
imprudência, viola direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito. “

Ademais, aplicável ao caso sub examine a doutrina do “risco


criado”(responsabilidade objetiva), que está posta no Código Civil, que assim prevê:

CÓDIGO CIVIL

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único - Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa,
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
outrem.

9
Nesse contexto, cumpre-nos evidenciar alguns julgados:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.


RITO SUMÁRIO. COLISÃO DE ÔNIBUS COM VEÍCULO PARTICULAR.
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DA LIDE PRINCIPAL E DE PROCEDÊNCIA DA
LIDE SECUNDÁRIA.
É objetiva a responsabilidade da ré, concessionária de serviço público, mesmo para
a hipótese de dano causado àquele que não é usuário direto. Aplicável a teoria do
risco administrativo, por força do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, tendo a
obrigação de ressarcir desde que presente o nexo de causalidade. De outro modo,
sua atividade implica risco para terceiros, o que também enseja a incidência do
art. 927, parágrafo único, do Código Civil. Tal responsabilidade poderia ser afastada
ou mitigada, no caso, se comprovada culpa exclusiva ou concorrente da vítima,
ônus do qual a apelante não se desincumbiu. Provado o dano e o nexo de
causalidade, à míngua da comprovação de qualquer causa excludente de
responsabilidade civil, ônus do causador do dano, inafastável o dever de indenizar
os danos comprovados. Dano material comprovado a fls. 49 (index 00057). Juros
de mora a contar do evento danoso, por se tratar de natureza extracontratual
(Súmula nº 54 do stj). Contudo, o dano moral não restou configurado. Ausência de
prova de dano extrapatrimonial. Dado parcial provimento aos recursos para o fim
julgar improcedente o pedido de indenização por danos morais, afastando, assim,
a condenação da ré neste aspecto. Em consequência, fixo a sucumbência
recíproca, rateadas as custas na proporção de 50% (cinquenta por cento) e
honorários advocatícios compensados, observado quando ao autor o disposto no
9
artigo 12 da Lei nº 1.060-50, ante a justiça gratuita deferida a fl. 40. (TJRJ; APL
0001511-18.2012.8.19.0031; Vigésima Primeira Câmara Cível; Relª Desª Marcia
Cunha Silva Araujo de Carvalho; Julg. 27/10/2015; DORJ 05/11/2015)

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CONTRATO DE ADMINISTRAÇÃO DE CARTÃO DE


CRÉDITO NÃO FORMALIZADO PELO AUTOR. APLICAÇÃO DO CDC ÀS
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SÚM. 297 DO STJ. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
CABIMENTO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE A EMISSÃO DO CARTÃO
FOI SOLICITADA PELO AUTOR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. APLICAÇÃO DO
ART. 927 DO CC. TEORIA DO RISCO PROFISSIONAL ILEGITIMIDADE PASSIVA DA
CORRÉ. NÃO RECONHECIMENTO. SERVIÇO OFERECIDO EM PARCERIA PELOS
RÉUS. PG. ÚN. DO ART. 7º E 18 DO CDC DANO MORAL CONFIGURADO.
Pedido fundamentado em indevida emissão de cartão e cobrança realizadas pelo
corréu, bem como no constrangimento sofrido pelo autor ao ser impedido de
realizar compras em supermercado. Abalo moral configurado. Inconformismo com
relação ao valor da indenização. Montante fixado fora dos critérios da
razoabilidade e proporcionalidade. Condenação majorada para R$ 10.000,00. Valor
condizente com o dano. Recurso do autor provido. Recurso da corré improvido.
(TJSP; APL 4010298-92.2013.8.26.0562; Ac. 8892988; Santos; Décima Sexta
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Miguel Petroni Neto; Julg. 06/10/2015; DJESP
03/11/2015)

9
E, como já esclarecido que a relação jurídica entabulada entre
as partes é consumo, o Código de Defesa do Consumidor é aplicável à espécie ,
abrindo, no caso, também por esse ângulo, a responsabilidade objetiva da primeira Ré.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Em que pese tais aspectos legais e doutrinários acerca da


responsabilidade civil objetiva, evidenciaremos, abaixo, razões que todos os Réus
solidariamente devem ser responsabilizados civilmente.

Todo o relato fático traduz à conclusão da ocorrência do Bullying


Social, que, em última análise, nada mais é que um dano moral . Tal desiderato se justifica
uma vez que ocorreram contra a pequena Autora comportamentos agressivos, físicos e
morais. Tudo isso no âmbito escolar, de forma intencional e repetitiva. Releve-se, mais, que
sobremaneira ficou constatado um comportamento, injusto, de aluno(menor) mais forte em
desfavor de uma aluna mais frágil(a Autora), com o firme propósito prazeroso de maltratar,
humilhar, intimidar, ferir na alma e amendrotar a pequena menina.

9
É consabido que a Constituição Federal prevê a
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas ,
assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
violação;

Por certo, quanto ao agressor, tal desiderato acontecera


porquanto não existiam limites no processo educacional no contexto familiar.

A Autora já apresenta sintomas, como afirmado nas linhas


iniciais no quadro fático, que denotam a existência do sofrimento de Bullying, a saber: tem,
hoje, postura retraída; seu rendimento escolar caiu; tem faltado à escola com freqüência, por
medo de voltar a acontecer tais fatos; tem depressão e é desinteressada pelas atividades e
tarefas escolares. Ademais, seu humor se alterou demasiadamente, mostrando-se uma
menina irritada, com explosões repentinas contra os pais e colegas que a telefonam.
9
Portanto, estamos diante de uma responsabilidade civil sob o
manto do dano de ordem moral. Nesse caso, consideremos, pois, o direito à incolomidade
moral pertence à classe dos direitos absolutos, encontrando-se positivados pela conjugação
de preceitos constitucionais elencados no rol dos direitos e garantias individuais da Carta
Magna(CF/88, art. 5º, inv. V e X ), erigidos, portanto, ao status cláusula pétrea(CF/88, art.
60, § 4º ). Por isso merece ser devidamente tutelado nos casos concretos apreciados pelo
Poder Judiciário.

A doutrina já consagrou uma definição e uma classificação,


melhor dotada de consensualidade, encontrando-se de certa forma compendiada na lição da
insigne Maria Helena Diniz , em seu festejado “Curso de Direito Civil Brasileiro" (São Paulo:
Saraiva, 2002, 7º vol., 16. ed., p. 83), quando discorre sobre a responsabilidade civil,
nomeadamente em face do dano moral:

" c.3.2. Dano moral direto e indireto.


O dano moral direto consiste na lesão a um interesse que visa a satisfação
ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da
personalidade (como a vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o
decoro, a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) ou nos
atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o estado de família). O
dano moral indireto consiste na lesão a um interesse tendente à satisfação
ou gozo de bens jurídicos patrimoniais, que produz um menoscabo a um
bem extrapatrimonial, ou melhor, é aquele que provoca prejuízo a qualquer
9
interesse não patrimonial, devido a uma lesão a um bem patrimonial da
vítima. Deriva, portanto, do fato lesivo a um interesse patrimonial. P. ex.:
perda de coisa com valor afetivo, ou seja, de um anel de noivado."

No caso em ensejo, evidentemente encontra-se demonstrado a


má prestação de serviço escolar, a incidir, como antes aludido, no importe da
responsabilidade objetiva como fornecedora de serviços, ante o que rege Código de
Defesa do Consumidor.(art. 14)

Houve, destarte, irrefutável falha na prestação do serviço.

Nesses termos, restaram configurados a existência dos


pressupostos essenciais à responsabilidade civil : conduta lesiva, nexo causal e dano , a
justificar o pedido de indenização moral.

Por fim, anote-se que o dano moral se justifica pela simples


prática do ato lesivo ao ofendido , constatando-se, dessa sorte, de forma in re ipsa, ou
seja, prescinde da prova da efetividade de seus reflexos.

Vejamos, pois, alguns julgados que solidificam o entendimento


retro evidenciado, ou seja, sob o enfoque da responsabilidade civil objetiva pela prática do
Bullying, capaz de gerar dano moral indenizável:

RESPONSABILIDADE CIVIL.
9
Ação de indenização por danos morais e obrigação de fazer. Aluna matriculada no
1º ano do ensino médio que após dois anos teve que retornar à 8ª série (9º ano)
do ensino fundamental. Erro do sistema. Dificuldade de aprendizado. Bullying.
Presença dos elementos da responsabilidade civil objetiva. Culpa concorrente.
Influência no quantum indenizatório fixado em R$ 3.000,00. Inexistência de
julgamento ultra petita. Educação. Adolescente. Matéria de ordem pública. Apelo
conhecido e improvido. Decisão unânime. Amanda, estudante do colégio estadual
roque José de Souza, cursava, em 2011, o primeiro ano do ensino médio, quando
fora comunicada, pela direção da escola, que teria que ser rematriculada na 8ª
série (atual nono ano), após ter sido constatado, por meio do sistema de dados,
que a aluna havia reprovado na 8ª série, nas disciplinas de inglês e ciências. O fato
de ter regredido na sua carreira escolar, após dois anos, findou por causar abalo
moral, até porque o requerido não disponibilizou material escolar, a justificar a
indenização fixada em R$ 3.000,00, já analisada a culpa concorrente da genitora da
adolescente. O direito à educação, insculpido na Constituição Federal e no Estatuto
da Criança e do Adolescente, é direito indisponível, em função do bem comum,
maior a proteger, derivado da própria força impositiva dos preceitos de ordem
pública que regulam a matéria (resp 790.175/sp). Na ordem jurídica brasileira, a
educação não é uma garantia qualquer que esteja em pé de igualdade com outros
direitos individuais ou sociais. Ao contrário, trata-se de absoluta prioridade, nos
termos do art. 227 da Constituição de 1988. A violação do direito à educação de
crianças e adolescentes mostra-se, em nosso sistema, tão grave e inadmissível
como negar-lhes a vida e a saúde (resp 440.502/sp). (TJSE; AC 201300218631; Ac.
18818/2015; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Ruy Pinheiro da Silva; Julg.
27/10/2015; DJSE 03/11/2015)
9
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS BULLYING EM ESCOLA. MENOR PORTADOR DE
HIPERATIVIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRELIMINAR REJEITADA. FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA ESCOLA. CULPA IN
ELIGENDO. RESTITUIÇÃO DAS MENSALIDADES PAGAS ANTES DA TROCA DE
INSTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DANOS MORAIS. QUANTUM EXCESSIVO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO. RECURSO PROVIDO EM PARTE.
1. Rejeita-se a preliminar de cerceamento de defesa, seja porque a parte não
requereu a prova pericial no momento oportuno, seja porque o acervo probatório
já era suficiente para formar a convicção do magistrado. 2. Demonstrada a falha na
prestação de serviços, já que prepostos da instituição de ensino permitiram a
prática de bullying contra menor portador de hiperatividade nas dependências do
estabelecimento, impõe-se o dever de indenizar. 3. Tendo em vista a capacidade
econômica das partes, a gravidade e a extensão do dano, merece ser reduzida a
reparação fixada a título de danos morais. 4. Não é possível a restituição das
mensalidades escolares referentes ao período em que a parte estava matriculada
na instituição, sob pena de ocorrer o seu enriquecimento sem causa. 5.
Considerando a natureza e complexidade da causa, reduz-se o valor dos
honorários advocatícios para o mínimo legal. 6. Apelação provida em parte. (TJDF;
Rec 2015.01.1.041458-2; Ac. 881.033; Segunda Turma Cível; Rel. Des. J.J. Costa
Carvalho; DJDFTE 20/07/2015; Pág. 156)

EXISTE CERCEAMENTO DE DEFESA NAS HIPÓTESES EM QUE A PUBLICAÇÃO


INCOMPLETA DE UMA DECISÃO PREJUDICA O DIREITO DE DEFESA DA PARTE.
"APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PRELIMINARES DE
9
CERCEAMENTO DE DEFESA E DE ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM AFASTADAS.
ALUNO QUE SOFRE BULLYING NA ESCOLA ONDE ESTUDAVA. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DESTA ÚLTIMA. ART. 14º DO CDC. VALOR DA CONDENAÇÃO.
PARÂMETROS. SENTENÇA MONOCRÁTICA MANTIDA. NÃO HÁ QUE SE FALAR EM
CERCEAMENTO DE DEFESA DO RÉU QUE ALEGA QUE DA PUBLICAÇÃO DA
INTIMAÇÃO PARA A APRESENTAÇÃO DO ROL DE TESTEMUNHAS NÃO CONSTOU
O PRAZO DE DEZ DIAS, MAS QUE NÃO FAZ NENHUMA PROVA A TAL RESPEITO
NOS AUTOS.
Não são partes ilegítimas os autores que propõem ação de indenização por dano
moral em nome próprio, em razão do bullying sofrido pelo filho de ambos na
escola onde este último estudava, eis que, in casu, aplica-se a teoria do dano
indireto ou dano por ricochete, haja vista o evidente o sofrimento vivenciado pelos
mesmos com tal situação. É objetiva (art. 14º, CDC) a responsabilidade de
instituição de ensino que permite que aluno nela matriculado sofra violência física
e verbal de seus colegas, nada fazendo para prevenir tal situação ou punir os
autores de tal agressão. A fixação do valor devido a título de indenização por
danos morais deve se dar com prudente arbítrio, para que não haja
enriquecimento à custa do empobrecimento alheio, mas também para que o valor
não seja irrisório". (TJMG; APCV 1.0024.11.306199-8/001; Rel. Des. Rogério
Medeiros; Julg. 25/06/2015; DJEMG 03/07/2015)

APELAÇÕES CÍVEIS. AGRAVO RETIDO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA
DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO. COMUNICADO. EXPULSÃO IMPLICITA DE MENOR.
CONDUTA ÍLICITA DA ESCOLA. OFENSA (BULLYING) PRATICADA POR
9
PROFESSORA NÃO DEMONSTRADA. CULPA CONCORRENTE DA PARTE AUTORA.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA MANTIDA. DANO MATERIAL. QUANTUM
REDUZIDO.
1. Agravo retido. Expedição de ofício ao colégio João XXIII, novo colégio dos
autores Eduardo e fernanda. Desnecessidade. O juiz é o destinatário das provas,
podendo indeferir a produção de provas que considerar inúteis ou protelatórias, a
teor do disposto no art. 130 do CPC. 2. É objetiva a responsabilidade civil da
instituição de ensino em razão dos serviços prestados aos alunos. Inteligência do
art. 14 do CDC. 3. É devida a indenização por danos morais em razão da conduta
da instituição que implica na inadequada prestação dos serviços de ensino. Dano
moral in re ipsa, que se observa em razão da comprovação dos fatos articulados na
petição inicial. 4. Não tendo restado comprovado o fato constitutivo do direito
alegado com relação à professora de inglês, não há como acolher o pleito
indenizatório. Art. 333, I, do CPC. Caso em que não há qualquer evidência dos
fatos ocorridos na escola, consistentes em agressões verbais da professora contra o
discente e sua genitora. Eventual exaltação de voz dentro de sala de aula, a fim de
manter a ordem não enseja danos morais passíveis de indenização. 5. O valor deve
garantir, à parte lesada, uma reparação que lhe compense o sofrimento, bem
como cause impacto suficiente para desestimular a reiteração do ato por aquele
que realizou a conduta reprovável. Manutenção do quantum indenizatório,
consideradas as peculiaridades do caso concreto, bem como a existência de culpa
concorrente da parte autora, em menor proporção. 6. Danos materiais. Dever de
indenizar, conforme valor devidamente comprovado e não impugnado
objetivamente pela parte adversa. Desconto relativo à culpa concorrente,
devidamente evidenciada diante da abordagem inadequada da co-autora deborah
9
no recinto da instituição. 7. Honorários advocatícios. Honorários mantidos na
espécie. Verba que deve ser fixada com base nos §§ 3º e 4º do art. 20 do CPC e
remunerar com dignidade o labor do profissional. Manutenção do critério de
fixação dos honorários determinados em prol do patrono da co-ré laís. Agravo
retido e apelos da parte autora e co-ré laís desprovidos. Apelação da co-ré
sociedade de ensino comenius Ltda parcialmente provido. (TJRS; AC 0246711-
50.2015.8.21.7000; Porto Alegre; Quinta Câmara Cível; Relª Desª Isabel Dias
Almeida; Julg. 26/08/2015; DJERS 02/09/2015)

(2.4.) – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A inversão do ônus da prova se faz necessária na hipótese em


estudo, vez que a inversão é “ope legis” e resulta do quanto contido no Código de Defesa do
Consumidor.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
[...]
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando
provar:
provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;


9
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
terceiro.

À Réu(escola), portanto, caberá, face à inversão do ônus da


prova, evidenciar se a Autora concorreu para o evento danoso.

Nesse sentido, de todo oportuno evidenciar as lições de


Rizzatto Nunes:

“Jáá tivemos oportunidáde de deixár consignádo que o Coá digo de Defesá do


Consumidor constituir-se num sistemá áutoô nomo e proá prio, sendo fonte
primáá riá (dentro do sistemá dá Constituiçáã o) párá o inteá rprete.
Dessá formá, no que respeitá áà questáã o dá produçáã o de provás, no processo
civil, o CDC eá o ponto de pártidá, áplicándo-se á seguir, de formá
complementár, ás regrás do Coá digo de Processo Civil (árts. 332 á 443).
“( NUNES, Luiz Antoô nio Rizzátto. Comentários ao Código de Defesa do
Consumidor.
Consumidor. 6ª Ed. Sáã o Páulo: Sáráivá, 2011, pp. 215-216)

Também é por esse prisma é o entendimento de Ada Pellegrini


Grinover:

“Jáá com á inversáã o do oô nus dá prová, áliádá áà chámádá ‘culpá objetivá’, náã o háá
necessidáde de provár-se dolo ou culpá, válendo dizer que o simples fáto de

9
ser colocár no mercádo um veíáculo náquelá condiçoã es que ácárrete, ou possá
ácárretár dános, jáá ensejá umá indenizáçáã o, ou procedimento cáutelár párá
evitár os referidos dános, tudo independemente de se indágár de quem foi á
negligeô nciá ou imperíáciá, por exemplo. “ (GRINOVER, Adá Pellegrini [et
[et tal].
tal].
Código de Defesa do Consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto.
anteprojeto. 10ª
Ed. Rio de Jáneiro: Forense, 2011, p. 158)

A tal respeito trazemos à baila as seguintes notas


jurisprudenciais:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO OBRIGATÓRIO.


DPVAT. INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E INVERSÃO DO
ÔNUS DA PROVA. POSSIBILIDADE. OBRIGAÇÃO DA SEGURADORA DE ANTECIPAR
OS HONORÁRIOS DO PERITO. HONORÁRIOS PERICIAIS FIXADOS EM VALOR
EXCESSIVO. REDUÇÃO PARA QUANTIA RAZOÁVEL. RECURSO CONHECIDO E, EM
PARTE, PROVIDO.
I. Na relação entre beneficiário e seguradora conveniada ao DPVAT incide o Código
de Defesa do Consumidor, sendo possível a inversão do ônus da prova nas ações de
cobrança de seguro obrigatório. II. Mostrando-se adequado ao caso concreto,
determina-se a inversão do ônus da prova, recaindo sobre a parte contrária os
deveres inerentes, inclusive os que se referem à antecipação com despesas de
perícia. III. O arbitramento dos honorários periciais, em causas de
complementação do pagamento da indenização do seguro DPVAT, deve pautar-se
pelos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e modicidade, sob pena de
9
onerar em demasia o processo que possui um valor econômico ineludivelmente
baixo. Honorários periciais reduzidos de R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) para R$
900,00 (novecentos reais). (TJMS; AI 1410837-03.2015.8.12.0000; Terceira Câmara
Cível; Rel. Des. Marco André Nogueira Hanson; DJMS 05/11/2015; Pág. 12)

(3) – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

POSTO ISSO,
como últimos requerimentos desta Ação Indenizatória, a Autora requer que Vossa Excelência
se digne de tomar as seguintes providências:

a) Determinar a citação dos Requeridos, por carta, com AR , instando-


os, para, querendo, apresentarem defesa no prazo legal, sob pena de
revelia e confissão;

b) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES os pedidos


formulados na presente ação, condenando os Réus, solidariamente, a
pagarem indenização por danos morais sofridos pela Autora, não
menos que R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ou, subsidiariamente
(CPC, art. 289), um valor a ser estipulado por Vossa Excelência por
equidade;

c) requer, outrossim, seja aplicado preceito cominatório aos Réus, de


sorte que sejam compelidos a pagarem tratamento psicológico em favor
9
da Autora, e a escolha do(a) profissional caiba aos genitores dessa,
pelo período de tratamento que seja apto a superar os traumas
sofridos, finalizando por meio de laudo compatível e assim delimitando,
sob pena de pagamento de multa diária de R$ 1.000,00(mil reais),
consoante a regras do art. 461, § 4º, do CPC c/c art. 949 do CC;

d) todos os valores acima pleiteados sejam corrigidos monetariamente,


conforme abaixo evidenciado:

Súmula 362 do STJ – A correção monetária do valor da


indenização do dano moral incide desde a data do
arbitramento.

Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do


evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual.

e) sejam os Requeridos condenados solidariamente ao pagamento de


honorários de 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação ,
mormente levando-se em conta o trabalho profissional desenvolvido
pelo patrono do Autor, além do pagamento de custas e despesas, tudo
também devidamente corrigido.

4) com o pedido de inversão do ônus da prova, protestar provar o


alegado por todos os meios de prova em direitos admitidos, por mais

9
especiais que sejam, sobretudo com a oitiva de testemunhas,
depoimento pessoal do(s) representante(s) legal(is) da Ré, o que
desde já requer, sob pena de confesso.

Atribui-se a presente Ação o valor estimativo de R$


50.000,00(cinquenta mil reais).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de novembro de 0000.

Beltrano de tal
Advogado – OAB 112233

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