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Corros. Prot. Mater., Vol.

29, Nº 3 (2010)

DESEMPENHO DE TINTAS DE ACABAMENTO


FRENTE ÀS RADIAÇÕES ULTRAVIOLETA,
UVA E UVB, E CONDENSAÇÃO DE UMIDADE
Artigo submetido em Março de 2010
e aceite em Maio de 2010

FERNANDO FRAGATA(1)(*) , CRISTINA C. AMORIM(2) e ALBERTO P. ORDINE(3)

Resumo
É amplamente conhecido que a radiação ultravioleta, presente no espectro solar, afeta diretamente as propriedades fisico-
químicas dos revestimentos orgânicos, especialmente os obtidos por pintura, em maior ou menor grau, dependendo da natureza
química do polímero utilizado em sua composição. Neste trabalho, serão abordados alguns conceitos teóricos referentes à
influência da radiação ultravioleta no processo de deterioração de revestimentos orgânicos, bem como serão apresentados os
resultados de um estudo específico, cujo objetivo foi avaliar, de forma comparativa, o desempenho de tintas de acabamento
frente às radiações UVA e UVB e condensação de umidade. Para tal, foram utilizadas cinco tintas de acabamento (poliuretano
alifático [poliéster ortoftálico + poliisocianato alifático], poliuretano acrílico alifático, polisiloxano acrílico, epóxi poliamida e
alquídica). A avaliação foi feita com base na variação de brilho, de cor e do grau de pulverulência ou “gizamento” (“chalking”)
das películas ao longo da execução dos ensaios. Os resultados obtidos, em termos qualitativos, para os dois tipos de radiação,
foram bastante parecidos e, como já era esperado, a radiação UVB, por possuir menor comprimento de onda, portanto maior
energia, foi a que causou maior degradação das películas das tintas estudadas, em menor tempo de exposição.

Palavras-Chave: Radiação Ultravioleta, UVA, UVB, Tinta de Acabamento, Degradação Fotoquímica, Revestimentos Orgânicos

PERFORMANCE OF TOPCOAT PAINTS SUBMITTED TO ULTRAVIOLET


RADIATION, UVA AND UVB, UNDER HUMIDITY CONDENSATION
CONDITIONS

Abstract
It is well known that the ultraviolet radiation directly affects physical and chemical properties of a large number of materials,
specially organic paint coatings, by means of the reduction of its lifetime. In this work, the authors have studied the performance
of some topcoat paints (aliphatic polyurethane, acrylic aliphatic polyurethane, acrylic polisiloxane, epoxy, and alkyd) in relation
to the effects of the ultraviolet radiation. Some theoretical concepts concerning the influence of ultraviolet radiation on the organic
coatings degradation processes are presented, the experimental work is described and the results obtained are shown. The study
involved the exposition of the paints to the UVA and UVB radiation, and the evaluation was carried out by the variations of gloss,
color and chalking formation. The results obtained from the two sources of radiation were qualitatively similar. As it was expected,
the analysis of the overall results shows that the UVB radiation caused greater loss of gloss in a smaller time of exposition, because
of its higher level of energy in comparison to the UVA radiation.

Keywords: Ultraviolet Radiation, UVA, UVB, Paints, Photochemical Degradation, Organic Coatings

1. INTRODUÇÃO

É amplamente conhecido que a radia- des fisico-químicas dos revestimentos pendendo da natureza química do po-
ção ultravioleta, presente no espectro orgânicos, especialmente os obtidos por límero (resina) utilizado em sua compo-
solar, afeta diretamente as proprieda- pintura, em maior ou menor grau, de- sição.
(1)
Engenheiro Químico, Pesquisador do CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
(2)
Mestre, Química Industrial, Pontifícia Universidade Católica – PUCRio, e-mail: camorim@cepel.br 91
(3)
D.Sc., Engenheiro Químico, Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, e-mail: ordine@cepel.br
(*) A quem a correspondência deve ser dirigida, e-mail: fragata@cepel.br
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A durabilidade de um revestimento ex- diação no espectro característico da postos é o Sol. A composição da radia-
posto à radiação solar é função de di- região do UVA (315 a 400) nm e do ção solar que atinge a superfície da
versos fatores, tais como: a) distribuição UVB (280 a 315) nm. A escolha da lâm- Terra é constituída, principalmente, de
da irradiação espectral da luz solar, pada é feita de acordo com o tipo de radiação na faixa de comprimento de
associada a condições ambientais (ex.: radiação a ser utilizada para promo- onda do visível, do infravermelho e de
a temperatura); b) sensibilidade do ma- ver a degradação do material. uma pequena quantidade na faixa do
terial a este tipo de radiação e c) efi- Dados de resistência de materiais poli- ultravioleta. Esta distribuição espectral,
ciência dos foto-estabilizadores presen- méricos frente à radiação ultravioleta em função do comprimento de onda, é
tes na composição dos materiais, frente são encontrados na literatura e mostram mostrada na Figura 1.
à radiação incidente [1,2]. Além destes que, apesar do alto percentual de radia- A Tabela 1 mostra a distribuição da
fatores, as mudanças climáticas, devido ção UVA presente no espectro solar, radiação solar que atinge a superfície
às alterações na camada de ozônio da é a radiação UVB a responsável por terrestre, em termos do valor da irra-
estratosfera, causam um aumento da uma maior velocidade do processo de diância de cada comprimento de onda
temperatura ambiente e da umidade re- degradação dos revestimentos orgâni- que a compõe [4,5], bem como a dis-
lativa do ar. Estes têm, comprovadamen- cos, em especial os obtidos com tintas tribuição percentual de cada uma das
te, a capacidade de acelerar a veloci- anticorrosivas [2]. faixas de comprimento de onda presen-
dade de fotodegradação dos revesti- No presente trabalho serão abordados tes no espectro solar. A irradiância é
mentos, limitando, assim, sua durabili- conceitos teóricos referentes à influên- definida como sendo a grandeza que
dade. Dessa forma, a extensão da de- cia da radiação ultravioleta no proces- quantifica o fluxo de radiação que atin-
gradação dos materiais, como conse- so de degradação de diferentes tintas ge a superfície terrestre, dividido pela
quência desta alteração na camada de de acabamento. Serão também apre- área exposta a esta radiação. Esta gran-
ozônio, requer que o grau de sensibili- sentados os resultados de um estudo deza é expressa em W/m2.
dade às faixas de comprimento de on- realizado, cujo objetivo foi avaliar, de Como é conhecido [5], o comprimento
da seja estudado e a eficiência dos fo- forma comparativa, a influência das de onda de uma dada radiação é inver-
to-estabilizadores disponíveis no mer- radiações UVA e UVB na degradação samente proporcional à sua energia as-
cado seja avaliada. dos revestimentos integrando diferentes sociada. Logo, na faixa do ultravioleta,
Os ensaios de “envelhecimento acele- tintas de acabamento. Para tal, os parâ- a energia da radiação UVC é maior que
rado” são amplamente utilizados com metros de avaliação utilizados foram: a da UVB, que por sua vez, é maior que
o objetivo de se avaliar o desempenho variação de brilho, de cor e grau de a da UVA. Sendo a irradiância definida
dos revestimentos orgânicos, em espe- pulverulência ou “gizamento” (“chalking”). como um fluxo de energia por unidade
cial os anticorrosivos por pintura, bem de área, para uma mesma região, a ra-
como estudar as etapas de degradação diação UVA tem um fluxo de energia
dos mesmos. Basicamente, os referidos 2. DEGRADAÇÃO DE POLÍMEROS POR maior que a radiação UVB, e esta maior
ensaios consistem em se expor os ma- MEIO DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA que a UVC. Ou seja, entre as três, para
teriais dentro de câmaras especiais, uma mesma área, a radiação UVA é
à ação da radiação ultravioleta (UV) A principal fonte de radiação ultraviole- aquela cuja energia atinge mais rapida-
e ciclos de condensação de umidade. ta à qual os materiais orgânicos são ex- mente a superfície terrestre.
Busca-se, com este procedimento, redu-
zir o tempo de falha dos revestimentos e
obter respostas mais rápidas na avalia-
ção dos mesmos. As fontes de radiação
UV mais empregadas atualmente são
as lâmpadas de xenônio, por possuí- INFRAVERMELHO
rem um espectro de radiação muito pró-
ximo ao da luz solar, e as lâmpadas VISÍVEL
Radiação

fluorescentes, que permitem trabalhar ULTRAVIOLETA


com as radiações UVA e UVB.
Limite da Camada
de Ozônio - 290 nm
Apesar do Sol emitir radiação em uma
ampla faixa de comprimentos de onda,
aquela responsável pelos processos de-
gradativos dos revestimentos orgânicos
100 280 315 400 700 1000
está compreendida entre (280 e 400)
Comprimento de Onda (nm)
nm. Por esse motivo, muitos ensaios são
92 conduzidos em câmaras que utilizam
lâmpadas fluorescentes que emitem ra- Fig. 1 - Distribuição espectral da radiação solar [3,4].
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Tabela 1 - Distribuição da irradiância solar que atinge a superfície terrestre [4,5]. onda correlacionados com energias de
ligações químicas comumente encon-
Faixa de comprimento Energia equivalente Irradiância Percentual (%) do total
de onda (nm) (kcal/mol) (W/m2) da radiação solar tradas nas resinas utilizadas na fabri-
cação de tintas. Como se pode obser-
UVC (100 - 280) 288 - 103 6,4 0,5
var, a radiação incidente na superfície
UVB (280 - 315) 103 - 91 21,1 1,5
terrestre pode afetar as ligações quími-
cas, induzindo, deste modo, a processos
UVA (315 - 400) 91 - 72 85,7 6,3 fotodegradativos, que causam o enve-
lhecimento de tais materiais. Obviamen-
Visível (400 - 700) 72 - 41 532,0 38,9 te que cada tipo de resina, em função
das ligações químicas presentes no po-
Infravermelho ( > 700) < 41 722,0 52,8
límero, terá um comportamento especí-
fico. Por exemplo, na Tabela 2 pode-se
observar o elevado valor da energia de
O intemperismo é definido como um As principais propriedades dos políme- ligação silício-oxigênio (-Si-O-), o qual,
conjunto de processos condicionados ros dependem da natureza das molécu- certamente, é um dos fatores responsá-
pela ação de agentes atmosféricos e las. Portanto, as propriedades físicas veis pela excelente resistência das tintas
biológicos que ocasionam a destruição dos polímeros são governadas pela es- de polisiloxano à radiação solar.
física e a decomposição química de trutura e tamanho das macromoléculas
materiais, e tem como principais agen- que determinam as forças intermolecu-
tes agressivos a radiação ultravioleta, lares. Assim, o termo degradação signi- 3. METODOLOGIA
a temperatura e a umidade. A foto-oxi- fica, quimicamente, a quebra da estru-
dação induzida pela radiação UV pode tura molecular. 3.1. Antecedentes e justificativas
produzir, entre outros efeitos, a oxida- A degradação das películas de tintas Quando se deseja avaliar a durabilida-
ção de ligações duplas e a cisão de seg- pela radiação ultravioleta pode condu- de de um dado material, exposto às con-
mentos de polímeros. Ou seja, a degra- zir ao aparecimento de diversos dições de serviço, a melhor forma de se
dação fotoquímica é causada por fó- tipos de falha, como por exemplo, obter resultados consistentes é submetê-
tons de luz que quebram as ligações perda de brilho, alteração de cor e -lo às condições reais de trabalho. O
químicas. Para cada tipo de ligação pulverulência ou “gizamento”. Depen- grande inconveniente deste procedi-
há um valor limite de comprimento de dendo da natureza das resinas, bem mento reside no fato de que o período
onda de luz com energia suficiente para como das ligações químicas presentes necessário para se obter uma resposta
causar a reação. Portanto, qualquer luz nas mesmas, estas poderão apresentar, consistente e confiável é, relativamente,
com comprimento de onda menor que em maior ou menor grau, as falhas longo. A alternativa então é a utilização
este limite provoca o rompimento da mencionadas. Na Tabela 2, mostram- dos ensaios de envelhecimento acelera-
ligação. -se alguns valores de comprimento de do, normalmente realizados em labora-
tório, dentro de câmaras especiais para
esta finalidade. Na realidade, o que
Tabela 2 - Valores de energia de diferentes tipos de ligação química e seus comprimentos de
onda correspondentes [6-10].
se faz dentro das mesmas é aumentar
a incidência e a concentração dos
Energia de ligação (kJ/ Comprimento de onda (λ)
Ligação química agentes causadores do processo de
mol) de quanta com a mesma energia (nm)
degradação, a fim de reduzir o tempo
O–Si 448 267 de falha dos revestimentos.
Vários são os métodos utilizados para
H–C(*) 414 289
provocar o “envelhecimento acelerado”
de materiais poliméricos, em particular,
H–N 389 308
das tintas. Este, também chamado de
C–O 360 332 “envelhecimento artificial”, corresponde
à exposição de corpos-de-prova a uma
C–C 347 345 fonte de radiação ultravioleta, dentro de
uma câmara especial onde parâmetros
C–Cl 339 353
tais como temperatura, umidade e quan-
C–N 305 392
tidade de água condensada ou asper-
gida sobre a superfície são controlados.
C–Si 301 397 Este ensaio possui condições normal-
mente encontradas no processo de en- 93
* Valor típico para ligação C-H, considerando-se grupos CH3 e CH2. Este valor depende fortemente das ligações quími-
cas dos grupos circundantes. velhecimento natural, ou seja, ciclos que
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representam o dia e a noite, alterando quando submetidas a exposição à ra- (componente A) e agente de cura
períodos de secagem e molhagem da diação UVB e à radiação UVA. Este en- poliisocianato alifático (componente
superfície. A vantagem do seu emprego saio foi realizado com base na norma B). Na composição da mesma não
é a facilidade de acelerar o ensaio ASTM G 154 [26], utilizando-se o se- foram adicionados absorvedores ou
com todos os parâmetros controlados, guinte ciclo: estabilizadores de radiação ultravio-
obtendo-se resultados comparativos em leta. Esta tinta, por ser bastante co-
tempos significativamente menores de 8 horas de exposição à radiação UV nhecida devido à sua boa resistên-
exposição. e temperatura de (60 ± 3) °C; cia ao intemperismo natural, foi in-
Um dos parâmetros a ser controlado troduzida no estudo como sendo “re-
nos ensaios acelerados é a fonte de 4 horas de condensação de umidade ferência superior” para a avaliação
radiação UV, que deve simular da e temperatura de (50 ± 3) °C. das demais tintas ensaiadas;
maneira mais fiel possível a radiação
solar. As principais fontes de radiação Os corpos-de-prova foram expostos à PU.AC (Tinta de Acabamento Poli-
UV, utilizadas nos ensaios acelerados, radiação ultravioleta, em uma câmara uretano Acrílico Alifático): tinta de
são lâmpadas fluorescentes especiais QUV/basic®, da QPanel Lab Products, acabamento de poliuretano acrílico
e lâmpadas de xenon. Estas últimas, utilizando-se as lâmpadas UVB 313 e alifático, na qual a resina do com-
em conjunto com filtros específicos, UVA 340 [12], respectivamente, nas ponente A é uma acrílica poliidroxi-
fornecem resultados muito melhores em duas etapas do estudo. Os tempos má- lada e a do componente B (agente
termos de simulação da radiação solar, ximos de exposição foram: 1500 horas de cura) um poliisocianato alifático.
em relação a outras fontes, porém no caso da radiação UVB e 4000 horas Em relação à tinta de poliuretano
os equipamentos possuem custos de no caso da exposição à radiação UVA. tradicional (PU.DD), a tinta PU.AC
aquisição e de manutenção maiores Os corpos-de-prova foram confecciona- possui um teor de solventes mais
do que aqueles que utilizam lâmpadas dos a partir de chapas de alumínio e de baixo, fator importante do ponto de
fluorescentes. aço-carbono e a preparação de super- vista de impacto ambiental. Como
A radiação UVB, obtida por meio fície constou de desengorduramento por informação adicional, o espectro de
de lâmpadas fluorescentes, tem sido meio de solventes orgânicos e de lixa- infravermelho da resina acrílica não
utilizada nos ensaios de envelhecimento mento manual enérgico para a retirada evidenciou a presença de estireno
acelerado. Nos últimos anos, o uso de contaminantes. Não se utilizou o em sua composição. Esta tinta já
da radiação UVA nos ensaios cíclicos jateamento abrasivo, no processo de vem sendo utilizada, com sucesso,
tem sido cada vez mais frequente, limpeza, a fim de evitar a deformação há algum tempo no Brasil, no que
uma vez que esta possui um espectro das chapas o que, posteriormente, po- diz respeito à resistência à radiação
mais próximo ao da radiação solar e, deria interferir nas medições de brilho solar;
portanto, mais próximo das condições das películas. Em seguida, foram apli-
reais de exposição ao intemperismo a cadas três demãos de cada uma das PSA (Tinta de Acabamento Polisilo-
que os revestimentos por pintura estão tintas de acabamento, descritas a seguir, xano Acrílico): trata-se de uma tinta
expostos. com a espessura por demão dentro da de acabamento, relativamente nova
O objetivo do presente trabalho é faixa inerente a cada produto. A apli- no mercado, formulada com resina
mostrar, com base nos resultados obti- cação das três demãos teve como obje- de polisiloxano acrílico e possui,
dos em diferentes ensaios, a influência tivo reduzir as interferências relativas como principal característica, uma
das radiações UVA e UVB nas proprie- ao substrato, bem como obter um reves- elevada resistência à radiação solar,
dades das tintas de acabamento, espe- timento o mais uniforme possível em ter- em especial à radiação ultravioleta,
cificamente no que diz respeito à reten- mos de acabamento final. em termos da sua grande capacidade
ção de cor (ΔE) e brilho e à de retenção de cor e brilho;
pulverulência (“chalking”). Para tal, 3.3. Tintas utilizadas no estudo
corpos-de-prova pintados foram expos- A seguir, apresenta-se a relação das tin- EP.1198 (Tinta de Acabamento Epóxi
tos em uma câmara, combinando-se tas utilizadas, em que constam: o códi- Poliamida): trata-se de uma tinta de
ciclos de exposição à radiação ultra- go e o nome das tintas, uma breve des- acabamento epóxi curada com polia-
violeta, emitida por lâmpadas fluores- crição das suas propriedades técnicas e mida, bastante conhecida no campo
centes, e ciclos de condensação de a justificativa para a inserção das mes- de tintas anticorrosivas. Esta tinta foi
umidade. mas no estudo. escolhida para servir de “referência
inferior” em função de possuir, co-
3.2. Ensaios de resistência à radia- PU.DD (Tinta de Acabamento Poli- nhecidamente, uma baixa resistência
ção ultravioleta e condensação de uretano Alifático): tinta tradicional à radiação ultravioleta. Como con-
umidade de dois componentes, formulada com sequência, possui uma fraca reten-
94 No presente trabalho, estudou-se o com- resina de poliéster ortoftálico poli-hi- ção de cor e brilho quando exposta
portamento de tintas de acabamento, droxilado, isento de ácidos gordos à radiação solar;
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ALK (Tinta de Acabamento Alquídica): ISO 4628-6:2003. Posteriormente esta dições em que o ensaio foi realizado.
trata-se de uma tinta de acabamento norma foi revisada e os critérios de ava- É importante destacar que os resultados
bastante conhecida no campo da pro- liação tiveram ligeiras alterações. obtidos não devem ser utilizados para
teção anticorrosiva. Possui desempe- estimar a durabilidade das tintas nas
nho satisfatório em atmosferas rural, 3.4.3. Cor condições naturais de exposição atmos-
urbana e industrial leve. Além disso, A variação total de cor (ΔE) foi deter- férica, mas sim, apenas avaliar, de for-
tem um custo relativamente baixo. minada de acordo com a norma ASTM ma comparativa, o desempenho das di-
Suas propriedades físico-químicas são D 2244 [16]. Entretanto, por se tratar ferentes tintas frente à radiação ultravio-
inferiores às de poliuretano alifático de uma propriedade que depende mui- leta. Assim, pode-se prever qual tinta te-
(PU.DD e PU.AC). Já com relação às to do tipo e da qualidade dos pigmentos rá melhor resistência à radiação solar,
tintas epoxídicas, ela possui melhor utilizados nas formulações das tintas, em termos, de, por exemplo, variação
retenção de cor e de brilho, quan- ao se avaliar o desempenho das resi- de brilho, de cor e resistência à
do exposta à radiação solar. Por- nas, frente à radiação ultravioleta, estes pulverulência ou “gizamento”. Como
tanto, esta foi introduzida no estudo fatores podem interferir na análise glo- é conhecido, não é uma tarefa fácil
para fazer parte de um grupo de bal dos resultados. reproduzir as condições naturais dentro
tintas de referência, com o obje- Já o brilho e a pulverulência ou “giza- das câmaras de ensaios acelerados,
tivo de se obter dados técnicos adi- mento”, embora possam ser influencia- pois existem inúmeros fatores que difi-
cionais para a avaliação da influên- dos pelo tipo e qualidade dos pigmen- cultam alcançar tal objetivo. Por sua
cia das radiações UVA e UVB no tos, são propriedades mais dependentes vez, os próprios fenômenos naturais
desempenho das tintas de acaba- do tipo e das características técnicas não são constantes ao longo do tempo.
mento em questão. das resinas, e os resultados obtidos per-
mitem conclusões mais consistentes so- 4.1. Brilho
3.4. Parâmetros de avaliação do grau bre a resistência das mesmas, frente à Os resultados das medições de brilho,
de degradação dos revestimentos radiação UVB e à radiação UVA. após exposição às radiações UVB e
nos ensaios de exposição às radia- UVA são apresentados nos gráficos das
ções UVA e UVB e condensação de Figuras 2 e 3, respectivamente. A Figura 4
umidade 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO mostra o comportamento de cada uma
das tintas, em separado, com relação
3.4.1. Brilho Quando uma dada tinta possui como aos resultados obtidos após a exposi-
A medição do brilho inicial da película propriedade principal uma alta re- ção, tanto à radiação UVA quanto à ra-
dos revestimentos, bem como ao longo sistência à radiação ultravioleta, cer- diação UVB, combinada com os ciclos
do tempo de ensaio, foi realizada com tamente, ela apresentará uma boa de condensação de umidade.
base na norma ASTM D 523 [13], retenção de brilho e de cor e, além Pelos resultados apresentados nos grá-
utilizando-se o ângulo de incidência de disso, resistência à pulverulência ou ficos das Figuras 2 e 3, os quais se
60º. Os resultados obtidos são expres- “gizamento” ("chalking"). Por esta razão, referem à variação de brilho, pode-se
sos em unidades de brilho (UB). várias tintas de acabamento foram en- observar que a tinta de polisiloxano
saiadas, não só para fins comparativos, acrílico (PSA) foi a que apresentou a
3.4.2. Pulverulência ou “Gizamen- mas também para se conhecer o com- melhor resistência à radiação ultravio-
to” (“Chalking”) portamento de cada uma delas nas con- leta, tanto UVA como UVB, e conden-
A avaliação da pulverulência ou “giza-
mento” nos revestimentos foi realizada
segundo a norma ISO 4628/6 [14,15]
(ver nota), a qual consiste na fixação de
uma fita adesiva transparente à super-
fície do revestimento. Após a sua remo-
ção, determina-se o grau de pulveru-
lência ou “gizamento” por meio de
comparação com padrões visuais.
Estes, por sua vez, podem variar des-
de 0 (zero), que indica a sua ausência,
até 5 (cinco), que corresponde a uma
intensa quantidade de pulverulência ou
“gizamento” na superfície.

Nota: na época em que os ensaios fo- 95


Fig. 2 - Gráfico referente às medições de brilho das películas de tintas, ao longo do ensaio de
ram realizados, a norma utilizada foi a exposição à radiação UVB e condensação de umidade.
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A tinta epóxi (EP.1198), como já


era esperado, foi a que apresentou
menor resistência à radiação ultra-
Fig. 3 - Gráfico violeta, em ambos os ensaios, com
referente às acentuada perda de brilho em curto
medições de brilho espaço de tempo. A tinta alquídica
das películas
(ALK) apresentou desempenho inter-
de tintas, ao
longo do ensaio mediário entre as tintas EP.1198 e
de exposição à PU.DD. Estes resultados estão, do
radiação UVA e
ponto de vista qualitativo, coerentes
condensação de
umidade. com o que se conhece do desempe-
nho destas tintas nas condições natu-
rais de exposição à radiação solar.

Portanto, considerando-se a variação


de brilho, os resultados obtidos, além de
estarem coerentes com o desempenho
que se esperava, serviram também pa-
ra aumentar o nível de conhecimento
a respeito das características técnicas
das tintas, em termos de resistência à
radiação ultravioleta.
Com relação aos resultados apresenta-
dos nos gráficos da Figura 4, observa--
se que, como esperado, todas as tintas
sofreram uma perda de brilho mais in-
tensa e de forma mais rápida quando
submetidas à radiação UVB do que
no caso da exposição das mesmas
à radiação UVA. Estes resultados
confirmam o fato de que a radiação
com menor comprimento de onda (UVB)
possui uma maior energia associada
sendo, portanto, mais agressiva e cau-
sando uma degradação mais rápida do
revestimento devido ao ataque à resina
que o constitui.
A tinta PSA, a qual se mostrou mais
resistente aos efeitos da radiação UV,
Fig. 4 - Gráficos referentes às medições de para o tempo de exposição considerado,
brilho das películas de tintas, ao longo do
ensaio de exposição às radiações UVA e foi a que apresentou menos diferença
UVB e condensação de umidade. na variação de brilho, nos dois ensaios,
o que confirma a sua alta resistência às
condições de exposição à radiação UV
e condensação de umidade. Certamen-
te esta melhor resistência à radiação
ultravioleta se deve à maior energia de
sação de umidade. A tinta de poliuretano acrílico PU.AC ligação silício-oxigênio (-Si-O-Si-), como
Tomando-se como referência o desem- apresenta melhor resistência à radia- pode ser observado na Tabela 2, pre-
penho da tinta de poliuretano PU.DD, ção ultravioleta que a tinta de poliu- sente na estrutura básica da resina de
há que se ressaltar o bom desempenho retano alifático tradicional PU.DD. polisiloxano.
da tinta PU.AC ao longo do ensaio. Como consequência, tende a propor- Portanto, com base nos dados apresen-
Os resultados também revelam alguns cionar melhores propriedades de re- tados nos gráficos das Figuras 2 e 3,
pontos importantes a serem destacados, tenção de cor e de brilho, bem como pode-se observar que, qualitativamente,
96 como por exemplo: melhor resistência à pulverulência ou os resultados da variação de brilho,
“gizamento”; tanto no caso da radiação UVA quanto
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no da UVB, foram bastante parecidos. A


diferença, obviamente foi a velocidade
de degradação, a qual foi muito maior
no caso da radiação UVB, pelas razões
já descritas anteriormente.

4.2. Cor
Nas Figuras 5 e 6 são mostrados os re-
sultados de variação total de cor (ΔE)
obtidos ao longo do ensaio de exposi-
ção dos corpos-de-prova às radiações
UVB e UVA, respectivamente.
Analisando-se os resultados de variação
de cor apresentados nas Figuras 5 e 6,
observa-se, em ambos os casos, que
Fig. 5 - Gráfico referente à variação total de cor (ΔE) das películas de tintas, ao longo do ensaio
todas as tintas, à exceção do EP.1198, de exposição à radiação UVB e condensação de umidade.
mostraram uma pequena variação ao
longo do tempo de ensaio, em relação
à sua cor original. As diferenças nos
valores de ΔE foram bastante pequenas
de modo que não se pode correlacio-
nar qualitativamente, com segurança,
o desempenho de cada uma das tintas
em ambos os ensaios. Como era de se
esperar, devido à sua reduzida resistên-
cia à radiação UV, a tinta EP.1198 mos-
trou uma acentuada alteração de cor.
Neste sentido, em ambos os ensaios,
foi a tinta que apresentou o pior desem-
penho. Tomando-se como base os resul-
tados desta tinta, observa-se que a ra-
diação UVB, como era esperado, mos-
trou-se bem mais agressiva que a radia- Fig. 6 - Gráfico referente à variação total de cor (ΔE) das películas de tintas, ao longo do ensaio
ção UVA. Basta notar que para se atin- de exposição à radiação UVA e condensação de umidade.
gir uma variação de cor (ΔE) igual a 6,
foram necessárias 222 horas de expo-
sição à radiação UVA e apenas 25 ho-
ras de exposição à radiação UVB.

4.3. Pulverulência ou “Gizamento”


(“chalking”)
Os resultados obtidos ao longo do
ensaio estão apresentados na Figura 7.
Por ser uma característica que também
depende da resistência da resina à
radiação ultravioleta, do ponto de
vista qualitativo o comportamento das
tintas foi bastante parecido com o da
variação de brilho. Ou seja, as tintas
de melhor desempenho na radiação Fig. 7 - Gráfico referente ao grau de pulverulência ou “gizamento”, obtido pelo método ISO
4628/6, ao longo dos ensaios de exposição às radiações UVA e UVB e condensação de
UVB também foram as melhores na umidade.
radiação UVA. O mesmo raciocínio
também pode ser atribuído às tintas de
pior desempenho. mesmo tempo aproximado de exposi- uma maior degradação nas tintas
Pelos resultados apresentados na Figu- ção (1390 horas de UVB e 1385 horas PU.DD e ALK. Este comportamento já 97
ra 7 pode-se observar que, para um de UVA), a radiação UVB provocou era esperado, em função da maior
Corros. Prot. Mater., Vol. 29, Nº 3 (2010)

energia (menor comprimento de onda) trabalho estimular a utilização da radia- iupac.org/publications/pac/1972/


da radiação UVB. No caso da tinta ção UVB na avaliação dos revestimentos pdf/3001x0135.pdf., Acesso em De-
epóxi (EP.1198), em função da sua fra- orgânicos, principalmente dos obtidos zembro de 2008.
ca resistência à radiação ultravioleta, com tintas. O objetivo é mostrar que,
[8] Vichi, F. M. (Partículas Revestidas
para os dois tempos de exposição men- como os resultados foram, do ponto de
com Siliconas: Obtenção, Caracteriza-
cionados, o resultado final foi o mesmo. vista qualitativo, bastante parecidos, a
ção e Consolidação), Tese de Doutora-
Já as tintas PU.AC e PSA, devido à sua exposição à radiação UVB pode, em
do, Universidade Estadual de Campi-
elevada resistência à radiação solar, certos casos, ser bastante útil na avalia-
não apresentaram evidências de pulve- ção de resinas, pigmentos e aditivos, nas, São Paulo, Brasil, p. 10 (1997).
rulência, para os dois tempos de expo- especialmente em casos de urgência, [9] Snyder, M. K. (Chemistry-Structure
sição considerados, e após 4000 horas em que não se tem, muito tempo para and Reactions), Holt, Rinehart & Wins-
de exposição à radiação UVA. a obtenção de uma resposta. Para ton Inc., New York, USA, p. 237 (1966)
os fabricantes de tintas, pigmentos e [10] Tracy, H., Disponível em http://
aditivos, isto é uma vantagem muito usm.maine.edu/~newton/
5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES grande, no momento em que há CHY252/252/text/UV-vis/
TÉCNICAS FINAIS necessidade de se tomar uma decisão, FluorescenceLab254S05.doc.,
mesmo sabendo que o mecanismo de Acesso em Janeiro de 2009.
Com base nos resultados obtidos, a degradação pode não ser exatamente
[11] ASTM G 154:2008. (Standard
partir da exposição de diferentes tintas o mesmo daquele que ocorre quando
Practice for Operating Fluorescent
de acabamento às radiações UVA e o material é exposto à radiação solar
Light Apparatus for UV Exposure
UVB, é possível concluir que: natural.
of Nonmetallic Materials), ASTM,

A radiação UVB mostrou-se muito Philadelphia, USA (2008).


mais agressiva em relação à radia- [12] Technical Bulletin LU-8160 (A
ção UVA para um mesmo período Referências Choice of Lamps for the CUV), Q-Panel
de exposição. Isto é explicado pela [1] Andrady, A. L., Hamid, S. H., Hu, Products (1994).
mais alta energia que a radiação X., Torikai, A. (Effects of Increased [13] ASTM D 523:1999. (Standard
UVB (menor comprimento de onda) Solar Ultraviolet Radiation on Materi- Test Method for Specular Gloss),
possui em relação à radiação UVA als), J. Photoch. Photobio. B, 46, 96 ASTM, Philadelphia, USA (1999).
(maior comprimento de onda); (1998). [14] ISO 4628:2003. (Paints and
[2] Andrady, A. L., Hamid, S. H., Varnishes - Evaluation of Degradation
Qualitativamente, observou-se que as Hu, X., Torikai, A. (Effects of Climate of Coatings - Designation of Quantity
tintas apresentaram comportamentos
Change and UVB on Materials), Photo- and Size of Defects, and of Intensity
parecidos em ambos os ensaios. Este
chem. Photobiol. Sci., 2, 68 (2003). of Uniform Changes in Appearance),
fato mostra, mais uma vez, que a di-
[3] Zeus Technical Paper (Weathering ISO, Geneve, Switzerland (2003).
ferença está na intensidade da ener-
of Plastics), Disponível em htpp:// [15] ISO 4628:2007. (Paints and Var-
gia associada a cada faixa de com-
primento de onda, onde aquela que www.zeusinc.com., Acesso em Março nishes - Evaluation of Degradation of
possui energia maior e, portanto mais de 2007. Coatings - Designation of Quantity
agressiva, causou a degradação dos [4] Gibson, J. H. (UVB Radiation: and Size of Defects, and of Intensity
revestimentos em um tempo muito me- Definition and Characteristics), Dispo- of Uniform Changes in Appearance
nor de ensaio. Este fenômeno foi con- nível em http://uvb.nrel.colostate.edu/ - Part 6: Assessment of degree of
firmado, principalmente, pelos resul- UVB/publications/UVB-primer.pdf., chalking by tape method), ISO,
tados de medição de brilho e Acesso em Janeiro de 2009. Geneve, Switzerland (2007).
pulverulência ou “gizamento”; [5] Okuno, E., Vilela, M. A. C. (Radia- [16] ASTM D 2244:2008. (Standard
ção Ultravioleta: Características e Efei- Practice for Calculation of Color Tole-
Apesar da radiação UVA ser aquela
tos), Ed. Livraria da Física, 1ª Ed., São rances and Color Differences from Ins-
que proporciona resultados de desem-
Paulo, Brasil (2005). trumentally Measured Color Coordi-
penho mais realísticos, quando compa-
[6] Motta, L. A. C., Silkman, N., Jr., nates), ASTM, Philadelphia, USA
rado aqueles obtidos pela exposição
A. N. (Durabilidade dos Polímeros) (2008).
dos materiais à radiação solar (condi-
ção natural), o fato é que, nos ensaios - Universidade de São Paulo, Brasil
de laboratório, são necessários perío- (2002).
dos maiores de exposição, para obten- [7] Guillet, J. E. (Fundamental Processes
98 ção de respostas mais rápidas. in the UV Degradation and Stabilization
De forma alguma, pretende-se com este of Polymers), Disponível em http://old.

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