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Resenha
∗
Luciano R. Peterlevit
LOPES, Augustus Nicodem us. A Bíblia e seus intérpretes – Uma breve história da
interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 200. 2!!".
>ma das obras re1en+es de (**s+*s Ni1odem*s ) & 'ue estão faendo com a (gre)a
<"ão 8a*&o: *ndo Cris+ão, 200$=, a+ra')s da /*a& e&e demons+ra bas+an+e preo1*pação
1om a !rea e'an)&i1a brasi&eira, bas+an+e in&*en1iada por id)ias /*e ameaçam a
in+eridade do E'ane&o, 1omo o &ibera&ismo +eo&Fi1o, a neo-or+odoia, a &iber+inaem e
o neopen+e1os+a&ismo.
8ara +a& obe+i'o, o &i'ro es+; di'ido em +r4s par+es. (o ina&, ; *m ap4ndi1e
in+i+*&ado H( 7inKs+i1a e a 3ermen4*+i1a b&i1a: Di;&oo e Desaios para o !n+)rpre+e
do ")1*&o 2#I, es1ri+o por 9ob)rio as&io, minis+ro presbi+eriano da 8rimeira !rea
8resbi+eriana do 9e1ie. % obe+i'o do ap4ndi1e ) mos+rar 1omo os es+*dos na ;rea da
8roessor de 3ebrai1o b&i1o e (n+io es+amen+o na Ma1*&dade eo&Fi1a a+is+a de Campinas. es+re
em Ci4n1ias da 9e&iião, na ;rea de 7i+era+*ra e *ndo b&i1o, pe&a >ni'ersidade e+odis+a de "ão 8a*&o.
pas+or da issão a+is+a Vida No'a, em No'a %dessa <"8=.
#
7inKs+i1a +4m in&*en1iado dire+amen+e na 1ons+r*ção de press*pos+os ermen4*+i1os
a+*ais.
(s o*+ras d*as par+es do &i'ro são bem mais e+ensas do /*e a primeira. Na 8ar+e 2,
(**s+*s Ni1odem*s es1re'e sobre H%s primeiros in+)rpre+es do (n+io es+amen+oI. No
primeiro 1ap+*&o dessa par+e, H(*+ores do (n+io es+amen+oI, Ni1odem*s deende /*e
os Ha*+ores do (n+io es+amen+o ina**raram *m mo'imen+o ermen4*+i1o /*e 1on+in*a
a+) os dias de oeI <p.6=. (na&isando a deposição dos &i'ros na b&ia 3ebrai1a #, o a*+or
obser'a /*e a or; <7ei de ois)s, o 8en+a+e*1o= ) base para +odos os demais &i'ros do
(n+io es+amen+o, pois e&a oi o primeiro +e+o di'inamen+e inspirado, es1ri+o por
ois)s. Han+o os 8roe+as /*an+o os Es1ri+os repo*sam sobre a 7ei. Ne&es, a 7ei ) *sada,
in+erpre+ada, e ap&i1ada a no'as si+*açOes.I <p.J=.
2
e o s*rimen+o da !rea Cris+ãI <p.##6=. 8or+an +o, os es+*dan+es deseosos de 1one1er o
modo 1omo os a*+ores do No'o es+amen+o in+erpre+aram os +e+os do (n+io es+amen+o
de'em 1ons*&+ar o 1ap+*&o 6 da obra de (**s+*s Ni1odem*s.
Na !dade )dia <s)1*&os 5 a #6= a ermen4*+i1a a&eFri1a oi a mais *sada pe&os
in+)rpre+es do 1ris+ianismo. En+re+an+o, a&*ns po*1os 'a&oriza'am o sen+ido is+Fri1o-
rama+i1a& das Es1ri+*ras.
Na se/K4n1ia
De1isi'o da obra,
para es+a )po1a oi(**s+*s Ni1odem*s
o !&*minismo, dedi1a-se
mo'imen+o ao perodo
i&osFi1o da no
s*rido odernidade.
in1io do
s)1*&o #$, /*e Hoi em ';rios aspe1+os *ma re'o&+a 1on+ra o poder da re&iião
ins+i+*1iona&izada e 1on+ra a re&iião em era&I <p.#$U=. % ra1iona&ismo e o *manismo
impa1+aram randemen+e a +eo&oia, e por 1onse/ K4n1ia, a in+erpre+ação da b&ia.
"e an+es De*s era 'is+o 1omo o rande aen+e da 3is+Fria *mana, a par+ir do !&*minismo
a 3is+Fria passo* a ser in+erpre+ada a par+ir de *ma re&ação na+*ra& en+re 1a*sas e eei+os.
a& 1e+ismo e ra1iona&ismo in&*en1iaram a ermen4*+i1a bb&i1a, e &e'aram m*i+os
+eF&oos a nearem os mi&ares re&a+ados na b&ia. Nessa perspe1+i'a, os e'en+os
mira1*&osos des1ri+os no +e+o bb&i1o são Habri1açOes do po'o de !srae& e depois da
!rea, /*e a+rib*i* a es*s a+os sobrena+*rais /*e n*n1a a1on+e1eram is+ori1amen+eI
<p.#$U=.
Na re+a ina& do &i'ro, (**s+*s Ni1odem*s ana&isa a ermen4*+i1a no 1on+e+o da
8Fs-modernidada. H% pensamen+o pFs-moderno reei+a o 1on1ei+o da modernidade de /*e
eis+am 'erdades abso&*+as e ias.I <p.#J=. Na pFs-modernidade, a 'erdade não pode
mais ser 1one1ida pe&a razãoW neam-se 'erdades abso&*+as. (&)m disso, airma-se a
impossibi&idade da rea&ização de /*a&/*er pes/*isa 1ien+ii1a sem pre1on1ei+os e
press*pos+os. (ssim, a&ora-s e o s*be+i'ismo. % a*+or ressa&+a /*e na ode rnidade a
in+erpre+ação era basi1amen +e diacr-nica, o* sea, a ermen4*+i1a b*s1a'a des1obrir os
pro1essos is+Fri1os de ormação do +e+o, para assim in+erpre+;-&o. H(ora, e&a +orno*-se
sincr-nica, is+o ), preo1*pada apenas em en+ender o +e+o G &*z de si prFprio e da in+eração
des+e 1om o &ei+or.I <p.#=. Ni1odem*s airma ainda /*e, no perodo da 9eorma, a
in+erpre+ação a'en+a'a-se no direi+o de des1obrir a in+enção do a*+or *mano do +e+o. ;
no perodo da odernidade, a in+erpre+ação, median+e m)+odos 1r+i1os, ena+izo* os
pro1essos is+Fri1os de ormação do +e+o. HNa pFs-modernidade, o o1o mo'e-se para o
&ei+or, reei+ando-se a in+enção a*+ora& e o pro1esso de ormação do +e+o.I <p.20#=. %*
sea, na 9eorma, o o1o da in+erpre+ação es+a'a no a*+orW na odernidade, es+a'a no
+e+oW na pFs-modernidade, es+; no &ei+or. 8ara a ermen4*+i1a pFs-moderna, o sen+ido do
+e+o ) 1ons+r*do a par+ir de *ma in+eração en+re &ei+or e +e+oW assim, a in+erpre+ado
bb&i1a ) s*be+i'a e ine'i+a'e&men+e pre1on1ei+*osa. Ni1odemos a&er+a-nos: a
ermen4*+i1a pFs-moderna sai Hdo 1ampo &i+era&is+a para o do a&)m-do-&i+era&, n*ma
'ersão pFs-moderna da an+ia a&eorese a&eandrina.I <p.20=.
Nos 1ap+*&os #U e #5 os &ei+ores +erão *ma boa 1ompreensão das ';rias 'er+en+es
ermen4*+i1as /*e s*riram no 1on+e+o da pFs-modernidade. >m impor+an+e in+)rpre+e
/*e Ni1odem*s ana&isa ) 3ans-Reor Radamer <#00-2002=, para /*em o Hen+endimen+o
de *ma passaem não ) 1a*sado in+eiramen+e pe&os press*pos+os do &ei+or e nem
in+eiramen+e pe&a si+*ação is+Fri1a oriina& do +e+o, mas por *ma *são de ambas as
perspe1+i'asI <p.2#=. Radamer 1ama +ais perspe1+i'as de Sorizon+esT. amb)m se a&*de
a a1/*es Derrida <n. #0=, 1one1ido por se* des1ons+r*1ionismo. 8ara Derrida, Ha
+area do in+)rpre+e ) des1ons+r*ir o +e+o. !s+o sinii1a re'er+er a ierar/*ia, re'e&ar as
s*as 1on+radiçOes in+ernas, s*a arroan+e propos+a de +ransmi+ir sen+ido e re'e&ar se*
1ompromisso 1om a man*+enção da ierar/*ia.I <p.220=. % rande press*pos+o do
des1ons+r*+i'ismo ) a p&*ra&idade de 'erdades. HNão ; *ma 'erdadeira in+erpre+ação de
*m a+o, 8ara
<p.2U=. de *m +e+o, o* *m
Ni1odem*s, es+e dis1*rso, mas m*i+as in+erpre+açOes
m)+odo in+erpre+a+i'o i*a&men+e
H+raz res*&+ados ';&idas.I
des+r*+i'os para a
eeese bb&i1aI, pois Hse* proe+o ) re&a+i'izar o sen+ido do +e+o bb&i1o mos+ran do /*e
as Es1ri+*ras +4m m*i+o mais in+erpre+açOes ';&idas do /*e a/*e&as /*e apare1em na
s*per1ie.I <p.26=.
U
essa +eo&oia de orma bem nea+i'a. Em o*+ro +e+o 2, e&e az d*ras asse'eraçOes G
eo&oia da 7iber+ação. ( mo+i'ação do a*+or, 1&aro, ) preser'ar a in+eridade das
Es1ri+*ras. as ) pre1iso dizer /*e a re&ação en+re 1ris+ianismo e 1o&onia&ismo ) *ma
/*es+ão ainda não reso&'ida. 8ois a orma 1omo as randes naçOes e*rop)ias oraram a
mensaem 1ris+ã, para epandir se* 1om)r1io e 1*&+*ra, mere1e *ma an;&ise bem
1*idadosa. pre1iso dizer /*e a eo&oia 7a+ino-(meri1ana, apesar das &imi+açOes ;
apon+adas por Ni1odem*s, 'eio responder G ne1essidade de a !rea se en'o&'er 1om os
randes prob&emas so1iais a+*ais.
8ara en1errar o &i'ro, Ni1odem*s airma /*e a ermen4*+i1a de Radamer +em sido
/*es+ionada por er*di+os a+*ais, 1omo E. D. 3irs1. Es+e airma /*e, median+e o +raba&o
de ar/*eF&oos, is+oriadores, &inKis+as, en+re o*+ros, H # poss!vel +ranspor as 1a+eorias de
nossa 1*&+*ra e nos iden+ii1ar em 1er+a medida 1om a 1*&+*ra onde essas obras oram
es1ri+asI <p.2U5=. 8ara 3irs1, o +e+o sF +em *m sentido, embora Ho impa1+o desse sen+ido
nos &ei+ores pode 'ariar de 1on+e+o a 1on+e+o. isso /*e 1ama mos de significado.I
<p.2U5=. Na 1on1&*são da obra, Ni1odem*s airma /*e de a+o eis+e *m dis+an1iamen+o
en+re nFs e o +e+o bb&i1o, mas He&e pode ser 'en1ido pe&o es+*do e oração, e podemos
1ear ao sen+ido oriina& da mensaem bb&i1aI <p.256=.
2
Vea ++p:XXso&as1rip+*ra-+.orX"epara1aoE1&esias+M*ndamen+X3ermene*+i1aeo&oia7iber+a1aoDe7o-
(**s+*sNi1odem*s7opes.+m. (1essado em #5X#2X200.
"obre isso, 'ea 7a*ri Emi&io @ir+, H8ro+es+an+ismos &a+ino-ameri1anos en+re o imain;rio e*ro14n+ri1o e
as 1*&+*ras &o1aisI, em ,studos de Religião, nY U, *no de 200$, p. #05-#25.